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1-Introdução
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contemporâneos, corroborando a hipótese de grupos humanos radicalmente
distintos ocupando áreas contíguas.
Ao mesmo tempo, as dimensões e a quantidade de cerâmica presente
tanto nos sítios Itararé Taquara quanto Tupiguarani enfraquecem a hipótese de
que grupos Itararé – Taquara fossem grupos nômades ou de baixa densidade
populacional.
Araújo sugere que a situação encontrada na região planáltica de Itapeva,
no sudoeste do Estado, é muito semelhante à encontrada nas demais porções
da região planáltica de São Paulo, ou seja, que tanto em um lugar como em
outro havia grupos Tupiguarani ocupando áreas mais abertas, com relevo mais
suave, ladeados de grupos de origem Jê, igualmente numerosos, ocupando as
áreas mais acidentadas, sobre as serras.
Esta situação provavelmente é válida para toda a extensão da Serra do
Mar, passando pelas regiões de Capão Bonito, Piedade, São Miguel Arcanjo,
Ibiúna, Cotia, até chegar em São Paulo, e provavelmente se estendendo para
o nordeste. No caso da região de São Paulo, onde temos ainda o encontro da
Serra da Mantiqueira com a Serra do Mar , além das serras menores como o
Japi e a Cantareira envolvendo as planícies aluviais do Tietê/ Pinheiros, esta
dicotomia entre Tupi/Jê e terrenos planos/serras deve ter se dado ainda mais
fortemente. Dada a ausência quase total de informações arqueológicas
referentes à região da Grande São Paulo, isto é sugerido mais pelas fontes
históricas, desde Soares de Souza, ao citar os Guaianases que viviam em
covas debaixo do chão, passando pelas várias referências ao fato de os índios
Guarús, Guaromimis (que deram origem ao Aldeamento dos Guarulhos e
posteriormente á cidade de mesmo nome), Maramomis e outros serem
distintos dos Tupiniquins que habitavam as áreas baixas Monteiro (1994).
A presença dos Guarulhos na Serra da Mantiqueira é fortemente
sugerida pelos relatos de que um missionário, em 1625, havia descido do
sertão grande quantidade de Guarulhos, assentados na paragem chamada
Atubaia( Atibaia).
Cajamar foi habitada por um desses povos com certeza além dos
Tupiguaranis que pelo jeito chegaram depois e subjugaram o povo (ou povos)
que tinham suas aldeias por aqui, porque Monteiro não cita a presença de
guaranis embora se saiba que eles povoaram de forma densa a região
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compreendida entre o Pico do Jaraguá, serra do Japi até Atibaia passando
logicamente por todas as áreas estudadas até aqui, e que foram empurrando
os povos que habitavam anteriormente as margens do rio Tietê para a região
planáltica, ou seja, em direção onde hoje é Cajamar e demais municípios da
Grande São Paulo. Ele nos dá uma pista que tal povo poderia ser os Guarulhos
dado o relato de que esses habitavam a cidade que hoje é a atual Atibaia,
outra indicação seria a referência que ele faz sobre os índios Guarús ou
Guaromimis que deram origem a Guarulhos município situado na região norte
da grande São Paulo próximo a Mairiporã, Franco da Rocha e
conseqüentemente a Cajamar, são algumas hipóteses e possibilidades.
Em relação ao sítio arqueológico do Pico do Jaraguá o autor coloca a
possibilidade de este ser associado aos Guarulho, Maromomi, ou mesmo
Guaianá, o que reforça a idéia de que até o século XIII um desses povos
ocupou a nossa região sem serem perturbados pelos povos Tupiguaranis que
chegaram mais tarde o que explica o fato de não se ter informações sobre
esses na discussão etnológica e arqueológica destes povos neste estudo sobre
a Tradição Itararé Taquara no Estado de São Paulo.
Portanto, falar em história pré - colonial local, é falar sobre este ou estes
povos contemporâneos dos Tupis guaranis na região, são povos que viveram
aqui há 1.200 anos AP, ou mais, há datações ainda mais antiga chegando ao
período do Pleistoceno 10.000 anos AP.
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compreensão da ocupação Guarani nos períodos pré-coloniais pelos
arqueólogos tem sido alterada pelos dados etnográficos e estudos que tratem
das relações dos Guaranis com outros grupos, como os Jês, estão sendo
desenvolvidos.” ( Um olhar Etnoarqueológico para a ocupação Guarani no
Estado de São Paulo – 2002 , p.155). Por falta de materiais que possam
comprovar minha tese a cerca da existência ou não de sítios arqueológicos na
região de Cajamar, sejam eles líticos ou cerâmicos, venho utilizando várias
informações e contribuições de outras vertentes da historiografia para dar conta
desta minha indagação.
Assim, vou me utilizar da etnoarqueologia para desvendar um pouco
sobre o passado do povo Tupi guarani que habitou Cajamar durante os séculos
XVI em diante, mesmo porque é fato que nossa região era repleta de fazendas,
muitas das quais pertencentes a bandeirantes como Fernão Dias e outros.
Desta forma, por falta de provas arqueológicas materiais, provas esta
que acredito depender apenas de um projeto de prospecção e escavação na
região, e principalmente no local estudado por esta monografia para vir á tona
assim como vieram os dos sítios Jaraguá Segundos os autores na
atualidade, constata-se um crescimento do interesse em descobrir questões
mais amplas quanto à dinâmica e ao funcionamento da cultura, principalmente
uma inter-relação entre construção simbólica desta cultura e a materialidade
das sociedades, bem como a lógica interna que possibilita a sobrevivência de
certos modos culturais. Esse interesse é fruto de novas orientações que estão
envolvendo a Arqueologia, principalmente a partir do debate proporcionado
pelo pós – processualismo.
Novos problemas arqueológicos, de extrema complexidade, passam a
ficar sem explicação, ou pouco explicados, quando tratados por um outro
referencial teórico. Esse novo modo de pensar o registro arqueológico passa a
se chamar Etnoarqueologia, que, em seu sentido mais amplo, pode ser
entendido como uma abordagem que visa proporcionar os meios para que se
possa interpretar a estática do registro arqueológico, tendo como referencial a
dinâmica do contexto etnográfico.
Para Stiles (1997), a Etnologia é uma subdisciplina da Antropologia e é
definida como englobando todos os aspectos teóricos e metodológicos dos
dados comparativos etnográficos e arqueológicos incluindo o uso da analogia
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etnográfica e etnografia arqueológica. Segundo este autor, há cinco principais
fontes para a obtenção de informações relevantes arqueologicamente: estudos
etnográficos, publicações de viajantes, coleções de cultura material dos
museus, estudos experimentais e estudos etnográficos explicitamente
arqueológicos. De todas as fontes citadas pelo autor eu faço uso das
bibliografias que tratam de questões relacionadas à publicação de viajantes e
de bandeirantes, e de estudos etnográficos explicitamente arqueológicos.
Apresentado de forma rápida o conceito de etnoarqueologia, falta discutir
algumas questões relacionadas ao povoamento Tupi guarani no município de
Cajamar e região, levando em consideração alguns tópicos citados acima.
O entendimento da ocupação de áreas no Estado de São Paulo por
grupos ceramistas pré-coloniais ainda é bastante incompleto e localizado.
Mesmo com as diversas pesquisas já realizadas segundo Robson Antonio
Rodrigues. Tal motivo é apontado por Robrahn – Gonzáles (1999), em parte,
pelo fato de se contar com grandes extensões territoriais praticamente
desconhecidas e por outro lado, mesmo nas regiões em que têm sido
realizados estudos prolongados, o número de sítios identificados varia de
acordo com a própria natureza, objetivos e alcances das pesquisas
desenvolvidas, além de apresentarem consideráveis variações que não foram
ainda sistematicamente exploradas.
É o caso de Cajamar, onde todas as condições para a detecção de sítios
arqueológicos sejam eles ceramistas ou não têm correlação com tudo o que foi
dito até então, tanto do ponto de vista geográfico como de outros, pois os
achados do Pico do Jaraguá são em minha opinião apenas a ponta do novelo
de outros ainda a serem descobertos na região.
O descaso, e principalmente o discurso da improbabilidade de existirem
locais onde possam ser encontrados vestígios arqueológicos na região de
Cajamar com esta tese caem por terra pois geograficamente a proximidade
com locais de achados é muito forte, pois não se pode esperar que uma
rodovia ou qualquer outra obra de grande vulto atravesse o município para se
constatar tal fato e a partir daí iniciar uma pesquisa arqueológica como a do
rodoanel que passa próximo aliás, bem próximo de Cajamar. Esta variação que
ainda não foram explorados como cita Robrahn - Gonzales talvez se encaixe
neste que é objeto de estudo, que é justamente a questão da proximidade
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regional e geográfica de ocorrências de descobertas arqueológicas
confirmadas por pesquisas e escavações caso do sítio Jaraguá I.
Com relação ao território ocupado pelos Guaranis Rodrigues & Coutinho
(2002) afirma que esta área no século XVI abrangia a região do Chaco até o
Atlântico, das capitanias do sul até o Rio da Prata, sendo hoje, no Brasil,
constituído pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo e Mato Grosso do Sul.
As maiores aldeias eram compostas por um número variável de malocas
dispostas em torno de um pátio central, ou mesmo ao longo do rio principal,
talvez seja este o motivo de esses terem empurrado os Guaianás e Maromimis
para longe das margens do Tietê, fazendo com que ocupassem as áreas
próximas ao Pico do Jaraguá, possuíam uma população de quinhentos até dois
ou três mil índios. Porém, em alguns casos, ocupavam as proximidades dos
afluentes, com um número populacional reduzido.
Segundo Prous (1999), todos os indígenas moravam na aglomeração
central, a não ser durante breves períodos de pesca ou guerra, durante os
quais a população podia se dividir, outra hipótese para a ocupação regional dos
Tupis Guaranis poderia ser esta a divisão do grupo por algum deste motivo
levando-os a se fixarem ao longo da região entre o Jaraguá e Jundiaí. A
distância entre os diversos grupos locais não era uma constante, mas variava
em função das condições ecológicas (esgotamento das terras agriculturáveis já
que eles plantavam nas proximidades das aldeias, escassez de pesca e de
caça) e políticas de cada região (invasões por outros grupos étnicos, disputas
por poder no centro da aldeia dentre outros), estes fatores também poderiam
ter determinado sua fixação em nossa região, talvez por um processo de
expansão do povo Tupi Guarani, que para manter sua subsistência dado as
condições ecológicas citado acima eram obrigados a se deslocarem com uma
parte do grupo para outras localidades não tão distantes do curso do rio Tietê,
se fixando em locais onde poderiam encontrar água com facilidade.
Cada tribo conservava-se dentro dos limites de seu território, no entanto,
as aldeias mudavam freqüentemente de lugar transferindo-se para locais
vizinhos, muitas vezes a menos de um quilômetro do local anterior. Nesse
aspecto, informa Maestri (1994) uma comunidade Tupi – Guarani de três ou
quatro centenas de membros necessitava de um espaço econômico de
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subsistência e de coleta de matérias – primas de aproximadamente 45 Km,
então faz sentido refletir sobre a possibilidade de Cajamar ter sido habitada por
povos de origem Tupi – Guarani ,já que do local que convenciono a chamar de
sítio Gato Preto dista apenas 12Km do sítio Jaraguá I e II, em algumas regiões
ricas em recursos naturais, apenas alguns quilômetros separavam uma aldeia
da outra.
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outros.
Esses foram casos que, escapando á regra geral, se isolaram no sertão
formando novos núcleos de população.
Dentre as comunidades citadas acima, duas em particular nos
interessam por fazer parte da região a ser estudada e que vai nos ajudar a
responder a questão chave deste trabalho de pesquisa, que é a possibilidade
de existirem sítios arqueológicos em Cajamar, e região, tentando responder
juntamente com as características pré-históricas locais que tipo de habitantes
existiam nesta região em um período anterior a colonização Portuguesa.
Desta forma, Parnaíba fundada em 1580 por Suzana Diaz, e Jundiaí em
1615 por Rafael de Oliveira e família são de fundamental importância porque é
a partir daqui que vou iniciar este trabalho de pesquisa, e também por estar
próximo ao bairro de Perus também descrito historicamente por Elcio Siqueira
e Elizete Henrique.
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O nó que disse acima diz respeito ao número de povos que podem ter
habitado o município antes da chegada dos portugueses, porque durante este
trabalho de resgate deste passado, me deparei não só com povos de tradição
Tupi Guarani, os maiores povoadores da região, mas também com povos de
outro tronco lingüístico, falando etnologicamente sobre a questão dos Jês,
Maromimis, Guaianás, Kaingang, e outros. Na verdade toda a historiografia
pré- colonial regional tem seu início a partir da célula mater “Santana do
Parnaíba”, município histórico da região da grande São Paulo, que foi a capital
do império brasileiro por uma noite quando da ocasião da pernoite de Dom
Pedro I a caminho da vila de São Paulo de Piratininga, e esta relação não se
dá somente com Cajamar, mas sim também com Jundiaí. O município de
Cajamar integrava o município de Santana do Parnaíba, se emancipando em
fins do século XIX e início do XX.
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6-A incorporação dos Índios da região
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7 – Os caminhos para o interior e a relação com a nossa região.
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relação entre este caminho com marcos geográficos e cartográficos traçados
pelos viajantes do século XVI e que mostram a nossa região nos mapas da
época, pois isto é importante para delimitarmos as áreas de ocupação indígena
na região durante o período.
A cartografia do século XVIII é a mais expressiva na representação dos
caminhos do ouro, com marcos geográficos e núcleos urbanos, apesar de ser a
2ª metade do século XVII o período mais importante de expedições paulistas
rumo as sertão mineiro, passando constantemente pelo morro do Lopo.
Estes núcleos urbanos eram freguesias, povoados, que os bandeirantes
iam fundando ao longo dos caminhos empurrando as populações indígenas
locais para longe destas freguesias e para longe do curso de rios, mas a nossa
região era e é rica em água, e isto com certeza não era fator de dificuldade
para que nossos índios pudessem se estabelecer em outros locais não tão
próximos aos rios agora de domínio dos portugueses, mas também não tão
longe da região onde habitavam, mas sim o estabelecimento em locais que não
oferecessem perigo em relação aos moradores do povoado, evitando assim a
sua escravização.
Considerações finais:
Diante de tais evidências históricas aqui discutidas, a possibilidade de se
encontrar vestígios da ocupação Tupi - guarani ou mesmo de culturas
anteriores a este caso dos Guarulho, Maromomis e outros, ou ainda culturas
mais antigas como as Itararé- Taquara na região de Cajamar é uma
possibilidade real, pois as fontes escritas apontam para a confirmação da
ligação entre a região e os achados do Pico do Jaraguá dois sítios um Lítico e
outro cerâmico por ocasião da construção do Rodoanel Mário Covas que corta
os bairros do Jaraguá e Perus sendo que este último faz divisa com Cajamar.
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Bibliografia
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STILES, Daniel. Ethnoarchaeology: a discussion of methods and
applications. Man, n. 12, p. 87-103, 1977.
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