Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Certa feita, uma aluna de um dos cursos que ministrei lanou-me a seguinte
pergunta, num momento muito vivo de discusso: " possvel coeso sem
entusiasmo?". Tenho at hoje muito presente essa questo. Parece simples
responder que no, mas no desejo fazer isso queima-roupa. O importante dessa
pergunta que ela remete s vrias condies de coeso na formao dos pblicos.
Mas vejam que entusiasmo (do grego enthousiasmos = possesso divina, Deus em
si) refere-se a um estado de nimo (de exaltao, arrebatamento, paixo etc.).
Outra pista nos deu o Rennan quando trabalhou as dimenses espetaculares,
festivas e argumentativas, especialmente no que se refere s duas primeiras. Ainda
mais se pensamos que a dimenso festiva por vezes toma uma posio marginal na
reflexo, embora seja recurso fundamental (intuitivo) dos prprios atores
mobilizados e que mobiliza (o que eu chamaria de "carga afetiva"). E o mais
importante: nenhuma delas existe por si prpria e menos importante que a outra.
que no apenas esto presentes por seu protagonismo, mas tambm permitem
persistir na ao e criar as condies favorveis necessrias mobilizao. As
alegrias, tristezas, angstias, medos, vo sendo "administrados" na prpria ao
(pois no h ao sem emoo). Tambm crucial pensar no processo que
denomino de simptico (no texto apresentado no III CIS) na gerao da experincia
de "envolver" e "interessar". Se a ligao com a experincia se d, portanto, pela
afetao (e por isso mesmo, pelo "afeto"), devem ser justamente as emoes
ativadas nesse processo um fundamento importante (e uma condio de
possibilidade) para a ao - ou seja, delineia um domnio de ao no qual nos
movimentamos.