1º Encontro de Aprendizado Bíblico – EAB

Tema: “O Reino de Deus esta Aqui!”

Vivendo no Reino de Deus (Parte 1)

Texto Chave: I Coríntios 6.9-11

Introdução: Quando queremos fazer uma

viagem para outro país, é necessário que se faça
um passaporte. Este documento possibilita a
viagem porque mostra de sua nação de origem e
também se você possui o visto necessário para
aquele país. Nos casos em que as pessoas
desejam morar, ao invés de somente fazer um
passeio, é necessário requerer uma cidadania
equivalente ao país onde você deseja fixar
residência. De modo semelhante, para se fazer
parte do reino de Deus, é necessário que se
tenha a “Cidadania Celestial”. Nesta primeira
parte do terceiro estudo, iremos estudar o “visto”
que nós permite ter a “cidadania celestial”, ou
seja, o Espírito Santo e qual o seu trabalho em nossas vidas. Sola Deo Glória!

1.1 – A “Marca” dos Cidadãos do Reino de Deus (Ef 1.13,14):

No estudo anterior, tratamos do arrependimento genuíno que leva ao
novo nascimento. Este nascimento é aquele que nos permite ver o Reino de
Deus. E, ao nascer de novo, recebemos um selo, uma marca que nós identifica
como cidadãos do Reino. Esta marca é, conforme as Escrituras, o Espírito
Santo. Não iremos esgotar aqui sobre a Pneumatologia, ou seja, o estudo
sobre o Espírito Santo, pois precisaríamos de um estudo a parte para nos
aprofundarmos. Vamos nos focar na obra que Ele faz na vida dos crentes, ou
seja, a Santificação.
Paulo, ao escrever “fostes selados...” tinha em mente os reis que, com
seu anel ou cilindro real, selavam documentos e locais que seriam invioláveis
(Dn 6.17; Mt 27.66). È importante notar que o Espírito Santo é a garantia da
nossa salvação, é posterior ao arrependimento e fé no evangelho de Deus.
Quem não tem o Espírito de Deus, não é Dele (Rm 8.8).
O Espírito Santo fora prometido por Jesus Cristo, que usou o vocábulo
grego Parakletos (Consolador) para o definir. Este termo tem como significado
advogado ou assistente em questões jurídicas (Jo 14.26). Era uma promessa
do Antigo Testamento e foi cumprindo no Novo Testamento (Ez 36.26,27; Jl
2.28; At 2.1-4) tanto para judeus como para gentios. Pelo Espírito Santo
podemos ter uma antecipação da glória que há de vir (Rm 8.18-25).
Alem disso, Ele é um sinal específico da propriedade de Deus sobre Seu
povo. Vemos que Antigo Testamento Deus escolheu um povo e o libertou da
escravidão (Dt 32.9, Sl 33.12, Dt 7.6, Ex 19.5) e Pedro, em sua primeira carta,
mostra que essa escolha se estendeu até nós (1ª Pe 2.9).

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Na vida do Cristão, o Espírito Santo possui uma importância

sobrecomum! Ele não só garante nossa salvação, testemunhando com nosso
espírito que somos filhos de Deus, como também trabalha, dia após dia, para
que estejamos prontos para o reino pleno de Deus.

1-2 – A “Obra” na vida do Cidadãos do Reino de Deus:

Paulo, quando escreveu aos Coríntios, diz que os injustos e mais uma
lista de outros comportamentos não herdam o reino de Deus. As coisas deste
mundo são incompatíveis com o Reino de Deus. Não se engane, pois somente
quem nasce de novo pode ver o reino de Deus. Mas Paulo diz que “tais
fostes...”, ou seja, isto era algo que pertencia ao passado. Mas, então porque
Paulo estava relembrando do passado aos irmãos de Coríntios? Talvez por
existir grandes tendências antinominais naquela igreja local.
Antinomismo são conceitos que negam que a lei de Deus, nas Escrituras,
devem controlar diretamente a vida dos Cristãos. È um conceito antigo, que
vem batalhando contra a fé Cristã até hoje. Suas primeiras manifestações
podem ser vista no Gnosticismo, possuindo várias expressões:

Antinomismo A salvação é só da alma, tornando irrelevante o

Gnóstico comportamento do corpo
Antinomismo A ênfase na obra interior do Espírito Santo é tão
“Espiritual” grande, que não há necessidade de ensinamento
da Palavra
Antinomismo O Crente está justificado por Cristo, logo o pecado
Justificativo não tem importância nenhuma.
Antinomismo Vivemos na dispensação da graça, logo a
Dispensacionalista obediência a Lei de Deus não é importante.
Antinomismo A única lei exigida por Deus é o amor. Todas as
“Amoroso” outras ordenanças divinas são submetidas a isso,
podendo ser algumas descartadas.

Tal Antinomismo é totalmente contrário ao que a obra do Espírito Santo

faz na vida do Cristão. Quando Jesus diz aos judeus que o reino lhe seria
retirado, ele se refere ao povo que o receberia como um povo que dá frutos
respectivos ao reino (Mt 21.43). E tais frutos são obra do Espírito Santo
através da Palavra de Deus. Ainda falando aos Coríntios, Paulo mostra três
acontecimentos na vida do cidadão do reino:

a) Fostes lavados: lemos em Hb 9.13,14 que o sangue de Cristo purifica

nossas consciências de obras mortas, assim em 1ª Jo 1.7, onde lemos que o
sangue de Cristo nos purifica de todo pecado. O derramamento do sangue de
Cristo foi um sacrifício vicário (substitutivo) voluntário de valor infinito para os
eleitos; Ele pagou completamente a punição de Deus pelos pecados (Hb
9.27,28).

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b) Fostes justificados: Na justificação, Cristo nos libertou do jugo do pecado

e nos tornou livres servos da justiça (Rm 6.17,18). Ele, Jesus, sofreu a justiça
de Deus em nosso lugar (Is 53.4-6), tomando o cálice da ira de Deus por nós
(2ª Co 5.21). Na cruz, Cristo quitou a nossa dívida (Cl 2.14), nos dando assim
liberdade (Rm 8.1). Nele somo justificados (Rm 5.1)

c) Fostes santificados: Através de Cristo, somos separados para participar

de seu reino aqui e no futuro. Agora o Espírito Santo trabalha em nós através
do processo de santificação.

Por santificação, entendemos uma mudança contínua operada por Deus,

livrando-nos dos hábitos pecaminosos e formando em nós afeições, disposição
e virtudes semelhantes às de Cristo. Após sermos regenerados, ou seja, após
nascermos de novo, começamos a crescer espiritualmente. Por isso dissemos
que a regeneração é nascimento e santificação é crescimento. O Espírito nos
capacita a desenvolver as afeições e desejos que passamos a ter após a
regeneração (Fp 2.12-13). Deus chama seus filhos a santidade, e
graciosamente, lhes dá o que Ele mesmo exige (1ª Ts 4.4, 5.22-23).
Na santificação, Deus age de maneira a nos preparar para sermos
plenos cidadãos do reino (Fp 1.6). Mas Deus não faz isso por ativismo
(atividade autoconfiante) ou apatia (passividade confiante em Deus). Ele ajuda
aquele que lutam dependendo dele (2ª Co 7.1; Fp 3.10-14; Hb 12.14). Nesta
luta constantemente haverá impulsos contraditórios batalhando entre si, a
carne e o sangue, de maneira intensa (Rm 7.14-25). Entretanto, vigiando e
orando contra a tentação e cultivando virtudes opostas ao pecado, os crentes
podem mortificar maus hábitos com a ajuda do Espírito Santo (Rm 8.11-13; Cl
3.1). Assim, podemos experimentar grandes livramentos e vitórias específicas
em batalha contra o pecado ao mesmo tempo que não são expostos a
tentação que não podem resistir (1ª Co 10.13).

1-3 – Conclusão:
A santificação é uma batalha inevitável a aqueles que querem fielmente
testemunhar do Reino. Infelizmente, muitos negligenciam tal matéria e então
vemos a Igreja sendo maculado por obras da carne. Com tristeza em nossos
corações, não podemos negar isso, como Paul Washer diz: “nos tornamos um
povo que usa a obra do Espírito Santo como uma desculpa para dizer que
nada vai acontecer do lado de fora”. O puritano Thomas Watsom, ao
comentar Mt 11.12 diz:

“A terra será herdada pelos mansos (Mt 5.5); e o céu, pelos que
batalham. A vida cristã é semelhante a vida militar. Cristo é nosso
capitão; o evangelho nossa bandeira; as graças do Espírito, nossa
artilharia espiritual. E o céu pode ser conquistado por meio da
força (...)Embora o céu nos seja dado gratuitamente, temos de
lutar por ele.’tudo o que te vier a mão para fazer, faze-o conforme
as tuas forças’[Ec 9.10]. Nossa tarefa é imensa; o tempo, curto; O

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senhor, urgente. Por conseguinte, temos de reunir todas as forças

de nossa alma e lutar, como se estivéssemos em uma questão de
vida ou morte, para que alcancemos o reino celestial. Devemos
manifestar não apenas diligência mas também violência.”

Ao dizer violência, Watsom quer mostrar que é necessário um exercício

para que cheguemos aos Céus, a consumação de nossa redenção. Por isso,
sejamos vigorosos e prudentes! Para que fique mais claro, deixarei a
explicação do próprio Watsom sobre o que ele quis dizer por violência:

O que está implícito nesta violência santa? Três coisas: 1. Resolução da

vontade; 2. Vigor de afeições; 3. Intensidade de esforço:

a) Resolução da vontade: “Jurei e confirmei o juramento de guardar os teus

retos juízos” (Sl 119.106). Qualquer coisa que esteja no caminho que conduz ao
céu (ainda que seja um leão), eu a enfrentarei à semelhança de um
comandante resoluto que encarrega de uma missão todo o seu grupamento
militar. Não importa o que venha a acontecer, o crente está decidido a possuir
o céu. Onde houver este tipo de determinação, os perigos serão desprezados,
as dificuldades, sobrepujadas, e os temores, menosprezados. Esta é a primeira
atitude crucial na violência santa: resolução da vontade. Eu terei o céu, não
importando o que possa me custar. Esta resolução tem de existir no poder de
Cristo. A resolução é como o impulso de uma bola de boliche que a leva
velozmente para frente. A pessoa que manifestar pouca resolução, pouca
vontade de ser salva e um pouco de determinação em continuar seguindo o
pecado, é impossível que ela seja violenta em favor de obter o céu. Se um
viajante não for resoluto, algumas vezes ele seguirá este caminho, outras
vezes, aquele; ele não será violento em favor de coisa alguma.

b)Vigor de afeições: A vontade estende-se sobre o raciocínio. Se a razão

estiver inteirada sobre a excelência do estado de glória e a vontade estiver
resoluta em seguir na jornada para aquele lugar santo, as afeições as
acompanharão e arderão em intensos anelos pelo céu. As afeições são coisas
violentas. “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” Sl42.2). Os rabinos
afirmam que, nesta passagem, Davi não disse minha alma tem fome e sim tem
sede,porque naturalmente somos mais impacientes quando estamos com sede
do que ao sentirmos fome. Devemos perceber quão rápida e violentamente as
afeições de Davi moveram-se em direção a Deus. As afeições são como as asas
de um pássaro que fazem a alma voar em busca da glória. Onde as afeições da
alma forem estimuladas, haverá um impulso violento em direção ao céu.

c) Esta violência também implica em intensidade de esforço, quando nos

esforçamos pela salvação, como se esta fosse uma questão de vida ou morte. É
fácil falar sobre o céu, mas não é fácil alcançá-lo. Temos de, com todo cuidado,
exercer todas as nossas forças e suplicar a ajuda de Deus para esta obra. Uma
última questão a ser respondida trata-se das quatro maneiras como o crente
tem de demonstrar esta violência, ou seja: em relação a si mesmo; em relação
ao mundo; em relação a Satanás e em relação aos céus.

Continua...
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