Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Introdução
Nos anos 90, a educação de jovens e adultos, passou por mudanças significativas.1
Este trabalho constitui-se em um esforço de compreender e analisar estas mudanças, tendo
em vista a necessidade de redimensionamento da atual política adotada neste setor. Neste
sentido, apresenta alguns resultados de uma investigação desenvolvida no município de
Uberlândia – MG2, que visa compreender e analisar a trajetória histórica do Programa
Municipal de Erradicação do Analfabetismo – PMEA.
Esta investigação buscou analisar as políticas públicas de educação de jovens e
adultos desenvolvida nos anos 90 na rede municipal de Uberlândia, avaliando a
contribuição do PMEA para a escolarização e alfabetização de pessoas jovens e adultos.
Desta forma, recupera a trajetória histórica do PMEA, destacando suas continuidades e
rupturas, avanços e dificuldades, analisando, também os aspectos inovadores de sua
proposta político-pedagógica. Este estudo adotou como metodologia : a análise de dados
estatísticos e documentos institucionais, entrevistas orais e questionários. As entrevistas
foram realizadas, em 1998, com professores, supervisores pedagógicos, secretários de
educação, coordenadores e alunos do referido Programa.
Situando a exclusão educacional: o que dizem os números ?
Pelo censo realizado pelo IBGE em 1990, constatou-se que no município de
Uberlândia, das 252.725 pessoas de 15 anos ou mais, 21.490 eram considerados
1
Embora as discussões em torno da assembléia constituinte, a partir de
1986, tenham provocado uma grande mobilização nacional e que a Constituição de
1988 traga em seus preceitos a extensão do direito à educação, àqueles que não a
tiveram na idade apropriada, constata-se que a partir dos anos 90,a educação de
jovens e adultos, gradativamente, perde força como política pública, diminuindo a
sua participação nas ações governamentais. Desta forma, com a extinção da
Fundação Educar, este ensino passou por um processo de “municipalização induzida”
- expressão empregada por Di Pierro “para designar a transferência não- pactuada
e sem gradualismo- dos encargos relacionados à educação básica de jovens e
adultos para a esfera municipal de governo”(Di Pierro,1996,6) Em decorrência da
ausência de políticas por parte do Governo Federal, os municípios que tinham
melhores condições orçamentárias, acabaram sendo herdeiros das classes de
alfabetização oriundas dos convênios com a Fundação Educar
2
Este trabalho constitui-se nos resultados de um pesquisa de Mestrado,
desenvolvida na UFU, cujo tema são as políticas de educação de jovens e
1
RETORNA
5
Este programa insere-se numa visão pragmatista e de racionalidade fiscal
2
RETORNA
3
RETORNA
suficientes para equacionar problemas de monta como a exclusão educacional dos jovens e
adultos analfabetos.
Contatou-se que ao longo do período, seu atendimento passou por grandes
oscilações, refletindo assim, o descompromisso em relação a este ensino. Como afirma uma
supervisora do PMEA , trata-se de “um projeto político, que acontece só porque a
secretária quer” ou “quem garante que o ano que vem, ou daqui dois, três anos tenha?(...)
Há cinco anos que trabalho e sempre a cada ano que se passa, quando chegamos ao final
do ano temos uma expectativa. Principalmente em mudança de governo”. Estes
depoimentos, corroboram a ausência de políticas de Estado, neste âmbito, predominando
assim, políticas de governo, que configuram, no dizer de Cunha (1995) um ziguezague
educacional. Para este autor há duas implicações desta política, tanto impossibilitam uma
avaliação das políticas educacionais, como as sucessivas mudanças e voltas a estaca zero,
geram no magistério um “ceticismo diante de qualquer inovação.”(Cunha,1995,12)
Até meados de 1995, atuavam no programa estudantes universitários das diversas
licenciaturas da UFU(Universidade Federal de Uberlândia) e FIT(Faculdades Integradas do
Triângulos. A partir de 1996, o PMEA passou a atuar, prioritariamente com professores
oriundos da rede municipal de ensino, através de dobra de 14 horas semanais, acrescida ao
seu cargo.8 Os poucos estagiários contratados eram pagos diretamente pelas empresas ou
associações empresariais. O trabalho voluntário foi adotado em algumas associações,
instituições filantrópicas e igrejas, demonstrando o envolvimento da sociedade civil, em
função do progressivo esvaziamento do Estado.
Com relação ao envolvimento entre empresas, entidades filantrópicas, associações
comunitárias com a Secretaria Municipal de Educação na criação e desenvolvimento do
Programa, contatou-se que ao mesmo que tempo que houve uma abertura para que pessoas
excluídas pudessem ter acesso à escolarização – como no caso dos idosos atendidos no
CEAI(Centro de Atendimento ao Idoso) e os trabalhadores da construção civil – há no
8
Com a promulgação da Lei 9424, em dezembro de 1996, a Secretaria Municipal de
Educação estabeleceu como exigência básica para a dobra de cargo que os
professores do PMEA, necessariamente, tinham que atuar com educação infantil.
Esta exigência, relaciona-se à norma estipulada no “fundão”, que estabelece que
nenhuma verba destinada ao ensino fundamental, pode ser usada no pagamento de
professores de outro nível de ensino. Segundo depoimentos de supervisores, os
professores oriundos da educação infantil quando iniciam o trabalho no PMEA,
possuem pouca ou nenhuma experiência com alfabetização de jovens e adultos. Desta
forma, estes necessitam de um acompanhamento mais intenso do corpo pedagógico.
4
RETORNA
5
RETORNA
como assinala Beisiegel (1996) não pode ser remetida para o mercado ou economia, mas
deve ser situada como um direito da cidadania contemporânea.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6
RETORNA
Anexo 1
Quadros
Quadro I -Pessoas de 10 anos ou mais por grupos de anos de estudo- Uberlândia
Anos de Estudo Total %
Sem instrução ou menos de 1 ano 23.718 8,1
de estudo
1 a 3 anos de estudo 55.992 19,2
4 a 7 anos de estudo 116.192 39,9
8 a 10 anos de estudo 42.176 14,5
11 a 14 anos de estudo 38.137 13
15 anos ou mais de estudo 14.897 5,1
Não-determinados 137 0.05
Total 291.249 100
7
RETORNA
Anexo 2