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O documento resume um livro que discute como o poder corporativo exerce controle global sobre a política e a democracia. O autor investiga como corporações, governos e mídia priorizam os interesses do capital acima do coletivo. Apesar de alguma esperança, o autor acredita que a atual ordem mundial não é democrática, com instituições como o FMI e o Banco Mundial impondo a vontade do capital.
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A MELHOR DEMOCRACIA QUE O DINHEIRO PODE COMPRAR.pdf
O documento resume um livro que discute como o poder corporativo exerce controle global sobre a política e a democracia. O autor investiga como corporações, governos e mídia priorizam os interesses do capital acima do coletivo. Apesar de alguma esperança, o autor acredita que a atual ordem mundial não é democrática, com instituições como o FMI e o Banco Mundial impondo a vontade do capital.
O documento resume um livro que discute como o poder corporativo exerce controle global sobre a política e a democracia. O autor investiga como corporações, governos e mídia priorizam os interesses do capital acima do coletivo. Apesar de alguma esperança, o autor acredita que a atual ordem mundial não é democrática, com instituições como o FMI e o Banco Mundial impondo a vontade do capital.
Resenha Greg PALAST (autor) Jos Augusto Carvalho LEMEl Grega Palast, tambm autor de Democracia e Regulamentaes, editado pela ONU e que contm palestra proferida na USP, especializou- se no estudo sobre o controle que o poder corporativo exerce de forma globalizada. Definindo-se como caustico, perfeccionista e patriota, este jornalista investigativo escreveu A melhor democracia que o dinheiro pode comprar discutjndo questes de todos os continentes, apesar de dar maior nfase Amrica Latina. Ele transita nas mais diferentes organizaes, desde Conselhos Municipais, ONGs, ONU, Banco Mundial at Corporaes por via s vezes indireta, s vezes direta, mas procurando preservar seus informantes. interessante ver que documentos sigilosos do Banco Mundial e da ClA, por exemplo, chegam em suas mos. Como testemunha do nascimento da Nova Ordem Mundial, quando bolsista da Universidade de Chicago, presenciou a elaborao e implantao da primeira experincia da poltica neoliberal que foi testada no Chile durante o governo de Pinochet. Palast, proprietrio de um escritrio no qinquagsimo andar do WTC e temeroso do trabalho de subsistncia por herana, relata, s vezes ironicamente, as relaes entre as Corporaes, os governos e as mdias em funo dos interesses de acmulo do capital nas mais diversas reas de produo capitalista: ouro; armas; alimentos; jogos; meio ambiente; educao; e principalmente nas reas de infraestrutura bsica para a produo (gua, eletricidade, petrleo). Repleto de documentos, este filho de imigrante ilegal, mostra-se, apesar de no explicitamente, muito mais democrata que republicano, por isso tanto material sobre os Bushs. Com a afirmao de que /I o dinheiro corporativo derrota a democracia o tempo todo" ele nos leva, apesar de s vezes derramar algumas gotas de esperana, a acreditar que se o mundo contemporneo bastante organizado no democrtico, ou social democrtico como 1 .. Mestrando do Programa de Ps-graduao em Educao da Faculdade de Filosofia e Cincias, UNESP, Campus de Marlia. ORG & DEMO, v.5,n.2, p.275-278, 2004 275 LEME, J. A. C. ele se mostra. A onda atual liderada pelo novo trabalhismo de Blair, filho da nova ordem mundial a terceira via, na qual quem manda e comanda o capital por meio de seus braos, quais sejam, o Fundo Monetrio Internacional, o Banco Mundial e a Organizao Mundial do Comrcio e suas regras, dentre elas, a mais nova e desumana: o teste de necessidades. Este teste, artigo VI. 4 do GA TS, poder vir a ser a mo invisvel querendo encarnar na forma de uma agncia reguladora internacional que tem o poder de interferir nas decises das naes diretamente, o juiz em ltima instncia dos interesses do capital. Tirando-se a questo domstica americana de Palast, quando afirma que" quando ficarnos fartos botamos para quebrar", nos chamam a ateno alguns temas abordados: o do Brasil; a relao das Corporaes com. os lderes mundiais; a importncia estratgica da energia mundial para as Corporaes; o boicote ao aumento do preo da gua na Bolvia; Stigliz (ex-economista chefe do FMI) e sua proposta de reforma agrria; o Estado de Kerala e sua forte escola pblica; a proposta do comrcio de emisses de poluentes norte-americana e, por fim e de uma forma geral em todo o livro, o papel da ONU, FMI, BM, OMC. Sobre o Brasil, particularmente no caso de Lula, afirma que ele refm do Banco Mundial e FMI, pela nossa dependncia a esses rgos: "Lula est na priso dos devedores". Quanto a FHC, o portador da "tocha da Terceira Via" para a Amrica Latina e sua reeleio, o texto nos d a percepo de quanto no somos: no somos independentes; no somos alto-determinantes; no somos construtores. Palast afirma que o que marcou o ingresso de FHC no trem da terceira Via foi o apoio de Mandelson, uma espcie de Co de Caa de Blair a Fernando I-Ienrique Cardoso. Afinna, tambm, que FHC incompetente e uma farsa. O reprter investigativo demonstra como Robert Rubin, secretrio do Tesouro dos EUA, tomou-se dono do pas do carnaval. De outro hemisfrio, decidiu- se como e quando os salrios seriam reajustados; o cmbio seria liberado; os juros seriam alterados. O Brasil, assim como o Chile na poca de Pinochet, vem seguindo exemplarmente a cartilha do FMI. A questo que o Chile s comeou a se refazer com. a poltica socialista de Frei. Porm, para Palast, a histria se repete, pelo menos no caso do Brasi.l onde o projeto elaborado pelo Banco Mundial um projeto feudal. Quanto s relaes dos representantes do capital, ou seja, as corporaes e os lderes do mundo, e entre esses e a mdia, no resta 276 ORG & DEMO, v.5, n.2, p.275-278, 2004 Resenha dvida de que o que ns achvamos que acontecia e no vamos, realmente acontece, e o que mais assusta que o individual , hoje, em todos os aspectos mais valorizado que o coletivo. As corporaes no compram mais os polticos, pois colocam seus membros no comando. No Reino Unido permitido ser poltico e empresrio ao mesmo tempo e com a vantagem de sigilo telefnico. O controle d ~ fontes de energia crucial para a Nova Ordem. Palast, no decorrer do livro, mostra vrios exemplos da ao do BM e OMC neste sentido. gua, petrleo, gs, urnio so algumas das riquezas naturais que necessitam ter um controle centralizado pelo capital, pois assim que se pode extrair o excedente de forma que as corporaes acumulem sem correrem grandes riscos. Deve ser este o motivo pelo qual o Banco Mundial esta mapeando as reservas aqferas brasileiras atravs dos PMBH (Programa de Micro Bacias Hidrogrficas). Porm, h uma esperana. No sub-captulo A revolta dos represados podemos ver um. exemplo de que quando se trata das necessidades fundamentais da vida, pelo .menos em Cochabamba, as pessoas se mobilizam. Em abril de 2000 foi anulada pelo presidente da Bolvia a privatizao dos servios de gua. O .motivo foi o boicote geral s altas de 35% no preo e o fato de que a empresa IWL, ganhadora do processo de privatizao, havia depositado somente 10 milhes de dlares numa conta do Citibank de NY, e este montante no foi transferido para a Bolvia. A IWL pretendia comprar o servio de gua de Cochabamba com o dinheiro do prprio povo boliviano atravs do aumento da cobrana dos servios. A quarta passagem que acreditamos merecer destaque a firme opinio de que a reforma agrria o caminho para os pases subdesenvolvidos, proposta defendida por Stiglitz. O livre comrcio defendido pelo Banco Mundial, como sendo o quarto passo para a Nova Ordem, no realizado na agricultura dos pases desenvolvidos, pois o protecionismo bastante forte. Assim como ocorreu no sculo XIX, os pases hegemnicos procuram derrubar as barreiras dos continentes perifricos ao mesmo tempo em que protegem seus prprios mercados. Stiglitz nos d o exemplo de Botsuana na frica onde /I eles expulsaram o FMI". Como principal economista do Banco Mundial, Stiglitz prope aos pases em desenvolvimento uma reforma agrria radical: /I se voc desafiar (os donos das terras), provocar uma profunda mudana no poder das elites". Porm, a instituio (BM) no trata desta questo. Palast aponta a fala do professor Artur Vasquez, da universidade de Georgetown, que afirma: "Para se conseguir um milagre econmico, ORG & DEMO, v.5,n.2, p.275-278,2004 277 LEME, J. A. C. talvez seja necessrio ter antes um governo socialista que faa a reforma agrria". Outro exemplo de sUCesso independente da inferncia do Banco Mundial foi o que ocorreu no Estado de Kerala, no sul da ndia, local considerado o mais instrudo do mundo. Eles usam como moeda forte a assistncia tcnica que exportada para os pases do Golfo Prsico. L, esto sendo implantados os teoremas de desenvolvimento humano do ganhador do prmio Nobel de economia de 1998, Amartya Seno No sub-captulo Como o comrcio sujo virou ecolgico, Palast nos mostra mais um exemplo do poder do capital atravs das corporaes. Os EUA, a pedido de suas indstrias poluentes, no assinou o protocolo de Kioto no qual os pases que assinam. propem-se a diminuir a emisso de gases poluentes de forma progressiva e, em vez disto, props uma compensao pela poluio que a ganncia provoca. Dessa fonna, as empresas que quiserem continuar a poluir podero faz-lo Os EUA possuem uma bolsa de valores onde so negociados anualmente 15 milhes de toneladas de dixido de carbono. Como a Rssia, que assinou o protocolo, reduziu suas emisses, as indstrias americanas compram o direito de poluir. Para Palast, lia luta de classes realmente acabou". Isto se deve ao fato de que o aprimoramento das formas de explorao capitalista levou a uma individualizao social, com o "eu-em-primeiro-Iugar", na qual o coletivo perde o seu valor, apesar de que em alguns pontos do planeta ainda h resistncias. Palast diz que a grande contribuio do socialismo foi fazer a maioria da populao planetria acreditar na funo do Estado. Mas, as suas palavras de que 11 armas me do medo" e "violncia um desperdcio", demonstram que ele acredita na mobilizao atravs da soma dos indivduos e por meio de denncias, tanto que, no final do livro, relaciona o que denominou de Suas fontes para entrar em ao. So endereos de sites e organizaes que ele acredita serem autnomos. LEME, J. A. C. The best democracy money can buy. Revista ORG & DEMO (Marlia), v.5, n.2, p. 275-278, 2004. 278 ORG & DEMO, v.5, n.2, p.275-278, 2004