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INTRODUÇÃO
A história do projeto Sementinha vem ecoando e repercutindo muito além das nossas pequenas rodas
ou encontros de educadores. Pode-se dizer que “o Sementinha vem ganhando o mundo”. Além de ser
convidado por escolas e outras instituições para falar de suas belas experiências, o projeto também
tem gerado bons frutos. Hoje, ele não é apenas o Sementinha: é também “Alimentando Sonhos”,
“Mãos que Criam”, “Mala da História” e outras pequenas grandes idéias que vêm sendo geradas nas
conversas e reflexões sobre a nossa prática.
Atualmente, atendemos cerca de 1.400 crianças, número que tem se reduzido bastante por causa da
demanda das comunidades. Participam do projeto 80 educadores e 16 coordenadores. O projeto
atua em 11 comunidades periféricas de Santo André, aonde vem desenvolvendo vários miniprojetos e
ações visando alcançar as metas e objetivos estabelecidos no PTA.
PERFIL DA EQUIPE
Cada setor tem, em média, 30 educadoras, que atendem cerca de 25 turmas. Hoje, o quadro do
Sementinha é formado exclusivamente por mulheres. Nesses cinco anos de existência, o perfil do grupo
mudou muito, embora atue com os mesmos educadores. A grande maioria cursou, cursa, ou está
tentando ingressar na escola. Com uma única exceção, todas são alfabetizadas.
• Promoção da auto-estima
Seminário de educadores
O seminário é uma forma agradável de discutir e avaliar nossa prática no dia-a-dia, de criar uma
expectativa para o trabalho. Dessa vez, durante os três dias de bate-papo, pudemos trocar muitas
figurinhas. Cada núcleo levou suas ações e reflexões para a roda e muitas oficinas foram
compartilhadas.
Durante seis dias, nos três setores formados pelos diversos núcleos de trabalho, discutimos a melhor
forma para a execução do IQP. A partir das principais questões levantadas, tentamos compreender
indicador por indicador e pensar novas questões, para facilitar a compreensão pelos pais e pelas
crianças.
Alguns combinados
- As rodas de atividade com as crianças priorizam ações que permitem às crianças cuidar de si e dos
espaços.
- Criação da Mala de Imagens e da Mala da Cidade – malas contendo livros e histórias que discutem
um pouco a identidade urbana de nossas crianças.
Mala da História
Desde sua implantação, em 2004, as malas recheadas de livros circulam durante um período no
núcleo de origem e depois passam a “viajar” com suas histórias para outros núcleos, já que cada uma
contém livros diferentes, levando produções artísticas e histórias relatadas no diário de bordo.
Atualmente, temos 25 malas com 1.010 títulos que vêm circulando pela cidade, subindo morro,
descendo ruas, entrando em casas, igrejas, postos de saúde, praças e escolas, levando e construindo
histórias e conhecimento a todos que param para ouvir ou para contar uma história.
A Mala da História virou modismo entre os educadores da cidade e também de outros lugares. Várias
formações de educadores têm sido realizadas e a cada dia novos contatos são feitos, para troca,
intercâmbio e parceria com o trabalho da Mala da História.
Estamos esperando também o resultado dos jogos criados pela equipe, que discutem temas atuais e
polêmicos, como a questão racial e o trânsito.
ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
As mães são responsáveis pelo “repasse” futuro dessas informações em suas respectivas comunidades,
o que promove, além da socialização do conhecimento, o desenvolvimento da auto-estima dessas
mulheres, que ficam muito orgulhosas de seu papel dentro do projeto Sementinha.
Outras atividades
- Participação das mães nas atividades com os gêneros alimentícios – confecção da merenda e o
interesse em tornar a alimentação mais gostosa e nutritiva.
- Diversidade de atividades acontecendo nas comunidades e maior envolvimento das mesmas.
Exemplos: bingos, festas, oficinas, teatros, ateliês.
- Sucesso da participação dos educadores no intercâmbio em Minas Gerais e troca de experiências
com os educadores em Santo André.
- Projeto da Mala de História intercambiando com as escolas da rede municipal de ensino.
- Troca de experiências e parcerias entre educadores.
- Participação dos pais nos pontos de encontro.
INDICADORES DE DIFICULDADE
- O uso cotidiano e sistemático do PTA ainda é uma grande dificuldade para os educadores. Embora
todos realizem as ações previstas e consigam seus resultados, temos dificuldade na compreensão
desse processo.
- Outra dificuldade resultante da primeira é a falta de registro escrito de algumas educadoras,
exatamente pela não compreensão do PTA.
GERENCIAMENTO DO PROJETO
A coordenação financeira ainda é responsabilidade das três ONGs envolvidas no projeto: CPCD,
ODEC e Amélia Rodrigues. Este ano, porém, essa parceria chega ao fim. O CPCD encerra sua
participação, mas com a possibilidade de continuar participando sempre que for solicitado. A ODEC
assume a responsabilidade de levar adiante os novos projetos e idéias que surgiram dentro do
Sementinha. A administração continuará a cargo da Prefeitura, que mantém o escritório central do
projeto, com a coordenação de Ronnie Coraza.
BREVE SÍNTESE
Durante esse período de três meses, entre as diversas coisas que aconteceram e serviram para
consolidar mais e mais a idéia do projeto, podemos destacar: além do planejamento do IQP, que
Podemos destacar também o trabalho com os pais na produção dos lanches. Muitas oficinas foram
realizadas e nos deixaram satisfeitos em relação aos resultados alcançados até agora, sobretudo
porque rompemos definitivamente com aquela idéia de que os pais não têm disponibilidade ou
interesse em participar de nada.
Próximos passos
Recentemente, o projeto foi apresentado com bastante sucesso e interesse no Congresso Internacional
da InSEA2006 – “Diálogos Interdisciplinares em Arte e Educação”, em Viseu (Portugal), com uma
exposição de fotos e malas de histórias que contavam a ação do projeto. Ao retornar ao Brasil, o
projeto participou também de um congresso do EJA em São Carlos (SP) e da 19ª Bienal Internacional
do Livro no Anhembi, em São Paulo, com contadores de história e exposição de malas de histórias na
Editora FTD.
Essa ação tem nos fortalecido muito no trabalho com crianças e adultos, pois aos poucos estamos
conseguindo transformar os discursos sobre a violência em ações de criatividade, de paz, de
cooperação e de construção de um mundo melhor para todos. Conseguimos formar um grupo de
educadores e pessoas da comunidade que saem por todos os cantos com as malas repletas de livros
para contar e ouvir histórias que o povo conta. A partir dessa experiência, nossas crianças estão
falando de forma mais correta e elaborando pensamentos concretos, bem como construindo valores
necessários ao desenvolvimento humano e cidadão.
Temos um grupo que vem discutindo a elaboração de outras malas, como Gênero e Raça, Meio
Ambiente e Transportes. Já fizemos a Mala da Cidade, que promove histórias e discussões sobre como
viver bem e transformar nossas cidades, e ainda a Mala da Música, que promove um resgate musical
das cantigas de roda e a formação de repertórios para adultos e crianças a partir de histórias escritas
sobre o tema. Estamos também discutindo a produção da Mala do Trânsito, com o objetivo de servir
de apoio a professores, educadores, crianças e comunidades, construindo reflexões e ações para a
melhoria do trânsito e o respeito tanto de pedestres quanto de condutores.
Dado o interesse das pessoas que nos conhecem, construímos uma cooperativa de produção de Malas
de Histórias que está gerando renda para as comunidades participantes com a fabricação e venda
dessas malas.
Os resultados positivos alcançados com o desenvolvimento desse projeto resultaram em convites para
desenvolver, em 2006, uma oficina nas escolas e creches municipais da cidade de Santo André, com o
objetivo de construir uma ação da Mala da História nas 80 unidades, tirando os livros dos armários e
estantes e colocando-os à disposição de alunos pais e professores. A proposta é que seja uma ação
que movimente a escola para criações e valorização de histórias, criando em cada espaço educativo
uma identidade maior com a literatura capaz de suplantar as salas de aula.
O povo parava, olhava e sonhava de olhos abertos a infância deixada num passado distante, mas que
naquele momento voltava fortemente e o levava a cantar e a rodar com a roda. Num clima de festa,
de exaltação e felicidade, malas de história, personagens, pais, educadores e crianças foram descendo
a Oliveira Lima. E a multidão que se encontrava apressada foi abrindo caminho, os olhos e o coração
para a história passar e a música cantar. Teve gente que se emocionou, teve gente que caminhou junto
e, no final da rua, na Praça do Carmo, uma roda maior se formou para ouvir e contar histórias. A
cada história contada ou cantada por personagens ou educadores, íamos passando a limpo os
sonhos, o mundo. Construíamos novas histórias, novos finais, a cada girar que a roda dava.
Ao final, os aplausos eram para as histórias, para nós, para os contadores, para os sonhos que
nasceram quando as malas de histórias saíram de vários bairros da cidade e tomaram conta da
Oliveira Lima. Após a apresentação, as malas foram embora da mesma forma que chegaram,
levando novas histórias registradas em seus diários de bordo, que serão abertas em outras ruas, vielas,
casas, onde rodas se formam para ler e escrever sonhos, construir um novo futuro a partir de tantas
histórias.
Esse é um breve exemplo do que vem nos estimulando a ampliar a ação e fazer trocas em lugares
diferentes. Comprovadamente, o projeto Mala da História atinge a comunidade e tem chamado a
atenção de cada vez mais pessoas para a importância da infância e de suas histórias.
“Tudo me chamou a atenção, por isso entrei na roda. Lembrei da minha infância e fiquei muito feliz
em ver este grupo. Lá em São Bernardo, não tem essas coisas.”
Ana Andrade - 68 anos
“Eu achei muito legal esta atração aqui na praça, me trouxe muitas lembranças. Meu filho passou por
essa experiência na escola, ouvindo a história dos três porquinhos, e aqui ouviu a versão do lobo.”
Débora - 29 anos
“Conseguimos fazer com que os pais também participassem, lendo, ouvindo e contando histórias para
seus filhos.”
Kelly - Coordenadora do Núcleo São Jorge
“Aprendi a diversificar o modo de contar história: utilizo fantasias e interpreto para as crianças, me
envolvo no íntimo da história.”
Helena - Educadora do Parque Andreense
“A passagem da mala no nosso espaço de trabalho foi incrível, pois despertou ainda mais a
criatividade e a imaginação das crianças e a minha também.”
Suzi - Educadora
“A chegada da mala no ponto é sempre uma euforia. Deixei todos manipularem os livros à vontade,
mas antes fizemos alguns combinados, como não amassar, não rasgar, falar devagar, olhar bem as
figuras. Depois, as próprias crianças escolheram o livro A Rainha das cores.”
Educadora Sonia - Núcleo Camilópolis
“Poder mostrar o projeto Mala da História fora do nosso país nos serve de termômetro de avaliação do
quanto é possível modificar futuros com ações educativas que transformam sonhos em realidade.”
Ronnie Corazza - Coordenador Geral do Projeto Sementinha
Criador da Mala da História em Santo André - SP