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DOENÇA E MORTE DO
SÉCULO
XX
SIDA – QUEM CONHECE OS RISCOS PODE PROTEGER-SE
(Da versão inglesa de 1987. Trabalho elaborado e adaptado por Francisco da Graça,
professor aposentado do Ensino Preparatório)
Segundo o Dr. Mike Smith, até há pouco tempo, na Grã-Bretanha, todos os doentes
com sida pertenciam a grupos de alto risco, tais como homossexuais e toxicodependentes
que se injectam.
Já é tempo de as pessoas em geral se quererem informarem sobre os riscos e formas
de prevenção desta doença, para travar a sua propagação.
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O QUE É A SIDA?
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Muitas pessoas pensam que, desde que só se tenham contactos sexuais com alguém
que não pareça doente, estão seguras e não é esse o caso, infelizmente. As pessoas podem
estar infectadas e parecerem que estão bem».
SINTOMAS DA SIDA
Existe uma diferença entre ser infectado com o vírus e ter sida, que leva à morte. A
maioria das pessoas que ficam infectadas continuam aparentemente saudáveis, embora
possam ter pequenos sintomas. Podem não se aperceber que algo está errado e sentirem-se
bem, mas podem infectar outras pessoas com o vírus, através de contactos sexuais ou de
sangue. Tanto quanto sabemos, são portadores do vírus toda a vida.
Vamos agora tentar compreender como é que o vírus desenvolve o seu trabalho
mortífero no corpo humano. O nosso corpo tem meios de defesa contra as bactérias e vírus
que nos rodeiam, para onde quer que vamos.
A pele é a primeira linha de defesa, é uma barreira eficaz e eficiente contra os
germes. Mas, por vezes, os germes podem entrar dentro da pele, através de um corte ou
arranhão.
Existem outras maneiras para as bactérias e os vírus entrarem no corpo: as suas
aberturas.
Os germes da constipação que flutuam no ar podem ser inalados através das narinas,
por exemplo, e os germes da comida podem entrar pela boca.
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É quando os germes que entram dentro do corpo que uma segunda linha de defesa
entra em acção: é o sistema imunitário. No nosso sangue existem umas células especiais,
cuja função é reconhecer as bactérias ou vírus, que podem ameaçar a saúde.
Uma vez identificados os germes perigosos, estas células avisam outras células para
produzirem os chamados anticorpos, que são substâncias que destroem os invasores
perigosos. Este processo de protecção é o sistema imunitário, ou de defesa do corpo.
Vejamos o que acontece quando o vírus da sida entra no corpo; são produzidos
anticorpos durante semanas, mas não conseguem destruir o vírus. A princípio, o efeito pode
ser tão suave, que o sistema imunitário pode continuar a trabalhar de um modo normal. Mas
quando a sida se desenvolve, o vírus começa a destruir as células especiais do sistema
imunitário. Com o tempo, a capacidade do corpo de reconhecer invasores perigosos torna-se
mais fraca e perde a capacidade para iniciar a produção de anticorpos protectores.
Uma pessoa com sida fica exposta à infecção pelo primeiro germe que aparecer. Essa
pessoa estará sempre doente, com uma doença ou outra. Algumas destas doenças podem ser
tratadas, mas não demorará muito que com a quebra do sistema imunitário uma doença
mortal se instale. Mesmo com ajuda médica, essa doença levará à morte.
As pessoas que desenvolveram sida morrem com maior frequência de doenças, tais
como: infecções pulmonares, doenças dos intestinos e cancro; problemas cerebrais, com
perda de memória e dificuldades de raciocínio, também podem surgir.
Haverá quem pense:
«Qual é o problema? Se eu tiver sida, ia ao médico, ou ao hospital e tratava-me».
Mas não é assim.
A Dra. Susie uma vez mais nos explica:
«Infelizmente, não podemos falar em termos de um medicamento, que possamos dar
a estes doentes, para erradicar o vírus do seu corpo, tal como tratamos uma infecção por
bactérias com antibióticos. Penso que estamos muito longe de encontrar um medicamento
desse tipo».
Mas que tipo de comportamentos se podem ter, em grupo, sem correr o risco de
infecção?
Eis alguns exemplos: fazer ginástica, nadar, tomar banho, ir à discoteca, beijar, tocar
o mesmo instrumento musical, comer, beber, usar a mesma sanita, etc.
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COMO É TRANSMITIDO O VÍRUS?
COMO É QUE SE PODE CONTRAIR A SIDA?
O vírus da sida é relativamente frágil. De facto, não consegue viver muito tempo fora
do corpo humano. Por isso, não existe quase risco nenhum de apanhá-lo, a não ser com
certos tipos de contacto com uma pessoa infectada. Não é fácil apanhar o vírus da sida,
porque ele só está presente em quantidades perigosas em dois tipos de fluidos humanos: no
sangue das pessoas infectadas e nos fluidos que se produzem durante o acto sexual.
Não existem provas de que o vírus seja transmitido através da urina, do suor, ou da
saliva. Assim, os veículos do vírus HIV são: o sangue, o sémen (fluido sexual masculino) e
o fluido produzido na vagina da mulher. É fácil, portanto, perceber porque é que o vírus da
sida só pode ser transmitido de três maneiras específicas:
1 - Através do contacto sexual com uma pessoa infectada;
2 - Pela partilha de agulhas ou seringas, que podem estar contaminadas pelo sangue
de uma pessoa infectada;
3 - De uma mãe infectada para o seu bebé, durante a gravidez ou parto;
As transfusões de sangue já não representam um risco verdadeiro de infecção,
porque todas as doações de sangue são cuidadosamente examinadas e as pessoas com um
alto risco de estarem infectadas não dão sangue.
O sangue utilizado para tratar as pessoas com hemofilia, uma doença hereditária na
qual o sangue não coagula normalmente, é tratado pelo calor, para matar o vírus.
Nalguns países, o sangue ainda não é examinado, mas na Grã-Bretanha as hipóteses
de apanhar sida por uma transfusão de sangue são menores que uma num milhão. No
entanto, algumas pessoas na Grã-Bretanha foram infectadas desta forma, antes de se saber
como tratar e examinar o sangue.
Um pequeno número de bébés nasceu infectados com sida, de mães que também
estavam infectadas. Mas uma das primeiras formas de ficar infectado com o vírus da sida, é
partilhando seringas e através do contacto sexual.
Uma vez que o vírus da sida é transportado no sangue, qualquer pessoa que se injecte
com uma agulha que outra pessoa utilizou, corre um risco sério. Pode ter ficado algum
sangue de um utilizador anterior na agulha, ou na seringa. Se essa pessoa estiver infectada, o
vírus pode ser injectado directamente na corrente sanguínea do próximo utilizador.
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Não constitui surpresa que muitos dos toxicodependentes que se injectam, tenham
apanhado sida por partilharem seringas e agulhas com pessoas infectadas.
Aqueles que se injectam enfrentam um risco muito maior de ficarem portadores do vírus
HIV. O uso de drogas de qualquer tipo é arriscado, mas injectar drogas, ainda que uma só
vez, com a seringa de outra pessoa, pode ser fatal.
Não é só injectar drogas que é perigoso. Qualquer objecto que rompa a pele e entra
no sangue, se foi utilizado por uma pessoa infectada, pode ser perigoso. Por exemplo: as
agulhas utilizadas para furar orelhas e fazer tatuagens, podem ser perigosas, se não forem
devidamente esterilizadas.
Por fim, chegamos ao maior de todos os perigos: a propagação do vírus da sida,
através do contacto sexual.
Lembrem-se que o vírus não é só transportado pelo sangue, mas também pelo sémen
e pelos fluidos vaginais. Durante o acto sexual, estes fluidos podem levar o vírus da pessoa
infectada para o seu parceiro sexual.
Quando o pénis entra na vagina da mulher durante o acto sexual, entra em contacto
com o seu fluido vaginal. Da mesma forma, quando o sémen do homem entra em contacto
com a vagina da mulher durante o acto sexual, se ele estiver infectado com sida, o vírus
pode passar do sémen para a corrente sanguínea da mulher.
Na penetração anal, em que o pénis penetra no ânus, é ainda mais arriscado, se o
parceiro estiver infectado.
Uma maneira óbvia de evitar a infecção através do contacto sexual, é não o praticar.
De facto, algumas pessoas escolheram viver abolindo o sexo.
Por causa da sida, todos temos de pensar com mais cuidado e responsabilidade sobre o nosso
comportamento sexual e sobre as possíveis consequências dos nossos actos.
Estejam preparados para pensar, antes de se decidirem fazer amor com alguém que
conheceram. Lembrem-se que só um encontro sexual ocasional com um parceiro infectado
pode ser fatal. O estilo de vida mais seguro é, certamente, permanecer fiel a um parceiro que
também vos é fiel. Podem pensar que não têm necessidade de se preocupar, que conseguem
distinguir quem é seguro e em quem confiar.
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Mas, conseguirão?
Lembrem-se que as pessoas infectadas com o vírus da sida podem parecer de boa
saúde e podem elas próprias não saberem que estão infectadas.
Vejamos esta situação: dois jovens vivem juntos há seis meses. Ele tem 19 anos e ela
tem 16. Nenhum deles ainda fez amor. Quando ele tinha 16 anos envolveu-se na heroína.
Partilhou agulhas numa ou duas ocasiões e foi infectado com o vírus da sida. Ele ainda não
sabe disto. Quer esquecer o passado e nunca disse nada à namorada. Eles estão a pensar
fazer amor. Se o fizerem, ele passará o vírus à namorada. Que questões devem eles colocar a
si próprios?
Existem algumas precauções que possam ser tomadas para reduzir o risco de uma
possível infecção? Sim. O risco de infecção através do contacto sexual pode ser reduzido
consideravelmente, utilizando preservativos.
O preservativo é uma membrana de borracha muito fina, que vem dentro de um
pacote próprio. Abre-se o pacote, retira-se o preservativo, e coloca-se no pénis em erecção
antes do início do acto sexual.
Embora o preservativo não elimine totalmente o risco de infecção, torna o acto
sexual consideravelmente mais seguro para ambos os parceiros sexuais. Para o homem,
actua como uma barreira entre o pénis e os fluidos vaginais, que podem conter o vírus HIV.
Protege a mulher, porque retém o sémen do homem que pode conter o vírus na bolsa da
ponta do preservativo. O sémen fica dentro do preservativo, o que o impede de entrar em
contacto com a vagina.
Se os preservativos não forem utilizados correctamente, não podem impedir a
propagação do vírus da sida. As pessoas que os utilizam têm de ter um cuidado especial. O
pénis tem que estar em erecção. O preservativo só se desenrola numa direcção, por isso, tem
de ser colocado na posição correcta. Quando estiver colocado, antes do acto sexual, o ar tem
de ser tirado da bolsa, para haver espaço para o sémen. Se não se fizer isto, aumenta o risco
de o preservativo se rasgar. Após o acto sexual, o pénis pode perder alguma da sua erecção.
Tem que se ter muito cuidado para manter o preservativo no sítio, quando se retira o pénis.
Se o preservativo sair antes, ambos os parceiros correm o risco de infecção.
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Quando o acto sexual terminar, o preservativo deve ser removido com cuidado e
deitado fora, para um sítio seguro, de modo que o sémen não se escape. Se o vírus da sida
estiver presente, estará vivo e perigoso por algum tempo.
Tudo o que acabaram de ler é importante. A protecção que o preservativo pode
oferecer contra a transmissão do vírus da sida. O preservativo é utilizado por algumas
pessoas para fins contraceptivos, mas mais nenhum método contraceptivo protege da sida.
Nem mesmo a pílula protege as mulheres da infecção.
E as outras práticas sexuais, para além do acto em si?
Do que já sabem como é transmitida a infecção, já devem poder distinguir que tipos de
actividades são perigosos e quais não são. Não se apanha sida por masturbar, acariciar ou
beijar alguém na boca e não existem provas de que se apanhe o vírus da sida por beijar com
a troca de saliva. Não se apanha sida a fazer nada, a não ser que o sangue entre em
contacto com o sangue, ou que o sangue entre em contacto com fluidos sexuais. Tocar
nos órgãos sexuais não acarreta risco. Tocar no pénis ou na vagina do parceiro, não
acarreta nenhum risco, a não ser que existam cortes ou arranhões nas vossas mãos.
Sexo oral, em que existe o contacto da boca com o pénis ou com a vagina, é perigoso,
especialmente se existirem cortes ou arranhões na boca.
Para terminar, vamos ouvir algo mais sobre a experiência de pessoas que aprenderam
sobre a sida tarde demais.
Depoimento de um doente:
«A doença comigo não se mostra propriamente. Eu só transporto o vírus. Ainda não se
demonstra totalmente. Já não pratico o acto sexual, mais por minha causa do que pelos
outros e se fizermos alguma coisa, são só carícias mútuas e coisas do género. Joguem pelo
seguro, pensem no que vão fazer, aprendam sobre a sida. Façam o que os médicos, os
professores e até o que acabaram de ler vos dizem. Pensem no assunto, a escolha é vossa».
Depoimento de uma doente:
«Disseram-me há cinco anos que era seropositiva. Na realidade, disseram-me que tinha sida.
Na altura, não sabia muito sobre o assunto. Disseram-me que só tinha o vírus e não a sida,
propriamente dita. Eu era viciada em heroína e naquela altura, na Escócia, era muito difícil
arranjar agulhas e seringas próprias, por isso, partilhávamos. Foi assim que eu contraí o
vírus da sida. Tive que, obviamente, fazer algumas alterações. Pratico o sexo seguro e não
posso ter filhos. Existe a ameaça da sida. Não seria justo para com a criança e eu,
provavelmente, morria.
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Não posso ter uma vida promíscua, porque não posso arriscar ter uma doença
venérea, o que me mataria. Além disso, tenho de pensar nos outros.
Brincar com drogas é sempre perigoso. De qualquer modo, se tiverem relações sexuais, se
forem mulheres, não pensem só na pílula, ou em não engravidar, porque existe outra
preocupação e se forem rapazes, também se devem preocupar, pois não sabem o que é que a
vossa namorada andou a fazer. Tenham cuidado e usem preservativos.»
Não se esqueçam de que é o vosso futuro que está em causa, já não é o do John. E se
tiverem relações sexuais ocasionais, isto é, se não se conhecerem bastante, ou se houver
desconfiança, a única forma de prevenir a sida é usar o preservativo. Esta prática é válida
tanto para as mulheres, como para os homens em qualquer idade: usar sempre
preservativo.
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