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Pensando a partir da Cruz

Não tenho dúvidas de que vivemos na era da tecnologia. Há alguns meses atrás, ouvi 
falar de tecnologia 3G, e enquanto a maioria dos brasileiro ainda não sabem o que é 3G ­ apesar de 
praticamente todos terem ouvido falar a respeito ­ essa tecnologia já se prepara para abrir caminho 
para o 4G que será lançado em 2010 no Japão. Assim vamos vivenciando essa constante evolução, 
alguns como coadjuvantes, apenas “existindo” dentro desse contexto ultra­moderno da sociedade 
sem, contudo, experimentar de fato a vida.
É justamente nesse contexto que movimentos religiosos aparecem apenas como reflexos 
da imagem distorcida da vida que é projetada nos mais variados ambientes, expondo os anseios do 
“homem   moderno”,   e   por   que   não   dizer,   moldando   os   anseios   do   “homem   moderno”.   Esses 
movimentos religiosos, no entanto, parecem se conformar (tomar a forma) do presente século, na 
esperança   de   suprir   a   expectativa   moderna,   enquanto   se   veem   na   obrigação   de   criar   essas 
expectativas   para   se   manterem   numa   posição   de   controle   sobre   aqueles   que   desesperadamente 
buscam algo novo, criando assim um círculo vicioso e perpetuando o seu controle.
A   sociedade   por   sua   vez   é   alimentada   por   frivolidades,   entretenimento   barato,   e 
raciocínios prontos, tudo rápido e de fácil digestão para que ninguém tenha a tarefa insólita de 
pensar. E o mais interessante é que isso faz o maior sucesso. Outro dia assistindo a um telejornal de 
grande audiência em uma emissora de grande audiência, fiquei observando os apresentadores e o 
que vi foi um  show  de interpretação e linguagem corporal, onde caras alegres, testas franzidas, 
meneios de cabeça, traduziam aquilo que o telespectador deveria sentir em relação às notícias que 
eram  apresentadas. Claro que todos  os  'sentimentos'  estavam de perfeito acordo com a posição 
política daquela emissora. E o grande problema é que isso não é exclusividade da TV, esse tipo de 
erva daninha está espalhado por cada terreno da sociedade.
Esse   é   o   cenário   perfeito   para   o   surgimento   de   uma   teologia   secularizada   e 
mercantilizada que interpreta o momento atual e se utiliza dos mesmos métodos para forçar uma 
interpretação das Escrituras que funcione nos mesmos moldes. E é nesse ponto que essa teologia se 
afasta do que acredito ser o ponto principal do Evangelho: a cruz de Cristo. 
Para aqueles que se dizem ou que desejam ser cristãos, não há outro ponto de partida 
que não seja a cruz. É ali onde tudo começa! Isso mesmo, a cruz de Cristo não é o fim, mas o meio 
pelo qual a vida pode começar em nós! Assim, não há evangelho sem cruz, pois ela é parte principal 
e   fundamento   para   essa   fé.   Como   também   é   o   ponto   de   partida   para   interpretação   de   toda   a 
Escritura. Ele é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, o Autor e o Consumador da nossa fé, então a 
nossa fé começa em Cristo e termina em Cristo!
Olhando para a cruz de Cristo entendemos que ali é o lugar onde se morre não apenas 
para o mundo, mas principalmente onde se morre para si. Como o Ap. Paulo disse:  “Já estou 
crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu mas Cristo vive em mim”. Significa que o evangelho é 
primeiramente a mortificação de si, para que a natureza do Cristo ressurreto possa ter lugar em nós, 
tornando­nos “participantes da natureza divina”, como disse o Ap. Pedro. Assim a promessa de 
“vida   em   abundância”   passa   a   ter   um   significado   muito   mais   amplo   do   que   simplesmente 
abundância material, passa a ser também um viver em abundância, uma qualidade de vida física, 
emocional e espiritual, vida plena. Se formos pessoas plenas, dificilmente seremos tentados a nos 
alimentar   desse   alimento   barato   oferecido   sob   a   capa   da   modernidade,   antes   buscaremos   o 
verdadeiro alimento espiritual que não envelhece e que realmente nos satisfaz.
A todos os que com coração sincero desejam viver essa vida, eu lhes apresento a CRUZ 
DE CRISTO!
Nelício Júnior
10/11/2009

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