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O documento discute a manipulação de produtos veterinários no Brasil. Apresenta as vantagens de produtos personalizados para cada animal e discute a legislação que regulamenta o setor, como o Decreto 5053/2004 e a Instrução Normativa 11/2005. Também descreve os papéis dos farmacêuticos e veterinários em estabelecimentos de manipulação, que devem avaliar prescrições, manipular produtos e garantir a qualidade e assistência aos pacientes.
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Por meio de pesquisa de revisão bibliográfica feita com base em coletas de dados de fontes como a legislação brasileira, artigos científicos e monografias, foi possível alcançar os objetivos de obter um conhecimento acerca da manipulação de produtos de uso veterinário.
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Manipulação de Produtos Veterinários Aplicabilidade, Legislação e Atuação Dos Profissionais Da Saúde (1)
O documento discute a manipulação de produtos veterinários no Brasil. Apresenta as vantagens de produtos personalizados para cada animal e discute a legislação que regulamenta o setor, como o Decreto 5053/2004 e a Instrução Normativa 11/2005. Também descreve os papéis dos farmacêuticos e veterinários em estabelecimentos de manipulação, que devem avaliar prescrições, manipular produtos e garantir a qualidade e assistência aos pacientes.
O documento discute a manipulação de produtos veterinários no Brasil. Apresenta as vantagens de produtos personalizados para cada animal e discute a legislação que regulamenta o setor, como o Decreto 5053/2004 e a Instrução Normativa 11/2005. Também descreve os papéis dos farmacêuticos e veterinários em estabelecimentos de manipulação, que devem avaliar prescrições, manipular produtos e garantir a qualidade e assistência aos pacientes.
Marielle Camargos Dias Roberto Carlos Rocha de Moura
Farmacutica Industrial pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG e aluna de Especializao em Vigilncia Sanitria IFAR/PUC-GO. Farmacutico pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul UFMS e Mestre em Cincias da Sade pela Universidade de Braslia UnB.
Resumo Por meio de pesquisa de reviso bibliogrfica feita com base em coletas de dados de fontes como a legislao brasileira, artigos cientficos e monografias, foi possvel alcanar os objetivos de obter um conhecimento acerca da manipulao de produtos de uso veterinrio. Os focos principais foram: a aplicabilidade, as principais legislaes envolvidas e o exerccio da profisso farmacutica e veterinria no setor. Poucas so as barreiras nessa rea de farmcia veterinria, como a impossibilidade da preparao de produtos protegidos por patentes. O que sobressai so as inmeras vantagens que o servio pode oferecer: adequao do tratamento para diferentes espcies, personalizao do produto, maior facilidade na administrao ao paciente, segurana e economia. Os estabelecimentos manipuladores desses produtos so bem regulamentados e as normais mais importantes so:o Decreto 5053/2004 e a Instruo Normativa 11/2005. Assim, fica regulamentada a fiscalizao dos produtos e estabelecimentos em questo e as Boas Prticas de Manipulao de Produtos Veterinrios. Tanto o profissional farmacutico quanto o mdico veterinrio possuem atribuies nos estabelecimentos de manipulao de produtos veterinrios. A presena do farmacutico obrigatria e importante para avaliar a prescrio;manipular e/ou supervisionar a formulao de acordo com a prescrio para garantir aqualidade e prestar assistncia e ateno farmacutica. O mdico veterinrio essencial, pois o profissional capacitado para orientar o proprietrio durante a terapia, acompanhando a eficcia do tratamento e orientando quanto sade e bem-estar animal. Palavras-chave:Manipulao de produtos veterinrios. Farmcia veterinria.Legislao.
Abstract Through research of literature review based on data collected from sources such as Brazilian law, scientific articles and monographs, it was possible to achieve the goals of obtaining a knowledge of handling products for veterinary use. The main sources were: applicability, the specific legislation and the exercise of the pharmaceutical profession and veterinary in this field. There are few barriers in this area of veterinary pharmacy. One of them is the impossibility of preparing products protected by patents. What stands out are the many advantages that the service can offer: adequacy of treatment for different species, product customization, ease in administration to the patients, safety and economy. Establishments handlers of these products are well regulated. The most important standards are: Decree 5053/2004 and Normative Instruction 11/2005. Thus, there is regulation of inspection of products and establishments and good handling practices of veterinary products. Both the pharmacist and the veterinarian have responsibilities in handling establishments of veterinary products. The presence of the pharmacist is mandatory and very important to evaluate the prescription, manipulate and / or oversee the formulation according to the prescription to ensure quality and provide assistance and pharmaceutical care. The presence of the veterinarian is essential as well because he is the trained professional to guide the owner during the therapy, monitoring treatment efficacy and advising about healthand animal welfare Keywords: Product Handling veterinarian. Veterinary pharmacy.Legislation.
1 INTRODUO
Segundo Gasparin (2010), nas diferentes condies sociais, econmicas e culturais, o que se percebe um crescimento na criao de animais domsticos, principalmente ces e gatos. Esse crescimento e a humanizao desses animais tm exigido inovaes na prestao de servios e produtos veterinrios, alm de aumentar a demanda por estabelecimentos de fabricao, manipulao e comrcio desses produtos. A manipulao de produtos veterinrios um setor que, no Brasil, vem se desenvolvendo diante deste cenrio e possui uma insero no mercado mais recente que as indstrias farmacuticas veterinrias, que j esto no mercado h mais tempo. As vantagens oferecidas por esse servio esto principalmente relacionadas com a possibilidade de um produto personalizado para cada animal. A evoluo da rea veio acompanhada de normas que surgiram com o objetivo de regular melhor o setor e garantir a qualidade e segurana dos produtos e servios. O empenho na regulao do setor vem, principalmente, da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) e do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) com interesse na proteo da sade dos animais e seres humanos. A Lei 5991/1973 traz a definio de Farmcia. Estabelecimento de manipulao de frmulas magistrais e oficinais, de comrcio de drogas, medicamentos, insumos farmacuticos e correlatos, compreendendo o de dispensao e o de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistncia mdica (BRASIL, 1973). Estabelecimento que manipula produto de uso veterinrio: estabelecimento de manipulao e dispensao de frmulas magistrais veterinrias e frmulas oficinais para uso veterinrio, com reas independentes e exclusivas para a manipulao e armazenamento de insumos e preparaes manipuladas, bem como para o armazenamento e dispensao de especialidade farmacutica de uso veterinrio, licenciado junto ao MAPA. (MAPA, 2005, p. 2). A atuao dos profissionais da sade em Farmcias Veterinrias definida legalmente. Os profissionais que possuem as principais atribuies neste estabelecimento so os Mdicos Veterinrios e Farmacuticos. Cada um possui a sua importncia e competncia legal. Este trabalho possibilita depreender as vantagens e limitaes do setor de produtos veterinrios manipulados, permite o conhecimento e uma maior compreenso da legislao aplicada manipulao de produtos veterinrios e o esclarecimento do papel dos profissionais da sade nessa rea.Com este estudo ser possvel compreender melhor uma rea que tem crescido no mercado e demonstrado sua importncia e utilidade. O propsito do trabalho buscara aplicabilidade das farmcias veterinrias; identificar as normas vigentes relacionadas s Farmcias Veterinrias, analisando e discutindo alguns itens relevantes; alm de conhecer as atribuies dos profissionais de sade na rea de manipulao de produtos veterinrios para descrever as possibilidades de atuao destes profissionais, com foco nos Farmacuticos e Mdicos Veterinrios.
2 METODOLOGIA
O estudo se trata de uma pesquisa de reviso de literatura realizado por meio de coleta de dados usando palavras-chave como: manipulao em veterinria e farmcia magistral veterinria. As principais fontes usadas na elaborao deste trabalho foram o site do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) pelo Sistema de Consulta Legislao (Sislegis) e o site da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), usando o sistema de pesquisa Visa Legis. Base de dados como o Scielo, Bireme e Pubmed tambm foram fontes de informao selecionando artigos cientficos, teses e monografias publicadas, preferencialmente, a partir de 2002.
3 DISCUSSO
3.1 Mercado e tendncia
Em relao ao nmero de animais de estimao (tambm chamados animais de companhia) no Brasil, existem 35,7 milhes de ces,25 milhes de peixes e 19,8 milhes de gatos. O cachorro o Animal de estimao com maior populao no Brasil(ASSOCIAO BRASILEIRA DA INDSTRIA DE PRODUTOS PARA ANIMAIS DE ESTIMAO ABINPET, 2012 apud RANKBRASIL, 2012). muito comum pais que passam a morar sozinhos aps a sada dos filhos de suas casas. Nessa situao os animais passam a ter um papel mais especial em suas vidas. Os animais chegam a ser tratados como um componente da famlia, merecendo um cuidado quase humano. A medicina veterinria que proporciona as condies necessrias para oferecer o bem-estar desses animais (DINIZ, 2005). Nas diferentes condies sociais, econmicas e culturais, o que se percebe um crescimento na criao de animais domsticos, principalmente ces e gatos. Esse crescimento e a humanizao desses animais tm exigido inovaes na prestao de servios e produtos veterinrios, alm de aumentar a demanda por estabelecimentos de fabricao, manipulao e comrcio desses produtos.
3.2 Vantagens e limitaes da manipulao em veterinria.
A farmacodinmica est diretamente ligada s caractersticas anatmicas e fisiolgicas dos animais. Essas caractersticas variam no s entre iguais espcies, apesar de minimizada, mas principalmente e com maior intensidade entre espcies diferentes e at mesmo raas. Isso nos leva a concluir que as doses e formas farmacuticas a serem utilizadas variam de acordo com essas peculiaridades (BARBOSA, 2010). Os mdicos veterinrios prescrevem, em sua grande maioria, produtos industrializados, sendo muitos deles medicamentos de uso humano. A falta de formas farmacuticas veterinrias adequadas para cada espcie, principalmente nos animais de companhia obrigam a uma maior utilizao de medicamentos humanos. (BARBOSA, 2010, p. 54). Essa realidade no atende da melhor forma as diferentes terapias que as variaes genticas exigem. Nesse sentido a manipulao de produtos veterinrios se torna uma opo que busca sanar essa necessidade. De acordo com a ANFARMAG (2012) (ASSOCIAO NACIONAL DE FARMCIAS MAGISTRAIS), o produto manipulado possui diversas vantagens. Uma delas a economia, pois como o produto prescrito na quantidade e dosagem necessria ao tratamento, o consumidor paga apenas pelo que vai utilizar, no havendo desperdcio. No caso de animais essa caracterstica se torna ainda mais expressiva uma vez que existem tratamentos baseados em prescrio de medicamento de uso humano que normalmente est em uma dosagem e quantidade maiores do que o animal precisa. A questo da segurana tambm citada no Manual do Consumidor da ANFARMAG (2012), pois as farmcias de manipulao seguem normas estabelecidas pelas autoridades e os processos so rigorosamente controlados. O farmacutico analisa a prescrio, acompanha todo o processo de produo, orientando, supervisionando e orientando o dono sobre a utilizao, efeitos e conservao adequada do produto. So muito comuns situaes em que o paciente necessita da utilizao de diversos medicamentos ao mesmo tempo, seja para o tratamento de uma doena ou at mesmo mais de uma. Nesses casos, a prescrio de uma nica frmula para manipulao que permita a associao de vrias substncias se torna uma alternativa que evita o esquecimento de algum medicamento e facilita a medicao dos animais ao diminuir as unidades a serem administradas, j que uma tarefa que nem sempre fcil e que na maioria das vezes exige certa habilidade do administrador. Outra situao em que as farmcias veterinrias se tornam uma opo vantajosa quando o medicamento necessitado no existe no mercado ou no est disponvel. Isso pode acontecer, por exemplo, quando uma Indstria farmacutica deixa de produzir o produto ou a dosagem necessria. Nesse caso, a farmcia de manipulao poder atender a prescrio evitando a interrupo do tratamento o que poderia ser grave para o paciente (ANFARMAG, 2012). Levando em considerao que as terapias variam muito entre os animais e que muitas delas utilizam medicamentos de uso humano, pode-se concluir que a principal vantagem da prescrio de uma frmula magistral a personalizao do tratamento, possibilitando a preparao de um produto na dose e quantidade adequada para um paciente especfico. Isso se torna de grande importncia sabendo que uma das dificuldades no tratamento de animais a limitao das alternativas medicamentosas levando os mdicos veterinrios a prescreverem medicamentos humanos que esto em doses e quantidades mais altas que as necessrias, precisando de fracionamento em vrios nveis dificultando ou at impossibilitando a administrao pelo dono. Essa personalizao do produto, alm de permitir uma identificao com rtulo contendo dados especficos e mais completos, facilita o entendimento da forma de tratamento a ser seguida evitando enganos como a utilizao inadequada Adicionalmente, possibilita a adequao da formulao com o objetivo de eliminar reao alrgica substituindo o aditivo responsvel pela reao em um determinado paciente por outro que no cause reaes de hipersensibilidade. Diante de tantos benefcios da formulao magistral de produtos veterinrios, o setor tambm se esbarra em algumas barreiras. Uma delas est relacionada a medicamentos novos no mercado. Os produtos que esto protegidos pela lei de patentes no esto disponveis para manipulao, diminuindo o campo de atuao das farmcias, que no podero atender os pacientes nessas situaes. Outra limitao do ramo so as tecnologias avanadas. As indstrias so capazes de investir em inovao tecnolgica que no esto ao alcance das farmcias. Apesar de algumas limitaes as vantagens das prescries de frmulas magistrais se sobressaem no ramo veterinrio. Elas oferecem alternativas atraentes e facilitadoras para o tratamento de animais. Tratar animais no como tratar pessoas, principalmente adultas. Assim como emcrianas, medicar os animais no fcil. Para um maior sucesso na teraputica os medicamentos precisam ter sabor agradvel e forma farmacutica que facilite a administrao, pois o argumento no uma possibilidade de ferramenta a ser usada para convencer esses pacientes a aceitarem o tratamento. Nesse sentido, as farmcias veterinrias podero modificar a forma farmacutica manipulando, dentre outras, biscoito medicamentoso, pastilhas, pastas orais e xaropes. Para melhorar a palatabilidade e tornar o produto mais atraente a farmcia conta com ferramentas para adequar as caractersticas organolpticas como cor, odor e sabor de acordo com cada espcie.
3.3 Legislao
Em fevereiro de 1969 entrou em vigor o Decreto-lei n 467 que dispe sobre a fiscalizao de produtos de uso veterinrio e de estabelecimentos que os fabriquem. Esta norma estabeleceu em todo o territrio nacional a obrigatoriedade da fiscalizao da indstria, do comrcio e do emprego de produtos de uso veterinrio. Includos nessa norma, os estabelecimento que manipulam produtos de uso veterinrio ficam obrigados ao registro no Ministrio da Agricultura para efeito de licenciamento que o habilitar a funcionar e dever ser renovada anualmente (BRASIL, 1969). Art. 2 - A fiscalizao de que trata o presente Decreto-Lei ser exercida em todos os estabelecimentos privados e oficiais, cooperativas, sindicatos rurais ou entidades congneres que fabriquem, fracionem, comerciem ou armazenem produtos de uso veterinrio, estendendo-se essa fiscalizao manipulao, ao acondicionamento e fase de utilizao dos mesmos. (BRASIL, 1969, p. 1465). Diante do artigo citado, conclua-se que deveriam ser licenciados e estavam submetidos fiscalizao do Ministrio da Agricultura os estabelecimentos que produzissem qualquer tipo de produto veterinrio(Departamento Jurdico do Conselho Regional do Estado de So Paulo DJ/CRF SP, 2011). Todavia, o texto da norma acima foi tcita e parcialmente modificado com a entrada em vigor da Lei n. 6.360, de 23 de setembro de 1976, tendo em vista que alm de fixar em seus artigos 1 e 68 a competncia da Vigilncia Sanitria para controle sanitrio a que ficam sujeitos os medicamentos, drogas, insumos farmacuticos e correlatos, cosmticos, saneantes e outros produtos, excluiu de seu mbito de atuao os produtos de exclusivo uso veterinrio. (DJ/CRF SP, 2011, p. 2). Art. 86. Excluem-se do regime desta Lei, visto se destinarem e se aplicarem a fins diversos dos nela estabelecidos, os produtos saneantes fitossanitrios e zoossanitrios, os de exclusivo uso veterinrio e os destinados ao combate, na agricultura, a ratos e outros roedores. (BRASIL, 1976, p.12647) Portanto, a lei 6360/76 em consonncia com o Decreto-lei n. 467/69, estabelece que a competncia de fiscalizar e licenciar o funcionamento dos estabelecimentos que fabriquem os medicamentos de exclusivo uso veterinrio do Ministrio da Agricultura. Vigilncia Sanitria compete fiscalizar os estabelecimentos previstos nas Leis 5991/73 e 6360/76, inclusive os de uso veterinrio, mas s os que tambm sejam utilizados por humanos (DJ/CRF SP, 2011). O Decreto 5053 de 2004 regulamenta o Decreto-lei 467/69. Esse decreto aprova o Regulamento de Fiscalizao de Produtos de Uso Veterinrio e dos Estabelecimentos que os Fabriquem ou Comerciem, incluindo os de manipulao(BRASIL, 2004). Existem questionamentos que dizem que esse decreto, ao dispor sobre as competncias do Ministrio da Agricultura revoga o artigo 86 da Lei 6360/76 por no manter o termo exclusivo para os produtos de uso veterinrio em seu artigo 2. Como ato administrativo, o decreto est sempre em situao inferior da lei e, por isso mesmo, no a pode contrariar. (MEIRELLES, 2004, p. 177). Ora, o poder regulamentar no o poder legislativo e, por conseguinte, no pode criar normatividade que inove a ordem jurdica. Seus limites naturais situam-se no mbito da competncia executiva e administrativa, onde se insere. (SILVA, 2009, p.486). A Instruo Normativa n 11, de8 de junho de 2005 aprova o Regulamento Tcnico para Registro e Fiscalizao especificamente de Estabelecimentos que Manipulam Produtos de uso Veterinrio (Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento - MAPA, 2005). Essas duas normas, o Decreto 5053/04 e a Instruo Normativa 11/2005 so as principais a serem observadas pelas Farmcias Veterinrias. 3.3.1 Decreto 5053/04: Regulamento de Fiscalizao de Produtos de Uso Veterinrio e dos Estabelecimentos que os Fabriquem ou Comerciem.
Essa seo trata principalmente do decreto segundo Brasil (2004) e tem foco nos estabelecimentos de manipulao de produtos veterinrios. As aes de inspeo e fiscalizao de que trata este regulamento so atribuies do MAPA.
3.3.1.1 Os estabelecimentos
Todos os estabelecimentos, ou seja, unidades da empresa que manipulam produtos veterinrios devem estar registradas no MAPA para licenciamento. A licena deve ser renovada anualmente e requerida at 60 dias antes do seu vencimento(BRASIL, 2004). O registro deve ser solicitado atravs de requerimento por escrito contendo as informaes solicitadas acompanhadas dos documentos: cpia autenticada do contrato social e do carto de inscrio no CNPJ, relao dos produtos a serem manipulados; declarao do responsvel tcnico assumindo a responsabilidade pelo estabelecimento; cpia de sua carteira profissional; memorial descritivo de instalaes e equipamentos, assinado pelo responsvel tcnico; planta baixa; detalhe da rede de esgoto e descrio do sistema de controle preventivo para evitar contaminao do meio ambiente e risco para a sade (BRASIL, 2004).
3.3.1.2 Instalaes
Os estabelecimentos de que trata o Artigo 11 do Decreto 5053/04 devem possuir instalaes e equipamentos adequados que atendam s normas de Boas Prticas de Fabricao (BPF) estabelecidas pelo MAPA, aos regulamentos especficos de produo, ao controle de qualidade e biossegurana por ele definidos, e tambm s normas de higiene e segurana do trabalho, estabelecidas pelos rgos oficiais competentes (BRASIL, 2004). A Instruo Normativa 11/2005 aprova o regulamento de Boas Prticas de Manipulao de Produtos Veterinrios BPMPV que so requisitos a serem observados. As Boas Prticas de Manipulao de Produtos Veterinrios Estreis tambm esto estabelecidas nesse regulamento (MAPA, 2005).
3.3.1.3 Responsabilidade Tcnica
Um dos requisitos para se conseguir a concesso do registro do estabelecimento manipulador do produto farmacutico possuir responsvel tcnico (RT) com comprovao atestada pelo MAPA e legalmente registrado no rgo de fiscalizao do exerccio profissional respectivo. No caso dos manipuladores de frmulas magistrais a responsabilidade tcnica pode ser assumida por mdico veterinrio ou farmacutico. Em situaes de afastamento temporrio do RT, o estabelecimento dever comunicar previamente ao MAPA O suprimento com um substituto, que responder durante o perodo de afastamento do titular. A observncia do Decreto 5053/04 e de normas complementares obrigatrio ao Responsvel Tcnico ou substituto (BRASIL, 2004).
3.3.1.4 Anlise de Fiscalizao
Art. 49. O servio oficial efetuar a colheita de amostras de matrias-primas ou produtos acabados, em qualquer dos estabelecimentos mencionados no art. 1, para fins de anlise de fiscalizao que ser realizada pela rede de laboratrios do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. (BRASIL, 2004, p. 16). Caso o interessado no concordar com o resultado, poder requer contraprova. facultado ao Responsvel Tcnico da empresa o acompanhamento dos testes (BRASIL, 2004).
3.3.1.5 Comercializao
O Decreto estabelece requisitos quanto obrigatoriedade de prescrio do mdico veterinrio para comercializao do produto. O critrio de classificao das substncias e de produtos sujeitos aos requisitos estabelecido pelo MAPA (BRASIL, 2004).
3.3.1.6 Processo Administrativo e Fiscalizao
Art. 69. A infringncia s disposies deste Regulamento e dos atos complementares ser apurada em processo administrativo, iniciado com a lavratura do auto de infrao. (BRASIL, 2004, p. 19). Todo produto e estabelecimento de manipulao esto sujeitos ao fiscalizadora. assegurado ao agente de fiscalizao: livre acesso aos locais onde se processam a manipulao, o fracionamento, o envase, a rotulagem, o controle de qualidade, a armazenagem e a comercializao; colher amostras; apreender produto ou material com propaganda indevida; verificar o atendimento das condies de sade e higiene pessoal dos manipuladores; interditar estabelecimentos; ter acesso a todos os documentos e informaes necessrios e lavrar documentos de fiscalizao como Auto de Infrao e Auto de Apreenso. O agente poder requerer auxlio policial para garantir a fiscalizao (BRASIL, 2004).
3.3.1.7 Infraes e Penalidades
Sem prejuzo da penalidade penal cabvel, a infrao a este regulamento acarretar as seguintes penalidades: advertncia, multa, apreenso do produto, inutilizao do produto, suspenso da venda ou fabricao do produto, interdio do estabelecimento e cancelamento do registro e licenciamento do estabelecimento (BRASIL, 2004).
3.3.2 I nstruo Normativa 11/2005
MAPA (2005) aprova o Regulamento Tcnico para registro e fiscalizao especfica de estabelecimentos que manipulam produtos de uso veterinrio e o Regulamento de Boas Prticas de Manipulao de Produtos Veterinrios (BPMPV). Primeiramente o regulamento determina condies especficas mnimas que devem ser cumpridas por estabelecimentos que fazem manipulao, conservao e dispensao de preparaes magistrais e oficinais para uso em animais de companhia, esporte, peixes e aves ornamentais. Posteriormente determina as BPMPV, inclusive manipulao de produtos estreis a serem seguidas (MAPA, 2005).
3.3.2.1 Alguns requisitos exigidos
A norma estabelece algumas restries. Algumas delas so vedar: a manipulao de produtos de natureza biolgica; o fracionamento de especialidades farmacuticas, a manipulao de produtos para as espcies bovina, bubalina, suna, caprina, ovina, aves, peixes e outras espcies destinadas alimentao humana; a exposio ao pblico de preparaes com o objetivo de propaganda; a manipulao de medicamentos de uso veterinrio em reas industriais ou onde se produza ou manipule medicamentos com finalidade distinta do uso veterinrio (MAPA, 2005). Como citado, vedado a manipulao de produtos para espcies destinadas alimentao humana o que restringe um pouco o mercado. Porm o seguimento de animais de companhia,comparado ao mercado dos animais de criao, tem maior rendimento e no tende a ser cclico. Alm disso, o nmero de animais de criao a ser tratado est em menor nmero e o cuidado com os de companhia especial por serem tratados como parte da famlia requerendo cuidados veterinrios de excelncia. Com relao necessidade de instalaes segregadas para fabricao de medicamentos para uso veterinrio e para uso humano, existe um posicionamento emitido pela ANVISA e pelo MAPA em que decidem de comum acordo que: tecnicamente aceitvel, do ponto de visto de risco sanitrio, a produo de produtos de uso veterinrio nas mesmas instalaes licenciadas para fabricao de medicamentos de uso humano, nos casos em que os produtos veterinrios contenham insumos aprovados para uso humano. (ANVISA; MAPA, 2012, p.1) Essa Nota Tcnica Conjunta permite a manipulao de produtos veterinrios e humanos nas mesmas instalaes, desde que na formulao deles contenha apenas insumos que so aprovados para os dois usos. Caso contrrio, dever ser manipulado em instalaes segregadas especficas para cada uso. Essa determinao se torna importante ao evitar que insumos no aprovados para um, contamine de forma cruzada o produto destinado para o outro. Ao mesmo tempo d uma maior liberdade para aqueles que desejam fabricar produtos para uso veterinrio e humano nas mesmas instalaes desde que sigam os requisitos definidos. As farmcias de manipulao veterinria devem fazer as preparaes no mesmo estabelecimento em que a prescrio for captada, sendo vedado captar receitas de outros estabelecimentos, outras empresas e at mesmo filiais. Ao contrrio da manipulao de frmulas, as atividades de Controle de Qualidade podem ser centralizadas em um dos estabelecimentos da empresa desde que no haja prejuzo dos controles em processo (BRASIL, 2005). Todo o processo produtivo de preparao dos produtos manipulados devem possuir procedimentos escritos que definam a especificidade das operaes e os registros devem ser mantidos assim como os documentos normativos que devero ficar disposio da autoridade competente. A equipe de fiscais federais agropecurios quem fiscaliza os estabelecimentos de manipulao veterinria e pode ser composta por mdico veterinrio ou farmacutico (BRASIL, 2005).
3.3.2.2 Boas Prticas de Manipulao de Produtos Veterinrios
Esse um dos principais itens dessa Instruo Normativa e tem como objetivo: estabelecer os requisitos de Boas Prticas de Manipulao de Produtos Veterinrios (BPMPV), a serem observados na avaliao farmacutica da prescrio, na manipulao, conservao e dispensao de preparaes magistrais e oficinais. (BRASIL, 2005. P. 7). So diretrizes que se seguidas corretamente garantem a manuteno da qualidade, eficcia e segurana determinada para o produto e a conformidade com a legislao. O objetivo a segurana animal e no uma norma superficial, ela detalhada e possui rigor nas exigncias. Posteriormente o regulamento tambm define as Boas Prticas de Manipulao de Produtos Veterinrios Estreis (BPMPVE) a serem observadas pelos estabelecimentos licenciados pela Superintendncia Federal da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (SFA) a manipular esse tipo de medicamento.A SFA uma representao do MAPA em cada uma das 27 unidades federativas do Brasil.
3.4 Atribuies dos profissionais de sade emfarmcia veterinria: farmacutico e mdico veterinrio
No Brasil existem dois decretos federais que regulamentam o exerccio da profisso farmacutica: o Decreto 20377 de 08 de setembro de 1931 e o Decreto 85.878 de 07 de abril de 1981. O de 1931 foi revogado pela Lei 5.991/1973. O Decreto 85.878/1981 ainda vigente delimita o campo de atuao profissional do farmacutico definindo as atribuies que so privativas do farmacutico e as que so estendidas a outros profissionais devidamente formados, capacitados e habilitados legalmente para desempenh-la. Art 1 So atribuies privativas dos profissionais farmacuticos: I - desempenho de funes de dispensao ou manipulao de frmulas magistrais e farmacopicas, quando a servio do pblico em geral ou mesmo de natureza privada; II - assessoramento e responsabilidade tcnica em: a) estabelecimentos industriais farmacuticos em que se fabriquem produtos que tenham indicaes e/ou aes teraputicas, anestsicos ou auxiliares de diagnstico, ou capazes de criar dependncia fsica ou psquica; b) rgos, laboratrios, setores ou estabelecimentos farmacuticos em que se executem controle e/ou inspeo de qualidade, anlise prvia, anlise de controle e anlise fiscal de produtos que tenham destinao teraputica, anestsica ou auxiliar de diagnsticos ou capazes de determinar dependncia fsica ou psquica; c) rgos, laboratrios, setores ou estabelecimentos farmacuticos em que se pratiquem extrao, purificao, controle de qualidade, inspeo de qualidade, anlise prvia, anlise de controle e anlise fiscal de insumos farmacuticos de origem vegetal, animal e mineral; d) depsitos de produtos farmacuticos de qualquer natureza; III - a fiscalizao profissional sanitria e tcnica de empresas, estabelecimentos, setores, frmulas, produtos, processos e mtodos farmacuticos ou de natureza farmacutica; IV - a elaborao de laudos tcnicos e a realizao de percias tcnico-legais relacionados com atividades, produtos, frmulas, processos e mtodos farmacuticos ou de natureza farmacutica; V - o magistrio superior das matrias privativas constantes do currculo prprio do curso de formao farmacutica, obedecida a legislao do ensino; VI - desempenho de outros servios e funes, no especificados no presente Decreto, que se situem no domnio de capacitao tcnico-cientfica profissional. (BRASIL, 1981, p. 6631). Uma atividade do Decreto citado acima que se destaca no assunto do estudo a de desempenhar dispensao ou manipulao de frmulas magistrais e oficinais. Pode-se concluir que indispensvel a presena do farmacutico em um estabelecimento de manipulao de frmulas em veterinria. Tendo como base as atribuies do farmacutico determinadas pela RDC de 08 de outubro de 2007 que dispe sobre os requisitos mnimos na manipulao de produtos de uso humano, podem-se destacar algumas funes importantes que um farmacutico pode desempenhar em uma farmcia veterinria: organizar e operacionalizar as reas e atividades tcnicas da farmcia; conhecer, interpretar, cumprir e fazer cumprir a legislao pertinente; especificar, selecionar, inspecionar, adquirir, armazenar as matrias-primas e materiais de embalagem necessrios ao processo de manipulao; avaliar a prescrio quanto concentrao e compatibilidade fsico-qumica dos componentes, dose e via de administrao, forma farmacutica e o grau de risco; assegurar todas as condies necessrias ao cumprimento das normas tcnicas de manipulao, conservao, transporte, dispensao e avaliao final do produto manipulado; manipular a formulao de acordo com a prescrio e/ou supervisionar os procedimentos para que seja garantida a qualidade exigida; determinar o prazo de validade para cada preparao; participar de estudos destinados ao desenvolvimento de novas preparaes e prestar assistncia e ateno farmacutica necessrias objetivando o uso correto dos produtos. inquestionvel a importncia da presena de um farmacutico em farmcia veterinria, mesmo que ele no seja o responsvel tcnico, ele imprescindvel. Apesar de no ter uma obrigatoriedade da presena de um mdico veterinrio nesse tipo de estabelecimento, ele um componente altamente influenciador no sucesso do negcio. O veterinrio pode fazer a diferena na escolha desse mercado pelos clientes (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2007). O mercado veterinrio farmacutico est em crescimento e enfrentar desafios em concorrncia que implica em estabelecimento de estratgias com foco especial no profissional veterinrio(OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2007). A presena do mdico veterinrio no s beneficia o desenvolvimento do negcio, mas tambm possui um importante papel social, pois esse profissional est capacitado para nortear o proprietrio durante o tratamento, acompanhando a eficcia do mesmo e dar um parecer orientando sobre a necessidade de exames e consultas. 0 medico veterinrio o profissional mais adequado para desenvolver programas de sade e bem-estar animal, de acordo com o perfil do proprietrio e a individualidade do paciente (PEREIRA, 2003).
4 CONSIDERAES FINAIS
O mercado veterinrio farmacutico se encontra em ascenso e o ramo da manipulao de produtos veterinrios tem se popularizado com mais evidncia nos ltimos anos. Por meio da discusso apresentada neste trabalho de reviso bibliogrfica foi possvel entender a aplicabilidade da rea, assim como algumas limitaes. As principais vantagens encontradas foram:a personalizao dos produtos, levando em considerao as doses e quantidade especficas ao tratamento; adequao da formulao de medicamentos de acordo com as espcie e caractersticas peculiares de cada animal; a facilitao da administrao dos medicamentos ao paciente por meio de modificao da forma farmacutica e associao de princpios ativos; economia para o proprietrio; segurana garantida pelas normas pertinentes e preparao de produtos indisponveis no mercado. Por outro lado, algumas limitaes como produtos protegidos por patentes e dificuldade em acompanhar a implantao de inovaes tecnolgicas utilizadas por indstrias foram constatadas como barreiras. As grandes diferenas anatmicas e fisiolgicas entre seres humanos e animais de estimao e at entre espcies dos animais de companhia explicam a necessidade e as vantagens da utilizao dos servios de manipulao de produtos. Os estabelecimentos de manipulao de produtos veterinrios so adequadamente normatizados.O Decreto-lei467/69 estabelece a obrigatoriedade da fiscalizao desses estabelecimentos. Assim, ficam obrigados ao registro no MAPA para efeitos de licenciamento para funcionar. O Decreto 5053/2004 regulamenta esse Decreto-lei, ou seja, a fiscalizao de produtos de uso veterinrio e dos estabelecimentos que os fabriquem ou comerciem. Por meio do estudo dessa norma, pode-se concluir que ela dispe sobre os estabelecimentos, a licena anual que deve ser requerida; sobre as instalaes e equipamentos adequados que devem possuir e estabelece a necessidade de se possuir Responsvel Tcnico como um dos requisitos para concesso do registro, podendo ser farmacutico ou mdico veterinrio. Esse decreto tambm descreve os procedimentos da anlise fiscal e os requisitos para comercializao quanto obrigatoriedade de prescrio do profissional veterinrio. O decreto finaliza dispondo sobre processo administrativo, fiscalizao, infraes e penalidades. Alm do Decreto 5053/04, outro regulamento importante para a rea estudada nesse trabalho a Instruo Normatiza 11/2005. Ela aprova o Regulamento Tcnico para registro e fiscalizao especfica de estabelecimentos que manipulam produtos de uso veterinrio e o regulamento de Boas Prticas de Manipulao de Produtos Veterinrios.Foi demonstrado que essa instruo normativa veda a manipulao de produtos para espcies destinadas alimentao humana e a manipulao de medicamentos de uso veterinrio em reas que se manipulem medicamentos com finalidade que no seja a de uso veterinrio.As BPMPV definidas nessa norma so as diretrizes que podem garantir a manuteno da qualidade, eficcia e segurana do produto a ser dispensado. Os principais profissionais da sade envolvidos no estabelecimento estudado so o farmacutico e o mdico veterinrio. Foi comprovada a obrigatoriedade da presena do profissional farmacutico e sua importnciano cumprimento da legislao vigente pelo estabelecimento; na preparao de produtos de acordo com a prescrio, seguindo as normas tcnicas de manipulao; na garantia da manuteno da qualidade das matrias-primas e do produto manipulado e na prestao de assistncia e ateno farmacutica. O Mdico Veterinrio, por sua vez, no deve estar presente obrigatoriamente no estabelecimento, porm se mostra essencial no s no desenvolvimento do negcio, mas tambm no sucesso do atendimento e orientao do proprietrio cumprindo com um papel social de assistncia durante a terapia do paciente.
REFERNCIAS
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