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AULAS 5 E 6
PRISÕES CAUTELARES
PRINCÍPIOS
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3. PRESUNÇÃO DE NÃO-CULPABILIDADE
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O “dever de proteção penal” impõe ao Estado a obrigação de “zelar, inclusive preven-
tivamente, pela proteção dos direitos fundamentais dos indivíduos não somente con-
tra os poderes públicos, mas também contra agressões provindas de particulares e até
mesmo de outros Estados” (SARLET)
Será tanto ilegítima a omissão estatal do dever de proteção da sociedade, por atuação
insuficiente dos seus órgãos repressivos, quanto o excesso eventualmente cometido
em desfavor do imputado, ao argumento de ser devida a proteção penal efetiva de
toda a coletividade.
Assim, ao lado do garantismo negativo, que se traduz na proibição de excesso dos -
órgãos e agentes estatais em relação ao indivíduo a quem se imputa a prática de
infração penal, fala-se, como contraponto, em garantismo positivo, identificado com a
proibição de proteção insuficiente de toda a coletividade, pelo mesmo Estado (-
STRECK)
5. EXCEPCIONALIDADE
Regras Mínimas das Nações Unidas sobre as Medidas Não-Privativas de Liberdade
(Regras de Tóquio): “A prisão preventiva deve ser uma medida de último recurso nos
procedimentos penais, tendo devidamente em conta o inquérito sobre a presumível
infração e a proteção da sociedade e da vítima.” (artigo 6.1)
6. LEGALIDADE E JURISDICIONALIDADE
Reserva legal e Reserva de jurisdição
Art. 5º, inciso LXI: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita
e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo em casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”.
7. PROVISORIEDADE
É decisão tomada rebus sic stantibus, pois está sempre sujeita à nova verificação de
seu cabimento, quer para eventual revogação, quando cessada a causa ou motivo que
a justificou, quer para sua substituição por medida menos gravosa, na hipótese em
que seja esta última tão idônea para alcançar o mesmo objetivo daquela.
“O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões
que a justifiquem” (art. 317 CPP)
8. MOTIVAÇÃO
“Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamenta-
das todas as decisões, sob pena de nulidade...” (art. 93, IX, da Constituição Federal)
O juiz deve se pronunciar sobre qual a norma aplicável ao caso (quaestio iuris) e sobre
como os fatos se apresentam (quaestio facti), fazendo, em seguida, a conexão
concreta entre os fatos e a norma.
“O juiz deve ainda mencionar de maneira clara e precisa os fatos que o levam a consi-
derar necessária a prisão para garantir a ordem pública ou para assegurar a instrução
criminal ou a aplicação da lei penal substantiva. Não basta de maneira alguma, não é
fundamentação, frauda a finalidade da lei e ilude as garantias da liberdade o fato de o
juiz dizer apenas: “considerando que a prisão é necessária para a garantia da ordem
pública ...” ou então “a prova dos autos revela que a prisão é conveniente para a ins-
trução criminal ...”. Fórmulas como essas são a mais rematada expressão da prepo-
tência, do arbítrio e da opressão. Revelam displicência, tirania ou ignorância, pois
além de tudo envolvem petição de princípio: com elas o juiz toma por base exatamen-
te aquilo que deveria demonstrar”. HELIO TORNAGHI
9. PROPORCIONALIDADE
“...uma lei restritiva, mesmo adequada e necessária, pode ser inconstitucional, quan-
do adote ‘cargas coativas’ de direitos, liberdades e garantias ‘desmedidas’, ‘desajusta-
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das’, ‘excessivas’ ou ‘desproporcionadas’ em relação aos resultados obtidos”
(...).CANOTILHO
ADEQUAÇÃO OU IDONEIDADE: uma medida cautelar qualquer somente se legitima
quando seja capaz de produzir o resultado esperado, isto é, quando mostrar-se eficaz,
adequada, idônea para proteger o direito que se encontra ameaçado na situação con-
creta.
NECESSIDADE, SUBSIDIARIEDADE OU PROIBIÇÃO DE EXCESSO: Uma medida será
então exigível ou necessária quando não for possível outro meio igualmente eficaz,
mas menos ‘coativo’, relativamente aos direitos restringidos
PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO : somente se mostrará legítima a prisão
cautelar quando o sacrifício da liberdade do investigado ou acusado for razoável (ante
os juízos de idoneidade e necessidade da cautela) e proporcional (em termos compa-
rativos) à gravidade do crime e às respectivas sanções que previsivelmente venham a
ser impostas ao sujeito passivo da medida.
Código de Processo Penal de Portugal (1987):
Artigo 193º. Princípio de adequação e proporcionalidade
1 – As medidas de coação e de garantia patrimonial a aplicar em concreto devem ser
adequadas às exigências cautelares que o caso requerer e proporcionais à gravidade
do crime e às sanções que previsivelmente venham a ser aplicadas.
2 – A prisão preventiva só pode ser aplicada quando se revelarem inadequadas ou
insuficientes as outras medidas de coação.
10. DURAÇÃO RAZOÁVEL DA PRISÃO
“A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação” (inciso LXXVIII, do
art. 5º, da CF).
A Corte Européia de Direitos Humanos estabeleceu os seguintes critérios para aferir a
razoabilidade ou irrazoabilidade do prazo de duração do processo e, com maior razão,
da cautela pessoal: (a) as circunstâncias particulares de cada caso e a complexidade
do litígio; (b) a conduta processual das partes ou, mais proximamente, do acusado; (c)
a conduta das autoridades responsáveis pela condução do processo, sejam elas admi-
nistrativas ou judiciais.
11. INICIATIVA DA PARTE
Somente em relação à prisão temporária há vedação à decretação da cautela sem
provocação da parte legitimada: “a prisão temporária será decretada pelo Juiz, em
face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público,
...” (art. 2o da Lei 7.960/89).
Tratando-se de prisão preventiva, a regra do art. 311 do CPP é permissiva: “em qual-
quer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou do querelante,
ou mediante representação da autoridade policial”.
12. BILATERALIDADE DE AUDIÊNCIA
Portanto, para que qualquer prisão cautelar seja compatível com O Estado Democrático de Direito, que se ocupa
de proteger tanto a liberdade quanto a segurança e a paz públicas, é necessário que:
1º a decretação e a manutenção da prisão cautelar, para preservar a presunção de não-culpabilidade do
indivíduo e a sua dignidade, sejam decorrentes de uma concreta (e não presumida) necessidade, indicada em
decisão judicial suficientemente motivada;
2º seu uso seja limitado às hipóteses previstas em lei, interpretadas de forma restrita (favor libertatis) e em
caráter excepcional, sem que exista medida menos gravosa para atingir o mesmo objetivo (proibição de excesso);
3º a medida seja idônea a atingir o fim almejado;
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4º o sacrifício da liberdade seja proporcional (stricto sensu) ao interesse coletivo ou bem jurídico protegido
pelo Estado.
I. PRISÃO EM FLAGRANTE
1. MODALIDADES - art. 302
1. próprio (I e II)
2. impróprio, ou quase-flagrante (inc. III) - perseguição definida no art. 290, par. 1º
3. presumido ou ficto (inc. IV)
a) crime permanente (ex. do art. 12 da L. 6368/76)
b) crime habitual (casa de prostituição, rufianismo etc)
c) concussão e corrupção
d) crime impossível por obra do agente provocador (Sum. 145 STF)
d.1. flagrante preparado;
d.2. flagrante esperado;
d.3. flagrante retardado (art. 2º, II, L. 9034/95)
d.4. flagrante forjado
e) crimes de ação penal privada e pública condicionada à representação
II. FORMALIDADES
a) condutor e testemunhas (duas, no mínimo, incluindo o condutor), vítima e conduzido
b) não havendo testemunhas, duas de apresentação
c) testemunhas de leitura (quando o autuado não souber, não quiser ou não puder assinar o auto)
d) nota de culpa em 24 horas (art. 306)
e) lavratura imediata, tão logo possível
f) prisão em outra comarca, em perseguição - 308 c/c290
g) comunicação imediata ao MP (art. 10 LC 75/93) ao juiz (24 hs – art. 306, § 1º) e, à família ou pessoa indicada
(5º, LXII CF)
h) cópia integral do auto flagrancial à Defensoria Pública (art. 306, § 1º CPP), se não indicado advogado.
i) prisão em flagrante de crime cometido na presença de autoridade (art. 307)
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g) separação dos presos condenados - 300 CPP
h) prisão especial – 295
II - PRISÃO PREVENTIVA
Somente se tem como válida a prisão preventiva para garantia da ordem pública (com argumentação que
mais se aproxima da idéia de periculum libertatis) para:
a) a prevenção de novos crimes, em face da folha penal do réu, cuja análise concreta indica a probabilidade
de reiteração criminosa.
b) a prevenção de novos crimes, ante a periculosidade do réu, manifestada na forma de execução do crime,
ou no seu comportamento, anterior ou posterior à prática ilícita.
IV. INICIATIVA
a) de ofício
b) a requerimento do MP ou querelante
c) sob representação da autoridade policial
V. RECURSOS
a) contra a decretação – HC, 648, I
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b) contra a revogação – RSE 581, V (possibilidade de Mandado de Segurança, pelo Ministério Público)
c) contra o indeferimento – RSE, 581, V
OBS:
a) Trata-se de decisão tomada rebus sic stantibus, não precluindo o reexame do pedido (316 CPP)
b) Fundamentação (art. 93, IX CF e 315 CPP). Possibilidade ou não de convalidação posterior, nas
informações do Habeas Corpus; Fundamentação copiada.
c) Apresentação espontânea não impede preventiva (art. 317 CPP)
d) Não cabe preventiva se as provas indicam excludente de ilicitude ou sentença absolutória (art. 314 CPP)
e) Possível nova prisão, salvo se a liberdade foi concedida por excesso de prazo. Além disso, mesmo com a
vedação à liberdade provisória, relativamente aos crimes hediondos, havendo excesso de prazo deve ser relaxada a
cautela (Súmula 697 STF).
f) Restabelecimento da prisão depende de nova fundamentação, após provido recurso contra absolvição do
réu em processo no qual se mantinha a prisão.
*Com a reforma do CPP, não mais se há de aceitar a prisão como efeito da sentença condenatória ou da
decisão de pronúncia. Com a revogação do artigo 594 e com a nova redação dada ao artigo 408, temos:
NA PRONÚNCIA:
NA SENTENÇA CONDENATÓRIA:
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Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de
prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser
interposta.
obs:
3. A partir de decisões do STJ (6ª Turma, ex: RHC 2898/PE 6ª T., Rel. Adhemar Maciel, JU 11.10.93),
disseminou-se jurisprudência nos tribunais superiores no sentido de que mesmo em se tratando de crime
hediondo, ou mesmo que haja maus antecedentes, a prisão decorrente da sentença penal condenatória recorrível
há de ser fundamentada na sua necessidade (à luz do art. 312 do CPP). Ex. RHC 7617/SP DJU 28/9/98 - Rel. Min.
Cernicchiaro).
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ILEGALIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA 691 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
MANDADO DE PRISÃO EXPEDIDO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA
CONDENATÓRIA QUE CONCEDEU AO RÉU O DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE.
REFORMATIO IN PEJUS PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL. PRECEDENTES. ORDEM
CONCEDIDA. 1. O Supremo Tribunal Federal tem admitido, em sua jurisprudência, a
impetração da ação de habeas corpus, quando, excepcionalmente, se comprovar
flagrante ilegalidade, devidamente demonstrada nos autos, a recomendar o
temperamento na aplicação da súmula. Precedentes. 2. Configura-se reformatio in pejus
decisão de Tribunal de Justiça que, ao negar provimento à apelação da defesa,
determina a expedição de mandados de prisão contra o recorrente, quando a sentença
condenatória lhe havia concedido o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em
julgado da decisão. Precedentes. A prisão justifica-se, exclusivamente, quando for o
caso de objetiva necessidade de prisão cautelar, nos termos previstos no art. 312 do
Código de Processo Penal. 3. Habeas corpus concedido para que o Paciente permaneça
em liberdade até o trânsito em julgado da sentença condenatória (HC 90077 / PR
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA - Primeira Turma -DJ 13-04-2007, p. 103)
5. PRISÃO CIVIL do alienante fiduciário O STJ, em decisão da Corte Especial (Informativo do STJ nº
17, de 3 a 7 de maio de 1999), no EREsp 149.518-GO, julgado em 5/5/99, por unanimidade, entendeu que NÃO
CABE A PRISÃO CIVIL do DEVEDOR ALIENANTE (Decreto-Lei n º 911/69). Somente há prisão civil por a)
DÍVIDA ALIMENTAR e b) DEPOSITÁRIO INFIEL, conforme art. 5º, inc. LXVII da CF. O STF, a partir de
2006, vem adotando esse entendimento: “EMENTA: Habeas Corpus. 1. (...) No julgamento do
RE nº 466.343/SP, Rel. Min. Cezar Peluso, que se iniciou na sessão de
22.11.2006, esta Corte, por maioria que já conta com sete votos, acenou para a
possibilidade do reconhecimento da inconstitucionalidade da prisão civil do
alienante fiduciário e do depositário infiel. 4. Superação da Súmula nº 691/STF
em face da configuração de patente constrangimento ilegal, com deferimento do
pedido de medida liminar, em ordem a assegurar, ao paciente, o direito de
permanecer em liberdade até a apreciação do mérito do HC nº 68.584/SP pelo
Superior Tribunal de Justiça. 5. Considerada a plausibilidade da orientação que
está a se firmar perante o Plenário deste STF - a qual já conta com 7 votos -
ordem deferida para que sejam mantidos os efeitos da medida liminar. (HC
90172/SP – Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 17-08-2007 p.
91)
1ª FASE preservacionista literal art. 393, 594, 595, 408, §§, 585, CPP; art. 35 da L. 6.368/76 → basta a
verificação dos requisitos expressos na norma, independentemente da verificação da periculosidade do réu ou
necessidade da prisão, que é presumida pelo legislador. Exemplo:
PENAL. REU. APELAÇÃO EM LIBERDADE. MAUS ANTECEDENTES. NÃO TEM DIREITO DE
APELAR EM LIBERDADE O REU QUE REGISTRA MAUS ANTECEDENTES, BEM ASSIM
DIFICULTOU A NORMALIDADE DO CURSO PROCESSUAL. RECURSO DESPROVIDO. STJ –
RHC 331/SP - 6ª Turma DJ 20.11.1989 p. 17302)
2ª FASE preservacionista garantidora todos esses dispositivos devem ser interpretados sob a ótica do
juízo de necessidade, com o auxílio do art. 312 do CPP, único meio de manter o caráter cautelar da prisão,
preservando-se, assim, intocada a garantia da presunção de não culpabilidade. É o que fez, expressamente, o
legislador no tocante aos crimes contra o sistema financeiro, pois a Lei nº 7.492/86 prevê, em seu art. 31 que o réu
“não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes,
se estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva” Exemplo:
(...) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de
reconhecer que a prisão decorrente de sentença condenatória meramente
recorrível não transgride o princípio constitucional da não-culpabilidade, desde
que a privação da liberdade do sentenciado - satisfeitos os requisitos de
cautelaridade que lhe são inerentes - encontre fundamento em situação
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evidenciadora da real necessidade de sua adoção. Precedentes. - A Convenção
Americana sobre Direitos Humanos não assegura, de modo irrestrito, ao
condenado, o direito de (sempre) recorrer em liberdade, pois o Pacto de São José
da Costa Rica, em tema de proteção ao "status libertatis" do réu, estabelece, em
seu Artigo 7º, nº 2, que "Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo
pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas Constituições políticas
dos Estados-Partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas", admitindo,
desse modo, a possibilidade de cada sistema jurídico nacional instituir os casos
em que se legitimará, ou não, a privação cautelar da liberdade de locomoção
física do réu ou do condenado. Precedentes. - O Supremo Tribunal Federal -
embora admitindo a convivência entre os diversos instrumentos de tutela
cautelar penal postos à disposição do Poder Público, de um lado, e a presunção
constitucional de não-culpabilidade (CF, art. 5º, LVII) e o Pacto de São José da
Costa Rica (Artigo 7º, nº 2), de outro - tem advertido sobre a necessidade de
estrita observância, pelos órgãos judiciários competentes, de determinadas
exigências, em especial a demonstração - apoiada em decisão impregnada de
fundamentação substancial - que evidencie a imprescindibilidade, em cada
situação ocorrente, da adoção da medida constritiva do "status libertatis" do
indiciado/réu, sob pena de caracterização de ilegalidade ou de abuso de poder na
decretação da prisão meramente processual. PRISÃO CAUTELAR - CARÁTER
EXCEPCIONAL. - A privação cautelar da liberdade individual reveste-se de caráter
excepcional, somente devendo ser decretada em situações de absoluta
necessidade. A prisão processual, para legitimar-se em face de nosso sistema
jurídico, impõe - além da satisfação dos pressupostos a que se refere o art. 312
do CPP (prova da existência material do crime e indício suficiente de autoria) -
que se evidenciem, com fundamento em base empírica idônea, razões
justificadoras da imprescindibilidade dessa extraordinária medida cautelar de
privação da liberdade do indiciado ou do réu. - A questão da decretabilidade da
prisão cautelar. Possibilidade excepcional, desde que satisfeitos os requisitos
mencionados no art. 312 do CPP. Necessidade da verificação concreta, em cada
caso, da imprescindibilidade da adoção dessa medida extraordinária. Doutrina.
Precedentes” ( HC 89754 / BA, Rel. Min. Celso de Mello - Segunda Turma DJ 27-
04-2007 p. 106)
3ª FASE não preservacionista os artigos acima citados não foram recepcionados pela Constituição,
porque:
1º violam o direito ao duplo grau de jurisdição (art. 8º, 2, h do Pacto de San Jose - CACH), que é expressão
do devido processo legal (art. 5º, inc. LIV)
2º impedem o exercício da ampla defesa (recursos a ela inerentes) - art. 5º inc. LV
3º desconsideram o princípio da presunção de inocência, já que tratam o acusado ainda não definitivamente
julgado como condenado. art. 5º, inc. LXII
No STJ veio a ser adotado preceito sumular: Verbete nº 347 do STJ: O conhecimento de recurso de
apelação do réu independe de sua prisão.
No STF começou a sinalizar nessa direção:
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ordinária que lhe é anterior. VII - Ordem concedida.”( HC 88420/PR – Relator
Min. RICARDO LEWANDOWSKI- Primeira Turma - DJ 08-06-2007 p. 37)
Com a revogação do art. 594 e a nova redação dada ao artigo 413 do CPP (o 408 não trata mais de prisão), a
terceira corrente está definitivamente consagrada, após quase 20 anos de vigência da Constituição de 1988.
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ordinária (Constituição da República, art. 5º, inc. XLIII): Precedentes. O art. 2º, inc. II,
da Lei n. 8.072/90 atendeu o comando constitucional, ao considerar inafiançáveis os
crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos. Inconstitucional seria a legislação ordinária que
dispusesse diversamente, tendo como afiançáveis delitos que a Constituição da
República determina sejam inafiançáveis. Desnecessidade de se reconhecer a
inconstitucionalidade da Lei n. 11.464/07, que, ao retirar a expressão 'e liberdade
provisória' do art. 2º, inc. II, da Lei n. 8.072/90, limitou-se a uma alteração textual: a
proibição da liberdade provisória decorre da vedação da fiança, não da expressão
suprimida, a qual, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal, constituía
redundância. Mera alteração textual, sem modificação da norma proibitiva de
concessão da liberdade provisória aos crimes hediondos e equiparados, que continua
vedada aos presos em flagrante por quaisquer daqueles delitos. 2. A Lei n. 11.464/07
não poderia alcançar o delito de tráfico de drogas, cuja disciplina já constava de lei
especial (Lei n. 11.343/06, art. 44, caput), aplicável ao caso vertente. 3. Irrelevância
da existência, ou não, de fundamentação cautelar para a prisão em flagrante por
crimes hediondos ou equiparados: Precedentes. 4. Sentença condenatória que
assentou a existência dos pressupostos para a decretação da prisão cautelar. Não há
falar, no caso, na possibilidade de os Pacientes recorrerem em liberdade. 5.
Impossibilidade de execução provisória da pena privativa de liberdade ou restritiva
de direitos decorrente de sentença penal condenatória, ressalvada a decretação de
prisão cautelar nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal. 6. Ordem
denegada. (HC 97883 / MG - MINAS GERAIS - Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Julgamento: 23/06/2009 - DJe 152 p. 14-08-09)
2. DECRETAÇÃO – art. 2º
a) somente mediante provocação do Ministério Público ou da autoridade policial, sendo o Ministério
Público previamente ouvido.
b) o Ministério Público requer; a autoridade policial representa
c) o juiz poderá, antes de ordenar a prisão, determinar a apresentação do preso
d) a decretação deverá ser fundamentada e formalizada em mandado de prisão, com cópia para o preso, a
quem se informará sobre seus direitos constitucionais.
e) a prisão somente poderá ser efetivada depois da expedição do mandado judicial.
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3. PRAZO - 2º c/c 2º, par. 3º L. 8072/90
a) até 5 dias e, sendo hediondo o crime, até 30 dias.
b) prorrogação somente em caso de extrema e comprovada necessidade.
c) vencido o prazo, sem prorrogação ou conversão em preventiva, o preso deverá ser imediatamente solto,
sob pena de incorrer-se em crime de abuso de autoridade (art. 4º, i, da L. 4898/65)
d) o preso temporário deverá ficar separado dos demais detentos (art. 3º).
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