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Pioneiros

DIÁRIO DE
BORDO
Identificação

FOTO

Nome:

Totem:

Agrupamento:

Grupo Pioneiro:

Equipa:

Cargo:
“ O Senhor que outrora abriu um caminho no mar, uma estrada nas águas im-
petuosas; e que pôs em marcha carros e cavalos, os exércitos com as suas
tropas mais valentes, que os fez cair para nunca mais se levantarem, e extinguir-
se como um pavio que se apaga, é Ele que agora vos declara: «Não recordem
mais acontecimentos do passado, é que Eu vou realizar algo de novo, que já está
a aparecer. Será que não notais?»

Is 43; 16-20

1
Indice
Como funciona? 3

Etapas de Progresso 3

O que se espera de ti? 4

Organização do CNE 5

Baden-Powell 7

Lei, Princípios e Promessa 12

Os três Princípios 14

Oração do Escuta 20

Escutismo para Rapazes 21

Beato Nuno de Santa Maria 22

Organização da IIIª Secção 24

Cargos das Equipas 25

Mística e Simbologia da IIIª Secção 30

Patrono dos Pioneiros – São Pedro 32

Vivência em Equipa 36

Áreas Concretas para Alcançares os Objectivos 37

O Meu Sistema de Progresso 39

Bibliografia

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Olá, como sabes o CNE está a passar por uma fase de
Renovação da Acção Pedagógica, o RAP. O teu agrupa-
mento aderiu a este grande projecto de forma voluntária.
Desde já, os Parabéns pelo desafio aceite. Este folheto,
que agora recebes, fará parte do teu “Diário de Bordo” e
vai acompanhar-te em cada ano da tua vida na secção. É
ainda uma versão de teste, mas achamos importante que
sejas tu a ver o que estará bem ou mal. Por isso lê-o com
atenção e tira as dúvidas com os teus dirigentes. Obrigado
por ajudares a melhorar o escutismo que todos fazemos.

Diário de Bordo
Como funciona?
O Escutismo é um “jogo”. A vantagem de seres Escuteiro
é que jogas esse jogo em conjunto com pessoas da tua
idade. Todos os jogos que já jogaste têm regras e estas
ajudam-te a perceber o jogo e a poderes jogá-lo de forma
igual e justa, para ti e para quem joga contigo.

Etapas de PRogresso
Adesão — Desprendimento
Nesta fase, estejas tu a entrar para o CNE ou a entrar para
a III Secção, vindo dos Exploradores, vais começar a per-
ceber o que se espera de um Pioneiro. Só assim poderás
jogar o “jogo”ao mesmo nível de todos.
Promessa
Esta é uma fase muito importante no teu percurso. Quando
ultrapassares a fase de adesão — a etapa Desprendimento
—, deves reflectir e ver se te sentes preparado para assumir
o compromisso de seres Pioneiro do CNE. Usar um lenço ao
pescoço ou mudar de cor de lenço é para cada um de nós
Escuteiros uma marca na nossa vida.
Etapas — Conhecimento, Vontade e Construção
Em cada uma destas etapas cada Escuteiro deve crescer
Física, Intelectual, Social, Afectiva e Espiritualmente e ao

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nível do Carácter. É esta a proposta do CNE para todas as
etapas. É a proposta que te fazemos: seres mais e melhor
e criares tu o teu próprio percurso.
Tens um sistema de progresso com três etapas, és tu que
escolhes o teu percurso, com apoio da equipa de anima-
ção, da tua Equipa e do teu Guia. Confuso? Vais perceber
melhor esta “regra do jogo” após a tua promessa.
Passagem
Acabaste o teu percurso na secção. Estás preparado para
dar um passo em frente na tua caminhada escutista? Sa-
bes que na próxima secção vais iniciar pela adesão – que
se chama Caminho - um repetir de caminho com um nível
de dificuldade bem maior. Mas já cresceste…
O que se espera de ti?
Chegaste aos Pioneiros!
Quando chegas a um novo sítio, deves primeiro conhecê-
lo! Deves conhecer a sua história, quem lá esteve, como
funciona... Então, no fundo, o que esperam de ti depois de
estares integrado algum tempo nesta secção é que saibas
responder a algumas perguntas:
- Quando e como surgiu o Escutismo e o CNE?
- Como se organiza o CNE?
- Quem foi Baden-Powell?
- Conheces os Princípios, a Lei e a Oração do Escuta?
- Conheces o livro “Escutismo para Rapazes”?
- Quem foi o Beato Nuno de Santa Maria?
- Como se organizam os Pioneiros?
- Quais são os Cargos dentro das Equipas de Pioneiros?
- Quais os Símbolos e qual a Mística dos Pioneiros?
- Conheces o Patrono dos Pioneiros e o do teu Grupo Pio-
neiro?
- Já sabes trabalhar e viver em Equipa?
- Já conheces as Áreas e os Trilhos que terás de Escolher
na tua Etapa do Conhecimento?
- Já pensaste nas acções concretas que pretendes levar a
cabo na Etapa do Conhecimento?

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Organização do CNE
O Corpo Nacional de Escutas está organizado em vários
níveis:
• Nacional
• Regional
• Núcleo
• Local

Nacional (Losango Branco)


A nível Nacional existe a Junta Central onde opera o Exe-
cutivo Nacional composto pelo Chefe Nacional, o Chefe
Nacional Adjunto, o Assistente Nacional e os Secretários
Nacionais.

Regional (Losango Roxo)


A nível Regional existe a Junta Regional onde opera o Exe-
cutivo Regional composto pelo Chefe Regional, o Chefe
Regional Adjunto, o Assistente Regional e os Secretários
Regionais. Ao todo existem 21 Juntas Regionais do CNE.

Núcleo (Losango Amarelo)


Quando uma região é composta por muitos agrupamentos
são formadas as Juntas de núcleo, que têm uma organiza-
ção semelhante à junta Regional e à Junta Central: Chefe
de Núcleo, Chefe de Núcleo Adjunto, o Assistente de Nú-
cleo e os Secretários de Núcleo.

Local (Losango Vermelho e Verde)


Localmente existem os Agrupamentos, compostos por 4
secções e pela direcção de Agrupamento.
A direcção de Agrupamento é composta pelo Chefe de
Agrupamento, o Chefe de Agrupamento Adjunto, o Se-
cretário de Agrupamento, o Tesoureiro de Agrupamento,
o Assistente de Agrupamento e os 4 Chefes de unidade.
Para além dos elementos da Direcção existem ainda os
restantes elementos das equipas de animação que podem
ser: dirigentes (lenço verde), caminheiros em insígnia de
ligação ou candidatos a dirigentes.

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As 4 secções dividem-se da seguinte forma:

Iª Secção: Lobitos (lenço amarelo debruado a branco)


É composta por crianças dos 6 aos 10 anos e estão orga-
nizados por bandos (branco, cinzento, ruivo, castanho e
preto) de 4 a 8 elementos. Vivem sob o imaginário do Livro
da Selva e cada elemento da equipa de chefia encarna
uma personagem do mesmo, sendo o Chefe o Aquelá. O
Patrono da Iª secção é S. Francisco de Assis.

IIª secção: Exploradores (lenço Verde debruado a branco)


É composta por jovens dos 10 aos 14 anos que estão orga-
nizados por patrulhas de 4 a 8 elementos com nomes de
animais, têm como símbolos o cantil, o chapéu, a vara, a
estrela e a flor-de-lis e como mística a Descoberta da Terra
Prometida. O Patrono da IIª secção é São Tiago Maior.

IIIª Secção: Pioneiros (lenço azul debruado a branco)


É composta por jovens dos 14 aos 18 anos que estão or-
ganizados por equipas de 4 a 8 elementos com nomes de
animais, heróis nacionais, santos ou beneméritos da hu-
manidade. Os símbolos da IIIª secção são a machada, a
rosa-dos-ventos, a gota de água e o ICTHUS e o seu pa-
trono é S. Pedro. O pioneiro vive sobre a mística do con-
hecimento próprio para a descoberta e construção de um
mundo novo.

IVª Secção: Caminheiros (lenço vermelho debruado a branco)


É composta por jovens adultos dos 18 aos 22 anos e formam
o Clã, composto por equipas com nomes de heróis nacionais,
santos ou beneméritos da humanidade. Os símbolos da IVª
secção são: o evangelho, a mochila, o pão, a vara bifurcada,
o fogo e a tenda e o seu patrono é S. Paulo. Durante toda a
caminhada, e à medida que vão alcançando todos os objectivos,
o caminheiro aproxima-se do Homem Novo, que é Cristo.

Sugestão: Vai conhecer o teu agrupamento e diz quem faz


parte da direcção, quem compõe as equipas de animação,
que bandos, patrulhas e equipas existem em cada secção
e já agora, descobre qual o patrono do agrupamento e
quais os patrono de cada secção do agrupamento.
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BADEN-POWELL
Robert Stephenson Smyth Baden-Powell nasceu em Lon-
dres a 22 de Fevereiro de 1857. Foi o quinto dos sete filhos do
Rev. Professor Baden-Powell. O filho mais velho Warington,
que tinha então treze anos, entrou um ano mais tarde, para
o navio-escola Conway. O seu entusiasmo pelo mar era tal
que, sempre que tinha férias, levava em excursões de barco
os irmãos que já tivessem idade para navegar.
Foi assim que o nosso B.P. aprendeu a manobrar um bar-
co, a acampar, a cozinhar e a obedecer às ordens com ra-
ROBERT BADEN-POWELL
Chefe Mundial do Escutismo pidez e elegância.
Nascido a 22 de Fevereiro de 1857 Fizeram expedições por todo o país e mares vizinhos e assim
Faleceu a 8 de Janeiro de 1941
B.P. aprendeu as regras de exploração da vida ao ar livre.
Em 1869 entrou na Escola da Cartuxa e dois anos mais
tarde transferiu-se de Londres para Godalming. A escola
possuía uma pequena mata, que estava vedada aos alunos.
B.P. costumava ir para aí observar os animais, apanhar
por vezes um coelho, que assava numa fogueira sem fumo
(o fumo tê-lo-ia denunciado aos mestres!) e aí desenvolvia
as suas habilidades na construção de abrigos e aprendia a
usar um pequeno machado.
Era muito popular na escola, mas não um estudante de
grande evidência ou um grande atleta, embora tomasse
parte em muitas actividades com toda a energia que tinha e
esta era considerável. Tinha habilidade para desenhar, para
cantar canções cómicas e para representar, e em toda a sua
vida usou em cheio de todos os seus talentos.
Em 1876 fez exame de aptidão à Escola do Exército e fê-lo
tão bem que imediatamente recebeu a patente de alferes
do regimento de Hussardos nº 13, então colocado na Índia.
Muito cedo se distinguiu não só pelo zelo no cumprimento
dos seus deveres mas também nas habilidades desportivas
e boa camaradagem. De tal modo que em 1883, com a idade
de 26 anos, era Capitão Ajudante do Regimento. Era perito
em exploração e espionagem; tanto assim que foi autori-
dade reconhecida nestes assuntos. Como desportista nota-
bilizou-se na montaria ao javali – desporto arriscadíssimo
mas muito apreciado pela equitação e pela perspicácia que
exige no seguimento das pistas. Muitas vezes vagueava so-
zinho pelas regiões mais silvestres, observando os animais
e aprendendo-lhes os costumes.
Como passatempo, estava sempre desejoso, tanto de cantar
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uma canção e tomar parte num concerto ou numa ópera, como
de pintar um cenário ou desenhar os populares.
O regimento deixou a Índia em 1884 e no regresso a via-
gem foi interrompida no Natal (território da África do Sul)
porque se receava um conflito com os Boers. Foi durante
esta primeira visita àquela região que B.P. entrou em con-
tacto com os Zulus. Começou então a colher informações
secretas, disfarçado de jornalista.
Em 1887 foi de novo para África como Ajudante de cam-
po do seu tio, que era Governador da Província do Cabo.
B.P. satisfez o seu primeiro desejo de serviço activo numa
campanha contra os Zulus. Foi então que ouviu o coro «In-
goniama» cantado por uma coluna de Zulus em marcha. Os
nativos deram-lhe o nome «M’hlaha Panzi» - o homem que
se deita para disparar – significando que ele tinha cuidado
ao apontar ou pensava antes de agir.
Em seguida fez serviço em Malta e simultaneamente foi
nomeado Oficial de Informações para o Mediterrâneo. Isto
deu-lhe mais aventuras como espião e ensinou-lhe ainda
mais de exploração.
Em 1893 foi escolhido para uma missão especial contra
os Ashanti.
O rei nativo estava a perturbar a ordem e foi enviada uma
expedição para a restabelecer. Isto obrigou-o a uma mar-
cha de cerca de 150 milhas através de densos bosques e
florestas e a atravessar numerosos rios. Nesta expedição
o trabalho de B.P. era a exploração e o pioneirismo; assim
aprendeu a maneira prática e útil de construir pontes. Foi
quando estava no Oeste Africano que ouviu o ditado: «deva-
gar devagarinho se apanha o macaco» que veio a ser o seu
ditado preferido.
Pôs um chapéu de «cowboy» pela primeira vez na ope-
ração dos Ashanti e os nativos chamaram-lhe, por isso,
«Kantankye» ou «chapéu grande». Terminada a expedição,
foi promovido a Coronel e pouco depois punha-se a caminho
do que ele dizia ser «a melhor aventura da minha vida...» a
guerra dos Matabeles.
A terra de Matabeles é agora conhecida por Zimbabwe
(antiga Rodésia). Estava então ainda pouco explorada, por
aí haver poucos colonos brancos. Os nativos tinham-se su-
blevado e massacraram alguns colonos brancos e fugiram
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depois para as montanhas. Ali havia lugares difíceis de atin-
gir, pois as suas grandes rochas ofereciam muitos e bons
abrigos. B.P. foi encarregado da exploração. A sua tarefa
não era nada fácil pois tinha de descobrir o paradeiro do
inimigo e o que era mais difícil, como atingir as suas forta-
lezas. Perdeu muitas noites nas expedições de exploração
mas era tão bem sucedido que quase sempre guiava os sol-
dados para o lugar ideal para o ataque. Desenhou mapas
absolutamente correctos, de grande valor. Foi durante esta
campanha que ele se tornou conhecido como grande ex-
plorador. Os Matabeles chamaram-lhe «Impisa» que quer
dizer «o lobo que não dorme». Sabia que gritavam com ódio
o seu nome e o ameaçavam com toda a espécie de torturas,
se lhes viesse a cair nas mãos.
Muitas das suas experiências de observação e dedução,
bem como muitos episódios que viveu foram por ele mais
tarde aproveitados para a educação dos jovens Escuteiros.
A missão que em seguida lhe foi confiada foi o comando
do Regimento de Dragões 5, então em serviço na Índia. Foi
com pena que deixou o seu velho regimento; mas lançou-
se no novo trabalho com todo o seu habitual entusiasmo e
eficiência. Procurou que os seus soldados encontrassem a
felicidade mesmo nas dificuldades e procurou conquistar-
lhes rapidamente a confiança.
Mas a sua realização mais importante foi nos métodos de
treino. Porque a achava importante, procurou que a explo-
ração se tornasse popular. Os homens eram divididos em
pequenas unidades de meia dúzia - o que nós no Escutismo
chamaríamos de Patrulhas – sob o comando de um deles – o
nosso Guia de Patrulha. Aqueles que melhor desempenhas-
sem os seus deveres tinham o privilégio de usar uma insígnia
especial – Flor de Lis – que na bússola indica o rumo Norte.
Em 1899 B.P. regressou a casa, mas logo se lançou noutro
empreendimento. Trouxera consigo da Índia o manuscrito
de um pequeno livro chamado «Aids to Scouting» (Auxiliar
do Explorador) que continha as palestras que fizera aos sol-
dados, com os muitos exemplos de observação e dedução.
Ainda antes que o livro fosse publicado já ele estava de
novo a caminho da África do Sul, onde se preparava para
a guerra com os Boers. A sua missão era organizar uma
frente militar pronta para qualquer emergência.

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Quando a guerra estalou estava ele em Mafeking com
parte das suas forças. Quase ao mesmo tempo, um exér-
cito Boer de 9000 homens pôs cerco à pequena cidade.
Não se pode contar aqui em tão pouco espaço, a história
do famoso cerco; contudo é justo salientar que foi nele que
o nome de B.P. galgou as fronteiras de todos os países,
tornando-se conhecido em todo o mundo, pois defendeu a
cidade durante 217 dias das poderosas forças inimigas e foi
graças à sua alegria e à sua desenvoltura (ao seu «desen-
rascamento») que a cidade não foi tomada. Para os Escu-
teiros “Mafeking” tem uma grande importância. Os rapazes
da cidade foram organizados num corpo, de mensageiros
e B.P. impressionou-se pela maneira como eles levavam
a cabo as suas missões. Viu que, se lhes fosse confiada
qualquer responsabilidade, eles sairiam bem em qualquer
ocasião.
Como reconhecimento do seu empreendimento em Ma-
feking, B.P. foi promovido a Major-General sendo o mais
novo do Exército, e herói do Reino Unido.
Foi-lhe então confiada a importante tarefa de organizar a
Polícia Montada Sul Africana. Era um corpo de homens va-
lentes, fundado para ajudar na reconstrução do sul-africano
depois da guerra; e prestaram excelentes serviços, graças
ao treino que B.P. lhes deu em disciplina e responsabilida-
de.
Bem organizada a P.M.S.A., voltou à Inglaterra para outra
importante tarefa: tinha sido nomeado Inspector Geral de Ca-
valaria. De novo encetou mais esta carreira com a dedicação e
perspicácia habitual para elevar o nível da Arma de Cavalaria
do seu país.
Outro facto, entretanto, chamou-lhe à atenção: vira que
o seu pequeno livro «Aids to Scouting» tinha sido adoptado
como compêndio na educação da juventude. O fundador da
Brigada dos Rapazes, «Sir» William Smith, pediu-lhe que
adaptasse os métodos de exploração à formação da juven-
tude. B.P. estudou um plano e em 1907 fez um acampa-
mento experimental na ilha de Brownsea, com duas deze-
nas de rapazes de todas as classes. Este acampamento foi
tão bem sucedido que resolveu escrever tudo o que tinha
ensinado à volta do «Fogo de Conselho». Assim nasceu o
«Escutismo para Rapazes». Foi primeiro publicado em fas-

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cículos quinzenais, nos primeiros meses de 1908. Os rapa-
zes buscavam-no por toda a parte e rapidamente formaram
Patrulhas com os seus amigos. O número cresceu depressa
– pelos fins de 1908 havia 60 000 Escuteiros – e B.P. teve
de se esforçar muito para conseguir insígnias, uniformes,
cartões de alistamento, etc.
É impossível, por falta de espaço, fazer aqui uma descri-
ção pormenorizada da expansão do Escutismo pelo mundo,
assim como do admirável trabalho de B.P. pela juventude,
nas suas viagens pelo globo.
Todavia será útil dizer uma palavra acerca de B.P.. Afinal que
tipo de homem era ele?
Já não é possível vê-lo, nem ouvir a sua possante voz
quando falava nos Jamborees. Algumas das suas declara-
ções foram gravadas e é possível arranjar algumas delas.
B.P. era uma figura magra, franzina, mas se o visses cer-
tamente te admirarias da sua bela cabeça e dos seus olhos
bastante expressivos. Era um homem sociável e muitos Es-
cutas se lembram ainda com saudades das conversas tidas
com ele nos Jamborees. Em Gilwell Park, por exemplo, pas-
seava com os seus cães pelo acampamento. E os Escutas
depressa viam com profunda amizade a sua presença.
Era um homem simples no seu modo de viver. Dormia
numa varanda durante quase todo o ano, levantava-se mui-
to cedo, praticava exercício de ginástica depois dava um
passeio com os seus cães antes de almoço.
Poucos homens terão trabalhado tanto como ele. Manti-
nha uma assídua correspondência, mas nunca se esquecia
dos velhos amigos quando procurava adquirir outros. A pes-
ca era o seu desporto favorito.
Ocupou-lhe muito tempo e deu-lhe oportunidade de ad-
mirar a natureza – um dos maiores prazeres da vida. Pos-
suía um grande conhecimento da vida da natureza, sobretu-
do da vida dos animais, e nos últimos anos, quando já tinha
poucas forças e por isso não podia ir visitar os seus Escutas,
dedicava-se ao estudo de animais selvagens e pintava qua-
dros que focavam aspectos da vida desses animais.
Os últimos anos passou-os no Quénia onde veio a falecer
no dia 8 de Janeiro de 1941, após uma vida inteira de dedi-
cação aos jovens.

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História do C.N.E.
Registamos aqui alguns factos no decorrer dos 85 anos
de vida do C.N.E

• 27 de Maio de 1923 – Fundação do Corpo de Scouts Católicos


Portugueses, em Braga;
• Aprovação dos Estatutos do C.S.C.P. pelo Governo Civil de
Braga;
• 26 de Novembro de 1923 – A portaria 3824 aprova os es-
tatutos do C.S.C.P.
• 26 de Maio de 1924 – Publicação do Decreto nº 9729 que
confirma a aprovação já dada em Portaria dos Estatutos
referidos e alarga a todo o território nacional o âmbito da
associação;
• Fevereiro de 1925 – Sai o primeiro número da «Flor de Lis»;
• 25 de Fevereiro de 1925 – O Decreto nº 10589 aprova os
Estatutos do Corpo de Scouts Católicos Portugueses;
• 15 de Março de 1925 – É aprovada a nova redacção do Regu-
lamento Geral do C.N.E;
• 4 de Abril de 1929 – Principia em Coimbra o 1º Congresso
Nacional de Dirigentes;
• 2 de Maio de 1929 – Admissão do C.N.E. no Bureau Mun-
dial de Escutismo;
• 29 de Junho de 1932 – O Decreto nº 21434 regulariza a Organiza-
ção Escutista de Portugal;
• 13 de Agosto de 1936 – A Organização Escutista de Portugal é
extinta pela Portaria nº8488;
• 9 de Maio de 1950 – Aprovação de novos Estatutos do Cor-
po Nacional de Escutas e Publicação de novo Regulamen-
to Geral;
• 24 de Setembro de 1950 – O C.N.E. é condecorado com a
«Medalha de Ouro do Tiradentes» da União de Escoteiros
do Brasil.
• 5 de Novembro de1950 – A Sede Central do C.N.E. é transferi-
da de Braga para Lisboa;
• 19 a 25 de Setembro de 1961 – Conferência Internacional
do Escutismo, no Seminário dos Olivais, em Lisboa;

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• 21 de Junho de 1963 – Inauguração oficial do Campo Esco-
la Nacional Calouste Gulbenkian, em Fraião – Braga;
• 15 de Agosto de 1966 – 1º Encontro Nacional de Dirigentes,
em Fátima;
• 9 de Março de 1975 – Aprovação de novos Estatutos do
C.N.E., no Conselho Nacional, em Fátima;
• 16 de Dezembro de 1982 – O C.N.E é condecorado pelo Mi-
nistro de Qualidade de Vida com a «Medalha de Bons Ser-
viços Desportivos»;
• 3 de Agosto de 1983 – O C.N.E. é declarado de Utilidade Pú-
blica, conforme despacho do Primeiro-Ministro, publicado
no Diário da República, II série, nº117 (Despacho de 20 de
Julho de 1983);
• 1 de Março de 1984 – Entra em vigor o novo regulamento
Geral do C.N.E.;
• 31 de Janeiro de 1985 – Lavrada a Escritura dos Estatutos
do C.N.E, no 11º Cartório Notorial de Lisboa;
• 12 a 18 de Abril de 1986 – Conferência Europeia do Escutismo
e do Guidismo, em Ofir.
• 29 de Novembro a 1 de Dezembro de 1986 – 1º Congresso
do Escutismo Católico Português «Que Escutismo para o
ano 2000?»;
• 7 de Maio de 1988 – Inauguração do Centro de Formação
de São Jacinto – Aveiro;
• 28 de Maio de 1989 – Inauguração da Sede Nacional do
C.N.E., na Rua D. Luís I, 34 – Lisboa;
• Concessão ao C.N.E. da “Medalha de Honra da Cidade de Lisboa”;
• 26 de Maio de 1990 – Inauguração do novo espaço do D.M.F.;
• 4 a 11 de Agosto de 1992 – XVIII ACANAC no Palheirão, com
cerca de 10 000 participantes, sob tema geral: “A Fronteira
do Homem”;
• 17 de Julho de 1992 – Publicação do Alvará da condecora-
ção da “Ordem do Mérito”; é publicado no Diário da Repú-
blica nº257 – II série de 6-11-92;
• 28, 29 e 30 de Maio de 1993 – 70 anos do C.N.E., na feira das
regiões em Vila Nova de Famalicão;

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Lei, Principios e Promessa
Na Sociedade em que vivemos tudo o que fazemos se
rege através de leis, que nos guiam moralmente e nos in-
cutem um conjunto de valores pelos quais devemos traçar
o nosso caminho.
Também o Escutismo possui um quadro de valores que
te procura incutir para que os utilizes na tua vida de forma
a que caminhes no sentido do Bem.
Esses valores estão resumidos nos Princípios, na Lei do
Escuta e na Promessa e através deles és chamado a com-
prometer-te livremente com ideais que te permitem ajudar
a construir um mundo mais justo e mais solidário.

Os três Princípios
Os Princípios do Escuta definem as três dimensões da
vida com que te deves comprometer: Deus, a Pátria e a
Família. Cada um deles estabelece um ideal a alcançar,
criando metas específicas que visam desenvolver a tua res-
ponsabilidade a nível espiritual, social e pessoal.

1.º Princípio: O Escuta orgulha-se da sua fé e por ela orienta


toda a sua vida.
O verdadeiro Escuteiro assume sem reservas a sua Fé:
comprometido com Cristo, em quem confia como Salvador
do mundo, assume e honra esse compromisso sem hesi-
tação. Toda a sua vida, assim, ilustra a certeza no amor de
Deus: é a Ele que se entrega, é Ele que testemunha em
todos os momentos, é Ele que o guia toda a vida. E por Ele
se entrega aos outros, ajudando-os, numa atitude perma-
nente de serviço.

2.º Princípio: O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão.


Sentir-se filho de Portugal não é assumir nenhum tipo de
nacionalismo. Pensar na pátria é pensar no nosso próximo,
é assumir a responsabilidade para a construção de um país
justo, economicamente equilibrado e onde a igualdade não
é uma utopia.
O bom cidadão é aquele que contribui para o bem do país,
servindo-o de todas as formas possíveis. Isto implica usar
com moderação os seus recursos naturais, cumprir os de-

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veres cívicos, contribuir para o desenvolvimento da socieda-
de e fomentar a solidariedade.

3.º Princípio: O dever do Escuta começa em casa.


Ao escuteiro é pedido que pratique boas-acções, que au-
xilie os outros. E o bom Escuteiro compreende que essa
responsabilidade começa na sua família. De facto, o Escu-
teiro tem que estar, em primeiro lugar, disponível para a
sua família: pais, filhos, irmãos,…

Os dez artigos da Lei


Tal como os 10 Mandamentos, a Lei do Escuta espelha
um conjunto de valores que se espera que desenvolvas e
adquiras para a tua vida; valores como a honra, a lealdade, a
amizade, o respeito pela natureza, a solidariedade, o respei-
to ao próximo, a boa disposição de espírito e a pureza.

1.º A honra do Escuta inspira confiança.


Para um escuteiro, ter honra é actuar com honestidade
em tudo o que diz e faz. Isto não implica apenas não mentir:
é também não omitir nem actuar com subterfúgios ou às
escondidas.
Na prática, significa que o Escuteiro assume que a sua
liberdade o leva a agir de forma a nunca ser contrário à
verdade, demonstrando a sua coerência de vida:
- aquilo em que acredito é aquilo que ponho em prática
(tanto em público como em privado);
- o que eu penso e digo é o que eu faço;
- o que eu digo é a verdade;
- o que eu me comprometo a fazer faço-o com serieda-
de.
Se actuar desta forma – demonstrando que possui uma
só palavra, cumpre as suas promessas, fala com franque-
za, é coerente –, o Escuteiro é alguém digno de confian-
ça, ou seja, é alguém em quem podemos acreditar e com
quem é possível contar.

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2.º O Escuta é leal.
Ser leal é ser honesto. É ser fiel às suas convicções, à
sua família, a Deus, aos seus amigos, à sociedade, sabendo
agir de acordo com a sua consciência. Um Escuteiro leal
respeita as regras do jogo da vida, actuando com coerência
e respeito por si mesmo e pelos outros. Não faz batota, não
engana, não atraiçoa, não desampara ninguém. “Joga com
lealdade e exige jogo leal aos outros.” (B.P)

3.º O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa acção.


Ser útil é ter a capacidade para ajudar os outros em to-
das as circunstâncias em que o auxílio pode contribuir para
suprir algumas necessidades. Quem assim procura agir,
habitua-se a não orientar a vida exclusivamente para os
seus próprios interesses, aprendendo a viver em verdadei-
ra comunidade.
Para um Escuteiro, o altruísmo aprende-se através da
Boa Acção diária, cuja prática é tão importante incutir em
cada Escuteiro. É ela que exercita na arte de fazer o bem;
é ela que, pela repetição, acaba por criar em cada um o
hábito de estar atento para o bem-estar dos outros e a dis-
ponibilidade para os auxiliar. E há-de ser realizada

4.º O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros


Escutas.
Num mundo como o de hoje, onde o egoísmo e a exclu-
são são quase banais, a amizade é um valor precioso, pelo
que este artigo da Lei do Escuta, que se divide em duas
partes, manifesta cada vez mais relevância.
Ser amigo dos teus amigos implica seres capaz de te co-
locares no lugar deles, actuando com respeito e solidarie-
dade perante as suas necessidades e diferenças e apren-
dendo a perdoar. No entanto, este artigo vai mais longe,
ao declarar que devemos ser amigos de todos. Com isto,
pretende-se não que demonstremos uma amizade profun-
da por quem não conhecemos, mas que consigamos ter a
disponibilidade interior para aceitar como possível amigo
aquele que ainda nos é desconhecido, pondo de lado reser-
vas sem sentido relacionadas com raça, credo, sexo, cultu-
ra, classe social, nacionalidade, etc.
É este mesmo sentimento de disponibilidade interior que

16
nos torna capazes de nos sentirmos irmãos de outros escu-
teiros. A começar pela tua própria equipa, por vezes o sítio
onde é mais difícil viver a fraternidade, por ela ter de ser
permanente. A partir deste valor podemos ter a certeza que
podemos encontrar um verdadeiro irmão em cada escuteiro
que se cruzar no nosso caminho.

5.º O Escuta é delicado e respeitador.


O respeito é o sentimento que nos leva a sentir consideração
pelos outros, a ter em conta os seus direitos e a tolerar diferentes
ideias e que nos inibe de qualquer vontade em lhes causar dano.
Esta consideração pela dignidade do outro traduz-se, na
prática por atitudes de delicadeza, que mais não é do que a
forma amável, sensível e afectuosa como tratamos os de-
mais, evitando chocá-los, magoá-los ou melindrá-los. Nes-
te contexto, mesmo a frontalidade é usada de forma equili-
brada, sem recurso à grosseria.
Assim sendo, o Escuta deve procurar não apenas ter ati-
tudes exteriores de delicadeza para com os outros, mas
também sentir consideração profunda pela sua dignidade,
independentemente das diferenças sociais que possam
existir. Este sentimento, nem sempre fácil de inculcar, é de
máxima importância: o respeito é a base a partir da qual
conseguimos viver em paz com os outros.

6.º O Escuta protege as plantas e os animais.


Segue os passos de S. Francisco de Assis e de S. Paulo e
concebe este artigo da lei, através do qual todo o Escuta é
impelido pela consciência a assumir como seu dever a defe-
sa dos outros seres que, criaturas de Deus como o Homem,
habitam o planeta.
Isto não se faz apenas com grandes gestos: não pisar
uma formiga, não arrancar uma flor são pequenas acções
que não mudam o mundo, mas que nos permitem preservar
a beleza que Deus criou para que outros usufruam dela.
Um bom escuteiro é aquele aprecia e preserva a Nature-
za, servindo-se dela apenas quando tal é necessário para a
sua subsistência. Assim se cultiva o sentido da responsabi-
lidade perante as maravilhas de Deus, hoje tão exploradas
e votadas ao desprezo.

17
7.º O Escuta é obediente.
Todos os grupos possuem regras que assumimos como
necessárias para o bem-comum e que evitam a anarquia
e o caos. É assim que surgem as leis, os regulamentos, as
normas, os valores. A obediência enquadra-se no respeito
por estas regras: de facto, surge quando um indivíduo se
sente completamente livre, no seu íntimo, para acatar as
ordens de outro que possui uma autoridade legítima e glo-
balmente aceite pelo grupo em que se insere.
É nisto que a obediência se distingue da submissão: so-
mos obedientes quando, em plena consciência, reconhe-
cemos como legítima e necessária uma determinada auto-
ridade, aceite por todos; somos submissos quando, numa
relação de poder em que a lei é a do mais forte, acatamos
ordens por medo ou vergonha.

8.º O Escuta tem sempre boa disposição de espírito.


A alegria é, sem dúvida, uma das características que se
deve apontar a todo o escuteiro. Aquela alegria pura de
quem tem a consciência tranquila, de quem se sente bem
consigo mesmo e com o mundo que o rodeia. Quem assim
procede consegue dominar os seus sentimentos como a
raiva ou a tristeza, revelando capacidade e força interior
para enfrentar os maiores desaires. Mais: vivendo assim, o
escuteiro opta por viver a vida com optimismo, preferindo
a esperança à preocupação e ao medo e assim, por mais
difícil que seja o caminho, por mais desespero que se pos-
sa sentir, um Escuteiro espera sempre, em Deus, por dias
melhores e sorri.

9.º O Escuta é sóbrio, económico e respeitador do bem alheio.


Um escuteiro sóbrio vive sem exageros, tanto a nível de
pensamento como de acções. Assim, por um lado conten-
ta-se com o que tem, não tendo inveja do que os outros
conseguiram; por outro lado, procura ter uma vida equili-
brada, sem os exageros que todos os vícios implicam e sem
desperdiçar o seu tempo.
Este comedimento envolve também o controlo do di-
nheiro. Por isso defende também que o escuteiro deve ser

18
económico: não gasta o seu dinheiro em inutilidades, não
esbanja tudo o que tem, não arranja dívidas atrás de dívidas,
é capaz de amealhar para se sustentar quando for neces-
sário.
Por fim, o equilíbrio envolve também o respeito pelos bens
dos outros: quem é sóbrio e económico valoriza o que faz e o
que tem e, consequentemente, procede de igual forma para
com os outros. Assim, protege o que lhe emprestam como
se fosse seu e restitui-o quando já não precisa; devolve o
que encontra ao seu legítimo dono; não rouba; não vandali-
za propriedade alheia

10.º O Escuta é puro nos pensamentos, nas palavras e nas


acções.
Quando procura a pureza de pensamentos, o Escuta evita
o egoísmo e a inveja e procura que todas as suas intenções
e ideias sejam pautadas pela verdade, tolerância e hones-
tidade.
Já a pureza nas palavras não se resume a evitar uma lin-
guagem obscena e que choca os demais; implica também
a capacidade de não fazer nada que possa pôr em causa a
imagem de alguém: mexericos, rumores, acusações sem
fundamento, chacota, etc.
Por fim, a pureza das acções impele o escuteiro a evitar
todos os comportamentos potencialmente prejudiciais. Isto
implica a renúncia a tudo o que atenta contra a sua própria
dignidade. O corpo, criado por Deus à sua imagem e se-
melhança, é templo a respeitar e todos os comportamentos
prejudiciais para a saúde devem ser evitados. Mas há mais.
O escuteiro não se defende apenas a si: ser puro em acções
é também evitar tudo o que pode atentar contra a saúde e
dignidade do outro. Por isso, nunca o escuteiro compele os
outros a comportamentos prejudiciais, humilhantes ou ilíci-
tos. E protege todos os que não se podem defender.

19
Oração do Escuta
“Ser leal para com Deus significa nunca te esqueceres
Dele e recordá-Lo em tudo o que fazes. Se nunca O esque-
ceres, nunca farás nada de mal. E se te lembrares Dele
quando estiveres a fazer qualquer coisa errada, deixarás
logo de a fazer. Deus tem sido bom para contigo, por isso
cabe-te fazer alguma coisa em troca que Lhe agrade; é
esse o teu dever para com Deus.”
Baden-Powell

A Oração do Escuta foi criada a partir de um texto de San-


to Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, e foi
adaptada ao escutismo católico pelo Padre Jacques Sevin,
jesuíta francês, fundador da Associação Scouts de France.
É utilizada como a Oração do Escuteiro em várias associa-
ções escutistas de todo o mundo.
A Oração do Escuta sintetiza dois aspectos essenciais da
vida cristã, o Amor a Deus e o Amor ao próximo.
Ao longo da Oração do Escuta podemos pedir a Deus que
nos conceda os valores pelos quais regemos a nossa vida
enquanto escuteiros, valores esses presentes na Lei do es-
cuta:

Senhor Jesus,
Ensinai-me a ser Generoso (GENEROSIDADE),
A servir-vos como vós o mereceis (SERVIÇO A DEUS)
A dar-me sem medida (SERVIÇO AOS OUTROS)
A combater sem cuidar das feridas (PERSEVERANÇA)
A gastar-me sem esperar outra recompensa (CAPACIDADE DE ENTREGA)
Se não souber que faço a Vossa vontade Santa (FÉ)

Amén

20
Escutismo para rapazes
O Escutismo para Rapazes é um livro escrito por Baden
Powell, fundador do escutismo, no princípio do século XX.
Numa primeira fase de edição foi publicado em fascículos
quinzenais, denominados Palestra de Bivaque.
Baden Powell, logo na edição original chamou-lhe: Ma-
nual para Instrução do Bom Civismo, no qual através de
narrações, histórias, relatos da sua experiência, B.P dá con-
selhos e instruções aos escuteiros da altura auxiliando-os
assim na vivência das suas actividades.

O Escutismo para Rapazes é composto por 26 Palestras


de Bivaque, compiladas em 11 capítulos que fornecem a
qualquer escuteiro, mesmo nos nossos dias, conhecimen-
tos indispensáveis até ao escuteiro mais inexperiente.

Os capítulos do Escutismo Para Rapazes são os seguin-


tes:
1.Arte do Explorador
2.Actividades de Campanha
3.Campismo
4.Seguimento de Pistas
5.História Natural
6.Resistência do Escuteiro
7.Fidalguia do Escuteiro
8.Salvamento de Vidas
9.Os Nossos Deveres de Cidadãos

Mais que um livro, o Escutismo para Rapazes, deve ser


encarado como um manual do Escuteiro, de onde devemos
retirar os ensinamentos que o nosso fundador nos deixou.

Sugestão: Escolhe uma palestra de Bivaque e apresenta-a


à tua equipa e/ou grupo.

21
Beato Nuno de Santa Maria
Nuno nasceu nos arredores do Crato, em 24 de Junho
de 1360, dia de S. João Baptista. Filho de Álvaro Gonçalves
Pereira, Prior da Ordem Militar dos Hospitaleiros ou do Crato.
Em casa do pai recebeu a mais aprimorada educação.
Durante três anos, residiu na corte a pedido do pai, para
que junto do rei fosse completada a sua educação. Aos 16
anos casou com D. Leonor de Alvim no dia 15 de Agosto de
1376. Deste casamento, cedo interrompido pela morte da es-
posa, ficou-lhe uma filha D. Beatriz, mais tarde casada com
o 1º Duque de Bragança.
Em Outubro de 1383, com a morte de D. Fernando, Nuno
decidiu comprometer-se em cheio na salvação da sua Pátria.
No final de 1383, precipitam-se os acontecimentos, o
Mestre de Aviz é proclamado pelo povo simples e livre, Rege-
dor e Defensor do Reino. Este logo chamou o Condestável. O
Alentejo era invadido pelos castelhanos e o povo pedia ajuda.
D. João, conhecendo perfeitamente as qualidades de Nuno,
nomeia-o “Fronteiro Mor do Alentejo”.
A 6 de Abril de 1384 dá-se a Batalha de Atoleiros. Nuno en-
frentou os castelhanos que avançavam. Ele era de uma alegria
irradiante, manifestando-o no sentimento seguro e tranquilo de
confiança que as suas palavras despertavam no espírito de todos.
E triunfaram do poderoso e bem adestrado exército invasor.
A 6 de Abril de 1385, o Mestre de Aviz é aclamado Rei
de Portugal e D. Nuno recebe do soberano as funções de
Condestável, comandante supremo do exército português.
Nuno esteve presente na Batalha de Aljubarrota e na
Batalha de Valverde, em qualquer uma delas Nuno contribuiu
imenso para a vitória, nesta última desapareceu e todos o
procuravam, encontraram-no “entre dois penedos a rezar,
com os joelhos postos na terra e as mãos e olhos alçados
ao céu”. Nuno despediu-se da sua vida militar em 1415 na
expedição militar de Ceuta.
Esta é a traços largos a sua carreira de soldado, vista por
fora. Vista por dentro, como nos aparece?
Nun’Álvares Pereira era uma personalidade fortíssima e
com uma força criadora impressionante. Mas tudo lhe vinha
da alma treinada silenciosamente no culto dos grandes va-
lores da vida. Foi um Homem do seu tempo, profundamente
marcado pelo ideal da Cavalaria, então considerado uma das
expressões mais belas da existência. As palavras da sua in-
vestidura de cavaleiro gravam-se-lhe para sempre no espírito

22
e marcaram-lhe os rumos da vida, jogado por completo entre
o serviço de Deus e dos portugueses. Exigia dos soldados a
afirmação de virtudes morais, que mais que ser soldados os
tornassem dignos de ser homens e cristãos.
Vencidas as grandes batalhas da independência e assinado
o tratado de paz e aliança perpétua com o reino de Castela
em 31 de Outubro de 1411, Nun’Álvares começou a orientar
a sua vida para o convento. Em Nun’Álvares, o combatente
e o monge, o cavaleiro e o professo são apenas duas faces
de uma só existência, superiormente inspirada por um único
ideal de serviço.
Quando lhe morreu a filha D. Beatriz, único afecto humano
que lhe restava no mundo, tomou a resolução de ir para o
convento do Carmo que ele próprio mandara construir e que
fora dedicado a Nª Sª do Vencimento, em memória da Batalha
de Valverde, e entregue aos frades carmelitas.
Em 1423 entrou nos Carmelitas, onde por humildade não
consentiu que lhe chamassem outro nome a não ser simples-
mente Nuno. Mais tarde acrescentou de Santa Maria: Nuno
de Santa Maria. No convento levou uma vida extremamente
simples e modesta. Tendo antes distribuído tudo o que tinha,
dava agora a sopa aos pobres à porta do convento e com eles
partilhava também a única tença que recebia de D. Duarte.
Foi assim que terminou os seus dias o homem mais rico de
Portugal, de mãos vazias como chegara ao mundo, em silên-
cio, em simplicidade, em oração decorreram mansamente,
vagarosamente os últimos oito anos da sua vida.
No dia 1 de Abril de 1431 domingo de Páscoa, com a idade
de 71 anos incompletos ocorreu a sua morte. Os seus restos
mortais encontram-se hoje na igreja do Santo Condestável
desde 1951.
Em 23 de Janeiro de 1918, o Papa Bento XV proclamou-o Beato.
Há homens que se tornam notáveis ou porque deram das
suas virtudes um grande exemplo ou pela transcendência da
obra que deixaram. Beato Nuno foi-o por uma e outra causa e
pelo alto exemplo da sua vida. É fácil descobrir nesta biografia
as razões pelas quais o Beato Nuno de Santa Maria é o Pa-
trono do C.N.E.. Nele se vê o modelo do escuteiro que quer
cumprir a sua promessa: «Cumprir os meus deveres para
com Deus, a Igreja e a Pátria, auxiliar os meus semelhantes
em todas as circunstâncias e obedecer à lei do Escuta».

23
Organização da IIIª Secção
Denomina-se Grupo Pioneiro à Unidade formada pelas
Equipas de Pioneiros e Equipa de Animação.
• Os Pioneiros organizam-se em equipas de 4 a 8 el-
ementos;
• Cada Grupo de Pioneiros tem de duas a cinco Equipas;
• Aconselha-se que as Equipas sejam mistas;
• Cada Equipa é efectivamente dirigida por um Guia de
Equipa, escolhido pelos seus membros, com a aprova-
ção do Chefe de Grupo, que deve promover a sua no-
meação em Ordem de Serviço de Agrupamento;
• Para o coadjuvar e substituir no seu impedimento, o
Guia de Equipa nomeia um Sub-Guia de Equipa;
• Quando conveniente pode o Grupo escolher um Guia
de Grupo, este deve ser eleito por voto secreto indi-
vidual no Conselho de Grupo;
• Cada Equipa identifica-se por nome de um animal ou
Santo da Igreja, ou um benemérito da Humanidade ou
herói nacional, cuja silhueta figura na insígnia respec-
tiva e cujas cores distinguem os seus membros;
• Cada Equipa adopta um grito e um Lema;
• O Grito de Equipa só pode ser usado pelos seus ele-
mentos e serve como sinal de aclamação ou reunião;
• O Conselho de Guias é composto por: Chefe de Uni-
dade, Chefe de Unidade Adjunto, Assistente de Agru-
pamento e pelos Guias e Sub-guias das Equipas;
• Os Guias têm voto deliberativo; os Sub-Guias voto con-
sultivo, salvo quando substituam os respectivos guias;
• O Chefe de Grupo tem direito de veto, mas só o deve
utilizar em caso de estrita necessidade motivada por
graves razões de ordem moral ou pedagógica;
• O Conselho de Guias delibera sobre todos os interesses
de carácter geral para o Grupo, como: gestão, disci-
plina, formação, projectos, programação, etc…
• As deliberações do Conselho de Guias são registadas
em livro próprio e mantidas secretas;
• O Patrono da Secção é São Pedro;
• A sede dos Pioneiros é chamada de Abrigo;
• As actividades de secção são designam-se por: Em-
preendimento.

24
Cargos das Equipas
Dentro da Equipa, é conveniente que todos possuam um
cargo, na medida em que este constitui uma forma de mo-
tivar a participação do Escuteiro e de desenvolver o seu
sentido de responsabilidade individual e de utilidade para
o bem-estar dos outros.
Recomenda-se que existam pelo menos os seguintes
cargos básicos:
> Guia,
> Sub-guia,
> Secretário/Cronista,
> Tesoureiro,
> Guarda do material.
Poderão ainda ser desempenhados os cargos complemen-
tares de:
> Animador,
> Socorrista/Botica,
> Intendente
> Informático.

Cargos Básicos
> Guia

O cargo de Guia é muito importante, pela capacidade de


liderança que implica. De facto, numa unidade onde é cor-
rectamente implementado o Sistema de Patrulhas, o Che-
fe tem no Guia um grande aliado na condução do Grupo:
ele actua como intermediário entre a Equipa de Animação
e os restantes escuteiros e é a ele que compete (e nunca
ao Dirigente) a liderança da patrulha.
Deve:
• Dirigir e animar a sua Equipa;
• Distribuir tarefas e cargos;
• Transportar a bandeirola da Equipa;
• Representar a Equipa nos Conselhos de Guias;
• Nomear o Sub-Guia, ouvida a Equipa.
Este ‘poder’ que o cargo de Guia tem atrai, por norma, a
todos os elementos da Equipa, que assim aspiram a vir a
exercer tarefas contínuas de liderança. No entanto, e pelas

25
consequências negativas que uma má escolha acarreta, há
que ter especial atenção à sua eleição. De facto, um mau
Guia, incapaz de liderar, de assumir a Lei ou de assumir
responsabilidades, dá origem a Equipas fracas, desorgani-
zadas ou que não conhecem o espírito de corpo.

> Sub-guia

O papel do Sub-Guia é de coadjuvar ou substituir no seu


impedimento, o Guia da Equipa.
As atribuições do Sub-Guia serão as mesmas do Guia,
quando este estiver ausente, devendo acumular com ou-
tra função, no seio da Equipa.

> Secretário/Cronista

É o escuteiro a quem compete, escrever, relatar, arquivar,


anotar, etc., tudo o que se refere a vida e história da sua equi-
pa.
Deve:
• Fazer cobertura, texto, som e imagem, de todas as activi-
dades levadas a efeito pela sua equipa, desde as reuniões
até aos grandes empreendimentos, sempre que o assun-
to seja tema para algum “apontamento de reportagem”.
• Registar o que de importante se passa nas reuniões e
conselhos, em que participa com a equipa;
• Ter a seu cargo o tratamento de toda a correspondên-
cia (enviada e recebida) da equipa, bem como outro
tipo de documentação;
• Ser o correspondente da equipa na redacção do jornal
do grupo, ou noutros que porventura necessitem da
sua participação ou colaboração;
• Ser o responsável pelos meios de comunicação da
equipa, jornal, placar, cartazes, audiovisuais, etc.

26
> Tesoureiro

É o Escuteiro que trata dos problemas financeiros, mate-


riais, contabilísticos da Equipa.
Deve:
• Gerir as receitas, orçamentar as despesas, apresentar
os seus livros e a caixa, sempre que lhe seja solicitado;
• Elaborar o orçamento da equipa, ouvidos todos os seus membros;
• Manter actualizada a contabilidade e a conta-corrente
da equipa.

> Guarda do Material

É o escuteiro que vigia todo o material a seu cargo, que


se preocupa com a sua conservação e arrumação, que o
distribui e recolhe.
Deve:
• Inventariar e catalogar o equipamento e material da equipa;
• Controlar as suas saídas e entradas;
• Prever o equipamento necessário e requisitar o mesmo
para as actividades da equipa.

Cargos Complementares
> Animador

É o escuteiro que tem a difícil tarefa de “quebrar o gelo”,


porque lida com pessoas e cada uma tem o seu feitio/per-
sonalidade.
Deve:
• Sugerir várias hipóteses de animação, pode propor,
mas é o grupo que dispõe e que tem de dar a sua opi-
nião sobre aquilo que o Animador propôs.
• Coordenar as cerimónias e rituais;
• Preparar os novos elementos da equipa para estas ce-
rimónias;
• Transmitir o historial da equipa;
• Coordenar a encenação das actividades da equipa;

27
• Planificar e coordenar o protocolo da equipa;
• Ser o responsável pela animação dos fogos de conse-
lho, convívios, vigílias, celebrações e outras festas;
• Seleccionar e preparar os diferentes tipos de anima-
ção, bem como os textos, as músicas e os equipamen-
tos audiovisuais;
• Manter actualizado o repertório cénico da equipa, bem
como o guarda-roupa necessário à sua execução.

> Socorrista/ Botica

É o escuteiro que está “Sempre pronto” em todas as emer-


gências, e se preocupa com a prevenção e segurança – o
bem estar – de todos os seus companheiros.
Deve:
• Transportar da farmácia da equipa, sendo o responsável
pelo seu conteúdo e em renovar os produtos;
• Tratar de ferimentos, dos doentes e apoiar regularmen-
te o encarregado da Divisão nesta área;
• Conhecer as principais regras de segurança e de pro-
tecção;
• Ajudar a formação dos seus elementos na aquisição da
especialidade de Socorrista;
• Procurar obter um diploma de Socorrista (por exemplo
na Cruz Vermelha Portuguesa)

> Intendente

É o escuteiro que trata da alimentação da sua equipa.


Deve:
• Alimentar convenientemente os seus companheiros;
• Saber tratar e combinar os nutrientes de cada uma das
receitas;
• Cumprir os horários;
• Variar as ementas;
• Elaborar as ementas das refeições para a sua equipa,
de acordo com os princípios dietéticos;
• Elaborar a lista dos géneros e quantidades necessárias
para a confecção das refeições;

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• Distribuir tarefas na preparação e confecção das refei-
ções;
• Orientar a equipa de cozinha na confecção das refei-
ções.

> Relações Públicas

É o escuteiro que deve reunir algumas qualidades:


Deve:
• Saber falar bem;
• Sentir-se à vontade para falar com outras pessoas;
• Manter uma boa apresentação (imagem).

> Informático

É o especialista da Equipa no relacionamento com pessoas


e entidades exteriores.
Terá como principais atribuições:
• Estabelecer contactos, nos mais diversos níveis com en-
tidades exteriores;
• Reunir informação relativa a locais de realização de ac-
tividades (informação histórica, cultural);
• Manter informações sobre a Equipa na Internet; (ex: Sí-
tio da Patrulha, Blogue, Hi5, Mailing List, etc.)
• Gerir todos os Ficheiros Informáticos usados na Equipa
(ex: Documentos, Imagens, Cartazes, Fotografias)

29
Mistica e Simbologia da IIIªSecção
A Igreja em construção
Sinal da chegada à Terra Prometida, o estabelecimento da
Nova e Eterna Aliança marca o início de um tempo novo. Cris-
to, com palavras e obras, inaugura na terra o Reino de Deus e
institui a Sua Igreja para ser portadora desta novidade.
Pedra viva do Templo do Senhor, o Pioneiro é chamado a as-
sumir o seu lugar na construção da Igreja, colocando os seus
talentos ao serviço da Comunidade e assumindo a tarefa de
ser construtor de comunhão.

O imaginário da Terceira Secção gira todo à volta do Pioneiro,


aquele que, depois da descoberta do mundo que o rodeia, é
assolado por um sentimento de insatisfação, de um ímpeto
de fazer diferente, de mudar, de inovar, que o leva a soltar-se
do que considera supérfluo para pôr mãos à obra na constru-
ção e concretização do seu sonho, das suas ambições. Nesta
tarefa preocupa-se em conhecer o que há, em saber o que já
foi feito por outros, em conhecer e melhorar as suas próprias
capacidades, em adquirir as ferramentas de que precisa.
Reúne, a seguir, as vontades para o seu empreendimento. O
Pioneiro prefere trabalhar em equipa, em conjunto, e o seu
querer e o dos outros é capaz de, realmente, transformar,
inovar, construir. O Pioneiro é o insatisfeito, o que primeiro
inova e primeiro constrói a comunidade.
Reconhecemos este perfil em Pedro, o pescador de homens
e construtor da Igreja nascente,
reconhecemo-lo nos primeiros navegadores e nos primeiros
colonos das novas terras do Novo Mundo, mas, também, nos
primeiros astronautas, nos cientistas e nos investigadores da
modernidade e no rosto de cada adolescente.

O Pioneiro que vive sobre a máxima Saber, Querer e Agir,


sendo fiel a si próprio e aos seus sonhos, facilmente se revê
nos símbolos Gota de Água, a Rosa-dos-Ventos, a Machada,
e o Icthus (Peixe, símbolo dos primeiros cristãos).

Para alguém que sente necessidade de mudar, de construir


o seu espaço e o seu mundo onde nada existe, estes símbo-
los apresentam-se como ferramentas de transformação:

A Gota de Água é símbolo da pureza. É para nós, também, o


símbolo do próprio pioneiro, do jovem enquanto pessoa, indi-
víduo. Procuramos que seja transparente — consigo próprio
e com os outros. Que seja alento e alimento para os que o
rodeiam, Que consiga fazer parte de um grupo, juntar-se a
outras gotas e tornar-se torrente. Nesta individualidade pro-
curamos salientar o SABER. O saber-Ser, o saber-Estar, o
saber-Fazer e todos os outros saberes que vêm ao cimo, re-
30
sultado do combate que o pioneiro trava consigo próprio pela
marca da individualidade.

A Rosa dos Ventos é símbolo do rumo certo, da boa escolha, da de-


cisão ponderada. É para nós, também, o símbolo daquilo que é a
vida do pioneiro, nas suas escolhas, na sua atitude, no que quer dos
outros.
Procuramos que tome sempre o rumo certo, que esteja pre-
parado para optar, para escolher… que possa falhar, errar,
mas em segurança, e que aprenda, que tire das experiências
lições de vida. Que seja, de igual modo, portador de vontades,
agregador de desejos e de disponibilidade. Procuramos, com
a Rosa dos Ventos, salientar o QUERER. A importância da es-
colha, das suas consequências, mas, também, a importância
da vontade, da disponibilidade.

A Machada é símbolo da construção, da acção. É para nós, tam-


bém, o símbolo daquilo que é o potencial do pioneiro, das suas
capacidades, da sua energia transformadora, do resultado final
da combinação do que quer com o que sabe... Procuramos que
esteja apto a fazer, que domine a técnica, que consiga converter
o sonhado, o desejado, em matéria, em realização e realidade.
Procuramos, com a Machada, salientar o AGIR.

O Icthus é símbolo da presença de Jesus Cristo, entre os homens,


que estabelece para sempre a nova e eterna Aliança. O peixe
simboliza Jesus Cristo – a palavra peixe, em grego, escreve-se
Icthus, que foi, pelos primeiros cristãos perseguidos, adoptado
como acróstico de “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador” (Iesus
Christos Theou Uios Soter), e símbolo secreto de identificação
mútua. É para nós, também, o símbolo da evidência e da mate-
rialização de Deus à nossa frente, como alimento do corpo e da
alma. É, também, símbolo do patrono, São Pedro, um pescador
que, convertido, se tornou pescador de homens e testemunho
da construção do novo reino inaugurado por Cristo. Procuramos
que para o pioneiro o Icthus seja símbolo de fé, mas também de
lógica e racionalidade assente na incarnação do Verbo de Deus,
na «materialização» de Deus em Cristo, pois fé e razão não se
contrapõem. Procuramos, com o Icthus, salientar o ACREDITAR
consciente.

Os Pioneiros podem ainda ser chamados a seguir o exemplo de


algumas figuras bíblicas e santos que serão também para eles
modelos de vida: S. João de Brito, Santa Teresinha do Menino
Jesus, Santa Catarina de Sena. E também o exemplo de gran-
des Pioneiros da História, como Leonardo daVinci. Pe. Antó-
nio Vieira, Einstein, Marie Curie, Florence Nightingale, Isadora
Duncan, etc.
31
Patrono dos Pioneiros
SÃO PEDRO
Havia em Betsaida, na margem norte do Lago de Tiberí-
ades, na Galileia, um pescador chamado Jonas em ara-
maico, e João em grego. Tinha dois filhos: Simão e An-
dré. Estes tinham recebido alguma instrução na sinagoga
onde aprenderam a Lei. Jovens associaram-se ao pai na
vida de pescadores. Simão casou e instalou-se na cidade
vizinha de Cafarnaum. Pelo ano 28 da nossa era, constou
que tinha aparecido um profeta das margens do Jordão,
era João Baptista, André e Simão foram escutá-lo e torna-
ram-se seus discípulos. No dia seguinte, André encontrou
o irmão Simão. Cheio de alegria confessou-lhe: - “ Encon-
trámos o Messias”!
E contou-lhe tudo o que se tinha passado com ele e João,
na véspera. Simão, naturalmente, ficou também desejoso
de se encontrar com Jesus. Então os dois foram à procura
desse homem extraordinário, de quem André dissera tan-
tas maravilhas. Quando finalmente O encontraram, Jesus
fixou o olhar em Simão e disse-lhe: - “Tu és Simão, filho
de João. Serás chamado Cefas, que quer dizer Pedro ou
Pedra…”
Simão tinha uma natureza ardente, muito recta; deixou-
se atrair pelo Mestre, seguiu-O pela Galileia e no decurso
dum banquete de casamento, em Caná, viu o seu primei-
ro milagre… Um dia mais tarde, na região de Cesareia de
Filipos, Jesus perguntou aos discípulos que O rodeavam:
- “E vós, quem dizeis vós que Eu sou”? Simão, tomando
a palavra, em nome de todos, respondeu com toda a sin-
ceridade: - “Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo.” Por isso
Jesus respondeu-lhe: - “Bem-aventurado és, Simão, filho
de João, porque o que acabas de afirmar não te foi reve-
lado pela carne nem pelo sangue, mas por meu Pai que
está nos céus. E Eu te digo que és Pedro, e sobre esta
pedra (que és tu) edificarei a minha igreja. E as portas do
inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves
do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na terra será tam-
bém ligado nos céus; e tudo o que desligares na terra será
igualmente desligado nos céus.” (Mt. 16)

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O PECADO DE S. PEDRO
Quando Jesus Cristo elegeu S. Pedro para ser Papa, sabia
que ele cometeria um grande pecado; e mesmo assim,
não escolheu outro apóstolo mais santo. Escolheu-o a ele!
Por isso, lhe disse: - “Simão! Simão! Olha que Satanás
anda trás de vós para vos joeirar como se faz ao trigo;
mas Eu roguei por ti, para que não pereças; e tu, quando
convertido, confirma os teus irmão na fé!”
- “Senhor – respondeu Pedro – eu estou disposto a ir con-
tigo para a prisão ou para a morte.” Mas Jesus assegurou-
lhe: - “Ó Pedro! Nesta mesma noite, antes que o galo can-
te, tu me negarás três vezes!” Mas Pedro apesar dos seus
protestos, esqueceu-se e, à voz de uma simples mulher
que o acusava de ser discípulo do Nazareno, jurou que
não O conhecia… Negou-O três vezes, e à terceira o galo
cantou. Então é que se recordou das palavras do Mestre.
Dando-se conta do seu pecado, chorou amargamente e
Jesus perdoou-lhe. Por causa da sua tripla negação, Je-
sus obrigou-o a fazer um triplo acto de amor: - “Simão,
filho de João, amas-me mais do que estes?”
- “Senhor, Tu sabes bem que Te amo” – repetiu Pedro com
grande humildade.

O PENTECOSTES
Quando Jesus subiu ao céu, deixou na terra pouco mais
de quinhentos discípulos. Estes, ao ver o que se tinha su-
cedido ao Mestre, estavam naturalmente assustados. Mas
aconteceu que, no dia do Pentecostes, estando os onze
reunidos em oração conjuntamente com a Santíssima Vir-
gem, sobreveio de repente um grande ruído, semelhante
a tremor de terra, e ao mesmo tempo apareceram umas
línguas de fogo que se repartiram sobre todos eles, e fica-
ram cheios do Espírito Santo. Então Pedro, como chefe e
superior da assembleia, apareceu na varanda e começou
a pregar com grande coragem.

OBEDECER ANTES A DEUS DO QUE AOS HOMENS


Os apóstolos continuavam a fazer muitos milagres e pro-
dígios no meio do povo. Todos os que estavam enfermos

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procuravam Pedro para que este os curasse. Alarmados
com tudo isto, os príncipes dos sacerdotes prenderam
Pedro e João. Mas de noite, o Anjo do Senhor abrindo as
portas, pô-los em liberdade e mandou-os voltar a pregar
no Templo. Então o sumo sacerdote disse-lhes: - “Então
não vos tínhamos formalmente proibido de voltar a ensi-
nar nesse nome?” Pedro respondeu: - “É verdade, mas é
preciso obedecer antes a Deus do que aos homens…”

OUTRA VEZ NA PRISÃO


Herodes mandou encarcerar Pedro e metê-lo na prisão.
Para dormir, fazia-o atado a vários soldados, para terem
a certeza de que não fugiria. O rei tinha pesado mandá-lo
matar depois da festa da Páscoa. Entretanto toda a Igre-
ja rezava incessantemente por ele. E aconteceu que, na
noite anterior à data em que Herodes pensava matá-lo,
enquanto dormiam, o Anjo do Senhor apareceu, tocou no
ombro de Pedro, acordou-o e logo as cadeias com que
estava preso aos soldados se soltaram e lhe caíram aos
pés. O Anjo disse-lhe: - “Pega na capa e segue-me!” Pe-
dro ia atrás do Anjo, mas não acreditava no que lhe estava
a acontecer. Julgava que era um sonho…

BISPO DE ROMA
Depois de confirmar na fé os irmãos de Jerusalém, Pedro
partiu para Roma, que era tida como a capital do mundo.
Foi Bispo de Roma pelo espaço de cerca de 25 anos, até
que morreu vítima do imperador Nero. Diz a tradição que,
ao recear a perseguição e sabendo os cristão do interesse
que o imperador tinha de encontrar o seu chefe, conven-
cidos da importância da sua vida para a Igreja, já conse-
guiram que saísse durante algum tempo para um lugar
menos perigoso. Mas quando Pedro se dispunha a sair da
cidade, eis que encontra inesperadamente o seu Senhor
e Mestre Jesus, que vem em direcção a Roma com uma
pesada cruz às costas. Pedro, ao vê-lO, humilde e confu-
so, apenas soube dizer: - “Para onde vais Senhor? Quo
vadis, Domine? O Salvador respondeu: - “Vou para Roma
para ser crucificado outra vez”. A visão desapareceu, mas

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Pedro compreendeu a lição: Aquela cruz que o Mestre tra-
zia era a sua própria cruz, que ele devia aceitar com toda
a coragem. Regressou rapidamente, decidido a continuar
em Roma e a aceitar o tormento ou a cruz que o Mestre
quisesse enviar-lhe.
DE CABEÇA PARA BAIXO
A polícia romana não tardou a prendê-lo. O imperador Nero
condenou-o ao suplício da cruz. Mas Pedro considerou que
era uma honra demasiada morrer como o seu Mestre. Por
isso, pediu para morrer de cabeça para baixo, o que lhe foi
concedido.

S. Pedro foi o Apóstolo escolhido por Cristo para presidir


à Igreja nascente, é tão importante quanto humilde. Foi
Deus quem quis tornar forte o que antes era fraco e, ape-
sar das limitações e debilidades humanas deste Apóstolo,
quis com ele empreender a obra grandiosa de construção
da Igreja de Cristo. Nesse sentido, S. Pedro é pioneiro de
um tempo novo, o tempo da vida «com Cristo», o tempo
das primeiras comunidades que partilharam os ensina-
mentos do Filho de Deus.

E se agora fosses tentar saber mais do Patrono do teu


Grupo Pioneiro?

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Vivência em Equipa
Já deves ter notado que a vivência da Equipa em que es-
tás integrado, tem muito a ver com o totem escolhido da
mesma. Nela todos os elementos têm um cargo espe-
cífico, pois só assim é possível que todas as tarefas se-
jam realizadas, sem que haja atropelos. Propõe assim a
definição de um cargo para ti, de modo a que sejas útil
ao conjunto, e desempenha-o o melhor que souberes. Se
tiveres dificuldade não tenhas vergonha de solicitar ajuda,
pois só assim poderás “crescer”. Procura pois impregnar-
te do espírito reinante na Equipa, para que não sejas mais
um elemento mas sim um deles. Deseja-se que possas
participar com a tua Equipa, num Empreendimento do
Grupo. Assim estarás presente em todas as suas fases,
começando por criarem um projecto, proceder à escolha
do melhor num Conselho de Grupo e depois toda a sua
preparação, onde de certo terás um papel importante a
desempenhar. Depois do empreendimento terás também
uma palavra na sua avaliação: o que gostaste mais, o que
não gostaste, o que foi interessante,… Por fim, com todo
o teu Grupo, estarás na festa, primeiro com Jesus para
agradecer aqueles momentos e depois em comunhão
com os outros Pioneiros que partilharam com alegria nas
aventuras que ocorreram.

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Áreas e Trilhos educativos
No caso dos Pioneiros, os nomes propostos para as etapas
de progresso são:
1.ª Conhecimento (aprofundado do Mundo)
2.ª Vontade (de mudar o Mundo)
3.ª Construção (de uma “nova Cidade”)
O Sistema de Progresso assenta em conhecimentos, com-
petências e atitudes, com base das 3 vertentes do saber: o
saber saber, o saber fazer e o saber ser.
No caso do CNE, pretende-se que a dinâmica de progresso
vá de encontro aos objectivos definidos para os trilhos e
estes para as áreas de desenvolvimento.
Progredir significará assim atingir objectivos, ao invés de
aumentar o nível de proficiência em conhecimentos, com-
petências e atitudes que o jovem já dominava.
Cada uma das 3 etapas será variável e compõem-se da
seguinte forma:
- Existem 6 áreas de desenvolvimento: afectivo, carácter,
espiritual, físico, intelectual e social.
- Cada área de desenvolvimento contém 3 trilhos educa-
tivos.
- Cada trilho educativo contém 2 ou mais objectivos edu-
cativos.
Cada Pioneiro constrói a sua etapa de progresso, selec-
cionando 1 trilho de cada uma das diferentes áreas de de-
senvolvimento.

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Acções Concretas para alcançar os Objectivos
Pois bem, chegou a altura de traçares o teu próprio
Sistema de Progresso, no final do teu Diário de Bordo irás
encontrar umas tabelas que têm os objectivos propostos
separados por trilhos e áreas de desenvolvimento. Nas
páginas seguintes (em branco) irás colocar as tabelas que
correspondem ao trilho de cada área que escolheste para
a tua primeira etapa: Conhecimento.
Após teres escolhido quais os objectivos que te propões
alcançar, define as acções concretas que te levarão a
cumprir estes objectivos. Pensa nelas e escreve-as nas
tabelas no espaço próprio.
Deves ter sempre em conta que o sistema de Progresso
assenta sempre em Conhecimentos, Competências e Ati-
tudes (CCA).

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O Meu Sistema de Progresso
Desprendimento

Reconhecimento pelo
Conselho de Guias

Quando e como surgiu o Escutismo e o CNE?

Como se organiza o CNE?

Quem foi Baden-Powell?

Conheces os Princípios, a Lei e a Oração do


Escuta?

Conheces o livro “Escutismo para Rapazes”?

Quem foi o Beato Nuno de Santa Maria?

Como se organizam os Pioneiros?

Quais são os Cargos dentro das Equipas de


Pioneiros?

Quais os Símbolos e qual a Mística dos Pioneiros?

Conheces o Patrono dos Pioneiros e o do teu Grupo


Pioneiro?

Já sabes trabalhar e viver em Equipa?

Já conheces as Áreas e os Trilhos que terás de


Escolher na tua Etapa do Conhecimento?

Já pensaste nas acções concretas que pretendes


levar a cabo na Etapa do Conhecimento?

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Caderno
Tabelas do Sistema de Progresso
«E, quando acabou de falar, disse a Simão:
Faz-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.
E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de
peixes, e rompia-se-lhes a rede.
E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante
serás pescador de homens.
E, levando os barcos para terra, deixaram tudo, e o
seguiram»
Lucas 5 - 4,6,10-11
Bibliografia
Manual do Pioneiro – Fase de Adesão / Etapa de Bronze
Corpo Nacional de Escutas
Outubro de 2007

Projecto Educativo dos Pioneiros/Marinheiros – Manual para


Dirigentes
Fase Piloto - RAP
Setembro de 2008

Mística e simbologia do CNE


Corpo Nacional de Escutas
Outubro de 2001

Manual do Dirigente nº 6 - Reler o Escutismo para Rapazes


Corpo Nacional de Escutas
Junho de 1995

Escutismo para Rapazes – Robert Baden-Powell


Corpo Nacional de Escutas
Fevereiro de 2004

Pequenas Histórias de Santidade – São Pedro Apóstolo


Paulus Editora
2005

São Pedro, Apóstolo – A. Codesal Martin


Editorial Missões
Dezembro de 2003

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