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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

N.º 1216-PGR-RG

RECURSO EXTRAORDINÁRIO N.º 602.840/PR


RECORRENTE:ANTÔNIO CASEMIRO BELINATI
RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
RELATORA: MINISTRA ELLEN GRACIE

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ELEITORAL. REGISTRO


DE CANDIDATURA. REJEIÇÃO PELO TRIBUNAL DE
CONTAS ESTADUAL DAS CONTAS DE CONVÊNIO
COMO PREFEITO MUNICIPAL. TRÂNSITO EM
JULGADO. RECURSO DE REVISÃO. CONCESSÃO DE
MEDIDA LIMINAR. PRETENSÃO RECURSAL QUE
DEMANDA O EXAME DE QUESTÕES
INFRACONSTITUCIONAIS. OFENSA INDIRETA AO
TEXTO CONSTITUCIONAL. REEXAME DO CONJUNTO
FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 279/STF

 Parecer pelo não conhecimento do recurso.

1. Trata-se de recurso extraordinário interposto por


Antônio Casemiro Belinati (fls. 558/591), com fundamento no art.
102, III, a, da Constituição Federal, de acórdão proferido pelo
Colendo Tribunal Superior Eleitoral que indeferiu o registro de sua
candidatura ao cargo de prefeito do Município de Londrina (PR) nas
eleições de 2008.
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2. O acórdão recorrido recebeu a seguinte ementa:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL


ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. CONTAS
DE CONVÊNIO REJEITADAS PELO TCE. DECISÃO
TRANSITADA EM JULGADO. AJUIZAMENTO DE
RECURSO DE REVISÃO OU DE RESCISÃO.
CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO PELO TCE.
PERSISTÊNCIA DA CLÁUSULA DE INELEGIBILIDADE
DA ALíNEA "G" DO INCISO I DO ART. 1° DA LC 64/90,
QUE SÓ É DE SER SUSPENSA POR DECISÃO JUDICIAL.
PROVIMENTO CAUTELAR CONTRA LEGEM.
EXCEPCIONALIDADE DO CASO. PEDIDO DE REGISTRO
INDEFERIDO.

1. A cláusula de inelegibilidade constante da alínea


"g"do inciso I do art. 1° da LC 64/90 demanda, para
sua incidência, a cumulativa presença de três
requisitos, dois positivos e um negativo, a saber: a)
rejeição por vício insanável, de contas alusivas ao
exercício de cargos ou funções públicos; b) natureza
irrecorrível da decisão proferida pelo órgão competente;
c) inexistência de provimento suspensivo, emanado do
Poder Judiciário (Poder Judiciário, que foi o único a ser
mencionado na ressalva constante da parte final do
referido dispositivo).
2. Isto revela que, havendo decisão de rejeição de
contas que seja irrecorrível e que aponte vícios de
natureza insanável, somente o Poder Judiciário pode
suspender a incidência da cláusula de inelegibilidade,
nos exatos termos da parte final da alínea "g" do inciso I
do art. 1° da LC 64/90, combinadamente com o § 5° do
art. 11 da Lei n 9.504/97.
3. A existência de recurso de revisão (ou recurso de
rescisão) não desfaz a natureza irrecorrível do julgado
administrativo impugnado. Eventual utilização de
recurso de rescisão apenas reforça o trânsito em
julgado da decisão que rejeitou as contas, pois recursos
que tais somente podem ser manejados contra atos
irrecorríveis. Por isso que tal manejo não tem jamais o
efeito de automaticamente afastar a natureza
irrecorrível do ato impugnado.
4. Tratando-se de revisão jurisprudencial levada a
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efeito no curso do processo eleitoral, o novo


entendimento da Corte deve ser aplicável unicamente
aos processos derivados do próximo pleito eleitoral.
5. Excepcionalidade do caso concreto, a impor o
indeferimento do pedido de registro: medida cautelar
que foi deferida no âmbito da Corte de Contas e em
sede de ação autônoma de impugnação contra expressa
disposição legal e regimental. Pelo que se trata de ato
patentemente contra legem, insuscetível de produção de
efeitos no plano da suspensão da cláusula de
inelegibilidade.

(fls. 487/533)

3. Rejeitados os embargos declaratórios opostos pelo


recorrente, foi interposto o recurso extraordinário em exame, em que
se alega violação ao art. 2º, 5º, caput, I, XXXVI, LIV e LV, 16, 18, 71
da Constituição Federal.

4. Alega o recorrente, em suma, “inexistir qualquer


peculiaridade ou novidade no caso específico dos autos a justificar que
da brusca virada da jurisprudência, após inclusive a realização do
segundo turno das eleições de 2008, tão somente o ora recorrente
venha a ter indeferido o pedido de registro da sua candidatura” (fls.
574).

5. Requer o conhecimento e provimento do recurso


extraordinário para, em homenagem aos princípios da celeridade e
economia processuais, e reconhecida a violação aos dispositivos da
Constituição mencionados, bem assim aos diversos princípios
constitucionais invocados, deferir o registro de candidatura do
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recorrente, ou caso declarada a nulidade do acórdão recorrido, que o


Tribunal Superior Eleitoral proceda ao um novo julgamento da causa.

6. Não admitido o extraordinário (fls. 599/607), sobreveio


agravo de instrumento, provido pela eminente Relatora para
determinar a sua conversão em recurso extraordinário (fls. 629).
Vieram os autos, em seguida, ao MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.

II

7. O recurso extraordinário não reúne condições de êxito.

8. O Tribunal Superior Eleitoral indeferiu o registro de


candidatura do recorrente porque entendeu que a superação da
causa de inelegibilidade prevista no artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei
Complementar 64/90, decorrente de rejeição da prestação de contas
por irregularidades de natureza insanáveis por decisão irrecorrível,
somente ocorre com concessão de medida liminar emanada do Poder
Judiciário, e não em sede de ação autônoma no âmbito
administrativo, especialmente quando existe expressa vedação legal e
regimental à concessão de tal medida.

9. Assim, não está caracterizada a ofensa direta e frontal


aos dispositivos constitucionais invocados, sendo certo que a
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verificação de sua eventual violação imporia o prévio exame da


legislação infraconstitucional pertinente, o que inviabiliza o acesso à
via extraordinária.

10. Ademais, a discussão sobre as peculiaridades do caso


importa em aplicação da Súmula 279/STF vez que a decisão
agravada também valeu-se da análise do conjunto fático-probatório
para concluir pela impropriedade, para afastar a inelegibilidade
referida, da medida liminar concedida no âmbito administrativo.

III

11. Ante o exposto, opina o MINISTÉRIO PÚBLICO


FEDERAL pelo não conhecimento do recurso.

Brasília, 18 de dezembro de 2009

ROBERTO MONTEIRO GURGEL SANTOS


PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

FRWA/MLVS

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