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Steve Junqueiro
Presidente do Grupo Save Mart
Steve Junqueiro - Presidente e COO de uma empresa com 20,000 empregados e 244 supermercados. Pág.15, 28
Dizer BASTA...
H N
á 33 anos vi pela primeira tocamos nos nossos bailes. o dia 22 de Agosto de
vez dançarem Fado numa O dom de saber e poder aprender 2009, estava eu em Lis-
festa no IES de San José,
J
musica deveria dar responsabilida- boa, quando comprei o
e agora vi o mesmo no des às pessoas. Deveriam fazer um Jornal Público. O jornal
á é tempo de Obama dizer BASTA a tanta tentativa aniversário do Portuguese Athetic contrato mental consigo próprios e trazia a sua revista de fim de semana
de compromisso com um partido que só sabe dizer Club. Isto quer dizer o quê? Eu nem
jurar que nunca entrariam nas facili- chamada FUGAS.
NÃO a tudo. Obama ganhou por maioria, tem maio- sei bem o que quer dizer, só simples-
ria na House e no Senado e o que precisa de fazer é dades que hoje vemos a muitos. Comecei a folheá-la e qual não é o
mente penso que, com tanta musica
implementar o seu program, que lhe deu os votos necessá- bonita neste mundo para dançar, A musica é das coisas mais bonitas meu espanto quando na página 14,
rios para chegar à Casa Branca. recorrer em 2010 ao fado é falta de deste mundo. Enche a alma, provo- vejo uma entrevista com um escritor
Não compreendemos como é possível, em tempos de crise, imaginação. ca calafrios de ansiedade, é mesmo que eu não conhecia - Valter Hugo
um partido não respeitar as necessidades dos seus consti- “fogo que arde e não se sente” como Mãe, nascido em Angola, vencedor
tuintes e fazer guerra a uma administração só para passar Já agora que estamos em maré de diria Camões. em 2007 do Prémio Literário José
tempo, a ver se neste ano de eleições ganham alguns luga- baile, deixem-me dizer-vos que me Por favor, não a desperdicem, não a Saramago.
res no Congresso. Perderam um ano com estas manobras entristece ver as oportunidades per- maltratem. Diz o escritor que “No Continente já
políticas, que deveriam pôr os seus constituintes com pele didas de muitos dos nossos conjun- As nossas bandas são um grande conhece quase todas as cidades e é
de galinha. tos musicais que abrilhantam bailes. exemplo para os nossos conjuntos fascinado pelo Litoral do Alentejo.
É tempo de Obama juntar as suas tropas caseiras, aqueles Não deslumbro um fio condutor de musicais. Nas bandas só se toca o Por contraste de paisagem, Trás-os-
que votaram nele, e implementar aquilo que é necessário, musica, no começo, no meio e no bom e o bonito, não há facilidades. Montes, Alto Douro e Régua são ou-
para que este País volte a ser o melhor do mundo. fim. É tudo uma mistura de nada e Viva a Musica e viva quem a sabe tros destinos que aprecia”.
de pouco. Incomoda-me porque te- tocar e cantar bem. Em 2007 conheceu umas das suas
Quem ouviu alguns discursos (ou parte deles) durante a mos muitos bons músicos nos nossos grandes paixões: “a Ilha Graciosa”.
N
Convenção do chamado Tea Party Movement, deve ter conjuntos. Então porquê escolher o Na sua opinião aquele é “o lugar
ficado a pensar que estava a ver um filme de terror, tais fácil, o pimbalhado, a letra horroro- ão sei se já repararam que mais bonito do mundo, o paraíso
sa, sem sentido poético nem estético, nos encontros de futebol na terra, onde a natureza se er-
foram os termos e a ideologia expostas, que davam para
palavras e mais palavras, ocas, sem do Sporting e possível- gueu ao mar. A Graciosa suplanta
assustar qualquer viva alma que andasse neste mundo à
sentido, e as pessoas a darem à per- mente de outros, entram a beleza de São Miguel e das Flo-
procura de paz e amor. em campo com os árbitros, duas
na, podendo dar à perna com outro res, como um lugar sobrenatural e
sentido, com outro ritmo, com outra raparigas que transportam as bolas, um evento cromático”.
Como é que é possível que 5 Juízes do mais importante cujo trabalho era e deveria ser da
Tribunal da America possam partidarizar um processo po- música, com outro poema. Para o escritor de 37 anos, “a ilha
responsabilidade dos árbitros auxi-
lítico que vai dar que falar nos próximos anos. Quem não Antigamente não era fácil gravar um é um autêntico prenúncio da natu-
liares.
se lembra do filme “The Manchurian Candidate” ? disco. Tinha que se ter alguma cate- reza, onde, à passagem do tempo, a
Pena que esta Câmara Judicial, de vez em quando saia fora goria, algum dinheiro e algum em- Porque é que estas raparigas aceitam cor das coisas vai mudando. Os lu-
de órbita e provoque pasmo a quem deveria acreditar nela. presário a fazer contas à vida. Hoje esta miserabilidade de transportar gares que obrigam o homem a não
Esta mesma Câmara Judicial também fechou os olhos em não, qualquer jovem/velho grava um bolas? Para ganharem 20 euros? desfazer e onde a obrigação moral
1943, quando se criaram (vergonhosamente) neste nosso CD em casa, com letra de escudo e Uma coisa é ser “cheerleader”, outra é nao destruir.”
País, campos de concentração para os americanos descen- meio e música feita a martelo. E o é levar as bolas dos outros. Lindo, não é? A Graciosa é mesmo
dentes de japoneses. Onde estavam os Juízes nesse dia? pior é que muitas vezes transmiti- Ridículo! um paraíso, ponto final parágrafo,
Onde estavam eles agora? josé avila mos estas músicas na nossa rádio e digo eu, que lá vivi.
Tribuna da Saudade
Na Companhia do Azevinho (II)
Ferreira Moreno
O
azevinho, conhecido fortuna p’ra todo o ano. No en- originário da Ca- respectivamente nos condados de
por HOLLY em inglês, tanto, no País de Gales perdura a lifórnia, Weber fa- Calaveras e de Shasta chamadas
é comumente descrito crendice que levar azevinho p’ra vorece a opinião, Toyon.
como uma árvore ou
casa de um amigo, ou apanhar inteiramente espe- Aubrey Drury (California, An
arbusto de folhas verdes espinho-
azevinho em botão ou flor, é pre- culativa, de tratar-se Intimate Guide) escreveu que “a
sas, flores brancas e bagos ver-
núncio fatal. dum nome de trans- inspiração p’ró nome Hollywood
melhos. Em conformidade com
Funk & Wagnalls (Dictionary of Vincenzina Krymow (St. An- ferência com base no provavelmente adveio da presen-
Folklore, Mythology & Legend), thony Messenger, Dezembro facto de Horace Wi- ça de toyon nas ladeiras das ma-
“o uso do azevinho em cerimó- 2009) anotou que, desde o sé- lcox ter importado tas ali à volta”.
nias religiosas é duma considerá- culo 15, “o azevinho tem sido árvores de azevinho No testemunho de George Stewart
vel antiguidade. Provavelmente o parte integrante dos ornamentos p’rá sua propriedade. (Names on the Land), “muito
seu uso como ornamento de Na- de Natal nas igrejas inglesas. O Em 1903, quando os possivelmente a esposa de Hora-
tal foi adoptado pelos primitivos azevinho foi igualmente conhe- setecentos residen- ce Wilcox, em conversa com uma
cristãos romanos em imitação cido por Árvore Santa, e em Cor- tes de Hollywood passageira a bordo dum comboio,
dos ritos pagãos romanos. Con- nwall recebeu o nome de Árvore elevaram a sua co- tomou cohecimento duma lo-
soante uma lenda cristã, a Cruz de Santa Maria em honra da Mãe munidade à catego- calidade chamada Hollywood.
teria sido feita com madeira de de Deus. Aparentemente, numa ria de cidade, o ter- Atendendo à existência de toyon,
azevinho. Em castigo, o azevinho noite de inverno, o azevinho plicação, quiçá menos edificante, mo Hollywood foi oficialmente de folhas verdes e bagos verme-
foi transformado num arbusto en- cresceu milagrosamente folhas de como Hollywood tomou este adoptado p’ra designar a área. No lhos, nas imediações do povoado
fezado com folhas espinhosas e enormes encobrindo a Sagrada nome, de forma alguma cons- entanto, quando a indústria cine- recentemente fundado pelo casal
bagos representando o sangue de Família do encalço dos soldados titui menosprezo à romântica matográfica trouxe proeminência Wilcox na Califórnia, o nome
Cristo. Outra lenda assegura que herodianos. Uma lenda germâni- Cidade das Estrelas. Historica- à região, Hollywood perdeu a sua Hollywood surgiu como o mais
o azevinho foi empregado na Co- ca apoia a história descrevendo mente, o termo Hollywood está identidade e ficou meramente in- apropriado”.
roa de Espinhos, e os bagos que que, originalmente, os bagos de associado com o rancho adqui- cluída no conjunto de subúrbios Pessoalmente, inclino-me prefe-
antes eram amarelos tornaram-se azevinho eram brancos, mas o rido nessa área por Horace Wil- da rapidamente expansiva Los rencialmente p’rà expressão de
escarlates com o sangue de Cris- sangue de Cristo tingiu-os com cox, em 1886. Mais tarde, após a Angeles”. Mons. Weber:
N
to”. permanentes e acentuadas man- construção de novas residências,
Na Inglaterra, é costume colocar chas rubras”. o nome Hollywood começou a realidade, o aze- “Hoje em dia a origem do nome
raminhos de azevinho nas col- Em contraste com uma lendária a identificar-se, gradualmente, vinho da Califórnia Hollywood reduz-se simples-
meias em comemoração duma história sugerindo que a cidade com a localidade previamente chama-se Toyon, pre- mente a um ponto académico
crença atestando que, na primeira de Hollywood, ao sul da Califór- chamada Cahuenga Valley. Afi- sumivelmente um de- p’rós seus residentes. Afinal de
Noite de Natal, as abelhas zum- nia, derivou o respectivo nome de nal, nos anos 1880, já existiam rivativo dos Nativos Americanos contas, eles podem muito bem
biram melodiosamente em honra Holy Wood (Santo Madeiro) refe- Hollywoods em Arkansas, Geor- Costanoans. Também conhecido dizer que Hollywood não é nem
do Deus-Menino. Em Louisiana rente à Cruz de Cristo, apresento gia, Maryland e North Carolina”. pelo nome de Azevinho do Na- cidade nem vila, mas tão somente
(Estados Unidos), no tempo do o testemunho categorizado do (Encylopedia of California’s Ca- tal, o topónimo toyon encontra- um estado mental”.
se afixado a várias localidades,
Natal, os bagos do azevinho são monsenhor Francis Weber: tholic Heritage).
abrangendo duas comunidades
guardados como amuletos de boa “Uma mais lógica e factual ex- Embora o azevinho não seja
4 COLABORAÇÃO 15 de Fevereiro de 2010
OPERATION HAITI
No passado dia 6 de Fevereiro realizou-se um concerto de angria-
ção de fundos para as vítimas do Haiti em Fall River.
PORTUGAL País dos ±3 Fs
Este evento contou com a presença de 8 grupos/artistas entre eles
F
Chico Avila da California:
ADO - Para além de ser a canção nacio- FACADA - A fatídica notícia do despedimento de
Chico Avila nal, agora também é uma marca de vinho. uma quantidade, assaz relevante de empregadas (os)
D’Alma A grande Amália - a diva incontestável do ± 200 dos seus empregos e a desactivização ou seja
Eratoxica fado- nalgumas das suas canções prestava o encerramento da fábrica sita no Pasteleiro na ilha
Hotline homenagem ao senhor vinho. «Uma casa Portugue- do Faial, pela Cofaco e Corretora - duas importantes
Jorge Ferreira sa, pão e vinho sobre a mesa» é o reflexo do modus indústrias conserveiras,- foi um balde de água fria
Marc Dennis vivendi da sociedade Portuguesa. Sendo apreciador para mim e uma facada nas costas para estas em-
Mauricio Morais do néctar dos Deuses, reconheço que o vinho pode pregadas (os), em que a maioria vai ser empurrada
Nelia
ser um elixir, mas também pode ser um veneno para o desemprego, o que constituirá uma carga fis-
quando consumido em excesso. A palavra chave é cal que tem que ser paga por nós todos. Foram dois
Para mais fotos e informação sobre este evento visite a página
http://fundraiserforhaiti.com/ moderação. infelizes presentes de Natal. Estes acontecimentos,
Parabéns pela iniciativa! FUTEBOL-Neste mundo da globalização desen- sempre desagradáveis, são frequentes e considera-
Lanço aqui um desafio a comunidade na California para que um freada, o futebol perdeu parcialmente o seu espírito dos normais, no sistema capitalista na vasta e pujan-
dia se realize algo desta dimensão, o verão está a chegar... salutar desportivo. A situação actual equivale à re- te economia Americana, mas não no nosso arqui-
cruta de condottieri da idade média, hoje denomi- pélago dos Açores. A fábrica da Cofaco na Areia
nados mercenários, que eram soldados contratados Larga-Madalena-Pico, minha vizinha, consoante as
a peso de oiro, para combater debaixo de qualquer condições meteorológicas e quadrantes eólicos, sou
bandeira. O jogador constitui uma mera mercado- compelido a fechar todas as janelas e portas, para
ria. Já não existe o amor à camisola. Contudo há não absorver o cheiro nauseabundo dos fuminhos
uma faceta extremamente positiva. Dois dos mais negros emanados pela referida unidade industrial.
talentosos desportistas contemporâneos, decidiram Há anos, um dos meus vizinhos, sugerio-me que eu
que com os seus milhões, “que nem só dos pés vive nos meus rabiscos mencionasse o problema da po-
o homem”. Luís Figo, fundou uma instituição com luição ambiental e sonora da nossa vizinha Cofaco.
o seu nome, com o expresso propósito de organizar Recusei terminantemente tal ideia, porque eventu-
uma rede solidária de doadores de medula óssea, almente poderia pôr em causa, os postos de trabalho
para dar novas vidas e vencer a terrível doença cha- de dezenas de pessoas e agregados familiares, que
mada Leucemia. Pedro Pauleta , popularmente co- ali laboravam. Neste caso, não posso olhar para o
nhecido como o «ciclone dos Açores», embaixador lado e ignorar a gravidade destes procedimentos. A
do clube futebolístico St. Germain de França, a que fábrica da Areia Larga foi construída em 1963, está
pertencia e recentemente nomeado embaixador de desactualizada em muitos aspectos. Não há muito
turismo dos Açores, organizou uma escola de trei- tempo que a gerência desta empresa, declarou ser
no e formação de jovens desportistas, em S. Miguel sua intenção, de construir uma nova fábrica noutra
sua terra natal. Segundo Sir Winston Churchill, pri- localidade. A melhor solução seria construir uma
meiro Ministro Britânico, o tal que em conluio com nova unidade fabril, possívelmente junto à lota do
Roosevelt, Presidente Americano, pretendia invadir peixe, onde existe imenso espaço e capacidade lo-
e ocupar os Açores durante a II guerra mundial e gística. Aqui na América - bastião capitalista - o
que classificava Salazar de impossible (impossível) governo está a apostar fortemente, na prevenção
“we make a living by what we get, we make a life de insolvências ou encerramentos de empresas, in-
by what we give” (vivemos com o que possuímos, jectando capital e consequentemmente assumindo
construímos vidas pelo o que nós compartilha- controlo e assegurando a sobrevivência e viabi-
mos). lidade das mesmas. Isto é a política universal, in-
FÁTIMA - O actual ocupante da cátreda de S. dependentemente de partidarismos, praticada pela
Pedro na terra, Sua Santidade Bento XVI, decidiu maioria dos países, para combater a crise económi-
visitar Fátima no próximo mês de Maio. Duran- ca mundial. Pescas e agricultura, são os dois pilares
te o apostolado de João Paulo II, seu predecessor, vitais para a frágil economia açoriana e não podem
exerceu as importantes funções de Prefeito da con- ser menosprezados. O Governo Regional salvou a
gregação da doutrina da fé, que no século XVI era fábrica de conservas de Santa Catarina em S.Jorge.
conhecida com temor, como Santo Ofício ou Santa Tem o inalianável dever de evitar o encerramento
Inquisição, ou seja uma organização equivalente a da fábrica no Faial e em parceria com a empresa-
uma polícia religiosa. João Paulo II, foi alvo de um Cofaco- construir uma nova fábrica de raíz na
atentado de assassinato em 13 de Maio de 1981, ani- progressiva Vila e futura Cidade da Madalena. A
versário das aparições de Fátima e atribuíu a Nossa Cofaco (Comercial e Fabril de Conservas, S.A),
Senhora de Fátima, o milagre de não ter perecido originária de Vila Real de Santo António no Algar-
e de ter sido salvo de morte certa. Por esta razão ve, estabeleceu a sua sede nos Açores, pelo simples
João Paulo II visitou Portugal cinco vezes. Com facto de que o atum predomina nestas águas. Tanto
esta visita Bento XVI, vem formalmente assegurar para a Cofaco como para nós Açorianos, o mar é a
a continuidade da fé em Maria, nossa mãe e Mãe de nossa terra.
Deus. Seja benvindo.
COLABORAÇÃO 5
O
primeiro jogo de fute- ves, Carlos Alberto, Aristides ou enquanto andou a nhamos ou as aspirações que cul-
bol a que eu assisti ao João Medeiros, os esteios daquela brincar ao basque- tivávamos, vai acabar. Não vai
vivo foi um Lusitânia- simultaneamente humilde e glo- tebol. Esse clube acabar com o futebol, note-se:
Angrense, decorria riosa equipa que me introduziu quase centenário, vai acabar.
talvez o ano de 1981 e sentiam-se ao verde e branco, à atmosfera do contemporâneo do E eu, em vez de limitar-me a per-
ainda, um pouco por toda a ilha, peão e à poeira que se erguia da Belenenses e do guntar onde estávamos todos en-
os ecos do terramoto que nos di- terra batida quando a Providên- Sp. Braga, mais quanto isto acontecia, lamento a
zimara no ano anterior. Não tenho cia, distraída, nos brindava com antigo do que o vergonha. A vergonha dos lusita-
na memória todos os pormenores um dia de sol. Fiz deles um hábi- Rio Ave ou a U. nistas, dos terceirenses e dos aço-
desse acontecimento épico, mas to, claro. Filho do chefe do poli- Leiria; esse clu- rianos. A minha própria vergo-
sei que comi amendoins, que me ciamento, sob a asa do qual podia be onde jogaram nha, no papel de cidadão de cada
passeei entre a bancada, o peão assistir de graça à bola, tomei Mário Lino, Moi- uma dessas três identidades. A
e a cabeceira Poente do Campo duas decisões: ver tantas jogos sés (que podia ter vergonha de um povo que se aco-
de Jogos de Angra do Heroísmo, do Sport Clube Lusitânia quanto vestido de verde e branco, o Lu- sido Rui Barros) modou aos subsídios e perdeu o
onde os automóveis eram estacio- pudesse e, quando enfim tivesse sitânia empatar 0-0 com o Boa- e o malogrado Marroco; esse brio nas suas instituições. A ver-
nados mesmo atrás da baliza para idade, envergar eu próprio a sua vista, com João Alves de luvas clube que foi 21 vezes campeão gonha de um poder político para o
as senhoras poderem espreitar a camisola linda. pretas no meio-campo adversá- dos Açores, 38 vezes campeão da qual, se nem tudo são votos, nada
festa enquanto faziam renda – e À segunda experiência , redunda- rio, num jogo após o qual Álva- Terceira e o primeiro do arquipé- interessa mais do que eles. A ver-
que o Lusitânia venceu, depois da nuns quantos jogos, em outros ro e João Medeiros rumariam ao lago a chegar aos nacionais; esse gonha de uma modalidade que se
um guedelhudo do meio campo tantos frangos monumentais e Bessa. E vi, com o emblema que clube que encantou a minha gera- centrou nas ligas de campeões,
do Angrense ter tentado expul- numa certa dificuldade em lidar comprara na Casa Stuart ao pei- ção, que encantou outras quatro nas selecções nacionais feitas
sar o árbitro (não me peçam para com a intestineira durante os to, o Lusitânia esmagar várias ve- ou cinco gerações antes da minha de estrangeiros e nas sociedades
explicar), acabando ele próprio pontapés de canto, já a sublimei zes o Angrense, naquilo que era e que ainda hoje tinha mais de desportivas, esquecendo quase
expulso, com dramáticas conse- por aí, em crónicas de jornal e então o meu Benfica-Sporting – e 500 atletas em acção; esse clube tudo o que lhe era essencial – e
quências para a resistência da sua em contos, em rodas de amigos que eu próprio viria a disputar que era o maior clube dos Açores que agora, um pouco por todo o
equipa. e em conversas de alcova. À pri- mais tarde, embora sempre com até o poder socialista perceber país, um pouco por todo o mundo
De maneira que os meus pri- meira também – mas quero voltar frangos e intestineira. que o futebol podia render votos vai perdendo aqueles que foram
meiros heróis futebolísticos (que a fazê-lo. Porque, durante anos, Pois esse clube, símbolo de um e que, sendo na ilha de São Mi- os seus primeiros, mais abnega-
digo eu, os meus primeiros he- eu vi. Vi, comendo amendoins, povo, vai acabar, depois do fra- guel que os votos mais contavam, dos e mais agregadores agentes.
róis, ponto) não foram Meszaros, o Lusitânia vencer o E. Amadora casso da enésima assembleia ge- mais valia investir no Santa Clara A vergonha, sim. Que ao menos
Manuel Fernandes ou Jordão, os por 3-0, no ano (se bem me lem- ral destinada a engendrar uma – esse clube a que chamávamos nos pese a vergonha.
ídolos do Sporting nesses idos de bro) em que mais perto estivemos solução para o passivo de três “Lusitana”, ou mesmo “Sténia”,
80: foram Álvaro, Dionísio, Te- de chegar à primeira divisão. Vi, milhões de euros que acumulou consoante a freguesia de que ví- in NS’, 6 de Fevereiro de 2010
Memórias do Chá
Crónicas Terceirenses
Barrosa
Victor Rui Dores
victor.dores@sapo.pt
B
em sei que, nestas crónicas, Quando se apagavam as luzes da bancada quando no dia seguinte os encontrávamos
vou cedendo à nostalgia. Mas e se acendiam as da pista, o meu coração às compras no mercado, já não eram os
os anos que vivi em Angra do batia acelerado pela expectativa… reis da pista – eram pessoas absolutamente
Heroísmo foram muito marcan- Começava o espectáculo e eu ficava ver- normais. Uma semana depois seguiam o
tes na minha vida. E hoje, mexendo em dadeiramente deslumbrado com as vénias seu destino nómada e ficávamos todos um
papéis velhos, topei com a foto (que ilustra do apresentador e com os acrobatas, os sal- pouco mais tristes. Aquela gente era livre
esta crónica) por mim tirada nos inícios timbancos, as bailarinas, os trapezistas, as – nós, não.
dos anos 70 do século passado e que me caras burlescas dos arlequins, as caranto- Para montar e desmontar a tenda e as ban-
fez recordar o tempo em que, de calção e nhas dos palhaços, os cães amestrados (ah, cadas do Circo, recorria-se a alguma mão-
trincando chupa-chupa, ia ao circo com a cadelinha vestida de bailarina…). de-obra local não qualificada. E, nesta
meus pais e irmãos para assistir a encantos Impressionavam-me os leões e os tigres, matéria, há duas personagens que cabem
e magias. os cavalos, os números de equilibrismo, os nesta crónica: o “Jaquim das Horas” e o
Na altura desconhecia que o Circo era o saltos mortais, o ilusionista, o homem que “Mata Ratos”.
maior espectáculo do mundo. Hoje sei que comia espadas e fogo e o artista que tocava O Joaquim era baixinho, néscio, sorriso al-
foi no Circo que aprendi o fascínio dos so- música num serrote… var, dentes ralos e amarelecidos, um velho
nhos e o sortilégio dos segredos. Não me fartava de ver tudo aquilo. Roía boné enterrado até ás orelhas. Era dotado
Sim, guardo saborosas e inefáveis lembran- as unhas. Batia palmas para extravasar a de um poder extraordinário para calcular
ças desse tempo em que o Circo tomava minha alegria. as horas em qualquer momento. Para além
conta de Angra, por cujas ruas os artistas Recordo o pano de lona esburacado… desse dom, dizia-se que ele se regulava e
desfilavam para anunciar o espectáculo. Aprendi, com a canalha dos “Quatro Can- orientava pelas badaladas do relógio da Sé.
“O Circo chegou” e era a alegria da pe- tos”, a arriscar entradas clandestinas – O Circo ensinou-me a compreender a be- -Ó Jaquim, que horas são?
quenada. Os artistas desfilavam pelas ruas verdadeiras intentonas que, quase todas leza, a fraternidade, a partilha, a organi- Ele olhava o pulso, sem relógio, e respon-
da cidade. À frente vinha o apresentador, as noites, a gente ensaiava por debaixo da zação e o trabalho em equipa. Momentos dia, com exactidão, as horas e os minutos.
em cima de andas e com um megafone lona… antes de actuar, a linda equilibrista estava Já o “Mata Ratos” era um brutamontes:
na mão, anunciando o espectáculo. Logo -Não facilite, Mário. Não facilite. Olhe que vestido de fato de macaco a exercer fun- alto e forte, qual vilão dos filmes de Cha-
a seguir vinham os palhaços fazendo pi- seu pai morreu a fazer esse número! – ad- ções de arrumadora. Depois de ter brilha- plin. Não batia bem da bola e estava sem-
ruetas… Seguiam-se os elementos todos vertia o apresentador antes de Mário fazer do lá no alto, a trapezista vestia jardineiras pre a dizer esta frase algo enigmática:
da companhia, acenando para os transeun- o salto mortal na corda bamba. O perigo e vendia pipocas durante o intervalo; e, a -“Mesmo que assim não fosse, três na pei-
tes e automobilistas. Crianças dos quatro era a sua profissão. seu lado, o domador das feras fazia algodão da e acabou-se”…
cantos da cidade corriam pelas bermas, Havia um outro número que me arrepiava: doce... As mãos hábeis do mágico carrega- ………………………………………………
acompanhando o impressionante desfile. era quando o ilusionista serrava a meio a vam cadeiras no fim do espectáculo e as do ………………………………………………
Porque nesse tempo o Circo rimava com sua “partenaire” metida dentro de um cai- apresentador consertavam motores… O Circo deliciava miúdos e graúdos nes-
novidade. xote colorido… Os artistas circenses pairavam acima da ses tempos. Eu era um miúdo: sentia mui-
Chegava a noite e o Relvão (onde o circo Em tempo de severos costumes, era um realidade quando estavam na pista. Eram to e pensava pouco. O Circo ensinou-me
fora montado) enchia-se de gente que en- regalo para a gente ver os umbigos relu- luzidios e etéreos. Elas, vaporosas e trans- a ser mais humano e a não perder o dom
grossava a fila em frente à bilheteira. Olhá- zentes das trapezistas, as pernas ao léu das parentes nas suas blusinhas de chifon com do riso.
vamos em redor e lá estavam os camiões, equilibristas, os decotes das bailarinas, os folhos. Eles, todos prezados e janotas nos Hoje sei perfeitamente que o mundo é um
as roulotes, as barracas de lona… Aprovei- bikinis (de reduzida dimensão) das funâm- seus coletes, brilhantina nos cabelos, ares Circo e nós ocupamos a arena…
távamos para espreitar os leões e os tigres, bulas… a dar para o gingão… Também sei que “pontalhões” como o “Ja-
desassossegados nas suas jaulas… (Parece estranho, não é? Mas esse era o Depois de as luzes se apagarem, eles e quim das Horas” e o “Mata-Ratos” estão
Música e aplausos. Abria-se a cortina. tempo em que alguns padres proibiam às elas regressavam às suas roulotes e tendas. extintos. O que, neste país, está a crescer
“Senhoras e senhores, meninas e meninos, raparigas o uso de mini-saias dentro das Despiam os casacos vistosos e os vestidos assustadoramente é o número de palha-
respeitável público”… igrejas…). de lantejolas – acabavam-se os luxos. E, ços…
6 COLABORAÇÃO 15 de Fevereiro de 2010
Congresso da LAEF
Contactar 209-664-0352
Entre os dias 11 e 14 de Março do ano cor- República, de 1926 a 1974, periodo da Di-
rente, realizar-se-á a conferencia da Luso- tadura, e Terceira República iniciada com
American Education Foundation, em con- o 25 de Abril de 1974 até aos nossos dias.
junto com as comemorações do Centenário Cada apresentador falará sobre a sua épo-
da República Portuguesa na Universidade ca, focando os acontecimentos políticos,
da California, Berkeley e em San José. económicos e culturais.
No dia 11 de Março, cerca de 200 jovens Ainda no dia 13 de Março, pelas 18H00,
que estudam Português nas escolas secun- haverá um jantar de gala na Rotunda do
dárias de Tulare, Turlock, Hilmar e San “San Jose City Hall”, para comemorar o
José, participarão em várias sessões de Centenário da Repúblic Portuguesa. O
trabalho, sobre a língua e cultura Portu- orador principal será o Dr. Mário Soares,
guesas, na UC, Berkeley. o qual foi duas vezes Primeiro Ministro ,
Nos dias 12 e 13 de Março na mesma uni- e também eleito duas vezes Presidente da
versidade, haverá um ciclo de conferências República Portuguesa.
coordenadas pelo Programa de Estudos No dia 14 de Março, pelas 16H00, no Por-
Portugueses, sobre o Centenário da Re- tuguese Athletic Club, San José, terá lugar
pública e a Língua Portuguesa. Participa- o lançamento do livro, “Açores: Nove Ilhas
As Quadras
rão mais de uma duzia de apresentadores, uma História”. Estará presente a autora do
sendo a maioria professores universitá- livro, Susana Goulart Costa, professora na
rios, vindos de Portugal e de várias partes Universidade dos Açores.
Palhaçadas
Rasgos d’Alma
Luciano Cardoso
lucianoac@comcast.net
O
Entrudo sempre me caíu muito árbitro de palhaço – culpando-o sucessi- riar, as vitimas permanecem ilhôas. ram em ridicularizar Bush durante anos
bem. Nasci na festeira Ilha Ter- vamente pelos êxitos encarnados: “Uma Admito, por conseguinte, que os nossos como palhaço mór de sorriso traquinas,
ceira, onde a tradicão carnava- roubalheira! Uma palhaçada!”, cramam de bonitos Açores, vitimados desde há mui- receiam agora que a declinante Obamania
lesca, em cima dos palcos e no orgulho ferido. to pelos imponderáveis da insularidade, de um ano e tal de desgaste presidencial
coração do povo, não conhece rival. De Entendo tambem, em similar paralelo po- pela insuficiência do financiamento e pelo não seja indício de reencenada palhaçada
facto, como todos bem sabemos, o Carna- litico, que os rosas lá na terra, furibundos penalizante jogo do empurra, não tenham a temer-se qualquer dia ao redor da Casa
val terceirense, é mesmo um caso à parte com o insucesso eleitoral de trinta e tal mesmo outro remédio senão continuar Branca.
de divertido teatro popular. Nestes dias anos sem votos de vitória no alaranjado a empurrar os seus filhos para longe, em
de animada folia, por lá, a ilha rodopia de jardim madeirense, queiram rotular o re- busca duma vida melhor. A coisa está preta. Não é só o Sporting que
alegria. Por cá, a comunidade movimenta- chonchudo jardineiro local do que ele há Não está fácil. anda à rasca com os fundilhos rotos e a
se com vivo entusiasmo, curtindo rimas muito os vem implicitamente rotulando, moral por baixo.
e rábulas de boa disposição. Quando os sem pejo no papo nem papas na língua: A magnânima California, que outrora nos Eu se tivesse agora que enredar um Bai-
Bailhinhos tem graça, a alma saudosa acolheu com patente regozijo, já não é lhinho…
da gente imigrada, que enche à cunha os exactamente a mesma benemérita anfitriã Bem, agora é tarde. Já estamos na Qua-
engalenados salões comunitários, não os doutras eras. resma e sempre fui respeitador dos nossos
substitui por nada. Os que carimbam Schwartzneger de pa- preciosos valores tradicionais. E o que
Nada como umas boas gargalhadas quan- lhaço, e que à patética política orçamen- mais me irrita é ver e ouvir quem se recusa
do as piadas são bem redigidas e o enredo tal proveniente de Sacramento qualificam a respeitá-los.
melhor interpretado. de vergonhosa palhaçada, lá tem as suas Já em plena época de recôndita reflexão,
Carnaval é divertimento. Quando não o razões. Nunca o futuro se anteviu tão tre- quererem chamar-me palhaço por eu ape-
fôr, perde a piada. mido neste afluente estado que nos aco- nas opinar que, tostão por tostão, golo a
Há quem perca o juízo nestes dias em cata lhe e alberga com filhos adoptivos. Mas, golo, o Levezinho não tem peso para o cal-
de assunto para rir. tememo-lo sobretudo pelos nossos filhos e meirão do Cardozo… C’mon!
pelos filhos dos nossos filhos, a quem cus- (Cardoso é nome que manda respeito.) Já
Há quem goste de ver em tudo uma pa- tam cada vez mais os olhos da cara os li- meu avô o dizia. Vão lá chamar palhaço
lhaçada. Comparam a vida a um circo e vros, os estudos, os cursos. E os empregos a outro!
entretem-se com as reações animais ence- a escassearem…
nadas na fraqueza humana. Todos sabemos
Nada nem ninguem escapa ao mordaz es- bem que esta
pírito de humor popular que zela por aí à crítica escas-
espreita da tacada certa no momento exac- sez de fundos e
to. Sobretudo a politica e os politicos, a enervante crise
par dos desaires nos futebóis, alvos fáceis económica não
do escárnio e descontentamento popular, é apenas local.
tornam-se em bombos de festa e apanham “Palhaços!” À escala nacio-
pela medida grossa ou por alma da caixa “Palhaçada”, de facto, continua a revelar- nal e mundial, o
velha. se a actual cena política lusitana, diaria- pressentimento
O povo (tal como o Sporting) anda frus- mente televiosionada de lá para cá em ri- permanece pre-
trado e não o esconde. (O Benfica que o dículos episódios informativos de figuras ocupante. Os
diga.) tão tristes que até metem dó. Refiro-me que não hesita-
Eu compreendo que os leões, desiludidos sobretudo ao recente debate parlamentar
e furiosos quando as águias os nicam e sobre a controversa lei das finanças regio-
bicam a doer, não resistam em apelidar o nais, onde, lamentavelmente, para não va-
8 COLABORAÇÃO 15 de Fevereiro de 2010
T
e associações, nomeadamente
eóricamente, tas, onde a nobreza exercitasse e os interesses nacionalistas e
o Senhor Secretário de Estado
a Democracia, ”o go- a sua coragem, queixava-se de imperialistas, trocaram os cam-
das Comunidades, a Directora
verno do povo, pelo tédio. Não ía ao psiquiatra, que pos de batalha, pelas quadras
Regional das Comunidades, os
povo e para o povo”, não havia, mas confessava-se ao e hemiciclos das assembleias
deputados eleitos pelo círculo da
é imperfeito, e ruidoso, mas até Frei João do Convento e queixa- e parlamentos. Foi uma tenta-
No âmbito das suas atribuições, Emigração de Fora da Europa,
hoje, na história de biliões de se de “paz pôdre”. tiva para substituir a violência,
os Conselheiros das Comuni- todos os Cônsules de Portugal
anos, desde que o Homem se o garrote, a tortura e a queima,
dades Portuguesas eleitos pelos nos Estados Unidos, os Coorde-
separou do seu irmão das caver- E ainda hoje, nesta era demo- por uma forma mais suave, em
Estados Unidos têm a honra de nadores do Ensino do Português,
nas, é , provavelmente, o melhor crática, religiosa, fanática e que o dinheiro, o clássico “vil
convidar os directores dessa a Associação de Professores de
que conseguiu engendrar. Como terrorista, encontramos uns metal”, passou a ter um papel
prestigiosa organização para uma Português dos Estados Unidos,
pequenos redutos de saudosis- de denominador comum. E esse
reunião de trabalho a realizar na as associações portuguesas, en- ser imperfeito que é, a criatura
mo monárquico, esperando o manganão, um dia expulso do
sede da Casa do Ribatejo, 156 tre outras. humana, não podia conceber
regresso do seu querido D. Se- Templo a chicote pelo Prégador
Rome ST, Newark, NJ, 07105- ou pôr em prática, um sistema
bastiã na manhã encoberta da da Galileia, cá está de novo ten-
3414, no próximo sábado, dia 20 No final da reunião de trabalho para se governar, absolutamente sua poética imaginação. Nos tando corromper a Democracia.
de Fevereiro, entre as 9:30 horas terá lugar um encontro com a co- perfeito. Em coisas de governo, tempos áureos da monarquia, E depois de lancar o mundo na
e as 17:00 horas. munidade portuguesa e uma con- o progresso, tem sido na razão o Rei não era apenas o símbolo crise, acaba de ser intronizado
ferência de imprensa. inversa da corrida tecnológica. vivo da nação e da ordem, mas pelo Supremo Tribunal deste
Nesta reunião serão debatidos as- Aí, o que ontem era a última pa- da crença, da fé compulsiva do país, elevando-o à categoria de
suntos pertinentes para as comu- Os Conselheiros ficariam muito lavra, hoje é roupa velha. povo, e a senha era, “Ou crês, cidadão.
nidades portuguesas dos Estados honrados com a presença de um
ou morres”. E quem não cresse Sem voto, mas com poder de
Unidos, nomeadamente: director dessa organização empe- Experimentou primeiro com o segundo a lei do Rei, que era afogar, numa avalanche de mi-
nhados que estão na construção governo natural do mais forte, simultâneamente, a lei de Deus, lhões, os representantes do povo
1 – O futuro do ensino do Por- de uma plataforma de discussão e o mais musculoso, o mais cora- ia mesmo à fogueira, na praça do partido contrário.
tuguês nas nossas comunidades entendimento entre as várias for- joso, o mais libidinoso, o mais pública. A queima, com cheiro
no âmbito da nova lei do EPE e ças vivas das nossas comunida- apto a conquistar as fêmeas e a de churrasco e tudo, era um dos Pela maioria de um voto, o Tri-
da transição da sua tutela para o des e as instituições portuguesas lutar pela preservação do ser- mais concorridos espectáculos bunal, presidido por um juiz
Instituto Camões; de modo a desempenharem cada ralho. E veio por aí abaixo, sal- da época. Eram os tempos da conservador, nomeado pelo ex-
2 – Associativismo: os novos de- vez melhor o seu papel de conse- tando de milénio em milénio, “fé que move montanhas.” Igual Presidente Bush, considerou in-
safios; lheiros democraticamente eleitos até chegar ao Rei, ao líder, ao à fé que ainda hoje é utilizada constitucional uma lei em efeito
3 – Participação cívica e política e os interesses das comunidades imperador, forte de corpo e de pelos milagreiros da TV que, à há dezenas de anos, que proibia
da nossa comunidade em Portu- que os escolheram. ambição, pronto a jogar a vida vista de milhões, curam cancro as corporações de financiar as
gal e nas comunidades de acolhi- na conquista das terras e das espúrio, espinhela caída e bicos campanhas políticas. E como o
mento; Na expectativa das V. notícias, femeas. E chegou até os nos- de papagaio. dinheiro é poder, e como o po-
4 – O recenseamento eleitoral: aproveitamos para enviar os nos- sos dias, de cabeça coroada e der tudo pode, é provável que
estratégias de sensibilização e sos mais respeitos cumprimen- de “sangue azul”, armadura de A democracia apareceu como esta nossa democracia america-
actuação; tos. ferro e espadalhão ao alto. Te- uma espécie de antídoto para os na, tenha pela frente um periodo
5 – A nova lei da nacionalidade; nho em mente a foto do nosso males da injustiça, do racismo, difícil, especialmente para as
6 – O acesso dos emigrantes aos Atentamente Afonso Henriques, que mandou do absolutismo, do fanatismo, classes mais débeis da sociedade.
serviços de assistência médica e à bosta os conselhos da mamã, do obscurantismo, e da luta con-
social em Portugal, a tarifa úni- Os Conselheiros das Comunida- dizendo-lhe que ia lutar pelo seu tra a ciência e a cultura do povo. Como se vê, a liberdade tem o
ca, o funcionamento consular e a des eleitos pelos Estados Unidos próprio país. Ele não queria nem Os idealistas que a conceberam, seu preço, e espera-se que os
RTP Internacional. cães de caça nem cavalos, Ele desejavam que fosse um sistema excessos que se temem no fun-
José Morais queria um país, ou um império. onde todos os ideais, crenças cionamento da democracia, aca-
Para esta reunião foram convi- O grande divertimento de então, e raças tivessem guarida. E as bem por resolver o problema.
dados várias individualidades não era ir ao casino ou jogar na crenças restritas e racistas de-
Bolsa, mas uma batalha contra ram lugar a um sistema mais
os sarracenos ou nuestros her- humano, mas tambem mais rui-
manos. E quando não havia lu- doso. Os grupos, as religiões
CONSULADO Falecimento
GERAL DE PORTUGAL cido pelos Vigários. Frank Rosa (Angie), Luis Rosa e
Foi para o Brasil em 1959 e veio enteadas Anna Freitas (Mark) e
citar as fichas de candidatu-
COMUNICADOS ra escrevendo para o
para Santa Clara, California em
1964.
Bernardette Christi (John).
Era avô de 38 netos e 27 bisne-
Consulado-Geral - 3298 Em 1982 casou com Mercês tos.
1. O Consulado-Geral de Washington Street, Rosa e juntos gozaram muitas Deixa também de luto sua irmã
Portugal em San Francisco San Francisco, CA 94115, viagens de férias. Belmira Sabino, de Toronto,
apresenta os seus melhores ou atraves do telefone Viveu nos últimos anos em San Canadá.
cumprimentos e tem a hon- (415) 346-3400, ext. 200 ou José e ia muitas vezes à POSSO Foi a sepultar no Santa Clara
ra de comunicar que à seme- do Fax: (415) 346-1440. jogar cartas. Além disso adora- Mission Cemetery.
lhança dos anos anteriores, San Francisco, 29 de Janeiro va viajar com os seus filhos.
a Secretaria de Estado das de 2010. Era pai de 12 filhos: Margaret Paz à sua alma.
Faleceu no dia 31 de Dezembro Trovão (Francisco), do falecido
Comunidades Portuguesas de 2009, Frank Rosa (Vigário).
vai organizar no corren- 2. A pedido da Direcção Manuel Rosa (Neusa), Francisco
Nasceu no Pico, Açores, a 30 de Rosa (falecido), Maura Fiosi (Ri-
te ano mais um Programa Geral dos Assuntos Con- Dezembro de 1912. Foi casado cardo, falecido), Natercia Varley
“Portugal no Coração”, com sulares e das Comunidades com Maria Rosa por 45 anos e (Don), Joseph Rosa (DeDe), fa-
o objectivo de levar a Por- Portuguesas, tem a honra de juntos criaram 12 filhos. lecida Eva Nascimento (Duane),
tugal 40 idosos portugue- comunicar que quem estiver Foi baleeiro, andou na pesca do Maria Nascimento (Stan), Tony
ses com mais de 65 anos de interessado pode candida- atum e a sua família era conhe- Rosa (Rosa), Ana Janto (Mike),
idade e que, por razões de tar-se à terceira edição do
ordem económica, não te- “Prémio Empreendedoris-
nham visitado Portugal nos mo Inovador na Diáspora
ultimos 10 anos. Portuguesa”, cuja data limi-
O Programa das visitas está te é 26 de Março de 2010.
organizado em duas edi- Os processos de candidatu-
ções: Maio e Outubro do ra deverão ser submetidos a
corrente ano.
As candidaturas para a épo- COTEC PORTUGAL,
ca de Maio terão que dar através do enderego electro-
entrada no Consulado-Ge- nico diaspora@cotec.pt ou
ral até ao próximo dia 19 de através do site www.cotec.
Março. pt/diaspora.
Os interessados podem soli-
COLABORAÇÃO 9
Rio 50º
Sabor Tropical
Elen de Moraes
elendemoraes_rj@globo.com
uma cidade na estufa
O
verão do Rio de Janei- das caixas situadas em cima dos bono, tanto através de veículos lhões de pessoas que vivem a me- alguns Estados brasileiros, com
ro está ligado às ima- telhados tão quente que se torna e fábricas que, para funcionar nos de um metro acima do nível centenas de mortos! Lamento que
gens das suas belíssi- impossível usá-la, a não ser tarde queimam gasolina, álcool, diesel, do mar estão correndo o risco de os governantes das grandes po-
mas praias, aos corpos da noite ou de madrugada; hos- etc., como pelas queimadas das perder suas casas. As populações tências não encontrem logo uma
bronzeados estirados na areia e pitais cheios com pessoas hiper- florestas que não consegue deter da Índia e da China podem pas- saída, um denominador comum,
ao sol, aos passeios de bicicleta tensas, desidratadas, infartadas, e pelo reflorestamento de grandes sar fome por causa do declínio para que a vida no nosso planeta
pela orla marítima, aos quiosques com insolação, infecção intesti- áreas que não consegue fazer. na produção de alimentos como seja preservada e passe a ter a im-
A
coloridos e à famosa água de côco nal e outros; incêndios pela com- conseqüência do aquecimento portância que merece.
bem geladinha que o carioca ado- bustão espontânea, etc. primeira parte de um global. Os mananciais de água
ra e o turista elege como bebida É o inferno na terra! documento divulgado doce, que abastecem milhões de Pesquisa:
preferida da estação. Para nos conscientizarmos que a em Fevereiro de 2007, pessoas no mundo estão em ris- http://amanatureza.com/
Neste ano, no entanto, uma nova vida no planeta é responsabilida- pelo IPCC (Intergo- co. Na região Amazônica, por
imagem se insere ao álbum da ci- de nossa e que deter o aumento vernmental Panel on Climate exemplo, as pessoas podem ser
dade: as praias que permanecem do aquecimento global é o cami- Change), que ganhou destaque na afetadas por temperaturas ainda
cheias, com pessoas a praticar nho para que a vida seja preser- mídia, diz que os seres humanos mais altas no verão. No nordeste
esportes, pescar e mergulhar em vada, seria bom recordarmos, de são os responsáveis pelo aqueci- brasileiro, as temperaturas vão
águas que se conservam mornas um modo bem simples, como se mento da terra e na sua segunda subir ainda mais, passando de
mesmo depois que a noite desce. dá o processo. parte afirma: uma região semi-árida para árida
Um paraíso? Seria se não fosse o “Com o aumento do aquecimento e comprometendo a recarga dos
calor medonho que nos adoece O gás carbónico não é venenoso global ampliará a ocorrência de lençóis freáticos. No sudeste, a
e que cozinha o bom humor do como muitos pensam e é útil à estiagens e de enchentes, elevará precipitação vai aumentar com
carioca, sem matá-lo, porque já vida. Sem ele as plantas não pro- o nível do mar, levará à extinção impacto direto na agricultura e
tem quem ande fazendo piadas duziriam o oxigênio tão necessá- milhares de espécies animais e nas inundações e deslizamentos
do tipo: “Rio, não, Hell de Janei- rio à existência. Elas consomem vegetais, e aumentará a subnu- de terra”
ro”; “Rio de Janeiro só tem duas o gás carbônico do ar. A respi- trição e as doenças entre os seres Inundações e deslizamentos de
estações: verão e inferno”; “Até o ração e a queima colocam-no de humanos. Estima-se que 100 mi-
fogo do sol vem passar férias no volta, mantendo, assim, o equilí- terra já estão acontecendo em
Rio de Janeiro”, e por aí vai. brio desse gás, de modo que a sua
Não me lembro de dias tão insu- quantidade no ar não muda.
portavelmente quentes como os
de agora. Quando se falava em O gás carbónico tem, ainda, o im-
“Rio40graus”, era o máximo que portante papel de manter a tem-
podíamos imaginar para um ca- peratura da terra. O sol emite luz
lor intolerável. Entretanto, o ano que é composta de raios de várias
de 2010 nos chega com tempera- cores (O arco-íris é a luz do sol
turas de até 40.4ºC, mas com a que foi decomposta), mas existem
sensação de 50ºC, por causa da dois que são invisíveis aos olhos
umidade do ar, informa o Insti- humanos: o infravermelho e o ul-
tuto Nacional de Meteorologia travioleta. Quando os raios do sol
(Inmet). chegam à terra e entram em con-
Conseqüências desagradáveis tato com a matéria, ela esquenta e
acompanham o calor exagera- solta raios infravermelhos. O gás
do: quedas no abastecimento de carbônico que está no ar (e fun-
energia, causando apagões loca- ciona como um telhado de vidro),
lizados - embora ninguém admi- absorve esses raios infraverme-
ta os motivos pelos quais acon- lhos e se aquece, esquentando a
tecem – e com eles os prejuízos terra, conseqüentemente. O va-
materiais para os consumidores, por da água, da mesma forma,
tais como aparelhos eletrônicos absorve os raios infravermelhos,
queimados, comidas estragadas se aquece e ajuda manter a tem-
e o pior, a impossibilidade de peratura do planeta.
ligar os aparelhos que ajudam
minimizar o efeito das altas tem- Entretanto, é pela mão do ho-
peraturas; restaurantes fechados; mem que acontece o aumento
metrô com lotação máxima a tra- insustentável do “efeito estufa”,
fegar na hora do “rush”, tendo o por jogar na atmosfera grandes
ar condicionado avariado; água quantidades de dióxido de car-
CORRECÇÃO
As nossas desculpas.
10 COLABORAÇÃO 15 de Fevereiro de 2010
Reflexos do Dia–a–Dia
Diniz Borges
d.borges@comcast.net
Uma má decisão!
N
o dia 21 de Janeiro o do mundo empresarial, tivessem
Supremo Tribunal de o direito de comprar a nossa de-
Justiça dos Estados mocracia. O inimaginável, com
Unidos, no caso Citi- o apoio de 5 juízes conservadores
zens United v. FEC, com 5 juízes aconteceu.
votando a favor (os cinco conser- O resultado desta terrível de-
vadores) e 4 contra (os 4 mais libe- cisão do Supremo Tribunal de
rais) decidiu outorgar às grandes Justiça dos Estados Unidos será
companhias, às multinacionais dar às grandes companhias a do-
e pluricontinentais, os mesmos minação total do nosso processo
democrático. É que as mesmas
direitos que a primeira emenda
companhias ficam sem qualquer
da constituição americana aufe-
rédeas para gastarem tudo o que
re aos cidadãos deste país pos-
quiserem para derrotar qualquer
suem. Assim, as multinacionais candidato que não lhes interesse.
e pluricontinentais podem gastar, É que com esta decisão, os polí-
sem qualquer limite, no processo ticos ficarão muito menos cora-
eleitoral americano. Em suma, as josos e dispostos a enfrentarem
grandes companhias americanas, causas que questionem as práti-
e até mesmo as internacionais, cas das grandes companhias e os US SUPREME COURT:
podem desembolsar o que quise- seus contínuos abusos no meio Em pé - Samuel A. Alito, Jr., Ruth Bader Ginsburg, Stephen G. Breyer, Sonia Sotomayor
rem nas campanhas políticas dos ambiente, na saúde pública, na Sentados - Anthony M. Kennedy, John Paul Stevens, John G. Roberts, Jr., Antonin Scalia, Clarence Thomas.
Estados Unidos. A democracia construção de armamento bélico,
americana, e o cidadão comum, etc. E porque a decisão cai sobre
são, obviamente, os grandes per- a primeira emenda à constituição se as companhias não podem vo- ca terão que impedir e poderão nhoras no Tribunal, Ginsburg
dedores. O Supremos Tribunal americana, que garante o direito tar porque lhes é dado, nesta de- fazê-lo através de legislação que e Sottomayor votaram contra),
acabou por vender o processo de- de expressão dos cidadãos, esta cisão, o direito a abafarem aque- fiscalize o montante das ofer- mas a democracia americana não
mocrático. medida do Supremo Tribunal de tas que são feitas às campanhas pode ser uma mera marionete das
les que podem votar? É que com
Como se sabe, dinheiro de compa- Justiça terá impacto a todos os ní- políticas, por exemplo. O presi- grandes multinacionais e pluri-
esta nova decisão as companhias
nhias como a Exxon, a Goldman veis, incluindo a eleição de juízes dente Obama, corajosamente, fez continentais.
americanas, que agora gastam
Sax, a Pfitzer e outras colossais a nível regional e estatal. referência a esta terrível decisão
N
cerca de 1% dos seus lucros (or-
pluricontinentais têm corrompi- no seu discurso à nação, enfren-
çados em cerca de 605 biliões de
do o processo legislativo, quer a opinião dissiden- tando os juízes cara a cara, e nos
dólares no ano transacto) ficam
em Washington, quer nas capitais te, o Juiz John Paul corredores do Congresso começa
de vários estados norte-america- livres para compararem os políti-
Stevens relembrou os a aparecer legislação para com-
nos, chegando em alguns casos cos e o processo democrático nos
seus colegas que as bater esta influência sem prece-
às próprias Câmaras Municipais. Estados Unidos.
companhias “não são membros dentes que certamente mudará o
Só precisávamos que o Supremo Esta é uma decisão que o po-
duma sociedade. Elas não podem rosto americano.
Tribunal decide-se que os gigan- der legislativo, o Congresso, e
votar nem concorrer a um cargo Desculpem Senhores Juízes (e
tes do mundo da alta finança, e o poder executivo, a Casa Bran-
publico.” Como sugeriu Stevens, escrevo Srs. porque as duas Se-
Memorandum
João-Luís de Medeiros
Avé, Mulher
jlmedeiros@aol.com Cheia de (G)raça
são para honrar o pragmatismo consue- há mulheres que ainda vivem oprimidas, castigos – são desafios!
1 – breviário do calvário feminino tudinário, relativamente à poligamia (ex. humilhadas, não obstante os sinais que dão Entretanto, há fundados receios de que o
N
com quantas esposas conviveu o patriarca notícias auspiciosas duma gradual eman- plano inclinado do acesso à hierarquia do
ão preciso negar que também Abraão?) cipação. Sem ares de novidade, relembro prazer esteja a dificultar a percepcão de
faço parte da comunidade hu- A ligeireja desta conversa não dispensa o entusiasmo das gerações que aderiram situações dramáticas do nosso quotidiano.
mana engaiolada na manga de esclarecer um pormenor importante: a à luta em prol da liberdade cívico-política Estou a considerar o caso das raparigas
vidro fusco da crise que pas- elasticidade poligâmica consentida pelo da Mulher, e que avolumaram o plenário vítimas da prática hedionda de “clitori-
sa. Embora consciente do facto, esta se- Alcorão nada tem a ver com a concepção do Te-Deum da reconciliação: Copenague dectomy” (circuncisão feminina) – crimes
mana resolvi fazer um breve intervalo na tridentina do “adultério”. Quando um is- (1980); Viena (1982); Nairobi (1985)... abafados pela barbárie do fanatismo reli-
abordagem das retorcidas complexidades lâmico coabita com várias mulheres (não gioso. Por outro lado, não precisamos de
políticas do quotidiano, designadamente, mais de quatro) todas elas gozam do esta- 2 – “Igualdade, Desenvolvimento e Paz” longas viagens para constatar a violência
o fastidioso delírio esgrimista dos contes- tuto de “esposa”, sem secretismos defensi- (lema das Nações Unidas). endémica adentro das muralhas domésti-
tantes da emenda à lei das financas regio- vos ou pecaminosos; de resto, segundo o cas da nossa terra: a praga do alcoolismo
nais. Outrossim, decidi resistir à tentação preceito islâmico, o casamento não é sa- Em 1945, dos 51 países co-fundadores tem cara-de-gente; o abuso de crianças é o
de esmiuçar a “batalha-de-pétalas” dos cramento – é um contrato. das Nações Unidas, apenas 30 Estados- resultado visível da promiscuidade escar-
legionários do hermafrodismo lusitano, Se optarmos por não reparar no tempera- membros garantiam a igualdade cívica das nicadora do delírio consumista; o “laisser-
cuja “virilidade” homossexual não teve mento “misogynistic” do apóstolo Paulo mulheres. Para ultrapassar tamanha dis- aller” do facilitismo existencial continua a
pejo de vir ao terreiro convidar a opinião (deixemos o concílio de Trento para uma paridade, foi constituída uma Comissão desvirtuar a autonomia tradicional, outro-
pública a lançar cerejas ao cortejo das suas próxima conversa), o Cristianismo consi- incumbida da doutrina geral concernente ra tão ciosamente vigiada pela catequese
“bodas-nupciais”... dera a Mulher como parte integrante do aos direitos cívico-políticos da Mulher dos bons-costumes insulanos...
Assim seja. Acabem lá com isso de di- “povo escolhido”. Temos notícias de que (1952). Em frente! Fazemos parte da eternida-
zer que “a mulher é o mais belo defeito o doce Rabi da Galileia prezava muito a Entretanto em 1972, as Nações Unidas de, tal como o pingato faz parte da boa
da natureza”. Nem deusa nem serpente, a proximidade das companheiras. Jesus sa- aprovaram uma “resolução” no sentido de colheita. Hoje, não temos paciência para
mulher faz parte do maravilhoso barro hu- bia apreciar, em altíssimo grau, a beleza proclamar “1975 - ano Internacional da pesquisar se, afinal, Adão nasceu com ou
mano que, na inevitável opinião do signa- horizontal da convivialidade humana, com Mulher”: a conferência foi realizada na ca- sem umbigo! Contudo, temos o direito de
tário, tem sido a matéria-prima do Escul- idosos, criancas, e enfermos, e gentes de pital do México, com a presença de 1.000 imaginar que Adão nasceu devidamente
tor supremo: mercê do talento excelso do outras etnias (jamais esquecei o episódio representantes de 133 países; veio daí a apetrechado para o cumprimento integral
Criador, o barro inicial foi depressa trans- poético da conversa de Jesus com a jovem surgir a iniciativa de considerar 1976-1986 da paternidade.
figurado na mais fina porcelana genética... Samaritana, junto ao poço de Jacob...). - a década dedicada à Mulher. Vamos continuar a louvar o talento do
Imagino que a Mulher aprendeu a sorrir Durante o forçado “cruzeiro” colonial da Numa apressada pincelada poética, diria supremo Escultor que nos brindou com
(com justificado desdém) desde quando minha geração, houve certamente episó- que a ponta final do século XX foi um pe- a deusa fraternal chamada Eva. Sim,
ouviu dizer que era apenas o sal da cozi- dios infelizes que o tempo e a geografia ríodo auspicioso no idealismo fraternal dos caríssimas(os), o meu espanto já vem de
nha masculina. Sabemos que as religiões tentam arquivar nas catacumbas do silên- “descendentes” de Adão & Eva (os espe- longe, desde que comecei a soletrar notí-
monoteístas (judaísmo, cristianismo, is- cio... Não serve de atenuante admitir que cialistas em hebraico sustentam que Adão cias da “abençoada diferença”:
lamismo) tratam a Mulher com calculada “in the long run we are all dead.” Creio que significa “ser humano”, e Eva “vivência”). - Avé, Mulher - cheia de (g)raça: “...quem
parcimónia, embora a tradição rabínica na altura tomei nota dum provérbio africa- Vamos conjugar verbos no presente: temos te fez todo o pão da minha fome?”
glorifique as (suas) mulheres-profetas (Re- no que nos lembra: “a calmaria aparente o dever de interromper o “dolce-far-nien-
becca, Susana). Curiosamente, o tradicio- das águas não garante a ausência de cro- te” dos que ainda vivem distraídos pela
nalismo judaico ostenta algo em comum codilos”. Isto para acentuar que nos lares, crise global que continua imparável no seu
com o islamismo: a indisfarçável propen- nas escolas, nas fábricas (d’aqui e d’além) desfile tragi-carnavalesco. Crises não são
COLABORAÇÃO 11
Temas de Agropecuária
Egídio Almeida
Usar o poder político
egidioisilda@charter.net
e forçar legislação
Esta é parte de um editorial duzem em média entre 140.000 para tomar este sistema a pul- venha dar aos produtores um pre- servem, e em muitas áreas nacio-
de um perito na agropecu- e 150.000 libras de leite por mês, so. Mudanças substanciais tem ço razoável e justo, que acabará- nais a comunidade em geral.
ária, que nos indica clara- o que totaliza aproximadamente que ser imediatamente feitas no por beneficiar toda a Agricultura
1.700,000 libras de leite por ano. método de determinar os preços e aquelas outras industrias que a
mente os problemas que tei-
Subtraindo $13.00 (preço pago) pagos à produção, antes que seja
Sabores da Vida
mam em não desaparecer da dos 22.00 por cwt (custo) quer demasiado tarde.
indústria dos lacticínios dizer que o produtor médio na A indústria está precisando uma
N
#1 Ordem perdeu $9.00 por cada nova lei da agropecuária como
ão é nossa intenção 100 libras da sua produção anual, a “The Federal Milk Marketing
ser negativo nos nos- o que é igual a $150.000 dólares. Improvement Act of 2009” refe- Quinzenalmente convidaremos
sos trabalhos, mas Não admira portanto que muitos rida como (S-1645), e se quere- uma pessoa a dar-nos a receita
a realidade é que a produtores de leite por toda a Na- mos maior transparência na des- do seu prato favorito, com uma
agropecuária parece ter envere- ção estejam a lutar com dificul- coberta e formação dos preços do condição - que saibam cozinhá-lo.
dado por um beco sem saída, e dades financeiras, e perguntando leite, teremos que usar o custo da
o descontentamento geral mani- porque razão bancos e institui- produção nacional para chegar ao A nossa convidada nesta quinzena é
festa-se em muitos sectores desta ções financeiras, com melhores mesmos. Liliana Ribeiro, nascida na Terceira e
industria e outras que prestam possibilidades de recuperação re- Muitos são da opinião de que residente em San José, California.
serviços à mesma. O preço mé- ceberam as grandes ajudas finan- “The Chicago Mercantile Ex-
dio pago aos produtores de leite ceiras, enquanto a produção de change (CME)” não é mais de BOLO DE AMÊNDOAS
que vendem este às industrias leite recebeu em dois programas que uma fachada para servir os
transformadoras, e são reguladas Federais o valor de .60 cêntimos mais poderosos. Durante o passa- Ingredientes: 1 copo de amêndoas com casca, 1 1/2 copo de
pelas Ordens Federais #1 (Bos- por cada 100 libras. Assim, em do mês de Dezembro, o preço do açucar, 1 copo de farinha, 10 colheres de sopa de manteiga sem
ton, New York, e Washington, vez de perderem $9.00 por cada bloco de queijo baixou 27 cênti- sal, 2 colheres de sopa de Rum escuro, 2 colheres de chá de
DC, Ordem Geral) foi de $13.01 11.6 galões produzidos, o preju- mos nesta instituição financeira, essência de baunilha, 8 clara de ovos, sal.
por cwt. O custo total de produ- ízo foi apenas $8.40, enquanto enquanto as grandes companhias 1. Aquece-se o forno a 350º
ção nestas áreas, de acordo com que, executivos das maiores ins- comercializaram para trás e para 2. Coloque as amêndoas e 3/4 de copo de açucar no “food pro-
”Economic Research Service” tituições vão enxendo os bolsos a frente a enorme quantia de cesser” ate ficar finamente partidas. Transfira para uma tigela e
(uma divisão de USDA) foi entre das calças e jaquetas. Infeliz- 1.716 vagões de comboio cheios junte a farinha.
3. Derreta a manteiga num tacho em lume brando, junte o Rum e
$22.00 e $22.50 por cada cwt. mente, e ao contrário de credíveis do mesmo queijo. Agora compro
a baunilha. Ponha de lado e deixe esfriar.
Estes números reflectem (o total previsões, os preços do leite con- eu, e amanhã, compras tu.
4. Bata as claras em castelo com uma pitada de sal. Aos poucos,
económico custo de produção) tinuam a arrastar-se na casa dos Como mencionamos no início, junte o resto do açucar, continuando a bater até as claras estarem
tais como custos da vida familiar $13.00, muito aquém dos custos este artigo foi baseado num edi- firmes.
envolvida, valor do investimento, da produção nacional. torial de uma prestigiosa revista 5. Alternando, incorpore a mistura das amêndoas e a mistura da
etc. Ainda segundo estes analistas, as de agropecuária, com algumas manteiga nas claras até estar tudo bem misturado.
Em Janeiro de 2009 este edito- leis e regulamentos que presen- modificações, não deixando de 6. Unte uma forma de 10 polegadas, ponha a mistura na forma
rialista previa que os prejuízos temente regem os mercados do ser a opinião de muitos produto- e com uma espatula alise suavemente. Espalhe por cima 1/3
para um produtor de leite médio leite, nomeadamente os preços, res com quem temos contacto. de copo de amêndoas com casca às lascas. Vai ao forno por 40
na Ordem Federal #1 seria apro- estão urgentemente necessitando O que a industria deve fazer ime- minutos.
ximadamente entre $140.00 e de uma reforma, e o Congresso diatamente é usar o seu poder Tira-se do forno e arrefece. Espalha-se açucar fino por cima.
$150.000. Estes produtores pro- dos Estados Unidos tem falhado político e forçar legislação que
Eduardo da
Silveira, M.D.
Diplomado em
Gastroenterologia.
Especialista em Doenças
do Fígado e do Aparelho
Digestivo.
Hélio Tavares
Sonhava ter
um avião
Esta é a história simples de um homem, açoriano de
nascença, que um dia veio para a América, comprou
um avião aos pedaços e com ajuda de amigos, montou-
o e depois de ir à escola, pegou nele e voou pelos céus
da California durante vários anos. O mais longe que
voou foi até Louisiana, numa viagem de dezassete ho-
ras.
Agua Viva
Filomena Rocha Portuguese
Athletic Club
filomenarocha@sbcglobal.net
J
aneiro fora cresce uma hora; e se bem contares, hora
e meia acharás.
Mas entrou já o Fevereiro, triste, melancólico, ávido
de Sol que não chega, um Sol de Inverno, pálido,
amargo, desapontado, e não é para menos pois do modo
que o mundo está, é quase impossível que até o Sol quei-
ra dar a cara à Terra onde os homens pouca estima lhe
têm, assim como uns pelos outros, que nem o Carnaval
conseguiu fazer vibrar de alegria. E alguns grupos carna-
valescos, os que consegui ver, fizeram-me rir, voltar aos
velhos tempos da ilha, mesmo que já nada seja o mesmo.
Ou serei eu que já estou a perder o sabor das coisas…
Deve ser, depois de tanto tempo ausente…
A verdade é que, em qualquer palco onde o apito toque, já
pensamos que é a percursão de outros apitos e que em vez
de danças e bailhinhos iremos ter futebol com ataques e
escutas sem vergonha e sem escrúpulo. Nada há de pior
que o atentado à honra de uma pessoa no seu trabalho,
seja ele qual for, em que a chantagem condicione o lu-
gar do ganha-pão de qualquer cidadão. É um verdadeiro
atentado à pessoa humana, não interessa a sua condição
C
social. Este PAC fundado em 1962 tem sido um grande orgu- elogiados todos os anos, quer pelo seu comportamento,
ondição social é a que não tem sequer o Povo lho da nossa comunidade portuguesa na Área da Baía, quer por tudo o que têm ganho. A convidada da noite
do Haiti, considerado um dos países mais po- quer no campo social, quer na sua vertente desportiva. foi Goretti Silveira, directora do PAC, que falou sobre a
bres do mundo. Os casinos do jogo e da perdi- Por este salão passaram grandes escritores, pintores, Língua Portuguesa numa sociedade como a nossa, que
ção eram apenas uma fachada para encobrir a políticos portugueses e foi dos primeiros a eleger causou alguma controvérsia.
uma mulher para Presidente. Os seus atletas têm sido Embaixo: sócios homenageados pelo Clube
maior miséria de todos os tempos em que viviam os seus
habitantes. Foi preciso a Terra tremer para pôr a nú essa
triste realidade, e que agora se tenha compaixão pelas vi-
das perdidas, pelos feridos, os mutilados, os sem pão e
sem um tecto que os abrigue do desespero e da desgraça
de antes e depois do terramoto. Ao ver tanta infelicidade
através da Televisão, fico a pensar quão felizes nos deve-
mos considerar e sermos agradecidos a Deus pela sorte de
ainda termos um espaço quente e aprazível neste Inverno
que tem fustigado muito lugar bonito desta e outras ter-
ras.
Mas, não há porque cair no desânimo. Devemos celebrar
com júbilo o que ainda temos e recordar os que no passa-
do fizeram alguma coisa para que o mundo fosse melhor
no presente. Não devemos esquecer entre outros Martin
Luther King e os 700 manifestantes a favor dos direitos
civis nos Estados Unidos da América, presos em Selma,
Alabama, e o que ele disse: “Acredito que a verdade sem
armas e o amor sem condições terão a última palavra.
É por isso que o bem, temporàriamente vencido, é mais
forte que o mal triunfante”. Tão pouco devemos esque-
cer Abraham Lincolm, presidente dos Estados Unidos da
América entre 1861 e 1865, quando disse: “Nenhum ho-
mem é suficientemente bom para governar outro sem que
esse outro consinta”. Esquecê-los, é tirar a razão aos que
durante anos lutaram pelos direitos humanos. Cada um
deve ter a coragem de lutar para manter os direitos que lhe
foram atribuídos como herança.
E como disse a actriz norte-americana Mae West: “Só se
vive uma vez, mas se for de maneira certa, uma vez che-
ga”.*
Steve Junqueiro
de clerk a Presidente
Seus avós vieram da Freguesia de res de Tracy.
Ligares, do Distrito de Braganca e Pelo lado paterno, Steve é sobri-
Concelho de Freixo Espada à Cin- nho/trineto do grande poeta portu-
ta, perto de Espanha, terra de muita guês Guerra Junqueiro. Nasceu em
neve e frio. Manuel Junqueiro com a Tracy, é casado com a Theresa e tem
familia veio por Nova York e sua avó dois filhos, Steven e Natalie. Embora
Maria Rosário Borges foi directa- tenha uma vida muito ocupada, Ste-
mente para o Hawaii em 1912 e três ve gosta de viajar, de estar com toda
anos depois veio para a California. a família e de brincar com a neta.
Casaram em Stockton e tiveram dois Joga golfe quando pode e participa
filhos, Art (pai do Steve) e David. em muitas actividades relacionadas
Art casou com Charlotte Parker, des- com a sua paróquia.
cendente dos primeiros colonizado-
Como foi que Steve Junqueiro chegou servimos. Tem sido sempre parte da nossa
a Presidente do Grupo Save Mart? cultura empresarial. O nosso proprietário,
Bob Piccinini, tem construido uma firma
Comecei a trabalhar no Save Mart como integrada verticalmente com distribuição
caixeiro na parte da fruta e legumes en- e fabrico próprios que nos permite ser
quanto estudava na universidade e nunca muito competitivos no mercado, indepen-
parei! Depressa fui promovido a compra- dentemente dos nossos concorrentes.
dor de fruta e legumes e tornei-me geren-
te do departamento em 1977. Mais tarde Quantas lojas Save Mart, Lucky e
fiquei como supervisor de frutas e legu- FoodMaxx é que o vosso grupo tem?
mes para a divisão da firma e em 1993 fui Quantos empregados?
promovido a director de frutas, legumes
e flores. Em 2004 fui promovido a Vice- Temos 199 supermercados Save Mart e
Presidente de operações da firma. Depois Lucky e 45 supermercados Food Maxx. A
da compra do Albertsons do Norte da Ca- firma tem 20.000 empregados.
lifornia em 2007, tornei-me Vice Presi-
dente Executivo e Chief Operating Officer Qual e a politica do Save Mart para
(COO) e em Janeiro de 2009 foi nomeado o futuro?
Presidente e COO.
desto tem sido uma grande ex- rentes trajetos. O meu avô veio com a fa-
periência de colaboração entre o mília directamente de Portugal e a minha
Save Mart e os nossos clientes. avó veio através das ilhas do Hawaii onde
Tentamos responder aos pedi- permaneceu durante alguns anos como
dos dos nossos clientes na maior criança. Conheceram-se na Área da Baía
escolha de comida preparada e e mudaram-se para Tracy onde de dedica-
padaria, uma vasta secção de ram à agricultura. O meu pai nasceu em
frutas e legumes, uma grande Tracy, assim como eu.
‘loja dentro da loja’ para bebidas,
productos saudaveis, embalagens Qual é o seu relacionamento com a
Maxx Pack, produtos para ani- comunidade portuguesa?
mais de estimação e tudo isto no
supermercado mais bem decora- Crescendo em Tracy, estive sempre rela-
do e ‘eco-friendly’ construído até cionado com a comunidade portuguesa
hoje. através dos meus pais e avós. A nossa fa-
mília continua a estar envolvida na comu-
Fale-nos agora da sua veia nidade, incluindo a minha sobrinha que foi
portuguesa. Raínha de uma festa do Espírito Santo.
Carnaval na California
O MELHOR Teatro do Mundo
Se a Zé Enes e as suas amigas tivessem ido no barco do Vasco da Gama, ele nunca teria descoberto o Caminho
Marítimo para a Índia. Seriam demasiadas gambozinas para a cabeça dele.
As Heroínas estavam muito endiabradas este ano, com muito ritmo e muita cor. Sexy... Hélio Costa, da Terceira, foi o autor da Tourada em São Miguel e das Heroínas, parte II
O Gupo Carnaval de Artesia trouxe este ano uma Dança de Espada, cuja história de violência infantil, reflecte
bem a nossa sociedade de hoje. João Martins e todos os outros, estiveram bem nos seus papéis. Deu para pensar.
A dança chamava-se “Lar sem Amor”, de João Mendonça, da Terceira. Mestre: Patrick Sales.
O Convento das Emoções, de Hélio Costa, deu para rir toda a noite
Embaixo: Desabafos de Três Amigos, de João Mendonça. A interpretação dos músicos anões valeu a noite
18 COMUNIDADE 15 de Fevereiro de 2010
Da esquerda para a direita: José Filomeno Dutra, Steve Maciel, Crystal Mendes, Orlanda
Mendes, Tony Dutra (mestre), Elsa Bettencourt, Vanda Toste, Lisa Sousa, Nello Betten-
court, Tiago Brasil e AJ Simões (autor dos assuntos)
O Carnaval de 2010 está sendo “forte” a Dança de Espada “Rosas Brancas para
como se diz na gíria e ainda nem chegámos Minha Irmã Negra” tendo como Mestre
ao dia de Carnaval própriamente dito. António Dutra.
Mesmo assim, já houve muitas danças que O Bailinho de Senhoras “Os Chineses na
animaram muitos salões da nossa comuni- Terceira” teve como Mestre Crystal Men-
dade, como se pode ver pelas fotografias des.
destas três páginas centrais. O Autor das 3 danças foi AJ Simões (São Bailinho de Crianças “A BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES”
O José Enes e Amigos, além de terem per- José, California).
corrido o Norte, o Centro e o Sul, segui- O ensaiador foi José Filomeno Dutra e as
ram no dia 11 para a Costa Leste onde vão músicas de AJ Simões e José Rocha.
actuar 18 vezes. Este grupo actuou nos seguintes lugares:
Hélio Costa, da Terceira, escreveu os dois PAC – San Jose
assuntos que eles apresentaram. Newark Pavilion - Newark
Por sua vez o Grupo de Carnaval de Arte- Watsonville WDES - Watsonville
sia, com o João Martins e Amigos, também T.D.E.S. Hall – Tulare
actuou na Área da Baía e Vale Central. Hall of São João – Hanford
A sua Dança de Espada tinha a autoria Azores Band – Escalon
de João Mendonça, bem como a comédia Nossa Senhora da Assunção – Turlock
“Desabafo de Três Amigos”. Por sua vez,
Helio Costa foi o autor do bailinho “O Na nossa próxima edição iremos mostrar o
Convento das Emoções.” resto do Carnaval.
N
a edição de 1 de Maio de 2009 Agradecimento da família Zorra:
escrevi um artigo informativo
acerca do Autismo. Na altura O David e Kathy Zorra gostariam de apro-
fiz uma descrição detalhada do veitar esta oportunidade para agradecer a
Autismo e por isso não vou voltar a fazê-lo todos aqueles que de algum modo parti-
até porque no artigo “A Tragédia do Autis- ciparam no almoço de angariação fundos
mo” da última edição do Tribuna, o senhor para o seu filho Adam Zorra, que aos dois
Fernando Silva fez uma excelente descri- anos de idade foi diagnosticado com Au-
ção do Autismo. Em poucas palavras, o tismo. O almoço teve lugar no ISTW de
Autismo é uma desordem no desenvolvi- Watsonville no passado dia 6 de Dezembro
mento global das funções neurológicas e foi patrocinado pelo grupo de caridade e
que afecta a habilidade que uma pessoa bolsas de estudo do ISTW. Este evento foi
tem de organizar e compreender infor- um sucesso e tive mais de 500 pessoas pre-
mações transmitidas pelos seus sentidos. sentes. Foi servido tri-tip e galinha e houve
Uma pessoa autista geralmente apresenta arrematações, rifas, assim como uma con-
dificuldades na interacção social, padrões vidada especial de nome Velma Rodrigues
de comportamento restritos e repetitivos, (mãe de Brandon), que falou um pouco da
défices de comunicação (verbal e não ver- experiência de ser mãe de um filho autista.
bal) assim como falta de imaginação e in- A animação ficou a cargo do artista Alci-
teresses. des Machado, cujos serviços e 5 dólares de
Pessoalmente, tenho desenvolvido um cada CD vendido foram doados.
grande interesse pelo Autismo não só por O Adam vinha-se desenvolvendo tipica-
ocorrências familiares mas também pelo mente até aos 21 meses, quando foi vacina-
facto da sua prevalência estar a crescer a do com a vacina “MMR” que é uma vacina
um ritmo alarmante. Na década de noven- contra doenças como o Sarampo, Caxum-
ta, uma em cada 10,000 crianças era afec- ba, e Rubéola. Aos 24 meses de idade, o
tada pelo Autismo. Hoje, de acordo com a Adam perdeu o seu vocabulário e habilida-
Organização Generation Rescue, uma em de para brincar. Isto tem sido e continua a
cada 91 crianças são afectadas pelo Autis- ser uma longa e dura caminhada para nós;
mo. As estatísticas também mostram que, uma caminhada para recuperar o nosso
este ano, o número de novos casos de Au- filho que tem sido afectada por factores
tismo será mais elevado que o somatório financeiros pois os seguros não pagam os
do número de novos casos de cancro, dia- tratamentos ou terapia.. O Adam tem duas
betes, e SIDA em crianças. irmãs, a Davece e a Lesley que têm sido
Na artigo da edição de 1 de Maio de 2009, pilares de força. Elas têm sido forçadas a
descrevi a historia de um criança autista, o crescer rapidamente e são como mães para
meu primo Brandon Rodrigues. Dias após o Adam. Presentemente, o Adam está a fa- Zorra Family Thank You: ver our son which has created great finan-
a publicação do tal artigo, recebi várias zer tratamentos bio-médicos e está a recu- cial burden since therapies and treatments
mensagens de pessoas com jovens familia- perar aos poucos. Este evento mostrou-nos David and Kathy Zorra would like to take are not covered by insurance.
res a viverem uma situação idêntica à do a força da comunidade Portuguesa. Apesar the opportunity to thank all those who Adam has two sisters Davece and Les-
Brandon. Este foi o caso da família Zorra de estarmos todos a viver num período de participated in anyway at their son Adam ley who have been two pillars of streng-
que após ler o artigo rapidamente contac- dificuldades económicas, é de louvar o nú- Zorra’s Fundraiser. The Fundraiser was a th. They have had to grow up fast and are
tou os pais de Brandon, Velma e José Ro- mero de pessoas fizeram um esforço para luncheon at the ISTW hall in Watsonvil- Adam’s other Mommies. Currently Adam
drigues. E assim se formou uma amizade ajudar um jovem com autismo. Muitas pes- le on Dec. 6. put on by the ISTW charity is undergoing bio-medical treatments and
entre duas famílias que navegam águas soas nos ajudaram e a todas essas pessoas and scholarship group. This event was a is slowly improving.
muito semelhantes. Vários meses depois, queremos agradecer pelo vosso tempo, huge success with over 500 people atten- This event showed us the strength of the
a comunidade Portuguesa juntou-se para empenho e pelas vossas doações. Temos ding. There was an auction, raffles, guest Portuguese community. We are all going
apoiar a família Zorra e o seu filho Adam sido abençoados e queremos por este meio speakers Velma Rodrigues, a parent with through hard economic times and yet peo-
numa iniciativa que teve lugar no dia 6 de expressar a nossa gratidão para com a co- an autistic child, and myself, music by Al- ple found a way to come out and support a
Dezembro no ISTW em Watsonville. A se- munidade Portuguesa pelo impacto que cides Machado, whose services and $5 of little boy with Autism. There are so many
nhora Kathy Zorra, muito grata pelo apoio têm tido nas nossas vidas. Que Deus vos every CD sold at the event were donated, people to thank for all the time, donations
demonstrado, enviou-me uma mensagem abençoe e que Ele vos possa recompensar and a wonderful tri-tip and chicken lunch. and effort put into this event. We have
de agradecimento e expressou o desejo de de maneiras que nós não podemos. Mais Adam was developing typically until he been so blessed and want to express our
agradecer à comunidade Portuguesa. O se- uma vez, muito obrigado a todos que fize- was 21 months old. After he received his gratitude toward the Portuguese commu-
guinte texto corresponde a uma tradução ram deste evento um grande sucesso. MMR vaccine a change began to happen. nity on the impact that they have made in
do agradecimento original da autoria de By the time Adam was 24 months old he our lives. God Bless you and yours and
Kathy Zorra. had lost his vocabulary and ability to play. may he repay you in ways that we cannot.
This has been and continues to be a very Thanks again to everyone involved with
long and hard journey; a journey to reco- making this event a Great Success!
20 COLABORAÇÃO 15 de Fevereiro de 2010
Ao Sabor do Vento
José Raposo
Graças aos meus cães...
raposo5@comcast.net
A
cadela ladrou e eu acordei. Como não tinha mais nada que fazer a que afinal a cadela gostava de polícias deu
Olhei para o relógio, eram três não ser andar com os cães, perguntei-lhe uma grande gargalhada que deve ter acor-
da madrugada. O bicho conti- se pensava que essa lei fazia sentido. Ele dado o vizinho que se havia metido dentro
nuava a ladrar, mas, um ladrar disse que não fazia, mas que era pago para do carro ligando o motor e abalou.
diferente. Parecia que queria rebentar com cumprir a lei e não para pensar. Então o Ele, o polícia, volta-se para mim e diz:
tudo. Senhor quer me dizer que não pensa? - Aquele livrou-se da multa, graças aos
Coloquei a coleira nela e no maroto, abri a Como é que pode ser um bom polícia se teus cães...
porta e pareciam dois torpedos. Quase que não pensar? Faz as coisas por instinto? Ou
os não aguentei. a polícia anda assim, tão faminta, que tem
Eles queriam ir para um lado, porém eu lá que estar a dar multas aos carros às três da
os puxei para o outro. Depois de andar uns madrugada, quando deveria, talvez, estar
50 metros, um carro por trás de nós acen- a fazer uma coisa mais produtiva?
de as luzes muito altas e a rua ficou toda O homem não estava a gostar da minha
iluminada. conversa e avança mais para perto de mim.
Pensei que seria um carro de polícia, en- A Tirana dá uns berros, ele assusta-se e
Q
tretanto, como não podia distinguir, con- pergunta:
tinuei a minha caminhada e dei a volta ao ue diabo de cão é esse que eu
quarteirão ficando o carro à minha frente. nunca vi um assim? Eu na brin-
Vejo então um polícia de casaco de borra- cadeira disse:
cha amarelo por causa da chuva e estava a - É um cão polícia que não gos-
colocar uma multa num carro que estava ta de polícias e não se chegue muito para tor do carro a trabalhar mesmo em frente
estacionado. mim porque ela vai morder. à janela onde eles estavam a dormir. Você
Eu comecei a coçar na cabeça porque já Ora vocês imaginem às três da madrugada interrompeu o sono dos meus cães e eu de-
havia estacionado o meu carro lá tanta vez eu a discutir com o polícia. veria dar-lhe um “ticket” por ter disturba-
e perguntei a razão por que ele estava a Ele pergunta se eu me levantava sempre do a paz dos animais. Isso é uma cruelda-
multar o carro. Respondeu-me que em San àquela hora para andar com os cães ao que de e eu vou chamar a sociedade protectora
Anselmo é expressamente proibido esta- eu disse que não. dos animais e você até pode ser castigado.
cionar um carro durante a noite toda, em - Eles estavam a dormir e você acordou-os Os cães ficaram mais sossegados ao ponto
qualquer rua. com essas luzes muito fortes e com o mo- que ele até acarinhou a Tirana e dizendo foto de Rafael Medeiros
COLABORAÇÃO 21
Taça da Liga
F.C.Porto-Benfica na final a 20 de Março no Algarve
In Abola
As boas notícias correm depressa. vidados a participar na Corrida de de espírito. Quanto mais perto estamos de Abril ou Maio, mais
Os Forcados Amadores de Turlock Beneficiência a favor das Vítimas da Estamos numa fase de transição, em as expectativas aumentam em relação às Corridas de
depois de participarem nas Sanjoa- Agualva, a decorrer na Monumental que os Açores começam (tardiamen- Toiros nesta difícil temporada de 2010. A economia
ninas, pegarão 4 toiros na segunda de Angra a 23 de Abril. te) a compreender que as relações mostra sinais de recuperação, mas a maioria das nossas
Corrida da Feira Taurina da Sema- Aqui está a prova provada que pode- Açores / Comunidades, beneficiarão gentes que trabalham na agropecuária, ainda não viram
na Cultural das Velas a ter lugar a 3 mos ser parceiros com os açorianos sempre as nossas Ilhas, as nossas nenhum benefício disso. Leiam a excelente crónica do
de Julho. Por sua vez, os Forcados em manifestações culturais como es- gentes e as nossas culturas. nosso amigo Egídio Almeida na página 11, para melhor
do Aposento de Turlock foram con- tas. Haja sempre vontade e abertura Estamos todos de parabéns. compreenderem a situação.
Recordando o passado
Já disse uma vez e repito - esperemos que o bom senso
impere em todas as decisões das nossas organizações
festivas. Arrumem as grandezas para outros tempos de
vacas gordas. Tenho a certeza que melhores dias virão.
Livra! Apenas
Tanto Livro!
Duas
Palavras
eu avancei para o interior em cata de al-
guém quando, ainda entre portas, ouvi o
léxico erudito (“isso é relativo”, “um acon-
tecimento inolvidável”, “chegar exausto ao Diniz Borges
dono cochichando para a mulher: Devem fim do dia”, “reagiu rispidamente”). Meti
ser estrangeiros. Trazem livros debaixo do conversa e perguntei-lhe de onde provinha d.borges@comcast.net
braço. o seu vocabulário. Tenho um Larousse na
Antes, porém, de o leitor se apressar a mesa de cabeceira, já segundo o novo acor-
queixar-se dos meus estereótipos, aviso do ortográfico, apesar de eu não concordar A crónica é um género literário extre-
Onésimo Almeida mamente interessante. Como se sabe
A
que venho já estragá-los. Num Inverno, no com ele - explicou. Contei aos colegas
elegante Hotel S. Pedro de Ponta Delgada, (estávamos ali por via de um colóquio na a crónica tem as mais variadas formas,
inda e sempre os livros, o papel desde a descritiva à poética, da histórica
nosso (meu?) de cada dia. notei que o porteiro preenchia a inactivi- Universidade dos Açores) e, no dia seguin-
dade das horas lendo concentradamen- te, de novo no bar, os quatro abancávamos. à jornalística, da dissertativa à humo-
E-mail de aluno solicita-me rística. É um género literário cultivado
o empréstimo de um a fim de te. Não resisti a meter conversa e, claro, Fui ao balcão encomendar bebidas e puxei
moveu-me logo o impulso de mexericar o conversa com ele, o Pedro. “Então ontem e apreciado em Portugal e nos países de
preparar a aula. Sem problema, mas vou língua portuguesa. recordo de ouvir al-
precisar depois de amanhã. Chega? Acho livro. Era de Albert Camus, já não recordo abriu o seu Larousse?”. “Não. Ontem foi
o qual. Não escondi o espanto e avancei a dia de Houaiss”. Fiquei menente, como se gures que o cronista era o poeta do quo-
que sim. No meu ritmo normal, tento ler tidiano.
um livro por dia e então será tempo sufi- indagar como o descobrira. A explicação diz lá na terra. Este homem também co-
veio em tom de Homessa! coisa mais sim- nhece o dicionário do Houaiss? A língua portuguesa tem tido magní-
ciente. ficos cronistas. Dos contemporâneos,
Com um ritmo desses, bate-me de longe. Voltei para junto dos amigos - o Francis-
co Fagundes, a Irene Blayer e um pintor um dos cronistas que mais gosto de ler
A casa chegam-me quase diariamente, é Onésimo Almeida. O seu estilo é cati-
mas lê-los, ainda que nule die sine linea, ilhéu, saído muito jovem para os States,
cuja fala portuguesa acusa alguma ferru- vante e o seu humor é refinadíssimo. As
nem com um curso de speed reading. E cá crónicas de Onésimo Almeida têm sem-
vêm as inevitáveis estórias a propósito. O gem e, quanto a escrita, a que mais lhe in-
teressa é a do pincel. Reproduzi-lhes o que pre algo profundo. Quando as lemos,
espaço não dá para muito, mas veremos. independentemente do tema, acabamos
Contarei contando os caracteres até atingir acabara de ouvir do nosso barman. Dali a
pouco, chegou ele à nossa mesa, resposta bem dispostos. É que o Onésimo é mes-
o limite imposto pela redacção. tre em encaixar no seio de cada crónica
Livro acompanha-me como peça de vestu- pronta em copos na bandeja. O pintor luso-
americano, sempre loquaz e intrometido, uma história, um relato anedótico, um
ário (e o carro leva suplentes, para além do acontecimento único, que se entrelaça
pneu). Serve para abafar tempos mortos, entabulou conversa de imediato. Ignoran-
do de que livro se tratava, repetiu o que com o tema geral de cada texto.
esperas, minutos imensos, prolongados Daí que não só vos convido a lerem a
na cabeça de quem subitamente fica no ouvira: Então anda a ler o Oaisse? E o Pe-
dro, na maior das calmas, porém sempre magnífica crónica de Onésimo Almei-
vazio de nada que fazer, porque não nas- da nesta Maré Cheia, como aconselho
ci contemplativo. De uma vez, a Leonor e cortês: Desculpe, mas o Houaiss não se lê;
consulta-se. os nosso leitores a comprarem os seus
eu íamos de barco da ilha Graciosa para livros.
a Terceira. A fome sentou-nos na sala de
Historiador
A Maré Cheia também presta uma pe-
jantar. Enquanto esperávamos pelo repas- quena homenagem a dois grandes nomes
to, fomos lendo, hábito não rotineiro mas americanos que recentemente falece-
Controverso
frequente, conforme os sítios e as circuns- ram.
tâncias. Por sinal, eram dois livros em in-
glês, o que deve ter posto à vontade o moço ples! Pois encontrara-o mencionado num
livro de Sartre. E fui conversando por ali Abraços
de uma mesa de folgazões terceirenses ao diniz
nosso lado, que comentou para a sua mal- fora todo aristotélico em cata da causa pri- Historiador e activista político norte-ame-
ta: Olhem-me estes dois aqui à esquerda. meira, mas cada livro encaixava sempre ricano tinha 87 anos de uma vida cheia de
Não têm nada que dizer um ao outro. noutro - o moço era autodidata e, por um, lutas. A sua “História do Povo americano”
ia chegando ao seguinte. vendeu mais de um milhão de exemplares entrevista. “A minha ideia era que o ponto
De outra vez, descíamos os dois rumo à de vista ortodoxo já tinha sido apresentado
Fajã das Almas, na bela ilha de S. Jorge. Caso raro? Talvez não, como o demonstra nos EUA.
esta outra estória fresquíssima que ainda A “História do Povo americano”, de milhares de vezes.”
Ao fundo da íngreme encosta, uma espla- A “História do Povo americano” tem mui-
nada repleta de silêncio (o marulhar não nem pus no frigorífico da minha colecção: Howard Zinn, foi publicada em 1980 com
De novo Ponta Delgada. O barman do Ho- pouca promoção e uma tiragem de apenas tos admiradores, entre eles os actores Matt
é barulho) convidava a um bom naco de Damon e Ben Affleck, que o introduziram
leitura regada com o o refrescante que à tel Camões é de uma freguesia rural. Im- 5 mil exemplares e transformou-se num
pecavelmente educado no trato, notei-lhe o best-seller, cujas vendas atingiram o mi- no guião do seu filme “Good Will Hun-
venda houvesse. A Leonor sentou-se e ting.” O CD “Nebraska” de Bruce Sprin-
lhão de exemplares em 2003. Com mais de
700 páginas, a obra, que lamentavelmente gsteen é parcialmente inspirado na obra,
Ideiafix
portuguese
Miguel Valle Ávila
miguelvalleavila@tribunaportuguesa.com
Steve Junqueiro,
Save Mart President
His grandparents came from the Portuguese village of Ligares, district of
Bragança and municipality of Freixo de Espada à Cinta, near the border
with Spain, land of snow and cold weather. His grandfather Manuel Junquei-
ro arrived in New York with his family and his grandmother Maria Rosário
Borges went directly to Hawaii in 1912 and after three years came to Cali-
fornia. They married in Stockton and had two sons, Art (Steve’s father) and
David. Art married Charlotte Parker, a descendant of the first Tracy pione-
ers. On his paternal side, Steve is the great-great-grand-nephew of the great
Portuguese poet Guerra Junqueiro. Steve was born in Tracy, is married to
Theresa and has two children, Steven and Natalie. Even though he has a very
busy life, he finds time to travel, be with his entire family and plays with his
granddaughter. He plays golf when he can and is active in his parish.
How did Steve Junqueiro become peerless manner. Without our customers,
President of the Save Mart Group? we don’t exist. It is my contention that tou-
gh times make us stronger and I have seen
I started working for Save Mart as a pro- this to be true for our company in these
duce clerk in 1974 while I was attending very tough economic times.
college and I never left! I soon became a
produce department merchandiser, then How does Save Mart distinguish it-
a produce department manager in 1977. self from the other competitors?
Later I became a Produce Operations Su-
pervisor for a division of the company and We are a locally grown and operated com-
then in 1993 was named the Director of pany that has extremely strong community
Produce and Floral. In 2004 I became the ties in all of the communities in which we
Vice President of Operations for the Com- serve. This has always been part of our
pany. After the company acquired Nor- culture. Our owner, Bob Piccinini, has
thern California Albertsons in 2007 I was built the company to be vertically integra-
named Executive Vice President and Chief ted with self distribution and manufactu-
Operating Officer for the company and in ring that allows us to be very competitive
January of 2009 was named President and in the marketplace, no matter who we are
COO. competing against.
S
ometime ago I wrote a Good Voyage is venerated in
couple of chronicles, in two small churches, respectively,
Portuguese, about the in two localities: in Barca since
presence (figuratively 1935, and in Areia Larga since
speaking) of Nossa Senhora da 1981. On Faial Island, Our Lady
Boa Viagem (Our Lady of Good of Good Voyage is honored at an
Voyage) in the Azores Islands. old chapel at Horta and at a mo-
Recently, through the friendship dern chapel at Castelo Branco.
of José Nunes Simões, I learned And now, from the Azores Islan-
of Our Lady’s similar presence in ds, we will journey on to the Ca-
a small community belonging to nadian territory.
the Canadian Province of Toron- José Simões, born on Terceira
to. However, before t present that Island in 1934, went to Canada
story, I will detour briefly for an in 1964. Four months later, his
excursion to the Azores. wife and children joined him.
Starting on Santa Maria Island, They settled in the little town of
we find Our Lady of Good Voya- Streetsville, where more than one
ge in a small church erected in the hundred Azorean families had
18th century in the hamlet called already established residence.
Santana. On São Miguel Island, With the pastor’s approval, the
the parish church of Calhetas Azorean community secured the
(1ittle coves) holds Our Lady of servi’es of a visiting priest to pro-
Good Voyage as its patroness. vide religious assistance in Portu-
A beautiful statue represents her guese. Even though he was a Du-
standing on a boat, tossed by tch native, the priest could speak
stormy waves, with a fisherman fluent Portuguese after spending
at her feet, apparently seaking di- many years as a missionary in Our Lady of Good Voyage’s Procession at Corpo Santo, Angra do Heroísmo. Terceira
vine intercession. At Calhetas, Brazil. And so, as of December
the 18th century church is actu- 1970, the celebration of Mass in
more than 600 people in atten- cated about 30 miles northeast of Portuguese fisherman who res-
ally a replacement of a 17th cen- Portuguese began to take place at
dance. Boston, Massachusetts, one of cues a rich boy who fell off an
tury chapel originally built by the the St. Joseph’s parish church in
I
After the statue’s arrival in May the parish churches is dedicated ocean liner, was set aboard the
Grand Captain Francisco do Rego Streetsville.
of 1972, a great festival took place to Our Lady of Good Voyage. Gloucester fleet.
de Sá on his vast properties. n March of 1971 the Portu- in the month of August, followed The town was founded in 1623, The novel was made into a major
Moving to Terceira Island, in the guese Canadian Integration by a succession of similar festi- and the church, was erected in movie with the same title in 1937,
area of Corpo Santo at Angra, the Movement was organized vals held annually until 1976. 1889. Over the years, Gloucester and starred Spencer Tracy, (who
primitive chapel built by the fi- with Simões’ election as They included church evening lost so many of its sons to the won an Oscar for the role of the
shermen and originally dedicated its president. A suggestion was services, outdoor processions, ravages of the sea that the town Portuguese fisherman), Freddie
to St. Pedro Gonçalves, eventu- made to select a patron saint, and open air Mass at the Park, with thought it fttting to set up a me- Bartholomew, (the rescued spoi-
ally became known as Our Lady the final choice favored Our Lady bazaar, music concerts, dancing, morial to them. The Gloucester led rich-boy), Lionel Barrymore,
of Good Voyage church, because of Good Voyage. At the same food and refreshments. Fisherman (also known as The (the crusty’owner of a fishing
it displays a very ancient statue time, it was opted to acquire a re- Meanwhile, in 1974, Streets- Man at the Wheel) is one of New vessel), Mickey Rooney, Melvyn
with that invocation. On São plica of a statue representing Our ville was incorporated into the England1s most famous statues, Douglas and John Carradine.
Jorge Island, there is a charming Lady. In order to obtain the ne- City of Mississauga, but Our with a plaque that reads, “They Captains Courageous was rema-
chapel, built by the people at Por- cessary funds for the real- ization Lady of Good Voyage still keeps That Go Down to the Sea in de as a TV movie in 1977 with
tal and dedicated to Our Lady of of the project, the P.C.I.M. held a company with her faithful at St. Ships, 1623-1923. Karl Malden and Ricardo Mon-
Good Voyage. picnic in September of 1971, with Joseph’s church. Rudyard Kipling’s 1897 novel talban.
On Pico Island, Our Lady of an open air Mass at the Park and In Gloucester, a fishing town lo- “Captains Courageous”, about a
Feb 21 Official Visit IDES Co# 154 Tracy Elks Dolores Nunes
SES Co # 5 Lodge #2031 209-833-3230
Social: noon District 31 6400 W 11th St
Lunch: 1:00 p UPEC Co #137 Tracy, CA RSVP by 2/15
UPPEC # 66
Fraternalistas do Ano
Fraternalistas do Ano: Henry D. Silveira (S.E.S.), Philip Heinemann (O.W.O.W.), Isolete Grácio (U.P.E.C.), Ailene T. Cardoza (U.P.P.E.C.), Fred Maranzino, Agnes Terra
(S.P.R.S.I.), Sharon Ogg (I.O.F.), Chris Lewis (K.of C.), John O. Ávila (I.D.E.S.)