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II Simpósio de Pós-Graduação em Engenharia Urbana - SIMPGEU

RECUPERAÇÃO DO CÓRREGO MANDACARU EM MARINGÁ,


PARANÁ, COM A IMPLANTAÇÃO DE PARQUE LINEAR

Leonardo Cassimiro Barbosa 1

Bruno Luiz Domingos De Angelis 2

Rafaela De Angelis Barros 3

Daiane Maria Di Genaro Chiroli 4

RESUMO

O presente trabalho propõe a recuperação e alternativa de uso da área correspondente ao fundo de


vale do Córrego Mandacaru na Cidade de Maringá, Paraná. A área em questão encontra-se
degradada, fruto da ação antrópica ao longo do tempo, tendo comprometido sua vegetação, seu
corpo de água e o solo, através de processo erosivo. A solução que se propõe é a implantação de
Parque Linear na extensão dos 4 quilômetros do Córrego que percorre a malha urbana no Município
de Maringá. Este primeiro estudo consiste na revisão bibliográfica acerca do tema, e no
levantamento e diagnóstico da área em questão, identificando o grau de degradação do local com
base em estudos publicados e visitas in loco. O estudo identificou a presença de processos erosivos
acelerados, ocupações irregulares e grande quantidade de despejo de resíduos sólidos nas margens e
entorno do córrego. Foram levantados ainda a porcentagem de recobrimento de cada estrato vegetal,
bem como o uso do solo no fundo de vale. Como resultado final espera-se que a implantação do
parque linear atue como artifício remediador do fundo de vale, auxiliando na preservação e
recuperação da área de maneira sustentável, trazendo benefícios nos âmbitos sociais, culturais e
ecológicos.

Palavras-chave: Fundo de vale. Parque linear. Preservação ambiental. Promoção de uso público.

1
Mestrando, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-
PEU, Leonardo.cb@gmail.com
2
Prof. Dr., Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Agronomia-DAG,
brucagen@uol.com.br
3
Mestrando, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-
PEU, rafaangelis@hotmail.com
4
Mestrando, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-
PEU, dmgenaro@hotmail.com
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1. INTRODUÇÃO

Maringá foi fundada pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná – CMNP - em 1947,
tendo sido projetada pelo Engenheiro Jorge de Macedo Vieira, que imprimiu uma concepção no
desenho da cidade inspirado no conceito de cidade jardim, tendo tido como referência a prática do
urbanismo de Raymond Unwin e Barry Parker, o que resultou em um traçado irregular de acordo
com as curvas de níveis naturais do terreno e na presença maciça do verde como elemento de
composição do espaço urbano, tornando a abundância de vegetação uma forte identidade do
município (REGO, 2001, p. 1569-1577).
Em termos de fundos de vale, o município conta atualmente com 68 nascentes e 32 córregos
e ribeirões cortando o município, resultando em uma área de aproximadamente 70 km de extensão
de fundos de vale, muitos deles degradados, com a presença de resíduos sólidos, ligações
clandestinas de esgoto, ocupações irregulares, entre outros. A preservação ambiental é amparada
por lei desde 1965 com o Código Florestal (Lei Federal 4.771, de 15 de Setembro de 1965)
(BRASIL, 1965), que determina como Áreas de Preservação Permanentes – APPs -, a cobertura
vegetal existente às margens de qualquer curso d’água, delimitando uma faixa marginal a ser
preservada ao longo do curso, cuja largura mínima varia de acordo com a largura do leito do rio
(QUEIROZ et al., 2002).
O conceito de parque linear surgiu primeiramente nos Estados Unidos da América, com a
proposta de Olmsted em 1865, que introduziu o conceito de parksways, que eram caminhos que
interligavam áreas livres e parques, com a transformação do rio Strawberry Creek em um parque
linear. Com o passar dos anos, este conceito de parque linear ganhou força primeiramente nos
Estados Unidos, e depois no restante do mundo, onde foram implantadas diversas propostas dos
chamados greenways, ressaltando a importância do planejamento das áreas verdes nos centros
urbanos (LITTLE, 1990 apud GIORDANO & RIEDEL, 2006).
No Brasil atualmente é crescente o número de planos e projetos que adotam o instrumento
parque linear como medida eficaz e de baixo impacto ambiental na recuperação de áreas de fundos
de vale. Esse aumento na utilização das APPs, para implantação de usos públicos de baixo impacto
ambiental, levou inclusive o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA -, baixar
recentemente uma resolução (CONAMA, 2006) visando regulamentar estes usos, possibilitando a
intervenção ou supressão da vegetação nestas áreas, para implantação de áreas verdes de domínio
público, assim como outros usos, com algumas considerações e restrições.
Atualmente, os estudiosos na área do planejamento urbano e ambiental apontam o
instrumento Parque Linear como uma medida sustentável e remediadora para os fundos de vale na
área urbana, sendo considerado uma “[...] alternativa para ocupação das margens dos rios sem
degradar, trata-se de dar um uso social às margens dos rios compatível com a natureza, evita
ocupações irregulares...” (SANTOS & CAMPOS, 2006 apud FRIEDRICH, 2007).
O mesmo autor ainda ressalta que a criação de um espaço de lazer público, serve como
artifício motivador para que a população crie uma identidade maior com a área, ajudando a
preservá-la (SANTOS & CAMPOS, 2006 apud FRIEDRICH, op. cit.). Outro ponto a destacar é
com relação à legislação atual brasileira que garante apenas a reserva de áreas verdes juntos aos
córregos, mas a mesma não garante o destino dado a suas margens, ou a qualidade das águas e
vegetação remanescente, e com o modelo de urbanização adotado nos últimos tempos essas áreas
em geral acabam virando locais de despejo de lixo ou ocupadas por favelas (GONÇALVES, 1998).
Desta forma, busca-se com esta pesquisa, demonstrar os benefícios possíveis com a
implantação do parque linear, promovendo o uso público no local com um baixo impacto ambiental,
e ainda garantindo a preservação e recuperação da vegetação remanescente e do curso de água. Para
isso, esta pesquisa estudará o fundo de vale do Córrego Mandacaru em Maringá, Paraná, localizado
na região norte da cidade, para a implantação do Parque Linear, tendo como critérios de escolha:
sua grande extensão dentro da área urbana - visando atender um maior número de usuários; a

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presença de alto grau de degradação - buscando recuperar a mata remanescente e a melhora da


qualidade da água; a existência de problemas de drenagem - devido ao alto grau de
impermeabilização do entorno e à supressão de grande parte da vegetação, que colaboram para o
surgimento de diversos processos erosivos ao longo do fundo de vale; e ainda a existência de
ocupações irregulares nas margens do córrego.
Estes critérios da escolha do local a ser trabalhado e a formulação das diretrizes de
implantação e recuperação da área, nortearão o projeto do parque linear, para garantir que os
benefícios pretendidos nos âmbitos sociais, culturais e ecológicos, sejam possíveis de serem
alcançados. Este primeiro estudo se caberá da revisão bibliográfica acerca do tema, e do
levantamento do estado de degradação do fundo de vale, com base em estudos publicados, e visitas
in loco.

2. REVISÃO DA LITERATURA

A legislação brasileira atual considera as áreas de fundos de vale urbanas como sendo Área
de Proteção Permanente – APP - (BRASIL, 1965), sendo estas áreas protegidas e proibidas de
edificação, pois além de sua importância ambiental, abrigando exemplares da fauna e flora, são em
geral áreas de risco, por estarem sujeitas a inundações, deslizamentos e erosões. Porém a própria
legislação não consegue garantir o destino dado às margens dos sistemas hídricos ou a qualidade da
água dos mesmos, então,
“[...] quando a iniciativa privada encontra qualquer elemento perturbador
ao aproveitamento pleno da área de que dispõe, tenta removê-lo através de aterros,
canalização de córregos, desmatamento, terraplanagem, e quando esta área é
pública, acaba virando área de despejo de entulhos e lixo ou são ocupadas por
favelas” (GONÇALVES, op. cit.).
“A legislação ambiental é extremamente restritiva: o proprietário de terras
de fundo de vale não pode utilizar esta área, mas continua a ter o custo dos
impostos, arcando com o ônus de preservá-la para toda a comunidade. Com isto, o
valor comercial destas áreas acaba baixando, sendo comum o seu abandono, e a
ocupação irregular, forçando o poder público muitas vezes a desapropriá-la”
(TUCCI, 2003 apud FRIEDRICH, op. cit.).
Grande parte destas ocupações irregulares é explicada pela grande desigualdade social
existente no país, que excluem do mercado formal de lotes regulares, uma boa parcela da população
que acaba tendo como única saída as formas alternativas de ocupação (BARREIROS, 1998 apud
BARROS, 2004). Estes problemas não são causados apenas pela população de baixa renda, uma
vez que áreas como as orlas litorâneas, topos de morro, e áreas privilegiadas do ponto de vista
ecológico, são bastante atrativas para a urbanização de alto poder aquisitivo, provocando iguais
danos ambientais (MAGALHÃES, 1996).
As concepções mais recentes de uso e ocupação do solo têm adotado o ambiente hídrico
como base para o planejamento urbano, fazendo uso de instrumentos e concepções capazes de
melhorar a qualidade de vida da população, promovendo o uso público em áreas verdes de fundos
de vale com um baixo impacto ambiental, auxiliando na recuperação e preservação destas áreas
urbanas (SANTOS & CAMPOS, 2006 apud FRIEDRICH, op. cit.).
Dentre essas medidas de ocupação em áreas verdes urbanas, o instrumento parque linear,
vem sendo bastante defendido pelas referências atuais. O caráter linear dos cursos d’água vem
sendo associado ao conceito de corredor verde, chamados greenways, amplamente citado pela
bibliografia norte americana, em voga no planejamento urbano e ambiental no mundo hoje
(FRIEDRICH, op. cit.). Olmsted em 1865 foi o pioneiro neste tipo de proposta, introduzindo o
conceito de parksways, caminhos que interligavam áreas livres e parques, com a transformação do

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rio Strawberry Creek em um parque linear. Com o passar dos anos, este conceito de parque linear
ganhou força primeiramente nos Estados Unidos, e depois no restante do mundo.
Os chamados greenbelts, presente nas cidades jardim de Ebenezer Howard de 1898, também
influenciou a criação de parques lineares. Posteriormente, os greenbelts foram desenvolvidos e
aplicados por Benton MacKayne nos EUA, sendo seu trabalho mais conhecio o de Appalachian
Trail, unindo Maine à Geórgia, numa extensão de 300km. O sistema previa espaços abertos
florestados, formando áreas lineares e cinturões ao redor e por entre as cidades (SMITH &
HELLMUND, 1993 apud GIORDANO & RIEDEL, 2006).
No Brasil, o Município de São Paulo foi o pioneiro na urbanização em áreas de manancial e
fundos de vale, com o Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga – PSABG.
(FRANÇA, 2000 apud BARROS & ZMITROWICZ, 2005). O Rio de Janeiro também possui
alguns exemplos deste tipo de intervenção, como o realizado nas margens do Rio Faria, na Favela
Fernão Cardim, fruto do Programa Favela Bairro. A cidade de Curitiba também implantou parques
lineares com sucesso, como o do Rio Atuba em 2003, resultado do Programa Nossa Vila em
Curitiba (BARROS & ZMITROWICZ, op. cit.).
Atualmente, a implantação de um parque requer a conciliação de ações em conjunto que
recaem nos aspectos das habitações irregulares, drenagem, esgoto, fauna e flora, deslocamento de
moradores dos locais de periferia para o centro da cidade, alteração da malha viária, negociação
com proprietário de terras, conciliação de usos de preservação, lazer e turismo dentro da área do
parque, entre outros, que devem ser observados em nível de bacia hidrográfica e de relações sociais,
variando essas relações de acordo com a especificidade do local (FRIEDRICH, op. cit.). A autora
ainda ressalta que os benefícios possíveis com a implantação deste tipo de parque podem trazer
melhorias quanto a: drenagem do solo; proteção e manutenção do sistema natural; lazer, educação
ambiental e coesão social; estruturação da paisagem urbana; desenvolvimento econômico da região
onde é implantado e combate às ocupações irregulares.
Num aspecto mais geral, a implantação de áreas verdes melhora a qualidade das áreas
urbanas, trazendo vantagens como (CABRAL, 2005 apud FRIEDRICH op. cit.):
• Melhoria do micro clima urbano;
• Circulação do ar;
• Balanço da Umidade;
• Captura de poeira e gases;
• Contribuição para a reciclagem urbana e manutenção da qualidade da água;
• Vetor recreativo para a população urbana;
• Propicia manifestações culturais, educação ambiental, e investigação científica no local,
dentre outros benefícios.
No que tange a morfologia do parque linear, Marcus e Francis (1998) realizaram estudos,
apontando as vantagens e desvantagens desta tipologia de parque.
Para os autores, as vantagens são:
• Perímetro alongado encoraja a prática de caminhadas e ciclismo, e todas as atividades
que exijam movimento;
• A forma linear permite grande acessibilidade ao parque;
• A largura estreita cria a sensação de maior segurança, pela facilidade de visualização de
toda a superfície do parque;
• O parque linear aproveita espaços ociosos da malha urbana, que geralmente encontram-
se abandonados, invadidos ou degradados;
• A quantidade e variedade de usos do solo no entorno, propiciados pela forma linear
promovem o movimento e animação destes lugares;
• A forma linear permite uma separação mais confortável na área do lazer, diminuindo os
conflitos de uso do mesmo espaço por diferentes grupos de usuários;

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• As pessoas que circulam por um parque linear, podem usufruir por um período maior de
tempo, de uma paisagem verde contínua.
As desvantagens ficam por conta do(a):
• O ruído interno do parque pode incomodar um maior número de vizinhos, e o ruído
externo dos veículos que margeiam o parque podem incomodar os usuários;
• O extenso perímetro do parque promove um acesso contínuo, que impede a formação de
um acesso único, mais controlável;
• Podem provocar conflitos de ordem física entre os usuários do parque, tais como
pedestres, ciclistas, crianças, pessoas com animais, e veículos motorizados,
principalmente nos cruzamentos;
• A largura estreita do parque pode frustrar alguns usuários em termos visuais, muitas
vezes direcionados para o trânsito e moradias adjacentes.
O estudo produzido por Villalobos (2003) apresenta uma abordagem com relação à
legislação existente para garantir a preservação dos fundos de vale, suas implicações políticas, bem
como a situação ambiental em que se encontram os fundos de vale do município de Maringá. O
autor elencou ainda uma série de medidas necessárias para a preservação destas áreas, destacando
os objetivos da conservação dos fundos de vale, que na visão do autor são:
• Preservar e promover a biodiversidade;
• Preservar o patrimônio paisagístico urbano e rural;
• Proteger os recursos hídricos e florestais;
• Asilar exemplares de fauna ou flora ameaçados de extinção;
• Assegurar condições de bem-estar público urbano e rural;
• Contribuir em uma distribuição espacial igualitária das áreas verdes de acesso público;
• Potencializar a capacidade econômica das áreas degradadas, assim como sua integração
social;
• Promover o desenvolvimento econômico social sustentável urbano e rural.
O trabalho realizado por Viotto Filho (2002) abordou os impactos ambientais nos fundos de
vale da Bacia do Ribeirão Maringá, tendo como objetivo do seu estudo a análise dos benefícios
trazidos com a implantação de trabalhos de educação ambiental em instituições de ensino na cidade
de Maringá, com relação à preservação e conservação das áreas de montante dos córregos
Mandacaru, Nazaré, e do próprio Ribeirão Maringá.
Com relação específica ao Córrego Mandacaru - objeto de estudo deste trabalho -, foi
analisado o trabalho de Queiroz et al. acerca da ocupação do fundo de vale, realizando o
mapeamento do uso do solo ao longo do córrego, que verificou um alto grau de degradação no
local, determinou porcentagem de recobrimento dos diferentes estratos vegetais, bem como a
existência e porcentagem de ocupações irregulares. O estudo de Paula e Ferreira (2005), intitulado
Levantamento fitogeográfico preliminar no Parque do Cinquentenário em Maringá, localizado na
média e baixa vertente na porção maior da margem direita do Córrego Mandacaru, estendendo-se
até o fundo de vale, identificou e classificou as espécies vegetais do local, e elaborou uma pirâmide
de vegetação, permitindo a análise do estado em que se encontram cada um dos estratos vegetais do
parque. Este trabalho verificou ainda, a presença de despejo de diversos resíduos sólidos ao longo
do córrego. 

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa se classifica no grupo de estudo de caso, pois busca uma solução de baixo
impacto ambiental para a recuperação do fundo de vale do Córrego Mandacaru em Maringá, aliada
a promoção de uso público no local.

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A metodologia de pesquisa a ser adotada, seguirá alguns preceitos preconizados por Flink e
Searns (1993 apud GIORDANO & RIEDEL, 2006), sendo adaptados conforme a especificidade do
local. Os autores recomendam inicialmente um processo de inventario e análise para o levantamento
dos recursos naturais e culturais do corredor seguidos da preparação do plano conceitual, para
definições de metas, objetivos e programa de ações recomendadas, e por fim a preparação do plano
final, detalhando e especificando as modificações propostas para a área.
Para isso, o estudo seguirá os seguintes passos:
• Pesquisas prévias acerca do tema abordado;
• Levantamento e diagnóstico do fundo de vale, verificando o grau de degradação das
espécies vegetais remanescentes, e do curso d’água, com base em estudos publicados e
visitas in loco com levantamento fotográfico;
• Entrevista com questionário com a população a ser beneficiada com o parque por meio
de amostragem e validação a ser definida, para averiguar os anseios da população na
recuperação da área e implantação do parque;
• Elaboração e verificação das ações e diretrizes necessárias para recuperação e
manutenção da área; 
• Elaboração do projeto do parque linear com base nas ações e diretrizes anteriormente
verificadas, detalhando as modificações propostas para a área. 

4. LEVANTAMENTOS E DIAGNÓSTICOS DO CÓRREGO MANDACARU

O presente trabalho é parte preliminar da dissertação de mestrado que visa recuperar o córrego
Mandacaru, em Maringá, Paraná, com a implantação de um parque linear. Assim, este primeiro
estudo se ocupou da revisão bibliográfica acerca do tema abordado, da análise em trabalhos
publicados sobre o uso do solo e de levantamento fitogeográfico do fundo de vale, visando um
parâmetro geral do estado da vegetação e do uso do solo ao longo do córrego. Realizou-se ainda
visitas in loco com levantamento fotográfico, contemplando assim os dois primeiro passos da
metodologia proposta, permitindo a análise do estado de degradação presente no fundo de vale.
O estudo analisado acerca da ocupação e uso do solo do Córrego Mandacaru foi realizado por
Queiroz (2003), que utilizou carta planialtimétrica em escala 1:2000, construída pela Aerosul, e
fornecida pela Prefeitura Municipal de Maringá, para construção da Carta Base, que mapeou uma
faixa de 200m de cada Marge do córrego. Para a elaboração da Carta de Ocupação do fundo de
vale, foi utilizada a técnica de fotointerpretação, elaborando overlays através de fotos aéreas
fornecidas pelo projeto Paraná Cidades (PARANÁ, 1995 apud QUEIROZ et al. op. cit.).
A elaboração da legenda da Carta Temática foi baseada na metodologia proposta por Bertin
(1978a), que utiliza a variável visual cor, para denotar a diversidade, para isso cada ocupação
recebeu uma cor diferenciada. Para o cálculo de áreas, utilizou-se o método da contagem, que
apresentou menores erros com relação ao software AutoCAD R14, também testado (QUEIROZ et
al. op. cit.).

Tabela 1 – Área total e porcentagem do uso do solo verificado


Categorias Área Porcentagem
(m²) (%)
Cultivo 3.036 3,28
Veg. rasteira 46.684 50,49
Veg. Rasteira com arbórea 3.464 3,75
Mata ciliar 39.034 41,27
Edificações 188 0,20
Fonte: QUEIROZ - 2002.
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Foram constatados diferentes tipos de ocupação ao longo do córrego, como: cultivo,


vegetação rasteira, vegetação rasteira com arbórea, mata e edificações, expressas na tabela 1 acima.
O Segundo estudo que subsidiou o presente trabalho foi realizado por Paula e Ferreira
(2005), que realizaram o levantamento fitogeográfico preliminar do Parque do Cinquentenário,
localizado na média e baixa vertente na porção maior da margem direita do Córrego Mandacaru,
estendendo-se até o fundo de vale.
Este trabalho que adotou o método da transecção linear para recolhimento das amostras, que
posteriormente foram analisadas e classificadas no laboratório de Geografia Física da Universidade
Estadual de Maringá. Para avaliar o grau de densidade de cada estrato vegetal, realizou-se análise
biogeográfica com base no preenchimento das fichas de Bertrand e Kuchler. Montou-se ainda a
pirâmide de vegetação com o auxílio do software Veget para indicar o estado e o grau de
recobrimento de cada um dos estratos vegetais (PAULA & FERREIRA op. cit.)
Foi verificado que o parque possui sua formação original no conjunto Mata Atlântica, do
domínio da Floresta Estacional Semidecidual (IBGE, 1963), com altitudes variando entre 448 m a
495 m, em uma declividade média de 5°, chegando a 8° nas áreas de ruptura de declividade, já
próximas ao fundo de vale (PAULA & FERREIRA op. cit.).
A pirâmide de vegetação revelou os seguintes resultados para cada estrato vegetal (PAULA
& FERREIRA op. cit.):
• Herbáceo rasteiro: grau de recobrimento de 50 – 75%, em equilíbrio;
• Arbustivo: grau de recobrimento de 10 - 25%, em progressão;
• Arbóreo inferior: grau de recobrimento de 25 – 50%, em progressão;
• Arbóreo superior: grau de recobrimento de 75 – 100%, em equilíbrio;
• Arbóreo emergente: grau de recobrimento de 10 – 25%, em regressão.
A transecção linear realizada mostrou a existência de 17 espécies, onde apenas 11 puderam
ser identificadas devido à estação do ano, cujas plantas possuíam poucas características. Revelou
ainda a existência de três estratos: arbustivo, arbóreo e herbáceo, e pouca existência de gramíneas
no solo.
O levantamento fotográfico realizado in loco revelou a existência de problemas erosivos
avançados e freqüentes no curso do Córrego Mandacaru, frutos da supressão da vegetação e da
impermeabilização do solo no entorno, que aumentam a velocidade dos escoamentos. O despejo de
resíduos sólidos pela população foi observado em diversos pontos, principalmente no entorno do
fundo de vale. Verificou-se ainda a presença de galerias pluviais que despejam suas águas
diretamente no leito do córrego, sem tratamento, responsáveis pelo mau cheiro em alguns pontos, e
poluição do curso de água. A existência de ocupações irregulares de moradia e criação de gado no
fundo de vale são outros aspectos observados que contribuem para a degradação do local. A figura
1 mostra os problemas erosivos e de poluição do fundo de vale.

 
Figura 1 – Erosão e poluição no Córrego Mandacaru
Fonte: Autor – 2009.
 
 

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5. CONCLUSÃO

O estudo permitiu concluir que a legislação brasileira atual, não vem conseguindo garantir a
preservação das faixas de mata ciliar no fundo de vale da área urbana, que se encontram
freqüentemente degradados. A própria resolução do CONAMA (op. cit.) que visa regulamentar
alguns usos nas APPs, demonstra este aspecto falho da legislação atual.
A preservação de fundos de vales traz diversos benefícios à sociedade e ao meio ambiente,
pois garantem a manutenção da biodiversidade da fauna e da flora, melhoram o micro clima da
região, garantem a proteção dos recursos hídricos, entre outros.
Os projetos e planos no Brasil e no mundo de recuperação de fundos de vale urbanos com a
implantação de usos de baixo impacto ambiental, como equipamentos de lazer, hortas comunitárias
e equipamentos sociais, obtiveram sucesso em boa parte dos casos. Estudiosos alertam para que a
implantação de parque linear em áreas urbanizadas seja feita de forma embasada e criteriosa,
valendo-se de uma metodologia consistente para análise da área e aplicação do projeto, de forma a
se garantir o sucesso do empreendimento.
A tipologia linear do parque é bastante adequada para implantação nestas áreas de fundos de
vale urbanos. Este conceito de parque permite melhorias nos âmbitos sociais - Oferecendo mais
uma opção de lazer à população, evitando a degradação por acumulo de lixo, e ocupações
irregulares -, culturais – atuando como artifício motivador da identificação e preservação do parque
pela população - e ecológicos – promovendo a recuperação e proteção da vegetação ciliar e do curso
de água.
O Córrego Mandacaru em Maringá, Paraná, onde se propõe a implantação do parque,
percorre uma extensão de 4 km na malha urbana do município, e sofreu com a falta de planejamento
e preocupação da preservação da mata ciliar e do curso d’água ao longo dos anos. Foi constatada a
presença de uma vegetação biodiversa, de formação original no Conjunto Mata Atlântica, que
corresponde atualmente por somente cerca de 40% da área de recobrimento do córrego.
Os graves problemas erosivos presentes ao longo do curso d’água, acontecem
freqüentemente nos locais desmatados do fundo de vale, onde também se verifica um alto grau de
impermeabilização do entorno, fatores estes que colaboram para o aumento da velocidade dos
escoamentos superficiais, e conseqüente agravamento dos processos erosivos. A constatação deste
problema revela uma das diretrizes a serem adotadas no projeto do parque linear, que deverá prever
artifícios para diminuir a velocidade dos escoamentos superficiais, bem como, propor a
recomposição da vegetação nos locais onde se verificam os processos erosivos.
A grande quantidade de resíduos sólidos despejados pela população, juntamente com o
despejo sem tratamento de galerias pluviais, foram os problemas de poluição verificados. Dessa
forma faz-se necessário durante a implantação do parque, medidas de educação ambiental para a
conscientização da população de modo a sanar o problema dos resíduos, e ainda a eliminação das
galerias pluviais sem tratamento, para a despoluição do recurso hídrico.
As ocupações irregulares presentes no fundo de vale, não caracterizam um grave problema,
pois totalizam apenas 188m², ou 0,20% da área estudada. Porém uma possível readequação ou
realocação destas edificações será contemplada no projeto do parque linear.
O estudo demonstrou assim, que o córrego Mandacaru possui os atributos necessários para a
implantação de um parque linear, se fazendo urgente medidas para a recuperação da área. As ações
de recuperação e as diretrizes de implantação do parque, os questionários que serão aplicados a
população da cidade, e as medidas de educação ambiental, bem como o projeto do parque linear,
serão objetos futuros de estudos, contemplados na dissertação de mestrado.

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REFERÊNCIAS

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desocupadas por intervenções em assentamentos informais. Boletim Técnico da Escola
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BRASIL. CONGRESSO NACIONAL. Lei Federal n. 4.771, 15 de Setembro de 1965. Dispõe


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Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto
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