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NIETZSCHE:
UMA CRÍTICA AOS VALORES SOCIAIS
CRISTIANIZADOS EM GENEALOGIA DA MORAL
Goiânia - GO
Outubro de 2009
2
TERMO DE APROVAÇÃO
NIETZSCHE:
UMA CRÍTICA AOS VALORES SOCIAIS
CRISTIANIZADOS EM GENEALOGIA DA MORAL
Goiânia -GO,___/___/2009
____________________________________________
Profº.
(Coordenador do Curso)
____________________________________________
Profº. MsC. Gilmar Dias
(Orientador)
____________________________________________
Profº.
(membro da banca)
____________________________________________
Profº.
(membro da banca)
Goiânia - GO
Outubro de 2009
3
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador,
Profº. MsC. Gilmar Dias pela disposição e incentivo.
Finalmente,
agradeço a Eadcon por oferecer este curso e por tornar este momento de
aprendizagem possível.
5
EPÍGRAFE
Friedrich Nietzsche
6
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................
09
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 64
APÊNDICES.......................................................................................................... 66
9
INTRODUÇÃO
Não somos nós mesmos, somos moralmente aquilo que fizeram de nós. O
filósofo Nietzsche em sua obra Genealogia da Moral (1998) aponta as origens da
moral que têm sua âncora nos valores cristãos; para o filósofo, não trata-se de
qualquer motivação transcendental, Deus que trouxe alguma mensagem. Nietzsche
busca etimologia dos conceitos de bom e mau, do que é nobre ou desonroso para
apontar como se dá a concepção de moral na sociedade. Nietzsche afirma:
Para mim é claro, antes de tudo, que essa teoria busca e estabelece a fonte
do conceito "bom" no lugar errado: o juízo "bom" não provém daqueles aos
quais se fez o "bem"! Foram os "bons" mesmos, isto é, os nobres,
poderosos, superiores em posição e pensamento, que sentiram e
estabeleceram a si e a seus atos como bons, ou seja, de primeira ordem,
em oposição a tudo que era baixo, de pensamento baixo, e vulgar e plebeu.
Desse pathos da distância é que eles tomaram para si o direito de criar
valores, cunhar nomes para os valores. (Nietzsche, 1998, p.19)
Cada ser humano individual viveria uma vida sem os limites artificiais de
obrigação moral. Nenhuma outra sanção na conduta seria necessária além de o
castigo natural envolvido na vitória de uma pessoa superior acima de um inimigo
derrotado.
12
2 REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA
3 GÊNESE DA MORAL
Nota-se que enquanto a casta nobre valora cada ato ―moralmente bom‖ ela
também valora a si mesma, pois, ―a crença e o orgulho que tem dele mesmo são a
base para o estabelecimento dos valores‖ (AZEREDO, 2000, p.65). No tocante ao
dever para com o próximo, a moral dos nobres ―é sobretudo estranha e
desagradável ao gosto do dia quando afirma com severidade [...] que não se tem
20
deveres senão para com seus iguais‖ (NIETZSCHE, 2007, p.188), sendo que, para
com os demais é permitido o agir conforme o querer do nobre, sem se preocupar
com a concepção de valor dos seus atos.
reinterpretá-los de forma a criar novos valores morais que devem ser disseminados
e pregados como sendo os verdadeiros valores.
Dutra de Azeredo (2000) afirma:
De fato, o homem mais prejudicial pode ser o homem mais útil a conservação
da espécie; com efeito, ela sustenta em si ou, por sua influência, nos outros,
instintos sem os quais a humanidade há muito entorpecida ou corrompida. O
ódio, o prazer de ver o outro sofrer, a sede de rapina e de dominação é tudo
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aquilo que se dá o nome de mal: tudo isso faz parte da espantosa economia
da conservação das espécies. (NIETZSCHE, 2006, p.37)
Mas que quer ainda você com ideais mais nobres! Sujeitemo-nos aos fatos: o
povo venceu - ou 'os escravos', ou 'a plebe', ou 'o rebanho', ou como quiser
chamá-lo se isto aconteceu graças aos judeus, muito bem! jamais um povo
teve missão maior na história universal. 'Os senhores' foram abolidos; a
moral do homem comum venceu. Ao mesmo tempo, essa vitória pode ser
tomada como um envenenamento do sangue (ela misturou entre si as raças)
- não contesto; mas indubitavelmente essa intoxicação foi bem-sucedida. A
'redenção' do gênero humano (do jugo dos 'senhores') está bem
encaminhada; tudo se judaíza, cristianiza, plebeíza visivelmente (que
importam as palavras!) (NIETZSCHE, p.28)
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Não há dúvidas de que a moral religiosa conquistou meio mundo, e que para
isso utilizou-se da inversão dos valores tornando o que era miserável em algo nobre.
Diante disto a filosofia nietzschiana demonstra quão grande é a força do cristianismo
quando apontou como verdades suas inversões de valores:
Hoje nada vemos que queira tornar-se maior, pressentimos que tudo desce,
descende, torna-se mais ralo, mais plácido, prudente, manso, indiferente,
medíocre, chinês, cristão - não há dúvida, o homem se torna cada vez
"melhor‖. (NIETZSCHE, 1998, p.35)
È por este motivo que deve esperar sua recompensa no ―reino de Deus‖.
Este pensamente é veementemente criticado pelo filósofo alemão Friedrich
Nietzsche que ressalta:
lágrimas‖ é também criticada por Ferreira Santos (1988) que escreve o prefácio da
obra Vontade de Potência, editada no Brasil pela Ediouro:
[...] Cristianismo é uma ―práxis” e não uma doutrina. Diz-nos com devemos
proceder e não o que devemos crer. (NIETZSCHE, p.136)
Diante de tudo isso Nietzsche vai propor outra interpretação de Jesus que
não é a dos cristãos. Jesus não seria o ―salvador da humanidade‖, estaria Cristo na
visão nietzschiana mais próxima de ser considerado um ―salvador‖ no tocante a
forma de como se deve viver a vida. A práxis de Jesus não se prende à leis ou
regras do judaísmo, não quer ser exaltado por praticar o bem. Em suma, a crítica de
Nietzsche aponta como problema, o cristianismo e não a cristandade.
Em Vontade de Potência (s.d) o filósofo alemão considera os cristãos
covardes, visto que estes não praticam os atos de Jesus de Nazaré.
valores morais, tornando nobre tudo aquilo que é vil, louvável, aquilo que é
desprezível. Nietzsche afirma: ―O ar ruim! Esta oficina onde se fabricam ideais -
minha impressão é de que está fedendo de tanta mentira!" (NIETZSCHE, 1998,
p.39). Pretende-se explicitar neste trecho que o homem tem em si a capacidade de
criar ideias, estas por sua vez são atribuídas a Deus, a melhor das criações
humanas. Criar um autor para toda a ―mentira‖ e inversão de valores que o
cristianismo pregou. Em Ecce Homo (1888), o autor afirma, ―Deus é uma resposta
grosseira, uma indelicadeza para conosco, pensadores‖ (NIETZSCHE, p.81). O
filósofo alemão deixa bem claro que para ele apontar Deus como o autor da moral
imutável e eterna é uma questão de ―grosseria‖ e ―indelicadeza‖, haja vista ser o
próprio homem o animal avaliador e pai de toda a moral. Nietzsche pretende
demonstrar que a morte de Deus é importante para que o homem cresça, pois:
O fato de Deus ter se feito homem indica apenas que o homem não deve
buscar no infinito sua felicidade, mas fundar na Terra o seu céu; a ilusão de
um mundo sobre terrestre levou os espíritos humanos a uma atitude
equivocada perante o mundo terrestre: foi fruto de uma infância dos povos...
Em meio a difíceis dúvidas e lutas a humanidade se torna viril: ela reconhece
em si o começo, o meio e o fim da religião. (NIETZSCHE, 1998, p.168)
[...] revela a falência dos valores supremos do ocidente, pois, todo valor
nasce de uma perspectiva que avalia e não de um valor absoluto. E essa
perspectiva que avalia revela uma vontade, uma qualidade de querer por trás
de cada avaliação. A morte de Deus abre para o questionamento de ―qual o
valor desses valores?‖ Que tipo de homem essa moral quer construir? Até
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no seu íntimo não quer perder este ponto de apoio, eis então que se tem o seguinte
questionamento: ―(…) A grandeza deste feito não é demasiado grande para nós?
Não teríamos que nos tornar, nós próprios, deuses, para apenas parecer dignos
dela?‖ (NIETZSCHE, 2006, p.129). Matar Deus está intrinsecamente ligado ao
homem se desfazer de suas velhas crenças, da necessidade de se sentir consolado
por Deus, não esperar que a salvação venha do céu, pois, o que nos leva a nos
tornar ―nós próprios deuses” é a consciência de que devemos a nós mesmos a
nossa própria beatitude, iremos construir o reino de Deus na terra por meio da
racionalidade e esclarecimento.
Para Amorim de Oliveira Junior (2004), a morte de Deus é condição
primaria, para a partir daí o homem buscar sua auto-superação e tornar-se mais
capaz. Amorim argumenta: ―a morte de Deus é o ponto de partida para o
ensinamento da superação e do super-homem‖ (OLIVEIRA JUNIOR, 2004. p.155).
O termo ―super-homem‖ aqui é traduzido do original em alemão onde se lê
―Übermensch‖ que está ligado ideia do homem ir além do que é, para além do
demasiadamente humano, buscando ultrapassar os limites da superficialidade
imposta. Este termo pode também ser traduzido como ―para além do homem‖.
Azeredo define o termo ―Übermensch‖:
A felicidade (não ousaria dizer a ―potência‖: isso teria sido imoral); - portanto,
há em todo o ato do homem uma intenção, de alcançar por meio de
felicidade. Em segundo lugar se o homem não alcança efetivamente a
felicidade, a que se deve isso? Aos erros que comete no que concerne aos
meios. – Qual é o meio infalível para atingir a felicidade? Resposta: a virtude.
(NIETZSCHE,1988, p.203)
38
Como uma última indicação do outro caminho surgiu Napoleão, o mais único
e mais tardio dos homens, e com ele o problema encarnado do ideal nobre
enquanto tal - considere-se que problema é este: Napoleão, esta síntese de
inumano e sobre-humano.(NIETZSCHE, 1998, p.45)
O homem não é um ser social, por natureza, segundo Nietzsche: ele resolve
viver em sociedade apenas a partir da necessidade de usufruir dos
benefícios que a coexistência pode lhes fornecer. Assim, substitui-se a
motivação instintiva e natural, para se viver em sociedade, por outra,
fundamentada no interesse em se adquirir vantagens pessoais por meio da
vida comum. (OLIVEIRA JUNIOR, 2004, p.131).
estabilidade e no caráter absoluto dos conceitos metafísicos [...] não suporta a vida
como luta incessante‖ (OLIVEIRA JUNIOR, 2004, p.116).
O ―Übermensch‖ da filosofia nietzschiana nasce como necessidade à
―morte de Deus‖, morte do niilismo e a superação do estado decadente do homem.
O conceito de ―além do homem‖ é algo individual inerente àquele que deseja alçar
vôos altos, busca superar-se a cada momento, negando tudo aquilo que lhe é
apresentado como verdades supremas.
O saber absorvido sem medida aparente pelo homem deixa de atuar como
motivo transformador, não aflora, permanece escondido e forma o que
Nietzsche chama de sua "interioridade" – um amontoado de coisas
acumuladas desordenadamente. A oposição entre interior e exterior no
homem é, na verdade, o sintoma mais evidente de uma cultura decadente e
da ausência de uma unidade de estilo. (DIAS, 1990, p. 66)
Oh, demolir é fácil, mas edificar! E mesmo demolir parece mais fácil do que
é; somos tão intimamente condicionados pelas impressões de nossa infância,
as influências de nossos pais, nossa educação, que esses preconceitos
profundamente enraizados não podem ser facilmente removidos por
argumentos racionais ou por simples vontade. (NIETZSCHE, 1998, p.164)
45
[...] Quanto ao professor, ele fala a estes estudantes que o escutam. O que
ele pensa ou faz para, além disso, é separado por um grande abismo na
percepção dos estudantes. Freqüentemente o professor lê falando. Em
geral quer ter o maior número possível de ouvintes, em caso de necessidade
se satisfaz com alguns, quase nunca de um só. Uma boca que fala, muitas
orelhas e metade das mãos que escrevem - aí está o aparelho acadêmico
externo – aí está em atividade a máquina cultural da universidade. (1984,
p.110-114 apud PERBONI E GOMES, 2009)
Art. 11. São objetivos, com duração de dois anos, da Educação de Jovens e
Adultos:
I. Proporcionar ao trabalhador e comunidade, uma formação básica
necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades, a sua
autorrealização, ao preparo para o exercício pleno da cidadania, preparando-
o para uma maior participação na sociedade competitiva em que está
inserido, bem como para sua inserção e atuação no mercado de trabalho.
II. Propiciar ao jovem e adulto a oportunidade de continuidade de estudos
para aqueles que não tiveram acesso à escola na idade própria.
III. Promover a formação integral do jovem, dando continuidade ao trabalho
desenvolvido no Ensino Fundamental, a partir da sistematização dos
conhecimentos adquiridos;
IV. Fornecer ao jovem e ao adulto um amplo e profundo conhecimento dos
conceitos e informações, necessário ao encaminhamento educacional;
V. Proporcionar ao jovem e ao adulto os requisitos educacionais exigidos
pelas áreas prioritárias de formação dos recursos humanos do país;
VI. Desenvolver seu pensamento crítico e sua autonomia intelectual;
VII. Possibilitar ao jovem e ao adulto uma ampla visão das diferentes
alternativas de trabalho que o mercado oferece;
VIII. Proporcionar ao jovem e ao adulto a formação necessária ao
desenvolvimento de suas potencialidades, como instrumento de
autorrealização e preparação para o trabalho;
IX. Proporcionar ao jovem e ao adulto, condições de reflexão sobre suas
atividades genéricas e curriculares, para melhor situar-se em sua escolha
profissional;
X. Proporcionar ao jovem e ao adulto a compreensão dos fundamentos
científicos e tecnológicos dos processos produtivos, tornando-o capaz de
relacionar a teoria à prática no ensino das diversas disciplinas;
XI. Capacitar o aluno para o exercício ético, crítico e consciente da
cidadania. (GOIÂNIA, 2009).
Assim sendo, a escolha deste local de pesquisa foi feita com bases nas
propostas pedagógicas e pressupostos axiomáticos implícitos no regimento escolar
que norteia as ações pedagógicas da escola, princípios referentes aos pontos
levantados neste trabalho tais como; desenvolvimento das potencialidades do
homem, do pensamento crítico e busca de formação laica do indivíduo (morte de
Deus), a autorrealização em detrimento do niilismo. Heidegger (2002) já afirmava:
8. COLETA DE DADOS
1
Educação de jovens e adultos.
50
Nietzsche afirma que o ocidente passou a ser formado por uma moral
cristianizada, ―o cristianismo que deu forma e substância a civilização ocidental‖
(BARROS, 2002, p. 95). A partir desta afirmação buscou-se encontrar no ambiente
escolar da sala de aula dados que justificassem ou não a ideia do ocidente ter
passado por um período de cristianização.
A tabela abaixo mostra que dentre os vinte alunos entrevistados, dezoito
professam a fé em um Deus.
51
Quant. %
Sim 18 90
Não 2 10
Nota-se que setenta e cinco por cento dos entrevistados têm sua religião
diretamente ligada ao cristianismo, sendo 25% protestantes e 45% cristãos
católicos. Apenas 5% dos entrevistados não seguem qualquer religião. Observa-se
no quadro abaixo o perfil dos alunos.
O gráfico nº. 3 mostra a influência do ensino religioso na forma de ver e viver a vida:
Dentre vinte alunos pesquisados fica claro que a metade deles (ver gráfico
n° 3) entendem que o ensino religioso tem influência sobre suas vidas, visto que o
ensino da religião trabalha com valores absolutos de verdade, bom e mal, estes
54
Nota-se que Messer (2006) aponta para os valores implícitos nos ideais
religiosos, a valoração de certos axiomas como imutáveis e verdadeiros tendem a
formar sujeitos passivos e não reflexivos contribuindo para a construção da tão
criticada ideologia de rebanho, pois tendem a massificar valores e comportamentos.
Quant. %
Oh, demolir é fácil, mas edificar! E mesmo demolir parece mais fácil do que
é; somos tão intimamente condicionados pelas impressões de nossa infância,
as influências de nossos pais, nossa educação, que esses preconceitos
profundamente enraizados não podem ser facilmente removidos por
argumentos racionais ou por simples vontade. (NIETZSCHE, 1998, p.164)
Que tipo de individuo espera-se formar com a implantação do ensino religioso como disciplina
obrigatória nas escolas?
Quant. %
2
Autônomos (Vontade de potência ) 1 20
3
Passivos ( Moral de Rebanho ) 4 80
O gráfico nº. 5 mostra o tipo de indivíduo que se espera formar com a implantação
do ensino religioso:
2
Valorização da capacidade criativa do homem é a prática do ―além do homem‖ nietzschiano.
3
Tipo de ensinamento que visa desenvolver um comportamento de ―rebanho‖ para tornar o homem
mais domesticado, mais passivo e flexível, ―bem educado‖.
59
[...] Quanto ao professor, ele fala a estes estudantes que o escutam. O que
ele pensa ou faz para, além disso, é separado por um grande abismo na
percepção dos estudantes. Freqüentemente o professor lê falando. Em
geral quer ter o maior número possível de ouvintes, em caso de necessidade
se satisfaz com alguns, quase nunca de um só. Uma boca que fala, muitas
orelhas e metade das mãos que escrevem - aí esta o aparelho acadêmico
externo – aí está em atividade a máquina cultural da universidade. (1984,
p.110-114 apud PERBONI E GOMES, 2008)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Friedrich Nietzsche
REFERÊNCIAS
MARTON, Scarlett. Nietzsche - Das forças cósmicas aos valores humanos. São
Paulo: Brasiliense, Primeira edição, 1990.
PERBONI, Lílian Ap. Cenci, GOMES, Cleomar Ferreira. Nietzsche contra o boneco
de ventríloquo. In: SEMINÁRIO EDUCAÇÃO – SEMIEDU, 2009, Cuiabá. Mato
Grosso.
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