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Arqueologia na região de Cajamar: Etnologia dos povos Pré-

coloniais da Grande São Paulo. Grupos indígenas não Tupis


que habitavam a região durante os séculos XVI e XVII.

Pedro Alves Cardoso- Graduando em História Licenciatura – Faccamp-


Faculdade Campo Limpo Paulista.

Resumo: Este artigo trata de possibilidades etnológicas e arqueológicas da


ocupação Tupi Guarani e outros na região compreendida entre Cajamar na
Grande São Paulo e Jundiaí no interior do estado seguindo informações de
historiadores como Astolfo Gomes de Melo Araújo e outros a cerca desta
ocupação, e de como este conjunto de informações pode ajudar a definir a
região como uma provável área de ocupação destes povos durante o período
pré – colonial.

Palavras – chave: Arqueologia, Etnologia, povos Tupi Guarani.

Abstract: This article treats about the Ethnologicals and Arqueologicals


possibilities of Tupi- Guarani occupation and others in the region between
Cajamar, São Paulo and Jundiaí located in the interior of the São Paulo state,
following some information of historians such as Astolfo Gomes de Melo Araújo
and others about this ocupation, and how this group of information can help to
define this region as a probably occupation area of these people during the pré-
colonial period.

Key - Words: Archaeology, Ethnology, peoples Tupi Guarani.

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1-Introdução

Durante os séculos XVII e XVIII habitavam a região norte de São Paulo e


da grande São Paulo vários povos de origem não Tupi, caso dos Guaianás e
outros. Toda a extensão de terra entre Guarulhos e Juqueri de um lado e do
Pico do Jaraguá na zona oeste era habitada por esses povos que foram
empurrados mais para o norte da planície paulista pelos Tupis – guaranis.
Segundo Astolfo Gomes de Melo Araújo, a denominação de Guaianás
ou Guaianazes, tanto a grupos Jê quanto a grupos Tupi, foi fonte de muita
confusão a respeito dos habitantes indígenas do planalto paulista
(Monteiro1992), e por extensão á própria história dos grupos Kaingang.
Com base na toponímia, nos relatos jesuíticos e de outros cronistas,
além de algumas informações de cunho arqueológico, fica patente que os
indígenas que dominavam os Campos de Piratininga eram pertencentes a um
grupo Tupi, os chamados Tupiniquins (Monteiro 1994). Na mesma região
existiam vários outros grupos indígena não Tupi, genericamente denominados
Tapuias, dentre eles os Guaianás e Maromimi Prezia (2000).
Se estes eram ou não relacionados aos que conhecemos historicamente
como Kaingang, somente pesquisas arqueológicas futuras poderão desvendar,
mas os poucos dados existentes sugerem uma grande afinidade em termos de
cultura material.
De qualquer modo, não se pode deixar de levar em consideração que
grupos não Tupi, muito provavelmente grupos Jê, estavam convivendo nas
proximidades dos Tupiniquins, as informações de Hans Staden(1974) e Gabriel
Soares de Souza (1971) ilustram bem esta afirmação. Autores posteriores
tenderam a achar fantasiosa a possibilidade de grupos distintos ocuparem
áreas tão próximas Ayrosa (1967) exemplifica bem esta posição, ao comentar a
suposição de Teodoro Sampaio de que Gauianá ( não Tupi) teriam sido
vencidos pelos Tupiniquim ( os moradores de Piratininga) e se refugiado nas
montanhas.
Alguns dados arqueológicos recentes, tanto para o sudoeste de São
Paulo (Araujo2001), como para a região da Capital paulista sugerem a
proximidade entre sítios Tupiguarani, Aratu e Itararé – Taquara

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contemporâneos, corroborando a hipótese de grupos humanos radicalmente
distintos ocupando áreas contíguas.
Ao mesmo tempo, as dimensões e a quantidade de cerâmica presente
tanto nos sítios Itararé Taquara quanto Tupiguarani enfraquecem a hipótese de
que grupos Itararé – Taquara fossem grupos nômades ou de baixa densidade
populacional.
Araújo sugere que a situação encontrada na região planáltica de Itapeva,
no sudoeste do Estado, é muito semelhante à encontrada nas demais porções
da região planáltica de São Paulo, ou seja, que tanto em um lugar como em
outro havia grupos Tupiguarani ocupando áreas mais abertas, com relevo mais
suave, ladeados de grupos de origem Jê, igualmente numerosos, ocupando as
áreas mais acidentadas, sobre as serras.
Esta situação provavelmente é válida para toda a extensão da Serra do
Mar, passando pelas regiões de Capão Bonito, Piedade, São Miguel Arcanjo,
Ibiúna, Cotia, até chegar em São Paulo, e provavelmente se estendendo para
o nordeste. No caso da região de São Paulo, onde temos ainda o encontro da
Serra da Mantiqueira com a Serra do Mar , além das serras menores como o
Japi e a Cantareira envolvendo as planícies aluviais do Tietê/ Pinheiros, esta
dicotomia entre Tupi/Jê e terrenos planos/serras deve ter se dado ainda mais
fortemente. Dada a ausência quase total de informações arqueológicas
referentes à região da Grande São Paulo, isto é sugerido mais pelas fontes
históricas, desde Soares de Souza, ao citar os Guaianases que viviam em
covas debaixo do chão, passando pelas várias referências ao fato de os índios
Guarús, Guaromimis (que deram origem ao Aldeamento dos Guarulhos e
posteriormente á cidade de mesmo nome), Maramomis e outros serem
distintos dos Tupiniquins que habitavam as áreas baixas Monteiro (1994).
A presença dos Guarulhos na Serra da Mantiqueira é fortemente
sugerida pelos relatos de que um missionário, em 1625, havia descido do
sertão grande quantidade de Guarulhos, assentados na paragem chamada
Atubaia( Atibaia).
Cajamar foi habitada por um desses povos com certeza além dos
Tupiguaranis que pelo jeito chegaram depois e subjugaram o povo (ou povos)
que tinham suas aldeias por aqui, porque Monteiro não cita a presença de
guaranis embora se saiba que eles povoaram de forma densa a região

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compreendida entre o Pico do Jaraguá, serra do Japi até Atibaia passando
logicamente por todas as áreas estudadas até aqui, e que foram empurrando
os povos que habitavam anteriormente as margens do rio Tietê para a região
planáltica, ou seja, em direção onde hoje é Cajamar e demais municípios da
Grande São Paulo. Ele nos dá uma pista que tal povo poderia ser os Guarulhos
dado o relato de que esses habitavam a cidade que hoje é a atual Atibaia,
outra indicação seria a referência que ele faz sobre os índios Guarús ou
Guaromimis que deram origem a Guarulhos município situado na região norte
da grande São Paulo próximo a Mairiporã, Franco da Rocha e
conseqüentemente a Cajamar, são algumas hipóteses e possibilidades.
Em relação ao sítio arqueológico do Pico do Jaraguá o autor coloca a
possibilidade de este ser associado aos Guarulho, Maromomi, ou mesmo
Guaianá, o que reforça a idéia de que até o século XIII um desses povos
ocupou a nossa região sem serem perturbados pelos povos Tupiguaranis que
chegaram mais tarde o que explica o fato de não se ter informações sobre
esses na discussão etnológica e arqueológica destes povos neste estudo sobre
a Tradição Itararé Taquara no Estado de São Paulo.
Portanto, falar em história pré - colonial local, é falar sobre este ou estes
povos contemporâneos dos Tupis guaranis na região, são povos que viveram
aqui há 1.200 anos AP, ou mais, há datações ainda mais antiga chegando ao
período do Pleistoceno 10.000 anos AP.

2 Etnoarqueologia: um olhar para as questões sobre o


povoamento Tupi guarani na região.

Robson Antonio Rodrigues, e Marisa Coutinho Afonso em um ensaio


para a revista Horizontes Antropológicos resumem bem a relação entre
arqueologia e Etnologia segundo estes:
“ Os processos de formação do registro arqueológico podem ser
identificados através de pesquisas etnoarqueológicas. A Etnoarqueologia
utiliza analogias da etnografia, principalmente a partir das observações de
aspectos do comportamento de grupos humanos contemporâneos, visando
estudar o material arqueológico e sua relação com esse comportamento. A

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compreensão da ocupação Guarani nos períodos pré-coloniais pelos
arqueólogos tem sido alterada pelos dados etnográficos e estudos que tratem
das relações dos Guaranis com outros grupos, como os Jês, estão sendo
desenvolvidos.” ( Um olhar Etnoarqueológico para a ocupação Guarani no
Estado de São Paulo – 2002 , p.155). Por falta de materiais que possam
comprovar minha tese a cerca da existência ou não de sítios arqueológicos na
região de Cajamar, sejam eles líticos ou cerâmicos, venho utilizando várias
informações e contribuições de outras vertentes da historiografia para dar conta
desta minha indagação.
Assim, vou me utilizar da etnoarqueologia para desvendar um pouco
sobre o passado do povo Tupi guarani que habitou Cajamar durante os séculos
XVI em diante, mesmo porque é fato que nossa região era repleta de fazendas,
muitas das quais pertencentes a bandeirantes como Fernão Dias e outros.
Desta forma, por falta de provas arqueológicas materiais, provas esta
que acredito depender apenas de um projeto de prospecção e escavação na
região, e principalmente no local estudado por esta monografia para vir á tona
assim como vieram os dos sítios Jaraguá Segundos os autores na
atualidade, constata-se um crescimento do interesse em descobrir questões
mais amplas quanto à dinâmica e ao funcionamento da cultura, principalmente
uma inter-relação entre construção simbólica desta cultura e a materialidade
das sociedades, bem como a lógica interna que possibilita a sobrevivência de
certos modos culturais. Esse interesse é fruto de novas orientações que estão
envolvendo a Arqueologia, principalmente a partir do debate proporcionado
pelo pós – processualismo.
Novos problemas arqueológicos, de extrema complexidade, passam a
ficar sem explicação, ou pouco explicados, quando tratados por um outro
referencial teórico. Esse novo modo de pensar o registro arqueológico passa a
se chamar Etnoarqueologia, que, em seu sentido mais amplo, pode ser
entendido como uma abordagem que visa proporcionar os meios para que se
possa interpretar a estática do registro arqueológico, tendo como referencial a
dinâmica do contexto etnográfico.
Para Stiles (1997), a Etnologia é uma subdisciplina da Antropologia e é
definida como englobando todos os aspectos teóricos e metodológicos dos
dados comparativos etnográficos e arqueológicos incluindo o uso da analogia

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etnográfica e etnografia arqueológica. Segundo este autor, há cinco principais
fontes para a obtenção de informações relevantes arqueologicamente: estudos
etnográficos, publicações de viajantes, coleções de cultura material dos
museus, estudos experimentais e estudos etnográficos explicitamente
arqueológicos. De todas as fontes citadas pelo autor eu faço uso das
bibliografias que tratam de questões relacionadas à publicação de viajantes e
de bandeirantes, e de estudos etnográficos explicitamente arqueológicos.
Apresentado de forma rápida o conceito de etnoarqueologia, falta discutir
algumas questões relacionadas ao povoamento Tupi guarani no município de
Cajamar e região, levando em consideração alguns tópicos citados acima.
O entendimento da ocupação de áreas no Estado de São Paulo por
grupos ceramistas pré-coloniais ainda é bastante incompleto e localizado.
Mesmo com as diversas pesquisas já realizadas segundo Robson Antonio
Rodrigues. Tal motivo é apontado por Robrahn – Gonzáles (1999), em parte,
pelo fato de se contar com grandes extensões territoriais praticamente
desconhecidas e por outro lado, mesmo nas regiões em que têm sido
realizados estudos prolongados, o número de sítios identificados varia de
acordo com a própria natureza, objetivos e alcances das pesquisas
desenvolvidas, além de apresentarem consideráveis variações que não foram
ainda sistematicamente exploradas.
É o caso de Cajamar, onde todas as condições para a detecção de sítios
arqueológicos sejam eles ceramistas ou não têm correlação com tudo o que foi
dito até então, tanto do ponto de vista geográfico como de outros, pois os
achados do Pico do Jaraguá são em minha opinião apenas a ponta do novelo
de outros ainda a serem descobertos na região.
O descaso, e principalmente o discurso da improbabilidade de existirem
locais onde possam ser encontrados vestígios arqueológicos na região de
Cajamar com esta tese caem por terra pois geograficamente a proximidade
com locais de achados é muito forte, pois não se pode esperar que uma
rodovia ou qualquer outra obra de grande vulto atravesse o município para se
constatar tal fato e a partir daí iniciar uma pesquisa arqueológica como a do
rodoanel que passa próximo aliás, bem próximo de Cajamar. Esta variação que
ainda não foram explorados como cita Robrahn - Gonzales talvez se encaixe
neste que é objeto de estudo, que é justamente a questão da proximidade

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regional e geográfica de ocorrências de descobertas arqueológicas
confirmadas por pesquisas e escavações caso do sítio Jaraguá I.
Com relação ao território ocupado pelos Guaranis Rodrigues & Coutinho
(2002) afirma que esta área no século XVI abrangia a região do Chaco até o
Atlântico, das capitanias do sul até o Rio da Prata, sendo hoje, no Brasil,
constituído pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo e Mato Grosso do Sul.
As maiores aldeias eram compostas por um número variável de malocas
dispostas em torno de um pátio central, ou mesmo ao longo do rio principal,
talvez seja este o motivo de esses terem empurrado os Guaianás e Maromimis
para longe das margens do Tietê, fazendo com que ocupassem as áreas
próximas ao Pico do Jaraguá, possuíam uma população de quinhentos até dois
ou três mil índios. Porém, em alguns casos, ocupavam as proximidades dos
afluentes, com um número populacional reduzido.
Segundo Prous (1999), todos os indígenas moravam na aglomeração
central, a não ser durante breves períodos de pesca ou guerra, durante os
quais a população podia se dividir, outra hipótese para a ocupação regional dos
Tupis Guaranis poderia ser esta a divisão do grupo por algum deste motivo
levando-os a se fixarem ao longo da região entre o Jaraguá e Jundiaí. A
distância entre os diversos grupos locais não era uma constante, mas variava
em função das condições ecológicas (esgotamento das terras agriculturáveis já
que eles plantavam nas proximidades das aldeias, escassez de pesca e de
caça) e políticas de cada região (invasões por outros grupos étnicos, disputas
por poder no centro da aldeia dentre outros), estes fatores também poderiam
ter determinado sua fixação em nossa região, talvez por um processo de
expansão do povo Tupi Guarani, que para manter sua subsistência dado as
condições ecológicas citado acima eram obrigados a se deslocarem com uma
parte do grupo para outras localidades não tão distantes do curso do rio Tietê,
se fixando em locais onde poderiam encontrar água com facilidade.
Cada tribo conservava-se dentro dos limites de seu território, no entanto,
as aldeias mudavam freqüentemente de lugar transferindo-se para locais
vizinhos, muitas vezes a menos de um quilômetro do local anterior. Nesse
aspecto, informa Maestri (1994) uma comunidade Tupi – Guarani de três ou
quatro centenas de membros necessitava de um espaço econômico de

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subsistência e de coleta de matérias – primas de aproximadamente 45 Km,
então faz sentido refletir sobre a possibilidade de Cajamar ter sido habitada por
povos de origem Tupi – Guarani ,já que do local que convenciono a chamar de
sítio Gato Preto dista apenas 12Km do sítio Jaraguá I e II, em algumas regiões
ricas em recursos naturais, apenas alguns quilômetros separavam uma aldeia
da outra.

3- Em busca de povos Pré - coloniais regionais

Os dados históricos que tenho da região de Cajamar, Franco da Rocha,


Caieiras, Francisco Morato, Santana do Parnaíba e Jundiaí, salvo neste caso
Jundiaí e Santana do Paranaíba por serem cidades que encontrei com certa
facilidade registros históricos que remontam ao período do Brasil colônia
séculos XVI em diante, onde encontrei registros das cavas de ouro na região
do Pico do Jaraguá (1590), Segundo Elcio Siqueira Campos e Elizete Henrique
da Silva, o pico do Jaraguá tornou-se conhecido como o’’Peru do Brasil’’ desde
aquela época, e é provável que a lenda tenha contribuído para que a vizinha
área do Ajuá acabasse mudando de nome para “Perus” em meados do século
XIX.
Outra fonte que encontrei em relação à região no período colonial foi à
abertura, em meados do século XVII, da via terrestre que se chamaria Estrada
São Paulo – Jundiaí que corta as cidades acima citadas menos Santana do
Parnaíba.
O surgimento desta estrada está ligado ao fato de que:
São Paulo, no século XVII, foi o centro de um enxame de fazendolas de
pequena cultura e de pastoreio de pequenos rebanhos... (que) se estendiam
por Parnayba, Araçariguama, Apotribú, Caucaia, Virapueiras, Juquery e
Atibaia, dentre outras. Este perímetro foi no seiscentismo a linha delimitadora
da expansão paulista, não se falando dos pontos excepcionais mais
longínquos, atingidos por um ou outro sertanista, que aí se fixava com sua
gente, como procederam os Balthazar Fernandes, fundador de Sorocaba, seu
irmão Domingos Fernandes fundador de Itu, o Vaz Guedes Cardoso, que
fundaram Mogi das Cruzes, as Oliveiras Cardoso que fundaram Jundiaí dentre

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outros.
Esses foram casos que, escapando á regra geral, se isolaram no sertão
formando novos núcleos de população.
Dentre as comunidades citadas acima, duas em particular nos
interessam por fazer parte da região a ser estudada e que vai nos ajudar a
responder a questão chave deste trabalho de pesquisa, que é a possibilidade
de existirem sítios arqueológicos em Cajamar, e região, tentando responder
juntamente com as características pré-históricas locais que tipo de habitantes
existiam nesta região em um período anterior a colonização Portuguesa.
Desta forma, Parnaíba fundada em 1580 por Suzana Diaz, e Jundiaí em
1615 por Rafael de Oliveira e família são de fundamental importância porque é
a partir daqui que vou iniciar este trabalho de pesquisa, e também por estar
próximo ao bairro de Perus também descrito historicamente por Elcio Siqueira
e Elizete Henrique.

4- A história de Cajamar a partir de Jundiaí, uma regionalidade


pré- colonial.

Por não dispor de documentação a respeito da história pré - colonial


local vou buscar informações tanto em Jundiaí, por proximidade local, quanto
na região metropolitana da capital também por proximidade.
Sem contar que a busca por este passado pré Cabralino local, torna esta
minha pesquisa ainda mais desafiadora do ponto de vista documental, pois o
nó sobre qual ou quais povos habitavam a região antes da chegada da
esquadra de Cabral, e mais precisamente Cajamar, justamente por não haver
uma preservação da memória histórica anterior a 1915, data em que começa a
surgir alguma coisa escrita sobre a historiografia local. Assim esta informação
fica para que as instituições de ensino de história regional iniciem uma busca,
uma escavação se for o caso deste passado anterior a 1915, deixo aqui esta
sugestão antes de me adentrar ao assunto, chamo também a atenção do
museu local “Casa da Memória” para elaborar juntamente com a Diretoria de
Cultura e de Educação um projeto de resgate arqueológico deste passado
trazendo à tona o passado pré- colonial, ou mesmo pré- histórico de Cajamar.

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O nó que disse acima diz respeito ao número de povos que podem ter
habitado o município antes da chegada dos portugueses, porque durante este
trabalho de resgate deste passado, me deparei não só com povos de tradição
Tupi Guarani, os maiores povoadores da região, mas também com povos de
outro tronco lingüístico, falando etnologicamente sobre a questão dos Jês,
Maromimis, Guaianás, Kaingang, e outros. Na verdade toda a historiografia
pré- colonial regional tem seu início a partir da célula mater “Santana do
Parnaíba”, município histórico da região da grande São Paulo, que foi a capital
do império brasileiro por uma noite quando da ocasião da pernoite de Dom
Pedro I a caminho da vila de São Paulo de Piratininga, e esta relação não se
dá somente com Cajamar, mas sim também com Jundiaí. O município de
Cajamar integrava o município de Santana do Parnaíba, se emancipando em
fins do século XIX e início do XX.

5-A história pré – colonial local a partir de Jundiaí.

Quando as entradas (expedições com armas, homens e equipamentos)


não eram oficiais passavam a chamar-se “bandeiras”.
Havia uma grande discussão em curso no século XVI sobre o
aprisionamento de indígenas, e o crime de entradismo passou a ser proibido
por pressões da Igreja Católica, que tinha os jesuítas atuando em projetos
como as Missões (na fronteira com a Argentina), Considerados subversivos na
Europa, os homens que habitavam São Paulo eram rudes e aventureiros,
Expedições como de Raposo Tavares duravam anos e atingiam a região do
Mato Grosso e até a Amazônia. Nas terras de Santana do Parnaíba esses
homens poderosos e violentos tinham até mil escravos de terra.
Por outro lado, os jesuítas buscavam integrar os índios da região na
civilização e na vida cristã, em São Paulo o trabalho com os nativos chegou ao
ponto de conflito em 1647, quando os moradores ameaçaram fechar o tráfego
com o litoral. Mas o problema era antigo: há registros de um ataque
bandeirante a Guairá, uma das missões guaranis no sul, por Manoel Preto
Jorge – um dos possíveis povoadores de Jundiaí e região.

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6-A incorporação dos Índios da região

Durante muitos anos a historiografia sustentou que os nativos


capturados pelas expedições de bandeirantes eram enviados diretamente para
os canaviais do Nordeste. Mesmo essa presença teria desaparecido
completamente até 1700, quando a chegada de escravos africanos é
intensificada no Brasil. Os documentos existentes das fazendas de Jundiaí,
entretanto, mostram que havia pelo menos 40 a 50 índios em cada uma delas
nos séculos XVI e XVII, aumentando para até 1.000 índios nas fazendas dos
bandeirantes mais famosos, em Santana do Parnaíba local das propriedades
dos bandeirantes Raposo Tavares e Fernão Dias, entre outros.
Em torno de 20% de toda a mão – de - obra usada nas fazendas da
região era indígena, em 1750, quase um século depois do alegado
desaparecimento desses nativos da história oficial. Mais de sessenta anos
depois da data de fundação de Jundiaí, em 1691, o historiador Affonso de
Taunay registra a organização de uma expedição do bandeirante Jorge Correia
para combater “os índios do sertão de Jundiaí” a denominação é imprecisa. Na
época, o sertão assim conhecido seguia até os limites de Goiás.
A presença e influência cultural dos indígenas no século XVIII e XIX foi
pesquisada pelo arqueólogo Walter Fagundes Morales, que escolheu o tema
para seu mestrado na Universidade de São Paulo depois de pesquisar o
registro de óbitos da paróquia de 1744 a 1800. Ele descobriu que como a
escravidão nativa era proibida por lei, os fazendeiros denominavam
“administrados” aos índios em suas propriedades, reservando o termo escravo
somente para os africanos Maria Ângela Salvatori (1998).

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7 – Os caminhos para o interior e a relação com a nossa região.

Os bandeirantes que partiam da Vila de São Paulo de Piratininga em


direção ao interior do estado o faziam através de caminhos utilizados pelos
indígenas que aqui viviam. A importância de se discutir estes caminhos se deve
ao fato de que as localidades que iam sendo fundadas ao longo desta entrada
rumo ao interior passavam por nossa região, e os mapas que eles faziam dão à
idéia da grandiosidade desta região e da quantidade de povos que habitavam
nossas paragens durante o século em que tal empreitada começou.
Um desses caminhos além do já citado era o que levava a Minas Gerais.
Desta forma Ana Villa Nueva, relata o caso do morro do Lopo e sua
cartografia durante os séculos XVI e XVII. O morro do Lopo aparece em relatos
de viajantes e na cartografia desde o século XVI, mas torna-se fundamental no
final do século XVII quando as “Bandeiras” paulistas seguem de São Paulo a
Minas passando por esta região.
Este morro transformou-se em uma espécie de bússola natural da
expedição por um caminho que margeava a zona geológica cristalina do norte
com a Serra da Mantiqueira ocidental. O caminho que passava pelo morro do
Lopo era conhecido como “Caminho de Atibaia” ou também como “ Caminho
que Vae para o Rio das Mortes”
Para quem seguia em direção a Minas, partindo de São Paulo, era
necessário atravessar a serra da Mantiqueira através de gargantas, que nada
mais eram do que passagens que possibilitavam a travessia, muitas vezes
seguindo cursos de rios e vales.
Em relação a esta descrição, a julgar pela sua direção e sentido a
Atibaia, margeando rios e vales, a nossa região foi com certeza rota das
bandeiras paulistas rumo a Minas e também a Goiás e que depararam pelo
caminho com muitas populações indígenas da nossa região, esta zona
cristalina do norte pode-se entender, ou talvez seja a região que fica ao norte
da vila de São Paulo de Piratininga atual cidade de São Paulo, ou seja,
Cajamar, Jundiaí, e outras.
O que nos interessa enquanto pesquisa sobre povos Pré – coloniais que
habitavam a nossa região na época do descobrimento até as bandeiras é a

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relação entre este caminho com marcos geográficos e cartográficos traçados
pelos viajantes do século XVI e que mostram a nossa região nos mapas da
época, pois isto é importante para delimitarmos as áreas de ocupação indígena
na região durante o período.
A cartografia do século XVIII é a mais expressiva na representação dos
caminhos do ouro, com marcos geográficos e núcleos urbanos, apesar de ser a
2ª metade do século XVII o período mais importante de expedições paulistas
rumo as sertão mineiro, passando constantemente pelo morro do Lopo.
Estes núcleos urbanos eram freguesias, povoados, que os bandeirantes
iam fundando ao longo dos caminhos empurrando as populações indígenas
locais para longe destas freguesias e para longe do curso de rios, mas a nossa
região era e é rica em água, e isto com certeza não era fator de dificuldade
para que nossos índios pudessem se estabelecer em outros locais não tão
próximos aos rios agora de domínio dos portugueses, mas também não tão
longe da região onde habitavam, mas sim o estabelecimento em locais que não
oferecessem perigo em relação aos moradores do povoado, evitando assim a
sua escravização.

Considerações finais:
Diante de tais evidências históricas aqui discutidas, a possibilidade de se
encontrar vestígios da ocupação Tupi - guarani ou mesmo de culturas
anteriores a este caso dos Guarulho, Maromomis e outros, ou ainda culturas
mais antigas como as Itararé- Taquara na região de Cajamar é uma
possibilidade real, pois as fontes escritas apontam para a confirmação da
ligação entre a região e os achados do Pico do Jaraguá dois sítios um Lítico e
outro cerâmico por ocasião da construção do Rodoanel Mário Covas que corta
os bairros do Jaraguá e Perus sendo que este último faz divisa com Cajamar.

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