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INSTITUTO AVANÇADO DE ENSINO SUPERIOR DE

BARREIRAS – IAESB

FACULDADE SÃO FRANCISCO DE BARREIRAS –


FASB

CURSO DE DIREITO

CLAUDIONOR PEREIRA MACHADO

ANÁLISE JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DOS


EFEITOS DO PLC 122/2006 SOBRE O ESTATUTO DA
ADLEM

BARREIRAS
2008
CLAUDIONOR PEREIRA MACHADO

ANÁLISE JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DOS


EFEITOS DO PLC 122/2006 SOBRE O ESTATUTO DA
ADLEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


para obtenção do grau de Bacharel em
Ciências Jurídicas e Sociais – Direito à
Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB,
sob a orientação do Professor Esp. Paulo
César Gomes Pereira e Co-orientação da
Professora Ms. Karla Cuellar.

BARREIRAS
2008
CLAUDIONOR PEREIRA MACHADO

ANÁLISE JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DOS


EFEITOS DO PLC 122/2006 SOBRE O ESTATUTO DA
ADLEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


para obtenção do grau de Bacharel em
Ciências Jurídicas e Sociais – Direito à
Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB,
sob a orientação do Professor Esp. Paulo
César Gomes Pereira e Co-orientação da
Professora Ms. Karla Cuellar.

Data de aprovação ____/____/____

Banca Examinadora:

____________________________________ ORIENTADOR.
Professor Paulo César Gomes Pereira -
Especialista em Processo Civil e Direito Civil
Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB

____________________________________
Professora Karla Cuellar
Mestra em Direitos Fundamentais
Faculdade São Francisco e Barreiras.- FASB
Aos meus familiares,
amigos, colegas,
professores e aos
membros da ADLEM.
AGRADECIMENTOS

Sou grato inicialmente a Jesus Cristo, meu Senhor e Salvador, pelas dádivas
dispensadas a mim, somente a Ele seja a glória; a minha esposa e filho, pela
compreensão e paciência, conseguimos realizar este sonho; a meus pais, pela
educação e exemplos que me deram; aos professores, que me serviram de modelo,
o mérito é não é só meu, é nosso! Sou grato àqueles que, direta ou indiretamente,
contribuíram para que chegasse até aqui, e há realmente quem fez muito para isso,
Deus os recompensará.
Isonomia
“é tratar de forma igual os iguais e tratar de forma
desigual os desiguais, na medida em que se desigualam”.

Aristóteles (384-322 a.C.)


RESUMO

O presente trabalho trás uma análise dos efeitos que poderão ocorrer sobre o
estatuto da Assembléia de Deus, localizada na cidade de Luís Eduardo Magalhães –
BA, se aprovado no Senado Federal, o Projeto de Lei 122/2006, que inicialmente
teve a intenção de erradicar a discriminação e o preconceito ao cidadão
homossexual. É analisado, por via constitucional e jurídica quais pontos do projeto
não estão de acordo com o ordenamento jurídico. Para tanto, foi utilizado o método
de consulta bibliográfica e documental, por meio de obras de doutrinadores
respeitados no mundo jurídico, também de revistas, consultas na internet, dentre
outros. O assunto é polêmico, pois há choque de direitos e pretensões. A conclusão
a que se chegou foi a de que o projeto foi mal redigido, faltou técnica legislativa,
tornando-o inadequado para os fins a que se prestava, pois demonstra isso no seu
decurso. Que o estatuto da ADLEM será mantido, mesmo se aprovado o projeto, por
via de garantia constitucional.

Palavras-chave: ANÁLISE, IGUALDADE, LEGALIDADE.


LISTA DE ABREVIATURAS

 Artigo (ART)
 Assembléia de Deus (AD)
 Assembléia de Deus em Luís Eduardo Magalhães (ADLEM)
 Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT)
 Bahia (BA)
 Classificação Internacional de Doenças (CID)
 Código Penal Brasileiro (CPB)
 Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJS)
 Conselho Federal dos Teólogos (CFT)
 Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
 Constituição Federal de 1988 (CF/88)
 Convenção Estadual (CE)
 Convenção Estadual da Assembléia de Deus (CEAD)
 Convenção Estadual da Assembléia de Deus no Estado da Bahia (CEADEB)
 Convenção Geral da Assembléia de Deus no Brasil (CGADB)
 Deputado (a) (DEP)
 Doutor (DR)
 Escola Bíblica Dominical (EBD)
 Especialista (ESP)
 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
 Frente Parlamentar Mista pela Livre Expressão Sexual (FPMLES)
 Gay, Lésbica, Bissexual e Travesti (GLBT)
 Gay, Lésbica, Simpatizante, Bissexual, Travesti e Transexual (GLSBTT)
 Mestre (MS)
 Ministério da Educação e Cultura (MEC)
 Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
 Organização das Nações Unidas (ONU)
 Organização Mundial de Saúde (OMS)
 Partido dos Trabalhadores do Estado de São Paulo (PT/SP)
 Pastor (PR)
 Projeto de Lei (PL)
 Projeto de Lei da Câmara (PLC)
 Projeto de Lei do Senado (PLS)
 Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH)
 Supremo Tribunal Federal (STF)
LISTA DE EXPRESSÕES ESTRANGEIRAS

A priori - Refere-se à apresentação de conclusões ou exposição de pontos de vista


sem o respaldo da experiência. Opõe-se a expressão a posteriori.

Data venia – Com a devida permissão; dada a licença; Expressão que o advogado
usa, por deferência, ao contrapor-se à opinião de um Juiz de seu ex-adverso, que
ele respeita mas da qual discorda. O mesmo que permissa venia ou concessa venia.

Ex positis – Pelo exposto, ou isto posto.

Short – Tipo de calção esportivo usado por homens e por mulheres.

Skinhead – Pessoa que, por meio de bando ou grupo, defende os ideais nazistas e o
anti-semitismo. Tem a intenção de preservar a raça ariana pura. Realiza rituais que
inculca nos participantes sua ideologia. Agridem e matam judeus, homossexuais
dentre outro.

Última rátio – Último recurso, último meio a ser invocado. Antes que seja utilizado
seus benefícios, devem ser utilizado os meios disponíveis possíveis.
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA...........................................................................................................03
AGRADECIMENTOS.................................................................................................04
EPÍGRAFE.................................................................................................................05
RESUMO....................................................................................................................06
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................07
LISTA DE EXPRESSÕES ESTRANGEIRAS............................................................09
1 INTROUÇÃO...........................................................................................................11
2 HOMOSSEXUALIDADE.........................................................................................17
2.1 Historicidade da homossexualidade.....................................................................17
2.2 Termos correlatos ao tema...................................................................................20
2.3 Direitos adquiridos pelos GLSBTT no exterior.....................................................23
2.4 Direitos adquiridos no Brasil.................................................................................24
3 A ASSEMBLÉIA DE DEUS....................................................................................26
3.1 A Assembléia de Deus no Brasil..........................................................................26
3.2 A Assembléia de Deus na Bahia..........................................................................27
3.3 A Assembléia de Deus em Luís Eduardo Magalhães..........................................29
3.4 O Estatuto da ADLEM..........................................................................................30
4 PLC 122/2006 – HISTÓRICO E FINALIDADES.....................................................34
5 PLC 122/2006 E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.....................................38
5.1 Princípios da igualdade e isonomia......................................................................38
5.1.1 Princípio da igualdade.......................................................................................38
5.1.2 Princípio da isonomia........................................................................................41
5.2 Princípio a legalidade constitucional....................................................................42
5.3 Princípio da liberdade de consciência..................................................................46
5.4 Princípio da liberdade de expressão....................................................................48
5.4.1 Liberdade de religião.........................................................................................51
5.4.2 Direito à educação dos filhos............................................................................54
6 EFEITOS DO PLC 122/2006 SOBRE A ADLEM...................................................57
7 CONSIERAÇÕES FINAIS.......................................................................................60
REFERÊNCIAS..........................................................................................................64
ANEXOS....................................................................................................................68
1 INTRODUÇÃO

Desde o ano de 2001 que “certo” assunto tem despertado curiosidade no


cenário nacional, voltando grande parte da atenção dos brasileiros, e estrangeiros,
para o Congresso Federal. Trata-se da discussão sobre a possível aprovação do
Projeto de Lei da Câmara 122/2006, ora tramitando no Senado Federal, que
inicialmente recebeu o nome e número de Projeto Lei 5003/2001.
A intenção inicial deste Projeto, que é de autoria da então Deputada
Federal Iara Bernardi, era incriminar a homofobia. No atual momento, em face de se
tornar Lei Complementar, tem adquirido proporções bem maiores, podendo alcançar
vários pontos do mundo jurídico, vindo a surtir consideráveis efeitos nos mais
diversos campos da sociedade brasileira.
Há pouco tempo, era comum alguém se encontrar sentado em um banco
de escola secular, aprendendo sobre a raça humana e ouvir o professor ensinar que
existiam dois gêneros, o masculino e o feminino. A forma de repassar este conteúdo
tem sido mudada, ou adaptada, pois há um fato que não se pode negar, que hoje
têm-se homens, mulheres e os homossexuais, em suas divisões (divisões estas que
são explicadas no desenvolvimento), que também fazem parte da mesma
sociedade.
O Ministério da Educação (MEC) produziu e distribuiu um currículo escolar
moderno para o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série de todas as escolas
públicas do Brasil. A fim de mudar a mentalidade das crianças sobre o
papel masculino e feminino (...), este currículo instrui os professores das
escolas públicas a ´trabalhar as situações de gênero em qualquer situação
de convívio escolar`. (...) quando os alunos acham que algumas
brincadeiras, atividades e condutas só são para meninos e outras para
meninas, ´o professor... pode intervir para combater as discriminações e
questionar os estereótipos associados ao gênero`.... O termo gênero, que o
MEC usa no lugar da palavra sexo expressa a idéia que qualquer
variedade sexual é aceitável e moral, inclusive a homossexualidade.
(SEVERO: 2003 , p 26)
Faz-se interessante frisar que o surgimento de homens e mulheres que
“não sigam os desejos naturais”, vindo a manter relacionamento com pessoas do
mesmo sexo, não é algo novo. Porém, há poucos anos é que se iniciou a discussão
sobre o assunto. Não é mais uma hipótese é um fato. Fato este que tem mexido com
a sociedade em geral, principalmente com o legislativo, que tem se esmerado em
criar Leis justas, a fim de tratar todos como iguais.
Como cidadãos que são, os homossexuais precisam estar resguardados
das ameaças e lesões, que eventualmente sofrem pela escolha de assim
procederem. Estas lesões são cometidas por parte de grupos extremistas,
homofóbicos, anti-sociais, como os “skinhead´s”. Casos como o de Roberto Espírito
Santo, que é militante dos interesses GLBT (gay, lésbica, bissexual e transexual)
desde 1976 (este se apresenta como futuro candidato à Presidência da República
nas eleições de 2010), que em entrevista fornecida ao site Acapa.com.br, informou
já ter sido esfaqueado, ter tido todos os dentes quebrados, chegando a sofrer
traumatismo craniano, serve como exemplo do que vinha sofrendo quem se
declarava “diferente”, homossexual:
Sou militante desde 1976, ou seja, desde os meus 14 anos de idade, e
muito contribuí não só no meio GLS, mas também entre os menos
afortunados. Após muito lutar na militância, percebi que para realmente
fazer algo pelas pessoas, é necessário estar no Plano Político de forma
incisiva, por esse motivo em 2002 me candidatei a deputado distrital por
Brasília, não obtive um bom desempenho nas urnas. Em 2006, novamente
me candidatei, com o mesmo propósito e não obtive votos suficientes.
Mesmo depois de ter sofrido ataques homofóbicos e ter sido agredido
diversas vezes e quase ter sido morto só por ser candidato a um cargo
político e principalmente por ser gay, eu tenho coragem para enfrentá-los.
Em 2005 fui esfaqueado e tive todos os meus dentes quebrados inclusive
traumatismo craniano, comprovados por laudo e noticiado na mídia, e tudo
isso aconteceu exatamente por que eu era gay e também candidato. Tive a
coragem necessária de enfrentar a homofobia de alguns membros do meu
partido e também de outros partidos, assim como da sociedade . (HAILER,
2008, não paginado)
Ivair Alves Santos, assessor especial da SEDH (Secretaria Especial de
Direitos Humanos), citado pelo jornalista Euder Faber, que por sua vez, evita
comentar sobre números exatos, comentando a respeito da perseguição realizada
sobre os homossexuais, mas reconhece que “a violência contra gays e travestis no
Brasil está em níveis altos e representa um problema social”. (FABER, 2008, não
paginado).
Assim, a Deputada Iara Bernardi, do PT (Partido dos Trabalhadores) de
São Paulo, que era a Coordenadora da FPMLES (Frente Parlamentar Mista pela
Livre Manifestação Sexual), com a apresentação do PL 5003/2001, pretendia
garantir dignidade e integridade física e moral dos homossexuais. Porém após ter
chegado ao Senado, e tendo sido revestido de Projeto de Lei da Câmara (PLC
122/2006), visa ir bem mais longe.
O PLC 122/2006 pretende fazer alterações, conforme é visto na
seqüência:
Altera a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes
resultantes de preconceito de raça ou de cor, dá nova redação ao § 3, do
art. 140, do Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940— Código
Penal — e ao art. 5º, da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e dá outras providências.
(EMENTA DO PROJETO)
No caso da Lei nº. 7.716, seu artigo 1º que hora tem a seguinte redação:
“Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” (Lei 7.716/89, Art.
1º). Ficará com o texto alterado, vigorando como:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência
nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. (NR)
(PLC 122/2006, Art. 3º).
Com a proposta de acréscimo dos termos “gênero, sexo, orientação
sexual e identidade de gênero”, no texto legal, acirradas discussões têm surgido,
principalmente por evangélicos que afirmam e apontam ilegalidades no texto, que
teria desviado de seu alvo principal, qual seja, o de resguardar e garantir, como
norma reguladora, a integridade física das comunidades homossexuais.
Alegam os evangélicos que a aprovação do PLC afrontará os direitos de
culto, de pensamento, de liberdade de expressão, dentre outros.
Com a separação do Estado e da Religião, pela Constituição de 1890,
chamada pela pastoral católica de “Constituição atéia” (MACEDO COSTA: 2005,
não paginado) decretou-se o direito da liberdade religiosa, com franca ascendência
para as mais diversas formas de culto, principalmente para o Cristianismo. A
exemplo da Igreja Batista, que sendo pioneira na difusão dos pensamentos de seu
seguimento, fazendo uso dos meios de comunicação disponíveis a época, tendo
como resultado, acelerado crescimento em solo nacional.
(...) os Batistas, que devem à criação da Casa Editora Batista em 1900 sua
rápida proliferação em solo nacional. Se até o 15 de novembro contavam-
se pouco mais de 300 adeptos da seita, em 1936 o número subira para
43.306 membros (...) (MACEDO COSTA, 2005, não paginado).
Não foram, só os evangélicos protestantes que foram beneficiados pela
liberdade religiosa, mas todas as formas de culto, como informa MACEDO COSTA:

(...) até então, a legislação proibia o proselitismo aos outros cultos. Em


1890, ano do decreto (...) de Marechal Deodoro, em que se revogou mais
esta proteção ao povo brasileiro (...)´ apareceram várias revistas espíritas:
A Nova Era, no Rio, A Luz, em Curitiba, O Regenerador, em Belém do
Pará, Verdade e Luz, em São Paulo, outro O Regenerador, no Rio, a
Revista Espírita também em Curitiba. Já, daí por diante, pululam os novos
periódicos de propaganda do Espiritismo: A Evolução, na cidade do Rio
Grande, RS (1892), O Farol, em Paranaguá, PR (1893), A Voz Espírita, em
Porto Alegre (1894), A Verdade, em Cuiabá (1894), Perdão, Amor e
Caridade, em Franca, SP (1894), A Fé Espírita, outra vez, em Paranaguá,
PR (1894), A Religião Espírita, na Bahia (1897), Eco da Verdade, em Porto
Alegre, A União, em Penedo, AL (1895), Alvião, em Taubaté, SP (1896), A
Voz da Verdade, a terceira de Paranaguá, PR (1896), Arrebol, em
Uberaba, MG (1897), Revista Espírita do Brasil, no Rio (1897) como órgão
do Centro Espírita de Propaganda do Brasil, A Caridade, em Ouro Preto,
MG (1898), O Guia, no Recife (1899), Revista da Sociedade Psíquica, de
São Paulo, em 1899, com estudos sobre Espiritismo, Magnetismo,
Esoterismo e Teosofia (...)´ [Boaventura Kloppenburg, OFM, O Espiritismo
no Brasil, Petrópolis, 1964 pp. 15-16 in João Camilo de Oliveira Torres,
História das Idéias Religiosas no Brasil, pg. 283.]. (MACEDO COSTA:
2005, não paginado, apud KLOPPENBURG, 1964, p. 283).

O texto daquela constituição que fez afinal separação, no âmbito


nacional, encontra-se nos §§ 3º ao 7º, do Artigo 72,

Artigo 72: (...)

§ 3º. Todos os indivíduos e confissões religiosas podem exercer pública e


livremente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens,
observadas as disposições do direito comum.

§ 4º. A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será


gratuita.

§ 5º. Os cemitérios terão caráter secular e serão administrados pela


autoridade municipal, ficando livre a todos os cultos religiosos, a prática
dos respectivos ritos em relação aos seus crentes, desde que não ofendam
a moral pública e as leis.

§ 6º. Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos.

§ 7º. Nenhum culto ou Igreja gozará de subvenção oficial nem terá relações
de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos Estados
Unidos’.

As igrejas evangélicas protestantes, desta forma, cresceram bastante em


solo nacional, principalmente a ramificação conhecida como Assembléia de Deus
(AD).
Esta igreja, por seus representantes, não concorda com a aprovação do
PLC 122/2006, por julgar que, por exemplo, o princípio da liberdade de culto deixaria
de ser observado, pois o Artigo 7º do Projeto de Lei Câmara, se aprovado, alterará o
Artigo 8º da Lei 7.716/89, dando vasão à “manifestação de afetividade do cidadão
homossexual, bissexual ou transgênero” em seus cultos e templos.

Art. 7° A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar acrescida


dos seguintes art. 8º-A e 8º-B:

‘Art. 8º-A. Impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade


em locais públicos ou privados abertos ao público, em virtude das
características previstas no artigo 1º;

Pena: reclusão de dois a cinco anos.’


‘Art. 8º-B. Proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do
cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e
manifestações permitidas aos demais cidadãs ou cidadãos.

Pena: reclusão de dois a cinco anos.’


A Assembléia de Deus encontra-se dividida, no âmbito nacional, como
sendo a CGADB (Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil); no âmbito
estadual, como CE (Convenções Estaduais), que no caso do Estado da Bahia é a
CEADEB (Convenção Estadual das Assembléias de Deus no Estado da Bahia); no
âmbito municipal, como AD (Assembléias de Deus), que são locais, independentes
entre si, ou ligadas por regiões e sub-regiões, que, no caso da Cidade de Luís
Eduardo Magalhães – BA, é a ADLEM (Assembléia de Deus em Luís Eduardo
Magalhães), que tem jurisdição em todo o município e extensão em outros
municípios e países, por sua iniciativa missionária.
Frente a posições e interesses diferentes, como os expostos, o PLC
122/2006, que se aprovado surtirá efeito em todo o território nacional, é aqui
analisado no âmbito municipal, vez que a ADLEM possui, além de direitos
constitucionais, estatuto próprio, registrado em cartório.
A tramitação e a possível aprovação deste projeto de lei interessa a muita
gente, além dos grupos GLSBTT (Gay, Lésbica, simpatizante, bissexual, Travesti e
Transexual) e evangélicos em geral – ambos representam percentuais consideráveis
da população nacional. Por exemplo, à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), pois
os advogados a ela associados estarão se posicionando a favor de alguma das
partes, que entender estar sendo lesada ou impedida do exercício de algum direito;
ainda, ao judiciário como um todo, pois terão mais processos para julgarem,
podendo alcançar, inclusive, o STF (Supremo Tribunal Federal), em casos de
alegação de inconstitucionalidade. Logo, a sociedade, como um todo, direta ou
indiretamente, sentirá os efeitos da aprovação do PLC 122/2006.
Homossexualidade hoje, não é uma hipótese, é uma realidade que, como
constante social, merece atenção. Bem como o é a realização de cultos e outros
oriundos da religiosidade, pois em quase todos os ramos sociais é possível
encontrar pessoas que se digam evangélicas.
Para o autor, a temática se mostra interessante e desafiadora, pois sendo
Bacharel em Teologia e estando em fase de conclusão do Bacharelado em Direito
(com a intenção de atuar como Advogado); sendo ainda, professor do Curso Básico
em Teologia e professor de EBD (Escola Bíblica Dominical) na ADLEM, há alguns
anos; considerando que é membro e Diácono da ADLEM e que, também tem amigas
e amigos - colega de trabalho ou não -, que fazem parte do grupo GLSBTT, o tema
será ainda, no mínimo, esclarecedor.
Têm-se assim por finalidade, observar, à luz da CF/88 (Constituição
Federal aprovada em 05 de outubro de 1988) e da legislação vigente, os efeitos que
o PLC 122/2006 possa surtir sobre o estatuto da ADLEM e consequentemente seus
membros e representantes.
Desta forma, se aprovado pelo Senado Federal, o PLC 122/2006 tornará a
Lei 7.716/89 inconstitucional? Haverá supervalorização dos direitos de um grupo em
detrimentos de outros? O direito de igualdade, assegurado pela CF/88, continuará a
ser observado, caso o PLC 122/2006 seja aprovado?
Assim, de forma “a priori”, afirma-se que, caso o PLC 122/2006 venha a
ser aprovado, poderá conter inconstitucionalidades; se incluírem-se, ao rol do Artigo
1º da lei 7.716/89 as expressões “gênero, sexo, orientação sexual e identidade de
gênero”, poderá haver mais direitos para os GLSBTT, do que para o restante da
população nacional, pois a CF/88 assegura-lhes direitos pelo que são, por serem
cidadãos brasileiros, e não pela opção que fizeram ou venham a afazer. Logo, talvez
não prevaleça o direito de igualdade consagrado como princípio basilar da República
Federativa do Brasil, assegurado a todos os brasileiros e aos estrangeiros
residentes neste País.
Por fim, para elucidação do problema, este trabalho encontra-se dividido
em capítulos, sendo que este intróito é o capítulo inicial; o segundo capítulo tem por
título “HOMOSSEXUALIDADE”, sendo possível encontrar nele assunto vital para a
compreensão do universo homossexual, inclusive termos que comumente são
utilizados em seu contexto; o terceiro capítulo trata exclusivamente da ADLEM, com
seu contexto histórico e principalmente seu estatuto, pois é a essência deste
trabalho; o próximo capítulo, o quarto, tem se ocupa exclusivamente com o PLC
122/2006, sobre sua trajetória no Congresso Nacional; no quinto capítulo são feitas
as análises constitucional e legal do projeto; finalmente, é no capítulo sexto que os
efeitos do PLC, em potencial, são apresentados e observados; o último capítulo, que
é o sétimo, é o ponto no qual apresentam-se os resultados adquiridos, é são as
considerações finais.
Deixa-se aqui o conselho dado pelo Apóstolo Paulo à Timóteo, seu
companheiro e aprendiz: “Persista em ler (...)” (I Timóteo 4:13).
2 HOMOSSEXUALIDADE

2.1 Historicidade da Homossexualidade

Dentre os vários meios de comunicação disponíveis no tempo hodierno, a


mídia tem se mostrado o principal canal. Sendo maio de divulgação em massa, é o
mais utilizado na difusão dos idealismos particulares, mormente ser indispensável
para a aceitação do idealismo homossexual.
Sabe-se, todavia, que os meios de comunicação tiveram franca
ascendência no período pós-guerra, tendo como principal intenção gerar um senso
de humanidade no mundo. No Brasil, por sua vez, os meios de comunicação
desenvolveram-se com mais força após o fim da ditadura militar, com a chegada
“bem vinda” da democracia.
A homossexualidade se tornou assim um assunto interessante a ser
debatido, pois durante muito tempo permaneceu “dentro do armário”. Grandes
personagens da história, conforme se lê, eram amantes do mesmo sexo, chegando,
em alguns casos a manterem relacionamentos homossexuais.
Humberto Rodrigues e Cláudia de Castro Lima, com a matéria “VALE
TUDO – este armário te pertence” citam alguns nomes de famosos da história que,
segundo eles, tinham esta prática. Um dos exemplos é Alexandre Magno:
O conquistador Alexandre, o grande (356-323 a.C.), também foi
conquistado. Seu amante era Hefastião, seu braço direito e ocupante de
um importante posto no Exército. Quando ele morreu de febre, na volta de
uma campanha na Índia, Alexandre caiu em desespero: ficou sem comer e
beber por vários dias. Mandou proporcionar a seu amado um funeral
majestoso: os preparativos foram tantos que a cerimônia só pôde ser
realizada seis meses depois da morte. Alexandre fez questão de dirigir a
carruagem fúnebre, decretando luto oficial em seu reino. (HARGREAVES:
2008, p 51).
O Imperador Júlio César é outro exemplo. Sobre este afirmam que “(...)
Dos 12, só um deles, Cláudio, nunca teve relações homossexuais. O mais famoso,
Júlio César (100-44 a.C.), teve aos 19 anos um relacionamento com o rei
Nicomedes – César era o passivo”. Sobre outros imperadores também afirmam “os
mais excêntricos” foram Calígula e Nero, pois o primeiro obrigava súditos a beijarem
seu órgão genital, enquanto que o segundo “manteve relações com a própria mãe”,
teve dois maridos (HARGREAVES, 2008, p 52 apud SUETÂNIO, não paginado).
Ricardo Coração de Leão é outro nome citado na matéria “VALE TUDO –
este armário te pertence”. Sobre ele se lê que:
As aventuras homossexuais do rei inglês Ricardo I (1157-1199) eram
notórias na época. Um de seus casos, quando ele ainda era duque de
Aquitânia foi com outro nobre, Filipe II, rei da França. Uma crônica da
época afirma: ‘Comiam os dois todos os dias à mesma mesa e do mesmo
prato, e à noite as suas camas não se separavam. E o rei da França
amava-o como à própria alma’. (HARGREAVES: 2008, p 53).
Ainda no âmbito da monarquia européia informam que “outros monarcas
europeus, como Henrique III da França (1551-1589) e ‘Jaime IV da Escócia (I da
Inglaterra)’ (1566-1625), também tiveram vários amantes do mesmo sexo”.
HARGREAVES: 2008, p 53).
No decurso da matéria “VALE TUDO – este armário te pertence”, seus
autores também comentam sobre o homossexualismo feminino, o lesbianismo,
citando Maria Antonieta, informa que
(...) havia um ‘reconhecimento generalizado da bissexualidade’ da rainha
da França Maria Antonieta (1755-1793). (...) que a monarca encontrava-se
‘à cabeça de um grupo de monstros que se conhecem uns aos outros por
sofistas’ – ou seja, lésbicas. (HARGREAVES: 2008, p 53 apud WILLAM
NAPHY, não paginado).
Em época em que não era livre o acesso à informação, sendo privilégio de
poucos, autoridades que detinham o poder, tentaram dos meios possíveis para
erradicar a prática homossexual, principalmente em países que se diziam cristãos,
na tentativa de não deixar informação sobre a prática homossexual para as futuras
gerações. O Bispo de Constantinopla, Gregório de Nazianzus, mandou queimar os
livros que se referiam ao lesbianismo, vindos da biblioteca de Lesbos, Grécia, porém
“cerca de 200 fragmentos resistiram ao tempo e ao cristianismo” (leia-se
cristianismo católico, vez que há várias divisões do cristianismo sendo o
protestante um também) (HARGREAVES: 2008, p 54).
Fora estes exemplos, quem tinha desejos e práticas homossexuais
conservava-os bem escondidos, pois não era bem aceito pela população,
principalmente onde a filosofia judaica foi recepcionada e adaptada. De acordo com
esta filosofia, levando em consideração os ditames da Torá, o sexo serve única e
exclusivamente para a procriação, vez que Jeová, seu Deus, por intermédio do
Profeta Moisés deu-lhes o mandamento de “crescer e multiplicar”, logo casos de
prática homossexual se tornaram incomum, sendo punido entre eles com a morte.
Da mesma forma que era tratado o sexo com animais, sendo prática totalmente
contrária aos pensamentos de Jeová, registrado no Pentateuco, os cinco livros
escritos por Moisés, também conhecido como A LEI, que contém 613 preceitos
divididos em positivos (deveis fazer) e negativos (não deveis fazer).
Muito antes do Judaísmo, porém, a prática da homossexualidade já
existia. No reino da Mesopotâmia, na época de Hammurabi, cerca de 1750, existiam
os prostitutos e as prostitutas cultuais, que eram bem vistos por aquela sociedade. A
sociedade os considerava sagrados, pois quando se ajuntavam a alguém a precípua
intenção da prática, pelo menos se divulgava como filosofia, não era o sexo, mas o
benefício de quem os procurasse, pois estavam aos deuses da fertilidade, tanto da
vida como do campo e do rebanho. “Quando um agricultor queria obter colheitas
mais fartas ou rebanhos mais produtivos precisava recorrer aos deuses da
fertilidade”, afirma COLEMAN (1991, p 113), e que, quando um casal não conseguia
ter filhos, vez que a procriação era algo necessário e símbolo de bênção, um deles
se dirigia à estes templos, que poderiam ser encontrados em todo o território onde
predominasse o poderio de Hammurabi e seu código, para ali, fazer sexo, ou
melhor, “prestar um culto aos deuses”.
Na Grécia, em período mais recente que o Mesopotâmio, a idéia de um
homem copular com outro transmitia o conceito de “troca informação”. No período
clássico da filosofia, que teve seu nascedouro reconhecido como sendo por volta
dos séculos VI e IV a.C., era comum não só o homossexualismo, como também a
pedofilia, pois um homem mais velho, que tivesse considerável conhecimento,
recebia em suas dependências aprendizes com idade de 12 anos para transmitir-lhe
o que sabia. Nesta troca de conhecimento, poderia manter relação anal com o
aprendiz, “em nome da educação”, que era tida como de qualidade.
O filósofo grego Sócrates (469-399), adepto do amor homossexual,
pregava que o coito anal era a melhor forma de inspiração – e o sexo
heterossexual, por sua vez, servia apenas para procriar. Para a educação
dos jovens atenienses, esperava-se que os adolescentes aceitassem a
amizade e os laços de amor com homens mais velhos, para absorver suas
virtudes e seus conhecimentos de filosofia. (HARGREAVES: 2008, p 50).
Naquele contexto, caso o garoto concordasse e sua família, pois era uma
questão de escolha, se tornaria parceiro passivo até por volta dos 18 anos, quando
escolheria qual seria sua opção sexual, se seria “ativo, passivo ou adotaria ambos”.
Os romanos também tiveram sua parcela de participação nas práticas de
sexo homossexual, conforme supra, como é o exemplo de alguns imperadores.
Todavia, faz-se necessário informar que eram nos bacanais, festas de bacanas,
onde ao seu final era comum terminar em orgias, que começava com danças
eróticas. COLLEMAN (1991, p 115), informa que depois de alegres pelo vinho,
costumavam trocar de roupa, o homem vestia as roupas de mulher e a mulher de
homem, para agirem como tal. Tal prática existia já há bastante tempo, pois quando
Moisés estava escrevendo a Torá, no livro de Deuteronômio 22:5, já informava que
não deveria o homem usar traje de mulher, nem a mulher vestir os trajos de homem.
Também deve-se informar que, durante muito tempo, práticas
homossexuais eram punidas de forma severa. Já na idade moderna, encontra-se
registro de pessoas que foram condenadas a cumprirem penas por praticarem a
sodomia, homossexualidade masculina:
Condenado pelo crime de sodomia (delito de homossexualidade), o escritor
inglês Oscar Wilde (1854-1900) é sentenciado a cumprir dois anos de
prisão. A decisão causou protestos no círculo literário, mas Wilde teve de
cumprir a pena”. Londres 27 de maio de 1895. (HARGREAVES: 2008, p.
15)

2.2 Termos Correlatos ao Tema

Muita confusão surge quando o assunto é homossexualidade, pelos


diversos significados que utilizam para cada expressão, ou pela riqueza de
expressões que se lhes atribuem. Assim, abaixo expõem-se algumas expressões na
intenção de facilitar a compreensão.
Desde 2004 que já se procura criar um significado uniforme, para se referir
ao mundo gay, ou às comunidades GLSBTT (gay, lésbica, simpatizante, bissexual,
travesti e transexual). Por exemplo, FPMLES (Frente Parlamentar Mista pela Livre
Expressão Sexual), do Congresso Federal, no programa de combate à violência e à
discriminação da comunidade homossexual, Brasil Sem Homofobia (CUNHA: 2002,
p. 30, 31), classifica alguns termos geralmente usados, quando se referem ao
“mundo da homossexualidade”. Quais sejam:
a) Sexo – Expressão usada para referir-se ao gênero (distinguindo se o
indivíduo é MASCULINO ou FEMININO) e à leitura de gênero (que tem a finalidade
de afirmar que alguém, na primeira impressão, é homem ou mulher);
Obs.: O Dicionário Aurélio, edição eletrônica, define sexo como:
1.Conformação particular que distingue o macho da fêmea, nos animais e
nos vegetais, atribuindo-lhes um papel determinado na geração e
conferindo-lhes certas características distintivas. (HOLANDA FERREIRA,
2005, não paginado)
Sobre a expressão gênero, Patrícia Porchat (NASTARI: 2008, p 46), na
matéria “A Dança dos Gêneros”, informa que gênero é um termo que se refere à
rede de crenças, traços de personalidade, atitudes, sentimentos, valores, condutas e
atividades que diferenciam mulheres de homens. (NASTARI, 2008, p 46).
b) Sexualidade – “É o conjunto de fenômenos da vida sexual” (HOLANDA
FERREIRA: 2005, não paginado). É algo que transcende os limites do ato sexual e
inclui sentimentos, fantasias, desejos, sensações e interpretações;
c) Identidade sexual – É o sentimento de masculinidade ou feminilidade que
acompanha a pessoa para o resto da vida, é subjetivo, individual. É assim o conjunto
de características sexuais que diferencia cada pessoa das demais e que se
expressam pelas preferências sexuais. Ou seja, o indivíduo se identifica com algum
gênero, masculino ou feminino, mesmo que não seja do gênero ao qual se
identificou;
d) Orientação sexual – Trata-se do atrativo que uma pessoa tem por outra, que
pode ser afetiva ou sexual. A orientação sexual pode ser por pessoas do mesmo
sexo, homossexual, do sexo oposto, heterossexual e por ambos os sexos, bissexual.
Segundo a cartilha “Brasil sem Homofobia”, a orientação sexual é uma opção
(CUNHA: 2004, p. 30);
e) Homossexualismo – Atos sexuais com parceiro do mesmo sexo;
Obs.: o Dicionário Rideel, versão eletrônica, define o homossexualismo como
“Uranismo ou pederastia no homem; (...);”. E informa ainda que
Em alguns países já existem leis que permitem a união entre
homossexuais. Atualmente os homossexuais pleiteiam, além do direito ao
casamento entre-si, a partilha dos bens e da herança, com ferrenha
oposição da Santa Sé. (PEKELMAN: 2007, não paginado)

Anna Paula Uziel, autora da matéria “Outras Formas de Ser Família”,


informa, em verbete, que o termo homossexualismo vem deixando de ser usado,
devido ações de grupos ligados aos direitos humanos. O termo foi largamente
utilizado até 1985, como sendo sinônimo de doença, na categoria de distúrbio
mental, na classificação do CID (Classificação Mundial de Doenças), publicado pela
OMS (Organização Mundial de Saúde). Segundo os militantes de grupos
humanitários, a utilização do termo Homossexualismo, transmite um significado
pejorativo. (NASTARI: 2008, p 60). Assim para as relações homoeróticas e
homoafetivas, o termo que melhor representa é homossexualidade;
f) Homossexualidade – É atração afetiva e sexual por pessoa do mesmo sexo.
Tendo abrangência na homossexualidade, heterossexualidade e bissexualidade. O
Dicionário Michaelis, versão eletrônica, diz ser a “qualidade de ser homossexual;
referente a atos sexuais entre indivíduos do mesmo sexo; pessoa que tem afinidade
somente para indivíduos do mesmo sexo”. (NÃO IDENTIFICADO: 1009, não
paginado). Desta feita, todas as formas de manifestação homossexual se
enquadram no termo homossexualidade (homossexual, gay, lésbica, transgênero,
transexual, travestismo e HSM – homem que faz sexo com homem);
g) Homossexual – Trata-se do indivíduo que tem orientação sexual e afetiva por
pessoa do mesmo sexo – gays, lésbicas e bissexuais;
h) Gay – Indivíduo do sexo masculino que de mantém relação sexual com
pessoa do mesmo sexo, e que, além de sentir afetividade por outra pessoa do sexo
masculino, vive abertamente sua escolha, tendência, sem esconder de ninguém;
i) Lésbica – É a homossexualidade feminina, são mulheres que gostam
afetivamente de outra mulher, vindo a praticar atos decorrentes da relação sexual
com outras mulheres.
O Lesbianismo (HARGREAVES: 2008, p 54), surgiu na Ilha de Lesbos,
Grécia: “(...) na cidade grega de Esparta todas as melhores mulheres amavam
garotas. (...) Os termos ‘lesbianismo’ e ‘lésbica’, aliás, têm origem na ilha grega de
Lesbos, no mar Egeu, local de nascimento da poetisa Safo (...)”.

Esta Safo é tida como uma das incitadoras ao lesbianismo. Foi muito
famosa por seus poemas, que na maioria enaltecia as mulheres e seus dotes físicos.
Entre seus poemas destaca-se o “Ode a Afrodite” (canto a Afrodite);
j) Bissexual – São indivíduos que se relacionam sexualmente ou afetivamente
com pessoa de ambos os sexos.
‘(...) Nele cabem todos os sexos; é homem, porque tem pênis; é mulher,
porque ele cabe nas roupas femininas; é bissexual, porque ele pode
transar tanto com homem quanto com mulher, quando ele sente tesão em
fazer isso; é hétero, quando resolve, quando sente que o prazer dele é
estar com uma mulher; é homo... na sua essência, pelo rótulo que foi dado
a ele, é homossexual, mas ele pode ser todo o resto’. (MOURINHO: 2001,
não paginado).
k) Transgênero – Expressão que se refere tanto aos transexuais como aos
travestis. É o homem que se identifica e se relaciona com o mundo comum da
mulher, agindo e se portando como se mulher fosse;
l) Transexual – são os indivíduos que tendo nascido do sexo masculino,
possuindo genitália interna e externa do mesmo sexo, mas que não se conformam
com o sexo que tem;
m) Travestismo - homem que se disfarça, ou simplesmente, se veste de mulher,
no âmbito da sexualidade, pelo prazer;
De acordo com a Enciclopédia Encarta, versão eletrônica,
(...)o travestismo ultrapassa os limites impostos pela sociedade entre os
gêneros feminino e masculino. Entretanto, certas culturas orientais aceitam
este papel social: em algumas partes da Índia, o chamado berdache
masculino tem uma grande importância ritual no nascimento de uma
criança; no Japão, os grupos de dança femininos que imitam os homens,
como o Takarazuka, são cada vez mais populares. (MOURINHO: 2001,
não paginado)
Diz ainda que:
Na década de 1960, o caso da paixão de Bernard Boursicot, funcionário da
embaixada francesa em Pequim, por Shi Pei Pu, homem que representava
papéis femininos (entre eles, a Madame Butterfly de Puccini) e que,
segundo o próprio Boursicot, “era mulher porque acreditava ser mulher”,
deu origem a uma peça de teatro e, em 1993, ao filme M. Butterfly (“M” é
abreviatura de “monsieur”, senhor), dirigido por David Cronenberg e
estrelado por Jeremy Irons (o francês, aqui embaixador e não simples
funcionário) e John Lon (o chinês travesti). (MOURINHO: 2001, NÃO
PAGINADO)
n) HSH – Homem que faz Sexo com Homem - De acordo com CUNHA (2002,
31), esta sigla é geralmente utilizada por profissionais da saúde, quando se referem
ao homem que mesmo sem ter orientação sexual homossexual, pratica sexo com
outro homem.
Outros termos existem que não são citados aqui. Estes, porém, são os
mais comuns, que merecem especial atenção e compreensão.
Dentro do contexto, faz-se necessário informar ainda que o ato sexual
(também conhecido como simplesmente sexo) é entendido como sendo a junção
carnal entre um homem e uma mulher, via órgãos reprodutores. Algo que não esteja
neste perfil, para os padrões jurídicos, é tido como ato libidinoso e não como ato
sexual.

2.3 Direitos adquiridos pelos GLSBTT no Exterior

Legislação sobre casais gays: a Dinamarca, em 1989, foi o primeiro país a


aprovar a união civil entre pessoas do mesmo sexo; a Noruega, em 1993, e a
Suécia, 1994, reconheceram a união entre casais homossexuais e deram-lhe os
mesmos direitos dos casais heterossexuais, no âmbito da união civil (estável); a
Hungria, em 1995, reconheceu a união homossexual; em 1999, foi da França o
reconhecimento; em 2000, a Holanda também entrou na lista dos países que
reconheceram não a união civil, mas celebrou o primeiro casamento entre pessoas
do mesmo sexo; em 2002, a Alemanha teve sua oportunidade de tratar sobre o
assunto e findou por aprovar Lei que permitiu a união civil, também; no início de
2003, simultaneamente, Bélgica, Reino Unido e Canadá seguiram o mesmo caminho
da Alemanha; ainda em 2003 foi a vez da América Latina legislar sobre a
homossexualidade, momento em que a Argentina aprovou os direitos decorrentes da
união entre pessoas do mesmo sexo. (NASTARI: 2008, 46).
Em outros países onde não há legislação sobre a homossexualidade,
discute-se, entre outras coisas, se seria uma questão biológica ou de escolha. No
livro intitulado “Porque os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor”, em
seu capítulo 9 (nove), o autor tece comentários afirmando que é uma questão
genética, momento em que explica a dinâmica entre os cromossomos “X” e “Y”.

2.4 Direitos adquiridos no Brasil

No Brasil, várias tentativas já foram realizadas, na intenção de legalizar a


situação dos homossexuais. Existem projetos de lei que visam a mudança de nome
de quem, sendo de um determinado sexo, não se sente nem se comporta como se
dele fosse. Tenta-se a legalização da união estável entre pessoas do mesmo sexo,
sendo inclusive assunto já apreciado por tribunais, a exemplo do Rio Grande do Sul
e de Minas Gerais. Buscam-se meios para que seja possível a adoção de crianças
por pessoas do mesmo sexo. Os direitos decorrentes de união entre pessoas do
mesmo sexo já tem surtido efeitos no âmbito previdenciário, dentre vários outros que
rotineiramente são noticiados nos meios de comunicação.
Várias leis foram aprovadas, tanto com alcance municipal, como estadual.
No que se refere ao alcance federal, ainda não tem lei aprovada, mas há vários
projetos, portarias, resoluções dentre outros.
O “site” da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e
Transexuais (ABGLT) – “http://www.abglt.org.br/port/leis_os.php” –, é o mais
completo, pois ali se concentra a militância central dos homossexuais no Brasil.
Leis Municipais aprovadas:
 Em Salvador/BA, Lei 5.275/97; em Natal/RN, Lei 152/97; em Campinas/SP,
Lei 9.809/98; em Juiz de Fora/MG, Lei 9.791/00; em Belo Horizonte/MG, 8.176/01;
em Fortaleza/CE, Lei 8.211/89; em Londrina/PR, Lei 8.812/02; em Porto Alegre/RS,
Lei 185/02; em São Paulo/SP, Lei 440/01; em Maceió/AL, Lei 4.667/97; em Novo
Hamburgo/RS, Lei 1.549/07; em Alfenas/MG, Lei 3.277/01; em Colatina/ES, Lei
5.304/07; em Recife/PE, Lei 16.780/02 e lei 17.025/04; em São João Del Rei/MG,
Lei 4.172/07. Dentre várias outras que não foram aqui registradas.
Leis Estaduais aprovadas:
 No Rio de Janeiro, Lei 3.406/00; no Rio Grande do Sul, Lei 11.872/02; no
Distrito Federal, Lei 2.615/00; em Minas Gerais, Lei 14.170/02; em São Paulo, Lei
10.948/01; em Santa Catarina, Lei 12.574/03; em Mato Grosso do Sul, Lei 3.157/05;
na Paraíba, Lei 7.309/03; em Maranhão, Lei 8.444/06. Ainda registra-se a Emenda a
Constituição Estadual de Alagoas Nº 23/01. Assim como no registro das leis
municipais, aqui é somente o registro de algumas leis, o que foi possível ser
encontrado.
Em âmbito Federal, como já informado, não existe lei aprovada que trate
explicitamente dos interesses homossexuais, ou pelo menos não foi encontrada.
Porém, há pontos do ordenamento jurídico federal que indiretamente favorecem aos
homossexuais, como Portarias, Resoluções dentre outros. A Lei Maria da Penha,
bem como o Código de Ética do Jornalismo Brasileiro, têm elementos que
vislumbram o resguardo da integridade tanto física como moral do cidadão
homossexual.
Vê-se assim, que os poderes legislativos têm primado em criar leis para
defender os interesses homossexuais. A obrigação de Legislar, conforme os artigos
22 e seguintes da Constituição Federal, não se restringe somente aos
homossexuais. Há muito a se regular, em benefício da população brasileira.
3 A ASSEMBLÉIA DE DEUS

A Assembléia de Deus localizada na cidade de Luís Eduardo Magalhães,


estado da Bahia (ADLEM), recebe enfoque especial pelo autor, servindo como parte
do tema proposto, pois seus membros sãos pessoas diretamente interessadas nos
efeitos que poderão advir da aprovação do PLC 122/2006.

3.1 A Assembléia de Deus no Brasil

A Assembléia de Deus também faz parte da história nacional, pois suas


bases acompanham o desenvolvimento nacional, tendo inclusive raízes no exterior.
A Assembléia de Deus é uma igreja que surgiu, como muitas outras, de um
movimento que se iniciou nos Estados Unidos da América, no final do século IX,
denominado “Movimento da Rua Azuza”, que culminou no envio de vários
missionários por todo o mundo e principalmente para o Brasil (ARAÚJO: 2006, p 7).
Em 19 de novembro de 1910 chegaram á Belém do Pará, procedentes de
Chicago (EUA), os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren. Ambos
Batistas, porém, batizados com o Espírito Santo, no grande avivamento
pentecostal derramado no início deste século nos Estados Unidos.
Vingren era candidato ao campo missionário de sua denominação na
China, mas, após o batismo com o Espírito Santo, sentiu não ser vontade
de Deus. Buscando conhecê-la melhor, Deus revelou a ele e ao seu
companheiro Daniel Berg, através de uma profecia na casa do irmão Adolfo
Uldim, que os queria no Pará. (...). Após a oração, já que ninguém sabia
onde era o Pará, foram a uma livraria e consultando um Atlas viram que
Pará era um Estado do norte do Brasil e Belém, sua capital. Daí, em lances
decisivos e até impossíveis para homens, o Senhor providenciou os meios
para que chegassem até aqui. (...) Caminharam pela Avenida 15 de
Agosto, hoje Presidente Vargas, até a praça da República e ali sentaram,
em um dos seus primeiros bancos aguardando orientação divina. Não
custou Adriano Nobre, que era crente presbiteriano e que falava inglês (foi
o primeiro professor de Gunnar e Daniel), o qual os encaminhou até a
Igreja Batista, situada na Rua João Balbi, 406 (hoje demolida), onde
ficaram hospedados no porão do prédio, por algum tempo. Era o primeiro
contacto com a terra para a qual tinham sido enviados. (...). (SANTOS:
2006, NÃO PAGINADO).
Os missionários que vieram para o Brasil foram Daniel Berg e Gunnar
Vingren, que tiveram por inicio da missão brasileira o estado do Pará, na primeira
década do século XX. Estes missionários eram suecos e foi no Brasil que
aprenderam a falar o português (COELHO: 2000, p ). Sobre isto afirma SANTOS
(2006, NÃO PAGINADO) que “Daniel Berg, forte e robusto, arranjou emprego de
fundidor (...) e Gunnar Vingren dedicava – se ao estudo do idioma. À noite transmitia
a Daniel o que havia aprendido”.
Em 1911 esta obra missionária empreendida por aqueles missionários
passou a chamar-se oficialmente de Assembléia de Deus.
Com um número reduzido de membros estavam lançadas as bases do
movimento e as raízes se estenderiam por todo solo brasileiro com a
denominação ASSEMBLÉIA DE DEUS. (...), ao chegarem à casa da irmã
Celina, os irmãos resolveram passar a se congregar ali, o que normalmente
foi feito pelo espaço de mais ou menos três meses, com cultos dirigidos
pelo missionário Vingren e pelo irmão Plácido. Daniel Berg pouco falava
por ainda está atrasado no aprendizado da língua. Disso tudo surgiu a
necessidade de que o trabalho fosse organizado como Igreja, o que se deu
a 18 de junho de 1911, quando por deliberação unânime, foi fundada a
Igreja Assembléia de Deus no Brasil, tendo em Daniel Berg e Gunnar
Vingren os primeiros orientadores. O termo Assembléia de Deus dado à
denominação não tem uma origem definida entre nós. Entretanto, sugere-
se está ligado às Igrejas que na América do norte professam a mesma
doutrina e recebem a designação de Assembléia de Deus ou Igreja
pentecostal. Sobre a questão aceitável, o seguinte testemunho do irmão
Manuel Rodrigues. “Estou perfeitamente lembrado da primeira vez que se
tocou neste assunto. Tínhamos saído de um culto na Vila Coroa.
Estávamos na parada do bonde Bemal do Couto, canto com a Santa Casa
de Misericórdia. O irmão Vingren perguntou-nos que nome deveria dar-se a
Igreja, explicando que na América do norte usavam o termo Assembléia de
Deus ou Igreja Pentecostal. Todos os presentes concordaram em que
devia ser Assembléia de Deus. Em 11 de janeiro de 1968 a denominação
foi registrada oficialmente como pessoa jurídica, com o nome de
Assembléia de Deus. (SANTOS: 2006, NÃO PAGINADO)
A Assembléia de Deus se expandiu por todo o território nacional, tendo
destaque, além do Pará que foi seu ponto de partida, nos estados do Rio de Janeiro
e no Rio Grande do Sul. Passados quase quatro décadas, em 1937, foi realizada
sua primeira convenção, tendo inclusive reconhecimento e participação
internacional, pois nesta ocasião foi reconhecida pela comunidade evangélica dos
Estados Unidos da América, por seu representante presente no evento (BERG:
1995).

3.2 A Assembléia de Deus na Bahia

O trabalho dos pioneiros da Assembléia de Deus chegou ao estado da


Bahia, por volta de 1930, com o primeiro culto realizado oficialmente em Salvador.
Conforme pode ser verificado no “site” da ADLEM:
Em 25 de maio de 1930, na Rua Carlos Gomes, seis almas se reuniram
para adorar ao Senhor. Foi o primeiro culto da Assembléia de Deus em
Salvador. (...) de cidade em cidade: Curaçá, Valente, Valença e muitas
outras. Os missionários Otto e Adina Nelson entendiam que era o momento
de Deus para o Estado da Bahia e, de pronto, arrumaram as malas e
vieram se estabelecer em Salvador. Bem no coração da cidade, à Rua
Carlos Gomes, 402, fixaram residência e, em 25 de maio de 1930, em
companhia das filhas Rute, Ester, Lídia e uma irmã vinda de Maceió que
acompanhava a família, fundaram o trabalho pentecostal. (...). O
missionário Otto pregou e sua esposa ficou à porta para recepcionar os
visitantes que não vieram. Rute, Ester e Lídia cantaram e tocaram
acordeom e violão para os anjos, arcanjos e a irmã de Maceió, que
representava a Igreja ouvinte. Aleluia! Aleluia! No segundo culto, realizado
em 28 de maio de 1930, apareceu um visitante, que se tornaria o primeiro
crente. Seu nome era Heliodoro, filho de africano (...) que perseverou até à
sua chamada para a glória. (SANTOS: 2006, NÃO PAGINADO)
Atualmente a Assembléia de Deus é um dos maiores e mais sólidos
seguimentos evangélicos do país, contando inclusive com representação em todas
as classes sociais, principalmente no meio político dentre outros, haja vista a
bancada evangélica do Congresso Nacional. Encontra-se organizadas em
convenções sendo a principal delas a nacional CGADB – Convenção Geral das
Assembléias de Deus no Brasil –, tendo ainda as convenções estaduais, que são as
CEAD’s, com destaque para a Convenção Estadual da Assembléia de Deus na
Bahia (CEADEB). Nos anais históricos da Assembléia de Deus é possível relacionar
alguns homens, ministros, ligados à CGADB que, segundo DANIEL (2001, p. 4),
“são exemplos de homens”, cidadãos que cumpriram seus papéis para que o Brasil
se tornasse uma nação melhor do que era em seus dias.
Foram “separados”, que no contexto original bíblico quer dizer
consagrados, vários fiéis. A dita separação serviu, nos dizerem da igreja, para que
atuassem como cooperadores. Os chamados obreiros da obra do Senhor. Os títulos
mais comuns, e que determinam a hierarquia (decrescente) dentro da Assembléia
de Deus, por ordem são: Pastores, Evangelistas, Presbíteros, Diáconos e
cooperadores. Este ato de separação de fiéis, membros da igreja, acontece até hoje.
Geralmente, nas reuniões em que são feitas as separações de obreiros, é feito uma
proclamação pública, apresentando os nomes dos indicados pelo “ministério local”,
que é o corpo de obreiros que auxilia o Pastor local na direção da igreja. Caso não
haja nenhuma abstenção, o indicado é separado para o cargo.
É mister informar ainda, sobre este os cargos ocupados pelos membros da
ADLEM, que são estritamente locais. Quando um dos membros ou obreiros precisa
se deslocar, por motivos particulares ou a serviço da Igreja, há a precípua
necessidade levar consigo o Cartão de Membro/obreiro, com data de validade, e a
Carta de Recomendação. Esta com assinatura exclusiva do Presidente da ADLEM
ou de quem tenha acesso ao banco de dados, de forma que caso haja consulta a fim
de verificar a veracidade do documento ou do portador, fácil será confirmado, pois
na carta constam os dados principais da ADLEM, principalmente o telefone.

3.3 A Assembléia de Deus em Luís Eduardo Magalhães

Como a filosofia da igreja havia sido aceita na capital da Bahia, foi levada
também para seu interior, correndo por todo o vasto estado baiano, chegando ao
oeste, na cidade de Luís Eduardo Magalhães, que na época chamava-se Mimoso do
Oeste, sendo ainda município de Barreiras.
No ano de 1985, o Pb. Juraci Caetano Siqueira teve um sonho no qual ele
chegava em uma terra destocada, era uma área grande e de forma
quadrada, a terra estava pronta para o plantio, ele pegava uma enxada e
começava a abrir covas para a plantação e a semente que plantava era
milho. Ele acordou com a voz do Espírito Santo que dizia: é ´Mimoso do
Oeste, a terra da plantação´. Então não perdeu tempo falou logo com o
Pastor e marcaram a data do primeiro culto que foi realizado com a
permissão do engenheiro responsável pela COTIA, no refeitório da mesma,
e houve cinco decisões.
Dois anos se passaram e novamente ele sonhou chegando no mesmo local
para ver o milho que havia plantado, o mesmo havia crescido e ele muito
se alegrou. Despertando do sono ele ouviu alguém falar ´Mimoso do
Oeste´, novamente falou para o Pr. Odilon Barbosa e marcaram a abertura
oficial do trabalho em 25 de outubro de 1987. Desta feita o culto foi
realizado em frente ao antigo Posto Mimoso (hoje Porto Brasil). (...) os
cultos foram transferidos para a residência do, hoje, Pb. Israel dos Santos,
pois sua mãe e sogra moravam em sua residência e ofereceram-na para
servir de ponto de cultos e ele para não contrariá-las, aceitou, vindo depois
a se tornar crente e a construir um salão ao lado da residência para que os
irmãos tivessem um lugar mais amplo para adorar a Deus, onde ficou
sendo a congregação por alguns anos, somente em março de 1995 foi
construído o Templo na rua Pará, que é onde está a sede atualmente. (...).
Em 01 de dezembro de 2000, o Pr. Crispim Ferreira Lima apresentou a
ADLEM a CEADEB (Convenção Estadual das Assembléias de Deus na
Bahia) que emancipou o campo, tornando-o autônomo. (SANTOS: 2006,
NÃO PAGINADO)
Depois de emancipada, a ADLEM adquiriu autonomia, não precisando
mais responder a Barreiras, que desde então passou a ser tratada como igreja co-
irmã, ambas respondendo direto à Convenção Estadual, a CEADEB. Desde sua
emancipação que a ADLEM está sob a direção do Pastor Edvan Carvalho dos
Santos, que por ser seu pastor na época da citada emancipação, adquiriu o posto de
Pastor presidente da mesma.
3.4 O Estatuto da ADLEM

A ADLEM (o mesmo acontece com qualquer igreja local que seja


emancipada) é dirigida por um Pastore Presidente; Pastores e/ou ministros adjuntos;
pela mesa diretora; pelo corpo de obreiros e pelos membros em geral. Sendo
desassociada com o Estado, a ADLEM é regida por estatuto próprio, com sistema de
governo episcopal. Tanto os atos da diretoria, como os fins a que se presta constam
em estatutos próprios, registrado em Cartório de Registros. O estatuto da ADLEM
encontra base legal no Código Civil de 2002 (art. 65) e na Lei 6.015/73 (artigos 114
a 121).
O estatuto da ADLEM conta com 53 artigos (cópia em anexo) distribuídos
da forma que segue:
a) Preâmbulo= introdução no qual constam os fins para os quais se presta o
estatuto. “(...) tendo em vista a promoção da paz, disciplina, unidade e edificação do
povo de Cristo (...)”;
b) Capítulo I, Artigos 1º e 2º= tratam sobre o nome, fundação, sede, duração e
foro. Destaca-se que sua duração é por tempo indeterminado e de onde advém seu
embasamento, conforme consta nos §§2º e 3º, do artigo primeiro;
Art. 1º - A Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Luís Eduardo
Magalhães (neste estatuto sob a sigla ADLEM), Estado da Bahia, com
base jurídica no art. 5º. Caput, incisos II, IV, VI, VII, VIII, XVI, XVII, XVIII e
XXI da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, e pelo
Código Civil Brasileiro aprovado pela Lei n.º 10.406 de 10/01/2002, com
base no Título II - das Pessoas Jurídicas e Capítulo I, fundada em 25 de
Outubro de 1987, (...) tendo seu Estatuto registrado no competente livro
A07 do registro de pessoas jurídicas n.º A-09, sob n.º 989, de 8 de maio de
2001, fica reformado e alterado por ato da Assembléia Geral Extraordinária,
com a seguinte redação:
(...)
§ 2º - Sua duração será por tempo indeterminado, só podendo ser
dissolvida por 2/3 (dois terços) de votos em 2 (duas) Assembléias Gerais,
convocadas por edital, sendo publicado nos jornais de maior circulação da
cidade e região onde ela tem seu foro, ou em virtude de decisão judicial,
afixado nos murais dos templos para conhecimento dos demais membros.
§ 3º - A Igreja reger-se-á pela Bíblia Sagrada e por este Estatuto.
c) Capítulo II, Artigo 3º= trata sobre seus fins. Ali consta que sua pretensão é
pregar o evangelho bíblico, promover escolas bíblicas, realizar encontro de casais,
dentre outros;
Art. 3º - A ADLEM tem por finalidade:
I – pregar o evangelho, discipular e batizar novos convertidos;
(...)
III – promover escolas bíblicas, seminários, congressos, simpósios,
cruzadas evangelísticas, encontros para casais, jovens, adolescentes,
crianças, evangelismo pessoal e outras atividades espirituais;
(...)
§ 2º - A ADLEM, com seus setores e congregações, compartilha as regras
de fé e práticas doutrinárias definidas por este estatuto e por seu
regimento, (...)
§ 3º - A ADLEM, como entidade religiosa, poderá evangelizar e organizar
trabalhos evangelísticos na cidade de Luís Eduardo Magalhães, BA, e
cooperar com as igrejas co-irmãs em todo o território nacional e com a obra
missionária internacional utilizando-se, para isso, de todos os métodos,
formas e meios cabíveis, dentro dos parâmetros legais.
d) Capítulo III, Artigos de 4º a 14= trata sobre os membros, sobre sua admissão,
em seus direitos, deveres e desligamento, bem como seu credo, constante do artigo
5º do estatuto;
Art. 4º - Membros são pessoas que fazem parte desta corporação religiosa
cristã com a finalidade de receberem orientações fundamentadas na Bíblia
Sagrada, (...)
Art. 5º - A ADLEM terá número ilimitado de membros, os quais serão
admitidos na qualidade de crentes em Nosso Senhor Jesus Cristo, pessoas
de ambos os sexos, sem restrições de nacionalidade e raça, condição
social e política, batizados por imersão, em nome do Pai, do Filho, e do
Espírito Santo, (...), obedecendo o seguinte credo:
(...)
Art. 6º - A admissão ao quadro de membros far-se-á obedecidos os
requisitos deste Estatuto, como também os que estiverem exarados no
Regimento Interno e Regulamentos aprovados com força estatutária,
mediante conhecimento prévio das atividades e objetivos da igreja e todos
os seus segmentos, acompanhada de declaração da aceitação das normas
que constam nos Institutos supracitados, firmada pelo membro, inclusive,
confissão expressa do que crê:
I – no credo supracitado;
II – na liturgia da igreja, em suas diversas formas e práticas, suas doutrinas
e costumes.
(...)
Art. 7º - São direitos dos membros da igreja:
I – Tomar parte nas Assembléias Gerais Ordinárias e Extraordinárias;
II – Votar e ser votado, nomeado ou credenciado desde que seus nomes
sejam previamente aprovados pelo Ministério;
III – Recorrer em primeira instância ao Ministério e em última instância à
Assembléia Geral, ou ao Conselho Ministerial, conforme o caso de
relevância e complexidade, dos atos praticados por órgãos da
administração ou por autoridade eclesiástica da ADLEM, quando
inconvenientes;
(...)
V - Receber orientação e assistência espiritual e social.
Parágrafo único – O membro para ser nomeado, credenciado ou
concorrer à eleição para qualquer cargo administrativo da Igreja deve,
necessariamente, preencher os requisitos satisfatórios exarados neste
Estatuto.
Art. 8º - São deveres dos membros da Igreja:
I – Cumprir e fazer cumprir o presente Estatuto, as decisões ministeriais,
pastorais e das assembléias;
(...)
IV – Zelar pelo patrimônio moral, (...);
V – Abster-se da prática de ato sexual antes do casamento, extraconjugal,
e nas formas homossexuais (pederastia e lesbianismo) e outras perversões
que contrariam os princípios Bíblicos e costumes da ADLEM;
(...)
X – Honrar e amar, sem acepção de pessoas (...)
Art. 9º - Perderá sua condição de membro, inclusive seus cargos e funções
pertencentes ou não à Diretoria ou ao Ministério, aquele que:
(...)
III – Deixar de cumprir o disposto neste Estatuto e desviar dos preceitos
bíblicos recomendados como regra e ensinamento;
IV – Praticar as imoralidades sexuais exaradas no inciso V do Artigo 8º
deste Estatuto e conforme dispõem as Epístolas aos 1 Coríntios, capítulo 6
versículo 9 e 10 e aos Romanos capítulo 1 versículo 27 e 28, tais como:
a) Adultério (Ex 20.14);
b) Fornicação (Ex 20.14);
c) Prostituição (Ex 20.14);
d) Homossexualismo (Rm 1. 26-28);
e) Bestialismo (prática de relação sexual com animal) (Lv 18.23-24);
(...)
VI – Praticar bigamia e quaisquer atos imorais à sociedade cristã;
VII – Praticar pedofilia;
(...)
X - For condenado pela prática de crime previsto pela lei, e/ou
demonstrado pela condenação em processo com trânsito em julgado (Rm
13. 1-7);
(...)
Art. 10 – Ao Membro acusado são assegurados o contraditório e a ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
(...)
Art. 12 – Não serão objeto de prova os fatos notórios, incontroversos (...)
(...)
e) Capítulo IV, Artigos de 15 a 19= trata das assembléias;
f) Capítulo V, Artigo 20= trata do ministério;
g) Capítulo VI, Artigos de 21 a 23= trata sobre as reuniões do Ministério;
h) Capítulo VII, Artigos de 24 a 30= Cuida da administração da ADLEM;
i) Capítulo VIII, Artigo 31= é a parte que cuida do conselho fiscal e suas
atribuições;
j) Capítulo IX, Artigos de 32 a 34= Trata da soberania da ADLEM;
Art. 32 - A ADLEM é soberana, com poderes para resolver todas as causas
internas e externas, de ordem administrativa, jurídica, material, moral e
espiritual, que venham a surgir no seu seio, através dos seus órgãos de
deliberação interna, tais como Presidência, Diretoria, Conselho Ministerial,
Ministério e Assembléia Geral.
Art. 33 - A ADLEM tem por regra básica, e acima de qualquer outra norma
legal, a Bíblia Sagrada que é a infalível Palavra de Deus, e a seguir este
Estatuto, de acordo com a legislação pertinente, sendo representada
judicial e extrajudicialmente, na seguinte ordem:
I - Pastor Presidente;
II - Diretoria;
III - Ministério da Igreja.
k) Capítulo X, Artigos 35 e 36= tratam dos recursos de que dispõem e sua
devida aplicação;
l) Capítulo XI, Artigos 37 e 38= tratam das congregações, subordinadas à sede,
e seus superintendentes;
m) Capítulo XII, Artigo 39= é o capítulo que trata do patrimônio;
n) Capítulo XIII, Artigo 40= trata do posicionamento ideal do membro da ADLEM,
bem como da disciplina para o membro que não se portar adequadamente;
Art. 40 - A Igreja reserva-se o direito de aplicar, em toda a sua jurisdição,
medidas disciplinares, conforme preceitua este Estatuto, na consecução
dos fins para os quais ela existe.
(...)
§ 2º - A Igreja conservará a doutrina e os princípios da Assembléia de Deus
no Brasil, em consonância com a Bíblia Sagrada.
o) Capítulo XIV, Artigos de 41 a 43= tratam das regras para a constituição de um
membro em obreiro, bem como este pode deixar de vir a sê-lo, perdendo seu
mandato, com destaque para parte do artigo 43, que apresenta alguns motivos para
a perda do mandato;
Art.43 - Os pastores, evangelistas, presbíteros, diáconos e
Auxiliares/Cooperadores, ou qualquer outro membro da Igreja, poderão ser
afastados dos cargos que ocupam, ou desligado do rol de membros, caso
venham praticar os seguintes atos:
I - Violação dos preceitos contidos neste Estatuto;
II - Crimes culposos e dolosos, contra a vida, a integridade física, a honra,
os bons costumes, a família, a saúde e demais assemelhados, dispostos
no Código Penal Brasileiro e demais legislações específicas;
(...)
p) Capítulo XV, artigos de 44 a 53= que é o fechamento do estatuto, trazendo
disposições finais.
Assim, pelo exposto, se observa que a o funcionamento da ADLEM está
amparado pela Constituição Federal de 1988, conforme artigos supra, e que, abre
suas portas para qualquer pessoa que queira ser membro dela, desde que se sujeite
ao seu estatuto.
Ainda, é princípio da ADLEM, a promoção da harmonia familiar. Para tanto
se baseia na Bíblia Sagrada, que aceita somente pessoas heterossexuais, como
membros dela. Entendendo assim estar promovendo o bem social e principalmente
de seus membros. Em suma, tem total direito de ditar regras, vez que se encontra
dissociada do Estado, deixando claro suas regras para a membresia de qualquer
pessoa.
4 PLC I22/2006 – HISTÓRICO E FINALIDADES

A comunidade GLSBTT (Gay, Lésbica, Simpatizante, Bissexual, Travesti e


Transexual), que vinha sofrendo agressões físicas, ocasionando em algumas vezes
a morte, procuraram o poder legislativo, na pessoa da então deputada do PT/SP Iara
Bernardi, que era Coordenadora da FPMLES (Frente Parlamentar Mista pela Livre
Expressão Sexual), para que tomasse alguma providência.
A Deputada, tendo analisado o caso, apresentou projeto de lei 5003/2001,
em 7 de agosto de 2001, com a suprema intenção de combater a discriminação e o
preconceito. O projeto não foi à frente, sendo arquivado em fevereiro de 2003.
Quando o assunto chegou ao conhecimento da CCJC (Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara) da Câmera dos Deputados, foram apensados
outros projetos de teor parecidos, quais sejam: o PL 5/2003, da própria Deputada
Iara; o PL 381/2003, do Dep. Maurício Rabelo; o PL 3143/2004, da Dep. Laura
Carneiro; o PL 3770/2004, do Dep. Eduardo Valverde e o PL 4243/2004, do Dep.
Edson Duarte. Assim, a CCJC aprovou sem maiores ressalvas.
O Dr. Paulo Costa, consultor jurídico do Senado, e que participou da
audiência sobre o PLC 122/2006, informa que esta aprovação não atendeu aos
ditames do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.
Estranho ressaltar que no despacho inicial do então Presidente da Câmara
dos Deputados Dep. Aécio Neves, não enviou projeto para a Comissão de
Direitos Humanos como prevê o art. 32, XVI do Regimento Interno
prejudicando a discussão do mérito, diferente do que faz agora o Senado.
O PL iniciou já com flagrante desrespeito regimental. (COSTA: 2007, NÃO
PAGINADO).
Afirma ainda que o projeto foi aprovado em dia impróprio para aprovação
de projetos polêmicos. Motivo que justifica ter sido aprovado sem ressalvas.
(...) pedindo regime de urgência à matéria, que só foi apreciado 7 meses
depois em Novembro de 2006, em plena quinta-feira, dia que normalmente
não há votações de projetos polêmicos, e a matéria foi aprovada sem
discussão e votação simbólica, sem nenhuma emenda de plenário nem
destaques, (...) (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO).
Tendo o PL 5003/2001, com seus apensos, sido aprovado na Câmara dos
Deputados, foi para o Senado Federal, seguindo assim o processo legislativo,
recebendo neste o número de PLC 122/2006 (o inteiro teor se encontra em anexo,
que tem 12 artigos). Em anexo encontra-se sua tramitação no Senado, que
atualmente encontra-se em análise com a CAS (Comissão de Assuntos Sociais),
desde 04 de agosto de 2008.
Observou-se que já existia lei que tratava do preconceito, se tornou
inviável a criação de nova lei para tal. Assim, adaptaram o projeto de lei (PL) para
projeto de lei câmara (PLC), com a intenção de fazer adaptação em lei existente.
Então o PLC 122/2006 tem a intenção de alterar a Lei 7.716/89, que é a lei anti-
discriminação e preconceito, elaborada logo após a CF/88; de dar nova redação ao
§3º do Artigo 140 do CPB (Código Penal Brasileiro) e ao Artigo 5º da CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho).
Altera a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes
resultantes de preconceito de raça ou de cor, dá nova redação ao § 3º, do
art. 140, do Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940— Código
Penal — e ao art. 5º, da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e dá outras providências.
(EMENTA DO PROJETO)
Verificam-se agora as alterações na CLT e no CP, pretendidos pelo PLC.
O texto atual do Artigo 5º da CLT traz a seguinte redação: “Art. 5º. A todo trabalho
de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo”. A proposta é que
seja acrescentado o parágrafo único
Parágrafo único: Fica proibida a adoção de qualquer prática
discriminatória e limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou
sua manutenção, por motivo de sexo, orientação sexual e identidade de
gênero, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade,
ressalvadas, neste caso, as hipóteses de proteção ao menor previstas no
inciso XXXIII do art.7º da Constituição Federal”.
Com relação ao CP, assim diz atualmente o §3º do artigo 140

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,


etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência:

Pena – reclusão, de um a três anos e multa.

A nova redação sugerida é:

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor,


etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e
identidade de gênero, ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência.

Finalmente, o PLC pretende alterar a lei 7.716/89, iniciando pela ementa,


pois no texto original assim se encontra: “Define os crimes resultantes de
preconceitos de raça ou de cor”. A nova ementa sugerida é: “Define os crimes
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência
nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero (NR)”.
No que diz respeito à ADLEM, dos 12 artigos do PLC somente os artigos
1º, 2º, 3º, parte do 5º, 7º, 8º, conforme segue:

Art. 1º Altera a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, definindo os crimes


resultantes de discriminação ou preconceito de gênero, sexo, orientação
sexual e identidade de gênero.

Art. 2º A ementa da lei passa vigorar com a seguinte redação:

Define os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor,


etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e
identidade de gênero (NR)

Art. 3º O artigo 1º, da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passam a


vigorar com a seguinte redação:

Art. 1º Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de


discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência
nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. (NR)

Art. 5º Os artigos 5º, 6º e 7º, da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989,


passam a vigorar com a seguinte redação:

Art. 5º Impedir. recusar ou proibir o ingresso ou permanência em qualquer


ambiente ou estabelecimento público ou privado, aberto ao público;
Pena — reclusão de um a três anos

Art. 7° A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar acrescida


dos seguintes art. 8º-A e 8º-B:

Art. 8º-A. Impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade


em locais públicos ou privados abertos ao público, em virtude das
características previstas no artigo 1º;

Pena: reclusão de dois a cinco anos.

Art. 8º-B. Proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do


cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e
manifestações permitidas aos demais cidadãs ou cidadãos.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.’

Art. 8º Os artigos 16 e 20, da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passam


a vigorar com a seguinte redação:

Art. 16. Constitui efeito da condenação;

(...)

III — proibição de acesso a créditos concedidos pelo Poder Público e suas


instituições financeiras, ou a programas de incentivo ao desenvolvimento
por estes instituídos ou mantidos;
(...)

V— multa de até 10.000 (dez mil) UFIRs, podendo ser multiplicada em até
10 (dez) vezes em caso de reincidência, e levando-se em conta a
capacidade financeira do infrator.

VI — suspensão do funcionamento dos estabelecimentos por prazo não


superior a três meses.

§ 3º Em qualquer caso, o prazo de inabilitação será de doze meses


contados da data da aplicação da sanção.

(...)

‘Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça,


cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e
identidade de gênero.

(...)

§ 5º O disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação


violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética,
filosófica ou psicológica; (NR)’

Portanto observa-se que o PLC 122/2006 teve sua finalidade original


alterada. Originariamente, a idéia de preservar a integridade física e moral do
homossexual é plausível, digna de nota. É ponto que deve ser defendido por todos,
principalmente pelo legislador federal. A mídia deve ocupar parte de seu tempo
mostrando à sociedade que também carecem de respeito. Todavia, o direito
homossexual pode prevalecer em face de outros direitos também necessários, como
é o caso das crianças, dos idosos, da mulher, do empregado, da associação dentre
outros. De todos estes ora citados, todos são possíveis de serem encontrados no
contexto da ADLEM. Isto deve ser visto pelo legislador.
5 PLC I22/2006 E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Em seu parecer, enviado ao Senado, Paulo Fernando de Melo da Costa,


conclui que o Projeto deve ser totalmente rejeitado por aquela casa e fundamenta:

O motivo central pelo qual esse projeto deve ser totalmente rejeitado é pela
flagrante inconstitucionalidade e injuridicidade e má técnica legislativa
conforme descreveremos: A prática do homossexualismo não acrescenta
direitos a ninguém. Se um homossexual praticante tem algum direito,
conserva-o apesar de ser homossexual, e não por ser homossexual. O
toxicônamo, o bêbado e a prostituta têm direitos como pessoas, mas não
por causa da toxicomania, embriaguez ou prostituição. Mas pelo simples
fatos de serem pessoas!! (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO)

5.1 Princípios da igualdade e isonomia

Entenda-se igualdade como o direito que cada um tem de ser considerado


e tratado igual a qualquer pessoa. A isonomia por sua vez é o inverso, é a obrigação
que tem o Estado de tratar estes individuais iguais, sem discriminação, preconceito
ou favorecimento, logo, um tratamento objetivo.

5.1.1 Princípio da igualdade

É sabido que com a aprovação da constituição em 1988, a norma geral da


nação, faz-se necessário que se criem as normas específicas, para que haja
regularidade e efetividade no pensamento e propósito do legislador, que, por via de
regra, é o bem comum de todos.

Assim, no ano seguinte a aprovação da CF/88, foi criada e aprovada a Lei


7.716/89, que tem como fulcro a igualdade de todos, coibindo assim discriminações
que existem e que têm contexto histórico, em todo o mundo. O Brasil é inclusive
considerado um dos melhores países para se morar, devido haver “igualdade”,
respeito ao ser humano, bem diferente de alguns países, onde a mulher ainda é
tratada como objeto, por exemplo.

A desigualdade existente à época da Lei 7.716/89, e que ainda é


percebida hoje, é o fato de pessoas se sentirem diferentes, melhores que outras
pessoas pelo simples fato de terem algo a mais, ou a menos, ou ainda por motivo de
terem nascido com algo que distancia um do outro, que os torna diferentes.
Observa-se então, que o legislador procurou deixar iguais os que não são diferentes,
pois todos são seres humanos, passíveis dos mesmos direitos e deveres, mas que
têm algo que, contra sua vontade, os distingue de alguns. É o caso da côr; da idade;
do sexo; da origem; da altura; do aspecto físico, dentre outros. Algo que ocorre a
cada um que se posiciona além da sua vontade, não estando submissa à
subjetividade. O indivíduo é de tal forma e só. Assim, o legislador criou a igualdade
formal.

Sobre isto COSTA (2007, NÃO PAGINADO) declara que o texto do PLC
122/2006

ao invés de mitigar preconceitos e discriminações (que seria o seu


objetivo), contraditoriamente, labora em sentido diametralmente oposto.
Uma vez retirado de seu texto o direito à não preterição (o que se traduz
em igualdade), mas incriminando quem discorde de comportamentos que a
franca maioria da sociedade brasileira não aceita, cria o preconceito de
certa superioridade, de acordo com a linguagem utilizada, de alguns
“gêneros” e discrimina essa mesma maioria ou quem adverse com esses
modelos de conduta e pensamento. Não apenas fomenta, mas,
efetivamente, erige uma classe, por assim dizer, de iguais, mais iguais que
os demais (a franca maioria da população).

O doutrinador Alexandre Morais, sobre o princípio da igualdade, diz que a


intenção do legislador constituinte é evitar ou vedar “as diferenciações arbitrárias, as
discriminações absurdas, pois, o tratamento desigual dos casos desiguais, na
medida em que se desigualam, é exigência tradicional do próprio conceito de
Justiça” (MORAES: 2005, p. 31). Assim, todos já têm direitos resguardados por
serem pessoas. Estes direitos são iguais e garantidos a qualquer pessoa, de forma
difusa. Porém, grupos à parte, ao se reunirem e buscarem novos direitos para si, se
encaixam na classe dos que se desigualam, que devem ser tratados desiguais,
todavia garantindo seus direitos desiguais. Deveras, na interpretação do ilustre
Mestre, os interesses de um grupo isolado não pode prevalecer contra outros grupos
ou o restante da sociedade. Pensamento este que tem ultrapassado milênios,
anterior à época cristã, no calendário gregoriano, pois deriva-se de Aristóteles (384-
322 a.C.). (MOUTINHO: 2001, NÃO PAGINADO).

Logo, acrescentar os termos “gênero, sexo, orientação sexual e identidade


de gênero” à Lei 7.716/89, que desde sua origem alcança a todos, é dar-lhe um
sentido parcial, favorecendo a quem se enquadre nos ditos termos, em detrimento
do sentido originário que esta lei tem. Caso isto ocorra, ter-se-á

Uma classe de brasileiros, mais brasileiros que a maioria dos demais


brasileiros, além da perniciosa idéia de que a minoria, traduzidos em certos
“gêneros”, está e é mais certos que os outros, porquanto não admita
qualquer tipo de contraste, (...), ‘de ordem moral, ética, filosófica ou
psicológica’, ferindo o princípio da isonomia e de outras garantias
constitucionais fundamentais, eis que o projeto de lei em discussão não
admite a diversidade de pensamento e, nem no foro mais íntimo, de
crença. A polícia, tanto ideológica, quanto a repressiva, serve, segundo o
texto do projeto de lei, particularmente para a moral, a ética, a filosofia e a
psicologia. (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO)

Outrossim, os termos que ora constam na lei anti-discriminação, são


revestidos de imprescritibilidade, pois conforme já exposto, referem-se à escolhas
externas ao ser, salvo no caso da religião, que no Brasil trata-se de escolha do fiel.
Os termos “gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero” referem-se a
escolhas feitas pelo indivíduo, logo prescritível. Júlio Severo em seu artigo “As
Ilusões do Movimento Gay” (SEVERO: 2003), relaciona vários casos de pessoas
que retornaram à prática da heterossexualidade, por vontade própria. Percebe-se
que é uma escolha. Logo prescritível. Danoso seria colocar tais escolhas gravadas
de imprescritibilidade.

Equiparação da condição ou orientação sexual à raça, cor, etnia, religião


ou procedência nacional? Coroar os chamados crimes de homofobia de
imprescritibilidade e inafiançabilidade, reservadas aos crimes de
discriminação racial, chega a ser, data vênia uma aberração jurídica (...) A
orientação sexual de um indivíduo não enquadra no conceito de raça, nem
tampouco de cor, etnia, religião ou procedência nacional, a menos que se
queira, por força de lei, impingi-las como tais à população brasileira. A
condição homossexual não é raça, nem tampouco a bissexual é etnia ou o
travestismo é religião. (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO)

Nosso ordenamento jurídico como um todo, no que tange a igualdade


geral, não considerando os grupos, a igualdade formal, prioriza o ser e não suas
práticas. O ser não pode ser rejeitado pela sociedade, já suas práticas, nem sempre
se encaixam no dever ser da mesma sociedade, então,

(...) equívoca, portanto, e absolutamente inadequada a inserção da matéria


contra a discriminação da orientação sexual, na Lei n.º7.716/89, definidora
dos crimes de preconceito de raça ou de cor, uma vez que de preconceito
não se trata, mas de conceito formado de comportamentos, (COSTA: 2007,
NÃO PAGINADO)
5.1.2 Princípio a isonomia

Se aprovado o PLC 122/2006 assim prescreverá o artigo 8º A e 8º B da


Lei 7.716/89

´Art. 8º-A. Impedir ou restringir a expressão e a manifestação de


afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público, em
virtude das características previstas no artigo 1º;

Pena: reclusão de dois a cinco anos`.

´Art. 8º-B. Proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do


cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, (...).

Pena: reclusão de dois a cinco anos`.

Em primeiro plano, observa-se que o artigo se refere à “manifestação e


afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público”. O termo da forma
como se encontra pode abranger uma variedade de atos e comportamento que pode
variar de uma carícia aos atos mais obscenos imagináveis. De pronto se sabe que
existem restrições inclusive para os heterossexuais, pois a depender da prática e do
local, será tido como ato libidinoso, ferindo o pudor público, passível de pena
conforme Código Penal. “Nem os heterossexuais possuem direito irrestrito de
demonstrar afeto em público” (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO apud KRAUSE:
2006, p. 1269).

Ora, como a isonomia trata-se do meio ou instrumento para efetivar o


governo sobre os indivíduos, os artigos citados, quebram este princípio, pois o poder
público estaria considerando parcialmente e não isonomicamente o governado.
Todos devem estar encaixados sob a tutela da mesma lei. Partindo para o lado do
particular e não mais do geral, cada um é responsável pela escolha que faz.

Os direitos que devem ser garantidos aos “gêneros” são aqueles mesmos
que devem ser garantidos a todas as pessoas; e não, criar super-direitos
para tal ou qual grupo de pessoas, tornando-a imune a críticas. (...) na
realidade, procuram conferir aos chamados “gêneros” maiores direitos e
melhores condições de tratamento do que aqueles dispensados ao povo
brasileiro de um modo geral, conforme determinam os princípios
constitucionais. (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO).
Portanto, é ineficaz a tentativa de utilizar de meios coercitivos penais ou o
próprio Código Penal para preservar a honra, a dignidade da pessoa humana, a
integridade ou a liberdade sexual, pois pelo princípio da isonomia estes direitos já se
encontram garantidos. Já nasceram com estes direitos.

5.2 Princípio da legalidade constitucional

O autor deste trabalho tem esclarecido alguns termos relacionados à


homossexualidade por julgar necessário à compreensão da matéria. Porém em
matéria jurídica tais termos ainda não são utilizados, vez que se torna difícil sua
tipificação legal. Alguns dos termos são ambíguos, ou como dizem alguns, elásticos,
dando vazão a várias interpretações sobre seu real significado. São assim termos
conhecidos por alguns da classe que os utiliza (GLSBTT), mas ignorado pelos
demais.

O PLC 122/2006 trata dos termos do art. 1º de forma vaga, não apresenta
especificidade. Termos genéricos prejudicam a interpretação e a aplicação legal.
Por exemplo: Art. 1º - “Esta Lei altera a Lei (...) definindo os crimes resultantes de
discriminação ou preconceito de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de
gênero.”. Para efeitos legais torna-se difícil compreender o que seja “gênero, sexo,
orientação sexual e identidade de gênero”. Inúmeros serão os recursos que serão
impetrados na justiça por causa destes termos, se aprovado o PLC. Tornar-se-ia
difícil incriminar alguém por preconceito de “gênero” ou “identidade de gênero”

(...) a conduta prevista na norma deve se encaixar como uma luva na


conduta praticada pelo agente e o bem juridicamente protegido deve ser
reconhecido, sob pena de se estabelecer a opressão do cidadão frente aos
interesses do Estado ou de seus agentes. (...). (COSTA: 2007, NÃO
PAGINADO)

A Carta Política no art.5 º, XXXIX, prescreve que para cada tipo penal que
se pretenda punir, previamente precisa haver consenso, harmonia na interpretação e
no entendimento de cada expressão. É o que chama de “prévia cominação legal”.
Não são permitidas interpretações discricionárias. Os doutrinadores têm se
desdobrado para melhorar a interpretação do termo legal, mas nem um deles
externa qualquer interpretação sobre expressão que não seja clara, pelo contrário,
sempre corroboram no sentido de se harmonizar os termos.

Em suma só pode ser apenado o que for compreendido. Nas palavras do


Doutor Bosco Pavão, professor de Antropologia Jurídica, “o mundo só é conhecido
pelas palavras”. “Data vênia”, o que não é compreensível não pode ser, todavia
punível.

Para que possa ser apreciada e efetivada a punição sobre certa conduta,
é necessário que se determine quem é o sujeito ativo e o sujeito passivo; qual a
conduta punível, por ação ou emissão, como preceitua a Lei complementar 95/88
que trata da boa técnica legislativa. O PLC, que se apresentou inicialmente bem
intencionado, além de ter seu rumo alterado, pois agora ultrapassa o limite da
igualdade, demonstra ter sido mal elaborado. Observa-se isto principalmente no
artigo 8º B, que não especifica em quais circunstâncias e hipóteses ocorrerão ação
ou a omissão. Isto deveria ter sido feito por meio de parágrafos, incisos e alíneas.
Expressões como “condutas discriminatórias” precisam ser esclarecidas.

A multa para quem descumprir o pretenso texto alterado da lei 7.716/89,


conforme o artigo 16, V, está em UFIR. O correto seria utilizar unidade de valor
atual, ou seja, o Real.

A multa preceituada no inciso V, de 10 mil UFIR é equivocada já que ela foi


extinta em decorrência do §3º do Art. 29 da Medida Provisória 2095-76,
portanto deve o texto referir-se a unidade atual de valor. (COSTA: 2007,
NÃO PAGINADO).

Falando ainda sobre a má técnica legislativa utilizada na elaboração do


PLC 122/2006, é questionável qual a intenção do legislador quando estabeleceu
penas mais severas que as do Código Penal, previstas para ações criminosas. A
punição deve ter a intenção de coibir ações indesejadas ao tipo penal ou ainda
pretende evitar que voltem a se repetir. Espera-se que sirva de exemplo para os
demais. Assim, mesmo sendo uma pena, a intenção principal é a pacificação da
sociedade. As penas assim são adequadas ao ato realizado. Por exemplo, os crimes
contra a vida recebem pena maior que os crimes contra o patrimônio, e daí por
diante. Sempre deve ser levado em conta o princípio da intervenção mínima, da
proporcionalidade e da pessoalidade da pena.

Sobre o Princípio da intervenção mínima Damásio de Jesus diz que por


este princípio deve procurar

Restringir ou impedir o arbítrio do legislador, no sentido de evitar a


definição desnecessária de crimes e a imposição de penas injustas,
desumanas ou cruéis, a criação de tipos delituosos deve obedecer à
imprescindibilidade, só devendo intervir o Estado, por intermédio do Direito
Penal, quando os outros ramos do direito não conseguirem prevenir a
conduta ilícita. (JESUS: 2005, p. 10)

Observa-se então, que na visão do Professor Damásio, não há


necessidade de se criar leis que transmitam penas, sem antes extinguir todas as
possibilidades disponíveis em outras leis. É a pena bem como o Direito Penal a
“última rátio”, a última coisa a ser invocada, a última razão.

Ainda sobre leis abusivas, o mesmo Professor (JESUS: 2005, p. 11)


comenta sobre o princípio da proporcionalidade da pena, que também é conhecido
como princípio da proibição de excesso, daí entender-se que a culpabilidade é a
medida da pena: “(...) determina que a pena não pode ser superior ao grau de
responsabilidade pela prática do fato. Significa que a pena deve ser medida pela
culpabilidade do autor”.

Já o princípio da pessoalidade da pena, é claro e de fácil compreensão,


pois por ele, só deve ser punido quem cometer o delito. Porém, conforme se
encontra no projeto, será punida a instituição e não o agente, o que acarretará
efeitos no âmbito tributário inclusive. Portanto está claro que não houve técnica
legislativa na elaboração do projeto.

Desta feita, comparando a pena com o tipo penal, há clara disparidade,


pois as penas são excessivas aos tipos penais, senão veja: num homicídio culposo
pode acarretar pena máxima de 03 anos ao agente.

Art. 121. Matar alguém:

§ 3º Se o homicídio é culposo:

Pena – detenção, de um a três anos.


No caso de uma lesão corporal dolosa, ou seja, com a inequívoca vontade
de agredir, o criminoso pode pegar de 03 três meses a 1 ano de prisão.

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena – detenção, de três meses a um ano.

Voltando a atenção para o PLC, caso alguém faça manifestação pública


de discordar com as práticas homossexuais, observe que não se trata do
homossexual, mas simplesmente da discordância da prática da homossexualidade,
ainda que de forma puramente filosófica ou científica, não havendo indo até o campo
da agressão física ou até mesmo verbal, pois não se estaria se dirigindo a ninguém
em específico, pode ensejar pena de 02 a 05 anos e multa. Outro exemplo é o caso
de alguém ofender um homossexual a pena será de 2 a 5 anos de reclusão, porém
se vir a matá-lo, por culpa, terá detenção de 1 a 3 anos, podendo substituir pela
pena pecuniária da fiança. Mais uma comparação, é o fato de alguém dar um tapa
numa lésbica. Será enquadrado no tipo penal de lesão corporal simples, com pena
de que varia de 3 meses a 1 ano ou multa. Porém se esta mesma lésbica for
chamada de “lésbica”, poderá ser interpretado como xingamento, momento em que
os efeitos variariam, não mais de meses, mas de 1 a 3 anos ou multa. Não há lógica!

A nova redação pretendida para a Lei 7.716/89, quase que de início a fim
é composta por penalidade de dois a cinco anos. Não tem havido proporcionalidade,
conforme preceitua o professor Damásio. “Ou seja, por exemplo, aplicar uma surra
no homossexual a pena é menor do que simplesmente dizer que não concorda com
o homossexualismo” (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO).

Defende-se a idéia da criação de leis anti-homofobia, pelo fato de muitos


já terem sido mortos. Porém em muitas causas justas, pessoas foram mortas,
principalmente para se garantir os direitos constitucionais que hora vigoram no Brasil
e que atendem a todos, conforme já citado. Porém não é de bom alvitre
desconsiderar o código penal, que trata dos crimes contra a vida, como é o caso do
Artigo 121, que disciplina pena contra o homicídio, em detrimento do sentimento de
discriminação. Ter-se a discriminação mais importante e merecedora de atenção do
poder legislativo, mais que o homicídio, não é de bom alvitre. É justamente isto que
ocorre, pois todos são garantidos pela lei. Na expressão “todos” estão os
homossexuais (GLSBTT). Crime de morte contra qualquer pessoa é previsto pelo
Código Penal, e qualquer espécie de discriminação está garantida pela Lei 7.716/89.
Logo a pretensão do PLC é excessiva, incabível e desnecessária. Com certeza os
legisladores têm mais o que fazer, para promover a igualdade, do que procurar o
que já se encontrou.

Por último, assim discorrerá o parágrafo 2º do artigo 20–B da lei 7.716/89,


se aprovado:

Art. 20-B. A interpretação dos dispositivos dessa lei e de iodos os


instrumentos normativos de proteção dos direitos de igualdade, de
oportunidade e de tratamento, atenderá ao princípio da mais ampla
proteção dos direitos humanos.

(...)

§ 2º Para fins de interpretação e aplicação dessa lei, serão observadas,


sempre que mais benéficas em favor da luta anti-discriminatória, as
diretrizes traçadas pelas Cortes Internacionais de Direitos Humanos,
devidamente reconhecidas pelo Brasil.

Ocorre aí um conflito, pois as normas de Direito interno e internacional são


reguladas pela Constituição, não sendo objeto de lei ordinária. O que é absoluto no
Brasil é a Constituição Federal de 1988. Nem um tratado é superior à CF/88.
Quando ratificado, após verificação da equivalência com os interesses da Lei Maior,
o tratado “poderá” ter efeitos em território brasileiro, fora isto não valerá nada.

5.3 Princípio da liberdade de consciência

José Celso Mello Filho, citado pelo doutor Alexandre de Morais, assim
comenta sobre a liberdade de consciência:

(...) a liberdade de consciência constitui o núcleo de onde derivam as


demais liberdades do pensamento. É nela que reside o fundamento de toda
a atividade política co-partidária, cujo exercício não pode gerar restrição
aos direitos de seu titular. ( MORAES: 2005, p. 39, apud MELLO FILHO, p.
440)
Nestes termos, se percebe que a liberdade de consciência é o fundamento
da diferença que existe entre o ser humano e os demais animais. Assim, não basta
pensar, precisa ser individual, e esta individualidade é adquirida pela consciência
que cada um tem de si e do outro. Quando o indivíduo fala, está manifestando sua
consciência, e isto é totalmente garantido a todos.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

(...)

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

(...)

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado


o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa


nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de


convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei; (CF/88)

Os direitos acima, estatuídos na Carta Política de 1988, se igualam com


outros tantos que também recebem o mesmo resguardo legal, como, o direito à
intimidade (art. 5º, X, CF/88), à inviolabilidade de correspondência (art. 5º, XII,
CF/88), ao devido processo legal (Art. 5º, LIV, CF/88).

Há um grande contraste entre a filosofia homossexual e a filosofia da


ADLEM. Esta, conforme registrado em seu estatuto, tem regras predefinidas para a
aceitação de pessoas em seu corpo de membro. Isto está resguardado pelo direito
de culto. No desdobramento deste direito surge o ensinamento heterossexual, que é
o encontrado nas páginas da Bíblia Sagrada, principalmente no Novo Testamento,
que é a parte destinada especialmente à Igreja cristã. Por outro lado, se aprovado o
PLC, o §3º do artigo 20, da Lei 7.716/89, o novo texto deixa claro que sua
abrangência será para todas as classes da sociedade, e isto inclui muitos órgãos
(além da ADLEM), que não será aceito, por parte dos destinatários do projeto,
qualquer posição contrária, quer seja de “ordem moral, ética, filosófica, ou
psicológica”.

De pronto se observa que, se aprovado, a ideologia defendida pelos


homossexuais e pelo PLC 122/06 passaria a ser superior a qualquer pensamento,
consciência e manifestação de qualquer entidade ou pessoa. Ou seja, a sociedade
em detrimento de alguns. Isto é totalitarismo, que por sua vez “concentra todos os
direitos e regalias no Estado, excluindo sistematicamente as liberdades e
prerrogativas individuais” (PEKELMAN: 2007, NÃO PAGINADO). Em suma, pena
para quem discordar. “Abaixo a democracia”.

5.4 Princípio da liberdade de expressão

A Wikipédia, a enciclopédia livre, trata liberdade de expressão como “a


manifestação de opiniões livremente”, e continua dizendo que “é um conceito
basilar nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral.”

A liberdade todavia poderá ser reprimida pelo Estado em casos


excepcionais.

Os governos podem, sob a égide da Organização das Nações Unidas e


dos países que dela fazem parte, limitar formas particulares de expressão,
tais como aquelas que promovam o incitamento ao ódio racial, nacional ou
religioso ou ainda o apelo à violência contra um indivíduo ou uma
comunidade(o que coloca em contradição de legitimidade o próprio
conceito desta, visto que não existe liberdade sem a plenitude das livres
idéias; o direito mais básico de um ser humano é o de gostar ou não de
algo em específico, e algo tão instintivo não pode ser sequer oprimido pelo
estado anti-natural de coisas; a censura parcial e a censura plena são
partes de um mesmo todo; duas faces de uma mesma moeda
neuropressoróide - facto). (WIKIPEDIA).

O disposto nesta citação não se atribui a ADLEM, pois não tem objeção
alguma contra a pessoa, o homossexual. Como se baseia na Bíblia Sagrada, é
contra o ato homossexual, suas práticas, que ensina contrário.
Todavia, a pretenção do PLC de liberar em qualquer lugar a manifestação,
que é um tipo de expressão, de afetividade em geral em locais públicos ou privados
abertos ao público, corre-se o risco de esta manifestação ultrapassar limites
toleráveis para o ambiente. É sabido que existe ética, procedimento, ideal para cada
local que se freqüenta. É o caso de alguém ir à praia de terno, estará, de certa
forma, “fora do padrão local”. O mesmo ocorre com quem pretende entrar em um
tribunal de “short” ou mini-saia, não é aceito, tal pessoa será barrada de pronto, pois
há um padrão aceitável para aquele ambiente. Desta forma, este é um tipo de
liberdade que deve ser revisto, poderá causar problemas. A depender da
manifestação de afetividade, um casal hétero poderá ser convidado a se retirar de
um dos templos da ADLEM, pois configuraria irreverência, pois o local se presta
para outro fim. O mesmo é estendido aos homossexuais. Em resumo, não haverá
problema em um homossexual assistir culto em qualquer um dos templos da
ADLEM, porém a prática da homossexualidade dentro do templo não é permitida.

O Código Penal, tratando sobre “Do ultraje público ao pudor” discorre nos
artigos 233 a 238, que engloba também os crimes contra a entidade familiar.
Ficando claro que a Constituição Federal só reconhece como família a união entre
homem e mulher, dando inclusive ênfase a facilitação à regularidade civil do
casamento, para os que vivem em união estável, que não alcança, todavia os
homossexuais. Assim, um casal homossexual além de está na prática de crime
contra a família, poderá ter seus atos interpretados como um “desrespeito ao pudor
público”. Isto não está restrito unicamente aos templos da ADLEM, pois, em lugares
públicos, basta que assim seja interpretado por quem se sinta constrangido com o
ato, para que o crime seja configurado. Vide Julio Mirabete:

Embora toda pessoa seja dotada de pudor, um sentimento de vergonha


produzido ‘pelo que pode ferir a decência’, existe o que se denomina o
pudor coletivo, aquele que atende ou está em conformidade com os
costumes vigentes em determinado lugar e durante determinado tempo. O
pudor, sentimento adquirido e desconhecido entre os povos primitivos, é,
(...), ‘afirmação da cultura’. Quando um fato não obedece às regras
costumeiras observadas pela grande maioria dos cidadãos, ofende a
moralidade média da coletividade, merecendo repressão. (MIRABETE:
2005, p. 279)

Assim, certo ato poderá ser interpretado como obsceno. Se isto ocorrer,
poderá ser invocado o artigo 233 do CP (Código Penal). Este sim é um ato punível,
já consagrado desde 7 de dezembro de 1940.
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao
público:

Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Vê-se que o texto do PLC contraria esta Lei também. Além de não estar
de acordo com o pensamento original do renomado doutrinador Mirabete. Ele, na
página 480 do seu livro, diz entender como sujeito ativo, quem pratica atos de
“exibicionismo”.

Em suma, é direito de todos terem seus sentimentos religiosos


resguardados.

Art. 208. Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou


função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto
religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:

Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um


terço, sem prejuízo da correspondente à violência.

Assim, nem só a ADLEM deve ser preservada, mas toda e qualquer forma
de culto ou sentimento religioso. Ninguém poderá sequer perturbar uma cerimônia.
Vê-se implicitamente a obrigatoriedade de respeitar o ambiente religioso, não se
afastando do procedimento que ali seja adotado.

(..) perturbar (tumultuar, alterar, embaraçar, desorganizar, estorvar,


atrapalhar, desnormalizar) a cerimônia ou culto, qualquer que seja o meio
empregado (...). Basta o sobressalto do ministro ou dos fiéis para que
ocorra o crime na forma e perturbação. (MIRABETE: 2005, p. 405)

Ainda: “Cerimônias são as práticas religiosas mais solenes (missas,


procissões, casamentos, batizados etc.) e cultos às práticas destituídas de maiores
formalidades e solenidades (sermões, catecismos, orações, novenas etc.)”.
(MIRABETE: 2005, p. 405).

O ato da elaboração de leis não se restringe ao simples fato de colocar no


papel idéias com posterior aprovação pelo executivo, para em fim, poder exigir da
população. O legislador deve levar em consideração muita coisa, principalmente leis
previamente aprovadas, pois isto é ética legislativa, bem como deve analisar os
parâmetros morais, ou seja, se é moral a elaboração de alguma lei para a sociedade
de forma geral.
5.4.1 Liberdade de religião

A liberdade de religião, que é um dos desdobramentos da liberdade de


consciência é entendida como forma de expressar o que se encontra no seu
subjetivo.

Sobre a liberdade de religião, Alexandre Moraes assim disserta:


A conquista constitucional da liberdade religiosa é verdadeira consagração
de maturidade de um povo, pois, como salientado por Themístocles Brandão
Cavalcanti, é ela verdadeiro desdobramento da liberdade de pensamento e
manifestação. (...). O constrangimento à pessoa humana de forma a
renunciar sua fé representa o desrespeito à diversidade democrática de
idéias, filosofias e a própria diversidade espiritual. (MORAES: 2005, p. 40).
Ainda diz mais que
(...) na história das constituições brasileiras nem sempre foi assim, pois a
Constituição de 25 de março de 1824 consagrava a plena liberdade de
crença, restringindo, porém, a liberdade de culto, pois determinava em seu
art. 5º que ‘a Religião Catholica Apostólica Romana continuará a ser a
Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu
culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma
alguma exterior de templo’. Porém, já na 1ª Constituição da República, de 24
de fevereiro de 1891, no art. 72, §3º, foram consagradas as liberdades de
crença e de culto, estabelecendo-se que ‘todos os indivíduos e confissões
religiosas podem exercer pública e livremente o seu culto (...). (MORAES:
2005, p. 40).

Por fim, afirma que a Constituição Federal, “ao consagrar a inviolabilidade de


crença religiosa, está também assegurando plena proteção à liberdade de culto e a
suas liturgias”. (MORAIS: 2005, p. 41)

A nova redação desta Lei traduz, em síntese, a idéia de favorecimento dos


GLSBTT, em detrimento de outros grupos ou do indivíduo de forma geral, pois
quando a CF/88 reconheceu e ditou os direitos individuais, fez questão de levar em
consideração traços que o ser humano traz consigo no nascimento, para tanto o
legislador originário disse que “todos são iguais” (Art. 5º).
Quando o artigo oitavo expressamente diz que é digno de pena quem
“Impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais
públicos ou privados abertos ao público” dos GLSBTT, ainda na visão de COSTA
JR, em outra obra, este projeto visa criar “super-direitos”:
Trata-se de projeto inconstitucional porque a Constituição Federal
estabelece, no artigo 5º, como direito e garantia fundamental, que,
primeiramente, “homens” e “mulheres” são iguais em direitos e obrigações,
de modo que a Constituição não reconhece um terceiro gênero: o
homossexual. E, se assim o é, como um projeto de lei ordinária pode tentar
estabelecer super-direitos e a impossibilidade absoluta de crítica a um grupo
de pessoas que (...). (COSTA JR: 2007, NÃO PAGINADO)
Dentro desta visão, este “super-direitos”, seria também, indiretamente,
relacionado aos grupos evangélicos e seus seguimentos, como também à ADLEM,
pois ao se referir às manifestações de afetividade em qualquer lugar aberto ao
público, logo se refere às igrejas.
É sabido que em decorrência do direito de culto e/ou de religiosidade, os
grupos e seguimentos evangélicos têm o direito de escolherem como devem efetivar
suas crenças. No caso da ADLEM, conforme está expresso em seu estatuto, no
artigo 5º, tendo como base a Bíblia Sagrada composta por 66 livros.
Assim, percebe-se que a aprovação do PLC, dando direitos aos GLSBTT
de se expressarem e manifestarem da forma como bem lhes convierem, demonstra
impasse com o direito de religiosidade, que é um dos desdobramentos do princípio
da liberdade de consciência, supra.
Sobre esta temática podem ser encontradas posições que favorecem aos
dois lados, tanto dos GLSBTT como dos evangélicos da nação. Como é assunto que
se encontra em ementa, não estando ainda normatizado, é possível vislumbrar estas
posições nos sites “www.plenitudedivina.wordpress.com; www.gaybrasil.com.br;
www.gchannel.com.br; www.ggb.org.br; http://ecclesiaedei.blogspot.com/;
http://www.puggina.org. Nestes como em outros, é possível vislumbrar-se posições
que favorecem aos dois lados.
O termo comumente usado para se referir à essência da PLC 122/206 é
HOMOFOBIA, que segundo o Dicionário Aurélio é “aversão a homossexuais ou ao
homossexualismo”, que por sua vez, o Dicionário Michaelis Português diz que é
“preconceito contra os homossexuais. Ódio aos homossexuais, muitas vezes
levando à violência física.”. Ou seja, a fobia é uma espécie de medo: “Nome comum
a diversas espécies de medo mórbido; Aversão a alguma coisa”. (Dicionário Rideel),
o termo não está sendo corretamente utilizado, pois não há, por parte de todos os
cidadãos, evangélicos brasileiros, a repulsa pelos GLSBTT, este termo deveria ser
utilizado exclusivamente quando aplicados aos grupos que demonstrem pavor de
homossexual, que não é o caso da ADLEM.
O que a ADLEM não concorda, conforme seu credo é a
homossexualidade, em sua variedade, não o homossexual, pois é a este que se
“destina a benção divina bíblica”.
A CF/88 é a lei máxima da nação brasileira. Nela, conforme visto, está
registrado o direito a ser religioso e a realizar cultos sem nem um impedimento.
Também comunica na mesma intenção a declaração universal dos direitos do
homem, celebrada pela ONU (Organização das Nações Unidas), no artigo 18 que
dispõe:

Art. 18 Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e


religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a
liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática,
pelo culto e pela observância isolada ou coletivamente, em público ou em
particular.

Veja-se que ao relacionar-se a liberdade de religião, os termos não são


estritamente no âmbito da manifestação de pensamento, mas envolve o culto e
outros, daí deriva o direito inclusive de mudar de religião. Só não abrange os
extremos, como acontece em países orientais, onde a sociedade corre o risco de
padecer por tal manifestação de religiosidade. Porém, não há restrições à prática do
bem comum, da socialização. Todos derivados da forma de culto da ADLEM.

A Constituição assegura a liberdade de consciência e de crença bem


como a proteção aos locais de culto e liturgias, considerado o rito, doutrina e os
dogmas. Durante um culto religioso é proibida inclusive a entrada da autoridade
policial para efetuar a prisão de qualquer pessoa.

Aliás, com a entrada em vigor do Código Civil, regulou-se o direito


institucional das Igrejas e seus cultos, pois um dos propósitos principais é o de que a
religião e seus templos devem servir para “fins religiosos, morais, culturais ou de
assistência”, conforme o artigo 62.

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins


religiosos, morais, culturais ou de assistência.
Pelo exposto, é direito de qualquer dos membros da ADLEM, expressar-se
manifestando sua crença, sua religião. Em qual quer membro, enquadram-se
Pastores, Evangelistas, Missionários, Presbíteros, Diáconos e Membros, sendo
incluídos por extensão todo e qualquer congregado. O texto do projeto não
corrobora com esta liberdade.

5.4.2 Direito à educação dos filhos

Ainda no contexto das manifestações de consciência, expressão e religião, o


problema com o ensino heterossexual não ficaria somente restrito ao templo. Art. 227.
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

A educação dos filhos não é somente uma determinação bíblica, mas,


conforme a CF/88 (art. 229) e o Código Civil (art. 1.634), é uma determinação legal.

Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:

I – dirigir-lhes a criação e educação;

(...)

VII – exigir que lhes prestem obediência, (...)

O legislador civil, ao incluir no rol das obrigações dos pais sobre seus filhos a
exigência da obediência, deixou espaço para que esta obediência, enquanto menor
e sob seus cuidados, seja também no que diz respeito à liberdade religiosa.

Sobre o inciso “I” supra, assim discorre o Ministro César Peluso, que ratifica
este pensamento:

(...) o encargo dos pais em conduzir a criação e a educação dos filhos


menores, orientando-os segundo as regras de moral e bons costumes,
proporcionando-lhes condições para a preparação do caráter, de
personalidade (...), visando alcançar o pleno exercício da vida em
sociedade, com liberdade e dignidade. Incumbe aos pais, também, a
escolha da escola, segundo a linha pedagógica que entenderem mais
adequada à convivência familiar (...) de natureza cultural (...), além de
optarem pela formação espiritual dos filhos, de acordo com a orientação
religiosa que adotem. (PELUSO: 2007, p.1588)

O pai que assim não o faz corre o risco de ser enquadrado nos artigos 224 e
246 do Código Penal, conforme redigi Silvio Venosa, comentando o mesmo inciso:
“A atitude dos pais é fundamental para a formação da criança. Faltando com esse
dever, o progenitor faltoso submete-se a reprimendas de ordem civil e criminal,
respondendo pelos crimes de abandono material, moral e intelectual”. (VENOSA:
2007, p. 294).

A demais, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), em vigor desde 12


de outubro de 1991, que regula a proteção integral às crianças e adolescentes, no
artigo 17 e 18 há algo que se encaixa nesta temática:

Artigo 17 – O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade


física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e
crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Artigo 18 – É dever de todos velar pela dignidade da criança ou


adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Nos exatos dizeres do artigo 17, a criança e o adolescente têm o direito de ter
sua integridade “psíquica e moral” resguardados, abrangendo seus “valores, ideais e
crenças”. Assim, se o caso hipotético em análise vier a ocorrer, quem deverá mudar
de atitude será o professor e nunca a criança ou seus progenitores, que são as
pessoas que lhe provêm a educação, com poderes para escolher qual ensinamento
lhes é mais pertinente. Corrobora ainda sobre este pensamento o artigo 18, supra,
pois coloca como dever de todos, e isto é indistintamente, qualquer pessoa tem a
obrigação de fazer com que criança alguma seja submetida a qualquer tipo de
constrangimento por suas crenças, ideais e valores.

Uma vez aprovado o PLC 122/06, com suas pretensões, percebe-se que não
será fácil para os pais cumprir o que lhes é determinado pela Legislação Vigente.
Visando esta dificuldade em potencial, comenta Célio Borja, citado por Paulo da
Costa, em artigo publicado em 15 de março de 2007. Informa o ex-Ministro do STF
que se o PLC 122/2006 chegar a ser aprovado haverá proibição de expressão de
cunho moral, filosófico ou psicológico e que isto inclui aos pais que têm a obrigação
de ensinarem a seus filhos.

(...) como foi observado pelo jurista Célio Borja, ex-Ministro do STF e
Presidente da Câmara dos Deputados, em artigo publicado em 15 de
março, mostrou que os juízos morais, os filosóficos ou os psicológicos já
não podem ser externados, embora, contrariando frontalmente o escopo
constitucional, temos, então, o impedimento dos pais de educarem seus
filhos, de acordo com o que entendem ser o comportamento mais
adequado e, socialmente, próprio. Diz o renomado jurista (...) (COSTA:
2007, NÃO PAGINADO)

Diante de tudo o que foi exposto, há nítida possibilidade de o PLC


122/2006, aumentar a quantidade de processos que circulam pelo judiciário
brasileiro, pois inconstitucionalidade é matéria constantemente apreciada pelos
órgãos julgadores, seja ela incidente ou direta. É sabido e publicado, talvez
sofisticamente, que se deve agir preventivamente, a fim de evitar lides. O projeto
ainda não foi aprovado justamente por passar por rigorosa análise constitucional do
Senado, via CCJS (Comissão de Constituição e Justiça do Senado).
6 EFEIOS DO PLC 122/2006 SOBRE A ADLEM

Se aprovado no Senado, vez que já o foi na Câmara dos Deputados, o


PLC 122/2006 poderá surtir efeitos sobre a ADLEM, conforme o artigo 8º do PLC,
que dará nova redação ao artigo16 da lei 7.716/89:
Art. 16. Constitui efeito da condenação;
(...)
III — proibição de acesso a créditos concedidos pelo Poder Público e suas
instituições financeiras, ou a programas de incentivo ao desenvolvimento
por estes instituídos ou mantidos;
IV — vedação de isenções, remissões, anistias ou quaisquer benefícios de
natureza tributária.
V— multa de até 10.000 (dez mil) UFIRs, podendo ser multiplicada em até
10 (dez) vezes em caso de reincidência, e levando-se em conta a
capacidade financeira do infrator.
VI — suspensão do funcionamento dos estabelecimentos por prazo não
superior a três meses.
(...)
§ 3º Em qualquer caso, o prazo de inabilitação será de doze meses
contados da data da aplicação da sanção.
§ 4º As informações cadastrais e as referências invocadas como
justificadoras da discriminação serão sempre acessíveis a todos aqueles
que se sujeitarem ao processo seletivo, no que se refere à sua
participação. (NR)

Em suma, acarretaria diretamente para a ADLEM:


a) Advertência: é o caso de alguém adentrar num templo da ADLEM para
assistir a um culto ou palestra, nos quais a temática da oratória refira-se aos
princípios heterossexuais, assegurados na Bíblia Sagrada. Poderá a tal pessoa
sentir-se incomodada, magoada, por ter filosofia diferente da ensinada ali. Para se
dar início ao processo penal que apuraria o pretenso delito, nos termos do referido
projeto, seria suficiente uma reclamaria às autoridades competentes, pois como no
caso da Lei Maria da Penha, a aplicabilidade seria imediata. A polícia que recebesse
a denuncia, por sua vez, advertiria o “infrator” a que não falasse mais sobre o
assunto, pois estaria agindo ilegalmente. Além de ser uma espécie de “mordaça”,
deve-se lembrar que a ADLEM se baseia na Bíblia Sagrada, que não é a favor da
homossexualidade. Não há, todavia, problemas para com o homossexual, é sua
prática que é condenada pela Bíblia;
b) Pagar multa: tanto a ADLEM como seus pastores e obreiros em geral em
alguns casos, seriam obrigados a pagar multas por estarem ensinando algo que
desagrada alguns. Existe no Brasil o CFT (Conselho Federal dos Teólogos), órgão
que regulariza o Teólogo como pessoa competente e capaz de falar em assuntos
teológicos, logo bíblicos. Se aprovado o PLC 122, este órgão também será afetado,
pois é dali que advém a autonomia legal para a prática do ensino religioso;
c) Pastores e obreiros serem presos: conforme o estatuto da ADLEM, tanto seus
pastores como os obreiros em geral, devem zelar pelo cumprimento do estatuto. Um
dos pontos do estatuto é ensinar a heterossexualidade. Por isso poderão ser presos.
Não há registro, pelo menos o autor não o encontrou, de que o ensino praticado pela
ADLEM tenha causado qualquer prejuízo a quem os tenha ouvido e praticado. Isto
não é motivo de prisão;
d) Suspensão de suas atividades: Diretamente as portas da ADLEM poderão ser
fechadas, indiretamente, cerca de mais de mil pessoas que freqüentam seus
templos semanalmente, não desfrutarão do que ali é apresentado. Os que ali
freqüentam levam seus ensinamentos para todas as classes da sociedade. Não é à-
toa que aquele pratica os ensinamentos bíblicos é considerado como “sal da terra e
luz do mundo”. Não há motivo para suspensão das atividades;
e) Prejuízo para todos os beneficiados pelos serviços gratuitos prestados pela
ADLEM: bêbados, drogados, presos, adúlteros, ladrões, dentre outros, são alguns
dos que são beneficiados diretamente, e que, perderão este benefício. Pessoas que,
às vezes, ronda-lhes o desespero e o desejo de dar cabo da própria vida, mas que
após freqüentar a ADLEM tomam novos rumos para suas vidas. Isto não ocorrerá,
se houver a suspensão dos serviços ali prestados;
f) Prestadores de serviços não poderão mais prestá-los: a ADLEM recompensa
com prebenda quem lhe presta serviço, como por exemplo, a zeladora ou qualquer
pessoa que trabalhe em construção e manutenção de seus templos, etc. É de se
raciocinar sobre a utilização deste dinheiro, pois com ele os prestadores de serviço
pagam suas contas e auxiliam a mantença de suas respectivas famílias. Isto poderá
deixar de ocorrer;
g) Aumentará o índice de criminalidade: a ADLEM presta serviço nos presídios,
o que não será possível. Esta assistência religiosa é constitucional;
h) Vedação a benefícios tributários: a ADLEM perderá a isenção de impostos
que lhe é garantido pela Constituição. Vez que instituição sem fins lucrativos, precisa
deste incentivo para continuar funcionando. Se uma lei infraconstitucional institui a
perda da isenção de impostos constitucional, logo esta lei está inconstitucional.
Tudo isso simplesmente por exercer um direito constitucionalmente
assegurado, que é o da livre manifestação do pensamento.
Assim assevera COSTA (2007, NÃO PAGINADO) citando Fernando
Capez: “Um Direito Penal Democrático não pode conceber uma incriminação que
traga mais temor, mais ônus, mais limitação social do que benefício à coletividade”.
Sobre estes efeitos o Doutor Emanuel Jr. questiona:
(...) se for igreja, fecha-se. Se for seminário teológico, fecha-se também. Se
for museu, não tem o que reclamar. Será que acontecerá o mesmo nas
repartições públicas? Provavelmente sim. Isso é proteção ou promoção do
homossexualismo? Homofobia? (EMANUEL Jr.: 2008, NÃO PAGINADO)
Parafraseando Karl Marx, os direitos de hoje ou que se dispõe na
atualidade, são frutos da conquista de classes. Nesta linha de pensamento, a
Assembléia de Deus em Luís Eduardo Magalhães tem conquistado respeito e
reconhecimento, pelo trabalho social que tem realizado. Diga-se de passagem, a
religiosidade, assim como os sexos acompanham o ser humano desde o princípio.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme consta no projeto deste trabalho, o objetivo principal proposto


foi à verificação da viabilidade legal constitucional dos ditos direitos pretendidos pelo
PLC 122/2006. Direitos estes que visa à comunidade GLSBTT, bem como se a
aprovação desse projeto de lei acarretaria alguma alteração no direito de culto
consagrado pela CF/88.
A título de objetivo específico, pretendia-se verificar se haveria alguma
parte do estatuto da ADLEM que teriam obrigatoriamente que sofrer alterações, vez
que o PLC teria alcance federal; ainda, se os membro e obreiros da ADLEM
poderiam continuar nas práticas eclesiásticas que vêm praticando antes da
aprovação do PLC 122/2006, como por exemplo os ensinos bíblicos que não
corroboram com a homossexualidade, bem como as homilias dos pregadores nos
cultos que também não coadunam com o pensamento GLSBTT,vez que estes
obreiros usam a Bíblia Sagrada; por fim, e ainda tratando de objetivos específicos,
se seria possível que duplas homossexuais poderiam realizar dentro de algum dos
templos da ADLEM, em horário de culto, demonstrações particulares de afeto entre
si.
A tipo de hipótese, foi informado no projeto bem como na parte
propedêutica, supra, que a ementa do PLC 122/2006 apresentava aspectos de
inconstitucionalidades, pelas alterações sugeridas; também, encontra-se informado,
hipoteticamente, que o PLC 122/2006 é um ferimento constitucional ao direito de
igualdade, bem como o de isonomia, concedendo direitos para uma classe em
detrimento de outras ou das demais; ainda, a nível de suposição, foi afirmado que o
projeto não sofreu a devida análise legislativa, o que o levou a não alcançar ou
desvirtuar-se do objetivo principal.
Considerando o Código Penal Brasileiro, que em seu artigo 121 incrimina
o homicídio, em suas modalidades; que no artigo no art. 129 discrimina sobre a
lesão corporal; que no Capítulo V, tratando dos crimes contra a honra traz o artigo
138, sobre a calúnia; no art. 129 sobre a difamação; no artigo 140 sobre a injúria.
Não há fundamento para o que os direitos pretendidos pelo PLC. Estes direitos já
existem, devem ser melhores utilizados. Caso aprovado o PLC, com suas
pretensões, abrir-se-á precedente para que outros grupos façam o mesmo. É
possível encontrar alegações de que já existe uma lei para o consumidor, que já
existe uma lei para a criança e para o adolescente, que existe uma lei para o idoso,
porem tal afirmação não se sustenta quando é vislumbrado a intenção do legislador
constituinte, que é o de cuidar com mais esmero pessoas que necessitam de tal
proteção por não ter o que fazer com sua situação, vez que não é uma escolha ser
criança, ser idoso ou ser consumidor.
Falando sobre a Constituição Federal, considerando os princípios ali
elencados, como o da liberdade de consciência, o da liberdade de expressão, o da
liberdade de culto e tantos outros, afirma-se que o PLC 122/06 e a CF/88 não
podem andar de mãos dadas pois são antagônicos. Principalmente pelo que se
pretende com os dizeres dos futuros artigos 8º e 8º-A. Estes artigos ferem
frontalmente o direito de culto, logo ferindo todos os demais. Enquanto clama por
direito de expressão até de afetividade dos cidadãos homossexuais em lugares
públicos ou privados abertos ao público, praticamente exigem que haja silêncio,
aceitação e tolerância por parte dos evangélicos da nação que, conforme dito supra,
se baseiam na Bíblia Sagrada. Isto diretamente afeta aos membros em geral da
ADLEM. Neste ponto também se observou que o proponente da ementa do PLC não
levou em consideração o CP, pois do artigo 233 a 238, trata sobre o pudor público,
neste caso, se um grupo de pessoas acharem que a prática de certos atos não
condizem com o padrão do local, poderão sentirem-se ofendidas e os praticantes do
ato estarão incorrendo em crime. Por último, mas não menos importante, o mesmo
código penal resguarda o direito de culto, no artigo 208 está regulado sobre o “ultraje
a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo”. Este último é um dos
artigos que deveria ter sido observado com esmero, pois seu resguardo é de
efetividade imediata.
No parâmetro do direito da realização do culto livremente, a ADLEM tem
se preparado, pelo seu setor jurídico, a caso o PLC 122/2008 seja aprovado, a
protocolar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, para tanto conta com o aval de
seus membros, a fim de que não tenham seu culto e sua liturgia atrapalhada ou
interrompida pelas pretensões do PLC. Motivo que já foi informado que caso
aprovado este PLC, haverá aumento considerado de disputas judiciais que versem
sobre esta temática.
Considerando ser uma dos últimos objetivos específicos, verificar se o
estatuto da ADLEM teria que passar por alguma mudança, caso seja aprovado o
PLC 122/06, a resposta a ser dada é que sim, porém, antes que isso aconteça,
ações de inconstitucionalidades diretas ou incidentes seriam levantadas, bem como
o citado mandado de segurança.
Por último, considerando ainda a má técnica legislativa aplicada na
elaboração do PLC 122/2006, que demonstrou claramente ter se desvirtuado do
objetivo principal, que era o resguardo da integridade física e moral do cidadão
homossexual, pois ao aplicar pena maior para quem pronunciasse expressões que
demonstrassem discriminação, do que para quem matasse um homossexual, o
projeto mostra-se inconstitucional em vários pontos. Logo impróprio para ser
aplicado em solo nacional. Para que suas pretensões sejam alcanças, necessário
seria alterar a própria CF/88, imbuindo nela subjetivamente os interesses da classe
homossexual.
Por fim, as hipóteses apresentadas se confirmaram, pois tendo sido feita a
devida análise jurídica (no que encontra em vigor) e constitucional (pelos princípios e
outros) dos pretensos efeitos que o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122, do ano de
2006, surtirá ou surtiria, sobre o estatuto da Assembléia de Deus em Luís Eduardo
Magalhães, conclui-se pela confirmação das hipóteses levantadas. O tema é ideal e
corrobora com o título proposto, servindo inclusive de esclarecimento tanto para
gregos como para troianos, ou seja, tanto para os homossexuais como para os
evangélicos, neste caso os membros da ADLEM.
Dentro deste contexto, invoca-se mais uma vez as palavras de Aristóteles,
relação ao fim que deve se propor a lei: Isonomia “é tratar de forma igual os
iguais e tratar de forma desigual os desiguais, na medida em que se
desigualam”. Assim, todo cidadão é livre para tomar a escolha que quiser, porém
as conseqüências de cada escolha é particular, assim como o é a escolha.
Houveram todavia pontos descobertos no decurso das pesquisas que, por
não servirem como fundamento e base para a temática proposta, não foram
estudadas e pesquisadas. Estas se deixam como indicação para que outros, em
momento oportuno o façam, quais sejam: o estudo da viabilidade jurídico-psicológica
da adoção de crianças por duplas homossexuais; análise dos requisitos
constitucionais para formação da família, aplicados ás duplas homossexuais; dentre
outros.
Há algumas décadas, principalmente depois a segunda grande guerra
mundial, países como China e Japão, que realizam o controle de natalidade têm
demonstrado preocupações com relação à quantidade excedente de homens, se
comparado à quantidade de mulheres que ali existem. É notório que naquela região
a quantidade de prostitutas tem aumentado bem como a quantidade de homens que
passam a manter afeto por pessoa do mesmo sexo. Tudo decorre do fato de que
para as famílias torna-se vantajoso ter uma criança do sexo masculino, enquanto
que é uma vergonha ter uma criança do sexo feminino. Muitas meninas morreram ou
foram desprezadas por isso.
Atualmente, indiretamente sabe-se que homens de lá buscam mulheres
em outros países, por faltar mulher lá, e as que lá existem, valem caro.
Observa-se que o resultado veio em poucas décadas, em poucos anos.
O ser humano foi criado, macho e fêmea. Esta escolha não foi aleatória,
foi para que juntos pudessem dar seqüência à raça humana sobre a terra. Sexo
entre pessoas do sexo oposto é assim parte do instinto preservação da espécie. A
exemplo dos países supracitados é temeroso saber que há quem não demonstre
desejo de que a raça humana continue sobre a terra, que não imaginam que em
bem poucos anos o Brasil poderá estar colhendo os frutos do que tiver plantado. Isto
é uma conseqüência, plantou tem que colher.
Em tempo registra-se que há outro projeto de lei que tramita no Congresso
Federal, com as mesmas pretensões do PLC 122/2006, de fazer alterações na Lei
7.716/89, só que com expressões mais apropriadas à realidade jurídica. Trata-se do
PL 309/2004 apresentado no Senado e aprovado, tramitando atualmente na Câmara
dos Deputados como PLS 6.418/2005 (cópia anexo), prestes a ser aprovado. Este
fez o sendo contrário do PLC 122/2006, pois iniciou pelo Senado.
“De tudo o que se tem ouvido a suma é temer a Deus e guardar os seus
mandamentos, pois este é o dever de todo o homem” (Salomão, no livro de
Eclesiastes, no capítulo 12 e versículo 13).
REFERÊNCIAS

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ANEXOS

ANEXO A – Estatuto da ADLEM


ANEXO B – Ementa do PLC 122/2006
ANEXO C – Tramitação do PL 5003/2001 na Câmara dos Deputados
ANEXO D – Tramitação do PLC 122/2006 no Senado Federal
ANEXO E – Ementa do PLS 6.418/2006

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