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O monoteísmo sempre gera a intolerância

religiosa?

Autor: Gabriel Mallet Meissner ©Todos os direitos reservados.

Publicado originalmente no blog Entremundos.

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Muito tempo atrás, em um país muito, muito distante…

Mais especificamente no século XIV a.C, no Antigo Egito, o monoteísmo foi


inventado. Conseqüentemente, a intolerância e a perseguição religiosas,
também. Não sabe do que estou falando? Então senta que lá vem a história!

A religião do Antigo Egito, como a de todas as antigas civilizações, era claramente politeísta.
Diversos deuses eram cultuados e não costumava haver disputa entre cultos a diferentes
divindades. Eis então que um dia o faraó Akhenaton resolve decidir que não, ao contrário
do que seus compatriotas acreditavam, não existem muitos deuses. Existe apenas um,
aquele em que ele acredita: Áton. Áton é esse aqui, representado pelo Disco Solar:

Muito bem! Se havia apenas um deus, então todos os outros deuses eram
falsos. Deviam, portanto, ser esquecidos. Entretanto, obviamente seus devotos e
sacerdotes não o fariam espontaneamente. Qual seria a solução para esse impasse? Claro,
obrigá-los a isso.

Dessa forma o faraó aboliu os outros deuses do Antigo Egito, mandou que suas imagens
fossem destruídas, seus nomes riscados das inscrições, seus templos abandonados e, como
não podia deixar de ser, os bens destes templos foram confiscados.

Porém, o monoteísmo de Akhenaton não durou muito. Após sua morte, o culto aos deuses
tradicionais do Egito foram tornado legítimos mais uma vez. Seus sacerdotes e devotos
deixaram de ser perseguidos e os bens de valor confiscados foram devolvidos a seus
templos.
Esta história não é diferente da história de toda religião monoteísta surgida
até hoje. O catolicismo fez o mesmo com as religiões pagãs da Europa. O judaísmo fez o
mesmo com outros cultos antigos (basta ler o Velho Testamento para ver) e o islamismo
hoje ainda o faz em alguns países do Oriente Médio. E hoje em dia no Brasil ainda vemos
igrejas neo-pentecostais extremistas fazendo o mesmo com as religiões afro-brasileiras
(veja aqui).

Ao que parece, este problema do monoteísmo vs. perseguição religiosa é praticamente


insolúvel. Pois inevitavelmente leva ao seguinte pensamento:

“Se o meu deus é verdadeiro, o dele é falso. Se acreditar no meu deus me torna bom,
acreditar no dele o torna mau.
Portanto, destrui-lo é um ato bom perante os olhos do deus em que acredito. É minha
missão como devoto.”

Enquanto religiosos monoteístas não se livrarem deste raciocínio de que “se


eu sou bom, ele é mau”, o problema da intolerância religiosa não será
resolvido. Pois, para quem pensa assim, cometer atos de intolerância não é um crime
punível pela racismo.htm” target=”_blank”>Lei Caó. Ao contrário, é uma missão, um dever,
uma maneira de ser bem visto aos olhos de deus. Ser intolerante, chutar a santa, chutar a
macumba, invadir e vandalizar um terreiro de umbanda, jogar pedra no centro espírita,
entre outros atos é fazer um bem à sociedade. Pois assim ela está sendo limpa e expurgada
do mal.

Mas como é possível ser monoteísta e não cair neste raciocínio que gera a
intolerância? Parece impossível.

O único modo que posso conceber é substituindo-o por outro raciocínio, que uma vez li em
um livro sobre hinduísmo. Hinduísmo é um termo genérico criado pelo ocidente para
abranger uma gigantesca diversidade de cultos religiosos e metafísicos existentes na Índia.
A maioria destes, politeístas. Alguns, monoteístas. Diz-se que certa vez um discípulo de um
guru monoteísta perguntou a ele:

- Se existe apenas um deus, como pode tanta gente cultuar tantos deuses diferentes? Estão
eles errados? Estão eles pecando?

E o guru respondeu:

- Deus é como a água. Pode-se moldar em diferentes formas, dependendo do jarro em que
ela é posta. Estes deuses são jarros que moldam a água de diferentes formas. Mas a água é a
mesma, é o mesmo deus.
Este é um raciocínio que abriga a diversidade na unidade. E pode resolver o
problema monoteísmo Vs. intolerância, pois leva à conclusão de que para
amar o meu deus, não preciso odiar o seu.Para eu me considerar bom, não preciso
considerá-lo mau. Portanto, exterminá-lo não é mais minha missão. Podemos ser livres
para cada um fazer seu culto religioso da forma que preferir.

Acho improvável que este tipo de pensamento se torne hegemônico. Até porque muitos
seres humanos têm a necessidade emocional de se sentirem e se afirmarem superiores aos
demais. Assim, um raciocínio que os coloque em pé de igualmente aos outros não supre
esta necessidade. E quando existe um conflito entre emoção e razão, é sempre a emoção que
ganha.

E você? O que pensa sobre isso? O monoteísmo deve sempre levar à


intolerância religiosa ou é possível uma solução para essa questão? Deixe
sua opinião nos comentários.

Bom, apesar de tudo, eu ainda acho que a tolerância religiosa é possível!

Fonte: HTTP://entremundos.com.br

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