RECORRENTE:ANTÔNIO CASEMIRO BELINATI RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL RELATORA: MINISTRA ELLEN GRACIE
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ELEITORAL. REGISTRO
DE CANDIDATURA. REJEIÇÃO PELO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL DAS CONTAS DE CONVÊNIO COMO PREFEITO MUNICIPAL. TRÂNSITO EM JULGADO. RECURSO DE REVISÃO. CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR. PRETENSÃO RECURSAL QUE DEMANDA O EXAME DE QUESTÕES INFRACONSTITUCIONAIS. OFENSA INDIRETA AO TEXTO CONSTITUCIONAL. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 279/STF
Parecer pelo não conhecimento do recurso.
1. Trata-se de recurso extraordinário interposto por
Antônio Casemiro Belinati (fls. 558/591), com fundamento no art. 102, III, a, da Constituição Federal, de acórdão proferido pelo Colendo Tribunal Superior Eleitoral que indeferiu o registro de sua candidatura ao cargo de prefeito do Município de Londrina (PR) nas eleições de 2008. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 2
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2. O acórdão recorrido recebeu a seguinte ementa:
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL
ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. CONTAS DE CONVÊNIO REJEITADAS PELO TCE. DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. AJUIZAMENTO DE RECURSO DE REVISÃO OU DE RESCISÃO. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO PELO TCE. PERSISTÊNCIA DA CLÁUSULA DE INELEGIBILIDADE DA ALíNEA "G" DO INCISO I DO ART. 1° DA LC 64/90, QUE SÓ É DE SER SUSPENSA POR DECISÃO JUDICIAL. PROVIMENTO CAUTELAR CONTRA LEGEM. EXCEPCIONALIDADE DO CASO. PEDIDO DE REGISTRO INDEFERIDO.
1. A cláusula de inelegibilidade constante da alínea
"g"do inciso I do art. 1° da LC 64/90 demanda, para sua incidência, a cumulativa presença de três requisitos, dois positivos e um negativo, a saber: a) rejeição por vício insanável, de contas alusivas ao exercício de cargos ou funções públicos; b) natureza irrecorrível da decisão proferida pelo órgão competente; c) inexistência de provimento suspensivo, emanado do Poder Judiciário (Poder Judiciário, que foi o único a ser mencionado na ressalva constante da parte final do referido dispositivo). 2. Isto revela que, havendo decisão de rejeição de contas que seja irrecorrível e que aponte vícios de natureza insanável, somente o Poder Judiciário pode suspender a incidência da cláusula de inelegibilidade, nos exatos termos da parte final da alínea "g" do inciso I do art. 1° da LC 64/90, combinadamente com o § 5° do art. 11 da Lei n 9.504/97. 3. A existência de recurso de revisão (ou recurso de rescisão) não desfaz a natureza irrecorrível do julgado administrativo impugnado. Eventual utilização de recurso de rescisão apenas reforça o trânsito em julgado da decisão que rejeitou as contas, pois recursos que tais somente podem ser manejados contra atos irrecorríveis. Por isso que tal manejo não tem jamais o efeito de automaticamente afastar a natureza irrecorrível do ato impugnado. 4. Tratando-se de revisão jurisprudencial levada a MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 3
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efeito no curso do processo eleitoral, o novo
entendimento da Corte deve ser aplicável unicamente aos processos derivados do próximo pleito eleitoral. 5. Excepcionalidade do caso concreto, a impor o indeferimento do pedido de registro: medida cautelar que foi deferida no âmbito da Corte de Contas e em sede de ação autônoma de impugnação contra expressa disposição legal e regimental. Pelo que se trata de ato patentemente contra legem, insuscetível de produção de efeitos no plano da suspensão da cláusula de inelegibilidade.
(fls. 487/533)
3. Rejeitados os embargos declaratórios opostos pelo
recorrente, foi interposto o recurso extraordinário em exame, em que se alega violação ao art. 2º, 5º, caput, I, XXXVI, LIV e LV, 16, 18, 71 da Constituição Federal.
4. Alega o recorrente, em suma, “inexistir qualquer
peculiaridade ou novidade no caso específico dos autos a justificar que da brusca virada da jurisprudência, após inclusive a realização do segundo turno das eleições de 2008, tão somente o ora recorrente venha a ter indeferido o pedido de registro da sua candidatura” (fls. 574).
5. Requer o conhecimento e provimento do recurso
extraordinário para, em homenagem aos princípios da celeridade e economia processuais, e reconhecida a violação aos dispositivos da Constituição mencionados, bem assim aos diversos princípios constitucionais invocados, deferir o registro de candidatura do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 4
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recorrente, ou caso declarada a nulidade do acórdão recorrido, que o
Tribunal Superior Eleitoral proceda ao um novo julgamento da causa.
6. Não admitido o extraordinário (fls. 599/607), sobreveio
agravo de instrumento, provido pela eminente Relatora para determinar a sua conversão em recurso extraordinário (fls. 629). Vieram os autos, em seguida, ao MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.
II
7. O recurso extraordinário não reúne condições de êxito.
8. O Tribunal Superior Eleitoral indeferiu o registro de
candidatura do recorrente porque entendeu que a superação da causa de inelegibilidade prevista no artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/90, decorrente de rejeição da prestação de contas por irregularidades de natureza insanáveis por decisão irrecorrível, somente ocorre com concessão de medida liminar emanada do Poder Judiciário, e não em sede de ação autônoma no âmbito administrativo, especialmente quando existe expressa vedação legal e regimental à concessão de tal medida.
9. Assim, não está caracterizada a ofensa direta e frontal
aos dispositivos constitucionais invocados, sendo certo que a MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 5
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verificação de sua eventual violação imporia o prévio exame da
legislação infraconstitucional pertinente, o que inviabiliza o acesso à via extraordinária.
10. Ademais, a discussão sobre as peculiaridades do caso
importa em aplicação da Súmula 279/STF vez que a decisão agravada também valeu-se da análise do conjunto fático-probatório para concluir pela impropriedade, para afastar a inelegibilidade referida, da medida liminar concedida no âmbito administrativo.