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Documento de Posicionamento - Plataforma Portuguesa das ONGD

O papel das ONGD na Integração das Alterações Climáticas


na Cooperação para o Desenvolvimento1
Janeiro 2010

Este documento foi elaborado na sequência da participação da Plataforma Portuguesa das ONGD na
COP15, em Copenhaga (Dezembro 2009) e tem por objectivo contribuir para um papel activo das
Organizações Não Governamentais de Desenvolvimento (ONGD) no combate às alterações climáticas.

Contexto
Alterações Climática: muito mais do que uma questão ambiental
Se durante algum tempo o tema das alterações climáticas foi visto como uma questão
ambiental, actualmente é claro que se trata de uma ameaça global ao
desenvolvimento humano, com impactos económicos, sociais e ambientais.
Esta ameaça é particularmente penalizadora para os países em vias de
desenvolvimento (PVD), apesar destes contribuírem muito pouco para a situação
actual face ao seu limitado volume de emissões de CO2. Tal como reiterado pela OCDE
(2006), os PVD são particularmente vulneráveis a esta ameaça dada a sua limitada
capacidade de resposta para promover a adaptação a esta realidade (capacidade
adaptativa), a dependência dos mais pobres face aos recursos naturais que será posta
em risco pelas consequências das alterações climáticas (e.g. escassez de água,
regressão das florestas, degradação do solo, etc.) e a magnitude dos impactes
esperados, tendo em conta as previsões regionais do IPCC (2007).
Os pequenos estados insulares estão na linha da frente dos que registarão os impactos
das alterações climáticas. Países como as Maurícias perderão parte significativa do seu
território caso o aumento previsto da temperatura média mundial atinja os 2ºC, o que
implicará a deslocação das populações e a destruição de diversos ecossistemas,
essenciais ao equilíbrio e à economia local.
Assim, o combate às alterações climáticas não deve ser abordado apenas do ponto
de vista “estritamente ambiental”, mas deve ser alvo de uma actuação social,
económica e ambiental que permita de facto garantir uma oportunidade para um
desenvolvimento sustentável das populações.
A Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (CQNUAC)
lançou uma primeira geração de acções (ex. Programas Nacionais de Acção para a
Adaptação - PNAA) e mecanismos (ex. transferência tecnológica e mecanismo de
desenvolvimento limpo, no âmbito do Protocolo de Quioto) de adaptação e mitigação
às alterações climáticas. O Acordo de Copenhaga (2009) reitera a urgência da

1
Elaborado com a colaboração de João Rabaça e Sara Dourado (TESE)

1
Documento de Posicionamento - Plataforma Portuguesa das ONGD: O papel das ONGD na Integração
das Alterações Climáticas na Cooperação para o Desenvolvimento

actuação, dando particular relevo ao impacto nos PVD e propõe a criação de novos
mecanismos financeiros. Persiste, também, um extenso debate sobre como potenciar
os mecanismos já criados, nomeadamente os que pretendem a redução de emissões
de CO2, evitar a desflorestação ou promover um desenvolvimento limpo, de modo a
que possam ter um impacto mais efectivo nos PVD.2
No seu conjunto, as ONGD portugueses têm hoje uma actuação bastante significativa
em muitos dos países em vias de desenvolvimento que registarão impactos
significativos das alterações climáticas, inclusive em Estados insulares como Cabo
Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-leste3. Esta actuação contribui com um manancial
relevante de experiência e capacidade directa de implementação em diversas áreas
incluindo algumas das mais relevantes no contexto do combate às alterações
climáticas, como por exemplo a segurança alimentar, o desenvolvimento rural, a
saúde, o acesso a água saneamento e energia ou a capacitação técnica.

Problema
A dimensão e urgência do desafio obriga a mais e melhor mobilização
A dimensão global da ameaça das alterações climáticas, bem como a sua
complexidade, e até urgência, obriga a uma mobilização de todos os actores do
desenvolvimento, nomeadamente nos PVD. No entanto, as ONGD portuguesas têm
estado afastadas de intervenções na área da cooperação para o desenvolvimento que
assumam como objectivo – principal ou adicional, a adaptação às ou mitigação das
alterações climáticas nos países beneficiários. Tal constitui um desperdício, dada a
presença, experiência e capacidade de intervenção que várias ONGD portuguesas têm,
tanto directamente junto das comunidades, como junto das entidades oficiais; mas,
também, dada a sobreposição que muitas vezes se verifica entre projectos familiares
aos agentes da cooperação para o desenvolvimento e projectos que visam
especificamente a adaptação às alterações climáticas.

Solução
ONGD na mitigação e adaptação às alterações climáticas
Se não é certo que seja possível anular todos os impactos negativos que poderão advir
das alterações climáticas, em particular nos PVD, é viável promover a sua adaptação.
Muitos países têm já Programas Nacionais de Acção para a Adaptação (PNAA) que
estabelecem as acções prioritárias (ver tabela 1).
Tabela 1. Exemplos de alguns dos projectos identificados nos PNAA

2
Este documento não pretende ser uma análise detalhada das políticas e mecanismos, mas antes
apresentar informação essencial ao objectivo deste briefing. Ver também as referências finais.
3
Estes três países são membros da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (sigla em Inglês, OASIS) que
actua a como um grupo ad-hoc no sistema das Nações Unidas exercendo lobby e apoiando negociações
que defendam os interesses destes estados.

2
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das Alterações Climáticas na Cooperação para o Desenvolvimento

PAIS Projecto (em inglês no original)

Cabo Verde • Projecto de Mobilização e Gestão Integrada dos recursos Hídricos


• Modernização e diversificação da produção agrícola para melhoria da segurança
alimentar
• Protecção Integrada e gestão de zonas costeiras

São Tomé e • Capacitação e equipamento dos pescadores artesanais


Príncipe • Gestão Sustentável de recursos Florestais
• Reforço e diversificação da produção agrícola
Guiné-Bissau • Apoio à diversificação da produção e dieta alimentar
• Projecto de Promoção da pequena irrigação nos rios Geba e Corubal
• Projecto de educação e comunicação ambiental em zonas costeiras

Moçambique • Capacitação de produtores agrícolas para lidar com as alterações climáticas.


• Redução do impacto das alterações climáticas nas zonas costeiras
• Gestão dos recursos hídricos no contexto das alterações climáticas
Fonte: www.unfccc.int

A promoção de um modelo de desenvolvimento de reduzida emissão de carbono nos


PVD pode contribuir de forma significativa para atingir os ODM de uma forma
sustentável, e em paralelo contribuir para desacelerar o processo de alterações
climáticas (ver caixa 1).

CAIXA 1. “Pro-poor Low Cabon Development (LCD)”


O Institute of Development Studies (2009) sugere que os países têm agora a oportunidade de rever as
suas políticas de desenvolvimento incorporando um mix de 4 tipos principais de LCD, de acordo com a
realidade e os planos nacionais, bem como os recursos disponíveis:
1. Economia verde (Green Economy): Enfoque no lado da produção da economia e no modo como
os produtos e serviços pode ser produzido com menores emissões. Visa desassociar o
crescimento económico do aumento das emissões de carbono (i.e. reduzir as emissões e
aumentar o PIB).
2. Estilos de vida verdes (Green lifestyles): Enfoque no lado do consumo de uma economia em
crescimento e na capacidade do consumidor para reduzir as emissões consumindo produtos
“amigos do clima”. Implica mudanças do estilo de vida e mudanças comportamentais e
igualmente conduz à dissociação do crescimento económico e do aumento das emissões de
carbono.
3. Economia do equilíbrio (Equilibrium economy): Enfoque no lado da produção da economia e visa
o desenvolvimento e não tanto o crescimento. Não pressupõe uma dissociação entre
crescimento económico e emissões, dado que o crescimento é neutro em carbono (i.e. reduzir
as emissões e manter e manter o PIB estável)
4. Coexistência com natureza (Coexistence with nature): Enfoque no lado do consumo de uma
economia e visa o desenvolvimento e não tanto o crescimento. Não pressupõe uma dissociação
entre crescimento económico e emissões, dado que o crescimento é neutro em carbono (i.e.
reduzir as emissões e manter e manter o PIB estável)
Fonte: IDS, 2009, After 2015: Pro-poor Low Cabon Development, IDS in Focus Policy Briefing.

3
Documento de Posicionamento - Plataforma Portuguesa das ONGD: O papel das ONGD na Integração
das Alterações Climáticas na Cooperação para o Desenvolvimento

A promoção da transferência de tecnologia é outra área que pode contribuir para


aumentar a resiliência nos PVD, nomeadamente num contexto de um modelo de
desenvolvimento de reduzida emissão de carbono.
Se é certo que a implementação destas medidas, desde a definição das prioridades aos
modelos de desenvolvimento, terá de ser liderada pelos Estados beneficiários, contará
também com o apoio dos seus parceiros de desenvolvimento. Assim, as NU, a UE e
outras agências multilaterais e bilaterais, preparam-se para disponibilizar apoios
financeiros e técnicos. O Governo Português assumiu em Copenhaga o compromisso
de contribuir para este esforço, em particular para apoio aos países Lusófonos. De
acordo com o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação “uma
parte irá para o Fundo Português de Carbono (FPC), também usado privilegiadamente
nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), e a maior parte para a
cooperação para o desenvolvimento” estabelecendo-se o combate às alterações
climáticas como uma "nova área de trabalho" para a cooperação portuguesa 4.
De igual modo as ONGD (portuguesas), como parceiros de desenvolvimento dos PVD
com experiência e capacidade efectiva de actuação, devem assumir um papel efectivo
na adaptação às e mitigação das alterações climáticas. Tal pode ocorrer de diversas
formas, nomeadamente:

• Reforço da temática das alterações climáticas nos projectos em curso,


promovendo sinergias e impactos adicionais.
• Participação/promoção de projectos prioritários para a adaptação dos países
em áreas como a segurança alimentar, desenvolvimento rural, reflorestação,
saúde, acesso a água, saneamento e energia, etc.
• Apoio à implementação de modelos de desenvolvimento com reduzidas
emissões de carbono.
• Apoio a iniciativas de transferência de tecnologia, de acordo com as prioridades
e apropriabilidade ao contexto local.
• Apoio ao reforço da capacitação das entidades locais, com vista a aumentar a
capacidade de resposta e eficácia das acções a nível nacional.
• Incorporação na lógica de intervenção de mecanismos de redução das emissões
de carbono e activos de carbono, através do mercado obrigatório ou voluntário.
Estas actuações permitem concretizar as sinergias entre a promoção dos Objectivos
de Desenvolvimento do Milénio e o Combate às Alterações Climáticas.
Outros agentes como Universidades, sector privado, sector público, ONGA, etc. podem
também ser mobilizados enquanto agentes desta mudança, fazendo valer as suas
competências e áreas de actuação.

4
Comunicação da Agência Lusa de 5 de Janeiro de 2010.

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Documento de Posicionamento - Plataforma Portuguesa das ONGD: O papel das ONGD na Integração
das Alterações Climáticas na Cooperação para o Desenvolvimento

Algumas referências relevantes


European Commission, 2009, Stepping up international climate finance: A European
blueprint for the Copenhagen deal, Communication from the Commission to the
European Parliament, the Council, the European Economic and Social Committee
and the Committee of the regions, Brussels, COM(2009) 475/3
Institute of Development Studies, 2009, After 2015: Pro-poor Low Carbon
Development, IDS in Focus Policy Briefing 9.14.
OCDE, 2006, Declaration on Integrating Climate Change Adaptation into Development
Co-operation, Adoptada pelos ministros do ambiente e do desenvolvimento dos
Estados membros da OCDE.
Ockwell, D., Watrson, J., Verbeken, A., Mallett, A. and Mackerron, G., 2009, A Blueprint
for post-2012 technology transfer to developing countries, Sussex Energy Group,
Policy Briefing, University of Sussex.
IPCC, 2007, Contribution of Working Group II to the Fourth Assessment Report of the
Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007, M.L. Parry, O.F. Canziani, J.P.
Palutikof, P.J. van der Linden and C.E. Hanson (eds) Cambridge University Press,
Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA.
www.unfccc.int, United Nations Framework Convention on Climate Change
www.sidsnet.org, The Alliance of Small Island States (AOSIS)
www.cop.dk, Copenhagen Accord

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