Golpe de Mestre Cap03

TV DESTINO
CENTRAL DESTINO DE PRODUÇÃO CAPÍTULO. 03
Uma novela de
RYNALDO NASCIMENTO
Colaboração de
Guto Góess
Direção
Vinicius Coimbra, Amora Mautner, Pedro Vasconcelos e Cláudio Boeckel
Direção Geral
Cláudio Boeckel
Personagens deste capítulo

NADINE PATUSCA JENNIFER
NESTOR NATALIA JANICE
PAULA YEDA JUDITH
TÂNIA LEO ISMAEL
ELIAS RUTH JOSÉLIN
RITA DÉIA JANAINA
GABRIEL JAQUELINE ÍTALO
LETÍCIA RICARDO RAMON
ISAAC JOÃO MATEUS
Participação especial
AMIGAS DE JOSÉLIN / PESSOAL DO TERREIRO / PESSOAL DA MANIFESTAÇÃO /
REPÓRTERES / JUIZ
Atenção
“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA. e por conter
informações confidenciais, não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer
forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de
violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”
GOLPE DE MESTRE CAPÍTULO 03 PÁG.: 1
CENA 1. HOSPITAL. LEITO DE PAULA. INT – DIA

CONTINUAÇÃO DA ULTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR. NADINE
AINDA AFASTADA. PAULA E NESTOR SE OLHAM.
NADINE – você não vê que a menina não está bem, Nestor? Não
vá perguntar nada a ela.
NESTOR – ela está acordada, ela vai ter que me dizer.
NADINE – para com isso. Pelo amor de Deus! Deixa a Paula

descansar, quando ela estiver melhor a gente
conversa com ela.
NESTOR – quando estiver melhor o escambal. Ela vai ter que

me dizer agora.
NADINE – porque você a acusa assim?
NESTOR – porque foi ela quem matou o meu filho. Por causa de
cinco mil reais Nadine?
NADINE – o que lhe garante que tenha sido a Paula quem matou
o Felipe? Essa história tá mal explicada, Nestor.
Vamos deixar/
NESTOR – esquece, Nadine. Você ainda quer passar a mão pela

cabeça da Paula? Uma assassina. Nossa filha, uma
assassina, matou o irmão. Nadine, acorda Nadine.
Pelo amor de Deus, nosso filho está morto, morto. A
Paula o matou.
NADINE – não foi verdade.
NADINE SE AFASTA, CHORA.
NADINE – você está sendo injusto com ela.
NESTOR – eu? Injusto? Injusto com uma pessoa que mata o

próprio irmão?
NADINE SENTA NO SOFÁ. NESTOR VOLTA A OLHAR PRA PAULA, QUE

ESCUTA TUDO... E ENTÃO, PAULA MEXE A MÃO E SEGURA NA MÃO DO
PAI. REAÇÃO DE NESTOR. PAULA APERTA A MÃO DO PAI E COM MUITA
DIFICULDADE DIZ:
PAULA – eu matei?
NESTOR – sim, matou. Você matou o Felipe.
PAULA – não, eu... Eu não!
NESTOR – conte pra gente o que aconteceu, porque você deu

três tiros em seu irmão.
PAULA – não, pai. Não matei ninguém.
NESTOR – (irritado) para de se fazer Paula. (PAUSA) Esqueça

que você tem uma família, esqueça.
NADINE QUE NÃO AGÜENTA MAIS O QUE NESTOR FAZ COM A FILHA,
LEVANTA DO SOFÁ E PUXA O MARIDO PELO BRAÇO.
NADINE – vamos embora daqui. Pare de acusar a Paula. Ela não

está em condições de explicar nada. Compreenda!
NESTOR – ela ta falando/
NADINE – (puxando) vamos!
NESTOR CHORA, E VAI CONTRA A SUA VONTADE. CÂMERA VOLTA PRA

PAULA QUE CHORA E APERTA O COLCHÃO, DIZENDO REPETIDAMENTE:
PAULA – eu não matei. Não, o meu irmão. Não matei... Eu não

matei, não matei ninguém. Eu não sou assassina, eu
não.
CLOSE EM PAULA.
CORTA PARA:
CENA 2. CARRO DE NESTOR EM MOVIMENTO. INT – DIA

NESTOR VAI DIRIGINDO, NADINE FUMA, PENSATIVA, OLHANDO A RUA.
NESTOR – uma assassina. Criamos uma assassina. (pausa)

Como ela pode fazer isso? Matar o irmão. O irmão
que ela tanto amava. Não, essa não é minha filha
mesmo.
NADINE – (aparentando fraqueza) para com isso, Nestor. Minha

cabeça está explodindo.
NESTOR – para de fumar.
NADINE – é o que consola.
NESTOR – pois pra mim não existe consolo maior do que ver a
assassina na cadeia.
NADINE – (grita) para desgraça! (tom) Para! Para de chamar a

sua filha de assassina, para de acusar a Paula, que
apesar de tudo ela é minha filha também. Droga,
Nestor!
NESTOR PARA O CARRO NO ACOSTAMENTO. NADINE VOLTA A FUMAR.

ELE OLHA PRA ELA E SAI DO CARRO.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 3. RUA. EXT – DIA

O CARRO PARADO, NESTOR SALTA DELE, RESPIRA FUNDO, ENGOLE O
CHORO. BATE A PORTA COM FORÇA E CHORA. NADINE SAI DO CARRO E
ABRAÇA O MARIDO.
NADINE – vamos agilizar o velório do Felipe, vamos? (pausa)

Desculpa, meu amor, desculpa.
NESTOR – meu filho, Nadine. Meu único filho.
NADINE – nosso único filho.
MARIDO E MULHER SE ABRAÇAM.
CORTA PARA:
CENA 4. CASA DE TIAGO. EXT – DIA

TOMADA DE LOCALIZAÇÃO.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 5. CASA DE TIAGO. SALA. INT – DIA

TOMAM CAFÉ DA MANHÃ: ELIAS, RITA, TÂNIA, LETÍCIA E GABRIEL.
PATUSCA SERVE A MESA.
TÂNIA – ontem eu não consegui pregar o olho, só com a

imagem do Felipe em minha cabeça.
RITA – ai minha filha, que tragédia. Nunca esperávamos isso

da Paula.
ELIAS – nos dias de hoje não devemos mais confiar em

ninguém, nem mesmo da família.
GABRIEL – o Felipe sempre foi um encrenqueiro. Sempre

desafiou todo mundo dessa família.
TÂNIA – o que não cabia a Paula acabar matando o irmão.
GABRIEL – é isso é!
RITA – tudo por causa do nosso dinheiro, meu velho. Ai, eu

sou culpada disso tudo também.
GABRIEL – não vovó, a senhora não tem culpa nenhuma. Quem

tem culpa é o Felipe.
E ENTÃO ISAAC SURGE JÁ FALANDO.
ISAAC – eu não culpo o Felipe. A culpada disso tudo é a

Paula, que acabou matando o irmão.
ISAAC SENTA DO LADO DE LETÍCIA, DÁ UM BEIJINHO.
ISAAC – ela é a culpada de tudo. Porque, o Felipe poderia,

muito bem, devolver o dinheiro que ele roubou. Mas
matar? Matar o irmão?
TÂNIA – e o que lhe faz pensar que foi por isso?
ISAAC – (para um pouco) eu ouvi mamãe. Eu e a Letícia.
ELIAS – se ouviu, porque não tentou impedir?
ISAAC – porque eles estavam só discutindo, eu pensei que a

Paula tava dando um sermão nele. Foi como eu
disse... Nós saímos, só voltamos correndo quando
ouvimos eles se estapeando...
LETÍCIA – e foi quando ouvimos, antes de entrar no escritório,

os dois tiros.
PATUSCA – o sangue de Cristo!
TÂNIA – Patusca, vai procurar o que fazer!
PATUSCA SE TOCA E SAI.
ISAAC – (manipulando) vocês tem que enxergar, abrir o olho

a partir de agora. Isso que a Paula fez é imperdoável,
dentro de nossa casa. Feriu o nome de nossa família,
prejudicou a todos nós. (pausa) Só quero ver qual vai
ser a de vocês.
TODOS SE OLHAM. CÂMERA CORTA PARA A MÃO DE ISAAC QUE APERTA

A DE LETÍCIA.
CORTA PARA:
CENA 6. HOSPITAL. LEITO DE PAULA. INT – DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: HOTEL CALIFÓRNIA – THE EAGELS
PAULA SENTADA NA CAMA DO HOSPITAL, QUANDO NATALIA ENTRA E

ABRAÇA A AMIGA. PAULA CHORA.
PAULA – eu não matei ninguém, Natalia eu não matei.
NATALIA – fica calma amiga, fica calma.
PAULA – você sabe que eu não matei ninguém. Eu não mato

ninguém.
TEMPO CALADAS, AO ABRAÇO.
PAULA – não estou entendendo nada, o que aconteceu de

verdade, eu não lembro, eu/
NATALIA – eu vou te explicar: Você matou o Felipe, o seu

irmão.
PAULA – eu? Eu matei o meu irmão? Não o Felipe precisa de

minha ajuda. Eu não matei ele.../
NATALIA – fica calma amiga, tudo vai se resolver. Espera toda a

poeira abaixar. (pausa) tem uns policiais ai fora.
PAULA – pra quê?
NATALIA – para que você não fuja. Eles vão ficar ai, eu não
posso demorar, só quero que você saiba que acredito
em você, incondicionalmente. Eu realmente acredito
em você ta?
PAULA – (chorando muito) ta! (pausa) Eu estou toda dolorida.
NATALIA E PAULA SE ABRAÇAM.
CORTA PARA:
CENA 7. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR

MÚSICA DA CENA ANTERIOR AINDA EM ALTA.
TRANSIÇÃO: DIA/NOITE. TAKES DA CIDADE A NOITE. TRANSIÇÃO:
NOITE/DIA
CORTA PARA:
CENA 9. CEMITÉRIO. EXT – DIA

ABRE NO CORTEJO FÚNEBRE. A FAMÍLIA GOMES VAI ENTERRAR FELIPE.
MUITO CHORO, PESSOAS CAMINHAM COM FLORES NAS MÃOS. O CAIXÃO
VAI SENDO LEVADO PELOS HOMENS DA FAMÍLIA, ISAAC É UM DELES.
CLOSE NO ROSTO DE ISAAC. CORTE PARA YEDA ABRAÇADA A NADINE.
CORTA DESCONTINUO PARA O CAIXÃO DESCENDO A COVA, PADRE FALA
ALGUMA COISA SEM ÁUDIO, ABENÇOA O CAIXÃO QUE DESCE. CORTE EM
SLOW PARA TODOS JOGANDO AS FLORES. CORTE DESCONTINUO PARA A
TERRA CAINDO SOBRE O CAIXÃO, EMOÇÃO DE TODOS. POR FIM, VÃO
INDO EMBORA, NADINE SE APROXIMA DA LAPIDE, ALISA A FOTO DO
FILHO, BEIJA UMA FLOR E COLOCA AO LADO.
1º INTERVALO COMERCIAL
CENA 10. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXT – DIA

CLIPE DE PASSAGEM DE TEMPO NO RIO DE JANEIRO.
SOBRE A IMAGEM AÉREA DO CRISTO REDENTOR, EM UMA MÚSICA
EMOCIONANTE, ENTRA A LEGENDA: uma semana depois...
CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 11. SALVADOR. EXT – DIA

GERAIS DE SALVADOR.
CORTA PARA:
CENA 12. TERREIRO. INT – DIA

NO TERREIRO OS FILHOS DE SANTOS FAZEM AS TAREFAS DIÁRIAS.
LIMPAM, COZINHAM. EM OUTRO PONTO ESTÁ JUDITH E JANICE.
JANICE – não sei, Judith. Tenho medo que o meu filho sofra.
JUDITH – se for pra sofrer, ele tem que sofrer. É o destino dele
e tem que ser cumprido.
JANICE – o Ismael é um homem bom, dedicado. Eu quero

saber sobre o meu filho.
JUDITH – o que você quer saber precisamente?
JANICE – o que os búzios dizem?
JUDITH – você tem certeza que deseja saber? É melhor esperar

o tempo dizer.
JANICE – não, eu tenho que saber. Tenho que me preparar.
JUDITH ENTÃO JOGA OS BÚZIOS PARA JANICE. ELA OBSERVA AS PEDRAS

E OLHA PARA A AMIGA.
JANICE – e ai?
JUDITH – ele vai fazer uma viagem. Ele vai ao encontro de sua
outra metade.
JANICE – que outra metade?
JUDITH – não sei! Ele vai fazer uma grande viagem, e nem
tente impedi-lo. Deixe o Ismael ir em busca de seu
destino.
CORTA DIRETO PARA:
CENA 13. CASA DE JANICE. SALA. INT – DIA

ISMAEL PEGA ÁGUA NA GELADEIRA E JANICE CATA FEIJÃO.
ISMAEL – ô, mãe. Porque a senhora não fala muito de meu

irmão?
JANICE – esqueça essa história. Não vamos reviver o passado.
ISMAEL – mas eu quero saber. Ele se parece muito comigo? É

porque tem gêmeos que são diferentes.
JANICE – eu não sei filho. Ele era bebê, não dá pra comparar
hoje em dia. Mas, vamos esquecer essa história.
ISMAEL – não te entendo. Não sente saudade dele?
JANICE – (fica tocada) se eu pudesse voltar no tempo e não ter

dado meu filho... Meu Isaac.
ISMAEL – ele se chama Isaac?
JANICE – sim!
ISMAEL – (ri) Isaac e Ismael, os filhos de Abraão! Engraçado.

Me fala mais dele. Você não tem contato com a
família.
JANICE – (se levanta, cortando) não! Para com esse

interrogatório. Não quero mais falar sobre isso.
CORTA PARA:
CENA 14. CASA DE TIAGO. QUARTO DO CASAL. INT – DIA

TÂNIA JÁ SE ARRUMANDO PARA IR AO FÓRUM. ELA VAI ATÉ O GUARDA-
ROUPA A PROCURA DE UMA JÓIA E DERRUBA ALGUMAS CAIXAS E ENTRE
ELAS CAEM FOTOS DE SEUS FILHOS QUANDO CRIANÇA. TÂNIA VAI
PEGAR AS FOTOS DO CHÃO, QUANDO VEM LEMBRANÇAS DO PASSADO.
TÂNIA – meus filhos! (ri) Quanto tempo, meu Deus!
ELA CATA TUDO, COLOCA NUMA CAIXA E SENTA NA CAMA. PASSA AS

FOTOS ATÉ QUE ENCONTRA UMA CARTA, ELA ABRE E COMEÇA A LER...
VEMOS QUE A EXPRESSÃO DELA COMEÇA A MUDAR.
TÂNIA – a carta da Janice! Eu ainda tenho isso aqui.

EM TÂNIA.
FUSÃO PARA:

ANOS ATRÁS... FLASHBACK A SER GRAVADO. TÂNIA RECEBE EM SEUS
BRAÇOS, DAS MÃOS DE JANICE, O ISAAC.
JANICE – cuida de meu filho, Dona Tânia. Cuida dele, por

favor. Eu não tenho condições de cuidar dos dois.
TÂNIA – mas ele é seu filho. Eu não posso/
JANICE – pelo amor de Deus! Cuida do Isaac, eu tenho que

voltar pra Bahia e não vou ter condições de sustentar
duas bocas.
TÂNIA – (emocionada) um filho? Pra mim?
JANICE – eu prometo que não vou voltar pra buscá-lo. É seu!
TÂNIA ABRAÇA A CRIANÇA E CHORA. JANICE BEIJA O OUTRO GÊMEO.
FUSÃO PARA:
CENA 16. CASA DE TIAGO. QUARTO DO CASAL. INT – DIA

CONTINUAÇÃO DA CENA 14. TÂNIA CHORA AO LER A CARTA. GABRIEL
ENTRA NO QUARTO.
GABRIEL – ta chorando porque mãe?
TÂNIA – (escondendo a carta em meio às fotos) nada não

filho. Tava lembrando de algumas coisas.
GABRIEL – o papai já ta impaciente lá embaixo, vamos?
TÂNIA – vamos sim!
TÂNIA GUARDA A CAIXA E SAI DO QUARTO COM O FILHO.
CORTA PARA:

NA SALA TIAGO JÁ IMPACIENTE. RITA E ELIAS TOMANDO UM SUCO
SERVIDO POR PATUSCA.
TIAGO – cadê a Tânia? Que demora pra se arrumar.
PATUSCA – o Gabriel já foi chamá-la, seu Tiago.
ELIAS – calma filho, calma!
TIAGO – como calma, papai? Aquela maldita garota já me

prejudicou e ainda o senhor me pede calma? Quero
ver a condenação dela.
RITA – pobre Paula!
TÂNIA E GABRIEL VEM DO QUARTO.
TÂNIA – pronto, estou aqui.
TIAGO – (pegando a chave do carro) vamos, vamos logo!

(para os pais e Patusca) Vocês vão com o motorista.
TIAGO SAI COM GABRIEL E TÂNIA.
CORTA PARA:
CENA 18. BOCA DO RIO. RUA. INT – DIA

JOSÉLIN VEM CAMINHANDO EM DIREÇÃO AO TERREIRO COM DUAS
AMIGAS. ELA TA NERVOSA.
JOSÉLIN – ainda bem que vocês estão de prova que aquela

macumbeira ta querendo me prejudicar.
AMIGA – o que ela fez mesmo?
JOSÉLIN – você não ouviu o que os meninos lá da feirinha

disseram? Ela disse que eu sou trambiqueira de ponta
de rua.
AMIGA – que babado, Josi!

JOSÉLIN – pois é minha filha. E agora ela vai ver quem é a

barraqueira. Eu vou quebrar aquele terreiro, templo
do diabo dela todinho. Ah, se vou!
CORTA PARA:

JANAINA PEDE A BENÇÃO A SUA MÃE.
JANAINA – eu to saindo mãínha. Vou até a casa de Fabiana, que

a gente vai ensaiar.
JUDITH – vai minha filha. Vai encantar o povo com sua voz!
JOSÉLIN – (gritando, off) cadê essa velha macumbeira! Ta

escondida?
JUDITH – o que é isso? Quem ta gritando?
JANAINA – advinha! Josélin!
CORTA PARA:
CENA 20. TERREIRO. EXT – DIA

JOSÉLIN GRITA DESAFOROS. SUAS AMIGAS FICAM POR FORA.
JOSÉLIN – velha macumbeira. Feiticeira, vem cá, vem! Vem

dizer em minha cara o que você diz pros outros, sua
muquirana!
PESSOAL DO TERREIRO SAI JUNTO COM JANAINA E JUDITH.
JOSÉLIN – (irônica) e ainda sai com a quadrilha toda.
JUDITH – o que é que você quer aqui, hein?
JOSÉLIN – eu quero que a senhora diga em minha cara o que

saiu espalhando a meu respeito.
JUDITH – eu não disse nada sua maluca. Saia daqui, vá!
JOSÉLIN – mais é uma falsa mesmo. A senhora ta espalhando ai

pela vizinhança, pela feirinha, que eu sou
trambiqueira.
JANAINA – para com isso, Josélin. A mamãe, não disse nada

disso. Isso é invenção do povo.
JANAINA – ela disse sim. As meninas ali estão de prova. O povo

ta falando.
JUDITH – já não basta à desgraça que tu fez na vida de meu

Ítalo.
JOSÉLIN – agora vem jogar a culpa de teu filho, que foi embora,
em mim?! Vá procurar sua turma, sua macumbeira.
Vai colocar anúncio de despacho no jornal que você
ganha mais.
JANAINA – mais respeito com a minha mãe. Eu vou chamar a

policia.
JOSÉLIN – chama! Chama que eu vou colocar essa velha de

araque atrás das grades.
JANAINA – vai embora daqui, Josélin. Para de confusão. Ta todo

mundo olhando.
JOSÉLIN – é pra olhar mesmo. Mas eu já dei meu recado. Não

me venha com paracé pra cima de mim não viu. Que
eu quebro todo esse seu barraco de santo ai.
JUDITH – venha, venha sua pistoleira que quem acaba com

você sou eu!
JOSÉLIN – macumbeira! Mãe de santo! Galinha de despacho!

Vai se tratar sua louca!
JOSÉLIN VAI SAINDO. E JANAINA ACALMA A MÃE.
JANAINA – fica calma, mãe.
EM JUDITH NERVOSA.
CORTA PARA:
CENA 21. HOSPITAL. CORREDOR. INT – DIA

NATALIA E RUTH CAMINHAM ATÉ O QUARTO DE PAULA CONVERSANDO.
RUTH – será que ela já ta pronta?
NATALIA – ta sim. Eu liguei antes de vir. (pausa) Coitada! Ser

acusada por uma coisa que não cometeu.
RUTH – você não sabe, não estava lá!
NATALIA – eu conheço a Paula há anos mãe. Eu sei do que

minha amiga seria capaz.
RUTH – as pessoas mudam filha.
NATALIA – mas a Paula não é nenhuma dessas pessoas que

mudam a cada instante.
RUTH – (impaciente) olha, vamos logo, porque não consigo

te convencer mesmo.
RUTH VAI NA FRENTE E NATALIA FICA TRISTE EM SABER QUE A MÃE TA

CONTRA A AMIGA, MAS SEGUE CAMINHO.
CORTA PARA:
CENA 22. HOSPITAL. QUARTO DE PAULA. INT – DIA

PAULA JÁ ARRUMADA. ENFERMEIRA A AJUDA SE MAQUIAR, QUANDO
NATALIA E RUTH ENTRAM NO QUARTO. RUTH DEMONSTRA
INSATISFAÇÃO E NATALIA ALEGRIA AO VER A AMIGA. NATALIA E PAULA
SE ABRAÇAM.
NATALIA – e ai? Como você ta?
PAULA – um pouco tensa, nunca fui à frente de um juiz.
NATALIA – fica calma, vai dar tudo certo. Todos nós sabemos
que você não matou o Felipe.
PAULA – mas é o que tudo indica. (pausa) Oi, dona Ruth!
RUTH – (sem dar atenção) vamos logo Natália, o táxi está

esperando, não podemos nos atrasar.
RUTH SAI DO QUARTO. PAULA PERCEBE A INSATISFAÇÃO DELA.
PAULA – o que ela tem?
NATALIA – besteira! Alguns problemas, só isso. Vamos?
PAULA – (suspira) vamos! (pausa) Tenho que provar que eu

não fiz isso, mas eu não sei como. Algo dentro de
mim diz que não fiz essa barbaridade.
NATALIA – eu acredito em você. Agora vamos.
ELAS VÃO SAINDO.
CORTA EM FLASH PARA:
CENA 23. HOSPITAL. EXT – DIA

CARROS DE POLICIA NA ESCOLTA. RUTH JÁ NO TÁXI. PAULA E NATALIA
SAEM DO HOSPITAL. AS DUAS SE OLHAM.
NATALIA – força amiga.
PAULA – e se eu for condenada por uma coisa que eu não

cometi? (pausa) Eu não me lembro, mas tenho
certeza que não matei meu irmão!
NATALIA – você não será condenada. Tenha fé em Deus, amiga!
PAULA – eu tenho demais.
AS DUAS SE ABRAÇAM. O TÁXI BUZINA E ELAS VÃO. ENTRAM NO TÁXI E

SEGUEM VIAGEM.
2º INTERVALO COMERCIAL
CENA 24. FÓRUM. EXT – DIA

ABRE NO PESSOAL DA MÍDIA E IMPRENSA. FOTOS SÃO TIRADAS DA
FAMÍLIA DE PAULA QUE VAI CHEGANDO. TODOS VESTIDOS COM ROUPAS
FORMAIS, COM TONALIDADES FORTES. ISAAC SAI DO CARRO DE BRAÇOS
DADOS COM LETÍCIA. REPÓRTERES VÊM ATÉ ELE.
REPÓRTER 1 – Isaac Gomes, o que você acha que vai acontecer com
a sua prima?
ISAAC – eu só espero a justiça! Nossa família foi destruída

por conta dela.
REPÓRTER 2 – e a senhora Letícia, tem certeza que foi Paula Gomes

a assassina do Felipe?
LETÍCIA – (desconsertada) eu... Eu acho/
ISAAC – (cortando) estamos atrasados. Com licença!
ISAAC E LETÍCIA DRIBLAM OS JORNALISTAS. NADINE E NESTOR CHEGAM

E NÃO QUEREM FALAR PARA A IMPRENSA. TODOS VÃO EM DIREÇÃO AO
INTERIOR DO FÓRUM.
ATENÇÃO: HÁ MUITAS PESSOAS COM PLACAS PROTESTANDO CONTRA

PAULA. UNS GRITAM POR ASSASSINA, OUTROS POR JUSTIÇA.
CORTE PARA NADINE QUE ANTES DE ENTRAR OLHA PARA AQUELE POVO
TODO QUE XINGA SUA FILHA. CÂMERA PEGA O SOFRIMENTO DELA.
NADINE ENTRA NO FÓRUM.
CORTA PARA:
CENA 25. SALVADOR. GERAIS. EXT – DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: SAMBA DA MINHA TERRA – MOINHO
TAKES DO SUBÚRBIO DE SALVADOR. TERMINA NO BAIRRO DA BOCA DO
RIO.
CORTA RÁPIDO PARA:

CAM PASSEIA PELO PESSOAL DO TERREIRO, ATÉ ENCONTRAR JANAINA E
JUDITH. AS DUAS PRÓXIMAS AS IMAGENS DOS SANTOS.
JANAINA – eu não te entendo mãe. A senhora diz que não fez

nada para a Josélin, mas esculhamba ela.
JUDITIH – e você quer que eu elogie aquela miserável?
JANAINA – colé de mermo, hein, mãínha?
JUDITH – porque ela acabou com a vida de meu Ítalo.

NESTE MOMENTO, JUDITH SE AFASTA COM LAGRIMAS NOS OLHOS.

JANAINA SE APROXIMA E ABRAÇA A MÃE.
JUDITH – por causa dela meu filho sumiu nessa vida. (pausa) A
Josélin acabou com a vida do ítalo.
JANAINA – a senhora tem provas disso?
JUDITH – (um pouco grossa) e é preciso provar? Você não

lembra? Não lembra que o meu filho sofreu por amar
aquela cadela? Hein? Aquela piriguete acabou com o
Ítalo.
JANAINA – pra ser sincera não me lembro. O Ítalo nunca me

disse nada a respeito. Só vejo a senhora falar disso.
JUDITH – você está do lado dela, não é?
JANAINA – não! Não, mãe. Eu só não entendo essa implicância

de vocês duas.
JUDITH – eu não vou ficar aqui te explicando uma coisa que

você custa a entender.
JANAINA – tudo bem. A senhora faz como quiser. Se for melhor

se cale. Eu não vou mais me meter nessa briga da
senhora com a Josélin. Só quero que a senhora bote
uma coisa na cabeça. (pausa) Se o Ítalo quisesse a
nossa presença ao menos ligava pra gente. Ele nunca
se importou.
JUDITH – vai ver que/
JANAINA – (cortando) que fuga é essa? Fugir de quê? De uma

mulher? Sinceramente, eu acho essa história muito
estranha. Mas se é isso que a senhora diz.
JUDITH – eu vou cozinhar.
JANAINA – e eu trabalhar. Beijos mãe. E vamos evitar mais

confusão por aqui.
JUDITH BEIJA A FILHA E JANAINA SAI. CLOSE EM JUDITH.

CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 27. SALVADOR. RUAS DO BAIRRO. EXT – DIA

JOSÉLIN ANDA COM AS AMIGAS. ELAS OLHAM AS ROUPAS DAS
LOJINHAS. JOSÉLIN COM SEU JEITO ATREVIDO SE QUEIXA DE JUDITH.
JOSÉLIN – mais é cada uma, né meninas? Cês viram né? Vocês

viram o quanto aquela velha é safada. Ainda negou
que não tinha falado de mim. Ah! Faça-me o favor!
(pausa) Ela que fale de mim de novo... Dizendo que
o filho dela foi embora... (se corta) Aquele safado me
abandonou, me prometeu mundos e fundos e depois
me deixou na mão... Mas eu garanto, garanto a vocês
que um dia eu descubro o paradeiro daquele
salafrário e ele vai me pagar por ter me enganado.
Ah, se vai! Com Josélin, minha nega, ninguém
brinca!
AS AMIGAS RIEM, E JOSÉLIN CONTINUA A RESMUNGAR FORA DE ÁUDIO.
CORTA PARA:
CENA 28. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXT – DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: VESUVIO – BIQUINI CAVADÃO
FLUXO DE CARROS E PESSOAS É INTENSO NAS RUAS DO RIO DE JANEIRO.

POR ENTRE AS PESSOAS, ÍTALO CAMINHA. COM APARÊNCIA SÉRIA E
MUITO CENTRADO. É UM HOMEM FORTE, VIRIL, MUITO APESSOADO...
CORTE DESCONTINUO PARA ÍTALO ENTRANDO NUMA FACULDADE.
CORTA PARA:
CENA 29. FACULDADE. REFEITÓRIO. INT – DIA

ESTUDANTES CONVERSAM, COMEM, BEBEM... CORTE DIRETO PARA A
MESA ONDE ÍTALO ESTÁ COM RAMON, SEU AMIGO.
ÍTALO – (nervoso) vou perder em três disciplinas esse

semestre.
RAMON – porque, rapaz? Logo você que é tão aplicado, gosta

tanto de matemática?
ÍTALO – estou com uns problemas ai...

RAMON – familiares?
ÍTALO – (desconfiado de Ramon) não! É coisa minha... Logo

passa. (pausa) Porque a vida é tão difícil, hein?
RAMON – (ri) se ela fosse fácil não haveria vitórias. Mas diga
qual é a parada. Desabafa amigão!
ÍTALO – nada não! (suspira) Nada que eu não possa resolver...
RAMON FICA CALADO E COME O SEU LANCHE. ÍTALO, SEMPRE SÉRIO,

OLHA COM DESCONFIANÇA PARA RAMON.
CORTA PARA:
CENA 30. CASA DE JUDITH. QUARTO DE JUDITH. INT – DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: CHUVA DE PRATA – GAL COSTA.
JUDITH ENTRA, VAI ATÉ UMA CÔMODA E PEGA UMA FOTO DE ÍTALO, ELA
OLHA, OBSERVA BEM O ROSTO DO FILHO E LEVA A FOTO ATÉ O
CORAÇÃO. JUDITH COMEÇA A CHORAR E BEIJA A FOTO DE ÍTALO.
JUDITH – onde você ta meu filho? (pausa) Sinto tanto a sua

falta. (pausa) Porque não dá noticias a tua mãe?
JUDITH OLHA BEM PARA A FOTO. CLOSE NA FOTO.
CORTA COMBINADO PARA:
CENA 31. CASA DE JANICE. QUARTO DE JANICE. INT – DIA

ABRE NUMA FOTO NAS MÃOS DE JANICE. É UMA FOTO DE ISAAC AOS 18
ANOS. JANICE OBSERVA BEM O FILHO. A CÂMERA ABRE MAIS E VEMOS A
CAMA REPLETA DE FOTOS ANTIGAS. JANICE ANALISA CADA UMA.
CORTA PARA:
CENA 32. CASA DE JANICE. SALA. INT – DIA

ISMAEL CHEGA EM CASA. ELE ESTÁ COM A FARDA DE CARTEIRO.
COLOCA A MOCHILA SOBRE O SOFÁ E GRITA.
ISMAEL – mãe! Cheguei! Cadê a senhora?
JANICE – (grita em off) estou indo, filho!

ISMAEL TIRA A CAMISA E VAI PARA A COZINHA.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 33. CASA DE JANICE. COZINHA. INT – DIA

ISMAEL BEBE ÁGUA DO FILTRO E JANICE CHEGA COM UMA FOTOGRAFIA
NA MÃO.
ISMAEL – estou morto de fome mãe.
JANICE – já coloco teu almoço, filho. (pausa) Como foi o dia

hoje?
ISMAEL – (sentando) foi corrido. Muita carta pra entregar.

(pausa) E a Babi já deu noticia? O Lilo, também?
JANICE – ainda não. Parece que não querem voltar pra casa tão
cedo. É até melhor, porque não agüentava mais
aqueles dois me azucrinando.
ISMAEL RI E JANICE FAZ O PRATO DO FILHO E ENTREGA. ELA SENTA ALI

DO LADO DELE O OBSERVA. ELE RI CARINHOSO PRA MÃE.
ISMAEL – o que foi, mãínha? Porque ta me olhando assim?
JANICE – eu achei uma coisa e queria te mostrar.
ISMAEL – mostra. O que é?
JANICE – veja!
ISMAEL RECEBE A FOTO E RI.
ISMAEL – não me lembro do dia que tirei essa foto mãe? Isso
foi quando e onde?
JANICE – esse não é você. É teu irmão. O Isaac.
ISMAEL – (surpreso) a senhora tinha a foto do Isaac? Alias,

tem? (pausa) Mãe, porque a senhora nunca me
mostrou?
JANICE – nem me lembrava. Foi mexendo nas caixas antigas

que achei essa foto. A mãe dele que me mandou
quando ele terminou o ensino médio.
ISMAEL – as roupas dele são roupas maneiras. Roupas bonitas.
JANICE – a família dele é muito rica, filho. O seu irmão é

herdeiro de uma fortuna.
ISMAEL – será que ele ficaria feliz em me conhecer, mãe?
JANICE – não sei qual seria a reação dele. Mas eu prometi a

mulher que ficou com ele, a Tânia, que nunca mais
eu voltaria a procurá-la.
ISMAEL – a senhora fez errado. Não é preciso isso. (pausa) Pois

eu vou procurar meu irmão sim.
JANICE – Filho, e se ele/
ISMAEL – (decidido) que nada, mãínha! Oxe! Ele é teu filho

também. Não tem essa não. Eu vou procurar o meu
irmão sim senhora. E quero ver se a mãe adotiva dele
vai me impedir.
JANICE – filho!
ISMAEL – se a senhora não tem coragem de procurá-lo deixa

comigo, eu tenho! Onde ele mora?
JANICE – no Rio de Janeiro.
ISMAEL – e porque a senhora deu meu irmão para essa família?
JANICE – (desconversa) vai almoçar Ismael... Depois a gente

fala sobre isso.
JANICE SAI RÁPIDO DALI. ISMAEL INSISTE.
ISMAEL – peraí, mãe, Volta aqui que/
ELA JÁ FOI. ISMAEL FICA A OBSERVAR A FOTO.

CENA 34. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXT – TARDE

PASSAGEM DE ALGUMAS HORAS... CORTE DESCONTINUO POR ALGUNS
PONTOS DA CIDADE AO SOM DE SAY IT RIGHT – NELY FURTADO.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 35. FÓRUM. TRIBUNAL. INT – TARDE

ABRE NO ALVOROÇO DE TODOS OS PRESENTES. O JUIZ BATE O MARTELO
PEDINDO SILENCIO.
JUIZ – silêncio! (eles ainda conversam – juiz bate o martelo)

Silêncio no recinto.
TODOS SE CALAM. CORTE PARA NATALIA E RUTH.
RUTH – o juiz vai dar o parecer.
NATALIA – com fé em Deus minha amiga vai ser inocentada.
CORTE PARA YEDA AO LADO DE NADINE E LEO.
YEDA – (apertando a mão da amiga) força amiga. Vai dar

tudo certo.
LEO – vou ser super sincero. Não há saída para a Paula.
NADINE – nem me fale uma coisa dessas, Leo. Eu morro. Já

basta a indiferença do Nestor com a nossa filha.
CORTA PARA ISAAC E LETÍCIA.
LETÍCIA – eu estou tremendo Isaac. Estou com muito medo. A

Paula é capaz de/
ISAAC – (grosso) cala essa boca que agora eu quero me

deliciar com a voz do juiz dizendo: Paula, você é
culpada!
CORTA PARA PAULA QUE ESTÁ DE FRENTE AO JUIZ. ELA OLHA PARA
TRÁS, VENDO TODA A SUA FAMÍLIA, SEUS AMIGOS... ELA FAZ UM
ESFORÇO PARA SE LEMBRAR, MAS NÃO CONSEGUE. ENTÃO VOLTA-SE
PARA O JUIZ.
JUIZ – eu declaro a ré Paula Gomes, culpada da morte de

seu irmão, Felipe Gomes, tendo que cumprir uma
pena de DEZ ANOS em regime fechado.
ELE BATE O MARTELO. PAULA COMEÇA A CHORAR. NADINE GRITA

"NÃO”. NESTOR CONTROLA A MULHER COM UM ABRAÇO. REAÇÃO DE
TODOS. CORTE PARA ISAAC RINDO, SEM QUE NINGUÉM PERCEBA. MUITO
ALVOROÇO. NO OLHAR DE PAULA.
FADE OUT./CORTA PARA:
CENA 36. FÓRUM. EXT – TARDE

FADE IN. ABRE EM SLOW NO POVÃO A CHAMANDO DE ASSASSINA. SÓ
VEMOS TODOS BALBUCIAREM. ATÉ QUE AS VOZES COMEÇAM A SURGIR.
PAULA SAI ALGEMADA. PARA DE FRENTE AQUELA MULTIDÃO, QUE A
ACUSA. FLASHES DESPONTAM SOBRE ELA. VÁRIOS REPÓRTERES EM
CIMA. SEUS FAMILIARES SAEM DEPOIS. NADINE CORRE PARA A FILHA.
NADINE – minha filha. Filha.../
MAS NESTOR A INTERROMPE. ELE SEGURA A MULHER. PAULA OLHA

PARA A MÃE COM MUITA TRISTEZA.
NESTOR – não vá atrás dela. Ela matou o nosso filho!
PAULA ENTÃO RESPIRA FUNDO E SE VOLTA PARA A MULTIDÃO.

ALGUMAS PESSOAS JOGAM PEDRAS NELA. PAULA TENTA SE DEFENDER
DA AGRESSÃO. OS POLICIAIS A LEVAM EM MEIO A MULTIDÃO, QUE TEM
VONTADE DE DEVORÁ-LA... PARECEM ANIMAIS AO GRITAREM EM CIMA
DA MOÇA. PAULA É COLOCADA NO CARRO DE POLICIA. PV DE NADINE
QUE DÁ ADEUS A FILHA. PAULA, SENTADA, NO FUNDO DO CARRO, OLHA
PARA SUA FAMÍLIA TODA NO ALTO DA ESCADARIA DO FÓRUM.
FIM DO CAPÍTULO 03

Golpe de Mestre Cap03

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TV DESTINO

CENTRAL DESTINO DE PRODUÇÃO CAPÍTULO. 03

Personagens deste capítulo

CENA 1. HOSPITAL. LEITO DE PAULA. INT – DIA

NESTOR – ela está acordada, ela vai ter que me dizer.

NADINE – para com isso. Pelo amor de Deus! Deixa a Paula

NESTOR – quando estiver melhor o escambal. Ela vai ter que

NADINE – porque você a acusa assim?

NESTOR – esquece, Nadine. Você ainda quer passar a mão pela

NADINE – não foi verdade.

NADINE SE AFASTA, CHORA.

NADINE – você está sendo injusto com ela.

NESTOR – eu? Injusto? Injusto com uma pessoa que mata o

NADINE SENTA NO SOFÁ. NESTOR VOLTA A OLHAR PRA PAULA, QUE

NESTOR – sim, matou. Você matou o Felipe.

PAULA – não, eu... Eu não!

NESTOR – conte pra gente o que aconteceu, porque você deu

PAULA – não, pai. Não matei ninguém.

NESTOR – (irritado) para de se fazer Paula. (PAUSA) Esqueça

NADINE – vamos embora daqui. Pare de acusar a Paula. Ela não

NESTOR – ela ta falando/

NADINE – (puxando) vamos!

NESTOR CHORA, E VAI CONTRA A SUA VONTADE. CÂMERA VOLTA PRA

PAULA – eu não matei. Não, o meu irmão. Não matei... Eu não

CENA 2. CARRO DE NESTOR EM MOVIMENTO. INT – DIA

NESTOR – uma assassina. Criamos uma assassina. (pausa)

NADINE – (aparentando fraqueza) para com isso, Nestor. Minha

NESTOR – para de fumar.

NADINE – é o que consola.

NADINE – (grita) para desgraça! (tom) Para! Para de chamar a

NESTOR PARA O CARRO NO ACOSTAMENTO. NADINE VOLTA A FUMAR.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 3. RUA. EXT – DIA

NADINE – vamos agilizar o velório do Felipe, vamos? (pausa)

NESTOR – meu filho, Nadine. Meu único filho.

NADINE – nosso único filho.

MARIDO E MULHER SE ABRAÇAM.

CENA 4. CASA DE TIAGO. EXT – DIA

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 5. CASA DE TIAGO. SALA. INT – DIA

TÂNIA – ontem eu não consegui pregar o olho, só com a

RITA – ai minha filha, que tragédia. Nunca esperávamos isso

ELIAS – nos dias de hoje não devemos mais confiar em

GABRIEL – o Felipe sempre foi um encrenqueiro. Sempre

TÂNIA – o que não cabia a Paula acabar matando o irmão.

RITA – tudo por causa do nosso dinheiro, meu velho. Ai, eu

GABRIEL – não vovó, a senhora não tem culpa nenhuma. Quem

E ENTÃO ISAAC SURGE JÁ FALANDO.

ISAAC – eu não culpo o Felipe. A culpada disso tudo é a

ISAAC SENTA DO LADO DE LETÍCIA, DÁ UM BEIJINHO.

ISAAC – ela é a culpada de tudo. Porque, o Felipe poderia,

TÂNIA – e o que lhe faz pensar que foi por isso?

ISAAC – (para um pouco) eu ouvi mamãe. Eu e a Letícia.

ELIAS – se ouviu, porque não tentou impedir?

ISAAC – porque eles estavam só discutindo, eu pensei que a

LETÍCIA – e foi quando ouvimos, antes de entrar no escritório,

PATUSCA – o sangue de Cristo!

TÂNIA – Patusca, vai procurar o que fazer!

PATUSCA SE TOCA E SAI.

ISAAC – (manipulando) vocês tem que enxergar, abrir o olho

TODOS SE OLHAM. CÂMERA CORTA PARA A MÃO DE ISAAC QUE APERTA

CENA 6. HOSPITAL. LEITO DE PAULA. INT – DIA

PAULA SENTADA NA CAMA DO HOSPITAL, QUANDO NATALIA ENTRA E

PAULA – eu não matei ninguém, Natalia eu não matei.