Вы находитесь на странице: 1из 48

DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

QUESTÕES DIREITO COMUNITÁRIO

Lisboa, em 11 de dezembro de 2009


FONTES PRINCIPAIS:
v DIREITO DA UNIÃO EUROPÉIA – ALMEDINA – FAUSTO QUADROS
v A CRISE DAS FRONTEIRAS – EDIÇÕES COSMOS – LUÍS SÁ
v APONTAMENTOS DAS AULAS DOS PROFESSORES – MARIA TERESA BRACINHA
VIEIRA e LUIS PEDRO RUSSO SOARES

FONTES SECUNDÁRIAS:
v DICIONÁRIO DE POLÍTICA - NORBERTO BOBBIO, NICOLA MATTEUCCI E GIANFRANCO PASQUINO
v WIKIPÉDIA

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 1


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

1. DISTINGUIR AS CARACTERÍSTICAS ENTRE OS QUE ENTENDEM O ESTADO


COMO OBJECTO DE INVESTIGAÇÃ O PARA A LOCALIZAÇÃ O DA SEDE DE
PODER, E OS QUE DEFENDEM O CONCEITO DE EXTRATERRITORIALIDADE
DO MESMO.
Resposta:
Diante das transformações ocorridas, principalmente a partir dos
anos 90, começaram a surgir os fenómenos da integração, Globalização dos
Regionalismos, mas acima de tudo da Mundialização. Estas transformações
colocaram em choque os conceitos de Estado e de Território. Deixaram de
ter uma concepção clara diante do conceito de extraterritorialidade.
Esta espécie de dicotomia é discutida por diversas escolas. Senão
vejamos:
Ø O Prof. Adriano Moreira entende que a análise do Poder e a
sua localização é mais um fenómeno de Ciência Politica do que
inerente do conceito de Estado.
Ø Os Professores Paulo Otero e Adelino Maltez, entendem que o
estudo da localização do Poder fora do Estado, é mais típico
das Universidades Norte-Americanas, enquanto o estudo do
Poder dentro do Estado é um fenómeno que mais se estuda
nas Universidades Europeias.
Ø Também Jean Monnet chama a atenção para os níveis de
decisão na Europa, afirmando nomeadamente de que a sede
de Poder não está ou não se localiza no local onde se exerce o
voto, dizendo mesmo: “a Comunidade não é um assunto nem
externo ou interno de cada Estado, mas possui sim elementos
de cada um”.
Ø Maurice Duverger também afirma que “porque no principio
não era o Estado, mas o Homem terá de ser o Estado a se
Humanizar, e não o Homem que tem de se Estadualizar”; neste
sentido podemos admitir que haja um Povo Comunitário que
se venha a constituir em Nação.

Ao meu ver, a questão posta está centrada no instituto da Soberania. O


conceito de soberania atende à necessidade política de concentrar numa só instância o
monopólio legal da força. Representa, ao mesmo tempo, uma reação ao exercício
fragmentado do poder político sobre um mesmo território.

Soberania é a autoridade de um estado para ditar ou eliminar normas, manter a


ordem e administrar a justiça. Dizer que um estado é soberano é o mesmo que afirmar
que suas leis têm autoridade definitiva, ou seja, que não existe poder acima dele. A
ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 2
DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

idéia de soberania tem profunda ligação com o conceito de poder político, pois
consiste na racionalização jurídica do poder, isto é, na transformação da força em
poder legítimo, quando o poder de fato se torna poder de direito.

Vemos então a relação da Soberania ligada a sua actuação dentro de um


determinado espaço geográfico. Por essa razão, que há diversas correntes dominantes
que defendem a soberania do Estado dentro de um determinado território.

Ao longo do século XX, produziu-se uma limitação cada vez maior da soberania
plena do estado como conseqüência do surgimento de organismos com autoridade
supranacional, como as Nações Unidas e a União Européia, e de pactos militares que
limitam a capacidade de atuação de cada país, de acordo com interesses coletivos de
defesa.

Como dito, na União Européia observamos o instituto da


EXTRATERRITORIALIDADE DO EXERCÍCIO DO PODER. Este determina o carácter da
actuação da UE entre os Estados Membros, por intermédio de suas ações legislativas,
executivas, judiciais e de fiscalização. Estas ações são definidas pelo sistema orgânico
(ógãos constituintes principais e complementares) da UE e das Comunidades, que
visam proteger os interesses comunitários, estendendo os seus efeitos a todos os seus
integrantes (Estados Membros, Estados Exíguos e Regiões Ultraperiféricas), em virtude
dos Tratados, Planos, Convenções e/ou Princípios do Direito da União Européia.
Portanto, esta é a idéia de que na UE, a sede de poder não está num só local.

2. EXPLIQUE A IDÉIA DE TERRITÓRIO COMO DEFINIDOS DE SEDE DE PODER DE


UM ESTADO.
Resposta:

Território é o termo que designa, em direito, uma parte determinada da


superfície terrestre sujeita à soberania de um estado. Compreende o espaço
terrestre, aquático e aéreo.

A noção de território, como componente necessário do Estado, só apareceu


com o Estado Moderno, embora, à semelhança do que ocorreu com a soberania,
isso não queria dizer que os Estados anteriores não tivessem território. Durante a
Idade Média, com a multiplicação dos conflitos entre ordens e autoridades, tornou-
se indispensável essa definição, e ela foi conseguida através de duas noções: a de
soberania, que indicava o poder mais alto, e a de território, que indicava onde esse
poder seria efetivamente o mais alto.

Com raríssimas exceções, os autores concordam em reconhecer o território


como indispensável para a existência do Estado, embora o considerem de maneiras

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 3


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

diferentes. Enquanto para muitos ele é elemento constitutivo essencial do Estado,


sendo um dos elementos materiais indispensáveis, outros o aceitam como condição
necessária exterior ao Estado, chegando, como BURDEAU, à conclusão de que ele,
conquanto necessário, é apenas o quadro natural, dentro do qual os governantes
exercem suas funções. Bem diversa é a concepção de KELSEN, que, também
considerando a delimitação territorial uma necessidade, diz que assim é porque tal
delimitação é que torna possível a vigência simultânea de muitas ordens estatais.

3. O QUE ENTENDE POR APROXIMAÇÃO E BUSCA PLANETÁRIA.

Resposta:

A priori, devemos ter em mente que os Países estão sofrendo um choque


existêncial quanto aos seus valores de Estado, Nação, Soberania, Território,
Economia, etc. Estes dilemas a serem tratados numa nova visão de um mundo
globalizado, tem resultado numa crise de identidade.

Parafraseando Lévi-Strauss que disse o seguinte:

“(...) a crise de identidade seria o novo mal do século. Quando hábitos seculares vêm
abaixo, quando gêneros de vida desaparecem, quando velhas solidariedades
desmoronam, é comum, certamente, que se produza uma crise de identidade”.
O Estado em choque diante de conceitos seculares que são colocados por
terra diante de uma nova realidade global. Este é um dos seus recentes desafios,
que é a superação de determinados paradigmas relacionados a antiga concepção de
Estado.

Um País ao se fechar em seu território numa perspectiva de defesa dos


valores de sua nação, diante do ufanismo do discurso da soberania, estarão
destinados ao isolamento global e fadados a um modelo mediévico feudal. Algo
inconcebível nos dias de hoje.

Nesta concepção, Edgar Morin alertou a necessidade de que UE deveria


superar estes conceitos, rumo ao “destino planetário”, senão vejamos:

“Há duas conversões a fazer, aparentemente contraditórias, mas na realidade


complementares: uma que deve levar as pessoas a ultrapassar o conceito de Estado
para se chegar ao conceito de Nação, e outra, que deve levar a cultura da cada
Estado-membro na procura daquilo a que o Tratado da União Européia chama de
destino planetário”.

Portanto, entendo que a “aproximação e busca planetária” é tão somente,


uma realidade global em que todos Países estão sujeitos aos efeitos de determinados
fenómenos (integração, Globalização dos Regionalismos, Mundialização, Blocos

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 4


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

Económicos, etc) que resultam na aproximação destes Estados, que reunidos,


buscam as soluções não apenas nacionais ou regionais, como também, numa
perspectiva macro, verdadeiramente planetária.

Não podemos deixar de falar que estas idéias não são recentes. Talvez nos
tenhamos esquecido dos sinais semeados por KANT, ainda tão incompreendidos,
dessa república universal entendida como uma exigência ética, no sentido de levar
cada Estado a comportar-se como se todos os Estados existentes, formassem um
Estado Mundial, uma civitas humana, a fim de poderem limitar-se os poderes do
Estado-Leviathan.

4. O CONCEITO DE ESTADO NAÇÃO ABRANGERÁ O CONCEITO DE ESTADO


Resposta:
Chama-se ESTADO-NAÇÃO quando um território delimitado é
composto por um governo e uma população de composição étnico-cultural
coesa, sendo esse governo produto dessa mesma composição. Uma nação é
sempre o resultado da história, uma obra de séculos. Desenvolve-se por
meio de provações, de sentimentos experimentados pelos homens, não raro
do emprego da força, ou ainda pela interação de elementos raciais e
culturais. Tal definição, que sintetiza o consenso da maioria dos
especialistas, engloba os elementos essenciais para a constituição da
nacionalidade: tradição comum de cultura, origem e raça (factores
objetivos), e a consciência do grupo humano de que esses elementos
comunitários estão presentes (factores subjetivos).
Já o conceito de Estado é a organização política de um país, ou seja, a
estrutura de poder instituída sobre determinado território ou população.
Poder, território e povo são, conseqüentemente, os elementos
componentes do conceito de estado, que com eles deve estar identificado.
Portanto, ao meu ver, entendo que o conceito de Estado-Nação
engloba a noção de Estado, uma vez que este envolve os elementos
fundamentais de um estado (organização, política, poder, território e
população), e aquele sobressai com os factores determinantes para
existência de um Povo (laços históricos, culturais, raciais, econômicos,
lingüísticos, consciência do grupo humano e elementos comunitários).

5. DEVE-SE MUITO FALAR EM EUROPA SOCIAL, QUE PROGRESSO FORAM FEITOS?


Resposta:

O pós-Guerra (1945) até os anos 1970, intensificou-se a implantação de


políticas sistemáticas de proteção nos países europeus, em variados graus e
independentemente de diferenças sócio- culturais ou de modelos econômicos e de

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 5


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

governo. Sociedades plurais e igualitárias, com direitos assegurados pelo Estado


sob prerrogativa de eficiência econômica, são preceitos do welfare state (estado do
bem-estar) que alicerçaram a reconstrução da Europa.
Na prática, o welfare europeu fortaleceu a participação sindical, promoveu uma
eficiente eqüidade, menor dispersão salarial e constituiu políticas públicas em renda,
educação, saúde, emprego e assistência com bases seguramente mais generosas que
nas demais partes do globo, inclusive, estando à frente dos Estados Unidos.
Diante das mudanças no capitalismo a partir dos anos 1970, críticos liberal-
conservadores passaram a defender práticas desregulatórias, flexíveis e de
crescente competitividade, com a mercantilização de amplos setores sociais. Esses
críticos consideravam o modelo ultrapassado, pois combinaria disfuncionalidade
sistêmica com incapacidade de reação diante das pressões demográficas e fiscais às
quais estava submetido. Mesmo à esquerda, o debate se deu em torno da “crise do
welfare”. Paralelamente aos efeitos da globalização, advieram as dificuldades
trazidas pelo processo de unificação política e econômica da Europa
desenvolvendo-se a mais ampla e desafiadora experiência de governança no mundo
atual – a experiência de unidade na diversidade. Esta realidade social faz-nos
compreender melhor as relações entre o processo de unificação européia e os
estados de bem-estar no continente. Ao contrário do que defendem alguns autores,
o modelo social europeu está se adaptando lenta e cuidadosamente a esses
contextos. Os países não estão adotando as mesmas políticas de mudanças para
facilitar o cenário econômico. Não se está copiando o modelo americano ou inglês
de crescimento e modernização econômica.
O modelo americano, que tem o Reino Unido como caso mais próximo na
Europa, se caracteriza por níveis bem mais reduzidos de proteção social: a saúde
universal está sob pressão, por exemplo, e a previdência tem nos fundos de pensão
privados um elemento muito importante. Há grande relevância nos capitais de curto
prazo. A força de trabalho possui estrutura fluida, com sindicatos fracos, trabalho
flexível e uma dispersão salarial muito grande.
Portanto, vemos que há avanços no contexto comunitário, mas é preciso
caminhar ainda mais. Mesmo diante destes desafios, é preciso dizer que a Europa
não se ‘americanizou’, ainda que muitas mudanças estejam acontecendo.

6. “QUEM ACOLHE UM BENEFÍCIO COM GRATIDÃO, ACOLHE A SUA DÍVIDA COM A


VIDA”
Resposta:
Entendo que esta frase nos leva ao entendimento da política adotada
pelos Estados Membros e a UE como um todo, quanto ao Estado do bem-
estar social (welfare state).
Por Estado do bem-estar social, entende-se como uma tendência
econômica que tem por objetivo propiciar a satisfação das necessidades
básicas ao maior número possível de habitantes de um país, a partir da
redistribuição da renda, do incremento da segurança social e da educação
pública.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 6


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

O pós-Guerra (1945) até os anos 1970, intensificou-se a implantação de


políticas sistemáticas de proteção nos países europeus, em variados graus e
independentemente de diferenças sócio-culturais ou de modelos
econômicos e de governo. Sociedades plurais e igualitárias, com direitos
assegurados pelo Estado sob prerrogativa de eficiência econômica, são
preceitos do welfare state (estado do bem-estar) que alicerçaram a
reconstrução da Europa.

7. EXISTE, HOJE EM DIA, UMA RÍGIDA DICOTOMIA ENTRE O ESTADO E O PODER


CONSTITUÍDO PARA ELA O SURGIMENTO DA UNIÃO EUROPÉIA.
Resposta:
A União Européia, diferentemente dos Estados Unidos da América,
não é uma federação, nem uma organização de cooperação entre governos,
como a Organização das Nações Unidas (ONU). A União Européia possui, de
facto, um carácter único. Os países que compõem a UE congregaram suas
soberanias em algumas áreas para ganhar força e influência no mundo, as
quais não poderiam obter isoladamente.
Este trabalho de “congregação de soberanias” e “delegação de
poderes” dos Estados Membros à União Européia é o que proporciona esta
dicotomia.
Por não se tratar de uma federação de estados, como já falado, os
Estados Membros são ainda detentores de soberania, entretanto, delegam
poderes a UE. Esta actua de tal forma, que não o faz apenas em nome
próprio, mas em nome colectivo, conformando determinadas ações de cada
Estado Membro, limitando as ações destes em determinadas áreas. Estas
imposições, às vezes, podem ser consideradas como uma limitação da
soberania estadual.
As dificuldades trazidas pelo processo de unificação política e
econômica da Europa é a mais ampla e desafiadora experiência de
governança no mundo actual – a experiência de unidade na diversidade.
Portanto, esta rígida dicotomia entre Estado Membro e União
Européia, vem sendo, a cada dia que se passa, trabalhada para o alcance de
um verdadeiro sentido de Estado-nação.

8. EXPLIQUE A IDÉIA DE UM EXERCÍCIO DO PODER LIGADO A EXISTÊNCIA DOS GRUPOS


DE PRESSÃO.
Resposta:
A idéia da Europa como uma unidade política e económica tem pelo
menos um século de existência.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 7


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

Ao longo desses anos, várias disputas políticas foram travadas para se


atingir a estrutura actual que conhecemos hoje por União Européia.
A U.E é um campo de lutas simbólicas pelo Poder. Tanto, que os
Membros da Comissão Europeia passaram a ser propostos pelos Governos
Nacionais, bem como, os Eurodeputados são eleitos em cada País. Estes e
outros personagens políticos, com decisão dentro da Comunidade, exercem
os poderes conferidos, entre as quais cito as cinco principais
instituições:Parlamento Europeu (representa os cidadãos da União Européia,
que elegem seus membros), Conselho da União Européia (representa
individualmente os Estados-membros), Comissão Européia (defende os
interesses de toda a União Européia), Tribunal de Justiça (assegura o
cumprimento da legislação européia) e o Tribunal de Contas Europeu
(fiscaliza as finanças das actividades da União Européia).
Os embates políticos travados, visam não apenas os interesses
nacionais de cada País, como também os interesses privados, de diversos
segmentos económicos e sociais existentes na sociedade européia.
Na defesa de um determinado interesse, quase sempre há por trás um
Grupo de Pressão. Este, entendemos como, um grupo de pessoas ou
organização que tem como actividade buscar influenciar, aberta ou
secretamente, decisões do poder público, especialmente do poder legislativo,
em favor de determinados interesses privados. As pressões e manipulações
exercidas por lobbies também são observadas em outras instâncias do poder
público (executivo e judicial), e também sobre os meios de comunicação.
O estudo dos Grupos de Pressão contribui grandemente para a
compreensão de qualquer sistema político e o seu processo de decisão.
O papel dos Grupos de Pressão é considerado por muitos como uma
via de reforço do “papel da sociedade civil” e do combate do “excessivo papel
do Estado”. Complementa e democratiza o exercício das funções públicas
num processo de articulação da democracia representativa. Em suma, são os
responsáveis políticos que aconselham o “pensar europeu” em Bruxelas.
Dentre outras funções, exercem a capacidade de marcar ou
transformar a agenda política a nível europeu. Também, além da pressão
(influência) que exerce nos diversos órgãos comunitários, possuem o papel
de informar os seus membros ou aderentes na perspectiva nacional, regional
ou local.
Existem Grupos de Pressão aos mais diferentes níveis. Podemos
agrupar em dois grandes blocos os diversos grupos existentes. O primeiro
grupo compreende o agrupamento dos Grupos de Pressão Nacionais,
Regionais e Locais. O segundo grupo, compreende os Grupos de Pressão
Internacionais ou que tem dimensão comunitária.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 8


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

Contudo, a organização dos «Lobbies» dos grupos de pressão


encontra-se organizada dentro da União Europeia para facilitar a
determinação do próprio Poder.
Por exemplo, existem múltiplos casos em que a pressão é exercida
simultaneamente sobre órgãos estaduais e órgãos comunitários, tendo em
conta os vários intervenientes no processo de decisão política.
O lobbying “de cara aberta” mobiliza cerca de três mil pessoas em
Bruxelas, segundo Jean de La Guérivière.
Acresce ainda que a complexidade da vida internacional constitui um
novo aparecimento de diálogos entre Blocos (Ex. União Europeia – NAFTA,
União Europeia – Mercosul).
Assim, podemos dizer que o conceito de Poder não reside apenas
dentro de cada Estado, mas como também, dentro dos Sistemas Políticos
que dialogam entre si, bem como, o Poder face ao Cidadão, através dos
grupos ou instituições que os representa.

9. DIGA EM QUE MEDIDA A CIDADANIA EUROPÉIA REFORÇA A CIDADANIA DE


UM ESTADO MEMBRO
Resposta:

Foi de um discurso do dramaturgo Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais,


em outubro de 1774, que surgiu o sentido moderno da palavra cidadão -- que
ganharia maior ressonância nos primeiros meses da revolução francesa, com a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Em sentido etimológico, cidadania refere-se à condição dos que residem na


cidade. Ao mesmo tempo, diz da condição de um indivíduo como membro de um
estado, como portador de direitos e obrigações.

Na Europa, até o início dos tempos modernos, o reconhecimento de direitos


civis e sua consagração em documentos escritos (constituições) eram limitados aos
burgos ou cidades. O termo cidadão tornou-se sinônimo de homem livre, portador
de direitos e obrigações a título individual, assegurados em lei. Por estes e outros
motivos, fala-se hoje numa “Europa dos Cidadãos”.

Esta europa dos cidadãos tem uma vasta dimensão, ou seja, a União
Européia está em curso, para os cidadãos e com os cidadãos. Isto implica a idéia de
aproximação entre instituições Europeias e o cidadão, bem como, uma participação
mais forte destes nas questões da União. Por outro lado, nota-se claramente que a
Cidadania da União Europeia completa a cidadania nacional, embora não a
substitua.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 9


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

Como por exemplo, qualquer cidadão tem o direito de petição perante o


Parlamento Europeu. Poderá dirigir-se ao Provedor de Justiça Europeu, escrever
uma carta em língua portuguesa, e desta, obter resposta em português.

Acresce, que para um Estado aderir à União, terá que respeitar os princípios
inerentes à liberdade de circulação de pessoas, capitais, mercadorias e serviços,
bem como, deverá ainda respeitar e promover a diversidade de culturas. Isto é, o
Estado deverá pautar pelos princípios fundamentais da U.E. Portanto, conclui-se
que a cidadania européia reforça significativamente a cidadania nacional.

10. O PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE CONSTITUI OU NÃO O APELO


DESCENTRALIZAÇÃO DO PODER.
Resposta:
Sim, constitui uma espécie de descentralização, pois tem com
princípio básico a idéia de que “as decisões sejam adoptadas, sempre que
possível ao nível que esteja mais próximo do Cidadão”.Ou seja, este princípio
é descentralizador, pois confere a preferência ao Estado Membro no
exercícios das atribuições concorrentes, isto é, a intervenção do Estado é por
regra e a intervenção da Comunidade é tida por excepção.

11. DO PONTO DE VISTA DE STAINER, OS LAÇOS DE PERTENÇA E O SEU PRÓPRIO


CONCEITO CONSTITUI UMA PESQUISA FUNDAMENTAL A COMPREENSÃO DA
UE.

Resposta:

A União Europeia constitui um modelo inovador, também porque nele cabe o


conceito de Estado-Nação. Este conceito, no contexto da União Européia, nos leva o
entendimento de que podemos assim falar de uma pluralidade de cidadanias e
também uma pluralidade de territórios (que as cidadanias representam). Esta
pluralidade de cidadanias leva a uma pluralidade de povos. Por conseguinte, surge
um novo conceito: Laços de Pertença.

Segundo o professor Adriano Moreira, entendemos que entende que os


Laços de Pertença envolvem a Comunidade, os Laços de Sangue, os Laços de Lugar
(local), os Laços de Família (não é consanguinidade), os Laços de Religião, os Laços
de Cultura, os Laços de Aldeia e os Laços de Cidade.

Apercebe-se através das Transnacionalizações, a amplitude da interação


entre povos através destes processos económicos, tais como: empresas Multi-
Nacionais, da migração da Força de Trabalho a nível internacional e da própria
interação da Cultura nas relações económicas. Entretanto, não se pode

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 10


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

compreender a UE apenas por factores meramente económicos ou políticos, mas


principalmente, do ponto de vista humano e cultural.

Segundo William G. Steiner aprendemos que o próprio mapa da Europa se


consegue fazer atraves dos cafés e dos nomes de ruas, que representam formas de
postura humana diferenciada. O Sistema/Mundo, de Luis Sá, leva ao entendimento
de que Maurice Duverger afirme que a União Europeia é filha do Estado e neta da
Cidade (Polis).

Também Steiner, surge como o grande pensador no debate do projecto


Europeu entendendo que o espírito europeu não é puramente geográfico, mas sim
extra-territorial. Steiner entende que o próprio regresso dos emigrantes à terra
natal são um bom exemplo de que as pessoas não perdem os laços culturais com os
seus países.

Portanto, a compreensão da U.E tende a ir inicialmente para a compreensão


Económica/Política, mas uma das perspectivas primordiais a se ter, é a concepção
humana e cultural. Ou seja, porventura um dia, um Povo Comunitário venha a
constituir-se como Nação, tendo em conta que partilham os mesmos Laços de
Pertença entre Povos diferentes.

12. EXPLIQUE AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA TRANSNACIONALIZAÇÃO DOS


PROCESSOS ECONÓMICOS, NÃO DESCONSIDERANDO A
TRANSTERRITORIALIDADE DA FORÇA DE TRABALHO (EMIGRAÇÃO)

Resposta:

O crescimento populacional e as migrações são os grandes responsáveis


para o crescimento das cidades. Com as pessoas se mudando para as cidades houve
um crescimento também de mão de obra para as indústrias que passaram a
produzir mais e a procurar novos mercados. Com esta busca por novos mercados
foi que iniciou a transnacionalização das empresas.

O crescimento econômico trouxe também a formação de blocos para


controle do comércio das regiões construindo assim um mercado sem barreiras.

Entendemos hoje por TRANSNACIONALIZAÇÃO, como um processo que se


forma mediante a internacionalização da economia e da cultura, mas que dá alguns
passos além, a partir da primeira metade do século XX, ao gerar organismos,
empresas e movimentos cuja sede não se encontra exclusivamente e nem
predominantemente numa nação.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 11


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

Algumas empresas hoje estão presentes em vários países e com as suas


interconexões levam consigo a marca das nações que a originaram. Por exemplo
disso estão os filmes de Hollywood que transmitem ao mundo a visão americana,
bem como, as novelas mexicanas e brasileiras, que emocionam outros países em
que são transmitidas.

Assim, a idéia de transnacionalização também está intimamente relacionada


com a globalização cultural, ou seja, quando se torna possível observar, sem
dificuldades, certa homogeneidade no estilo de vida e ou nas tendências no
consumo de massa. Um bom exemplo disso é a existência de pessoas que se
vestem mais ou menos do mesmo jeito em diversas partes do planeta.

A transnacionalização dos mercados, em pouco mais de uma década,


transformou radicalmente as estruturas de dominação política e de apropriação de
recursos, subverteu as noções de tempo e espaço, derrubou fronteiras políticas e
jurídicas, multiplicou, de modo excepcional, o fluxo de idéias, conhecimento, bens,
serviços e valores culturais. Por tanto, a discussão de conceitos de
transnacionalização, os aspectos a serem pensados são os mais diversos. A
coexistência do global e do regional traz uma nova ordem ou desordem no mundo
todo, uma multiplicidade de sentidos; instala-se uma interculturalidade difícil de
analisar até mesmo pelos cientistas sociais.

No contexto da União Européia, observa-se as experiências de colaboração


mútua e de partilha, são verdadeiras experiências transnacionais (a nível nacional,
regional ou organizacional) constituindo um meio eficaz de aceder a novas ideias,
abordagens inovadoras e novas competências. Por exemplo, temos algumas
espécies de transnacionalização, senão vejamos:

Ø Transnacionalização da cultura: programa erasmus;


Ø Transnacionalização do trabalho: Também a transnacionalização da força do
trabalho e vai determinar uma sede de poder. Se for trabalhar para o
estrangeiro, fazemos descontos nesse país, mas elegemos o poder do nosso
país de origem.
Ø Transnacionalização científica;
Ø Transnacionalização empresarial: multinacionais (quando uma multinacional
quer implementar-se num país, este país favorece-a baixando os impostos ou
o preço dos terrenos); e,
Ø Outros tipos.

A respeito da transterritorialidade da Força de Trabalho, temos um bom


exemplo que é a fabricação de produtos de prestigiosas marcas européias ou
americanas na China, Malásia, Tailândia etc. Bem como, a formação de cadeias de

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 12


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

televisão mundiais revelam-se como aspectos de uma mesma tendência mundial - a


globalização.

Portanto, por TRANSTERRITORIALIDADE entende-se como uma ordem de


seqüências econômicas produzidas na dinâmica global. A fragmentação da
territorialidade total em lugares logísticos às estratégias de produção
multidimensiona a ação e o poder em escala mundial. Os lugares de produção global
interligam-se em redes físicas e informáticas, independente dos territórios nacionais
onde se situam. Os governos nacionais, dentro da lógica dos investimentos
externos, procuram oferecer facilidades à instalação de lugares-globais e benefícios
fiscais às iniciativas de produção. Nesse sentido, a natureza dos fluxos específicos
de cada unidade de produção, independente da base física, deixa de ser nacional,
assumindo um carácter transterritorial no sistema de complementação de
componentes, montagens, insumos, matéria-prima, mão de obra e tecnologia.

13. REFIRA-SE A INSEGURANÇA PROVOCADO DELIBERADAMENTE PARA QUE


TENHA ÊXITO A EXPRESSÃO DE HOBBES “TEM RAZÃO QUEM VENCE”.

Resposta:

Dizia Hobbes, que o medo deve ser fomentado para levar todos à luta uns
contra os outros, para que eles percebam (Comunidade Civil) que só tem razão
quem vence, para que o Poder Soberano se possa mostrar como o único capaz de
serenar os Povos.

Hobbes entendia que se deve fomentar o medo da morte, o medo pela


insegurança, pois o individuo, tem que ter uma clara ideia de que aceita a vida, mas
com uma vida submetida. As guerras são necessárias não para levar à paz, mas para
se perpetuarem, levando a acreditar que só um Homem com o Poder Absoluto pode
pôr fim a essas guerras, e que o Leviathan possa ser uma promessa que só é
cumprida através de regimes ditatoriais.

O Homem “Deve ser tratado como um Ser solitário, pobre, sórdido e brutal, e
que receie constantemente pela sua vida. Também este Homem não tem que conhecer
as Leis que estejam de fora do Poder cego a que devam obedecer. O Leviathan está
acima da Lei.”

Assim, Hobbes dizia que as guerras hão-de ser também fundamentadas pela
falta de bens indispensáveis ao ser humano. Como é o caso da água e das Poluições

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 13


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

Ambientais, e para que isto aconteça, há que baralhar o raciocínio do Ser Humano
para que ele se envergonhe do seu próprio pensar.

Deve ser transmitido que a Lei é a Palavra de quem tem o Direito de


comandar os outros. O Direito Natural dos Indivíduos deve ser controlado, e há que
incutir-lhes o Dever de atribuir ao Poder, uma verdadeira delegação através do
Pacto de Sujeição.

O Estado é sempre a vontade de todos os indivíduos, só que com a seguinte


particularidade: que é a do Leviathan ser concretizado, ou seja, existir um
verdadeiro pacto de sujeição dos seres humanos em que os governa. O mesmo é
dizer que o Voto significa: “Autorizo essa Pessoa a Mandar e Abandono-lhe o meu
Direito para que ela (Pessoa) pense por mim mesmo”, isto é, o Pacto de Sujeição do
ser humano, deve ser de tal forma forte que todos sejam tratados igualmente,
mesmo que o não sejam.

14. EXPLIQUE AS RAZÕES QUE LEVAM A ABORDAR A TEMÁTICA INERENTE


TENTAÇÃO IMPERIAL NO ÂMBITO DA UNIÃO EUROPÉIA

Resposta:

O termo imperialismo popularizou-se como sinônimo de política externa


americana, pelo uso que dele fizeram os partidos nacionalistas e os teóricos de
esquerda do mundo inteiro. Especialmente depois da segunda guerra mundial, o
antiimperialismo foi reivindicado como ponto programático de todas as
organizações políticas progressistas dos países dependentes. Entretanto, temos
exemplos históricos do Império Romano até o considerado antigo Império
Soviético.

Por IMPERIALISMO entendemos como a política de dominação econômica de


uma nação sobre outras, acompanhada ou não de ocupação territorial, com maior ou
menor ingerência nos assuntos de estado das nações dominadas e com uso eventual de
força militar para garantir a hegemonia. Usado a partir do final do século XIX, o
termo imperialismo define, na actualidade, as relações econômicas dos países
desenvolvidos com os países pobres e se confunde com "dependência" e
"neocolonialismo".

As duas grandes correntes do pensamento econômico contemporâneo, o


liberalismo e o marxismo, abordam o fenômeno do imperialismo. Para a primeira,
ele é uma opção das grandes potências industriais, que poderiam seguir outro
caminho de desenvolvimento econômico. Para o pensamento marxista, o

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 14


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

imperialismo é a etapa superior e inevitável do capitalismo, condição de


sobrevivência do sistema.

O primeiro estudo sistemático do imperialismo surgiu em 1902 com


Imperialism, do autor inglês John Hobson, para quem o fenômeno se devia à
acumulação de capital excedente que devia ser exportado. Seriam motivações
importantes do expansionismo a busca de novas fontes de matérias-primas e de
mercados. A originalidade da obra de Hobson consiste em atribuir ao imperialismo
raízes econômicas, o que forneceu as bases para a interpretação marxista.

Para o economista Joseph Schumpeter, que em sua obra mais conhecida,


Capitalism, Socialism and Democracy (1942), conclui que o capitalismo acabará por
esgotar-se e dar lugar a alguma forma de controle centralizado da economia, a
política imperialista não tem relação com a natureza do capitalismo, que é pacifista
em essência. O expansionismo se deve a um impulso atávico de luta, remanescente
em estruturas e camadas sociais pré-capitalistas, que dependem para sua
sobrevivência de guerras e conquistas.

A Tentação Imperial na U.E, pode ser em duas perspectivas, interna e


externa.

Na perspectiva interna, compreenderia a preocupação de que determinados


Estados Membros possam dominar os demais, o que é uma preocupação não
declarada pela maioria dos seus integrantes.

Para que isto não ocorra, a Europa deve preocupar-se em obter o máximo de
denominador comum, mesmo que possa existir Estados “Directores Locomotiva”
(Alemanha e França) e “Estados Secundários”, desde que não se viole o próprio
conceito de Liberdade e de desenvolvimento dentro da U.E. É a conjugação da
chamada “geometria variável” adequada à pluralidade de pertenças.

Na perspectiva externa (no sentido de como é internamente e de como se


exterioriza), segundo Michel Pinton, a preocupação é com o modelo de uma Europa
Federal. Ele diz que a “Europa Federal” constitui um projeto de império, e
complementa que mesmo não possuindo o carácter original, por se tratar de um
império formado não pela violência das armas, mas pela “tirania do dinheiro. Ele
não teria risco de esmagar a liberdade de escolha das pessoas pela força, mas
abafaria pela pressão financeira”.

Portanto, a U.E. não descuida dos termos: Sociedade, Comunidade, Povo,


Nação e Território. Tendo em conta sempre as chamadas tentações imperiais, face
ao passado de muitos países membros da U.E.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 15


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

15. HÁ QUE AFIRME QUE SURGIU O NOVO MODELO DE ESTADO QUE SE CHAMARIA DE
“ESTADO NOVO DE URGENCIA SOCIAL” OU “SOCIEDADE DE VIGILÂNCIA TOTAL”

Resposta:

16. COMENTE ALGUMAS RAZÕES QUE NOS LEVA A AFIRMAR QUE O PROCESSO
DE INTEGRAÇÃO COMUNITÁRIO SEMPRE TEVE A NATUREZA POLÍTICA.

Resposta:

Alguns aspectos devemos citar como importantes para caracterização política da


integração comunitária, senão vejamos:

1. A Europa é o berço da civilização.


2. A vocação histórica da Europa, desde o Grande Império Romano, pela
integração de diversos povos num comando unificado.
3. A reforma Protestante como marco de uma reorganização política européia.
4. A era dos descobrimentos – o início de uma mudança mundial.
5. As revoluções políticas.
6. Diversos estudiosos europeus, ao longo de séculos, defendiam a idéia de um
governo político único.
7. Revolução Industrial.
8. A formação das Nações.
9. A influência européia na 1ª e 2ª Grandes Guerras Mundiais.
10. A necessidade da reconstrução européia, no pós-guerra.
11. A Guerra Fria.
12. Após o pós-guerra, COM A INTENÇÃO DA APROXIMAÇÃO DOS DOIS PAÍSES
(ALEMANHA E FRANÇA), surgiu a então Comunidade Européia do Carvão e
do Aço (CECA) por um tratado assinado em Paris em 18 de abril de 1951 e
passou a vigorar em 25 de julho de 1952, com o objetivo de centralizar a
produção de carvão e aço dos seis membros signatários: Alemanha, Bélgica,
França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos.
13. A criação da Comunidade Económica Européia (CEE) e a Comunidade
Européia da Energia Atômica (Euratom) foram criadas por dois tratados
assinados em Roma em 25 de março de 1957 e entraram em vigor em 1º de
janeiro de 1958. O primeiro desses tratados pretendia criar um mercado
comum e aproximar progressivamente as políticas econômicas dos
membros, a fim de promover um desenvolvimento harmônico de toda a
Comunidade, sua expansão equilibrada e contínua, estabilidade crescente,
elevação do padrão de vida da população e relações mais estreitas entre os

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 16


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

membros. O segundo tratado visava a promover o desenvolvimento da


indústria nuclear.
14. Em 1967, as três organizações se fundiram para formar a Comunidade
Européia (CE).
15. Em janeiro de 1973, aderiram aos acordos já vigentes a Dinamarca, a
República da Irlanda e o Reino Unido.
16. O sucesso das políticas de liberação de mercado promovidas pela CE abriu
caminho para uma maior integração. A Grécia aderiu em janeiro de 1981 e
Portugal e Espanha tornaram-se membros em 1º de janeiro de 1986.
17. Em 1985, o Acordo Schengen já havia uma área sem fronteiras e sem
controle de passaporte entre os estados que o assinaram.
18. Em 1992, o Tratado de Maastricht foi assinado pelos então membros da
União Européia. Isso transformou o "Projeto Europeu" de ser uma
comunidade económica com certos aspectos políticos, numa união com uma
intensa cooperação e prosperidade baseada em uma união de soberanias
nacionais.
19. Em 1º de janeiro de 1995 juntaram-se a eles Áustria, Finlândia e Suécia.
20. Uma moeda comum para a maioria dos estados membros da U.E., o euro, foi
estabelecida eletronicamente em 1999, oficialmente partilhando todas as
moedas de cada participante com os outros. A nova moeda foi posta em
circulação em 2002 e as velhas foram retiradas dos mercados. Apenas três
países dos quinze Estados-membros decidiram não aderir ao euro (Reino
Unido, Dinamarca e Suécia).
21. Em 2004, a UE deu ordem à sua maior expansão, admitindo 10 novos
membros (oito dos quais antigos estados comunistas). Outros dois
ingressaram no grupo em 2007, num total de 27 nações.
22. Um tratado estabelecendo uma Constituição para a U.E. foi assinado em
Roma em 2004, com a intenção de substituir todos os antigos tratados com
apenas um só documento.
23. O Tratado de Lisboa, entra em vigor em 01/12/2009.

Todos estes acontecimentos, certamente tiveram as suas conotações


políticas, pois tiveram na sua origem, o choque de interesses entre indivíduos e
grupos na sociedade.

Como prova disto, a instituição da U.E teve inúmeras vozes que gritavam
pela sua não instituição, enfrentando a oposição de amplos setores da população.
Na Dinamarca, por exemplo, o Tratado de Maastricht só foi referendado num
segundo plebiscito. Os chamados "eurocéticos", entre os quais se destacou a ala
mais direitista do Partido Conservador britânico, viam a União Européia como
mecanismo capaz de se sobrepor às tradições de cada país, eliminar dispositivos
protetores das indústrias nacionais, obrigar a uma unificação monetária prejudicial
ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 17
DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

para as moedas mais fortes e permitir o acesso de contingentes de desempregados


provenientes dos países menos desenvolvidos da Comunidade aos empregos
oferecidos pelos países econômica e socialmente mais estáveis.

Portanto, ao longo de todos esses anos de construção da unificação


européia, viu-se a relação de poder em três esferas básicas: (1) a luta pelo poder; (2)
o conjunto de instituições por meio das quais esse poder se exerce; (3) e a reflexão
teórica sobre a origem, estrutura e razão de ser do poder.

17. EXPLIQUE A IMPORTANCIA DOS OBJETIVOS DA CARTA DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS DA UNIÃO EUROPÉIA
Resposta:

A aprovação da Carta dos Direitos Fundamentais é também um exemplo da


clara afirmação da Europa perante fundamentalismos. Uma nova cláusula 'social'
assegura que, na definição e execução das suas políticas, a União tome em conta
requisitos como a promoção de um nível elevado de emprego, uma protecção social
adequada, a luta contra a exclusão social e um nível elevado de educação, formação
e protecção da saúde humana.

Pela primeira vez, todos os direitos que se encontravam dispersos por


diversos instrumentos legislativos, como legislação nacional e convenções
internacionais do Conselho da Europa, das Nações Unidas e da Organização
Internacional do Trabalho, foram reunidos num único documento. Conferindo
visibilidade e clareza aos direitos fundamentais, a Carta contribui para desenvolver o
conceito de cidadania da União, bem como para criar um espaço de liberdade, de
segurança e de justiça. A Carta reforça a segurança jurídica no que diz respeito à
protecção dos direitos fundamentais, protecção essa que até à data era apenas
garantida pela jurisprudência do Tribunal de Justiça e pelo artigo 6º do Tratado da
UE.

A Carta compreende um preâmbulo de introdução e 54 artigos repartidos em


7 capítulos:

• Capítulo I: Dignidade (dignidade do ser humano, direito


à vida, direito à integridade do ser humano, proibição da
tortura e dos tratos ou penas desumanos ou
degradantes, proibição da escravidão e do trabalho
forçado);

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 18


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

• Capítulo II: Liberdades (direito à liberdade e à


segurança, respeito pela vida privada e familiar,
protecção de dados pessoais, direito de contrair
casamento e de constituir família, liberdade de
pensamento, de consciência e de religião, liberdade de
expressão e de informação, liberdade de reunião e de
associação, liberdade das artes e das ciências, direito à
educação, liberdade profissional e direito de trabalhar,
liberdade de empresa, direito de propriedade, direito de
asilo, protecção em caso de afastamento, expulsão ou
extradição);
• Capítulo III: Igualdade (igualdade perante a lei, não
discriminação, diversidade cultural, religiosa e
linguística, igualdade entre homens e mulheres, direitos
das crianças, direitos das pessoas idosas, integração das
pessoas com deficiência);
• Capítulo IV: Solidariedade (direito à informação e à
consulta dos trabalhadores na empresa, direito de
negociação e de acção colectiva, direito de acesso aos
serviços de emprego, protecção em caso de
despedimento sem justa causa, condições de trabalho
justas e equitativas, proibição do trabalho infantil e
protecção dos jovens no trabalho, vida familiar e vida
profissional, segurança social e assistência social,
protecção da súde, acesso a serviços de interesse
económico geral, protecção do ambiente, defesa dos
consumidores);
• Capítulo V: Cidadania (direito de eleger e de ser eleito
nas eleições para o Parlamento Europeu, direito de
eleger e de ser eleito nas eleições municipais, direito a
uma boa administração, direito de acesso aos
documentos, provedor de justiça, direito de petição,
liberdade de circulação e de permanência, protecção
diplomática e consular);
• Capítulo VI: Justiça (direito à acção e a um tribunal
imparcial, presunção de inocência e direitos de defesa,
princípios da legalidade e da proporcionalidade dos

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 19


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

delitos e das penas, direito a não ser julgado ou punido


penalmente mais do que uma vez pelo mesmo delito);
• Capítulo VII: Disposições gerais.

De modo geral, os direitos enunciados são reconhecidos a qualquer pessoa.


No entanto, a Carta faz igualmente referência a categorias de pessoas com
necessidades específicas (crianças, pessoas idosas, pessoas com deficiência). Além
disso, o capítulo V considera a situação específica do cidadão europeu e faz alusão a
determinados direitos já referidos nos Tratados (liberdade de circulação e de
permanência, direito de voto, direito de petição), introduzindo simultaneamente o
direito a uma boa administração.

À luz da evolução da sociedade e para além dos direitos clássicos (direito à


vida, à liberdade de expressão, direito a um recurso efectivo, etc.), a Carta enuncia
direitos que não constavam da Convenção do Conselho da Europa de 1950
(protecção de dados, bioética, etc.). Em conformidade com certas legislações
nacionais, reconhece outras vias para além do casamento para fundar uma família e
deixa de referir-se ao casamento entre homem e mulher para fazer alusão
simplesmente ao casamento.

18. “NÃO HÁ QUE SUBESTIMAR OS EFEITOS A LONGO PRAZO DO FATO DE


EXISTIR UM CONTRATO DE PODER QUE REFORCE A SUA LEGITIMAÇÃO NUMA
REAL UNIÃO DE POVOS, E NÃO JÁ NUMA MERA UNIÃO DE ESTADOS, NA
VERDADE O APARECIMENTO DE UMA ENTIDADE EUROPÉIA E COMPATÍVEL E
COEXISTE COM A MANUTENÇÃO DAS LEALDADES NACIONAIS”.
a. EM QUE SITUAÇÃO A UNIÃO DE POVOS LEVA AOS LAÇOS DE
PERTENÇA NA UE?
Resposta:

A união dos povos dentro da Europa é uma realidade inquestionável. A


Europa dos Cidadãos é cosmopolita, revelando a sua multiplicidade de sentidos;
instalada pela sua interculturalidade.

Sob o efeito da Globalização, esta coexistência do global e do regional, traz


uma nova ordem no mundo, derrubando as fronteiras políticas e jurídicas. Com esta
realidade, multiplicou de modo excepcional, o fluxo de idéias, conhecimentos, bens,
serviços e valores culturais, principalmente.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 20


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

Com esta globalização cultural, se torna possível observar, certa


homogeneidade no estilo de vida, revelando assim uma padronização dos costumes
sociais.

Portanto, esta idéia de uma só Europa, de identidade européia, pressupõe os


“Laços de Pertença” (laços de aldeia global, família, lugar, cultura, etc), próprios de
uma comunidade e que conjugam um conjunto de pessoas que se perspectivam em
dimensões culturais, politicas e económicas.

b. DISTINGUA IDENTIDADE EUROPÉIA DE CIDADANIA EUROPÉIA.


Resposta:
Antes de tratarmos dos dois conceitos é preciso saber o que
eles significam, vejamos:
Identidade- O aspecto coletivo de um conjunto de
características pelas quais algo é definitivamente reconhecível, ou
conhecido.
Cidadania - Qualidade ou estado de cidadão (Indivíduo no gozo
dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus
deveres para com este).

Bem, o conceito de identidade europeia é, cada vez menos


problemático. A maior parte dos habitantes do nosso continente
sente-se, com maior ou menor agrado, “europeu”, ainda que a
maioria dos cidadãos sinta de maneira mais clara e forte, a sua ligação
a França, Espanha, Alemanha ou Portugal, ou também a Catalunha,
Escócia, Bretanha, ou Flandres.
É certo que todas essas identidades são dificilmente separáveis
e que regularmente se misturem com outros sentimentos pertinentes
(género, grupo étnico ou racial, ideológico, político, afinidades
culturais…).
A unificação europeia requer a construção de uma identidade
europeia mas esta existe. Não há uma homogeneidade linguística
nem cultural. Não se pode construir sobre elementos como o
cristianismo, nem a democracia, nem a identidade económica, nem, e
muito menos, sobre uma identidade étnica.
São muitos os estudiosos que ultimamente têm tratado de
dissecar o que significa isso de ser europeu. Samuel Huntington,
célebre teórico norte-americano afirma que Europa termina onde
inicia a Cristandade oriental ortodoxa e o Islão. Grécia, membro da
UE, não é então um país europeu? Os muçulmanos que vivem há

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 21


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

décadas em qualquer bairro de Londres, Paris, Düsseldorf, não são


europeus?
Noutra perspectiva, o francês Henry Mondrasse afirmou que
existe uma identidade cultural comun que poderia servir de base para
um a identidade política. Esta identidade estaria baseada numa ideia
individualista, a ideia de nação desenvolvida nos últimos séculos, uma
certa forma de combinar ciência e tecnologia no desenvolvimento
capitalista, e uma certa ideia de democracia representativa e
parlamentar. Partindo desta definição poderiam ser europeus, um
habitante dos E.U.A. ou da Austrália? E um russo ou um búlgaro?
O que é evidente é que a identidade europeia não poderá
surgir de uma uniformização cultural impossível, nem deverá
construir-se contra o “outro”.
Uma das propostas mais sugestivas foi popularizada pelo
pensador alemão Jurgen Habermas. Numa democracia liberal, os
cidadãos devem ser leais e sentir-se identificados não com uma
identidade cultural comum, mas sim com princípios constitucionais
que garantam plenamente os seus direitos e liberdades. Esta
proposta é especialmente sugestiva, engloba o melhor da tradição
liberal e tolerante da Europa, combate o nacionalismo étnico, o
grande inimigo da paz e liberdade na Europa que penetra no século
XXI.
Já em relação a cidadania européia, tal como está reconhecida
hoje nos Tratados é uma realidade ainda insípida. Mas o que temos é
o início de um processo evolutivo que chegará a uma outra realidade
de acordo com o próprio destino do processo de integração europeia.
Para que a cidadania europeia se desenvolva plenamente e tenha um
significado real para os europeus é necessário que vá surgindo, com
perfis cada vez mais definidos, uma consciência de identidade
europeia. Neste trabalho, o papel dos sistemas educativos será
essencial. Tal como a extensão da escolaridade foi um ponto chave
para a consolidação da identidade nacional, no lento aparecimento de
uma identidade europeia, de um sentido de pertinência, terá muito a
ver com o trabalho das escolas, institutos e universidades.
Em relação o que está disposto nos tratados, temos o
seguinte:
A cidadania europeia foi instituída pelo Tratado da União
Europeia (TUE), assinado em Maastricht em 1992.
A cidadania da União está subordinada à nacionalidade de um
dos Estados-Membros. Assim, é cidadão da União qualquer pessoa
que tenha a nacionalidade de um Estado-Membro. Para além dos

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 22


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

direitos e dos deveres previstos pelo Tratado que institui a


Comunidade Europeia (TCE), a cidadania da União reconhece quatro
direitos específicos:

Ø A liberdade de circulação e de permanência em todo o território da União.


Ø O direito de eleger e de ser eleito nas eleições municipais e nas eleições para
o Parlamento Europeu no Estado-Membro de residência.
Ø A protecção por parte das autoridades diplomáticas e consulares de
qualquer Estado-Membro se o Estado de que a pessoa é nacional não se
encontrar representado num país terceiro (artigo 20.º TCE).
Ø O direito de petição e de recurso ao Provedor de Justiça Europeu.

Desde a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão (1999), o


estatuto de «cidadão europeu» confere igualmente os direitos
seguintes:

Ø O direito de se dirigir às instituições europeias numa das línguas oficiais e


obter uma resposta redigida na mesma língua.
Ø O direito de acesso aos documentos do Parlamento Europeu, do Conselho e
da Comissão, sob reserva da fixação de certas condições (artigo 255.º TCE).
Ø O direito de não discriminação entre cidadãos da União em razão da
nacionalidade (artigo 12.º TCE) e o da não discriminação em razão do sexo, da
raça, da religião, de uma deficiência, da idade ou da orientação sexual.
Ø O direito de igualdade de acesso à função pública comunitária.

A instauração do conceito de cidadania da União é


complementar da cidadania nacional e não a substitui. Esta
complementaridade torna mais tangível o sentimento de
identificação do cidadão com a União.

19. DIGA O QUE ENTENDE POR PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE.


Resposta:
O princípio de subsidiariedade é definido no artigo 5.º do Tratado que
institui a Comunidade Europeia.
SUBSIDIARIEDADE é o princípio jurídico estabelecido na norma que
regula o exercício das atribuições concorrentes entre os Estados-Membros e
a Comunidade. Este princípio é descentralizador, conferindo a preferência ao
Estado no exercícios das atribuições concorrentes, isto é, a intervenção do
Estado é por regra e a intervenção da Comunidade é tida por excepção,
excepto quando se trate de domínios da sua competência exclusiva.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 23


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

É considerado como o desejo de que os problemas sejam resolvidos


mais perto do sítio onde os mesmos estão localizados, em outras palavras,
impõe maior aproximação possível do poder de decisão em relação aos
cidadãos, mediante a verificação constante de que a acção a empreender a
nível comunitário se justifica relativamente às possibilidades oferecidas pelo
nível nacional, regional ou local.
Este princípio está intimamente relacionado com os princípios da
proporcionalidade e da necessidade, que supõem que a acção da União não
deve exceder aquilo que seja necessário para alcançar os objectivos do
Tratado.
O Conselho Europeu de Edimburgo, em Dezembro de 1992, aprovou
uma declaração relativa ao princípio de subsidiariedade, que fixa as regras de
aplicação. A abordagem decorrente desta declaração é retomada num
protocolo do Tratado de Amesterdão sobre a aplicação dos princípios de
subsidiariedade e de proporcionalidade, anexado ao Tratado que institui a
Comunidade Europeia. Esse protocolo introduz, entre outros aspectos, a
análise sistemática do impacto das propostas legislativas no princípio de
subsidiariedade e a utilização, na medida do possível, das disposições
comunitárias menos vinculativas.
O Principio da Subsidiariedade levou ao aprofundamento do conceito
de nação, de laços de pertença e ao reforço do comité das regiões. O que
levou parte da doutrina a defender a preferência da directiva em relação ao
regulamento comunitário. A Directiva dá mais meios de adaptação do que o
regulamento.

20. ESTAMOS CONFRONTADOS COM A NATUREZA ATÍPICA DA UNIÃO EUROPÉIA,


QUANDO CONFRONTADOS COM AS REALIDADES TRADICIONALMENTE
EXISTENTES.
Resposta:
Em relação à natureza da União Europeia, há quem entenda que
estamos confrontados com o caracter atípico da U.E. e há quem julgue que
se trata de uma federação, de uma confederação, ou de uma organização
internacional, e há também quem defenda a «tese do condominio».
Jacques Delors defendia que se tratava de um objecto politico não
idêntificado.
Para quem defende tratar-se de uma organização internacional dá
como fundamento: as organizações (ONU) para serem criadas com base em
tratados internacionais. Segundo fundamento: Terem objectivos específicos;
Terceiro Fundamento: Cooperarem os Estados entre si. Por último: Serem

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 24


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

titulares de Direitos e Deveres distintos daqueles que cabem aos Estados-


Membros.
Mas há que dizer que o conceito de Segurança das Nações Unidas
tem emitido resoluções que mais se parecem a obrigações morais que levam
à Insegurança Júridica do que verdadeiras normas (pelo Artº 8ª da
Constituição da Répública Portuguesa as Normas de Direito Internacional
têm uma recepção Automática. Assim podemos dizer que a ONU tem um
carácter universal por oposição ao carácter regional da União Europeia, por
outro lado, a U.E tem o Poder de vincular os Estados-Membros com as suas
normas. Também a U.E. cria direitos e deveres para os cidadãos e empresas,
havendo mesmo quem defenda que juridicamente devíamos tratar a União
Europeia apenas com base no Direito Internacional Público.
O próprio acórdão «VAM GEND EN LOOS» (proferido pelo Tribunal de
Justiça das Comunidades Europeias), justifica a tese de a União Europeia não
poder ser tratada como uma organização internacional. Acresce que a idéia
de uma Cidadania Europeia também torna impossível que se diga que a U.E é
uma organização.Também a existência de um Banco Central Europeu, a
existência de uma moeda única mais afasta a União Europeia de uma
organização. Para já não se falar nas Familias Políticas Europeias.
A tomada de posição do Professor Marcello Caetano é que se trata de
uma confederação quando nos referimos ao fenómeno que hoje é
conhecido por União Europeia. As Confederações caracterizam-se por ser
uma das formas de Associação de Estados que não dão origem a um novo
Estado; E também têm a eliminação de Barreiras Aduaneiras entre si. O
estatuto da Confederação resulta de um Tratado, a regra é da Unanimidade,
a Confederação que precedeu os E.U.A mostra-nos que a evolução da
Confederação é para Federação. Acresce que na União Europeia o princípio é
o da cooperação e não o da desintegração dos Estados. Também há quem
defenda a Teoria Funcionalista para a União Europeia, e o mesmo a dizer que
ela seria uma realidade eminentemente administrativa, há também quem
defenda que a União Europeia é uma Organização Supra-Nacional ou Supra-
Estaduial. No entanto, é certo que as Normas de Direito Comunitário
prevalecem sobre as Normas Estaduais e podem ser directamente aplicadas,
o que quer dizer que não estamos perante uma relação herarquia
administrativa (a delegação de poderes que tivemos a dar).
De notar que a União Europeia é uma Associação no sentido de
exercer essencialmente Poderes que os Estados lhe atribuem.
A União Européia, há quem diga que se trata de uma Federação
porque também se inclui uma Constituição Europeia. Acresce que a União
Européia depende das competências que lhe são atribuidas pelos Estados-
Membros e não as pode alargar por sua iniciativa e contra a vontade dos

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 25


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

Estados, por exemplo: os E.U.A têm Pena Capital em alguns dos seus
Estados, também é de notar que ninguém se lembraria de impôr a um
estado-Membro que devesse praticar actos que não está no seu
comportamento com fundamento Axiológico.
Também o Estado Federal absorve a soberania dos Estados
Federados, sendo que a Politica Externa dos E.U.A (para exemplo), é
conduzida pelo seu Presidente. Por exemplo, caso venha ser declarado uma
guerra a outro Estado exterior, todos os Estados internos dos E.U.A têm o
dever de acompanhar a vontade do Presidente do Estado-Federal. Diga-se
ainda que o primado do Direito Federal implica que a violação das Normas
Federais dão origem à nulidade, enquanto que na União Europeia, dão
origem à ineficácia.
Também se levanta doutrina que afirma que a União Europeia é uma
organização supranacional ou supra estadual. O carácter Supra-nacional
implica que nem é um estado e nem uma organização internacional.
Seria,pois, mais correcto falar em supra-estadualidade. Também não se
conhece uma organização supranacional que tenha, como a UE, um Banco
Central Europeu, uma moeda única ou o chamado grupo de famílias politicas,
onde se inserem os partidos políticos dos vários Estados-membros. De onde,
apesar de não existir o poder constituinte soberano, dentro da UE, isso não
aproxima todo o sistema jurídico da UE a uma mera organização
internacional.
José Adelino Maltez, professor da Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, na obra “Curso de Relações Internacionais”, p. 237,
destaca que as teorias que procuram justificar a soberania absoluta do
Estado "implicam, se levadas até às suas últimas consequências positivistas, à
inevitável negação do direito internacional", posto que este se reduziria a
simples "fórmula jurídica de coordenação, sem qualquer possibilidade de
transcendência.

21. NOÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO DIREITO.


Resposta:

DIREITO é o conjunto de deveres e obrigações que se impõem à conduta de


todas as pessoas no convívio familiar, nas relações de trabalho e nos vínculos
religiosos. A solução dos conflitos, com base no direito e mediação do estado, torna
possível a vida em sociedade. Também é entendido como o o conjunto de normas
obrigatórias que disciplinam as relações humanas e também a ciência que estuda
essas normas.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 26


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

A CIÊNCIA JURÍDICA tem por objeto discernir, dentre as normas que regem a
conduta humana, as que são especificamente jurídicas. Caracterizam-se estas pelo
caráter coercitivo, pela existência de sanção no caso de não observância e pela
autoridade a elas conferida pelo estado, que as consagra.

As NORMAS JURÍDICAS prescrevem ao homem um comportamento externo,


voltado para a coletividade, que consiste em fazer ou não fazer. Nesse primeiro
aspecto, o direito se distingue das normas que imprimem uma conduta interna,
como as fixadas pela moral e pela religião. Quando a moral e a religião condenam
ou prescrevem uma conduta externa, decorre esta de uma inspiração interna, que
primariamente orienta a conduta. A etiqueta, o costume, o uso e a convenção
também obrigam, sob pena de censura social, a uma conduta externa. Não
participam, porém, do direito. Tais normas podem ser violadas livremente, embora
a coletividade ou o grupo reaja com manifestações de reprimenda ou desagrado. A
violação da norma jurídica acarreta conseqüências mais profundas e mais
organizadas. A norma jurídica, se violada, suscita a coação, capaz de constranger ao
cumprimento, com o apelo, em última instância, à força.

Há na constituição e nos códigos diversas prescrições que, embora


determinem uma conduta, não suscitam, no desvio, uma reação. Nem todas as
regras contidas numa lei, sobretudo as que não consagram a responsabilidade de
certas ações, são normas jurídicas. Somente quando a obrigação pode ser
coercitivamente imposta se está em presença de uma norma jurídica autêntica.

Toda norma jurídica se desdobra em preceito e sanção. Tipicamente, o


direito penal consagra esse padrão: há, em cada artigo de lei, a conduta a seguir e a
pena que assegura seu cumprimento. O direito civil, no entanto, limita-se a fixar os
preceitos. A enumeração das sanções cabe ao direito de processo civil. O direito só
se compreende como sistema ou totalidade, que parte da constituição e se espraia
nos regulamentos das autoridades públicas.

As regras vigentes constituem a ORDEM JURÍDICA, composta de normas que


se reúnem, se coligam e se interpenetram num todo harmônico. O ponto comum
entre as prescrições legais é o fato de se vincularem a sanções. As normas têm um
limite no espaço e no tempo, que determina sua vigência para uma comunidade, em
regra fixada territorialmente. O que lhes infunde autoridade é a intervenção do
estado, que as torna obrigatórias.

O estado, no direito moderno, é a única instituição que pode constranger ou


obrigar as pessoas. Ele, e somente ele, pode equipar a norma jurídica com a coação.
Seus poderes, porém, são limitados, disciplinados e espiritualizados pelo direito. O
estado não se circunscreve a um conteúdo de ordem espiritual. Sua existência real

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 27


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

se afirma nos homens, que materializam sua vontade e tomam, em seu nome, as
decisões obrigatórias para os indivíduos.

O esboço da ordem jurídica prende-se à consideração do direito positivo,


desligado da idéia de justiça ou de direito natural. No âmbito dessa diretriz
positivista, levada ao extremo, podem-se identificar muitos abusos e muitas tiranias.
Tudo o que é direito obriga, sem consideração à justiça: tudo o que é direito, por ser
direito, é justo. Há a ponderar, todavia, que a doutrina se amolda à idéia de justiça,
sempre presente no direito positivo, como ideal e como parâmetro. Essa idéia não
leva ao direito natural, para cujos partidários só ele justificaria a validade do direito.

Na norma jurídica, em verdade, não se esgota todo o rico conteúdo do


direito. Em seu conceito se agrega o direito como valor e como fato. A sociologia
jurídica e a história do direito estudam o fato; a política do direito tem por objeto o
valor e a teoria geral do direito se ocupa da norma. A norma jurídica só se
compreende em referência ao valor, que aponta para a justiça, e ao fato, que se
prende às condições sociais e históricas. Embora receba do estado seu caráter
obrigatório, não tem validade só por esse fundamento. Mesmo editada, ela pode,
por falta de consenso, não ser aplicada, carente de eficácia. Se divorciada dos
valores de justiça, confunde-se com a força pura, sem apoio no conceito de validade
universal.

22. DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO


Resposta:
No emprego da palavra direito se encerram duas significações, uma
delas referente ao Direito Objetivo e outra ao Direito Subjetivo. O primeiro,
DIREITO OBJETIVO, é o conjunto de normas obrigatórias, por exemplo, as do
direito civil.
No outro caso, quando se alude à capacidade de uma pessoa para
determinar obrigatoriamente a conduta de outra, com a expressão "ter
direito a ...", trata-se de DIREITO SUBJETIVO.
O direito romano distingue os dois lados do direito. No conceito jus
est norma agendi (o direito é norma de agir) está implícita a face objetiva do
direito. A noção subjetiva se traduz na fórmula jus est facultas agendi (o
direito é a faculdade de agir). A ordem jurídica compõe-se do direito
objetivo, ao reunir prescrições, normas, leis e imperativos jurídicos. O direito
objetivo, ao voltar-se sobre situações concretas, gera direitos subjetivos e
deveres jurídicos que se opõem ou se articulam reciprocamente.
O direito objetivo encerra o preceito e a sanção. Para tornar efetivo
um seu direito subjetivo, no entanto, a pessoa pode invocar os órgãos
públicos. A sanção entra assim em atividade para assegurar um direito
ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 28
DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

subjetivo. Essa construção teórica não assegurava, em seu desdobramento


lógico, o direito subjetivo contra o poder público. O direito subjetivo, até o
século XIX, só se podia efetivar entre particulares. O direito público se
reduzia a um tecido de normas objetivas, nas quais o poder de exigir uma
prestação, entregue ao indivíduo, não seria mais do que um reflexo da regra
geral e abstrata.
Duas etapas levaram à consagração do direito subjetivo contra o
estado. O reconhecimento da submissão do poder público ao direito foi o
primeiro impulso, apoiado à doutrina da pessoa jurídica do estado. O estado
seria uma pessoa jurídica, com as mesmas características da pessoa de
direito privado, desdobrada em fisco e poder, sujeito o primeiro ao controle
jurídico. Um progressivo desenvolvimento da doutrina envolveu os dois
membros artificiais do estado em uma unidade, que não controla nem
produz normas jurídicas, mas se subordina a essas normas. O direito passou
a obrigar não só aos particulares, mas ao próprio estado, limitado em suas
manifestações políticas pela atividade jurídica. O estado converteu-se assim
no estado de direito.
A segunda etapa, decisiva para a fixação do direito subjetivo contra o
estado, deu-se por meio da universalização da democracia, no século XIX. O
indivíduo, graças aos direitos políticos de participar na formação das
decisões e dos órgãos públicos, não se reduzia mais a simples destinatário
das ordens emanadas do poder público, mas tornou-se participante da
atividade do estado e de sua organização. Essa mudança de rumo separou a
"pessoa" do "estado", em expressões autônomas e invioláveis e essa
separação marcou a fase do respeito aos direitos individuais, da liberdade e
da faculdade de exigir do poder público uma conduta conforme ao direito.
OS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O DIREITO SUBJETIVO se
deduzem a partir de seu próprio conceito. É necessário que existam, em
princípio, a presença de um sujeito, de um objeto e da relação que os liga.
Sujeito é o ser a quem a ordem jurídica assegura poder de ação. O sujeito do
direito é a pessoa natural ou jurídica. Todo homem é sujeito de direitos,
inclusive o incapaz, cujo direito é exercido por um representante quando ele
mesmo não pode atuar.
O objeto do direito é um bem de qualquer natureza, coisa corpórea,
ou incorpórea, redutível a dinheiro ou não, sobre o qual recai o poder do
sujeito. O objeto pode expressar-se e adquirir conteúdo na obrigação
imposta a alguém de observar certa conduta ou de se abster de intervir na
atividade do sujeito. A relação de direito é o vínculo que submete o objeto ao
sujeito.
Os direitos subjetivos, como regra geral, situam-se em duas
categorias: os direitos absolutos e os direitos relativos. Na categoria de

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 29


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

direitos absolutos se incluem os direitos reais, ou seja, os direitos sobre as


coisas. Os direitos relativos se fundam numa relação pessoal entre o sujeito e
o indivíduo obrigado. A classificação em apenas duas categorias não se
tornou consenso na doutrina e, como não se chegou a uma unidade de
critérios, prevalece a dispersão empírica, que consagrou as diversas classes
dos direitos subjetivos: públicos e privados; absolutos e relativos;
patrimoniais e não patrimoniais; e principais e acessórios.

23. DIFERENÇA ENTRE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO, INTERNACIONAL E INTERNO


Resposta:
A distinção entre direito público e privado já era conhecida do direito
romano.
O DIREITO PÚBLICO referia-se às relações políticas e aos fins do
estado. O PRIVADO regulava as relações entre os particulares. Apesar da
aparente clareza da distinção, ela não serviu para delimitar com plena
segurança os campos de um e outro ramo. Havia relações e direitos que não
se situavam numa ou noutra rubrica. À indefinição antiga acrescentou-se
outro elemento de perplexidade, introduzido pelas contribuições dos povos
chamados bárbaros. Modernamente prevalece o esforço lógico para fixar
um critério de distinção. As teorias se concentraram, para assegurar a
distinção, em critérios vários: a qualidade do interesse protegido, a
patrimonialidade ou não do interesse e os meios empregados para atingir o
objetivo jurídico.
O direito público abrange o direito constitucional, o administrativo,
o penal, o processual, o internacional, o tributário e financeiro.
No direito privado estão compreendidos o direito civil e o comercial.
Há, todavia, ramos do direito que oscilam entre os dois campos, a ponto de
se pretender classificá-lo numa zona intermédia, como o direito do trabalho.
Uma disciplina seria pública ou privada de acordo com a prevalência de suas
normas, dado que em todos há preceitos aplicáveis a um ou a outro campo.
No direito civil, considerados seus resíduos de direito comum, há normas de
direito administrativo ainda vigentes. No direito comercial, os preceitos
acerca dos consórcios, da concorrência e da empresa interferem, não raro,
com prescrições constitucionais e administrativas, a ponto de se querer
destacar, em sua incidência, um direito comercial administrativo.
A divisão do direito, com a classificação na grande chave do setor
público ou privado, suscitam, mais que um problema jurídico, um problema
histórico. Varia a incorporação de um ramo num campo ou outro, de acordo
com as funções que o estado assume, em determinadas épocas ou em certos

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 30


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

momentos. Daí seu aspecto, visível desde o direito romano, de certo


artificialismo, irredutível a escalas lógicas.
Além disso, a própria autonomia dos compartimentos jurídicos está
em constante mutação. Disciplinas novas se especializam do corpo geral,
formando ramo próprio, de acordo com as exigências sociais. A flutuação
das novas disciplinas corresponde à incerteza da classificação no campo
público ou privado, sem que a delimitação dos setores suscite conseqüências
juridicamente relevantes.

DIREITO INTERNACIONAL

Embora não se repitam na ordem internacional as mesmas condições


de coerção_existentes na ordem interna dos diferentes estados, as relações
entre eles, ou entre eles e nacionais de outros estados, ou ainda entre
nacionais de estados diferentes, se processam segundo princípios e normas
mais ou menos aceitos universalmente e, em geral, obedecidos.
Denomina-se direito internacional o conjunto desses princípios e
normas. Será público, quando se referir aos direitos e deveres dos próprios
estados em suas relações; e privado, quando tratar da aplicação, a
particulares sujeitos a um determinado estado, de leis civis, comerciais ou
penais emanadas de outro estado.
Deve-se conceituar o Direito Internacional Público como a disciplina
jurídica que estuda o complexo normativo das relações dedireito público
externo. As relações interestatais não constituem, contudo, o único objeto
do direito internacional público: além dos estados, cuja personalidade
jurídica internacional resulta do reconhecimento pelos demais estados,
outras entidades são modernamente admitidas como pessoas
internacionais, ou seja, como capazes de ter direitos e assumir obrigações na
ordem internacional. Tais pessoas, ou são coletividades criadas
artificialmente pelos próprios estados -- o que lhes empresta um
reconhecimento implícito -- como as Nações Unidas, a Organização dos
Estados Americanos (OEA) e entidades congêneres, ou são de criação
particular, como a Cruz Vermelha Internacional, a Ordem de Malta e outras
associações reconhecidas, de âmbito internacional.
Alguns tratadistas reconhecem no próprio indivíduo personalidade
jurídica internacional, vale dizer, capacidade para ser sujeito de direitos e
obrigações internacionais, em determinadas situações. Entre estas cita
Hildebrando Accioly a do proprietário do navio ou da carga, perante o
tribunal de presas; as relações entre o pirata e o estado que o persiga; as
condições de imunidade do agente diplomático; e a situação dos apátridas.
Há ainda casos especiais de personalidade internacional de fato, como o das

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 31


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

comunidades beligerantes, reconhecidas como tais, cuja atuação incide no


âmbito do direito internacional público.

A despeito de sua designação, o DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO


não tem nenhuma correlação especial ou dependência em relação ao direito
internacional público. A maioria dos autores reconhece mesmo a
impropriedade da denominação, só admitida porque consagrada pelo uso,
desde que foi proposta pelo jurista americano Joseph Story em seu The
Conflict of Laws (1834; O conflito das leis).
Na verdade, não existe um sistema supranacional para regular as
relações de Direito Privado entre indivíduos sujeitos a diferentes
ordenamentos nacionais. O que existe, como em geral se admite, é um
conjunto de princípios para a determinação da lei aplicável a relações
jurídicas que possam incidir na regulação de dois ou mais sistemas legais
conflitantes, de estados soberanos diversos ou de estados autônomos
federados. Tais conflitos de leis ocorrem com freqüência crescente, dada a
intensificação das relações entre pessoas de todo o mundo, quer na
atividade comercial, quer na vida familiar, em conseqüência da solução de
problemas de validade de atos jurídicos praticados sob o império de
legislação diferente da do lugar onde devem produzir efeito. Problemas
semelhantes podem surgir em relação às conseqüências penais de atos
ilícitos praticados sob jurisdição estatal diferente.

Normalmente, a legislação de um país disciplina as relações jurídicas


internas relativas a pessoas, bens, obrigações e sucessões. No domínio do
estado, as leis locais são aplicadas pelo juiz e respeitadas por todos que nele
se encontram, com as exceções aceitas pelo direito internacional público.
São as chamadas leis territoriais. A territorialidade das leis é o princípio
preponderante, como expressão da soberania nacional. Se os estados
vivessem em absoluto isolamento, todas as leis teriam caráter territorial. A
existência de uma comunidade internacional formada pelos estados leva,
porém, a relações extranacionais.
A partir principalmente do século XIII, a territorialidade começou a
perder seu caráter absoluto. O comércio entre as cidades livres da Itália se
intensificou e surgiu o problema da aplicação da lei a um comerciante de
uma cidade, que contratava com outro, de outra cidade. Nova classificação
de leis teve de ser adotada: territoriais (ou locais) e extraterritoriais. As
últimas constituem o objeto principal do direito internacional privado, o de
aplicar leis estrangeiras e reconhecer atos praticados no exterior.
O sistema jurídico de um estado compreende, assim, normas internas
propriamente ditas, e normas internas que exigem aplicação de lei

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 32


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

estrangeira. Se, por exemplo, um brasileiro casa-se no Brasil perante


autoridade nacional, o casamento (capacidade, impedimentos, celebração
etc.) fica submetido à legislação brasileira e somente a ela. Quando contrai
casamento com estrangeira domiciliada no exterior, surge o problema da lei
a ser aplicada: a brasileira ou a alienígena. A questão é de direito
internacional privado.

Havendo controvérsia sobre a lei a ser aplicada, dois problemas


podem ocorrer na solução de um pleito: o primeiro é o de se saber qual o juiz
competente para decidir a causa; o segundo é o da lei a ser aplicada. Por
isso, alguns autores falam em conflito de jurisdição e em conflitos de leis, uns
e outros a serem solucionados pela autoridade judiciária nacional. Como o
mesmo problema poderá aparecer diante do judiciário de mais de um
estado, soluções diferentes ou opostas poderão ser lavradas. A expressão
"conflitos de leis" tem, assim, dois aspectos: no primeiro, significa as normas
nacionais impropriamente ditas que orientam o juiz na aplicação, quando for
o caso, do direito estrangeiro; no segundo, o conflito decorre da divergência
das leis sobre competência ou jurisdição. Os conflitos de leis que surgem
quando dois ou mais estados dispõem de maneira diversa sobre a lei a ser
aplicada são insolúveis. Terá eficácia, em cada um dos estados, a sentença
proferida.

24. DIREITO COMUNITÁRIO E TESES QUE FUNDAMENTAM


Resposta:
No sentido estrito do termo, o DIREITO COMUNITÁRIO é constituído
pelos Tratados constitutivos (direito primário), bem como pelas regras
constantes dos actos legislativos adoptados pelas instituições comunitárias
em aplicação desses Tratados, isto é regulamentos, directivas, etc. (direito
derivado).
No sentido lato do termo, o DIREITO COMUNITÁRIO engloba o
conjunto das regras aplicáveis na ordem jurídica comunitária. Assim, abrange
igualmente os direitos fundamentais, os princípios gerais do direito, a
jurisprudência do Tribunal de Justiça, o direito decorrente das relações
externas das Comunidades ou ainda o direito complementar decorrente dos
actos convencionais concluídos entre os Estados-Membros para a aplicação
dos Tratados.

Hierarquia dos actos comunitários (hierarquia das normas)

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 33


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

Uma declaração em anexo ao Tratado da União Europeia prevê que


será possível rever a classificação dos actos comunitários de modo a
estabelecer uma hierarquia adequada das diferentes categorias de normas.
O principal objectivo dessa hierarquia consiste em permitir que o
legislador se concentre nos aspectos políticos dos problemas e não em
questões de pormenor. A hierarquia dos actos comunitários irá condicionar o
procedimento de decisão comunitário na medida em que assegurará que os
actos de natureza constitucional sejam sujeitos a procedimentos mais
vinculativos (unanimidade, maioria qualificada reforçada, parecer favorável,
etc.) do que os actos legislativos, estando estes sujeitos a procedimentos
menos flexíveis (procedimento de co-decisão, nomeadamente) do que os
actos de aplicação (delegação institucionalizada de poderes à Comissão, por
exemplo).
Esta questão foi objecto de discussões, no contexto dos primeiros
debates de 1990, sobre a possibilidade de introduzir o procedimento de co-
decisão no Tratado. A ideia subjacente a esta proposta consistia em impedir
a aplicação de um procedimento demasiado complexo a certos actos de
importância secundária, a fim de evitar situações de asfixia legislativa. Em
1991, no âmbito das negociações do Tratado de Maastricht, a Comissão
propusera a introdução de uma hierarquia dos actos legislativos e de uma
nova tipologia das normas comunitárias (tratado, lei, actos secundários ou
de aplicação), mas essa proposta colidia com as diferentes tradições jurídicas
nacionais.

Instrumentos jurídicos comunitários

Os instrumentos jurídicos comunitários constituem os instrumentos


de que as instituições comunitárias dispõem para o cumprimento da sua
missão no âmbito do Tratado que institui a Comunidade Europeia e no
respeito pelo princípio da subsidiariedade. Esses instrumentos são os
seguintes:

§ O regulamento: é obrigatório em todos os seus elementos e directamente


aplicável em todos os Estados-Membros.
§ A directiva: vincula os Estados-Membros destinatários quanto ao resultado a
alcançar, necessita de uma transposição para o quadro jurídico nacional e
deixa uma margem de manobra quanto à escolha da forma e dos meios da
respectiva execução.
§ A decisão: é obrigatória em todos os seus elementos para os destinatários
que designar expressamente.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 34


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

§ A recomendação e o parecer: não têm efeito vinculativo, possuindo natureza


meramente declarativa.

Para além destes actos, enumerados no artigo 249.º do TCE, a prática


determinou o desenvolvimento de toda uma série de actos atípicos: acordos
interinstitucionais, resoluções, conclusões, comunicações, livros verdes e
livros brancos.
Além disso, no âmbito dos segundo e terceiro pilares, são utilizados
instrumentos jurídicos específicos como as estratégias, as acções e as
posições comuns no domínio da PESC e as decisões, decisões-quadro,
posições comuns e convenções no domínio da JAI.

25. CONJUNTO DE DEFINIÇÕES DE COMUNIDADE


Resposta:

1.Qualidade ou estado do que é comum; comunhão:

Há entre eles comunidade de interesses.

2.Concordância, conformidade, identidade:

comunidade de sentimentos.

3.Posse, obrigação ou direito em comum.

4.O corpo social; a sociedade:

As leis atingem toda a comunidade.

5.Qualquer grupo social cujos membros habitam uma região determinada, têm um
mesmo governo e estão irmanados por uma mesma herança cultural e histórica.

6.Qualquer conjunto populacional considerado como um todo, em virtude de


aspectos geográficos, econômicos e/ou culturais comuns:

a comunidade européia.

7.Grupo de pessoas considerado, dentro de uma formação social complexa, em suas


características específicas e individualizantes:

a comunidade dos comerciantes.

8.Grupo de pessoas que comungam uma mesma crença ou ideal:

a comunidade católica.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 35


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

9.Grupo de pessoas que vivem submetidas a uma mesma regra religiosa.

10.P. ext. Local por elas habitado.

11.Ecol. Conjunto de populações animais e vegetais em uma mesma área, formando


um todo integrado e uniforme; biocenose.

12.Sociol. Agrupamento que se caracteriza por forte coesão baseada no consenso


espontâneo dos indivíduos.

Na história dos agrupamentos humanos, a formação da comunidade


precedeu a da sociedade e, a princípio, teve por base as relações da vida
familiar e a economia doméstica, com o predomínio da "vontade natural ou
essencial" como principal estímulo da articulação entre seus integrantes.
Chama-se COMUNIDADE qualquer agrupamento constituído de
pessoas que vivem no mesmo lugar e se relacionam dentro de uma mesma
cultura. Desde a antigüidade clássica, a oposição entre "primitivo" e
"civilizado" inspirou longa série de obras hoje encaradas como pré-
etnográficas. Como conseqüência, a especulação desenvolvida em torno da
vida de povos considerados exóticos, por terem costumes diferentes dos
adotados pela civilização greco-romana, conduziu - em função daquele
pressuposto - a pesquisas que tinham como objetivo caracterizar diferenças
entre os modos de vida tribal e rural e os hábitos dos moradores das cidades.
"Rural" e "urbano" passaram, assim, a funcionar como tipos polares
identificados com "primitivo" e "civilizado", extremos do mesmo continuum
comunidade-sociedade.
O inglês Henry Maine, a partir de fatos observados entre os hindus,
hebreus, gregos e romanos, concluiu que a sociedade primitiva se baseava
na organização da família patriarcal. O homem mantinha plena ascendência
sobre sua família e a sociedade se compunha de um agregado de famílias de
certo tipo, ao contrário das sociedades modernas, que se compõem de
indivíduos.
Ainda do ponto de vista de Maine, a lei primitiva encarava os grupos
familiares como entidades corporativas, definidas pelo parentesco. Desse
modo, os forasteiros eram incorporados graças à manipulação de
parentesco fictício e o crime tinha conotação de ato coletivo, assim como o
direito à posse e ao uso da terra tinha características comunitárias.
O princípio da consangüinidade foi substituído pelo da contigüidade,
que se tornou o suporte da organização social. As sociedades baseadas no
parentesco, no status e na agregação de famílias em grupos cujas
características se fundavam na divisão do território foram dando lugar aos

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 36


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

contatos individuais entre os membros que as compunham e, acima de tudo,


ao reconhecimento dos direitos individuais, inclusive a propriedade privada.
O cientista social alemão Ferdinand Tonnies, autor de Gemeinschaft
und Gesellschaft (1887; Comunidade e sociedade), foi o primeiro a utilizar de
maneira explícita a oposição polar caracterizada pelos tipos ideais "rural" e
"urbano". Sua teoria e a tipologia dela resultante repousam na distinção que
estabelece entre "vontade natural ou essencial" e "vontade racional". A
primeira é a que tem origem no temperamento, caráter e hábitos humanos.
A segunda, dominada pela razão, confere importância à distinção entre os
meios e fins utilizados.
A vontade natural predominaria nas relações estabelecidas dentro de
cada comunidade, termo com que o autor designa todo grupo que
desenvolve vida em comum na base de idéias e sentimentos partilhados por
todos os integrantes, como no caso dos laços familiares. A sociedade,
inversamente, seria marcada pela predominância da vontade racional: cada
indivíduo se vê como foco máximo de preocupação e, dessa forma,
desencadeia, se necessário, atitude hostil para com os demais. As relações
sociais são contratuais, os valores são monetários e os bens são encarados
como propriedade privada.
O período correspondente à sociedade iniciou-se com o
desenvolvimento da vida urbana, sustentada pelo comércio e pelas relações
contratuais. O manejo racional do capital e do trabalho e o incremento da
industrialização acompanharam o desenvolvimento dos estados e da
organização em termos nacionais.
Em De la division du travail social (1893; A divisão do trabalho social), o
sociólogo francês Émile Durkheim analisou os diferentes tipos de
solidariedade observados entre os componentes dos agrupamentos
humanos. Nas sociedades tradicionais, identificou um tipo de solidariedade
que denominou "mecânica". Seu conjunto de padrões morais constitui uma
"consciência coletiva". Nessas sociedades, tal consciência adquire alto grau
de homogeneidade e, em conseqüência disso, a lei que pune as
transgressões reflete o valor passional do código ético comum. É, por isso,
tipicamente repressiva.
Nas sociedades modernas, as sanções legais, em vez de punição,
envolvem mais pressupostos de restituição ou reparação de danos causados.
Constituem, desse modo, uma lei de tipo "restitutivo". A solidariedade social
correspondente baseia-se na interdependência de partes específicas da
sociedade. Usando uma analogia biológica, Durkheim denominou-a
"solidariedade orgânica". A evolução de qualquer sociedade opera-se pela
passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 37


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

26. TEORIA DO CONDOMÍNIO


Resposta:
A questão do Condomínio: ou a questão da Comitologia e da Ordem
Pós-Obesiana.
Neste caso, Condomínio quer dizer: conjunto de Estados Nacionais
anteriormente independentes que concordam em eliminar barreiras à troca
de bens, serviços, pessoas, capitais e instituir autoridades específicas que
regulem essas trocas.
Esta hipótese merece consideração em face do alargamento da União
Europeia e da chamada Europa a la Carte.
Como se estivéssemos a defender um Condomínio e cada país tivesse
um menu. União quer dizer unanimidade ou máximo denominador comum
de bem-estar, logo, não se pode escolher como se fosse uma ementa,
deixando para os outros aquilo que não nos interessa, ou não nos serve. Este
princípio, a la carte, é derrubado pelo princípio do Condomínio. Pelo próprio
Direito Privado também implica que não se possam ter relações que
ofendam a legitimidade da propriedade do nosso vizinho e obrigam a
respeitar as partes comuns do prédio (A União é a tal parte comum, mas
aqui, num conceito de união europeia é mais ampla).
Por outro lado, o Condomínio implica que o modo de decisão
atribuído ao Condomínio implicaria um forte papel das comissões de peritos
(havia necessidade de criar uma série de comissões de peritos a que se
chamaria a Comitologia e que Maurice Duverger chamou de Comitocracia e a
que nas aulas chamámos de Eurocracia ou Tecnocracia).
Assim, o Condomínio deve ser interpretado, na EU, como uma etapa
transitória e a ser debatida, pelas instituições da EU, e não apenas por um
super administrador de todos os Estados pertencentes à UE.

27. RAMOS AFINS DO DIREITO COMUNITÁRIO


Resposta:
O primeiro ramo afim do Direito Comunitário continua a ser o
Direito Internacional Público, pois os tratados internacionais ainda são a
primeira fonte do Direito Comunitário (somente suplantados pelo ius cogens
comunitário e internacional).
O segundo ramo afim do Direito Comunitário é o Direito
Administrativo , sendo este um ramo do Direito com o qual o Direito
Comunitário tem mantido uma mais intensa relação recíproca.Por um lado, a
progressiva intensidade da aplicação do Direito Comunitário por via

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 38


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

administrativa (exercido nos órgãos da UE) e por outro lado a cada vez mais
ampla e complexa aplicação do Direito Comunitário pelos Estados membros,
torna o Direito Administrativo num dos principais ramos do Direito
Comunitário.
O terceiro ramo afim do Direito Comunitário é o Direito
Constitucional, a progressiva harmonização das Constituições dos Estados
membros com o Direito Comunitário, particularmente no domínio
económico e financeiro, e mais recentemente, também em questões
politicas, tem o objectivo de adaptar as Constituições nacionais ao Tratado
da União Europeia.
O quarto ramo afim do Direito Comunitário é o Direito Comparado
(embora não sendo um ramo do direito e sim um método jurídico) tendo
este a finalidade de comparar os direitos, contribuindo para a harmonização
das Ordens Jurídicas nacionais com o Direito Comunitário, constituindo a
afirmação do Direito Comunitário como uma Ordem Jurídica comum aos
Estados membros e susceptível de interpretação e de aplicação uniformes
pela Comunidade e pelos Estados membros.
O quinto ramo afim do Direito Comunitário é o Direito Civil, o Direito
Comunitário foi buscar através da jurisprudência, vários princípios gerais que
constituem repositório do Direito comum e que vêm do Direito Romano pela
mão do Direito Civil.
O sexto ramo afim do Direito Comunitário é o Direito Processual,
resultando do facto das garantias judiciais serem muito extensas no Direito
Comunitário.

28. GLOBALIZAÇÃO
Resposta:

Globalização A palavra globalização não tem um único significado, isto


depende da compreensão de cada um, variando com o limite de conhecimento e
análise de cada indivíduo.

A globalização começou a evoluir a partir dos Descobrimentos e ao longo da


Revolução Industrial até os dias de hoje. As navegações permitiram à humanidade
acelerar os contatos, trocas de informações, de técnicas e cultura, expandindo seus
mercados. E nesta época o único objetivo era acumular riquezas para seu reino,
devido ao fato de que o poder de um reino era analisado pela quantidade de metal
precioso que este possuía.

Recentemente, como por exemplo, a repercussão instantânea, na América


do Sul, de crises financeiras na Ásia, a fabricação de produtos de prestigiosas

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 39


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

marcas européias ou americanas na Malásia, Tailândia etc. E a formação de cadeias


de televisão mundiais são aspectos de uma mesma tendência, a globalização, que
caracterizou o mundo no fim do século XX.

Entende-se por GLOBALIZAÇÃO o processo de interligação econômica e


cultural, em nível planetário, que ganhou intensidade a partir de 1980, devido,
sobretudo ao crescimento vertiginoso dos principais centros nervosos das sociedades
modernas: os mercados financeiros e as redes de informação.

O fenômeno decorre basicamente da expansão dos sistemas de


comunicação por satélites, da revolução da telefonia e da presença da informática
na maior parte dos setores de produção e de serviços, inclusive por meio de redes
planetárias como a Internet. O mundo que se vê hoje e cada vez menor, as
comunicações encurtaram distâncias, integrando economia, política e cultura, no
entanto ela não compreende só isso, mas também o desenvolvimento de cada um
socialmente e culturalmente. Por exemplo, a notícia do assassinato do presidente
norte-americano Abraham Lincoln, em 1865, levou 13 dias para cruzar o Atlântico e
chegar a Europa. A queda da Bolsa de Valores de Hong Kong (outubro-
novembro/97), levou 13 segundos para cair como um raio sobre São Paulo e Tóquio,
Nova York e Tel Aviv, Frankfurt e Lisboa.

A globalização é impulsionada por notáveis transformações tecnológicas e


por uma onda de simpatia pelas teses ditas neoliberais, o fenômeno da globalização
se consolidou com a queda dos regimes comunistas na Europa e a abertura
econômica na China.

No plano econômico, a globalização se traduz por maior abertura no


comércio externo e por uma rapidez sem precedentes no movimento de capitais,
permitindo a investidores colocar dinheiro num país e retirá-lo em segundos. Essa
instantaneidade no funcionamento do mercado faz com que uma crise local, como a
do México em 1994 e a dos países asiáticos em 1997, derrube as cotações das
principais bolsas e tenha reflexos imediatos em vários países. O grande número de
fusões ocorridas a partir de 1995 e o predomínio de gigantescas empresas
transnacionais fazem parte do mesmo processo.

A globalização do sistema financeiro é caracterizada pela criação de um


sistema global de intermediação financeira. Os Sistemas Financeiros Internacional
definiram-se como a relação de troca ou negócios entre moedas, atividades, fluxos
monetários, bancos e governos, que tem como principal função facilitar o comércio
e o investimento internacional transferindo capital para onde for mais lucrativo.

Na década de 1990, eram muitas as vozes que deploravam os efeitos da


globalização, acusada de gerar desemprego em várias regiões, além de ameaçar a

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 40


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

ordem mundial por reduzir o poder de decisão dos países e organismos


internacionais em face do poder das grandes empresas e corporações financeiras.

29. MUNDIALIZAÇÃO
Resposta:

Processo histórico, com incidência política, económica, cultural, tecnológica,


etc., acelerado na segunda metade do século XX, que representa a consciência de
que os fenómenos se apresentam inter-relacionados, independentemente das
fronteiras territoriais, das diferenças étnicas ou linguísticas, etc.

Para este fenómeno terá contribuído uma série de factores, como a


emergência e o desenvolvimento de organizações transnacionais (de que são
exemplos a ONU, a União Europeia, a UEO e a NATO), o incremento das vias de
comunicação entre os vários países e regiões, a expansão das telecomunicações e
das tecnologias de informação, a vigência de certos princípios políticos (direitos
humanos, assistência humanitária) e o acesso generalizado à (mesma) informação.

Especificamente, na área económica, o fenómeno da mundialização teve


como consequência a globalização dos mercados. Esta tem ainda algumas causas
próprias do meio económico, como sejam a facilidade e rapidez com que os capitais
são movimentados, a necessidade de as empresas obterem economias de escala e o
incremento de processos de integração económica (como a União Europeia, o
NAFTA e o MERCOSUL), não sendo também indiferentes os avanços nas
negociações do GATT.

A globalização consiste então no seguinte: apesar das diferenças de valores


e de características de cada país ou região (que implicam atitudes culturais também
distintas), tem-se verificado que as preferências dos consumidores se têm
padronizado. Isto é verdade, pelo menos, para certas classes de produtos (de luxo e
que satisfaçam consumidores com necessidades muito semelhantes - ou seja, os
produtos universais). A principal característica da globalização é, portanto, a
crescente homogeneidade das preferências dos consumidores (e, por isso, dos seus
padrões de consumo).

Para as empresas, tudo isto acarreta consequências evidentes, mesmo ao


nível das suas operações diárias. Por um lado, passam a ter a necessidade de
integrar as suas actividades a nível mundial. É, pois, mais do que de um processo de
internacionalização que se trata: essas actividades passam a ser organizadas à
escala mundial, como se o mundo fosse um único país (pode aqui lembrar-se a
noção de aldeia global). Por outro, este processo gera a necessidade de se processar
a adaptações pontuais dos produtos aos mercados regionais específicos que as
empresas pretendem atingir.
ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 41
DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

30. BLOCOS ECONÓMICOS


Resposta:

Os blocos comerciais, ou blocos econômicos/económico, são agrupamentos


de países que têm como objetivo a integração economica e/ou social. Podem ser
classificados em quatro categorias distintas: Áreas ou Zonas de Livre Comércio,
Uniões Aduaneiras, Mercados Comuns e Uniões Economicas e Monetárias.

Essa classificação remete às diversas etapas do desenvolvimento dos blocos


econômicos que, em sua origem, pode ser associada ao estabelecimento da
Comunidade Economica do Carvão e do Aço (CECA) pela Alemanha Ocidental,
Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo em 1951. Essa organização seria a
base do que futuramente constituiu a União Européia.

Adam Smith já havia percebido que a divisão do trabalho é a razão do


aperfeiçoamento econômico por permitir uma maior produtividade do trabalho. Um
fenômeno semelhante ocorre com os países, caracterizando a moderna Divisão
Internacional do Trabalho (DIT). Por essa ótica, a melhor forma de garantir a
prosperidade das nações é o livre comércio de bens e serviços, de modo a cada área
produzir aquilo em que obtem a melhor produtividade marginal.

Os blocos econômicos surgiram nesse contexto com o propósito de permitir


uma maior integração econômica dos países membros visando um aumento da
prosperidade geral.

A fase inicial caracteriza-se, normalmente, pela constituição de uma área de


livre comércio, que tem como objetivo a isenção das tarifas de importação de
produtos entre os países membros. Deste modo, um artigo produzido num país
poderá ser vendido noutro sem quaisquer impedimentos fiscais, respeitando-se
apenas as normas sanitárias ou outras legislações restritivas que eventualmente
apareçam.

Numa união aduaneira, os objetivos são mais amplos, abrangendo a criação


de regras comuns de comércio com países exteriores ao bloco.

O mercado comum implica numa integração econômica mais profunda, com


a adoção das mesmas normas de comércio interno e externo, unificando as
economias e, num estágio mais avançado, as moedas e instituições.

A falha principal deste modo de encarar o surgimento e desenvolvimento


dos blocos econômicos é o fato de que ela induz, a partir de um caso específico (a
União Européia), as etapas de desenvolvimento pelas quais outros blocos
econômicos haveriam de passar. A própria história de alguns blocos econômicos
ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 42
DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

aponta, entretanto, num sentido oposto, mostrando que ao invés de uma regra, o
caso da União Europeia consiste numa exceção. Exemplos são abundantes, como o
caso da União Africana bem ilustra, ou ainda o Mercosul.

Na atualidade, estão constituídos como BLOCOS ECONÔMICOS a União


Européia, o Nafta, a APEC Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do
Pacífico, a CEI Comunidade de Estados Independentes, o Mercosul, o Pacto Andino,
a APEC Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico e o Comesa
Mercado Comum dos Países do Leste e Sul da África.

Nos últimos anos tem havido um grande aumento no número de acordos


para remoção mútua das barreiras de comércio e para a constituição de arranjos
regionais de comércio.

E essa INTEGRAÇÃO REGIONAL surgiu como uma alternativa para a gestão


da interdependência e de conflitos diante das dificuldades nas negociações
multilaterais. A integração da economia mundial é um dos principais fatores
responsáveis pela constituição dos diversos blocos econômicos em várias partes do
globo. A sua existência atende ao mais elevado interesse das empresas
multinacionais porquanto, por seu intermédio, haverá uma maior liberalização do
mercado mundial, principalmente intra-blocos. Em outras palavras, a formação de
blocos econômicos abre caminho à constituição de um mercado mundial sem
barreiras no futuro sob a ótica das empresas multinacionais.

31. INFLUÊNCIA DA UE NOS ESTADOS MEMBROS


Resposta:
É notória uma influência maior dos Estados Membros para a União
Européia. Por exemplo, hoje a figura do Tratado de Lisboa representa um
elemento necessário para um bom funcionamento da União Europeia. Neste
Tratado, a soberania nacional é reforçada, ao mesmo tempo que há uma
repartição de competências mais coerente. Exemplo disso é a capacidade de
intervenção dos parlamentos nacionais nas propostas legislativas. "Para
além do 'cartão amarelo' que significa que se um terço dos parlamentos
nacionais rejeitar uma proposta legislativa, a Comissão reaprecia essa
proposta, foi introduzido um novo mecanismo que controla a aplicação do
princípio da subsidiariedade [se a maioria simples dos parlamentos nacionais
adoptar um parecer declarando que uma proposta legislativa não respeita o
princípio da subsidiariedade, e se o Conselho ou o Parlamento concordarem
com esses parlamentos nacionais, a proposta é rejeitada]."
Entretanto, a U.E também exerce influências em seus membros.
Segundo Luis Sá, “as decisões e normas comunitárias são aplicadas pelas

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 43


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

administrações nacionais com consideráveis diferenças de empenhamento. As


dificuldades de aplicação são de diverso grau e natureza, e podem nem sequer
reflectir, como se disse, a relação mais ou menos intensa que os órgãos de
poder de cada país e a sua opinião pública têm com a CE”.
Portanto, conforme a citação acima, depreende-se que a influência da
U.E em relação aos Estados Membros não é uniforme, dependendo das
circunstâncias nacionais e de suas relações com os órgãos de poder da
União.
Um dos exemplos mais bem sucedidos de influência da U.E foi a
unificação monetária. O euro é a moeda oficial de 16 dos 27 países da União
Européia e na forma de notas e moedas desde 1 de Janeiro de 2002 e, como
moeda escritural, desde 1 de Janeiro de 1999. Mesmo que não tenha sido
adotado pela totalidade, a maioria dos Estados Membros aderiram ao
sistema monetário unificado.

32. ABUSO DO PODER DOMINANTE


Resposta:

Antes de tudo é preciso saber o que é POSIÇÃO DOMINANTE. Portanto,


significa o poder que uma empresa tem de comportar-se independentemente dos
seus concorrentes, dos seus fornecedores e dos seus clientes, na definição da sua
estratégia comercial. Significa que ao tomar decisões em termos de política
comercial, a empresa ocupa uma posição no mercado de tal relevância que não tem
de se preocupar com a reacção dos outros agentes económicos. Uma quota de
mercado significativa indicia frequentemente uma posição dominante: o que
importa determinar é se uma empresa detém poder de mercado. Neste sentido,
uma posição dominante permite a uma empresa exercer unilateralmente o seu
poder de mercado.

Agora que conhecemos a definição do que é Poder Dominante, podemos


então definir o conceito de Abuso do Poder Dominante. É a utilização indevida por
uma empresa do seu poder de mercado quando este resulte na exclusão de
concorrentes do mercado através da criação de barreiras artificiais à entrada (por
exemplo, recusando o acesso a uma infra-estrutura essencial) ou na subida
significativa e artificial dos custos para as rivais (por exemplo, através de
discriminação ou condições contratuais difíceis de cumprir), ou se traduzem em
práticas que impõem preços excessivos.

33. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS


Resposta:

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 44


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

A Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações


Unidas (NU), é uma organização internacional cujo objetivo declarado é
facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança
internacional, desenvolvimento economico, progresso social, direitos
humanos e a realização da paz mundial. A ONU foi fundada em 1945 após a
Segunda Guerra Mundial para substituir a Liga das Nações, com o objetivo de
deter guerras entre países e para fornecer uma plataforma para o diálogo.
Ela contém várias organizações subsidiárias para realizar suas missões.
Existem atualmente 192 estados-membros, incluindo quase todos os
estados soberanos do mundo. De seus escritórios em todo o mundo, a ONU
e suas agências especializadas decidem sobre questões desubstantivas e
administrativas em reuniões regulares ao longo do ano. A organização está
dividida em instâncias administrativas, principalmente: a Assembléia Geral
(assembléia deliberativa principal); o Conselho de Segurança (para decidir
determinadas resoluções de paz e segurança); o Conselho Economico e
Social (para auxiliar na promoção da cooperação econômica e social
internacional e desenvolvimento); o Secretariado (para fornecimento de
estudos, informações e facilidades necessárias para a ONU), o Tribunal
Internacional de Justiça (o órgão judicial principal). Além de órgãos
complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas,
como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar
Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas (UNICEF). A figura mais
publicamente visível da ONU é o Secretário Geral, cargo ocupado desde 2007
por Ban Ki-moon, da Coréia do Sul. A organização é financiada por
contribuições voluntárias dos seus Estados membros, e tem seis idiomas
oficiais: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol.

34. RESOLUÇÃO 242 DAS NAÇÕES UNIDAS


Resposta:
Em Novembro de 1967, as Nações Unidas aprovaram a Resolução 242,
que ordena a retirada de Israel dos territórios ocupados e a resolução do
problema dos refugiados. Israel não cumpriu a resolução para se retirar dos
territórios ocupados, e só negocia se os estados árabes reconhecerem o
estado de Israel. Os líderes árabes em Cartum afirmam que a Resolução 242
não é mais do que uma lista de desejos internacionais.

35. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE


Resposta:

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 45


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência especializada em


saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e subordinada à ONU. Sua sede é em Genebra,
na Suíça. A directora-geral é, desde novembro de 2006, a chinesa Margaret Chan.

A OMS tem suas origens nas guerras do fim do século XIX (México, Criméia).
Após a Primeira Guerra Mundial.

Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximo


possível o nível de saúde de todos os povos. A saúde sendo definida nesse mesmo
documento como um «estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade.»

36. NORMAS PROGRAMÁTICAS


Resposta:
Norma programática é uma característica/espécie de Norma Jurídica.
Entendemos por Norma Jurídica, por um preceito de Direito concretamente
considerado, transformado em prescrição legal; método objetivo da vontade
social, manifestada imperativamente a todos pelo Estado, podendo ser:
dispositiva, quando apenas anuncia a regra jurídica; interpretativa, quando
explica o significado do seu conteúdo e a sua aplicação aos fatos; coercitiva,
quando são incluídas ordens indispensáveis à observância obrigatória das
partes envolvidas na vinculação jurídica.
Observação: A norma jurídica pode ser taxativa, proibitiva, legal,
preceptiva (que contém preceitos), imperfeita, de anulação, primária e
programática etc.
Portanto, as Normas Programáticas se distinguem pelo conteúdo e
pela eficácia diferida, são normas obrigatórias e, ‘como normas definidoras
de direitos e garantias fundamentais’. A adoção de normas programáticas, é
para a concretização legislativa de seu dilatado conteúdo material.

37. EXPLIQUE A PERTINÊNCIA DO ARTIGO 8º NÚMERO 4 DA CONSTITUIÇÃO


PORTUGUESA.

Artigo 8.º
(Direito internacional)
1. As normas e os princípios de direito internacional geral ou comum fazem parte
integrante do direito português.
2. As normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas ou
aprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e enquanto
vincularem internacionalmente o Estado Português.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 46


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

3. As normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacionais


de que Portugal seja parte vigoram directamente na ordem interna, desde que tal se
encontre estabelecido nos respectivos tratados constitutivos.
4. As disposições dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadas
das suas instituições, no exercício das respectivas competências, são aplicáveis na
ordem interna, nos termos definidos pelo direito da União, com respeito pelos
princípios fundamentais do Estado de direito democrático.

38. ARTIGO 61 DA CRP

Artigo 61.º
(Iniciativa privada, cooperativa e autogestionária)
1. A iniciativa económica privada exerce-se livremente nos quadros definidos pela
Constituição e pela lei e tendo em conta o interesse geral.
2. A todos é reconhecido o direito à livre constituição de cooperativas, desde que
observados os princípios cooperativos.
3. As cooperativas desenvolvem livremente as suas actividades no quadro da lei e
podem agrupar-se em uniões, federações e confederações e em outras formas de
organização legalmente previstas.
4. A lei estabelece as especificidades organizativas das cooperativas com
participação pública.
5. É reconhecido o direito de autogestão, nos termos da lei.

39. ARTIGO 81 CRP

Artigo 81.º
(Incumbências prioritárias do Estado)
Incumbe prioritariamente ao Estado no âmbito económico e social:
a) Promover o aumento do bem-estar social e económico e da qualidade de vida das
pessoas, em especial das mais desfavorecidas, no quadro de uma estratégia de
desenvolvimento sustentável;
b) Promover a justiça social, assegurar a igualdade de oportunidades e operar as
necessárias correcções das desigualdades na distribuição da riqueza e do
rendimento, nomeadamente através da política fiscal;
c) Assegurar a plena utilização das forças produtivas, designadamente zelando pela
eficiência do sector público;
d) Promover a coesão económica e social de todo o território nacional, orientando o
desenvolvimento no sentido de um crescimento equilibrado de todos os sectores e
regiões e eliminando progressivamente as diferenças económicas e sociais entre a
cidade e o campo e entre o litoral e o interior;
e) Promover a correcção das desigualdades derivadas da insularidade das regiões
autónomas e incentivar a sua progressiva integração em espaços económicos mais
vastos, no âmbito nacional ou internacional;
f) Assegurar o funcionamento eficiente dos mercados, de modo a garantir a
equilibrada concorrência entre as empresas, a contrariar as formas de organização

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 47


DIREITO COMUNITÁRIO I 2009

monopolistas e a reprimir os abusos de posição dominante e outras práticas lesivas


do interesse geral;
g) Desenvolver as relações económicas com todos os povos, salvaguardando
sempre a independência nacional e os interesses dos portugueses e da economia do
país;
h) Eliminar os latifúndios e reordenar o minifúndio;
i) Garantir a defesa dos interesses e os direitos dos consumidores;
j) Criar os instrumentos jurídicos e técnicos necessários ao planeamento
democrático do desenvolvimento económico e social;
l) Assegurar uma política científica e tecnológica favorável ao desenvolvimento do
país;
m) Adoptar uma política nacional de energia, com preservação dos recursos
naturais e do equilíbrio ecológico, promovendo, neste domínio, a cooperação
internacional;
n) Adoptar uma política nacional da água, com aproveitamento, planeamento e
gestão racional dos recursos hídricos.

40. ARTIGO 84 DA CRP

Artigo 84.º
(Domínio público)
1. Pertencem ao domínio público:
a) As águas territoriais com os seus leitos e os fundos marinhos contíguos, bem
como os lagos, lagoas e cursos de água navegáveis ou flutuáveis, com os
respectivos leitos;
b) As camadas aéreas superiores ao território acima do limite reconhecido ao
proprietário ou superficiário;
c) Os jazigos minerais, as nascentes de águas mineromedicinais, as cavidades
naturais subterrâneas existentes no subsolo, com excepção das rochas, terras
comuns e outros materiais habitualmente usados na construção;
d) As estradas;
e) As linhas férreas nacionais;
f) Outros bens como tal classificados por lei.
2. A lei define quais os bens que integram o domínio público do Estado, o domínio
público das regiões autónomas e o domínio público das autarquias locais, bem
como o seu regime, condições de utilização e limites.

ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 48

Вам также может понравиться