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3. Liberdade e os fundamentos da justiga ‘Comecemos com uma pardbola. Annapurna quer que alguém arrume jar dim de sua casa, que hi algum tempo esté sem cuidados, ¢ trés trabalhadores desempregados — Dinu, Bishanno ¢ Rogini —desejam muito esse trabalho, Ela podeempregar qualquer um deles,masa tarefaindivisivel,portanto Annapurna indo pode distribui-ta entre os trés. De qualquer um desses individuos la obteria praticamente o mesmo trabalho feito por praticamente 0 mesmo pagamento, ‘mas, sendo uma pessoa ponderada, ea gostaria de saber para qual dos trés seria maisacertado dar oservico, Hla deduz que, embora todos eles sejam pobres, Dinn é 0 mais pobre dos 1trés; todos concordam com esse fato. Iso faz com que Annapurna se sinta for- temente inclinada a dar o trabalho a Dinu (“O que pode ser mais importante do que ajudar os mais pobres?” ela se pergunta). Contudo, ela também deduz que Bishanno empobreceu hi pouco tempo ¢ «se encontra psicologicamente mais deprimido em razdo de seus reveses. Dinu ¢ Rogini,em contraste, tém uma longa experiéncia da pobreza eestao habituados a cla, Todos concordam que Bishanno € o mais infeliz dos trés ¢ certamente ganharia mais em felicidade do que os outros dois. sso faz com que a Anna~ urna agrade muito a idéia de dar o trabalho a Bishanno (“Sem dévida, eimi- nara infelicidade deve sena prioridade maxima’, diz a si mesma). n ‘Mas Annapurna também fica sabendo que Roginiesté debilitadaem razdo uma doenga erénica — suportada estoicamente— e poderia usar o dinhei- para livrar-se dessa terrivel moléstia. Ninguém nega que Rogini é menos 1re do que os outtos dois (ainda que certamenteseja pobre) nem que nao éa isinfeliz, pois suporta sua privagiocom grande Anime, acostumada —como '—a safter privagio a vida inteira (pois provém de uma familia pobre ¢ foi inada a acatar a creoga geral de que, sendo uma moga, ndo deve se queixar ‘er ambigao). Annapurna ica pensando que, no obstante, talvez fossecor- ‘dar o trabalho a Rogini (*Faria.a maior diferenga paraa qualidade de vidae a liberdade de nao estar doente”,elainfere). Annapurna reflete sobre o que realmente deveria fazer. Reconhece que, se esse apenas do fato de que Dinu € 0 mais pobre (e niio soubesse de mais ), decididamente optaria por daro trabalho a Dinu. Também pondera que, conhecesse apenas o fato de que Bishanno €0 mais infeliz e obteria o maior ‘com a oportunidade (¢ ndo soubesse de mais nada), teria excelentes para dar 0 wabalho a Bishanno, E percebe ainda que, se estivesse a par te do fato de que a doenca debilitante de Rogini poderia ser curada com iro que ela ganharia (e nio soubesse de mais nada), teria uma razao sim- ¢ decisiva para dar o trabalho a Rogini. Entretanto, Annapurna estéa par de sos trés fatos relevantes e precisa escolher entre os trésargumentos, tendo tum deles sua pertinéncia, Ha varias questdes interessantes de raciocinio pritico nesse exemplo sim- ‘mas 0 que desejo salientar aqui éo fato de que as diferen¢as nos principios idos se relacionam as informagdesespecificas que slo consideradas deci- Se todos 0s tr8s fatos forem conhecidos, a decisio dependerd dea qual das ‘05 mais discutidos e mais usados nas literaturas econdmica e ética, Apre- tareialgunsargumentos em defesa do terceiro. Por ora, porém,minha inten- cdo ébem modesta: apenas ilustrara importancia erucial das bases informacio- nais de principios concorrentes, Nadiscussioaseguir comentareisobre(1) aimportinciada base informa- cional parayjuizos avaliatorios ¢ (2) as questaes especificas referentes & adequa- ‘yao das bases informacionais de algumas teorias tradicionais de ética¢ justiga social, em particular o utilitarismo,o libertarismo ea teoria da justica de Rawls. Embora claramente haja muito a aprender com @ modo como a questio infor macional ¢tratada nessasimportantesabordagens da filosofia politica, também ‘© argumenta que cada uma das bases informacionais usadas — de modo expli- _4ito ou implicito — pelo utilitarismo, libertarismo ¢ justiga rawlsiana apresen- ta falhas graves se as liberdades substantivas individuais forem consideradas importantes. Esse diagnéstico motiva a discussao de uma abordagem alternati- ‘va daavaliagio que enfoca diretamente a liberdade, vista sob a forma de capaci- dades individuais para fazer coisas que uma pessoa com raze valoriza. esta tltima parte construtiva da anslise que sera utilizada intensivamen- ‘te no restante deste livro, Se 6 leitor nao tiver muito interesse pelas criticas a ‘outrasabordagens (e peas respectivas vantagens cdificuldades do utilitarismo, libertarismo cjustiga rawlsiana), no haverd nenhum problema em deixar de ler ‘ov discussoes criticas passar diretamentea ultima parte do capitulo, INFORMACOES INCLUIDAS £ EXCLUIDAS Em grande medida, cada abordagem avaliatéria pode ser caracterizada segundo sua base informacionak: as informagoes que sio necessirias para for- ‘mar jui2os usando essa abordagem e — no menos importante —as informa- sies que si “excluidas” de um papel avaliatorio direto nessa abordagem.’ As ‘exclusdes informacionais sio componentes importantes de uma abordagem avaliat6ria, Nao se permite que as informagbes excluidas tenham influéncia directa sobre os jizos avaliatérios e, embora isso muitas veres sea feito de um modo implicito,o cardter da abordagem pode ser fortemente influcnciado pela insensibilidade as informagies excluidas. Porexcmplo, os principios uilitaristas tem por base,em ultima aniliseape- nasas.utilidades e,embora osincentivos possim de fato serlevadosem conta em 74 © aspecto instrumental, no final a nica base considerada apropriada para a iio de estados de coisas ou para a avaliagio deagies ou regras sio asinfor- cs sobre utilidade, Na forma classica do utilitarismo, como desenvolvido ter um papel indireto apenas por meio de seus efeitos sobre os mimeros tives utlidade (ou seja, apenas na medida em que podem ter uma influen- sobreasatisfasio mental,0 prazcr ou a felicidad). Ademais,aestrutura agre- do utiitarismo nao tem interesse na efetiva distribuigdo das utilidades — sensibilidade para essa distribuicio — pois a concentracao se dé inteira- te sobre a utlidade toralde todos onsiderados em conjunto. Tudo isso pro- ona uma base informacional muito restrita,¢ essa insensibilidade generali- da constitui wma limitagdo significativa da ética utlitarista, Nas formas modernas do utilitarismo,a esséncia da “wrilidade”feeqdente ente é vista de outro modo: nao como prazer, satisfagSo ou felicidade, mas mo a satisfacso de um desejo ou algum tipo de representagio do comporta- ento de cscolha de uma pessoa.’ Tratarei em breve dessas distingdes,contudo © € dificil perceber que essa redefinigao de utilidade nao elimina, por si esina, a indiferenga as liberdades substantivas, direitos ¢ liberdades formais™ ‘caracteriza 0 utilitarisme em geral. liseussbes sobre o ibertarismo, para vitar armbighidades,aexpressio”liberdades formais” ‘wsada coano traducdo para liberties em contraposicioa freon que nesta discussie radusio como Iiberdades substantivas") Sen empregsliberien neste contexto,paraindicar os drcitosindividuais.ouscja.aliberdade que cada um tem de nio ser tllido noexer. desuas faculdades ou descusdiritos,exc:tomos casoscm que aleio determina:sio4s liber. seas basicas jo goeo 0 eidadio temo drt” deverassegurado por ribunaisodrghos isteatvos Sen bs vere as denomina liberdades procesuais" (procedural erties, para =F oquanto esa abordagerm enfatica os procedimentos que possiblitamaliberdade. Ee € podeliberdade que olibertarismo preconiza como usm fim ens, independentemente das con- éncis que cla poss acarzetat.O Hibetarismo éaitsado com freqaéncia de defender apenas na iguakiads formalde oporvanidades (sem fazer caso das"portunidades reais”) Os dircitos ue trata o libertarismo sio direitg formais.Tambérstradicionalmente o term filostico % O libertarismo, por sua vezsem contraste com ateori-ulitarista,ndo tem, interesse direto ns felicidade ou na satisfagio de desejos, e sua base informacio- nal consiste inteiramente em Liberdades formais e direitos de varios tipos. ‘Mesmo sem enveredar pelas formulas exatas que si empregadas respectiva- ‘mente pelo utilitarismo ou pelo libertarismo para caracterizar a justica, esti

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