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Rev. Online da Bibl. Prof. Joel Martins, Campinas, v.2, n.3, p.138-142, jun.2001. 138
RESENHA
É muito comum ouvir-se dizer que mera garantia de infalibilidade dos supostos
boa parte dos atuais professores meios de se eliminar a ilusão e erro.
brasileiros, dos mais diversos níveis, Para Morin, a linha demarcatória dos
ensina a ciência do século XIX. Daí a saberes não pode ser desembaralhada. Isso
importância de se discutir uma proposta torna o ideal de uma ciência sinônimo de
para o ensino do século XXI, tal como certeza apenas um programa protocolar ou
nos oferece o pensador francês. Para um compromisso dos pesquisadores em
educadores que ainda não trabalham nem promover o rigor dos procedimentos. Mas
com a ciência do século passado, as idéias esse rigor não suprime as incertezas da
contidas no texto Sete saberes ciência. Ó desafio é sempre o de mapear
necessários`a educação do futuro para poder se orientar. Dentro da casamata
certamente são motivo de perplexidade e defensora das ameaças dos erros e das
estranhamento. Perplexidade devido à ilusões, aninham-se os fatores que a desviam
própria noção de ciência ali apresentada e dessa tarefa. Nesse sentido, o autor retoma
estranhamento perante a importância que idéia kuhniana de paradigma. Os
é dada aos outros saberes não-científicos, paradigmas, diz, controlam a ciência e
em especial à forma como é tratada a podem desenvolver ilusões e erros. Aos
ética, “disciplina” que só recentemente desvios referentes a essa forma de as
vem sendo resgatada pelas escolas. ciências se constituírem somam-se os erros
O conceito de ciência apresentado mentais e intelectuais. Os órgãos e as
por Morin é problematizado pressupondo, estruturas cognitivas são constituídos de tal
sobretudo, a impossibilidade de se modo que não podem ser imunizados do
suprimir os efeitos da afetividade na erro e da ilusão. A incerteza é racional e há
produção do conhecimento e, com isso, irracionalidade na certeza da racionalização.
também as incertezas. A ciência Esta “se crê racional porque constitui um
apresenta-se como empreendimento sistema lógico perfeito, fundamentado na
intelectual: “conhecimento, sob forma de dedução ou intuição, mas fundamenta-se em
palavra, de idéia, de teoria” (p. 21). Trata- bases mutiladas ou falsas e nega-se à
se de um processo de contestação de argumentos e à verificação
“tradução/reconstrução por meio da empírica.” (p. 23). Já a “verdadeira
linguagem e do pensamento” (ibid.). Ao racionalidade” conheceria os limites da
analisar os elementos que comumente lógica, do determinismo e do mecanicismo e
estão associados à ciência, tais como saberia “que a mente humana não poderia
racionalidade, especialização, ser onisciente, que a realidade comporta
reducionismo, o autor o faz acentuando a mistério” (ibid.). Portanto, por força da
condição de que ao traduzir a realidade, e autocrítica, ela está apta para negociar com
não meramente refleti-la ou espelhá-la, a irracionalidade, o obscuro, o irracional. É
não podemos eliminar o erro que seria essa denominada “verdadeira racionalidade”
inerente à toda atividade humana de que possibilitaria a ética da compreensão,
transcrição, pois “nossa realidade não é proposta pelo autor.
outra senão nossa idéia da realidade.” (p. Perante a crise da crença em um
85) Ao circunscrever-se polemicamente saber inabalável e da impossibilidade de
nesse âmbito da incerteza, ao qual todo prever o futuro, Morin fala da primazia de se
saber humano não metódico é ensinar a “enfrentar as incertezas” e de se
pacificamente incluindo, o saber ensinar “a compreender”. No primeiro caso,
científico deve buscar novas fontes de trata-se de admitir as conseqüências éticas
legitimação diversas da procedência pela da idéia de que o futuro “permanece aberto e
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