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A resolução estabelece diretrizes para a estada, permanência e encaminhamento de filhos de mulheres encarceradas, visando garantir o desenvolvimento saudável da criança e a continuidade do vínculo materno. As principais diretrizes incluem a permanência da criança com a mãe na prisão até 1 ano e 6 meses, espaços adequados para berçários e unidades materno-infantis, e processos graduais de separação após esse período.
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RESOLUÇÃO CNPCP Nº 3, De 15 de JULHO de 2009 Mulher Encarcerada e Filhos
A resolução estabelece diretrizes para a estada, permanência e encaminhamento de filhos de mulheres encarceradas, visando garantir o desenvolvimento saudável da criança e a continuidade do vínculo materno. As principais diretrizes incluem a permanência da criança com a mãe na prisão até 1 ano e 6 meses, espaços adequados para berçários e unidades materno-infantis, e processos graduais de separação após esse período.
A resolução estabelece diretrizes para a estada, permanência e encaminhamento de filhos de mulheres encarceradas, visando garantir o desenvolvimento saudável da criança e a continuidade do vínculo materno. As principais diretrizes incluem a permanência da criança com a mãe na prisão até 1 ano e 6 meses, espaços adequados para berçários e unidades materno-infantis, e processos graduais de separação após esse período.
O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE POLTICA CRIMINAL E PENITENCIRIA - CNPCP,
SRGIO SALOMO SHECAIRA, no uso de suas atribuies legais e regimentais, CONSIDERANDO o dever de reconhecer, respeitar e garantir a equidade de gnero nas polticas pblicas; CONSIDERANDO as recomendaes do Relatrio do Grupo de Trabalho Interministerial Reorganizao e Reformulao do Sistema Prisional Feminino, editado pela Secretaria Especial de Polticas para as Mulheres da Presidncia da Repblica (2008); CONSIDERANDO os dados apresentados sobre a maternidade, amamentao e guarda dos filhos em situao de privao de liberdade no Relatrio sobre Mulheres Encarceradas no Brasil (2007) do Grupo de Estudos e Trabalho Mulheres Encarceradas; CONSIDERANDO as intenes j celebradas entre Ministrio da Justia e Secretaria Especial de Polticas para as Mulheres por meio do Acordo de Cooperao Tcnica (2006) com relao a estabelecer regramento nico para a estada, permanncia e posterior encaminhamento das (os) filhas (os) das mulheres encarceradas na priso; CONSIDERANDO o art. 37 do Cdigo Penal que define "As mulheres cumprem pena em estabelecimento prprio, observando-se os deveres e direitos inerentes sua condio pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Captulo", resolve: Art. 1 A estada, permanncia e posterior encaminhamento das (os) filhas (os) das mulheres encarceradas devem respeitar as seguintes orientaes: I - Ecologia do desenvolvimento humano, pelo qual os ambientes de encarceramento feminino devem contemplar espao adequado para permitir o desenvolvimento infantil em padres saudveis e uma relao de qualidade entre a me e a criana; II - Continuidade do vnculo materno, que deve ser considerada como prioridade em todas as situaes; III - Amamentao, entendida como ato de impacto fsico e psicolgico, deve ser tratada de forma privilegiada, eis que dela depende a sade do corpo e da "psique" da criana; Art. 2 Deve ser garantida a permanncia de crianas no mnimo at um ano e seis meses para as (os) filhas (os) de mulheres encarceradas junto as suas mes, visto que a presena da me nesse perodo considerada fundamental para o desenvolvimento da criana, principalmente no que tange construo do sentimento de confiana, otimismo e coragem, aspectos que podem ficar comprometidos caso no haja uma relao que sustente essa primeira fase do desenvolvimento humano; esse perodo tambm se destina para a vinculao da me com sua (seu) filha (o) e para a elaborao psicolgica da separao e futuro reencontro. Art. 3 Aps a criana completar um ano e seis meses deve ser iniciado o processo gradual de separao que pode durar at seis meses, devendo ser elaboradas etapas conforme quadro psicossocial da famlia, considerando as seguintes fases: a) Presena na unidade penal durante maior tempo do novo responsvel pela guarda junto da criana; b) Visita da criana ao novo lar;
c) Perodo de tempo semanal equivalente de permanncia no novo lar e junto me na priso;
d) Visitas da criana por perodo prolongado me; Pargrafo nico. As visitas por perodo prolongado sero gradualmente reduzidas at que a criana passe a maior parte do tempo no novo lar e faa visitas me em horrios convencionais. Art. 4 A escolha do lar em que a criana ser abrigada deve ser realizada pelas mes e pais assistidos pelos profissionais de Servio Social e Psicologia da unidade prisional ou do Poder Judicirio, considerando a seguinte ordem de possibilidades: famlia ampliada, famlia substituta ou instituies. Art. 5 Para abrigar as crianas de at dois anos os estabelecimentos penais femininos devem garantir espao de berrio de at quatro leitos por quarto para as mes e para suas respectivas crianas, com banheiros que comportem banheiras infantis, espao para rea de lazer e abertura para rea descoberta. Art. 6 Deve ser garantida a possibilidade de crianas com mais de dois e at sete anos de idade permanecer junto s mes na unidade prisional desde que seja em unidades materno-infantis, equipadas com dormitrio para as mes e crianas, brinquedoteca, rea delazer, abertura para rea descoberta e participao em creche externa. Pargrafo nico. Nesse caso, o Estado deve se habilitar junto ao DEPEN, informando s unidades que tero tal estrutura. Art. 7 A alimentao fornecida deve ser adequada s crianas conforme sua idade e com diversidade de itens, de acordo com Guia Alimentar das Crianas do Ministrio da Sade no caso de crianas at dois anos e demais recomendaes que compem uma dieta saudvel para crianas entre dois a sete anos. Art. 8 A visita de familiares e pais presos deve ser estimulada visando preservao do vnculo familiar e do reconhecimento de outros personagens do crculo de relacionamento parental. Art. 9 Para as presas gestantes que estiverem trabalhando na unidade prisional deve ser garantido perodo de licena da atividade laboral durante seis meses devendo esse perodo ser considerado para fins de remio. Art. 10. A Unio e os Estados devem construir e manter unidades prisionais femininas, mesmo que de pequena capacidade, nas suas diferentes macroregies, devendo assegurar no mnimo uma unidade nas regies norte, sul, leste e oeste do seu territrio com berrio para abrigar crianas com at dois anos de idade. Art. 11. As Escolas Penitencirias ou rgo similar responsvel pela educao dos servidores pblicos do sistema prisional devem garantir na sua grade curricular formao relativa ao perodo gestacional, desenvolvimento infantil, sade de gestantes e bebs, entre outros aspectos que envolvam a maternidade. Art. 12. A partir de avaliao do Assistente Social e Psiclogo da unidade, do servio de atendimento do Poder Judicirio ou similar devidamente submetido deciso do Juiz de Direito Competente, os prazos e condies de permanncia de crianas na unidade prisional podem ser alterados. Art. 13. Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao. SERGIO SALOMO SHECAIRA CNPCP - Resoluo n 3/2009 16/7/2009 DOU 16.07.2009
Primeira Infância Livre: o reconhecimento pleno da criança como sujeito de direitos em desenvolvimento e suas implicações para o desencarceramento infantil