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No século XIX
Pela expressão "a sociedade de massa, tecnológico-industrial, que ora se iniciou", refiro-
me a essa fase do nosso desenvolvimento social em que um número cada vez maior de
máquinas assume um papel não mais de trabalho físico, mas, em vez disso, atuam em
funções não-físicas: as chamadas máquinas cibernéticas de pensamento.
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de economia e de tecnologia, de linguagem e de expressão artística misturam-se uns nos
outros, mergulhando num único todo. Ao mesmo tempo:Arte torna-se o fator
preponderante de estética e de humanização do processo civilizador; porque apenas a
transformação da arte em arte ambiental - e, portanto, em arte aplicada - pode prevenir o
declínio de sua importância social.
O artista torna-se consciente de que a sua missão é uma missão social no mais amplo
sentido. Porque as realidades profissionais da sociedade de massa, tecnológica e
industrializada, são incompatíveis com o conceito do artista tradicional, "o gênio"
permanecendo distante da sociedade.
Arte e artista, numa escala sempre crescente, tendem a tornar-se o instrumento universal
da comunicação entre os homens; porque tais áreas da sociedade em que a comunicação
se processa tornam-se importantes universalmente; e porque a arte precisa de uma
função social a fim de realizar eficientemente seu papel na sociedade.
Há, dentro da sociedade, vários campos de atividades que podem ser intensificados e
desenvolvidos através de música aplicada: por exemplo, no campo da educação em
geral, no campo do trabalho, na medicina e nos setores de planejamento urbano, na
administração, nas relações inter-humanas, na terapia e reabilitação sociais, etc.
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um traço central da nova sociedade, desde que, por meio desta sua reintegração, ela
vença sua alienação social e sobreviva, portanto à sua crise.
O futuro dirá que haverá um tempo em que seremos capazes de renunciar a todas as
artes como as conhecemos hoje; pois então, a beleza, alcançando a maturidade, terá
chegado a uma realidade tangível. Quando a consciência humana tiver amadurecido a
ponto de que as contradições sejam percebidas dentro de sua unidade complementadora,
quando o sentido da vida não mais for considerado trágico, e quando a arte tiver sido
total e plenamente integrada na vida, estaremos prontos a dispensar a arte, no seu
sentido tradicional, pois nesse tempo futuro, tudo será arte. Então, de modo geral, arte
teria universalmente uma utilidade sempre presente e por esta razão não mais seria
designada como "arte".
Na sociedade tecnológica, a arte, como arte aplicada, envolve o homem e deixa sua
marca na vida diária. Não é questão de indiferença quanto à sua existência ou não. Ela
será um fator necessário e decisivo, uma parte integrante da civilização.
Apenas um tipo de educação musical é capaz de fazer justiça a essa situação: a que
aceita como sua missão a tarefa de transformar critérios e idéias artísticos em nova
realidade, sobre o fundo das mudanças sociais; um tipo de educação musical para o
treinamento de músicos que estarão capacitados a encarar sua arte como arte aplicada -
isto é, como um complemento estético aos vários setores da vida e da atividade do
homem moderno - e preparados para colocar suas atividades a serviço da sociedade. Em
outras palavras, esta seria uma educação musical cujas categorias de treinamento,
conteúdo e padrões de instrução iriam proporcionar uma relação realística entre o estudo
e as realidades da vida profissional e que iria preparar os jovens músicos para uma
carreira de real relevância na sociedade em que vivem.
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O curso básico introdutório de dois semestres consistiria de uma introdução à
semiologia da música, isto é, uma extensão da teoria da música em relação à música
asiática e africana e à notação da música moderna, treinamento auditivo, história
comparada da música, estilística e terminología, bem como um curso prático de um
instrumento ou de canto.
Por treinamento auditivo eu entendo aqui uma extensão do curso normal de solfejo,
inclusive o estudo auditivo das linguagens musicais do século XX e da música asiática e
africana, tais como o conceito qualitativo de tempo, ritmo, intuitivo, microtons, variação
rítmica e melódica, heterofonia, modelos de forma variável, etc.
Cada um dos seis cursos especializados consistiria de uma matéria principal e de uma
seleção adequada das seguintes matérias suplementares de produção e reprodução
musical e de musicologia, ou seja: teoria do texto musical, analítica e sintética - isto é,
uma aplicação da teoria de informação à música, que permite a análise de todos os
estilos e gêneros de música, portanto também da música asiática e africana, sob o
mesmo ponto de vista, estudos analíticos e comparativos da história dos sistemas de
estruturação musical, eletroacústica e estatística, morfologia, estética comparada,
psicologia e sociologia da música. Além disso haveria oficinas práticas e teóricas para
improvisação, individual e coletiva. Atenção especial seria dada, nesse programa, à
música recreativa, popular e ao jazz, assim como à música asiática e africana, que até
agora só excepcionalmente têm sido incluídas nos currículos das escolas ocidentais de
música.
Como a arte em geral, também a música, na nova sociedade, deveria ter principalmente
a função de humanizar a civilização tecnológica. Dessa maneira, a música se tornaria
um instrumento de modificação através de processos estéticos. Assim sendo, a escola
interdisciplinar de música deveria colocar a questão de como diferenciar os elementos
estéticos e musicais de acordo com as várias formas de aspectos humanos e sociais. Em
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outras palavras dever-se-ia perguntar: Qual será a informação musical necessária para
determinados aspectos da vida e das atividades sociais?
Ou: Que funções sociais seriam refinadas ou intensificadas por determinados meios
estéticos ou especificamente musicais?
Na América e na Europa pesquisa sobre isso já está sendo feita. Literalmente: até que
ponto está a música numa posição de influenciar o sistema psico-autônomo humano?
Experiências estão sendo feitas no sentido de clarear a influência exercida pelo ritmo,
tempo, movimento, estrutura melódica e harmónica, timbre e duração da música sobre
mudanças nas funções do cérebro humano, assim como a relação entre a terapêutica
efetuada pela música e a constituição, a idade, a estrutura da personalidade e a disfunção
orgânica.
Não há dúvida de que em todos os aspectos da vida e das atividades humanas a música é
capaz de intensificar certas funções - e também de reduzir suas intensidades. Este vasto
campo de investigação está repleto de fatores desconhecidos e está ainda em sua
infância. Tal trabalho de pesquisa, que deveria ser incluído dentro do quadro da
pesquisa musicológica, deveria ocupar uma posição central na nova escola de música ou
no departamento de música da universidade. Pois a classificação funcional da música no
processo de civilização seria impossível sem a investigação factual e sistemática nos
campos psicológico e sociológico da música.
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Muitas dessas produções artísticas suplementares não se constituirão jamais em
produtos de imaginação artística no sentido tradicional, em obras de arte independentes
e autônomas. Muitas nem reclamarão para si qualquer interesse artístico, no sentido
convencional, porém como genuína música aplicada, preenchendo completamente sua
função suplementar, provarão ser formas efetivas de criatividade artística.
Porque ele estará privado do estímulo sensorial, intelectual, emocional que inspira e
ativa o homem, que lhe dá a consciência de um sentido comunitário, social e cultural de
participação, de compreensão e de solidariedade.
Por esse motivo, o artista não deve perder suas ligações com a sociedade. E a sociedade,
por seu lado, não deve jamais cessar de confiar ao artista a tarefa de modelá-la e de
humanizá-la: A humanização através da comunicação estética, uma contribuição ao
novo ajustamento, à nova orientação das relações entre a arte e a sociedade - esta
deveria ser a missão de um programa de ensino e treinamento de um novo tipo de
músicos profissionais.
Música como meio de modificar o ambiente nos seus aspectos social e civilizador.
A Escola de Música como centro de formação de um novo tipo de músicos que, longe
de se isolarem da sociedade, tomam parte ativa em sua formação, como pioneira e força
motriz do desenvolvimento sócio-cultural, liderando o caminho para o futuro.