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O Processo DE INVESTIGAGAO Da concepcao arealizacao Marie-Fabienne Fortin, Ph. D. Professora titular Faculdade de Ciéncias de Enfermagem Universidade de Montreal iD DECARIE EDITEUR LusotieNcia Titulo original Le processus de la recherche: de la conception 4 la réalisation MarioFabienne Fortin, Ph. D. Copyright © Décarie Editeur Inc., 1996 Titulo em portugués: O Processo de Investigagdo: Da concepgdo 4 realizagéio Direitos reservados para a lingua portuguesa - 1999 LUSOCIENCIA - Ediges Técnicas ¢ Cientificas, Lda Infografia, maqueta da capa: Suzanne L'Heureux Tradugdo: Nidia Salgueiro'. Revisdo técnica: Manuel Gameiro?, Nidia Salgueiro. Paginagdo e Fotdlito: MMartins Impresséio e Acabamento: SIG - Sociedade Industrial Grafica, Ida. B.°S. Francisco ~ Camarate LUSOCIENCIA - Edigées Técnicas ¢ Cientificas, Lda. Rua Dario Cannas, 5A 2670-427 LOURES Telef.: (01) 983 98 40 - Fax 983 98 48 ISBN: 972-8383-10-X Depésito legal n.2 141128/99 Reservados fotos 05 direios. Nenhuma parte desta publicaéo pode ser reproduzida, ormazenada em sistema de recuperagéo ‘0 tronsmitida seja por que forma for ~eleciténica, mecénico, folocépia, gravacdio ou outta ~ sem autorizagdo prévia do editor, por escrito. * Enfermeira professora da Escola Superior de Enfermagem Angelo da Fonseca {aposentada}. * Professor adljunto da Escola Supériér de Enfermagem Angelo da Fonseca, Mestre em Ciéncias de Enfermagem pelo Insitute do Ciéncigs Biomédicas de Abel SalazarFotte NOTA PREVIA A presente obra inscreve-se na continuidade do manual Introduction 4 la recherche: apprentissage assisté par ordinateur de Fortin, Taggart, Kerouac e Normand, publicado em 1988. No conjunto, a nova obra conserva a estrutura de Introduction & Ia recherche (o autor principal é o mesmo}, mas © contetido difere grandemente daquele. E mais completo, mais profundo e mais preciso no que diz respeito ds diversas etapas do processo de investigacdo e & sua aplicagao. A obra cobre um conjunto de conhecimentos e de métodos organizados segundo as etapas da investigacdo, indo do estudo da problematica 4 realizagéo concreta da investigagéo. Inclui igualmente um grande némero de exemplos para ilustrar certas partes do contetdo. Pode ser utilizado para o estudo do processo da investigacao tanto no bacharelato como na licenciatura, Para a sua utilizagéio no bacharelato, a obra faz parte de um conjunto pedagégico comportando um programa informatico educativo e um caderno de exercicios. Este conjunto pedagagico dirige-se aos estudantes de diversas dreas, particularmente das ciéncias da saide e ciéncia conexas, e de diferentes orientagdes. O programa informatico educativo é um suplemento ao manual e ao caderno de exercicios. Comporta trés médulos, correspondendo ds fases conceptual, metodolégica e empirica explicitadas nesta obra. O caderno de exercicios contém uma variedade de aplicagées e de exercicios adaptados as diversas disciplinas, visando permitir ao estudante reforgar as suas aprendizagens e assegurar 0 acompanhamento por este meios. Ao nivel da licenciatura, o manual pode ser utilizado s6 ou com outros textos que tratam da investigagao, Serve para guiar a aprendizagem sequencial de cada uma das etapas do processo cientifico na elaboracdo de um projecto de investigacdo. O propésito que visamos ao apresentar este texto sobre © processo da investigacdo 6 de aumentar a compreensdo das diferentes etapas do processo cientifico e facilitar a aquisic&o dos conhecimentos pela investigacdo. A investigagcio faz parte integrante da aprendizagem no bacharelato ¢ durante os estudos superiores. A obra esté organizada segundo trés fases, conceptual, metodolégica e empirica, cada uma incluindo uma série de elapas. A fase conceptual 6 precedida de trés capitulos de introdugéo ao processo da investigagdo. Estes capitulos consistem em apresentar a investigagGo, em descrever a Sua importancia para a evolugdo das disciplinas e em expor os principaiis elementos que lhe esto subjacentes, os fundamentos filosdficos © os métodos de investigacdo. ‘Os cinco capitulos referentes 4 fase conceptual visam ajudar o estudante a compreender como 0 proceso cientifico permite estruturar um problema de investigactio apoiando-se no avango dos trabalhos tedricos e empiricos anteriores, ¢ como leva & formulagéio do objectivo e das questées de investigacdo ou das hipéteses. Nove capitulo tratam da fase metodolégica. Nela se coloca a ténica nos diversos métodos te investigacdo e nos desenhos apropriados para responder ds questées de investigacdo formuladas. Estudam-se ali igualmente osmétodos de amostragem, os aspectos da medida, incluindo as nogées de fidelidade de validade que esttio estreitamente ligados ds operagies de medida, a forma de descrever com precisdo os conceitos estuclados, os principals métodos de colheita dos dados, assim como 0s aspecios éticos. Os seis capitulos descrevendo a fase empirica dizem respeito ds principais estratégias de andlise estatistica dos dados da investigago, a anélise qualitativa dos dados e a triangulacdo, assim como a apresenta¢do, a interpretago e a comunicagdo dos resultados de investigacao; 0 tltimo capitulo trata da andlise critica dos trabalhos de investiga¢ao. Se bem que 0. conteddo desta obra se refira ao conjunto do processo de investigagdo, ndo é cerlamente exaustivo. Para uns, o obra pode servir para se familiarizar com o processo cientifico ea suc aplicagée num dominio particular de ume disciplina; para outros, pode ser associado a textos mais profundos ov mais especializados permit envergadura. € desejavel que, deste o seu consciéncia da importéncia da concepiuali método mais apropriado para terminar com lade do processo cientifico para melhor ack ligados « uma disciplina & um dos objectives visa [o agradecer pessoalmonte a todos os colaboradores e colaboradoras provinde de diferentes uli Desej ido a prossecusdo de actividades de investigagdo de rimeiro contacto com a investigacGo, os estudanies tomem ‘a¢dio do problema de investigacdo na determinagéo do &xito 0 estudo empreendido. Persuadir os estudantes da e aprofundar a compreensdio de diversos fendmenos dos por esta obra. universidades, Laval, McGill, Montréal, Otawa e Sherbrooke, que contrilsuiram para a realizagao desta obra. Obrigada a M. Marcel Nadeau pela reviséio do conjunto do texto e um agradecimonto especial a Senhora Sylvie Racine palo trabalho de edi¢&o. Gragas a esta preciona colaboracdo e é da casa editora, este manusctilo pé« JOSE COTE, M. SC. Faculdade de Ciéncias de Enfermagem Universidade de Montreal GINETTE COUTU-WAKULCZYK, PH. D. Escola de Ciéncios de Enfermagem Universidade de Otava CLAIREJEHANNE DUBOULOZ, M. SC. Escola de Ergoterapia Universidade de Otava FRACINE DUCHARME, PH, D. Faculdade de Ciéncias de Enfermagem Universidade de Montreal FABIE DUHAMEL, PH.D. Faculdade de Ciéncias de Enfermagem Universidade de Montreal FRANCOISE FILION, M. SC. Estudante de dovioramento Universidade de McGill RAYMOND GRENIER, PH, D. Faculdade da ciéncias de Enfermagem Universidade de Montreal FRANCOIS HAREL, M. SC. Departamento de Mateméticas e Estatisticas Universidade de Montreal le tornar-se num produto acabado. Marie-Fabienne Fortin, Ph. D. 25 Maio 1996. ¢OLABORADORES E COLABORADORAS LOUISE MERCIER, M. SC. Faculdade de Ciéncias de Enfermagem {assitente de investigasao} Universidade de Montreal MARCEL NADEAU, PH. D. Faculdade de Educacdo Fisica Universidade de Sherbrooke DIANE PRUD'HOMME-BRISSON, M. SC. Escola de Ciéncias de Enfermagem Universidade de Otava MARY REIDY, M. SC. Faculdade de Cigncias de Enfermagem Universidade de Montreal SYLVIE TOBICHAUD, PH. D. Professora adjunts Faculdade de Cigncias de Enfermagem Universidade de Montreal NICOLE ROUSSEAU, PH. D. Escola de Ciéncios de Enfermagem Universidade de Laval FRANCINE SAILLANT, PH. D. Departamento de Antropologia Universidade de Laval BIKIS VISSANDJEE, PH.D. Faculdade de Cigncias de Enfermagem Universidade de Montreal P ROGRAMA INFORMATICO EDUCATIVO Esto obra acompanherse de um programa informatice educativo! destinado ao estudo do processo da investigagdo no bacharelato. © programa informéatico educativo proposto é um comple mento do presente ies tet ne donne de exerclelos Possui uma interlace vilizador-computador dos de mais Facil consulto, que fa idade necesséria & busca de informacdo. Assim, gracas 4 apresentagdo no ecra do monitor da estrulura em arvore do conteddo, 6 possivel encontrar rapidamente a intormagao desejada. ARTICULACAO DO PROGRAMA INFORMATICO EDUCATIVO E DO MANUAL DE INVESTIGACAO ‘Aarliculagée do programa informatico educativo com 0 manual pode efectuarse de diversas formas. O utilizador dispée de tempo que lhe convir para prosseguir os objectivos de aprendizagem de cada uma das ligdes informatizadas ov de navegar de acordo com as suas necessidades e os objectivos de aprendizagem oe aro es Clo aprolundar os sous corhecimertos raletivos co processo de invesigogso, Enconiraré no programa informatico educativo ¢ no manual informacdes complementares que lhe permitirao aprofundar as nogces ensinadas. Pode também decidir aprender tanto em extenstio como em profundidede, familicrizorse primeiro com um aspecto apresentado no manual ou percorrer © conjunto dos trés médulos. ‘© programa informatico educative comporta trés médulos incluindo ligSes informotizadas cujo contetido se harmoniza com capitulos precisos da presente obra. Os médulos |, Il lll correspondem respectivamente s irés fases da investigacdio — conceptual, metodolagica e empirica — descritas nesta obra, Os temas Ghordados nes ligdes informatizadas s60 opresentadas segundo uma estrutura em érvore sob a forma de Guesioesresposias, de «minicursos», de exemplos e de contra-exemplos. OBIECTIVO GERAL DO MODULO I {PROGRAMA INFORMATICO E MANUAL) ‘© médulo | visa a aprendizagem das etapas da fase concepiual da invesligasdo, Inclui a formulacdo de problema com a judd de seis elementos determinados, 0 enunciado do objective e das quesiées de investigacéo, a revisdo da literatura e a delimitacdo de um quadro de referéncia. CONTEUDO DO MODULO | ‘© médulo | comporta quatro ligdes informatizadas correspondentes aos capitulos 4 @ 8 da presente obra. Aos copitulos 1,2 @ 3 ndo corresponde nenhuma li¢do informatizada. A primeira licéo informatizada, Introdugéio, dominios, enunciados e testes, aborda os temas discutides no capitulo 4, a saber: os dominios de investigaeéo, o enunciado de um problema, os elementos de um problema, a ligdo, termina com os testes, A ligdo intitulada Elementos de um problema de investigacéio recobre o conjunto dos elementos necessarios & formslagao de vm problema (5). A\liséo seguinte reportaze co quad de referéncia, que corresponde ao 6° clomento necessdrio & precisdo de um problema (7}. O villizador 6 convidado a proceder « uma pesquisa Gutomatizada das fontes documentaiis para a revisdo da literatura sobre 0 dominio estudado (6). A iltima licdio do médulo apresenta jogostestes relativos ao objectivo, as questées de invesligacao e as hipdteses (8). Alligagdo manvalprograma informético estabelece-se como se segue: CAPITULOS DO LIVRO UCOES INFORMATIZADAS, 1, Introdugéio @ investigagéo cientifica Nenhuma 2. A investigagdo propria de uma disciplina: ‘0 exemplo das ciéncias de enfermagem Nenhuma 3. Etapas do proceso de investigacdio Nenhuma 4. Escolha de um problema de investigagéio Introdugéo, dominios, enunciados e testes 5. Formulagdo de um problema de investigagGo Elementos de um problema de investigacéo 1. Ensino da investigagtio por computador, edig&o em reviséo, Fortin, Dalpé, Normand, Taggart @ Kéroucc, 2. ... ov utlizadora. Utilizamos 0 masculino aqui para simplificar o texto. 6. Reviséo da literatura Pesquisa documental automatizada 7. Quadro de referéncia 6* elemento do problema de invesligacto 8, Objectivo, questées de investigagéio e hipéteses Terminologia em investigacéo: jogostestes OBJECTIVO GERAL DO MODULO I (PROGRAMA INFORMATICO E MANUAL) ‘O médulo il permite as aprendizagens ligades ds etopas da fase metodolégica e orienta em relacéo aos mélodes apropriados para responder aos diversas tipos de questées colocadas ou as hipdieses formuladas. CONTEUDO DO MODULO II ‘O médulo Il compreende cinco ligées informatizadas, correspondendo a seis capitules {12 a 17} do livro. Os capitulos 9, 10 € 11 no sto considerados nas licdes informatizadas; tratam de nogdes teéricas relativas 4 ética em investigagéo, ao desenho e a investigacao qualitativa. A licéo inttulada Estudos ndo experimentais cobre 0s capitulos sobre os esludos descritivos (12) ¢ os estudos de tipo correlacional (13), A ligdo Estudos experimeniais corresponde ao capitulo sobre os estudos de tipo experimental e descreve os: principais desenhos uilizados neste tipo de investigacao (14), ligdo sobre A amesragem iia ot métodoe de amostragem por meio de questées de escolha miltipla (15). A licéio A medida em investigacdo opresenia estes resposta relativas cos principais elementos da medida (16). Por fim, a ligéio Métodos de colheita de lados trata da consirugdo de um questiondrio (17) ¢ inclui exemplos. A ligacdo estobelecese como se segue: CAPITULOS DO LVRO UGOES INFORMATIZADAS 9. Nogées de ética em investigagdo Nenhuma ©. Introdugdo ao desenho de Investigagdo Nenhuma 11. Introdugdo @ investigagéio qualitativa Nenhuma 12. Estudos descrtivos Estudos néo experimentais 13. Estudos de tipo correlacional Estudos no experimentais 14. Estudos de fipo experimental Estudos néo experimentais 15. Métodos de amostragem A amostragem 16. A medida em investigagio Medidas de investigacao 17. Métodos de colheita de dados Colheita de dados: questiondrio OBIECTIVO GERAL DO MODULO Ill (PROGRAMA INFORMATICO E MANUAL) ‘© médulo Ill comporta uma ligtio informalizade correspondendo ao capitulo 18 do livro. A ligéo informatizada' Andlise dos dados permite iniciarse na organizacdo dos dades e na ulilizagéo de quadros e de gréficos servindo pard a apresentacdo dos resultados. CAPITULOS DO LIVRO UCOES INFORMATIZADAS 18. Anélise estatistica dos dodos Andlise dos dados 19. Andlise dos dados em investigagéo qualitativa Nenhuma 20. A triangulagdo: uma resposta metodolégico - Nenhuma 21. Apresentacdo e interpretacéio dos resultados Nenhuma 22. Comunicagdo dos resultados Nenhuma 23. Andlise critica dos trabalhos de investigasto Nenhuma AA combinagio dos dois medias, o manual e © programa informatico educative, suporta um proceso lagdgico visando atingir os objectives de aprendizagem enunciados em cada uma das licoes informatizadas do manual de investigagao. Estes objectives correspondem ds necessidades dos estudantes no émbito de um curso sobre invastigasao ministrado no bachorelato, OTA DA TRADUTORA ‘© manual que tivemos a honra de traduzir e agora se apresenta ao piblico luséfono sob o titulo. O Proceso de investigagaio: da concep¢ao a realizagéio, cuja autora principal é Marie-Fabienne Fortin, Professora Emérita da Faculdade de Ciéncias de Enfermagem da Universidade de Montreal, titular da drea da investigacao cientifica naquela faculdade, ¢ sem dévida uma obra de cariz didéctico, Util para professores e estudantes e todos os que se interessem pelo proceso cientifico, Ao longo dos 23 capitulos do manual sdo oferecidas aos utilizadores as bases teéricas inerentes a0 processo de investigacdo, as orientagdes metodologicas basicas especificas dos varios tipos de estudos, tanto na abordagem de investigacGo quantitativa como qualitativa, ilustradas com exemplos de estudos realizados por outros autores, o que lhes permifira conduzir um trabalho de investigacGo desde a sua concepgdio até 4 publicagGo dos resultados. Encontrardo ainda ajuda para fozer a auto-avaliag&o critica do estudo realizado. A organizagéo dos contetdos em torno de objectivos pedagégicos especificos por capitulo; a propria estrutura dos capitulos em que apés uma breve introdugao, os conteddos se desenvolvem por seccdes e temas, dos mais genéricos aos mais especfficos, terminando com 0 resumo dos aspectos tratados; as ideias expostas ilustradas com exemplos de estudos de investigagao e figuras esquemticas, sinetizadas em quadros e creditadas com a citagdio de autores peritos no assunto, cujas referéncias bibliograficas fecham o capitulo, no 86 facilitam a compreenstio dos conteédos como a consulta da obra. A publicasdo deste manual é para nés o culminar de um trajecto que se iniciou em 1990 quando adquitimos a obra Introduction a la Recherche: auto-apprentissage assisté par ordinateur, de Fortin, Jaggart, Kérouac e Normand (1988), manual e respectivo programa informatico educativo, antecessora desta’ publicdgdo, que pelas suas caracteristicas elagemos como instrumento diddctico de base nas nossas actividades pedagogicas na area da investigacdo em enfermagem. Consideramos muito interessante a forma de conceber a formulagdo de um problema de investigagéio com a integra¢do progressiva de seis elementos especificos, processo inspirado em Wandelt (1970), indo dos aspectos mais concretos aos mais abstractos, ou seja, da:situagéo desencadeadora da vontade de estudar o fenémeno até & eleico de um quadro de referéncia que suporte teoricamente o estudo. A integragdo de cada elemento é ilustrada com um exemplo. No final deste percurso, o investigador encontra-se em posi¢Go de formular uma questdo de investigagao num dominio preciso, de acordo com o estado dos conhecimentos existentes nesse dominio € com os objectivos estabelecidos para o esludo, indiciando 0 seu enunciado o proceso metodolégico a ul zor poe que estes sejam alcancados, Nesta nova obra a aulora retoma esta concepsdo {capitulo 5). Desde logo desejémos ver essa obra traduzida para a nossa lingua, pelo que contackimos a casa editora, Décarie Editeur, nesse sentido, que nos aconselhou a aguardar a nova obra, cuja autora principal seria a mesma e se inscreveria na continuidade daquela, mas mais profunda e detalhada. Foros acompanhando a situagGo que se arrastou por mais tempo que o previsto e quando, finalmente, nos foi enviado o manual, houve que procurar uma casa editora que se ispusesse a investir numa obra desta natureza e num mercado dificil como é 0 nosso. A Lusociéncia aceitou o repto, e nds estamos-he gratos pela oportunidade de colocar & disposig&o dos utilizadores de lingua portuguesa uma obra didactica, de facil consulta, que sem ser exaustiva abre caminhos mais profon los e complexes, Gtil tanto para os que se iniciam no processo de investigagdo cientifica como para os que desejam aprofundar os seus conhecimentos nesta area, Para os que realizam, orientam ov avaliam trabalhos de investigago, por razées académicas ou outras, e que necessitam ter & mao um manual que os jude a fundamentar as suas opsdes. Em relagio a drea das ciéncias de enfermagem, nesta fase de transicdo da formagéio de base para o nivel de licenciatura, consideramos este manual um instrumento de grande utilidade, assim como 0 seré para cursos de pds-graduagiio. O manual pode ser utilizado em exclusivo ou em articulacdo com 0 programa informatica educative ¢ o caderno de exercicios que o complementam, sendo estes dois instrumentos dteis, sobretudo, para auto-aprendizagem. Alertamos, no entanto, que o programa informatico esté ainda em fase de acabamento, mas, segundo informagio da autora, os médulos relatives a fase concepival e metodolégica encontram-se jé em fase de experimentacdo, podendo os inferessados acederthe pelo seguinte URL: htip://www scinf.umontreal.co/eri. A autora agradece os sugesties ou crificas que entenderem fazer-the. Quanto ao cademo de exercicios, de momento, ndo sera traduzido. Na Grea da investigagéio, como noutras, nem sempre hé unanimidade de posi¢ées entre os autores, dai que os utilizadores encontrarao ao longo desta obra aspectos susceptiveis de gerar controvérsia. A propria autora chama a atencdo para o facto, em momentos oportunos. Igualmente, sdo discutiveis as solugdes por nés encontradas para ultrapassar dificuldades inerentes ao nosso desojo de fidelidade ao estilo da autora, & verso para portugués das nuances tipicas do francés canadiano ou de termos sem correspondéncia directa na nossa lingua ov que em linguagem técnica tomam um outro sentido. Por exemplo, o termo devis, pela utilizagdo que.dele faz a autora, foi traduzido por desenho; 0 termo construit foi traduzido por construfo. .Em certos casos, a autora utilizou este termo no sentido de resultado ou score, sendo assim traduzido. Muitas das nossas dévidas foram colocadas & propria autora, a quem muito agradecemos os prontos esclarecimentos, bem como a abertura com que acolheu as sugestées que entendemos apresentarthe. O manual que agora se apresenta, apesar do nosso empenho, nao seria possivel sem a preciosa ajuda de varios técnicos que muito nos apraz registar e agradecer. Destacamos em primeiro lugar Manuel Henriques Gameiro, Mestre em Ciéncias de Enfermagem 0 Professor na Escola Superior de Enfermagem Dr Angelo da Fonseca, que ultrapassou largamente as suas fungées de revisor técnico. Sentimo-lo sempre como co-responsdvel nas tomadas de deciséio, como conselheiro técnico quer na area dos contetdos da obra quer na escrita e aspectos graficos. Foi um trabalho de parceria, realizado com grande abertura, sem o qual ndo chegariames a bom termo. igualmente a preciosa ajuda, relativamente ao capitulo Revisdio da Literatura, de Isabel Faria ¢ Maria Antonia Pereira da Silva, assessoras, respectivamente, do Servico de Bibliotecas da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e do Servico de Documentagio dos Hospitais da Universidade de Coimbra; a Rui Pedro Salgueiro, técnico superior em gestGo informatica do Departamento de Matemética da Universidade de Coimbra, em aspectos relatives é sua area de competéncia e ds criticas oportunas. E, por dltimo, néig ha publicagdo sem alguém que tome a seu cargo a docilografia do manuscrito e se ocupe do trabalho grafico. O nosso muito abrigado a Lina Lourengo que Pacientemente escreveu e reescreveu o manuscrito, e ao Sr, Manvel Martins pelo trabalho grafico e aatencdo dada ds nossas sugestées. Reiteramos os nossos agradecimentos ao Editor, que confiou em nés e acettou publicar esta obra. Coimbra, Junho de 1999. SUMARIO Nota prévia ... Colaboradores e colaboradoras Programa informatico educative Nota da tradutora.......... Capitulo 1 A INVESTIGACAO CIENTIFICA 1.1 Métodos de aquisigéo dos-conhecimentos . .2 O que 6 a investigagao cientifica? .. -3)lmportancia da investigagéo para as disciplinas e profissdes .. A Principais pontos de liga¢ao da investigasao cientifica . .5 Fundamentos filoséficos e investigacdo cientifica. 6 7 Métodos de investigagdio. Resumo Referéncias 1 1 1 1 1 1 iograficas Capitulo 2 ‘A INVESTIGACAO ESPECIFICA DE UMA DISCIPLINA: 0 EXEMPLO DAS CIENCIAS DE ENFERMAGEM 2.1 © objecto da investigagdo em ciéncias de enfermagem 2.2 Resenha historica da investigagdo em enfermagem .... 2.3 As enfermeiras e a investigacGo ......... 2.4 Resumo.. . Referéncias bibliograficas Capitulo 3 AS ETAPAS DO PROCESSO DE INVESTIGAGAO 3.1 Definic&éo de termos ligados & investigacéo cientifica Fases e etapas do processo de investigacdo 3.3 Etapas da investigacao qualitativa .. “4 Resumo.. Referéncias NOR 25 26 26 29 31 32 35 36 38 42 43 43 Movuto I Fase Concerruat Capitulo 4 ESCOLHER UM PROBLEMA DE INVESTIGACAO............. 4.1 O que 6 um problema de investigagao ......... 4.2 Os antecedentes & escolha de um problema de investigaséo 4.3 Elementos a considerar num enunciado... 4.4 Etapas que conduzem ao enunciado da questéo de investigagéo ... A5 Resumo... Referéncias bibliogrdficas Capitulo 5 FORMULACAO DE UM PROBLEMA DE INVESTIGACAO. 5.1 Formular um problema de investigagdo, em que consiste 5.2 Elementos de formulagéo de um problema de investigacdo . 5.3 Integragée dos elementos na formulagéo de um problema de investigagGo .........ssssceesen eseeeeeeee 5.4 A argumentagGo no problema de investigacao. 5.5 Aspectos integradores do problema ... 5.6 Etapas da formulacéo de um problema de investigacéo . 5.7 Resumo. . Referéncias bibliogrdficas Capitulo 6 REVISAO DA LITERATURA. estan 6.1 Definigéo e objectivos da revisdo da literatura 6.2 Plano de uma reviséo da literatura . 6.3 Amplitude da revisdio da literatura 6.4 A investigagdio documental ... 6.5 Estrategia da pesquisa informatizada 6.6 locais da conserva¢ao das publicagées . 6.7 Apresentagdo dos artigos de revista © relatérios 6.8 Organizagdo e redac¢éo da informagéo 69 Resumo....... . . Referéncias bibliograficas Capitulo 7 © QUADRO DE REFERENCIA ......... 7.1 O que é uma teoria? .... 7.2 Componentes de uma teoria 7.3 O que é um quadro de referéncia?........... 7.4 Etapas da elaboragéo de um quadro de referéncia 7.5 Quadro de referéncia e nivel da investigacao . 7.6 Resumo... . Referéncias bibliograficas Capitulo 8 | OS OBJECTIVOS DA INVESTIGACAO E AS SUAS QUESTOES OU HIPOTESES.. 8.1 Objectivo do estudo e niveis de conhecimento 8.2 Questées de investigagéo 8.3 Hipéteses . : 8.4 Verificagéo de hipoteses.... 8.5 Da fase conceptual a fase metodolégica 8.6 Resumo.. Referéncias bibliograficas Moouto I Fase Meropotécica Capitulo 9 NOCOES DE ETICA EM INVESTIGACAO....... 9.1 A ética e a investigagéo .... 9.2 Acontecimentos histéricos na origem dos cédigos 9.3 Direitos fundamentais das pessoas. 9.4 Relacdo riscos/beneficios 9.5 © consentimento livre e esclarecido 9.6 O consentimento esclarecido e pessoas wulnerdveis . 9.7 As comissées de ética da investigacdo. 9.8 Resumo... Referéncias bibliogr Capitulo 10 © DESENHO DE INVESTIGACAO..... 10.1 Definic¢&o e objectivo do desenho de investigagaio 10.2 Elementos do desenho de investigasao .. 10.3 Classificagéo das investigagdes e niveis dos conhecimentos 10.4 Conceitos préprios do desenho de investigagdo 10.5 Resumo cee Referéncias bibliograficas ........... 99 100 101 102 105 108 108 109 113 114 114 116 120 120 123 124 128 129 131 132 132 135 139 144 145 Capitulo 11 ABORDAGENS DE INVESTIGACAO QUALIATIVA.. . 147 11.1 Caracteristicas dos métodos qualitativos 148 11.2 Principais criticas da abordagem qualitativa 156 11.3 Desenvolvimento actual e futuro 157 11.4 Resumo..... . 158 Referéncias bibliograficas 159 Capitulo 12 OS ESTUDOS DE TIPO DESCRITIVO.......... - pve . 161 12.1 Caracteristicas dos estudos descritivos - 162 12.2 Tipos de estudos descritivos - 162 12.3 Resumo 170 Referéncias bibliograficas 171 Capitulo 13 OS ESTUDOS DE TIPO CORRELACIONAL... ese . 173 13.1 Caracteristicas dos estudos de tipo correlacional 174 13.2 Tipos de estudos correlacionais 174 13.3. Resumo... s 181 Referéncias bibliograficas .. . 182 Capitulo 14 OS ESTUDOS DE TIPO EXPERIMENTAL... . 183 14.1 As varidveis experimentais . eevee . 184 14.2 Caracteristicas dos desenhos de tipo experimental _ . 184 14.3 Categorias de desenhos de tipo experimental . . 185 TAA Resume... . - . 198 Referéncias bibliograficas . 198 Capitulo 15 METODOS DE AMOSTRAGEM . 201 15.1 Conceitos gerais . 202 15.2 Métodos de amostragem . 204 15.3 Tamanho da amostra 21 15.4 Etapas da elaboragéo de um plano amostral 212 15.5 Resumo seseeeeetssnssossenee 213 Referéncias bibliogrdficas .... 214 Capitulo 16 - ‘A MEDIDA EM INVESTIGACAO .. 215 16.1 O que é medir? . . 216 16.2 A medida dos conceitos ... 16.3 Abordagens da medida 16.4 Tipos de medida. 16.5 Escalas de medida. 16.6. Etros de medida .... 167 A fidelidade e a validade dos insirumentos de medida . 16.8 Traducéio, adaptagéie e validacéio dos instrumentos de medida . 16.10 Interpretagéio dos coeficientes de correlagao ........ 16.11A fidelidade e a validade em invesigastio qualitativa Resumo en : Referéncias bibliogréficas. Capitulo 17 METODOS DE COLHEITA DE DADOS 17.1 Escolha de um méiodo de colheita de dados 17.2 Principais métodos de colheita dos dades .... 17.3 Da fase metodolagica a fase empirica . 17.4 Resumo......... cesteseetenees Referéncias bibliogréficas Moouto I Fase Empfrica Capitulo 18 ANAUSE ESTATISTICA DOS DADOS . 18.1 Utilidade da estatistica em investigacéio 18.2 Os tipos de medida ... . 18.3 Tipos de investigacdes e s tipos “de estatistica 18.4 A inferéncia estatistica: teste de hipdteses 18.5 Andlises estatisticas inferenciais 18.6 Resumo Referéncias bibliogréficas .. Capitulo 19 METODOS DE ANALISE DOS DADOS EM INVESTIGACAO QUALITATIVA 19.1 Natureza e caracteristicas gerais da andlise dos dados . 19.2 Modelo de exploraséio da linguagem. 19.3 A andlise dos dados dé uma entrevista etnografica 19.4 A andlise dos dados na abordagem da teoria fundamentada . 19.5 A andlise dos dados na abordagem fenomenolégica 216 219 221 222 224 225 323 233 233 234 235 239 240 240 260 263 264 269 270 271 276 283 289 303 304 305 306 306 308 311 315 19.6 Sintese do conjunto das unidades de significagao . 317 19,7 RESUMO....ssesccsesssssesreseees 319 Referéncias bibliogrdficas 319 Capitulo 20 A TRIANGULACAO... cone sv 321 20.1 As abordagens quantitativa e qualitativa. 322 20.2 A triangulagéo . 322 20.3 Resumo. . 326 Refer8ncias bibliograficas ... 326 Capitulo 21 APRESENTACAO E INTERPRETACAO DOS RESULTADOS............... 329 21.1 ApresentagGo dos resultados .. - 330 21.2 Interpretacao dos resultados 331 21.3 Conclusées e implicagdes 336 21.4 Resumo.. a 337 Referéncias bibliograficas 338 Capitulo 22 COMUNICACAO DOS RESULTADOS........... 339 22.1 O relatério de investigaséo 340 22.2 Tipos de relatério de investigacéo. 343 22.3 Resumo... . : 346 Referéncias bibliograficas 346 Capitulo 23 . ANALISE CRITICA DOS TRABALHOS DE INVESTIGACAO 349 23.1 O que é a critica em investigago? ......... 350 23.2 Objectivos da critica em investigagco 351 23.3 Aspectos da critica em investigacao . 352 23.4 Resumo seve 356 Referéncias 357 Apéndices... 359 Glossério 363 Indice .... 379 A INVESTIGACAO CIENTIFICA Objectivos de aprendizagem No final deste capitulo, o estudante deve ser capaz de: ¥ Definir 0 que é a investigacao cientifica. Apreciar a importancia da investigacGo para as disciplinas. cientifica. Descrever as relagées entre investigagdo, teoria e prdatica. Compreender os fundamentos filosdficos da investigacGo e os métodos da investigacéo cientifica. v ¥ Discutir elementos subjacentes & investigagao v v Ainvestigagao cientifica é um processo que permite resolver problemas ligados ao conhecimento dos fenémenos do mundo real no qual nés vivemos. E um método particular de aquisigao de conhecimentos, uma forma ordenada e sistematica de encontrar respostas para questdes que necessitam duma investigagao. Pelas suas fungées, a investigagao permite descrever, explicar ¢ predizer factos, acontecimentos ou fenémenos. A investigacdo esta estritamente ligada a teoria, dado que esta.contribui para o seu desenvolvimento, quer seja para a produzir, quer seja para a verificar, Por sua Vez, a teoria aumenta a compreensao dos fendmenos estudados pela investigagao.e esta.nova compreenso conduz a andlise de outros problemas. Esta interacgao entre a teoria @ a investigacao suporta todo o processo cientifico exposto nesta obra. Conceber um processo de investigagao é também tomar em conta a’significagéo reconhecida para esta e para as suas bases. Antes de elaborar um projecto de investigagao, é preciso primeiramente estar convencido da suaimportancia, nao s6 para o desenvolviment dos conhecimentos da disciplina espeito, mas também: Sobre as bases que esses novos conhecimentos trazem a esta disciplina. Ste capitulo de introcugdo tem por objectivo definiro que é a investigagao cientifica, demonstrar a ‘sua importancia e'as suds relagdes coma teoria, a pratica’e outros elementos do conhecimento, expor 0s seus fundamentos filoséficos e descrever as formas de investigagao cientifica. Marie-Fabienne Fortin, José C6té e Bilkis Vissondjée 16- CAPITULOT 11 Méropos be Aquisicko Dos CONHECIMENTOS Oconhecimento adquire-se de muitas maneiras, Conhecemos certos factos gragas ao método cientifico de aquisigdo dos conhecimentos; outros, no entanto, emanam de uma variedade de fontes que correspondem a graus diversos de precisio. Na maior parte das disciplinas, o conhecimento foi adquirido através de diversas fontes no decurso da histéria, tais como a intuig&o, as tradig6es e a autoridade, a experiéncia pessoal, a tentativae erro, 0 raciocinio légico, a investigagio. Nos pardgrafos seguintes, descreveremos estas diversas fontes de conhecimentos. A intuicao A intuigdo 6 uma forma de conhecimento imediato que niio recorre ao raciocinio: €a.aquisigaio de uma certeza sem utilizagdo do raciocinio e sem referéncias (Robert, 1988). ‘Ter intuigdo é também sentir ou adivinhar as coisas. Demers (1993) sublinha que a intuigdo nao funciona no vazio e que esta tira partido dos conhecimentos assimilados ¢ das questies que a pessoa se coloca. 0 pensamento intuitivo &, por vezes, suficiente ‘para a conduta na vida pritica; ele 6, no entanto, menos fiavel, quando se trata de uma questiio de actividade cientifica. Com efeito, cada um sabe até que ponto a intui¢ao é sujeita 2 ilusio. Se bem que a intuicio nfo seja um meio suficiente de obter informacdo no contexto de uma investigacdo cientifica, pode servir de guia e de adjuvante 3 criatividade. As tradigdes e a autoridade As teadigGes incluem as crengas baseadas nos costumes e nas tendéncias passadas. Se bem que 2s tradigdes possam ter um certo valor enquanto que fontes de conhecimento, elas podem no entanto travar o conhecimento quando se apoiam em rituais, Esta fonte de conhecimentos que éatradicao deve ser avaliada de forma critica 4 luz de outras fontes de dados disponiveis. 0 campo dos conhe- cimentos numa disciplina deve ser mais baseado na investigacao do que na tradigo. De igual modo em relacio aos costumes, jd que muitos si mantidos pela autoridade. O conhecimento trans- mitido pela autoridade, a menos que seja baseado na investigacdo, nao pode representar um método cientifico de aquisigo de conhecimentos. A experiéncia pessoal; a tentativa e erro A experiéncia pessoal é uma outra fonte de aquisigéo de conhecimentos. Qualquer pessoa apreendeu pelas suas prdprias experiéncias. A partir dos dados fornecidos pelas suas observacdes, o ser humano manifesta uma tendéncia natural 4 antecipacao. No entanto, é dificil generalizar a partir das suas experiéncias pessoais sem ter consultado previamente a literatura para explorar outras possibilidades ou outras formas de proceder. A aprendizagem por tentativa e erro nao é nem sistematica nem infalivel. Além disso, o facto de multiplicar as tentativas até 4 obtengio de uma resposta as nossas questbes nao constitui por si um meétodo muito eficaz de aquisigio de conhecimentos! 0 raciocinio légico 0 raciocinio légico € um método de aquisigao de conhecimentos que combina a0 mesmo tempo a experiéncia, as faculdades intelectuais e os processos de pensamento (Polit e Hungler, 1995). ‘As duas vias do raciocinio I6gico sto os raciocinios indutivo e dedutivo. 0 raciocinio indutivo é uma via que conduz a uma generalizacio a partir de observagées espectficas. 0 raciocinio dedlutivo, por seu lado, faz-se a partir de princfpios gerais e de postulados que levam a uma assergio. Em consequéncia, éa partir do geral que se vai para 0s fenémenos particulares, Estes dois métodos de raciocinio, titeis para compreender e classificar os fenémenos, contribuem para a aquisicio de conhecimentos. Contudo, nem um nem outro pode ser utilizado s6 por si como base de conhecimento cientifico. Se bem que nenhum dos métodos de aquisi¢io de conhecimentos que acabémos de descrever seja para negligenciar, nenhum permite s6 por si apro- fundar a base dos conhecimentos nas diversas disciplinas. A investigacio cientifica De todos os métodos de aquisigio de conhe- cimentos, a investigagdo cientifica é 0 mais rigoroso 0 mais aceitavel, uma vez que assenta num processo racional. Um aspecto importante que o distingue dos outros métodos & que ele pode ser corrigido conforme a sua progressio e recolocar ‘em questo tudo 0 que ele prope. Este método de aquisicao de conhecimentos é dotado de um poder descritivo e explicativo dos factos, dos aconte- cimentos e dos fendmenos. Vejamos mais em detalhe o que constitui a investigacao cientifica. 12 O que &A INvestTIGAGAO Crentirica? Ainvestigacio cientifica é em primeiro lugar um processo, um processo sistemdtico que permite examinar fenémenos com vista a obter respostas para questdes precisas que merecem uma inves- tigagio. Este proceso comporta certas carac- terfsticas inegaveis, entre outras: ele é sistematico rigoroso ¢ leva 4 aquisigao de novos conhe- cimentos. Varios pensadores tentaram enunciar uma definigio, CAPITULOT - 17 método sistematico, controlado, empitico e critico que serve para confirmar hip6teses sobre as relacbes presumidas entre fendmenos naturais. Esta delinicio supde 0 controlo de varidveis na situagio de investigacio e implica a verificacio de hipsteses. Assim, o esforgo de formular hipéteses, mais do que verificé-las, no € aqui considerado como sendo investigacdo. Esta definicio suscita, pois, wna certa dificuldade nas disciplinas de Ambito clinico ou so- cial, Outtas definigdes sdio mais concilidveis com a diversidade das abordagens de investigacio. Por exemplo, Seaman (1987) definiu a inves- tigacdo cientifica como um processo sistematico de colheita de dados observaveis e verificéveis, a partir do mundo empitico (0 que nés conhecemos através dos nossos sentidos), com vista a descrever, explicar, predizer ou controlar fenémenos. Esta definigao tem a vantagem de apresentar diversas fungdes da investigacio aplicdveis aos conhecimentos que j4 existem sobre um dado assunto: a descricio consiste em determinar a natureza e as caracteristicas dos fenémenos e por vezes estabelecer certas associagoes entre eles (Chinn e Kramer, 1991). Trata-se, entio, de descobrir ou de classificar novas informagoes. A explicacio vai mais longe: ela consiste em clarificar as relacdes entre fenémenos e em determinar porque tais acontecimentos se produzem. A predicao permite estimar a probabilidade que um tal resultado se produza numa determinada situagao, Pelo controlo, uma situagio é provocada, isto é, um elemento exte- rior é introduzido de maneira a produzir um resultado previsto. Existem igualmente outras definig6es, as quais esto de acordo com diversas abordagens de investigagio. Por exemplo, Burns e Grove (1993) definem a investigacdo cientifica como se segue: um processosistematico, efectuado com 0 objectivo de validar conhecimentos ja estabelecidos e de produzir outros novos que véo, de forma directa ou indirecta, influenciar a pritica. Esta viltima delinigao. nfio requer que o estudo seja empirico, 18 - CAPITULOT emt estritamento objectivo (o que deixa lugar aos métodos subjectivos ou interpretativos), mas Tigoroso e sistematico. O rigor, do qual depende a exactidio cientifica, tem em parte a capacidade de assegurar uma percepcao fidvel e correcta da realidade (Gauthier, 1992). Quanto a siste- matizagao, ela resulta do método, isto é, de uma forma organizada e ordenada de alcangar um objectivo. investigagao ¢, portanto, um método de aquisiglo de novos conhecimentos. Mais, as definigdes que apresentémos encertam todas elas nogdes de rigor e de sistematizagio. Todas deixam entender que a investigacio permite criar novos conhecimentos pelo desenvolvimento da teoria ou pela verificagio da teoria. Segundo 0 género de investigaco em que o investigador se deseja envolver, assim ele adoptaré a definico que melhor corresponda is suas preocupagdes e planificardé um metodo apropriado para a obtengio das respostas As suas questdes. 13 ImporrAncia DA INVESTIGAGAO PARA AS DISCIPLINAS £ PROFISSOES Pela investigacio numa dada disciplina visa-se a producao de uma base cientifica para guiar a prética e assegurar a credibilidade da profissao. Assim, a investigago consiste em alargar 0 campo dos conhecimentos na. disciplina a que diz respeito ea facilitar o desenvolvimento desta como ciéncia. 0 estudo sistemdtico de fenémenos, que conduz i descoberta e ao aumento de saberes especificos, é também um dos objectivos da investigacio. Por exemplo, a investigago aplicada numa disciplina consiste na utilizago do processo cientifico no estudo de problemas especificos, com vista a introduzir mudangas nas situagdes onde se apresentam estes problemas. A investigaciio permite determinar, entre os problemas clinicos, aqueles que necessitam de ser examinados empiricamente, Pode tratar-se, entre outros, de descrever as caracteristicas de uma situagio particular, de explicar a natureza de fenémenos ou ainda de predizer comportamentos de saiide desejaveis. A investigacao serve também para definir os Pardiietros de uma profissdo, Nenhuma profisstio terd um desenvolvimento continuo sem 0 contributo da investigacao. f através dela que se constitui um dominio de conhecimentos numa dada disciplina e que so elaboradas e verificadas as teorias (Fortin € Bélair, 1994). A investigacio numa disciplina Profissional permite precisar as esferas de: aplicagaio que lhe sio préprias e definir as suas finalidades 68 seus objectivos junto da conrunidade. A inves- tigacio cientifica 6 um processo rigoroso de aquisig#o, quer seja nos dominios das ciéncias da satide, das ciéncias humanas ou das ciéncias sociais. Sio as orientagdes filosdficas e 0 campo de aplicagéo da investigagzo que diferem de uma disciplina para outra. A investigagio é um meio de demonstrar 0 campo de acgio e de conhecimento de uma profissio. Cada profissio deve estar em posicao de fornecer aos seus membros uma base de Conhecimentos te6ricos sobre a qual seapoiaasua pratica. Ela deve, além disso, fornecer servicos de qualidade as pessoas e 4 comunidade. Um dos critérios tradicionais da existéncia de uma profissi0 reside na expansio das suas bases tedricas com a ajuda do método de investigagao cientifica (Hogstel © Sayner, 1986). f papel da investigagio reforcar as bases cientificas e conttibuir para o desen- volvimento continuo das profissdes. Um corpo profissional € credfvel quando os seus membros sio reconhecidos, por outros profissionais, como sendo peritos num dominio particular de conhe- cimentos e da pratica, Dado que é pela investigago que se constitui um campo de conhecimentos bem definido numa dada disciplina e que as teorias se elaboram e se verificam, é importante compreender melhor as diferentes ligagées da investigago com a teoria, a pratica e outros elementos do conhecimento. 14 Principals Pontos DE LicaGAo pA InvestiGAGAo CIENTIFICA A investigagao é influenciada por elementos _ abstractos e elementos concretos que sustentam © processo e concorrem para a sua aplicaco no mundo empirico, isto é, a pratica. A figura 1.1, inspirada em Burns e Grove (1993), ilustra estes principais elementos e as suas ligagdes reciprocas. Ligacdes entre a investigacao, teoriae pratica AinvestigacZo, a teoria ea pratica sio entidades intimamente ligadas umas as outras. Se bem que 0 termo «teoria» possa tomar diferentes conotagoes, podemos dizer que uma teoria é uma generalizagio abstracta que apresenta uma explicagio sistemdtica das relagdes entre fenémenos; é uma série de prtincipios ou proposigdes que dizem respeito as relagdes entre conceitos. Por exemplo, explicacao moderna da reacciio ao stress constitui uma teoria. Ela é composta por varios conceitos gerais, ligados entre si por um conjunto de proposig&es, as quais servem para explicar o fenémeno do stress. As teorias apresentam-se sob diferentes aspectos, segundo visem descrever, explicar ou predizer segmentos da realidade. ‘Ainvestigacdo depende da teoria, pelo facto de que a teoria atribui uma significacao aos conceitos utilizados numa dada situacio. ~-Areciprocidade investigacZo/teoria encontra-se também no plano do método. As teorias sio geralmente descritivas, explicativas ou predictivas (iers, 1979); peta mesma ordem de ideias, os tipos de investigago que geram ou permitem verificar CAPITULO] - 19 FLOSOFA, ‘OPERAGOES ‘ PENSAMENTO PRATICA, TEORIA <—> = _ ‘CONHECIMENTOS (GitNciay Figura 1.1 Os pontos de ligacdo da investigagéo cientffica. as teorias sao respectivamente descritivos, explicativos ou predictivos. Assim, as caracteristicas dos fendmenos sao definidas com a ajuda de estudos descritivos, as relagdes entre estas caracteristicas siio explicadas por estudos corre- lacionais, enquanto que os desenhos experi- mentais servem para predizer e para controlar fendmenos. A investigagio permite elaborar teorias ou verificé-las. A investigacdo que visa produzir a teoria_ consiste em revelar a presenga de um fenémeno, em descobrir as suas caracteristicas ¢ em precisar as relagdes entre elas, A investigacao que visa verificar a teoria tende a demonstrar, com a ajuda dehipéteses tiradas da teoria, que esta tiltima possui uma evidéncia empirica (Stevens, 1984). Assim, a estreita conexdo entre a investigacio e ateoria é tal quea elaboracio da teoria repousa na investigacdo e esta, por seu turno, repousana teoria (Fawcett e Downs, 1992). Um dos papeis da teoria, € ligar num todo organizado e coerente factos observados que, tomados um a um, tém pouca significagao. As teorias representam, portanto, um método para organizar, integrar e extrair conceltos abstractos, reportando-se’ forma como os fenémenos 20. = CAPITULOI esto associados uns aos outros (Polit e Hungler, 1989). Existe também uma relacio de reciprocidade entre 4 teoria ea pritica. Com efeito, da pritica emanam teorias, as quais terdo necessidade de ser verificadas de forma empirica, tendo de ser validadas de novo na prética (Meleis, 1991). De facto, a investigacao estabelece uma ponte entre a disciplina como campo de conhecimentos ¢ a pratica profissional como campo de intervengio. Ela permite, entre outros aspectos, verificar a teoria ou desenvolvé-la, e esta unio da teoria e da inves- tigagio fornece uma base 2 pritica. As preo- cupagdes que evoluem para a definigo de problemas de investigagio numa disciplina profissional enrafzam-se muitas vezes na pratica. As operagées do pensamento As operagdes do. pensamento constituem um outro elemento importante da investigagio cientifica, Duas formas do pensamento sio necessirias & investigacdo: o pensamento concreto €0 pensamento abstracto. O pensamento concreto é orientado para as coisas tangiveis ou os acontecimentos observaveis na realidade: é necessirio-A planificagzo das diferentes etapas da colheita de dados e da andlise. O pensamento ab- stracto € orientado para o desenvolvimento de uma ‘deia sem uma aplicagio directa a um caso par- ticular, permite definir problemas de investigacio ¢ interpretar. resultados. Segundo Burns e Grove (1993), a investigacao requer habilidades inte- lectuais nas duas formas de pensamento. AsoperagGes do pensamento tém influéncia sobre cada um dos elementos da investigaco numa dada disciplina. E gracas ao pensamento abstracto que as teorias sto verificadas e incorporadas num conjunto de conhecimentos. Guiado por um quadro filoséfico, © pensamento abstracto permite 4 ciéncia e A teoria fundirem-se num conjunto de conhecimentos articulados com vista a uma aplicacio no mundo empitico, Entre as operagies do pensamento abstracto, distingue-se a intuicao e o raciocinio, A intuigao de- fine-se como a faculdade de receber impresses interiores. Ela decorre dos conhecimentos acumu- lados, das questées que se the poem, das reflexdes que seacordam (Demers, 1993). A intui¢ao € 0 factor da inteligéncia que apreende imediatamente a diver. sidade ea complexidade do real para o organizar num todo, numa sintese. Por outro lado, 0 que a inteligéncia cré ter encontrado a luz da intuigao, o julgamento deve demonstré-1o ou explicd-lo pelo raciocinio (Giroux ¢ Forgette-Giroux, 1989). 0 julgamento ou 0 raciocinio tornam-se assim o controlo racional da compreenstio. Raciocinar 6 pensar e ligar ideias com o fim de assim chegar a conclusées; é partir do que se conhece paraira descoberta. O raciocinio é utilizado para desenvolver teorias, resolver problemas e interpretar resultados de investigaca 0 raciocinio provem da anilise; analisar é decompor um todo nos seus elementos cons- tituitivos, Na andlise, o espitito vai do complexo para © simples a fim de examinar cada um dos com- Ponentes de um todo, com o objectivo de propor ‘uma explicago para um dado fendmeno. A ldgica intervem nas operagdes do pensamento abstracto e do pensamento concreto, assim como nos métodos do raciocinio l6gico que sio 0s raciocinios indutivo e dedutivo. Ciéncia e filosofia O primeiro objective da cigncia ¢ explicar 0 mundo empirico. A ciéncia corresponde & organizaciio coerente de resultados de investigacio ede teorias, verificados no seio de um determinado campo de conhecimentos. A ciéncia € a0 mesmo tempo um resultado, que pode ser uma descoberta, € um processo, no decurso do qual sio verificadas ideias tebricas. A ciéncia oferece duas petspectivas: a de um corpo de conhecimentos tedricos que dizem respeito especificamente as relacdes entre 08 factos, os principios, as leis e as teorias, e a de um método de investigacio (Andreoli e‘Thompson, 1977; Beckwith e Miller, 1976; Newman,1979). Uma filosofia consiste geralmente num enunciado de crengas ¢ de valores a propésito da . natureza e do ser humano e da sua realidade (Kim, 1989; Seaver e Catwright, 1977). Diferentes filosofias ou formas de conceber o.mundo desembocam em diferentes percepgdes, dos conceitos chaves de uma disciplina e fornecem enunciados diferentes sobre a naturezadas relagdes entre estes conceitos (Altman e Rogoff, 1987)..0 desenvolvimento do conhecimento depende tanto da filosofia como da ciéncia. A procura de explicagdes do universo € objecto da filosofia. Se bem que 0s filésofos e os cientistas persigam um fim comum, que é o de trabalhar para a expansio dos conhecimentos, aabordagem deuns ea de outros para melhor compreender a realidade é diferente. O fil6sofo utiliza 2 intuicio, 0 raciocinio, a introspeccio para fazer um exame da finalidade da vida humana, da natureza do ser, da realidade e dos limites do conhecimento (Silva, 1977). Asua abordagem para compreender a realidade caracteriza-se pela criacio de um conjunto de postulados e.de crengas que decorrem da sua experiéncia pessoal ¢ da sua reflexdo sobre as experiéncias de outrem. Quanto ao cientista, ele observa, concebe definigdes operacionais, verifica hipsteses e conduz investigagées, de forma a poder descobrir fend- menos que representa regularidade e suscitam assim.um grau tranquilizante de certeza (obtengao de resultados andlogos e constantes, expressos sob aforma de «leis» ). Este longo processo permite- -lhe interpretar a realidade (LoBiondo-Wood e Haber, 1994). ‘Uma outra distingiio entre fildsofos e cientistas decorre do tipo de questées colocadas. A filosofia trata de questées de ordem metafisica: «O que ¢ 0 conhecimento?» ou «Os individuos sio basicamente bons ou maus?», Preocupada com a causalidade, a ciéneia trata de questdes empiricas: «Como esto CAPITULOI - 21 ligadosX eY ?», «Serd que a intervengao A émelhor que a B, no tratamento de um dado problema ?». A relagdo de causa e efeito é o elemento central que permite determinar Leis cientificas (Labovitz e Hagedorn, 1976). 18 FUNDAMENTOS FILosGFICos E InvestiGacao CIENTIFICA Os fundamentos filoséficos diferem segundo as percepgoes individuais da realidade, da ciéncia e danatureza humana. Assim, diferentes perspectivas filoséficas do conhecimento implicam diversas formas de desenvolver o conhecimento, e portanto, diferentes métodos de investigagio. Duas escolas de pensamento prevalecem no que diz respeito ao desenvolvimento do conhe- cimento: a filosofia subjacente 4 corrente positivista L6gica e a filosofia subjacente A corrente naturalista. As duas geram paradigmas de inves- tigaciio diferentes (Giddens, 1986). Um paradigma um esquema fundamental que orienta a pers- pectiva que o investigador dé ao seu estudo. Assim 0 investigador pode seguir um esquema em har- ‘monia com as suas crengas, os seus valores, a sua percep¢ao das coisas e orientar o seu problema de investigacdo e a sua metodologia nesse sentido (Ouellet, 1990). Segundo a filosofia positivista logica, a realidade € percebida como tinica e estitica. Os factos objectivos existem independentemente do investigador e podem ser descobertos, 0 que corresponde ao conhecimento absoluto. Portanto, os fendmenos humanos sio previsiveis e controlaveis. Os esforgos cientificos tém por fim iltimo a expansio e o refinamento da habilidade de predizer e de controlar 0 fenémeno em estudo. Segundo a filosofia naturalista, a realidade é miiltipla e descobre-se por um processo dindmico, que consiste em interagir com o ambiente, 0 que 22 - CAPITULO] corresponde a um conhecimento relativo ou con- textual. Os fenémenos humanos so tnicos ¢ nao previsiveis e os esforcos cientificos sio orientados para a compreensio total do fenémeno em estudo, Destes fundamentos filoséficos bem esta- belecidos decorrem formas diferentes da investigacao. A filosofia positivista emerge de uma tradico baseada nas ciéncias fisicas. Segundo esta tradigao, as investigagdes sio orientadas para alcangar resultados, A medico visa obter dados ficis e reprodutiveis. 0 investigador est preo- cupado com a generalizacio dos resultados do seu estudo. Utilizaré métodos que the permitam asse- gurar-se que 0s individuos estudados sio escolhi- dos de tal forma que representem bem a populagio em causa. Afilosofia naturalista provém de uma tradicao que admite que 0s factos ¢ 0s principios so enraizados em contextos histéricos e culturais. A investigacdo realiza-se em meios naturais e conduz 4 uma compreensio da situagio. 0 investigador est4 preocupado com a compreensio do comportamento humano a partir do esquema de refer€ncia da pessoa e nao lhe impoe um quadro exterior. A investigacdo visa a descoberta, a descrigo, a explicagio e a indugao, f orientada mais para 0 processo do que para o resultado: a sua finalidade € compreender, mais do que dominar. . 1.6 = Mé£ropos pr Investicagio Os métodos de investigacio harmonizam-se com 6s diferentes fundamentosfilos6ticos que suportam as preocupagdes e as otientagdes de uma investigagiio. Decorrente das questdes colocadas, Certas investigacBes implicam necessariamente uma descri¢o dos fendmenos em estudo, outras uma explicagao sobre a existéncia de relagdes entre fendmenos ou ainda a predicao on o controlo dos fenémenos. 0s dois métodos de investigacao que concorrem para o desenvolvimento do con- hecimento so 0 método quantitative e. 0 método qualitativo, 0 método de investigacio quantitative € um Processo sistemdtico de colheita de dados observaveis e quantificaveis. E baseado na ob- _ servacio de factos objectivos, de acontecimentos ¢ de fenémenos que existem independentemente do investigador, Assim, esta abordagem reflecte um rocesso complexo, que conditz a resultados que devem conter 0 menor enviesamento possivel. 0 investigador adopta um proceso ordenado, que o leva a percorrer uma série de etapas, indo da definigao do problema 4 obtengao de resultados. A objectividade, a predigdo, 0 controlo e a generalizacio so caracteristicas inerenles a esta abordagem. 0 método de investigacio quantitativa tem por finalidade contribuir para o desenvol- vimento e validacio dos conhecimentos; oferece também a possibilidade de generalizar os re- sultados, de predizer e de controlar os acon- tecimentos, O investigador que utiliza o método de investigago qualitativa estd preocupado com uma compreensio absoluta e ampla do fendémeno em estudo. Ele observa, descreve, interpreta e aprecia 0 meio ¢ 0 fenémeno tal como se apresentam, sem procurar controlé-los. O objectivo desta abordagem de investigacio utilizada para 0 desenvolvimento do conhecimento é descrever on interpretar, mais do que avaliar, Esta forma de desenvolver 0 conhecimento demonstra a importincia primordial da compreensio do investigador e dos participantes no processo de investigaco. Esta abordagem é uma extenstio da capacidade do investigador para dar um sentido a0 fendmeno. Se bem que os dois métodos de investigacdo proponham etapas e abordagens da realidade que so diferentes, ambos requerem ‘odavia que a investigacZo seja to rigorosa e sistemdtica quanto possivel. az REsumO Quando se consideram os diferentes métodos de aquisigao de conhecimentos, constata-se 0 valor da metodologia cientifica no que conceme ao desen- volvimento dos conhecimentos. A investigacao pode definir-se segundo diferentes perspectivas, do que se presume que 6 possivel mais do que uma abordagem de investigacio. A investigacio cientilica serve para descrever acontecimentos, verificar dados ou hipéteses, predizer e controlar fenémenos. O rigor e a sistematizacao devem estar presentes em qualquer investigacio. A descrigio dos fenémenos, a verificacio de hipoteses e a clarificago das relacdes entre os fend- ‘menos sio caracteristicas da investigagio. £ incontestavel que a investigacao é essencial para o avango das disciplinas e para o reconhe- cimento das profissdes. Os diferentes: ‘elementos quesustentam oconjunto do processo cientffico so a filosofia, a ciéncia, 0 conhecimento, as operagées do )pensamento, a teoria, ainvestigacao e, enfim, o mundo empirico, que éo da realidade, Ainvestigagio, a teoria ¢ a pritica estio estrei- tamente ligadas. A investigaciio depende da teoria CAPITULO] = 23 pelo facto de que esta dé um significado aos conceitos utilizados numa siruacdo de investigacdo. Ateoria emana da pritica e, uma vez validada pela investigacZo, ela retorna & pritica e orienta-a, As operacdes do pensamento determinam cada elemento da investigacio cientifica. O pensamento concreto é orientado para as coisas tangiveis, enquanto que o pensamento abstracto € orientado para o desenvolvimento de ideias sem uma apli- cago directa. Aciéncia ea teoria sao dois conceitos diferentes, que estio todavia ligados pelas operagies do pensamento. A ciéncia é um corpo de conheci- mentos composto de resultados de investigagiio de teorias que foram verificadas. # tanto um Pprocesso como um resultado. A teoria é um meio de explicar partes do mundo empirico. As teorias sio desenvolvidas e verificadas pelo processo de inyestigagdo e fazem assim parte da ciéncia. Os fundamentos filoséficos diferem segundo as percepcdes individuais da realidade, Duas escolas de pensamento prevalecem no que diz respeito ao desenvolvimento dos conhecimentos: a filosofia subjacente 4 corrente positivista e a filosofia subjacente 4 corrente naturalista. Uma e outra determinam paradigmas de investigacao diferentes. Estes dois paradigias so 0 método de investigacio quantitativa e o método de investigacao qualitativa. Rererincias Busiocréricas ALIMAN,, 1; ROGOFR, B. (1987). World views in psychology: ‘rai, interactional, organismic, and transactional perspectives. in D. Stokols e 1. Altman (d.), Handbook of Environmental Psychology, p. 7-40. 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Mursing theory: Analysis, application and evaluation, 2 64, Boston: litle, Brown. AINVESTIGACAO ESPECIFICA DE UMA DISCIPLINA: O EXEMPLO DAS CIENCIAS DE ENFERMAGEM MarieFabienne Fortin, Bilkis Vissandjée ¢ José Coté Objectivos de aprendizagem No fim deste capitulo, o estudante deve ser capaz de: Y Precisar 0 objecto da investigacéo em ciéncias de enfermagem. ¥ Trasar a evolucéo da investigaséo nesta disciplina. ¥ Discutir relacées entre a formagéo em enfermagem ea investigacéo. Se bem que a investigagao se aplique ao conjunto das disciplinas, e que a sua importancia e 0 seu papel no desenvolvimento destas sejam indiscutiveis, o presente capitulo tratard mais particularmente, ¢ a titulo de ilustrago, do objecto da investigagao em enfermagem, da sua evolugaio e do papel dos enfermeiros no processo de investigacao. ° 26- CAPITULO 2 2d O Opjecto pa INVESTIGAGAO EM Crincras DE ENFERMAGEM A investigagio em cigncias de enfermagem provem da investigacao sistemdtica: esta pode incidir sobre as clientelas, quer seja sobre aprética dos cuidados e sobre os seus efeitos junto dos Clientes, das suas familias, da comunidade; quer seja ainda sobre o estudo dos contextos de cuidados. Os contextos de cuidados englobam tanto a prestagao e a organizacio como a avaliagio do conjunto dos meios onde os cuidados podem ser prestados, 0 objecto da investigagio em ciéncias de enfermagem é o estudo sistemdtico de fenémenos presentes no dominio dos cuidados de enfermagem, 0 qual conduz 4 descoberta e 20 desenvolvimento de saberes préprios da disciplina. Este saber organiza-se em torno de conceitos, de modelos e de teorias que estio na base da inves- tigago e da pritica em ciéncias de enfermagem. De forma mais precisa, o dominio de inves- tigagio em ciéncias de enfermagem corresponde sensivelmente aos conceitos proprios da enfer- Magem que so a pessoa, o seu meio ambiente, a satide, o cuidado de enfermagem e as relagdes entre eles (Favicett, 1984); A este respeito, os modelos * ~ Olt as teOTids em'ciéncias de enfermagem oferecem ‘uma concep¢io precisa dos fenémenos que existem e determinam 0 objecto de estudo. A variedade de modelos conceptuais no seio da disciplina permite o estudo dos fendmenos segundo diversas perspectivas, 0 que contribui para o desenvolvimento dos saberes e para 0 enriquecimento dos conhecimentos. Varios autores (Fawcett, 1984; Parse, 1987, 1992; Phillips, 1988) defendem que se a inves- tigagdo em enfermagem nao pode estabelecer relages com um modelo ou uma teoria existente em ciéncias de enfermagem, os resultados de investigagio nao podem ser imputados 2 disciplina. Eesta relacdo, segundo Smith (1992), que confirma que os conhecimentos assim produzidos sio pr6prios da profissao. As teorias desenvolvidas por ontras disciplinas podem mostrarse titeis para 0 avanco dos conhecimentos da enfermagem, na medida em que estas teorias estiverem integradas ‘numa perspectiva de enfermagem (Meleis, 1985). A utilizagao de teorias intermedidrias retiradas de cigncias conexas vem explicar, de uma certa forma, uma porgio do modelo conceptual de enfermagem. 2.2 Resenua HisTOrIca DA INvESTIGACAO EM ENFERMAGEM 0 desenvolvimento da investigago, no seio de uma disciplina, nao é independente da evolugzo da profissao, do seu ensino e da pratica. As ciéncias de enfermagem nio so excepcao: a0 longo da sua historia surgiram progressos no dominio da investigago e mudangas de tendéncias e de orien- taco. A investigacio em enfermagem surgiu no decurso da segunda metade do século XIX, no seguimento das ideias e das priticas veiculadas por Florence Nightingale, durante a guerra da Crimeia. A promogao da satide, a prevencio da doenga e o cuidado dos doentes sio as ideias centrais da concepgao de Nightingale. Ela enfatiza que a colheita sistemdtica de dados é necessiria para melhorar os cuidados (Hogstel e Sayner, 1986; Palmer, 1977). Mais evidente é a importancia atribuida por Florence Nightingale 4 observagio, como demonstram as suas notas (Nightingale e Skeet, 1980), nas quais insiste na ideia de que é preciso aprender como observar e o que observar. Durante muitos anos ap6s os trabalhos de Nightingale, poucas actividades de investigagio foram relatadas na literatura de ciéneias de enfermagem. Afigura 2.1 resume a evolugdo da investigacio em enfer- magem. Durante o perfodo de 1900 a 1950, as actividades de investigacdo em enfermagem so ainda limitadas. A principal preocupagio da investigagao reporta-se a educagao em ciéncias de enfermagem e as atribuigbes do pessoal de enfermagem nos hospitais. H4 também interesse pela melhoria de certas técnicas de cuidados. No decurso deste periodo, assiste-se & publicacio de estudos de caso na revista American Journal of Nursing, os quais servem de instrumentos de ensino para os estudantes de bacharelato nas escolas de ciéncias de enfermagem. Nos anos 1950, um conjunto de acontecimentos contribui para o desenvolvimento da investigacZo em enfermagem na América do Norte e este crescimento mantém-se até aos nossos dias. Pouco a pouco, Aumento do nimero de investigadores. Mudango na erientasio das investigagSes: énfase nos problemas elnicos Investigasdo sobre as enfermeiras ¢ a profs. Poneiras: leorias © modelos gy de enfermagem. Invesiiganses ligadas & educacdo e & administracdo. Revista Norsing Reseorch (1952). Fundos de investigaeao disponives. InvesigosSes sobre as enfermeiras, Estudos de casos. Formogdo de enfermogem univesitvi, Inicio da investigago Educagio e necessidades fem cuidodes de Observacdo © notes de Florence Nightingal seh 1850 Figura 2.1 Elaborasdo de uma bose de conhecimentas cientificos. Orientagde des prioridades. Aplicagtio e verificagdo de toorias em ciéncias de enfermagem. Aumento dos programas de Ph. De de licencitura em cidncios de enfemogen. Diversidade nos métodos de investigagdo. Novas revistos de investigasao. CAPITULO 2 - 27 efectua-se a transigo da formago em enfermagem no hospital para a formaco nos colégios e nas universidades. Novos conhecimentos enanam da investigagio, que se torna um instrumento indispensavel 4 evolugio.da profisstio. No decutso deste periodo, existem viirias enfermeiras preparadas 20 nivel do bacharelato, Foram postos a disposigao des enfermeiras americanas fundos paraa subvenca0 de projectos de investigacao ¢ sio valorizadas as habilidades e actividades de investigagio. Estas actividades dizem respeito ao estudo sobre as préptias enfermeiras, a sua formacSo, as suas jes de trabalho e as suas caracteristi pessoais. A primeira revista de investigagao em ciéncias de enfermagem, Nursing Research, surge em 1952. No decurso dos anos 1960, prosseguem os estudos sobre as enfermeiras ea profissio, Assiste-se “1940 19501960 1970 1980 Resumio historico da evolugdo' da investigagao em enfermagem. 28- CAPITULO 2 Aemergéncia de teorias e modelos conceptuais em ciéncias de enfermagem, desenvolvidas pelas pioneiras americanas: Peplau (1952), Theory of Interpersonal Relations; Henderson (1955), The Nature of Nursing; Johnson (1980), Bebavioral System Model; Orlando (1961), Theory of the Deliberative Nursing Process; Wiedenbach (1964), Clinical Nursing, a helping art. Estas teorias realgam a importincia das bases te6ricas e de resultados de investigacio para a evolucio da profisso, Uma revisiio das investigacbes efectuadas em ciéncias de enfermagem e publicadas no fim da década de 1950 revela uma tendéncia para 0 desenvolvimento da investigacao clinica. Um curso de introdugio @ investigagio é inserido na maior parte dos programas de bacharelato em ciéncias de enfermagem. A partir de, 1970; aumenta o mfimero de enfermeiras envolvidas na investigacio. Sao da actualidade as discusses a volta dos marcos te6ticos e conceptuais da disciplina de enfermagem. Novos canais de comunicagéo aparecem nos Estados Unidos, tais como: Advances in Nursing Science, Research in Nursing and Health, Western Journal of Nursing Research. Aumenta o nimeto de programas de bacharelato e de licenciatura. Instala-se. uma mudanga nas orientagdes das investigacdes em enfermagem. Os dominios de estudo relativos 2 educaciio, & administragao e 2s proprias enfermeiras foram preteridos em proveito de uma maior preocupacio com a melhoria dos cuidados aos -doentes.e-o estudo de problemas clinicos (LoBiondo-Wood e Haber, 1994; Polit Hungler,. 1989). No Canad4, em 1971, foram organizadas conferéncias nacionais sobre-inves- de:enfermagem, com vista a favorecer a difusio dos resultados de investigacio (Kerr e MacPhail, 1991). Por volta de 1980, assiste-se a uma diver- sificago dos métodos de investigacao utilizados. As enfermeiras preparadas ao nivel de dow- toramento recebem a sua formacao em investigagio ‘numa variedade de outros programas de estudo para além das ciéncias de enfermagem (educacao, administragio, sociologia, psicologia, antropologia) e, como consequéncia, adquirem diferentes formages, favorecendo tendéncias diversas. Algumas enfermeiras investigadoras preconizam 0 avanco dos conhecimentos por meio de uma abordagem dedutiva, incluindo um método quantitativo e andlises estatisticas dos dados, Outras, receberam uma formagio que as prepara para a utilizagio de uma abordagem indutiva, compor- tando uma metodologia qualitativa, valorizando preferencialmente esta abordagem (Hogsiel Sayner, 1986; Polit e Hungler, 1989), Se hem que as discusses continuem a alimentar o debate sobre © método mais apropriado ao desenvolvimento da disciplina, parece destacar-se um consenso por parte das lideres no dominio da investigacdo em ciéncias de enfermagem de que as duas abordagens tem o potencial de contribuir para 0 desenvolvi- mento de uma base cientifica para a pratica dos cuidados, Em 1990, novas revistas cientificas aparecem nos Estados Unidos, tais como Scholarly Inquiry for Nursing Pratice, Applied Nursing Research. ‘As tendéncias dos anos 1990 evoluem para a continuago do desenvolvimento de uma base de conhecimentos cientificos para a pritica de cuidados, Acste respeito, destaca-se um consenso na literatura sobre ciéncias de enfermagem (LoBiondo-Wood ¢ Haber, 1994; Phillips, 1988). De igual modo, visa- se 0 estahelecimento de prioridades a fim de melhor responder as necessidades do momento presente. 0s estudos clinicos que dizem respeito a pritica dos cuidados, vista segundo diversas perspectivas, sio encorajados pelas lideres em ciéncias de enfermagem (Sarse, 1992) No Canada, a investigacdo em ciéncias de enfermagem segue um modelo de desenvolvimento similar ao dos Estados Unidos e no Reino Unido (Kerr e McPhail, 1991). No comeco, a investigacao incide principalmente sobre a educacio ea administragao, de preferéncia aos problemas clinicos (Cahoon, 1986; Gortner e Nahm, 1977; Hockey, 1986). Nas escolas universitérias cana- dianas de ciéncias de enfermagem, os infcios da investigagio coincidem com o aparecimento dos programas de estudos superiores, em meados dos anos 1960. 0 programa de licenciatura em ciéncias de enfermagem inicia-se em 1961 na Universidade McGil, ou seja, cinco anos mais cedo do que na Universidade de Montréal. No Quebec, entre os primeiros projectos subvencionados pelo Ministério da Satide, encontra-se, em 1969, 0 de uma en- fermeira investigadora da Universidade McGil e, em 1972, os de trés professoras da Faculdade de Ciéncias de Enfermagem da Universidade de Montréal (Thibaudeau, 1993). f, alids, em 1971, na Universidade de McGil que a primeira unidade canadiana de investigacio em enfermagem é fundada, gracas a uma subvencio de Satide e Bem Estar, Canada. Segundo Stinson (1986), a inves- tigaco em enfermagem implanta-se verdadeira- mente no Canadd a partir de 1971. Neste mesmo ano, um grande ntimero de enfermeiras assistem 2 primeira Conferéncia Nacional de Investigagiio em Ciéncias de Enfermagem. Em 1968;aparece a primeira revista canadiana bilingue de investigacdo em ciéncias de enfermagem Nursing Papers/Perspectives in Nursing, que se torna, em 1986, La Reoue Canadienne de Recherche en Sciences Infir- miéres/ Canadian Journal of Nursing Research. A fim de favorecer 0 desenvolvimento da inves- tigacio na disciplina de enfermagem, a Fundacaio da Investigacdo em Ciéncias de Enfermagem (FRESIQ) funda-se no Quebeque, em 1987. Fi- nalmente, nasce em Junho de 1993 0 programa de doutoramento em Ciéncias de Enfermagem comum a Faculdade das Ciéncias de Enfermagem da Universidade de Montréal ea Escola de Giéncias de Enfermagem da Universidade de McGil. Esta nova iniciativa eleva para cinco o nimero de programas de doutoramento em Ciencias de Enfermagem no CAPITULO 2 - 29 Canada. Os programas de doutoramento em Ciéncias de Enfermagem visam formar os investigadores que Vio, pelos seus trabalhos de investigaco e as suas publicagdes, contribuir para o avango dos conhe- cimentos na disciplina. 23 As ENFERMEIRAS E A INVESTIGAGAO ‘As enfermeiras de todos os niveis de formacio tém a responsabilidade de participar no desen- volvimento do conhecimento em ciéncias de enfer magem e na sua utilizacio na pritica. O grau de participagao na investigacao, segundo a formacao adquirida, é ilustrado na figura. 2.2. 0 papel das enfermeiras no processo de investigagio é geralmente definido em fungio da formagio adquirida. Segundo Fawcett (1984) um dos meios de facilitar a expansio da investigacio seria delimitar as actividades da investigacao segundo o nivel de formacio das enfermeiras. As enfermeiras formadas nos colégios esto em condigies de apreciar a investigacao e a teoria a partir de conceitos préprios da profissao que siio a pessoa, 0 seu ambiente, a satide, os cuidados de enfermagem, e a partir de temas que aplicam as relagGes entre estes conceitos. Pelas suas expe- riéncias clinicas variadas, estas enfermeiras sio chamadas a participar a2 definigio de preocupa- bes e de problemas de investigacdo e a contribuir para a aplicacao dos resultados de investigaczo no seio da sua pratica. 4s enfermeiras formadas nas universidades estio preparadas para basear a sua prdtica em fundamentos estabelecidos pela investigagio. Actualmente, a maioria dos programas de bacharelato no Canadé, incluem pelo menos um curso em_ investigacao, Pelo desenvolvimento de habilidades em investigacio, as enfermeiras aprendem importancia de utilizar os resultados 30 - CAPITULO 2 Investigader avténomo. Elabora programas de invesigaso, Desenvolve explicagdies feérioas dos Fendmenos. ‘Colabora em programas de investigarao e fornece 0 competéncia chnica, Deline 0 problemas de investigagdo e avala irabalhos de investigaséo. Contribui para a aplicagio de resutados de investigasco geez no seio de pratioa, Figura 2.2 Boch, Dovior PésDoutor lene. Cine, En Enk Grav de parficipagao na investigagéio, segundo a formagio adquiride. (Adaptada de American Nurses Association (1989). Education for Participating in Nursing Research de investigago como base das suas intervenges tornam-se, assim, utilizadoras activas da inves- tigacdio. A aprendizagem do processo da investigacio e 2 aquisi¢io de habilidades para apreciar trabalhos de investigagio contribuem para desenvolver na enfermeira um conjunto de conhecimentos estru- turados que ela pode aplicar de forma judiciosa na pritica dos cuidados (Buck-Walter, 1992; Dalley, 1988; Marsey.¢ Loomis, 1988). Aformagao de bacharelato prepara enfermeira para discernit:melhor os problemas de investigagao em enfermagem. ou nos dominios de estudo que requerem uma investigaco empftica. Ao € 0 método essencial para obter a informacio na ayaliagao dos dados de base, A enfermeira bacharel aperfeigoa.-as suas habilidades clfnicas colocando as suas observagdes num-contexto mais amplo. Ela deve aproveitar‘todas as ocasiGes para colocar questOes que sido a fonte de. problemas de investigacao. Enfim, a titulo de consumidora da investigacio, a bacharel estd-em-condigées de Avaliar a investigacao relativamente as-transfe- réncias de resultados para a pratica clinica e de contribuir, assim, para a dfusio dos resultados da investigacao. Ao nivel da licenciatura, as enfermeiras analisam e reformulam problemas de investigagio em enfermagem. Segundo a American Nurses Asso- ciation (1989), 0 seu papel consiste principal- mente em facilitar a condugio da investigacio, gracas A sua especializagio clinica, a0 seu co- nhecimento do funcionamento das unidades de cuidados ¢ & sua acessibilidade aos doentes e aos dados clinicos, Por este facto, estas enfermeiras favorecem a investigacio sobre problemas clinicos, pois que elas asseguram um clima propicio A investigacdo € uma avaliagao clinica da aplica- bilidade dos resultados a situagdes particulares dos cuidados. O empenhamento na investigagao é geralmente reconhecido como um dos compo- ‘nentes mais elevados do papel da enfermeira clinica especializada. A natureza da implicagao pode variar segundo os interesses, a motivacio ea preparacio de cada uma. O conttibuto paraa investigacio das enfermeiras formadas ao nfvel de doutoramento consiste em desenvolver explicagées tedricas dos fenémenos ligados aos cuidados de enfermagem. As enfermeiras titulares de um doutoramento concebem projectos de investiga¢Zo que submetem a organismos subvenciondrios com vista a obier fundos. Utilizam diferentes métodos analiticos empiricosa fim de extrair 0 conhecimento proprio da disciplina. O seu raio de acco deve estabelecer- se no plano nacional e internacional (Hinshaw e Heinrich, 1990). Com efeito, as enfermeiras formadas a este nivel de estudos asseguram mais particularmente a comunicagio e a difusio dos resultados de investigacao por intermédio de revistas e de conferéncias nacionais e inter- nacionais. Os estudos pés-doutoramento confirmam o estatuto de investigador auténomo. E a via do reconhecimento pela qual o investigador se envolve numa carreira baseada na investigacdo e assinala a sua pertenca a uma disciplina. F também a porta de entrada nos programas de investigadores bolseiros e de investigadores de carreira de orga- nismos subvenciondrios. f pela formagio de inves- tigadores que se desenvolve a investigacio nas disciplinas. Qualquer que seja o seu nivel de formacio, quer as enfermeiras sejam consumidoras ou lideres em investigagio, o processo da investigacio deve ser considerado por todas as enfermeiras como uma parte integrante da profissio. 0 ponto de conexio no qual se enxertam a investigacdo, a teoria e a pratica e onde se cruzam todas as actividades "";eilizadas pelas enfermeiras é a observacao. Um dos factores importantes na demarcagio das actividades de investigagao segundo as diversas formagdes das enfermeiras é a necessidade de estabelecer uma colaboragio entre as enfermeiras formadas a todos os niveis de estudos, CAPITULO 2 - 31 Ainvestigaciio desempenha um papel importante no estabelecimento de uma base cientifica para guiar a pratica dos cuidados. 0 objecto da inves- tigagdo em ciéncias de enfermagem diz respeito ao estudo sistematico de fendmenos que conduzem a descoberta e a0 incremento de saberes préprios da disciplina. Aorigem da investigagéio em enfermagem remonta a Morence Nightingale, isto é, & segunda metade do século XIX: a promogio da satide e a prevencio da doenca sao as ideias centrais da sua concep¢io; ela acumula dados junto dos feridos durante a guerra da Crimeia. Apés Nightingale, foi preciso esperar até cerca de 1950 para que. investigacio em enf tome novo impulso. Antes de 1950, as actividades de investigacio sao orientadas sobretudo para educago das enfermeiras. Apés 1950, e com 0 aparecimento da primeira revista de investigacio em ciéncias de enfermagem, Nursing Research, assiste-se a uma transformagio na formagao das enfermeiras, que se desloca do hospital para a universidade. Novos conhecimentos se desenvolvem pela investigacio, que se torna um instrumento indispensavel & evolugio da profissio. No decurso dos anos 1960, assiste-se & emer- géncia de teorias e de modelos conceptuais em ciéncias de enfermagem, desenvo: s por pioneiras americanas, com vista a guiar a pratica dos cuidados. A orientacao da investigacao modi- fica-se para se cesitrat nos problemas clinicos dos cuidados.:A-partir de'1970, varias revistas em ciéncias de enfermagem aparecem: Advances in Nursing Science, Research in Nursing and Health, Western Journal of Nursing Research. No Canada sio realizadas conferéncias nacionais sobre a - investigagdo em ciéncias de enfermagem com vista a favorecer a difusio dos resultados de investigagio. Por volta de 1980, assiste-se 4 uma grande 32 - CAPITULO 2 diversidade nos métodos de investigagio utilizados programas de estudos superiores. Todas as pelas enfermeiras. Depois de 1990, novas revistas _enfermeiras, qualquer que seja a sua formagio, tém cientificas em ciéncias de enfermagem surgem. Hi a responsabilidade de contribuir para o desen- Consenso quanto ao objecto da investigacio em —_volvimento dos conhecimentos na disciplina de ciéncias de enfermagem, que seconsolidaem torno _enfermagem. Certos papéis so atribuidos 2s enfer- de problemas de cuidados. meiras em relagao a sua participacio na investiga- A orientacZo da investigago no Canada segue _¢Zo desde a formacdo a nivel do colégio até a0 da um modelo de desenvolvimento semelhanteao dos —_formago pés-doutoramento. Neste nivel, as enfer- Estados Unidos e do Reino Unido. Os comecos da _meiras so lideres e fazem da investigacao em investigaco coincidem com o aparecimento dos _cincias de enfermagem uma carreira. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AMERICAN NURSES ASSOCIATION. (1989). Commission of nursing research: Education for participating in nursing research. Kansas City, Mo: American Nurses Association. BUCK WALTER, K. C. (1992). Research utilization awards, utilization versus dissemination? Reflections, n° 18 (3), p8, CAHOON, M. (1986). Research developments in clinical settings: A canadian perspective. In S. Stinson e j. Kerr (Ed.). International issues in nursing research. Philadelphia: Croom Helm. DUFEEY, M. E. (1987). The research process in baccalaureate nursing education: a ten-year review. Image: Journal of Nursing Scholarship, Summer, n° 19, p. 87-91. EAWCETT, J. (1984). Another look at utilization of nursing research. Image: journal of Nursing Scholarship, Spring, n° 16, p. 12-15. FAWCETT, J. 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DE INVESTIGACAO Marie-Fabienne Fortin, José Cété e Bikkis Vissandiée Objectivos de aprendizagem No fim deste capitulo, o estudante deve ser capaz de: Y Precisar o papel da observacéio em investigasao. ¥ Definir os principais termos relacionados com a investigagGo cientifica. v Descrever os diferentes tipos de varidveis. ¥ Explicar as etapas do processo da investigagdio. O processo cientifico efectua-se geralmente de forma ordenada, através de uma série de etapas. O préprio sentido do termo «processo» sugere fases progressivas que conduzem a um fim. Nesta obra, 0 processo da investigago foi repartido em trés fases: conceptual, metodolégica e empirica, comportando cada uma detetminadas etapas de trabalho (ver mais.& frente figura 3.1). Antes de empreender 0 exame detalhado de cada uma das etapas do proceso da investigagao deter ~Nos-emos nos principais termos préprios do processo da investigagao cientifica. 36- CAPITULO 3 31 Deriic&o DE TerMos Licapos A Investicacao Cienririca Observacaio A observacio é a chave do conhecimento e constitui o elemento central do processo de investigacao. Observar & considerar com atencio a fim de melhor conhecer e compreender a realidade. A observagao cientifica estd estreitamente ligada & teoria, a qual explica as relagdes entre os factos observados e as proposic&es (Seaman, 1987). 0 investigador pode partir de uma teoria parair 4 observao ou inversamente da observaco para a teoria. Os meios utilizados pelo investigador para observar variath em fuingio do que € observado. A observagio encontra-se em cada uma das etapas de uma investigacio. Baseada sobre conhecimentos prévios, ela é 0 reflexo da acuidade e da intuigao do investigador, Conceito Os conceitos sio os elementos de base da linguagem: que transmitem os pensamentos, as ideias ¢as nogdes abstractas. Porque eles resumem € categorizam as observag6es concretas, os conceitos servem para ligar o pensamento abstracto e aexperiéneia sensorial, O préprio termo «conceito» € a base da investigacdo uma vez que sio os conceitos e as suas relagdes mituas que constituem as proposicées te6ricas que sio verificadas sob a forma de hipdteses, pela investigagio. Um conceito é uma ideia abstracta que representa as manifestagdes de certos comportamentos ou caracteristicas, como a dor, a satide, 0 choque. «Construto» Uma variante da nogio de conceito é a de «construto». Segundo Kerlinger (1973), 0 construto € um conceito especialmente inventado pelo investigador ou adaptado por ele, com um objective cientifico preciso. 0 «centro de controlo da satide», 0s «autocuidados» € o «suporte social» siio exem- plos de construtos. O termo «construto» tem geral- ‘mente um significado mais te6rico do queempitico, @ menos que ligado a um facto observivel ou a um fenémeno. Por exemplo, o construto «suporte sociab> no pode ser observado, a menos que seja materia- lizado numa realidade tangivel como a quantidade de ajudas que uma pessoa recebe dos seus amigos ou dos que o rodeiam. Varidvel Se bem que os termos «conceitos», «construtos» € «variaveis» sejam por vezes, utilizados de forma intermutével, 0 termo «varidvel» & 0 termo privi- legiado no contexto das aplicagdes da medida. Quando ‘um conceito é colocado em acco numa investigaezo ele toma o nome de «variivel». As varidveis sio qualidades, propriedades ou caracterfsticas de objectos, de pessoas ou de situagdes queso estudadas numa investigaco, Uma variével pode tomar diferentes valores para exprimir graus, quantidades, diferencas, E ‘um pariimetro ao qual valores numeéricos sio atribuidos (Kerlinger, 1973). Por exemplo, o peso exprime diferentes valores afectando objectos mais ou menos pesados, mais ou menos leves. A auto-estima, uma variivel mais abstracta, pode tomar um conjunto de Valores expressos sob a forma de graus ou de scores, Agualmente, i pressio arterial, varidvel mais facilmente quantificavel, so atribufdos diferentes valores numéricos segundo o estado cardiovascular de uma Por defini¢io, uma variavel tem uma proprie- dade inerente de variagio ¢ atribuigao de valores. Polit e Hungler (1995) precisam que a actividade de investigagio é empreendida a fim de com- preender como e porqué os valores de uma varidvel mudam, ¢ como eles estio associadas aos diferentes valores de outras varidveis. ‘Tipos de varidveis As varidveis podem ser classificadas de diferentes maneiras, segundo a sua utilizacZo numa inyestigagio. Algumas podem ser manipuladas, outra controladas. Os tipos de variiveis mais correntemente apresentados nas obras meto- dolégicas sio: 1)as variéveis independentes e dependentes, 2)as varidveis atributo, e 3)as variaveis estranhas. 1) VagiAvels INDEPENDENTES £ DEPENDENTES As varidveis independentes e dependentes estio ligadas no estudo do tipo experimental, no sentido de que uma afecta a outra. Esta relacdo forma a base da predico e exprime-se pela formulagio de hipéteses. ‘A varidvel independente é a que o investigador manipula num estudo experimental para medir o seu efeito na variavel dependente. A varivel independente ou explicativa € muitas vezes chamada o tratamento ou a intervencdo, ou simplesmente a variivel expe- rimental. A titulo de exemplo, se se considerar a hipétese segundo a qual um ensino estruturado oferecido aos doentes indicados para uma cirurgia cardfaca’diminui a sua ansiedade, a variavel inde- { pendenie:é o ensino esiruturado (aquela de que se ‘quer medir os efeitos), A varidvel dependente (onivel dévarisiedade, neste:casd). é a.que sofre o efeito cesperado da eb inde; | tantiento, ae dependente é-muitasevezes chamada a i'd evaniavel EXplicaday. LE de ‘notar quemim estude,pode haver varias varidveis CepaH ees sen feito de times varidveis indepentdéntes. CAPITULO 3. - 37 2) VartAveis ATRIBUTOS As variveis atributos sio as caracteristicas dos sujeitos num estudo, Estas sio geralmente varidveis demograficas: idade, escolaridade, sexo, estado civil, rendimento, etnia, etc. Elas so também cha- madas organismicas. A escolha das varidveis atri- buto é determinada em fungao das necessidades do estudo, Uma vez colhidos os dados, a informagio serve para tracar um perfil das caracteristicas dos sujeitos da amostra. 3) VariAveis ESTRANHAS Sao varidveis que podem ter efeitos inesperados e modificar os resultados de uma investigacio. Klas esto presentes em todos os estudos e podem influenciar ora a yaridvel independente ora a varidvel dependente. No estudo do tipo experi- mental, os sujeitos sdo repartidos de forma aleatéria nos grupos, de maneira que as varidveis estranhas sejam distribuidas aleatoriamente e nfo ajam sobre as diferencas anotadas entre os grupos (Contandrio- poulos e col, 1990). Na auséncia de repartigao alea- t6ria, o investigador deve reconhecer estas variaveis ¢ tentar delimitar a sua influéncia. As varidveis estranhas definidas pelo investigador no inicio do estudo, mas que no podem ser reconhecidas, so chamadas «varidveis confundentes> ..Muitas vezes, estas variiiveis sio introduzidas no estudo-e tomadas em. conta nas anilises estatisticas (Burns e Grove, 1993). As varidveis do ambiente fisico e social, as varidveis demograficas e as caracteristicas individuais so muitas vezes citadas como varidveis potencialmente confundentes, Definigoes conceptuais Definicgdes operacionais Os conceitos e os construtos podem ser defini- dos:de duas formas, ou seja, pelas definigdes conceptuais ou pelas definigdes operacionais, Uma 38 - CAPITULO 3 definigao conceptual define um construto ou um conceito com a ajuda de outras palavras, como as definigdes encontradas num dicionario. Uma definigao operacional precisa as acgdes ou os Comportamentos enunciados, descrevendo a forma como uma varidvel sera medida. Segundo Ker- linger(1973), uma definico operacional atribui uma significago a um construto ou a um conceito Precisando as actividades ou as operacoes hecessérias para medir 0 construto ou o conceito. Sao as instrugdes que precisam como as obser- vages serdo feitas. As definicdes operacionais sto essenciais em investigacao cientilica, nao s6 porque permitem medir as variaveis, mas também por- que servem de ponte entre a teoria e a observagio (Kerlinger, 1973). O processo que visa tornar um conceito operacional faz ressaltar as ligagdes entre 0 penisamento e a experiéncia, fixando, assim, como um Conceito ou uma ideia abstracta sero identi- ficados e medidos ‘em termos concretos. Certas varliveis so mais dificeis de se tornarem opera- cionais do gue outras. Por exemplo, é mais ficil definir de forma operacional o peso, a altura ou o rendimento familiar do que os conceitos de solidao e de auto-estima. A preocupacio de delimitar a significagao acordada dos conceitos pelos participates na investigaeao justifica esta precisio, Como o'indicam Polit e Hunger (1995), € impor- tante que os investigadores estejam vigilantes na descricéo das bases conceituais e metodolégicas dos conceitos chave. 3.2 Fasts & Erapas po Processo DEINVESIIGAGAO. 0 processo de investigacio comporta trés fases principais: 1) a fase conceptual, 2) a fase metodo- J6gica, ¢ 3) a fase empitica. A figura 3.1 ilustra estas trés fases ¢ indica as etapas correspondentes, Estas etapas do proceso no so totalmente independentes umas das outras, visto que elas se sobrepdem para permitir uma melhor clarificagao do objecto de estudo. Por exemplo, na fase conceptual, a primeira etapa consiste em definit um tema ou um dominio de investigagao, Com a segunda etapa este domfnio serd examinado por meio dos trabalhos anteriores, redefinido, depois apoiado por um quadro con. ceptual ou tedrico (terceira etapa), o qual fornecerd Uma perspectiva a0 estudo, No decurso dos capf- tulos seguintes, é apresentada a descri¢io apro- fundada das diferentes etapas do processo de investigacio, FASE CONCEPTUAL + Escolher e formular um problema de investigaséo * Rever a literatura pertinente * Elaborar um quadro de referéncia J? Enunciar o objective, as questies de investigacao| 0 as hipoteses q FASE METODOLOGICA + Escolher um deserho de investigacéio * Definir a populagao © a amostra * Definir as varidveis > Escolher os métodos de colheita e de anélise dos dados I FASE EMPIRICA *Colher os dados * Analisar os dados * Interpretar os resultedos + Comunicar os resultados Ficura 3.1 Etapas do proceso da investigagdo. Fase conceptual Conceptualizar refere-se a um processo, a uma forma ordenada de formular ideias, de as do- ‘cumentar em torno de um assunto preciso, com vista chegar a uma concepgao clara e organizada do objecto de estudo. & necessério aprender a pensar, a colocar uma boa quest&o, a encontrar ‘uma resposta ¢ a verificar a validade desta resposta para que uma investigagio chegue a bom termo, A fase conceptual comeca quando 0 investigador trabalha uma ideia para orientar a sua investigacio. A ideia pode resultar de uma observagao, da literatura, de uma irritagZo em relagdo com um do- minio particular, ou ainda de um conceito. 0 investigador descobre, com frequéncia, que 0 seu dominio de investigagao € muito vasto para enunciar uma s6 questio. Para que o estudo seja realizavel o dominio deverd ser delimitado. De seguida, uma revisao da literatura forneceré ao investigador uma compreensao dos textos existentes, situando através dela o seu dominio de investigacio no contexto dos conhecimentos actuais. O conhecimento das publi- cagGes anteriores, relacionadas com o dominio de investigaco sugere o tipo de questio a colocar eo método apropriado para responder & questiio. A Jeitura de trabalhos anteriores permite igualmente, delimitar um quadro conceptual ou teérico que fornega uma perspectiva.ao estudo, Estas actividades conduzem progressivamente ao enunciado do objectivo, das questées de investigagdo ou das hipéteses. A importincia da fase conceptual € frequen- temente subestimada no processo da investigacao. Contudo, ela é verdadeiramente uma fase crucial, visto que a andlise de uma situac&o problemtica necesita de uma questio de investigacio bem depurada. ‘Além. das observagSes no terreno, esta questio de investigacao deverd alimentar-se dos trabalhos anteriores e de teorias que justificaro a sua per tinéncia no quadro dos conhecimentos actuais. Esta CAPITULO 3 - 39 fase de conceptualizacio reveste-se, portanto, duma grande importéncia visto que ela fornece a inves- tigago as suas bases, a sua perspectiva ea sua forca. Nos pardgrafos seguintes so descritos as suas quatro etapas principais. 1) Escotner & FORMULAR UM PROBLEMA DE INvEsTIGACAO A etapa inicial do processo da investigagao consiste em encontrar um dominio de investigacio que interesse ou preocupe o investigador e se revista de importincia para a disciplina. Este dominio pode estar associado a preocupacées clinicas ou sociais e representar comportamentos, observagies, crengas, etc, Uma revisio inicial da literatura pertinente € essencial nesta etapa para situar 0 dominio no contexto dos conhecimentos actuais. 0 investigador escolhe, commumente, um tema eral, que vai afinando a fim de chegar a uma questo de investigagZo que possa ser estudada empiricamente. No decurso do proceso de formulagéo de uma questio de investigacao precisa, € importante que se interrogue sobre a sua pertinéncia, o seu valor tedrico e pritico, assim como sobre as suas dimensdes metodol6gicas ¢ éticas, Enfim, a formulagdo de um problema de investigacio consiste em desenvolver uma ideia através de uma progressio logica de opinies, de argumentos e de factos relativos ao estudo que se deseja empreender. 0 problema da investigacio articula-se com a questo precisa a qual tem re- ago com o dominio de interesse. Para formular um problema de investigagao, é essencial consultar os trabalhos anteriores, apoid-los num quadro de referéncia apropriado e ordenar todos os elementos que fazem parte do problema, A consulta de trabalhos anteriores relativos ao assunto estudado permitird definir um quadro de referéncia teérico ou conceptual apro- priado. 40 - CAPITULO 3 2) Rever a Literatura PeRtiNeNTE ‘Uma revisao da literatura é um texto que resume nele varios outros sobre um assunto preciso estabelecendo ligagdes entre eles e expondo a, pro- blemética comum (Tremblay, 1994) Uma revisio dos documentos te6ricos e empiticos pertinentes para um dominio de interesse permite determinar o nivel actual dos conhecimentos relativamente ao problema de investigagio em estudo. A revisdo da literatura permite determinar os conceitos ou a teoria que serviro de quadro de referéncia. Permite também realgar as forgas e as fraquezas dos estudos examinados. 3) Etasorar UM QuADRO DE REFERENCIA De forma geral, o quadro de referéncia define a perspectiva segundo a qual o problema de inves- tigacdo sera abordado e coloca o estudo num con- texto significative. B uma estrutura que liga todas as componentes de um estudo. Distingue-se o quadro conceptual e 0 quadro teérico. A referencia aos con- ceitos provenientes de teorias, de experiéncias ou de investigacées permite desenvolver o quadro conceptual numa situaco particular. Quanto a0 quadro te6rico, ele explica as relagées que existem entre os conceitos estudados: é a expressio de uma teoria existente. Assim, o quadro de referéncia, quer seja te6rico ou conceptual, orienta. formulaciio das ‘questdes de investigaco ou das hipéteses e determina a perspectiva do estudo. A) ENuNctar © Oaiectivo, AS QUESTOES DE INVESTIGACAO OU AS HipOTESES No quadro de uma: investigacio, os termos «. Aqui o que se entende por «preferivel»? A que sistema de valores se refere? Se a questio faz referéncia a um facto, ela pode | | Quadro 4.1 Quesides que ndo decorrem da investigagao cientifica. > Questdes que dizem respeito a julgamentos > Questées éticas ¢ Morais > Questdes tocantes a valores > Questies correntes quotidianas ser explorada de forma empirica. Assim, podemos interrogarmo-nos sobre as atitudes das pessoas face aos diferentes métodos contraceptivos. De facto, as questdes de investigagio so aquelas que necessitam do recurso & metodologia cientifica e que produzem informagio susceptivel de ser generalizada. As questées devem conter conceitos que possam ser definidos e medidos. O ue £ UMA QuesTAO DE INvESTIGACAO? Uma questio de investigaco 6 uma interrogacio explicita relativa aum dominio que se deve explorar com vista a obter novas informagdes. E um enunciado interrogativo claro e nao equivoco que precisa os conceitos-chave, especifica a natureza da populacdo que se quer estudar e sugere uma investigago empirica. Uma questéo de investigagéo ¢ um enunciado interrogativo claro @ nao ‘equivoco que precisa os conceitos-chave, especifica a populacio alvo e sugere uma investigacao empirica. Brink e Wood (1994) reconhecem duas compo- nientes numa questio de investigacio: 0 dominio e a questio pivé 0 dominio, é 0 aspecto geral do problema que se quer estudar. Pode representar atitudes, comportamentos, crengas, populagées, problemas CAPITULO 4 - 51 clinicos particulares, observacées, conceitos, etc., e provirem de diversas fontes. A questao piva é a interrogago que precede 0 dominio no enunciado da questo e precisa a direcgGo que ser4 dada a investigagao. Situa 0 problema no contexto dos conhecimentos actuais. Tiros DE QuestOes Pivé As questdes piv6 correspondem anteis ou escalSes diferentes, cada um sendo o rellexo do estado dos conhecimentos ou da teoria existente no dominio em estudo. As questdes piv6 siio interrogagées simples que incluem a nogao de medida. As principais quesibes piv6 so: quem, que, qual (existe?), porqué? Quais so 0s factores? Existe uma relagio entre factores? Qual 6a natureza da relagio entre os factores? Porque tal acontecimento se produziu? Antes de decidir sobre a questio pivé apropriada a tal dominio, é necessario diferenciar os tipos de questdes segundo quatro niveis de conhecimentos, As questdes piv QUEM, QUE, QUAL ressaltam donivel Ina hierarquia dos niveis de conhecimentos e correspondem a exploracio de fenémenos; sio interrogagées simples, que necessitam de uma classificagdo ou uma descrigiio dos factores suscep- tiveis de trazer uma resposta a questo. «Quais siio os Factores?» A resposta é descritiva. No caso das questdes pivé de nivel Il, QUAL, EXISTE, a resposta descritiva é mais complexa, pois relagbes entre os factores conduz & descoberta de estudados, Existe uma relagio? Quais sio os factores associados? A questio.de nivel II comporta dois ou mais conceitos, enquanto:que a questo de nivel 1 comporta habitualmente um s6 conceito. ‘As questdes piv PORQUE, QUE ACONTECE SE? ressaltam dos niveis IIL ¢ IV, que correspondem respectivamente & explicacio e a predicio de fendmenos: constroem-se 2 partir de resultados de investigacio e de uma base te6rica. Presume-se que existe uma relacio entre varidveis, Nestes nfveis HI ¢ 1N, 0 investigador interroga-se PORQUE existe esta 52- CAPITULO 4 relago e deve estar em condigées de responder a esta questo, AS questdes de nivel III dao lugar a estudos em meio natural contrariamente as questes de nivel IV que necessitam da criaciio de condi¢&es préprias de uma experimentacio. Neste tiltimo caso, o investigador introduz na situagio de investigaczio uma intervencio ou tratamento (varidvel inde- pendente) e avalia os efeitos desta interven¢io sobre as varidveis dependentes. 0 grau de controlo exercido pelo investigador éa diferenca fundamental entre as questdes de nivel II ¢ as de nivel IV, E de notar que a diferenga entre estes tipos de questées se reflecte na investigagéo que sera realizada, Quando a questio piv ligada a um dominio muda, a orientagio da investigacao modifica-se também, A questio relativa a um dominio constitui.a base do desenho. de investigacao. A questio de investigacio esté orientada para a acco, oguesupde umaactividade por parte do investigador pata encontrar‘uma resposta: Os niveis das questées estabelecem relagées entre a teoriae o estado actual dos trabalhios de investigagao, A forma de colocar a questio correspondeaniveis de conhecimentos que existem a respeito de um fenémeno. A determinacio dos tipos de questo e os niveis de conhecimento © As questdes-piv6 de tipo I, I, Il e IV corres- pondem a niveis diferentes de conhecimentos exis- tentes num domfnio particular (Diers, 1979; Moody, 1990). © nivel de conhecimentos mede-se pelos aspectos quantitativos e qualitativos das inyesti- gages efectuadas num dominio. Quando 0 conhecimento aumenta num deter- minado.dom{nio é também-utilizada uma questo de investigagiio de nivel mais elevado. As questdes SE ENTAO, e- PORQUE apoiam-se num maior nivel de conhecimento que as questies QUE, © QUE (Brink e Wood, 1994; Wilson, 1985). Esta hierarquia de nfveis pode ser utilizada para rientar a investigacdio em relacao ao tipo de questies correspondentes 4 amplitude de conhecimentos de um dado domfnio e orientar, assim, a escolha do desenho, do método e das andlises apropriadas (Diers, 1979). 0 quadro 4.2 apresenta os niveis de investigaco em paralelo com as questdes pivd, os objectivos e os tipos de estudo correspondentes. NIVEL | A Descoperta E A ExptoracAo DE FACTORES nivel I, a descoberta de factores, consiste em descrever, nomear ou caracterizar um fenémeno, uma situag%o ou uma acontecimento, de modo a torné-lo conhecido, 0 que corresponde 2 inves- tigaco exploratéria-descritiva. Neste nivel, coloca-se a t6nica na definigao ¢ classificagio de conceitos. A teoria é descritiva; descrevem-se os factores depois dese terem isolado para os denominar, Quando existem poucos ou nenhuns conhecimentos sobre um fenémeno, 0 objectivo da investigacio é responder & questio «O que 6? utilizando para o efeito um desenho exploratério-descritivo, A titulo de exemplo, uma enfermeira que trabalhava numa unidade de cuidados intensivos observa que alguns pacientes adoptam um. comportamento niio habitual, incompreensivel, sem compreender as razdes que geram este fendmeno. A primeira etapa para compreender o fenémeno é descrever ou caracterizar a situagio, forecer um perfil dos acontecimentos ¢ das situagdes que se produzem na unidade de cuidados intensivos. A «clarificagio de conceitos» éum outro termo muitas vezes associado a este processo. A questio de investigacao de nfvel 1 nfio comporta sendo um conceito, Por exemplo, «Que significa para tal pessoa oconceito de sofrimento’» ou «Como tal deficiéncia é vivida pelos individuos?» Na investigagao de nivel I, é utilizada uma abordagem geral para a colheita de dados: observagGes nao estruturadas, entrevistas estruturadas ou nio estruturadas ou questiondrios, Os dados sao analisados e os resultados sao rela- a Quadro 4.2 _Hierarquia dos Niveis de Investigagéo. CAPITULO 4 - 53 Nive. QuestaoPvd BASE DOS OBJECTIVO TiPOS DE ESTUDO. CONHECIMENTOS _ QUADRO DE REFERENCIA 1 Que? Poucos ov nenhuns Reconhecer Descoberto e Quem ? escritos no dominio Denominar exploragao de Qual 6? Dominio com fraca Descrever factores: Quais sd0 bose tedrica ov Descobrir « Exploratério ot factores conceptual Existem escritos no dominio escolhido. Variaveis definidas, Quadro conceptual 2 Existom relacdes ‘entre os factores @ Que factores estdio ligados a... ? Existem escritos que 3 Se tal relagGo existir, fazem supor © que acontece ? ue existe ed 3 De formulagao 3 Descritivo Descoberta de relacdes possiveis Descrever as varidveis e as relagdes entre os factores ou descobertas variaveis: + Descritivo Inquérito 2 Estudo do caso 2 Descritivo- -cortelacional Verificagao de Explicar a forsa P direcea hipéteses de sc¢d0 das relacées. Porqué @ uma associagao entre ‘associagdo entre as variaveis. varidveis: Quadro conceptual ou « Correlacional teérico. 3 Explicative 4 Porque @ Numerosos escritos no Predizer uma Verificacéio de dominio. Que acontece se tal Quadro tedrico. tratamenio for aplicado # tados de forma descritiva, a fim de realcar os conceitos definidos (Brink e Wood, 1994; Diers, 1979; Wilson, 1985; Woods e Catanzaro, 1988). NIVEL I A Descoperta DE RELAGOES ENTRE OS Factores O nivel II, a descoberta de relagdes entre os factores, visa identificar as ligagbes entre os factores e descrever estas relagdes, dado que o fenémeno jé'foi explorado, descrito e denominado. ‘Trata-se da:investigacio descritiva ou descritiva-correla- sional e-descritiva de nivel I. Neste nivel, a investigacao vai mais longe que hipéteses causais: Experimental Quasi- -experimenial relagao causal. Explicar. Controlar : no nivel precedente, porque esta consiste em descrever como os conceitos interagem e como podem estar associados. A teoria sugere relacies miituas-entre os factores ou conceitos. 0 investigador interroga-se «O- que se passa nesta situagio?» Aqui,-a:teoria pode fornecer algumas explicages sobre a forza como os conceitos esto associados.uns. aosoutros. Todavia, a descrigio incide sobre as relagdes entre os conceitos e no visa a explicagdo. Bxiste frequentemente uma confusio nos escritos entre este tipo de estudo e 0 estudo de correlacio, dito de verificagio de associagGes. Os estudos descritivos (descoberta de relagdes entre os factores) nao tém hipéteses no momento da partida, enquanto que os estudos 54~- CAPITULO 4 Quadro 4,3 Exemplos de questées de nivel |, QUESTOES DE INVESTIGACAO VARIAVEIS Poputacko Quais sGo as atitudes das adolescentes em Atitudes Adolescentes telac&o ao abortamento? Qual é a experigncia do abortamento ferapéulico vivida por adolescentes do secundério? correlacionais (verificacio de associagées) comegam com as hipéteses. Os resultados de estudos descritivos deverdo fornecer sugestes para outros estudos com vista analisar relag6es entre variaveis, Retomando 0 exemplo precedente (afvel 1) sobre 0 comportamento ou as reacgdes dos pa- cientes na:tinidade de cuidados intensivos, dado que a natureza’ do comportamento dos mesmos, foi amplarhiente estudada e descrita, a segunda etapa.consiste entao em determinar que variaveis parecem as mais importantes para compreender 0 que se passou, Serd que a idade, 0 sexo, o diag n6stico, as variagdes na intensidade da nz ou a pre- senca de visitantes provocaram uma diferenga? A descoberta de relagdes entre factores ¢, um processo deexploracao de relagdes possfreis, para ver se estas, relagdes existem efectivamente, Nainvestigacao de nivel Lt, o estudo € descritivo mas'comporta maior compreensio da situagio do queeestudo de nivel As observacdes so em geral mais estruturadas e-as quest6es mais precisas. So utilizadas andlises estatfsticas para determinar a existéncia de-relagdes possiveis entre os conceitos (Brink-e Wood; 1994; Diers, 1979; Wilson, 1985; Woods :e. Gatanzaro;:1988), O-estudo pode ser também descritivo-correlacional, segundo a natureza das questies colocadas. f descritivo-correlacional se varias varidveis medidas num determinado momento sao estudadas em relagio umds com as:outras. Por Experiénciado —_ Adolescentes do secundério abortamento exemplo: «Quais so 0s factores associados a0 resta- belecimento pés-cirirgico de um doente que substituiu as valvulas cardfacas’» «Os factores do restabe- lecimento estio ligados uns aos outros?» Estudos de nivel If podem também ser em- preendidos para descrever a incidéncia ou a prevaléncia de um fendmeno numa dada populagio. Pem-se entio questies relativas A frequéncia do fenémeno e & sua amplitude na populacio. Estas quest6es requerem a quantificacZo do fenémeno ou a estimacao da sua frequéncia. Muitas vezes, esta abordagem toma o nome de inquérito. NIVEL Ill A VERIFICACAO DE ASSOCIACOES ENTRE OS Factores Oniivel II, a verificagio de associagées entre os factores, consiste em determinar que factores agem ou variam ao mesmo tempo, mas nio é feita nenhuma tentativa para variar ou para controlar e manipular o meio. As investigacdes correlacionais- -explicativas correspondem a este nivel. Os estudos de verificacéo de associagdes sto apropriados quando os factores foram ja descritos num nivel precedente e quando existe uma boa razio para crer que eles esto associados, Neste con- texto, pressupGe-se que o fenémeno foi descrito e I Quadro 4.4 Exemplos de questées de nivel Il QUESTOES DE INVESTIGACAO — VARIAVEIS CAPITULO 4 - 55 POPULACAO Que factores esto associades 1) G avloresponsabilizagéo dos 2) Factores pessoais auto-responsabilizagéo Pacientes diabéticos doentes diabéticos pelos seus pelos cuidados cuidados? Existe uma relagdo entre as 1) capacidade de Alunos do ensino basico capacidades de apren dos alunos do ensino basicoe 2) ‘a competéncia parental? aprendizagem competéncia parental definido. 0 investigador levanta a questio «Que acontecerd se...» ou «Porqué?» com vista a predizer uma ou mais relagdes. A associacio é uma forma particular de relagio entre os factores. Associago e correlacao significam que os factores variam juntos. Nos estudos de nfvel 11, nenhuma tentativa € feita para dizer que uma varidvel causa a outra. Na situagéo precedentemente mencionada, na qual pacientes manifestaram um comportamento fora do habitual no decurso da sua permanéncia na unidade de cuidados intensivos, foi presumido existir uma relacao entre as variagGes da intensidade da luz eo comportamento do paciente. Aqui, com 2 ajuda de uma hipétese, deve-se verificar a natureza, isto é, a forca e a direccSo da relagio entre a intensidade da luz e 0 comportamento do paciente. Na investigago de nivel I, 0 desenho é correlacional e comporta mais comtrolo das varidyeis do que o estudo descritivo simples. As associagées podem ser positivas, quer dizer, em que 0s factores variam na mesma direc¢ao, ou negativas, quer dizer, em que os factores variam também mas em direcoOes opostas. As observagdes so estru- turadas e formulam-se hipéteses. 0 estudo correlacional propriamente dito pode contribuir para a explicaciio e para a predigio. A explicacio reporta-se & determinacZo do como e do porqué tais vartdveis esto ligadas umas as outras. A predicio especifica as varidveis que vao produzir tal resultado. Por exemplo, é possivel predizer que pessoas expostas a mtltiplos stressores, mas sem suporte social adequado, poderao manifestar perturbagées de satide. Nivel Iv A PREDIGAO DE UMA RELACAO be CAUSALIDADE Ao nivel IV, a predigio.de-uma relacio de causalidade serve para verificar relagdes de causa ¢ efeito entre varidveis com vista a predizer o que acontece se. ..; introduz-se uma condigao exterior ao sujeito e mede-se os efeitos desta condigao. As investigacs fazem-se a este nivel. Nos estudos de nivel IV, fala-se de teoria explicativa ou preditiva, «Que acontece se...?» ou «Porqué?» Verificam-se hipdteses de causalidade entre as varidveis com a ajuda de andlises estatisticas. No contexto de tais estudos, é im- Portante que a natureza da relagio (direccao, 56 - CAPITULO 4 forca) seja estabelecida previamente. No exemplo descrito anteriormente sobre o comportamento fora do habitual de pacientes hospitalizados em unidades de cuidados intensivos, estudos demonstraram que a intensidade da luz modificava 0 comportamento do paciente. 0 investigador pode interrogar-se «0 gue acontece se se modifica o ambiente a fim de fornecer uma luz filtrada com vista a reduzir a incidéncia do comportamento?» Aqui, o inves- tigador manipula uma situagdo, isto é, introduz uma outra varidvel, a huz filtrada, e exerce o maximo controlo sobre as vari estatisticas inferenciais para verificar hipéteses. ‘Todavia, a utilizaco de um estudo de tipo expe- rimental num ambiente como o de cuidados inten- sivos pode comportar dificuldades metodolégicas, dado quese esté em presenga de um grande ntimero de factores que podem escapar a0 controlo do investigador, Exemptos: Para resumir, eis alguas exemplos da evolugio de uma questo segundo o nivel dos conhecimentos: Se um investigador em ciéncias de enfermagem escolhe como dominio de investigagio as mudangas que surgem nas mulheres apés uma histerectomia, a questiio poderia enunciar-se diferentemente segundo ‘que € conhecido no dominio. Se existem poucos ou nenhuns escritos,a questio poderia enunciarse como se segue: «Quais io-as mu dances fisicase psicolégicas que surgeity apés unta histerectomia’> Se depois de uma revisdo inicial da literatura, 0 investigador se-d4-conta que as mudangas fisicas e psicossociais foram ja determinadas por outros autores, ser-lhe-4 preciso colocar uma outra questio, por exemplo «Quais sao os factores bio-psico-sociais associados & percépeio do estado de saiide e 2 depressdo ap6s uma'histerectomia’> ou «Existe relacdo entre as muidangas bio-psicossociais apés uma histerectomia e‘a percepgao do ‘estado de satide, a depressiio eos conhecimentos de anatomia?» Prosseguindo 0 mesmo raciocinio, se os escritos tivessem revelado a existéncia de relagdes entre algumas destas variaveis, a questo seria enunciada de maneiraa predizer a acco de uma varidvel sobre a outra com vista a explicar assim os resultados: ‘«Quais sio os efeitos de uma intervencio de suporie na percepgio do estado de satide e na depressio apés histerectomia?» Noutras disciplinas, por exemplo se o inves- tigador em educacao fisica escolhe como dominio de investigacao os efeitos de um programa de Preparacao fisica sobre a condicao cardiovascular nos homens de 30 a 50 anos, a questo sera formulada em fungao do estado dos conhecimentos seguindo as mesmas etapas que as acima descritas. Estes exemplos ilustram bem a importincia de verificar 0 estado dos conhecimentos num dominio antes de enunciar a questo de investigacio final. A maioria das investigagdes apoiam-se em inves- tigagdes anteriores ou decorrem delas, e cada uma traz um contributo ao avango dos conhecimentos num dominio preciso, A andlise critica da questiio de inyestigacio Lindeman e Schantz (1982) propdem uma abordagem susceptivel de guiar o processo do estudante na elaboraciio da questio de investigacZo. Consiste em duas etapas: o enunciado preliminar da questio e o aperfeigoamento da questo, 0 que produz 0 enunciado final para a formulagio do problema (Valiga e Mermel, 1985). O ENUNCIADO PREUMINAR 0 investigador, no tendo ainda consultado a literatura que lhe permite estabelecer 0 estado actual dos conhecimentos no dominio que se propde estudar, coloca uma questio a partir das suas observagbes ¢ da sua experiéncia. Esta questio deve, todavia, responder a dois critérios: 1) deve ser possivel CAPITULO 4_- 57 Quadro 4.5 Exemplos de quesiées de nivel Itl ‘QUESTOES DE INVESTIGACAO - VARIAVEIS PopuLACAO Qual é a influéncia das recaidas nas pessoas 1) Recaidas Ajudantes naturais alingidas de uma doenga mental na carga subjectiva dos ajudantes naturais? (Porque as recaidas (...) aumentam a carga?) Qual é a influéncia do utilizagéio de um caderno de exercicios e 0 grav de iniegracao dos conceitos entre os estudantes que seguem 0 curso de introdugao a investigagdo ? Quadro 4.6 Exemplos de questées de nivel IV. “QUESTOES DE INVESTIGACAO Quais sGo os efeitos de um programa de ajuda sobre a carga nos ajudantes naturais das pessoas atingidas pela doenca de Alzheimer ? {Porqué um programa ... diminui esta carga?) Quais so os efeitos de um regimen alimentar particular sobre o desempenho dos corredores de 800m 2 responder-lhe através de observagées ou dados empiricos e 2)deve comer conceitos que possam ser colocados em relacio. Por exemplo «Qual éarelacio entre um certo factor psicoldgico e a utilizaco de meétodos contraceptivos na adolescéncia?» A questiio responde ao primeiro critério, uma vez que a utilizagzio de métodos contraceptivos na adolescéncia pode ser observada e verificada. Esta questo encerra, igual- mente, conceitos que servo medidos e entre os quais se tentard estabelecer relagdes: responde, portanto, 20 segundo critério, Afim de conceptualizar o domfnio em estudo, os autores Lindeman e Schantz sugerem escrever definigies operacionais das varidveis. Esta actividade 6 um primeiro passa para o afinamento da questi e leva o investigador & revisiio da literatura. 2) Carga subjectiva Jum caderno de Alunos que seguem o exercicios curso de introdugao & 2) grav de integragéo dos investigagGo conceitos Poputacho Ajudantes naturais de doentes atingidos pela doenca de Alzheimer VARIAVEIS 1) Programa de ajuda 2) Carga 1)Regimen alimentar — Corredores 2} Desempenho dos corredores. O ENUuNCIADO FINAL Colocar-a questo de investigacdo segundo o nivel de conhecimentos que existem sobre o assunto Pressupde a sobreposicao de duas etapas subsequentes do proceso de investigaciio, ou sea formulagio do problema ¢ a revisio da literatura. Com a ajuda da questao preliminar consultam-se trabalhos de investigacdo anteriores para descobrir o que foi escrito sobre o assunto, Sendo a questo preliminar baseada ‘uma pressuposi¢ao a partir da experi@ncia do investigador, essencial apoid-la nos escritos tebricos e empiricos. f a andlise critica da questo, a etapa de afinamento. Neste estédio, o investigador estabelece uma ponte entre os conhecimentos que existem no dominio ¢ as etapas a ultrapassar para finalizar a 58- CAPITULO 4 ‘Questo baseada Questa, na experiéncia final Revisioinicial © conjunto da questo inicial revisio da literatura — ¢ focios provenientes da om ralagéo com esta ‘literatura resuta no enunciado questo de uma questéo precisa Figura 4.2 Relagées entre a quesiéio de investigacao e a revisdo da literatura. questo a colocar. A organizagio dos escritos e a integra dos conhecimentos servirio de guia para determinar 0 nivel apropriado da questio, segundo Seja possivel explorar, descrever, explicar ou controlar um fendmeno. Esta intrusio na literatura pode levar a reescrever a questo a um nivel diferente. A figura 4.2 adaptada de Cormack (1991) ilustra esta relacao. Para se convencer de que o nivel da questo 6 apropriado, Brink e Wood (1994) sugerem que se escreva a questio a todos os niveis de investigaczo e avaliar 0 que é conhecido ou desconhecido em cada um deles. Se a questo niio pode ser escrita no nivel TI, por exemplo, é sem daivida porque a resposia nio € conhecida no nivel precedente. Para se asse- gurar de cobrir 0 conjunto, é necessério conhecer bem a que categoria pertence a questo. Por outro lado, éimportante formulara questio deinvestigagao tendo em conta alguns elementos que enumeraremos deseguida. 4.3 ELEMENTOs A-CONSIDERAR NUM ENUNCIADO investigador deve considerar certos Pontos 20 anunciar a sua questo de investigacao: a actualidade da questio, a exequibilidade do Projecto, o significado ea importincia da questo para. disciplina, ea operacionalizagao da questio, 1) A Questéo € Actual? A questiio deve ser actual, isto é, apropriada as interrogagées do momento presente, pertinente para a prética profissional, ¢ ter o potencial de contribui para a aquisicio de novos conheci- mentos. Além disso, deve apresentar um interesse para o investigador e 0 seu meio. 2) O Proyecto & ReauzAvet? Acxequibilidade de um projecto de investigacio assenta num conjunto de recursos, tais como a disponibilidade dos sujeitos, o seu consentimento, 0 tempo requerido para realizar o estudo, os fundos necessdrios, 0 equipamento e 0 espaco, a colabo- ragio de outros investigadores, a experiéncia do investigador e as consideracdes éticas. 3) A Questio € Sioniricanva, Tem IMPORTANCIA PARA A DISCIPUNA? Para além da pertinéncia social, qualquer problema de investigagio deve ter 0 Potencial de contribuir para o avango dos conhecimentos de uma dada disciplina ou para influenciar de alguma maneira a pratica profissional. A questio de investigagio deve articular-se com um sistema conceptual que facilite a sua compreensio no seio da comunidade cientifica. O significado dos pro- blemas de investigacio variam segundo as neces- sidades da sociedade e as preocupagdes do ‘momento, Para se assegurar da importincia de uma questo de investigacao é necessario colocar certas questdes: por exemplo, as pessoas, ou num sentido mais amplo, a comunidade poderao beneliciar com estes conhecimentos ou resultados do estudo? Os resultados sto aplicéveis na prética? A) A QuestAo & Operacionat? Aquestiio deve ser expressaem termos observaveis © mensurveis, para além de ser clara e precisa, AS questies que apelam a respostas que permitem identificar, descrever, explicar e predizer fendmenos num determinado dominio so questOes susceptiveis de ser objecto de uma investigagio. A questio de investigagio deve sugerir a direcco a tomar para realizar a investigacio, isto é, orientar sobre o método a utilizar, As questées pivé induzem um movimento ou uma direccio necessaria para a colheita de facts. observiveis e mensuriveis. 44 Erapas QUE CONDUZEM AO ENUNCIADO DA QUESTAO DE Investicacao Resumamos 0 descrito precedentemente, relem- brando as etapas que conduzem ao enunciado final de uma questo de investigagio: 1) escolher 0 dominio de investigacao e ligé-lo a uma questo pivd; 2) escrever ideias sobre a situacao problematica e colocar as questes relativas a este dominio; 3) discutir com colegasa fim de ajudar a clarficar © seu pensamento; 4) consultar a literatura para determinar o estado dos conhecimentos no dominio escolhido e elaborar ideias sobre a forma de escrever a questo; ~ 5) avaliar a exequibilidade do projecto e a pertinéncia de estudar este problema na dis- ciplina ¢ estabelecer a significagao para a disciplina; CAPITULO 4 - 59 6) escrever a questio de investigaciio em relagdo com o nivel de conhecimento sobre o fenémeno em estudo, 45 ResuMo 0 ponto de partida de qualquer investigacao consiste em escolher um dominio de interesse em transp6-lo para uma questio que poderd ser estudada. As fontes de inspiracao incluem os trahalhos de investigacdo anteriores, as observagoes e éxperiacias profissionais, os quadros tedricos, as conferéncias sobre os resultados da investigagiio eas prioridades para a investigagao. Para se tornar objecto de um estudo, a questio deve ser expressa em termos observavcis ¢ mensurdveis € propor cionar a possibilidade de contribuir para a aquisigio de conhecimentos. As questdes de investigacdo correspondem a niveis de conheci- mentos no que concerne a um fendmeno. Dis- tinguem-se quatro tipos de questdes de investigacio relativos a: descoberta de factores, descoberta de relagGes entre os factores, verificagio de relagdes entre os factores ¢ verificacio de hipéteses de causalidade. O processo que serve para enunciar uma questo de investigaciio final pode ser faciitado pela escolha de um dominio de interesse ligado a uma questio directriz, Esta determina a orientagio da investigacio aempreender segundo se trata de descrever, explicar ou de predizer fenémenos. 0 investigador consi- derara também os elementos necessarios no enunciado de uma questio de investigacio. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ADEBO, E. 0, (1974). Identifying problems for nursing research. /nternational Nursing Review, n° 21 (2), p. 53, 54, 59. AJZEN. L; FISHBEIN, M. (1980). Understanding attitudes and predicting social behavior. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall. _ OU- CAPIULO 4 - _ ARTINIAN, B. M.; ANDERSON, N. (1980), Guidelines for the identification of researchable problems, Joumal or Nursing Education, n° 19 (4), p.54-58. BANDURA, A. (1977). Social learning theory. Englewood Clils: Prentice-Hall, BRINK, PJs WOOD, M. J. (1994). 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Grituo 7 = FORMULACAO DE UM PROBLEMA DE INVESTIGACAO MarieFabienne Fortin e Francoise Filion Objectivos de aprendizagem No final deste capitulo, o estudante deve ser capaz de: ¥ Enunciar uma questio de investigacdo de nivel apropriado ¥ Diferenciar os elementos de um problema de investigacao Este caro) € ACOMPANHADO DE - UA GRO ¥ Integrar estes elementos na formulacéo de um problema INFORNATIZADA, de investigagdo FACUIATNA A formulacéo de um problema de investigagdo constitui uma das etapas chave do processo de investigagao e situa-so no centro da fase conceptual, Preparara fase conceptual de uma investigagéio. 6 fundamentalmente justificar, com a ajuda de elementos de apoio, a necessidade de realizar o projecto de investigagao considerado e anunciar os resultados esperados. Uma preocupacao, um mal estar em relagao a uma situagéo concreta no tem sentido sendo no interior de uma problematica bem definida e bem esiruturada. A formulag&o de um problema de investigagao constitui, de qualquer forma, a mais importante etapa do proceso de investigagao. Na etapa preliminar, o investigador conseguiu enunciar uma questo de investigagao em relagéio ‘com um dominio Gija importancia para o avango dos conhecimentos e a pertinéncia para a disciplina foram precisados. Esia questdo servird agora de pano de fundo 4 elaboragao do problema de investigagéio. Sem uma questao de investigacdo precisa, que defina os conceitos em estudo @ Op ‘Sef eth vo empreendér a formulacao de um problema de investigagao. ‘abordagem baseada nurid'série dé elementos que, ligados uns aos ir a formulaco do problema de investiga¢ao, Cada elemento é especificado eilustrado por um @xemiplo para mostrar a integragao progressiva dos elementos na formulagao do problema’de investigacdo: Apiésentani-8e a seguir os aspectos integradores do problema. 62- CAPITULO 5 ba FORMULAR UM PROBLEMA DE InvesticacAo, EM Que ConsisTe? Formular um problema deinvestigagao é definir 0 fendmeno em estuco através de uma progressio légica de elementos, de relagdes, de argumentos e de factos. 0 problema apresenta 0 dominio, explica sua importincia, condensa os dados factuais e as teorias existentes nesse dominio e justifica a escolha do estudo (Fortin, 1994). Aformulagio do problema deve demonstrar, com a ajuda de uma argumentacio cerrada, que a exploracao empirica da questio é pertinente e que esta é susceptivel de contribuir para o avanco dos conhecimentos. Esta argumentacéo deve ser Coerenite, completa e parcimoniosa (Gauthier, 1992). 0. dominio de interesse deve ser precisado, assim como as variaveis-chave ea populacdo alvo. Todavia, aformulacZo de um problema de investigacio requer um determinado processo para transformar um dominio de interesse geral num problema particular, Nesia etapa, 0 nivel da questiio foi precisado ¢ as varidveis estio suficientemente definidas para fornecer uma boa ideia das medidas a utilizar. necéSsétio, agora, reunir estas partes, ¢ organizi-las nim todo coerente, isto 6, introduzi-las em local adequado, no problema. 5.2 ELEMENTOS DE FORMULACAO DE uM PROBLEMA DE INVESTIGAGAO Existem varias, maneiras de formular um problema de investigaco. 0 processo aqui proposto apela a.um conjunto de elementos constituitivos de um problema. Os elementos apresentados abaixo, inspiram-se mo processo proposto por Wandelt (1970), que concebe o problema de investigagio como uma entidade complexa com miikiplos com- Pponentes. Estes elementos sio: 1) uma preocupacio pessoal, uma irritaco, como ponto de partida do problema de investigacio; 2) os elementos da situaco, como sejam os factores. que causam, influenciam ou mantém o problema; 3) o universo mais vasto no qual o problema esta situado, o que outros estudaram, pensaram do problema; 4) a situagao desejével, isto é, a projeccao de uma situagao ideal, sem problema; 5) a ouas sug propostas para alcancar esta situagao desejavel e os resultados possiveis em relaglo a cada uma das sugestoes; 6) 0 quadro de referéncia para a formulagzo do problema e sua operacionalizacio, Para formutar um problema, o investigador tem necessidade de juntar todos os elementos da situagio problemdtica, Bsta descrigio progressiva dos elementos passa do concreto ao abstracto, Comeca-se por descrever sucintamente uma situacio concreta que traduz uma preocupacio precisa. De seguida, descrevem-se as particularidades que se testemunharam, por exemplo, anota-se quem esti implicado na situago ¢ como. De uma maneira mais abstracta e com ajuda da literatura pertinente em relaciio 20 dominio estudado, 8 conceitos tedricos ressaltam, assim como a situagio desejével, Finalmente, precisa-se 0 processo de solugio que se propde a partir do que é ja conhecido sobre o dominio. 53 INTEGRAGAO Dos ELEMENTOS NA FORMULAGAO DE UM PROBLEMA DE INVESTIGAGAO Descrevemos aqui os elementos a considerar na formulagio deum problema de investigacZo e damos exemplos de aplicago para cada um deles, Antes de examinar em detalhe os elementos contidos no exemplo apresentado a seguir, é necess4rio con- siderar primeiro a questio que serviu de fundo formulacao do problema em causa e para orientar a escolha do tipo de estudo a realizar Este exemplo & tirado da dissertagio de mestrado de Durocher (1994), cujo titulo 6; Factores associados a utilizagao do preservativo pelas adolescentes internadas em centro de readaptagto, Questao de investigacaio «Quais sio os factores do modelo de Rochon associados a intengdo de utilizar 0 preservativo como método profilitico, ¢& sua utilizagio efectiva pelas adolescentes com problemas, internadas em centros de readaptacio?» PRIMEIRO ELEMENTO © primeiro elemento € a preocupacio, a irritagao, o mal estar, sentido pelo investigador, em relagdo.a um dominio de investigagio em particular. £0 momento em que este se questiona sobre ura situagao real da vida corrente ou ainda face a lei- turas ligadas a um universo particular que suscitou esta preocupagi © Qual é, ou quais sdo os fenémenos que me preo- cupam? #0 que sinto em relacdo a este estado de coisas? s so os factos imediatos que se ligam a esta situacio? «De que forma estio ligados? ‘Apli¢agdo ‘do primeiro elemento NO 'ti08s0"exemplo, a autora est preocupada ‘taNtispotieoielevada de utilizagao do presetative'Ipelos iparceiros sexuais’das adolesteh (és coin probléias.e“emrisco de contiatir doengas transmiitidasssexialmenté: A autora apreseiita o dominio, préeisa oobjecto da CAPITULO 5 - 63 sua preocupacio e os factos que the esto ligados: «A transmissio das doencas sexuais é um problema ao mesmo tempo individual e colectivo que toca um grande nimero de adolescentes de ambos os sexos. No conjunto dos comportamentos sexuais observados neste periodo, é particularmente preocupante o das adolescentes, com problemas, internadas em centros de readaptagio. Com efeito, ‘as suas condutas sexuais de risco e a sua fraca tendéncia para uilizar o preservativo, como método profilitico, fazem destas um grupo vulnerivel. A auséncia ou a utiizagdo irregular de proteccio ‘sexual conduz miuitas vezes a problemas de doencas transmitidas sexualmente (DIS) e a disfungdes sexuais (Adler e Irwin, 1989; Cates, 1991; Emans e col., 1985; Kegeler, 1991).» ‘SEGUNDO ELEMENTO O segundo elemento concentra-se na sittagio concreta descrevendo 0 que compe o problema, por exemplo: © O.que faz parte do problema? As pessoas, os meios, as politicas, as solicitagdes, o ambiente global da instituigio ou da comunidade? + O que causa, influencia, tnantém o problema? * Quais sto as pessoas implicadas e de que maneira 0 silo? O investigador pode introduzir aqui'a perspectiva da sua disciplina evocando de que forma esta interéssado no problema. Aplicagéo do segundo elemento A autora vai mais longe e descreve o que causa mantém::oyproblema: da fraca utilizagio da contracepciio, do preservativo em particular, pelas adolescentes, com problemas, que vivem em centros de:readaptacio. «Umi niiitiero considerdvel de adolescentes com problemas adoptam comportamentos sexuais de BIBLIO? 23a 64- CAPITULO 5 risco. Esta constatacio € corroborada por outros autores (Frappier e col., 1992; Otis, 1992). Se bem que estas possuam as mesmas caracteristicas de desenvolvimento que as adolescentes ditas normais, no € menos verdade que as adolescentes com problemas apresentam um perfil diferente. No plano da sexualidade esta diferenga manifesta-se principalmente por uma maior susceptibilidade as actividades sexuais e uma vulnerabilidade acrescida em relacZo 3s solicitagdes (Dubois e Dulude, 1978; Vandal, 1982). £ também preocupante constatar que 6, geralmente, em condigdes de exploragio que estas jovens vivem a sua sexualidade, quer seja sob a forma de promiscuidade, de relagées incestuosas ou de prostituico, envolvem-se em relagdes em que a genitalidade 6, a maior parte das vezes, niio protegida. Estas condutas sexuais de risco inscrevem-se nas diversas formas de expresso que estas adolescentes utilizam para assinalar as suas doengas. Este retrato pouco encorajante poe em evidéncia importantes caréncias no plano da personalidade. No conjunto, as suas lacunas traduzem-se por uma fraca auto-estima, uma falta afectiva, uma grande dificuldade em se afirmarem e em resolver prob- Jemas. A isto juntam-se problemas de receio e de desvalorizacio, sentidos por algumas aquando dos seus procedimentos sexuais. Por estas razées, as suas experiéncias sexuais sao, infelizmente, a maioria das vezes, mais destrutivas do que gra- tificantes (Gijseghem, 1978; St Jean, 1978).» TERCEIRO EteMENTO ‘Oterceiro elemento situa o problema num universo mais.amplo, Precisa 0 que outros investigadores da mesma ou de. outras disciplinas experimentaram, pensaram, estudatam e fizeram em relacdo com 0 problema ou com problemas semelhantes. Esta informagao obtém-se por meio da revisio da literatura e discussdes; as quais deverdo levar 0 investigador a distinguir teorias e conceitos pertinentes no que concerne-ao problema. 0 investigador especula sobre as relagdes possiveis entre os principios cientiicos eo problema, isto 6, sobrea forma decomo as teorias € os conceitos podem contribuir para compreender ¢ explicar este problema: + O que realizaram outros investigadores e quais foram os processos das solugées propostas, quanto a este problema ou a problemas seme- thantes? + Existem teorias ou modelos que sugerem a emer- géncia deste problema? + Existem teorias ou modelos que sugerem acces a empreender para resolver este problema? Em resumo, o investigador descreve a0 mesmo tempo os elementos observados na realidade e os pertinentes j4 consignados na literatura revista, A deter- minagio de relagdes possiveis entre diversos elementos especulativos do problema e as sugestées a este propésito constituem uma base conceptual. Esta parte da definig& do problema inclui a revisio da literatura e o quadro de referéncia proposto. 0 quadro de referéncia pode ser teérico ou conce- ptual. (Pede-se ao leitar que consulteo capitulo 7, que trata do quadro de referéncia, para uma explicagdo mais completa.) Aplicasiio do terceiro elemento Aautora coloca o problema num universo mais amplo; relata o que outros estudaram ou pensaram ‘no tocante aos comportamentos das adolescentes com problemas vivendo em centros de readaptacio, além de apresentar o quadro de referéncia préprio do estado. «A adopcio voluntéria de um comportamento segundo Rochon (1988), produz-se pela aprendi- zagem de determinantes do comportamento nos planos cognitivo, afectivo e psicomotor. Estes deter- minantes compdem-se de factores fisioldgicos, fisicos, psicoldgicos ou sociodemogréficos e de sna i L factores ambientais, tais como as relagdes inter- Pessoais, 0s servigos, os recursos e os ambientes isicos e sociais, Ora, se considerarmos 0 conjunto de factores pessoais e ambientais que caracterizam as adolescentes com problemas, ¢ evidente que eles. determinam 0 aparecimento de perturbagdes do caracter ou do comportamento (Rassekh-Ardjo- mand, 1962). Seja como for, estes factores diferem nestas adolescentes comparativamente ao que se passa comas adolescentes ditas «normais» e esta variagio perturba 0 seu processo de aprendizagem. Sio geralmente conflitos de ordem pessoal, familiar e interpessoal que envolvem estas adolescentes e é sob diferentes formas que estas perturbagées se manifestam. Pode tratar-se de dificuldades de ordem escolar ou de integracdo no meio, com atitudes de oposicao ou agressivas com os adultos ou os pares, défices no plano da personalidade, problemas de abusos fisicos e sexuais, toxicomanias ou ainda criminalidade (Foucault, 1990; Ressekh- -Ardjomand, 1962). A aprendizagem de um comportamento de satide consiste numa abordagem de mudanga destinada a melhorar a satide individual e colectiva (Rochon, 1988). A aprendizagem, em si mesma, constitui uma mudanga nas capacidades do individuo que persiste durante um certo perfodo de tempo (Gagné, 1970). H4-aprendizagem logo que os comportamentos siio observados no plano dos comportamentos dos individuos. Por conse- guinte, torna-Se interessante procurar conhecer os factores que poderao influenciar-as adolescentes com problemas’ utilizar 0 preservative como métodd profilitico. Rochon (1988) propée um modelo de“apretidizagem de comportamento, inspirado enti divétsos ‘modelos detériinantes do ‘coiniporténtento. tnilizidos’ ein cducacao’ para a sade shan: oe oqunns L198 “O inddelo- dé aprendizagem de Rochon (1988) permite éstudar um niitiéro corisidervel de determinaiites do ‘comportamento, Este CAPITULO 5 - 65 estudo efectuou-se com a ajuda de diferentes factores, os quais correspondem ao modelo educacional contido no modelo de planificagio PRECEDE de Green ¢ colaboradores (1980). 0 diagnéstico educacional reagrupa em trés categorias os factores pessoais e ambientais. A primeira categoria compreende os factores que motivam a adopgio de um comportamento: trata-se dos factores predisponentes. Na Segunda categoria enconiram- -se 0S factores que facilitam a actualizagio de uma -« _scbelecer ° anotar as informagées te6ricas que tentam ligar (presunsdo} [tivel da questac} Conceitos e dar uma explicaco sobre a acco oo destes conceitos, [Consulta] 6) formular o problema com aajuda dos elementos investigacdo sistematica da da situagio, determinar a importincia e a ‘Ainamento da |p, ratura de Periinéncia de realizar o estudo colocando em esta evic ia OS. 1S que demons aexisténcia questio ‘e empirica idéncia os factos que demonstram a exist Escolha di pertinente do problema; “quadio de 7) descrever a solugo proposta no enunciado do feferéicia | objec do estudo, o qual conduz 2 metodo- = logia. Formate 20] Deterninatio ? 0 investigosé Oe 3Z [Integrécéo dos investigaséo Resumo Elerientos) Formular um problema de investigagio consiste ‘Object Descrever em elaborar uma questio de investigaco através de questo de Explorar ou uma progressio l6gica de argumentos e de factos . = -_ voc 4 sitart ‘ a es investigacdo ou ‘examinor relativos a situacdo problemitica. Seis elementos so hipotese Verifear necessrios 4 formulacio de um problema. No decurso da formulagio do problema, estes Ficura 5.1 elementos so reunidos, depois ligados uns aos Etapas da formulagéo de um problema de investigagio. investigacZo, isto 6, uma preocupagao que incita a estudar tal fenémeno em particular; 2) escrever a questio de investigacio preliminar; 3) consuiltara literanura a fim de conhecer o estado da questao; verilcar as observagdes clinicas e outros ¢ introduzidos no local apropriado no problema, adoptando o estilo da argumentacio. f necessério ter em conta também os aspectos integradores, como a revistio da literatura, a justi ficagao da questio de investigagzo e 0 quadro te6rico ou conceptual. Em resumo, as principais etapas da formulacio de um problema de inves- tigacio estio descritas e ilustradas na figura 5.1. CAPITULO 5 -71 Rureréncuss Brstiocriricas BRINK, P.J.; WOOD, M. J. (1994). Basis steps in planning nursing research: From question to proposal, 4° &d. Boston: Jones and Bartlett Publ. BURNS, N.; GROVE, S. K. (1993). The practice of nursing research: Conduct, critique and utilization, 2 é, Toronto: W. B. Saunders. DUROCHER, H. (1994). Factenrs associés @ utilisation du condom chez des adolescentes en centre de réadaptation. Meméria de mestrado no publicada, Montréal: Université de Montréal, Faculté des Sciences Infirmieres. FORTIN, M.E (1994). Cabier d'accompagnement au cours «Méthodologie dela recherche». Montréal: Université de Montréal, Faculté des Sciences Infirmigres. GAUTHIER, B. (1992). Recherche sociale: De la problématique a la collecte des données, 2° éd. Québec: Presses de l'Université du Québec. TRUSCOTT, RB. (1995).The essentials of college and university writing. Piscataway, N. J. : Research and Education Association. WANDELT, M. (1970). Guide for the beginning researches. New York: Appleton-Century-Crofs. APITULO . : - A REVISAO DA LITERATURA MarieFabienne Fortin e Bilkis Vissandjée Objectivos de aprendizagem No final deste capitulo, o estudante deve ser capaz de: v Precisar os objectivos da revisdo da literatura. Y Reconhecer as fontes apropriadas co seu tema de investigacéo. Determinar os principais instrumentos de pesquisa v docmental. Emewino ¥ Ulizar as bases de dados bibliogréfices informer E ACOMPANHADO DE fizadas. rouanzaDa, Y Construir uma lista de referéncias ligades ao seu do- ACUTAT A, minio de investigagao. Rever a literatura equivale a fazer o balango do que foi escrito no dominio da investigagéo em estudo, Por mais interessantes que sejam as questées de investigagao nao poderao ser abordadas sem ter em conta os conhecimentos ja adquiridos no dominio de investigacdo escolhido. A pesquisa documental 6, portanto, uma etapa essencial a exploragaio de um dominio de investigacéio. A consulta a diversas fontes documentais nao s6 fomece ao investigador ocasiao para verificar o estado dos conhecimentos no dominio de investigagao a estudar, como este exercicio the permite, também, alargar 0 seu campo de_conhecimentos, estruturar o seu problema de investigagao ¢ estabelecer ligagdes entre o seu projecto e os trabalhos de investigagao efectuados por outros investigadores. Assim, ao situar-se no conjunto dos estudos anteriores sobre um dado assunto, o investigador nao 86 chegard a uma melhor delimitagao do seu problema de investigagao comoa uma melhor definigao dos conesitos em estudo. . ‘Além de apresentar o estado dos conhecimentos num determinado dominio, a reviséo da Iteratura ajuda a aprender oalcance dos conceitos em jogo. Permite reconhecer a teoria que melhor explica os factos observados, delimitar os conceitos aos quais estes apelam e as relagdes que os caracterizam. Faz ressaltar certos aspectos da questao que necessitarao de um estudo mais profundo. Este capitulo tem por objectivo ajudar o leitor a compreender o que 6 uma reviséo da literatura, a familiarizar-se com os diversos tipos de obras de referéncia, a encontrar o material publicado que se relaciona com o dominio de investigagao e a situd-lo no contexto de estudos anteriores. 74- CAPITULO 6 6.1 DerinicAo £ Opjectivos DA REvISAO DA ‘LITERATURA A revisio da literatura é um processo que consiste em fazer 0 inventétio e 0 exame critico do conjunto de publicagdes pertinentes sobre um dominio de investigacZo. No decurso desta revisio, oinvestigador aprecia, em cada um dos documentos examinados, 0s conceitos em estudo, as relaces te6ricas estabelecidas, os métodos utilizados e os resultados obtidos. A sintese e o resumo destes documentos fornecem ao investigador a matéria essencial 2 conceptualizacéo da investigacio. O investigador tem varias razbes para efectuar uma revisio da literatura. Primeiro, pode fazé-lo com 0 objectivo de delimitar um dominio de investigacio. A leitura de artigos sobre diversos temas pode contribuir para gerar questes de investigaco; pode permitirlhe conhecer as correntes conceptuais e tedricas, assim como os métodos de investigacao utilizados no quadro de teabalhos anteriores. Um outro objectivo pode ser distinguir 0 que é conhecido eo que falta conhecer num determinado dominio de investigacio. Um investigador pode, assim, determinar 0 gran de avango dos trabalhos de investigaco num dominio preciso de investigacio edeterminar novas vias a explorar. Além disso, quanto mais uma investigagio for baseada em conheci- mentos empiricos pertinentes mais os seus resultados serio susceptiveis de enriquecer 0 campo de conhecimento do assunto em questio. Aandlise.da literatura visa igualmente explorar os métodos e-0s desenhos utilizados por outros investigadores para estudar um fenémeno similar, Finalmente, rever @ litétatura permite também examinar os instrumentos de medida e as técnicas de andlise que podem ser apropriadas investigaciio que se deseja empreender, - ‘Uma revisio da literatura mostra, portanto, um conjunto de trabalhos sobre um mesmo tema, no qual ressaltam os elementos comuns ¢ os divergentes. Arevisio da literatura é necessdria em todas as etapas da conceptualizagio da investigagio, no sentido em que ela precede, acompanha ou segue a formulago das questdes de investigagao ou das hipéteses. Pode ser mais ou menos abundante e apelara diferentes niveis de leitura. Evolui para uma sintese da contribuigao dos documentos relacionados como problema que deu origem 2 investigactio. Pode dizer-se que a revisio da literatura se impée em todo © proceso de investigaco, pois que um investigador deve também recorrer a ela aquando da interpretagio dos resultados. 62 PLANo DE UMA REvisko DA LrrerRATURA Oplano de uma revisio da literatura comportauma introduco, um desenvolvimento uma conclusiio. A introdugio expde os temas em estudo relacionados com o problema de investigagio que une os textos escolhidos. 0 desenvolvimento é constituido pelo resumo critico de cada um dos textos, Estes so, geralmente, reagrupados segundos 6s temas tratados. Uma reviséo da literatura comporta habitualmente um elemento critico. Utilizam-se frases ou parigrafos de wansigdo, entre os resumos, para dar mais énfase aos elementos comuns e aos divergentes. A conclusio dé uma perspectiva dos textos estudados relacionando-os uns com os outros e situando-os na problematica geral. 63 AMPLITUDE DA Revisio DA LireraturA Até onde é preciso ir na revisdo da literatura no que diz respeito a um dominio de investigacio? Quantos autores é preciso consultar? Que tipo de documentos? A quantos anos é preciso recuar? Nao existe f6rmula mdgica para determinar a amplitude que deve ter uma revisio da literatura. De um modo geral, nfo faltam documentos quando 0 dominio é preciso. A preciso do campo de conhecimentos a explorar e a natureza da questio de investigacdo oferecem indicagées quanto 4 amplitude da revisio a efectuar. Pode pensar-se que uma questio de investigacao em que o estado de conhecimentos surge do nivel explorat6rio ou descritivo (niveis I 11) supde um néimero mais limitado de obras a compilar. Pelo contrario, haverd, sem diivida, um maior nimero de refe- réncias num dominio relacionado com uma questo que se refere a um estudo correlacional ou expe- rimental (niveis III e IV). No estabelecimento dos limites de uma revisio da literatura, certos autores (Polit e Hungler, 1992; Burns e Grove, 1993) sugerem que se devem con- siderar os trés elementos seguintes: 1) 0s tipos de informagio necessdrios e as fontes bibliogratic: disponiveis, 2) a profundidade e extensio da re- visto, 3) 0 tempo 3 disposigo do investigador. Tipos de informagio a pesquisar Tres tipos de informagio predominam no material bibliogréfico: «a informagio tedrica, a informacdo empirica e a informagio metodolégica Os documentos teéricos dizem respeito aos modelos, as teorias e aos quadros conceptuais que estio na base de um problema de investigacao. Os documentos empfricos mostram o estado dos resultados de trabalhos anteriores e que esto publicados em periédicos, obras, memérias e teses. Sao 0 produto da observagao em laboratério ou no terreno. 0 terceiro tipo de informagao que se enconira nos documentos diz respeito aos diversos métodos ou abordagens utilizadas para efectuar uma investigag%o nun dado dominio. 0 nivel da questio levantada pode determinat o'tipo CAPITULO 6 - 75 de informagao que estard disponivel. Se a questio Gexploraiéria ou descritiva, a pequena quantidade de estudos empiricos existentes pode dar lugar a documentos mais teéricos. Se a questio é colocada a um nivel explicativo ou preditivo os documentos empiricos serio numerosos, o que 6 um sinal de avanco dos conhecimentos neste dominio, Fontes bibliograficas As fontes bibliogréficas podem ser classificadas segundo trés ordens: priméria, secundaria ou tercidria. As fontes primarias, ditas de «primeira mao», representam documentos cujo contetido € original, isto é, que provém directamente do autor. ‘Trata-se de um contetido que ainda nio foi interpretado nem resumido por outros autores. Os documentos oficiais, as memérias e as teses, as monografias de conteddo original que reagrupam os artigos de investigacZo publicados nos periddicos cientificos so exemplos de fontes primarias, As fontes secundérias facilitam 0 acesso as fontes de tipo primério; a0 reagrup4-las sob 0 mesmo tema. Estes instrumentos de trabalho em suporte de papel, informético ou microfilme juntam, classificam, interpreta os textos de fonte priméria j4 publicados sobre umi tema. Os catdlogos colectivos, os indices informatizados ou nfo e as bibliografias anotadas constittiem, bons exemplos de fontes secundétias. * As fontes tercifrias so obras especializadas que recobrem um conjuhto'de: conhecimentos ou explicagies concisas relacionadas com termos, autres, trabalhios, associagdes, recursos, etc. As fontes tercidrias compilam, selecionam, organizam. informagdes'dé forite priméria ou secundaria. As monografias’ de'referéncia, as enciclopédias, os dicionarios, os repertérios so considerados como fontes terciérias. 76 - CAPITULO 6 Profundidade ¢ extensaio da revisao da literatura Aprofundidade da revisio diz respeito & qualidade das fontes bibliogréficas que servem para estudar um tema de investigagzo. Avalia-se a qualidade de uma fonte pela sua pertinéncia em relago ao problema estudado e pelo rigor com que os trabalhos nela so apresentados. A extensio da revisio é determinada pelo niimero de publicagdes consultadas. A profundidade ea extensio da revisdo dependem da experiéncia do investigador, da complexidade do projecto de investigacZo, dos recursos disponiveis e do tema. muito provavel que o investigador pouco experiente ou menos familiarizado com um dominio de investigacio reveja um maior nimero de trabalhos a fim de se assegurar de uma compreensio suficiente dos conhecimentos adquiridos nesse dominio. 0 tempo disponivel Q tempo requerido para a revisio da literatura depende do problema em estudo, das fontes de informacio disponiveis e dos objectivos perseguidos (Burns e Grove, 1993). Nao hd critério preciso que permita determinar o tempo necessério para rever a literatura relativa a.um determinado dominio. Assim, € possivel, mas no essencial, que o prob- ema de investigaco que compreende uma ou duas varidveis exija menos tempo qie aquele que compreende um conjunto de virias varidveis. sobretudo o ntimero ea localizacdo das fontes bibliogrdficas, assim como as dificuldades para hes aceder que contribuem para alongar o perfodo necessirio a revisio. Finalmente, .um. outro factor que determina a duracio.da revisio da literatura é 0 prazo fixado paraajinvestigacZo. Sese tem de entregar o relat6rio de investigacao, a fese, ou o projecto de investigacaio numa data precisa,.a duraco da revisio corres- ponderd a uma etapa precisa desse prazo. Burns e Grove (1993) sugerem um periodo de um a trés meses para efectuar uma revistio da literatura razodvel se 0 estudo se deve fazer num prazo de um ano. 64 A InvestiGAgko DocumENTAL A investigacao tem por objectivo o avango de uma disciplina pelo esboco de teorias e a elaboragao de novas praticas. Para este fim, requere-se que o investigador tome conhecimento dos trabalhos anteriores que levaram a conclusées provadas. Uma das etapas para a explorago de um tema de investigacio comporta uma revisio que forneca 0 nivel dos conhecimentos sobre esse mesmo assunto (Gauthier, 1992). A investigacio documental inscreve-se neste contexto e propoe um- processo légico para a consulta das referencias gerais. As principais etapas da estratégia de inves- tigacdo so descritas abaixo. A clarificagdo do enunciado do problema ou do assunto de investigacio. Importa delimitar claramente 0 problema de investigacao por meio de uma questo que precise 0s conceitos a estudar. A questio de investigacio permite assim fazer ressaltar os diversos aspectos do dominio em estudo ea relacio entre os mesmos, Para cada um dos conceitos retidos é estabelecida uma lista de sinénimos ou de subconceitos, cha- mados palavras-chave. A pertinéncia das palavras-chave Para encontrar as palavras-chave, utlliza-se wm «thesaurus» (vocabulirio normalizado) do indice de periédicos mais apropriado ao tema de in- vestigacio. A lista dos sinénimos constitui 0 instrumento de trabalho que permite encontrar a informacio sobre 0 dominio. Por exemplo, 0 dominio pode ser “o esgotamento profissional” dos enfermeiros que trabalham em cuidados intensivos. Além do , 10 conceito de esgotamento profissional estio incluidos outros termos: stress, tratamento do stress, angiistia, mecanismos de adaptacio, satisfaco no trabalho, hordtio de trabalho, modo de prestago dos cuidados, etc. Colocadaa parte a informacdio prépria dos cuidados intensivos, serio consultados artigos sobre esgotamento profissional provenientes de outras disciplinas, A escolha e a localizagao das fontes Logo queas palavras-chave foram determinadas, é necessario localizar a informacio pertinente. Podem ser consultadas varias fontes documentais. A fim de se familiarizar com 0 dominio em estudo, © investigador pode optar por consultar dois ou trés indices para encontrar as fontes primérias, Consultard também fontes secundérias e tercirias. Varias destas fontes fornecem uma visio de conjunto do problema em estudo e ajudam a defini- Io melhor. Por exemplo, as bibliografias contém listas de publicagdes sobre temas precisos. Estas listas foram elaboradas para servir de guias & revistio sobre um assunto. Encontrar uma bibliografia sobre um assunto de investigacio preciso pode, entio, permitir economizar tempo. A maior parte dos autores sugere comecar pelas publicagdes mais recentes e proceder de forma retrégada, a menos que a revisao diga respeito a obras sobre as teorias. A seleccao dos principais instrumentos da investigacao documental Para guiar a investigago documental dispomos de numerosos instrumentos: 1D) 0 catdlogo de uma biblioteca; 2) os indices («index»); 3) os repertérios analiticos (resumos _ CAPITULO 6 - 77 ou «abstracts»); 4) as bibliografias; e 5) as bases de dados automatizadas em CD-ROM. 1) © CartAtoco pe Uma BiBoTecA. As bibliotecas tém um inventério dos seus documentos num catilogo.0s catélogos em fichas emicrofilmes esto em vias de extincao. O suporte informético é agora o instrumento privilegiado porque oferece grande flexibilidade no que concerne ao acesso & informagao e & capacidade de armazenamento. Permite igualmente o funcionamento em rede. A tendéncia actual das universidades € utilizar 0 catilogo informatizado em linha (base de dados de acesso directo) que reagrupa toda a documentacao conservada numa universidade. Este catdlogo colectivo dé acesso aos recursos de todas as bibliotecas de uma univer- sidade e fornece a descrigio bibliografica de ‘monografias, de teses, de periddicos e de documen- tos audiovisuais, O catélogo é geralmente ficil de utilizar e oferece diversas opges de pesquisa: autor, titulo, vinheta-matéria colec¢io ou editor. A partir do menu de acolhimento, o utilizador pode escolher 0 modo desejado e a chave de pesquisa apropriada, segundo se trate de uma pesquisa por autor, titulo, assunto, editora ou por palavra-chave, A titulo de ilustragao, no caso das bibliotecas da rede da Universidade do Quebeque, 0 catdlogo colectivo chama-se BADADUQ (1991) para «Banco de Dados de Acesso Directo da Universidade do Quebeque». Este catdlogo colectivo comporta uma descricio das monografias, das brochuras, dos periédicos e dos documentos audiovisuais. O catélogo colectivo informatizado da Univer- sidade de Montreal chama-se ATRIUM. Este repertoria € localiza mais de 3 000 000 de do- cumentos.disponiveis em 20 bibliotecas da sua rede..Os utilizadores podem consultar 0 ATRIUM utilizandoos terminais e os microcomputadores Postos a sua disposicao nas bibliotecas ou aceder- lhe do exterior por meio de um computador que | | 78- CAPITULO 6 tenha uma ligagio com a rede informatica da Universidade (UNMET). Pode-se também aceder pela Internet. Por outro lado, as Universidades oferecem cada vez mais aos utilizadores com deficiéncias fisicas, visuais ou auditivas uma documentaco acessivel no mais curto espago de tempo possivel gracas a uma tecnologia adaptada para este efeito. 2) 0s Inoices («hoexs); Um indice recenseia, por assunto ou por autor, os artigos de periédicos, de revistas e de outras publicagdes pertinentes. Como a informacgio contida nas monografias nao responde muitas vezes sendo em partes necessidades do investigador, este Caixa 6.1 pode assim aceder 2 informagdo pertinente pu- blicada nos periddicos ou nas revistas espe- cializadas. Os periddicos ou as revistas especializadas siio o veiculo mais répido para divulgar a informago de uma determinada disciplina. 0 domfnio de investigacdo, os termos sinénimos e os sub- Conceitos servem para orientar o utilizador para a seccao apropriada. A utilizago de um indice é bastante ficil mas necessita de uma certa organizacio. E necessdrio registar a referéncia completa de cada fonte nas fichas (ver caixa 6.1). Os principais indices utiizados na investigagzo em enfermagem e em algumas das disciplinas conexas so: Exemplo do indice CINAHL (Cumulative Index in Nursing and Allied Health Literature). Database: CINAHL <1982 to March 1995> <1> Accéssién Numiber 1994197820 NLM Unique Identifier: 94323257. authors Stevens BJ. Johnson CC. nstibution Mount Sinai Hosp, Toronto, Ontario, Canada. ‘itle ” ‘Physiological responses of premature infants to a painful stimulus. jource Nursing Research. 43 (4) : 226-51, 1994 Jul-Aug. (38 ref) \bstract The purpose of this study was to describe the physiclogical responses of premature infants to an. acute tissue-damaging stimulus and to determine how severity or illness and behavioral state influenced these responses. The physiological responses (heart rate, oxygen saturation, and intracranial pressure) of a convenience sample of 124 premature infants between 38 and 34 weeks gestational age were described during four phases of a routine heel stick procedure. Analysis of the results showed a significant multivariate main. effect of phase on the group of physiological responses. Behavioral state was found to induence the physiclogical responses, but severity or illness did not. (38 ref) Cumulative Index in Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) O banco bibliogréfico CINAHL foi publicado pela primeira vez em 1956 e a sua tiragem é de cinco nimeros bimensais com uma refundigao anual. Actualmente dé acesso a quase todos os periddicos de ciéncias de enfermagem em lingua inglesa, 4s publicagdes da American Nurses Association e da National League for Nursing. O CINAHL indexa cerca de 300 periddicos das cigncias de enfermagem. Para além disso, como 0 seu nome indica, sao também recenseados nele publicagSes de fonte primaria consagradas a uma vintena de ciéncias conexas. Este banco inclui igualmente uma seleccio de artigos extraidos de 3200 revistas biomédicas j4 indexadas no Index Medicus ou noutros periédicos que se relacionam ‘com os dominios da administracao, da psicologia, etc. E denotar que 0 CINAHL nao contém resumos. International Nursing Index {INI} 0 banco International Nursing Index foi publicado pela primeira vez em 1966 pelo American Journal of Nursing Company, em colaboracdo com a National Library of Medicine. £ publicado quatro vezes por ano. Este banco d4 acesso a mais de 200 revistas de ciéncias de enfermagem em varias Ifnguas e a artigos que tratam_ de assuntos de enfermagem publicados noutras revistas indexadas pelo Index Medicus. 0 INI inclui também 0 Nursing Citation Index. Index Medicus (IM) Bobanco de dados mais antigo.(1879) no campo dasatide. Cita.em-cada nimero.aproximadamente 3500;artigos nacionais, e internacionais. © IM é publicado»mensalmente.e:cobré:todos'os-aspectos dabioniedicinae da:satide;inchuindo as ciéncias de enfermagenty’asiciéncias: biolégicas, a medicins Yelerinavia.e as ciéncias socials. CAPITULO 6 - 79 Nursing Studies Index Este banco, criado por Virginia Henderson, d4 acesso aos documentos relativos as ciéncias de enfermagem que foram publicados de 19002 1959. Comporta também publicagées de diversos dominios, incluindo as ciéncias de enfermagem, a medicina, a satide ptiblica, a educagio, a sociologia, a psicologia e a antropologia. Hospital Literature Index (HL) Este banco € publicado quatro vezes por ano. Inclui referéncias de mais de 1000 periédicos em Iingua inglesa sobre administraco eo modo como so orientados os cuidados de satide nos hospitais € nos organismos ligados & satide. Current Index to Journals in Education (CUE) Este banco cobre artigos de mais de 700 revistas desde 1969. £ publicado mensalmeate e reporta-se a dreas especializadas: educagio de adultos, admi- nistragao, echucacao especializada para deficientes, educacéio em ciéncias de enfermagem. 3) Os Repertorios ANALiTiCcos DE ARTIGOS. (ResuMos Ou «AgstRACTs») Os repert6rios analiticos de artigos (abstracts) incluem, os mesmos dados.bibliogréficos que os indices, apresentando.a mais tim resumo objectivo do conteido da publicagao. Sao titeis para estabe- lecer ap chs Fontes, em relacio ao prob- Jema em estitdo. ‘mais conhecidos so aqueles que a seguir se. : descrevem: Dissertations Abstracts International (1861+), mensal Nesta obra: encontran-se tees de doutoramento de numerosas instituicdes situadas tanto no Canada “80! CAPITULO 6 “como nos Estados Unidos. Cada uma destas teses é lustrada com um resumo objectivo. Nursing Abstracts (1979- ], trimestral Esta obra apresenta resumos de artigos de 65 eriédicos de ciéncias da enfermagem, Nursing Abstracts éindexado por assunto, autor e publicagao periddica. Psychological Abstracts Esta obra é publicada mensalmente desde 1929 pela American Psychological Association. Indexa resume mais de 95 revisias, relatrios técnicos, ‘monografias e outros documentos cientificos de psicologia e nos dominios conexos, Sociological Abstracts Similar a0 Psychological Abstracts, este resumo € publicado cinco vezes por ano desde 1954 e cobre mais’dé 1000 publicigdes na érea da sociologia e das cincias sociais conexas. Master's Abstracts (MA) Esta obra junta os resumos objectivos de teses de mestrado publicadas, relativos a uma variedade fe disciplinas, Eric ERIC (Educational Ressources Information ‘onler). Este indice fot estabelecido em 1964 pelo Office of Education. f dil aos investigadores ue se interessam pelos aspectos educativos. Pode- ¥¢ acedet ao ERIC com a ajuda de um tesauros The Thesaurus of FRIC Descriptors). epéres Indice multidisciplinar de publicagdes perié- cas que recenseia artigos cientificos e informa- os em lingua francesa, Indice analitico de interesse geral Dois repertrios, Radar e Periodex, cobrem desde 1972 artigos em francés publicados em revistas do Quebeque € do mundo. Estes dois Tepert6rios foram substituidos em 1984 pelo Point de Repore, queindexa.e resume os artigos de cerca de 300 periédicos de lingua francesa (Marcil e Chiasson, 1992), A) As Bistiocrarias Uma bibliografia é um repertério que compila um certo ntimero de documentos sobre um determinado dom{nio, por exemplo, a investigacio sobre o tratamento da dor ou sobre uma especialidade tal como os cuidados de enfermagem em oncologia, Esta lista contem uma variedade de fontes, incluindo artigos, livros, actas de coléquios, monografias, cartas a0 editor, editoriais, documen- tos governamentais e dissertagées. As bibliografias permitem ao investigador fazer o balanco de outros estudos efectuados sobre um mesmo tema, num determinado momento. Compilam os dados essenciais ¢ um inventério bastante completo do que j4 foi escrito, A titulo de exemplo, anotemos: Nursing Bibliography, Bibliography on Smoking and Health, Bibliography on Health indexes. 5) Os BANcos bE DAbos INFORMATIZADOS A informatica mudou profundamente 0 mundo da informagio. A maior parte dos documentos tém ‘0 seu equivalente electrénico no banco de dados. A consulta de milhares de bancos de dados em directo efectua-se por meio da pesquisa automatizada, Cerca de 40 bancos estio disponiveis em disco 6ptico compacto (DOC) e podem ser geralmente consultados pelo proprio utilizador. A consulta em directo pode também fazerse por autor, titulo, assunto, colecgio, editor, cota, etc. A titulo de exemplo eis alguns sistemas frequentemente utilizados: 0 sistema MEDLARS (The Medical Literature Analysis and Retrieval System of the US National Library of Medecine), que assegura a ligagio de bancos de dados em medicina, em medicina dentéria e em ciéncias de enfermagem, 0 sistema DIALOG e 0 sistema ERIC (Education Research Centre Information), que repertoria 0s documentos relacionados com a educagio. MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System on LINE. £. uma base de dados internacionais sobre ciéncias de satide. Nela a indexagao é feita por meio de um tesaurus, 0 MeSH (Medical Subject Headings). Os descritores deste tesaurus sto reagrupados de forma hierérquica por categorias gerais. Os ficheiros retrospectivos da MEDLINE englobam as referéncias conservadas desde 1966. Compreende também os indices impressos em papel tais como 0 Index Medicus 0 International Nursing Index. AIDSLINE. 0 ficheiro AUDSLINE contém as referéncias que dizem respeito ao sindroma de imunodeficiéncia adquirida assim como 2 infecgio pelo virus que causa esta imunodeficiéncia humana. Varias referéncias sio tiradas, entre outros, do fi- cheiro MEDLINE e remontam a 1980. AVLINE. 0 ficheiro Audiovisuals Online compreende cerca de 18 000 referéncias de documentos audiovisuais utilizados no ensino das ciéncias de satide. BIOETHICSLINE. E um ficheiro cujas referéncias reenviam para documentos rela- cionados com a eutandsia, as experiéncias no homem, o abortamento. Os documentos recen- seados relacionam-se com as ciéncias da satide, filosofia, direito, religiio, psicologia e engloba os textos de divulgacio. CANCERLIT. 0 ficheiro Cancer Literature, preparado pelo National Cancer Institut (NCD), contem cerca de 615 000 referéncias de documentos publicados desde 1963 que tratam de diversos aspectos do cancro. Todas as referéncias comportam um resumo em inglés. Os documentos repertoriados incluem mais de 3000 revistas CAPITULO 6 - 81 americanas ¢ estrangeiras, monografias, actas de congressos e relatorios. HEALTH PLANNING AND ADMINISTRATION. Este ficheiro inclui mais de 400 000 referéncias de documentos publicados desde 1975, sobre o planeamento, a organizaciio, a dotagiio e a gestio na 4rea da satide. As referéncias provém das revistas indexadas no MEDLINE, do Hospital Literature Index ¢ em outras revistas escolhidas pela importincia que elas atribuem aos cuidados de satide. POPLINE. O ficheiro POPLINE contem as referéncias de documentos que tratam da situagio. das populagdes do mundo, incluindo as doengas que afectam essas populagées, os diversos aspectos ligados aos programas de planeamento familiar e as projeccdes demogréficas. NURSING AND ALLIED HEALTH (NAHI). Esta base de dados é dedicada & disciplina de enfer- magem ¢ as disciplinas conexas das ciéncias da satide, Representa a versio informatizada do indice impresso Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature. 0 NAHL inclui cerca de 300 tftulos correntemente indexados na CINAHL que, desde 1994, inclui artigos de outras linguas alm de inglés, Esta base de dados est disponivel desde 1983 eé actualizada duas vezes por més, Indexam- -se os documentos da CINAHL por meio de um tesauros, 0 CINAHL Subject Headings. Os descri- tores so aqui reagrupados de forma hierdrquica por categorias gerais. PSYCHINFO (Psycological Abstracts Informa- tion Service) € um banco bibliogréfico que inclui a literatura mundial nos dominios da psicologia, das ciéncias do comportamento e das ciéncias Current Contents é uma base de dados internacional multidisciplinar que indexa os sumérios de mais de 3800 publicagdes periédicas. A sua actualizagao semanal torna esta base muito interessante para os utilizadores 4 procura de documentacao recente. 82 - CAPITULO 6 6) As Bases De Dabos AUTOMATIZADAS EM Disco Orrico Compacto (CD-ROM). Um outro instrumento precioso para efectuar uma pesquisa documental informatizada é 0 disco 6ptico compacto em microcomputador, mais conhecido pelo nome de CD-ROM (Com- pact Disk - Read Only Memory). Este disco, lido por um laser, pode armazenar cerca de 660 mega- bytes (660 milhdes de caracteres) de dados informaticos ou seja o equivalente a 250000 paginas de texto impresso ou a 1500 disquetes', No alvor do terceiro milénio assiste-se chegada dos leitores de dupla velocidade, depois de tripla e quédrupla velocidade*e CD-ROM XA, que permitem fazer deles um instrumento multimédia precioso para as pesquisas bibliogrficas, No dominio da documentacio, esta tecnologia é principalmente utilizada como. suporte de informagio para as bases de dados, E um instru- mento complementar do catélogo de uma bib- lioteca, uma ver.que:este nfo recenseia os artigos publicados em periddicos. 0 CD-ROM contém bases de dados correspondentes aos indices impressos em papel: so 0s repert6rios de informago temdtica. O CD-ROM € utilizado para armazenar informacio sob forma de textos ou de cardcter bibliogrifico que é possivel consultar com a ajuda de um microcom- putador equipado com um leitor de discos épticos compactos.e de um programa de pesquisa. 65 ‘EstRATEGIA DA PESQUISA TNFORMATIZADA Conduzir uma pesquisa informatizada consiste, ptimeiro queétitdo; em determinar que bases de "Na verde, um CD-ROM de 660 MB equiva 2 485 disquetes de 1.4 MB (N: da). ‘ * No momento em que esta faci € eserits, o normal ¢serem de velocidade 40x, 0 que significa 40 vezes mais alta que os CDs de audio (N. da 7). * dados sto susceptiveis de fornecer as referéncias sobre um dominio de investigacio. As bases de dados bibliogréficas informatizadas permitem em seguida fazer a ligacbes entre as palavras-chave pré- determinadas e as palavras-chave extraidas da andlise dos documentos repertoriadas e armaze- nados na base informatizada. A fim de proceder eficazmente & consulta das bases de dados, apresenta-se abaixo um exemplo: 1) Escolher e definir claramente o seu dominio ou a sua questio de investigacéo, Exemplo: Existe uma relacao entre 0 aumento de doengas transmitidas sexualmente no seio dos jovens universitirios e o afistamento da familia pr6- xima? 2) Destacar os conceitos ou palavras-chave sobre as quais incidird a investigacdo e elaborar a lista dos termos pertinentes e de sindnimos. Conceitos’ou palavras-chave: — Aumento das DTS — Infeccdes genitais repetidas — Afastamento da familia proxima — Jovens universitarios 3) Utili es e as permutagées para encontrar os titulos que correspondem aos termos escolhidos. Se a base de dados consultada for a CINABL, utilizar-se-4 0 tesaurus CINAHL Subject Heading. Para consultar a base de dados MEDLINE, a pesquisa por assunto faz-se por meio do tesaurus MESH. A estrutura em drvore permite pesquisar o cédigo alfanumérico na Tree ‘Structures a fim de encontrar outros descritores, 4) Construir a estratégia de pesquisa por meio de operadores booleanos. Introduzir os termos nas casas agrupando os termos ligados ao mesmo conceito por ar e ligar os conceitos diferentes por and, Fazer uma verificagio dos documentos agrupando os temas ou as palavras-chave por or, se estas tiltimas pertencem a um mesmo grupo. Em seguida,ligar diferentes palavras-chave por and. A rclagio entre as palavras-chave da figura 6.1 serd expressa como segue: (aumento das DTS or infeccbes genitais repetidas) and (afastamento da familia or jovens universitérios). 5) Efectuar a pesquisa. 6) Precisar ou restringir as pesquisas se se julga ter obiido muitas referéncias, e alargar ou aumentar a pesquisa se se julga nao ter encontrado referéncias suficientes. Segundo a gia booleana, «e» precisa questo, «ou» alarga e «salvo» restringe, ‘CONCEITO 1 CONCEITO 2 Aumento: Afastamento da dos DTS fomfla préxima and or or Infocgées genitas, , ‘ectpeee nite ios Ficura 6.1 Segundo a légica booleana «e» precisa a questdo «ou» omplia e «salvo» restringe. 6.6 ‘Locals DE CONSERVAGAO DAS Pusiicagors Dado que a revisio da literatura é 0 fulcro da conceptualizacio e da organizagio sistematica de qualquer investigacio, é essencial proceder de forma metédica a localizagao das obras de referéncia, de modoa retirar desta 0s maiores beneficios possfveis Para efectuar uma pesquisa documental de forma eficaz, interessa ao investigador novico familiarizar- se com as bibliotecas, os centros de documentagio e'conhecer bem os servigos oferecidos pelas biblio- tecas e certos centros conexos. CAPITULO 6 - 83 As bibliotecas As bibliotecas constituem o principal recurso em matéria de conservagio de documentos: Pode tratar-se de bibliotecas piiblicas (ex: rede das bibliotecas da cidade de Montréal), de bibliotecas nacionais (ex: Biblioteca Nacional do Quebeque), de bibliotecas universitérias (ex: biblioteca da satide e biblioteca de letras e das ciéncias humanas da Universidade de Montréal), de centros de documentagio ligados aos meios de trabalho (por ex: centros de documentacio ligados aos centros hospitalares universitarios), de centros de do- cumentagdo de associagées profissionais, de centros de documentacio ligados a centros de investigacio (por ex: grupo de investigago sobre os aspectos sociais da satide e da prevencao (GRASP)). Uma biblioteca universitéria reagrupa em geral um conjunto de bibliotecas relativas as diversas disciplinas distribuidas pelos varios departamentos. O conjunto da rede da Universidade de Montréal compreende vinte bibliotecas, 0 da Universidade McGill conta com vinte e cinco. Além dos sectores comuns, as universidades possuem os seus centros de pesquisa particulares. Na maior parte das bibliotecas so utilizados dois sistemas de classificagao: a classificagio decimal de Dewey e a da Biblioteca do Congresso (Library of Congress) dos Estados Unidos. Se a primeira linha da cota inclui os niimeros entre 0 € 1000, entio o sistema utilizado é 0 de Dewey, se a cota comega pelas letras maitisculas de Aa Z, trata- -se do sistema do Congresso. SERVIGOS OFERECIDOS PELAS BIBLIOTECAS O papel de uma biblioteca nao consiste apenas em classificar informagio. Oferece varios servigos, como: O empréstimo Segundo a politica administrativa de cada biblioteca e mediante a apresentaciio de um cartio 84 - CAPITULO 6 autorizado de utilizador, € possivel pedir livros emprestados, documentos audiovisuais, revistas que no sejam do ano em curso, O empréstimo entre bibliotecas Se 0 documento pedido nao existe na biblioteca do utilizador, 0 servigo de empréstimo dé, a pedido do utilizador, os passos necessérios para o procurar, Este pode entio ser obtido na sua forma original, em fotocépia ou em microdocumento. Normalmente, 0 servigo 6 pago. Ajuda ao utilizador Em geral, cada biblioteca olerece o servigo de um ou vérios bibliotecdrios de referéncia. Quando se encontram dificuldades na elaborago de uma bibliografia ou na pesquisa de documentos é importante consulté-los. Sao oferecidas aos estudantes, no inicio do ano escolar, sessdes de formacao. Estes cursos visam, enire outros objectivos, preparar o estudante para consultar as bases de dados ein CD-ROM. A mediateca Para aceder & coleco de documentos audio- visuais ¢ preciso consultar 0 catélogo colectivo da biblioteca ou 0 catélogo impresso dos documentos audio-visuais, Estéio geralmente disponiveis para a consulta no local aparelhos de visionamento. 67 APRESENTAGAO Dos ARTIGOS DE Revista E RELATORIOS DE INvEstiGAcAo. Os artigos de revista eos relat6rios de investigacio tém quase todos a mesma apresentagiio; 0 formato habitual que se encontra:na maior parte das publi- cages de investigacio 6 descrito a seguir: 1) Tituto O titulo deve indicar claramente o contetido do artigo ou do relatdrio de investigagio. E habitual mente partir do titulo que o leitor pode determinar de que tipo de estudo trata 0 documento. Se o titulo indica «Descrigio de...», trata-se de um artigo que descreve um fenémeno qualquer. Um estudo cujo titulo é «Relacdes entre...», explora relagdes entre fenémenos. Os estudos cujo titulo comeca por

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