que em breves rasgos descreva do Amor a ilustre prospia, e de Cupido as proezas. Dizem que de clara escuma, dizem que do mar nascera, que pegam debaixo dgua as armas que o amor carrega. O arco talvez de pipa, a seta talvez esteira, despido como um maroto, cego como uma toupeira E isto o Amor? um corno. Isto o Cupido? M pea. Aconselho que no comprem Ainda que lhe achem venda O amor finalmente um embarao de pernas, uma unio de barrigas, um breve tremor de artrias Uma confuso de bocas, uma batalha de veias, um rebolio de ancas, quem diz outra coisa besta.
Amor Quand la mort est si belle, Il est doux de mourir. V. Hugo
Amemos! Quero de amor
Viver no teu corao! Sofrer e amar essa dor Que desmaia de paixo! Na tu'alma, em teus encantos E na tua palidez E nos teus ardentes prantos Suspirar de languidez! Quero em teus lbio beber Os teus amores do cu, Quero em teu seio morrer No enlevo do seio teu! Quero viver d'esperana, Quero tremer e sentir! Na tua cheirosa trana Quero sonhar e dormir! Vem, anjo, minha donzela, Minha'alma, meu corao! Que noite, que noite bela! Como doce a virao! E entre os suspiros do vento Da noite ao mole frescor, Quero viver um momento, Morrer contigo de amor!
Divagaes Sobre o Amor
(...) Que o amor? Sorrieis. Sois prticos. Usais e sentis o amor
como o homem que tem em casa luz, telefone, ventilador, geladeira e jamais se pergunta o que a eletricidade. E quando se pergunta isso, logo lhe ocorre que alguma coisa que vem pelo fio e pela qual se tem de pagar mensalmente a um polvo canadense qualquer. E que pode dar choque, e at matar, mas que usualmente acende lmpadas e esquenta ferro. Sois prticos; e tendo pago a conta da Light, vos julgai quites com a eletricidade em geral, e seus mistrios mais fundos. Assim, pagamos todos a conta do amor e dele usamos a luz e a fora: e considerando que a vida curta, acho que fazemos bem no indagando muita coisa. Amor , como a eletricidade, um fluido. Ficamos muito satisfeitos ao dizer isso, o que um meio de no dizer nada. Seria infame se fssemos parecer engenhosos usando palavras eltricas para os sentimentos, falando de voltagem, frequncia, acumuladores... O que h de horrvel no amor que muitas vezes depois que ele acaba d a impresso de que no devia ter comeado e, pior ainda, de que no houve. "No era amor"- declara o ex-apaixonado, com toda a sinceridade. Tempos atrs se algum lhe dissesse isso ele se lanaria ao cho e invocaria as estrelas, premindo as mos contra o peito, e dizendo que se aquilo no era amor no havia amor neste mundo.