10 | 25 de Fevereiro de 2010
Porto de Albufeira apresenta
olhão
Campeonato de Leitura atinge fase final
Biblioteca Municipal acolhe iniciativa
A fase final do Campeonato
de Leitura das Bibliotecas do
Agrupamento de Escolas Pro-
fessor Paula Nogueira - Olhão
(AEPPN) tem lugar na próxima
terça-feira, 2 de Março, pelas
11 horas, na Biblioteca Muni-
cipal da cidade de Olhão. Inse-
rida na Semana da Leitura,
promovida pelo Plano Nacio-
nal de Leitura, esta actividade
é uma organização das biblio-
tecas do agrupamento escolar
e conta com alunos selecciona-
dos de entre três escalões -
3º/4º; 5º/6º e 6º/7º/8º anos de
escolaridade - ao longo das
várias fases do campeonato.
Os alunos finalistas foram
seleccionados através da rea-
lização de duas provas, “Leitu-
ra Expressiva” de um texto li-
terário previamente
Sociedade Recreativa Olhanense
APOS promove conferências sobre personalidades olhanenses
A Associação de Valorização
do Património Cultural e Am-
biental de Olhão (APOS), vai
continuar a promover, ao longo
dos próximos meses, o ciclo de
conferências sobre personalida-
des naturais de Olhão ou que ali
se vieram a estabelecer e de al-
guma forma ganharam desta-
que na vida local.
As conferências, que contam
com o apoio do POSTAL, vão
decorrer na Sociedade Recreati-
va Olhanense, sempre a partir
das 15 horas.
No próximo sábado terá lu-
gar a conferência dedicada a
Raul Veríssimo, o combatente
esquecido, proferida por Ma-
nuel Madeira.
As conferências representam
já um incontornável momento
cultural da cidade cubista e têm
registado uma crescente ade-
são por parte da população
olhanense e de pessoas interes-
sdas na vida e percurso dos
homenageados.
Os olhanenses vêem assim
recordada a sua história e reavi-
vada a sua memória colectiva.
A promoção dos hábitos de leitura é o grande objectivo
conhecido e estudado e “Lei-
tura Sem Erros” de uma notí-
+ info
Raul Veríssimo: o combatente esquecido!
Raul Martins Veríssimo nas-
ceu em Lisboa a 21 de Outu-
bro de 1919 e faleceu em Faro
a 13 de Março de 2003.
Veio para o Algarve com a fa-
mília, fixando-se em Olhão,
com muito tenra idade. Rece-
beu a instrução primária nes-
ta terra e frequentou o Liceu
de Faro, tendo completado os
estudos secundários, recor-
rendo na última fase da fre-
quência, ao ensino livre, can-
didatando-se a exames
oficiais, por ter repartido o
seu tempo entre os estudos e
o trabalho prestado no esta-
belecimento de venda de ta-
bacos, que o seu pai dirigia.
Todo o seu aproveitamento
escolar foi exemplar. Por mo-
tivos económicos e de saúde
não frequentou a Universida-
de, tendo prestado o serviço
militar em Évora; terminado
o tempo mínimo de tropa,
regressou a casa de seus pais,
mas, para se refazer de um
cia do Postal do Algarve. Este
formato de provas será o uti-
período desgastante para a
sua saúde, que foi o serviço
militar, fixou-se em Estoi du-
rante o tempo necessário para
a recuperação da sua vida nor-
mal. Durante este período de
descanso, continuou estudan-
do as matérias de interesse
académico e cultural, princi-
palmente matemática, portu-
guês e filosofia, tendo-se tor-
nado um exímio professor,
apesar de não ter formalizado
qualquer licenciatura.
Cidadão generoso e dedicado,
envolveu-se na luta de grande
parte do povo português pela
Democracia, tendo sido preso
e perseguido pela Pide. Tor-
nou-se o mais influente diri-
gente do MUD juvenil na or-
ganização das Jornadas de
Belamandil e, posteriormen-
te, um influente dirigente
clandestino do Partido Comu-
nista no Algarve.
Decorria o ano de 1951, quan-
do, estando em casa, a altas
sérios problemas pág. 12
joão evaristo
lizado na final do campeona-
to, perante um júri composto
horas da noite, bateram à por-
ta. Era a polícia política, pre-
tendendo disfarçar-se com o
nome de Epifânio (amigo do
Raul), para poder entrar. Mas,
quando a porta de casa foi
aberta e os pides entraram, já
o Veríssimo tinha desapareci-
do, fugindo pelas escadas tra-
seiras do prédio que condu-
ziam à açoteia, de onde ele se
atirou, escorregando junto à
parede, para a rua oposta à
entrada da casa, onde a polí-
cia continuava a procurá-lo,
com a família em alvoroço,
não tanto talvez como o dos
facínoras que vasculhavam
tudo, em vão!
Entretanto o Raul, toscamente
vestido, escapara-se pelas ruas
silenciosas da noite morta e
foi bater à porta do Chalé da
família Luís Saias, depois das
«quatro estradas», a caminho
de Pechão. Foi recebido com
afecto e medo e, no dia se-
guinte de manhã, saiu e foi
por Filomena Branco, inter-
locutora da Rede de Bibliote-
cas Escolares na Direcção Re-
gional de Educação do
Algarve, António Pina, verea-
dor da Educação, Cultura e
Desporto da autarquia olha-
nense, Isabel Dias, responsá-
vel do Curso de Pós-gradua-
ção em Promoção e Mediação
da Leitura da Universidade do
Algarve, Ana Cristina Olivei-
ra, directora do Curso Profis-
sional de Artes do Espectáculo
da Escola Secundária Pinheiro
e Rosa, e Henrique Freire, di-
rector do POSTAL.
Os objectivos Segundo João
Evaristo e Teresa Pedro, pro-
fessores bibliotecários do
AEPPN e responsáveis pela
iniciativa, os principais ob-
encontrar-se com um amigo
que o recolheu até que, dias
depois, seguiu para Messines
de Baixo, onde viveu várias
semanas escondido no sobra-
do de um palheiro de pessoa
sua familiar.
Procurou e conseguiu empre-
go precisamente na Compa-
nhia de Diamantes de Angola,
onde desempenhou um im-
portante cargo, junto da pró-
pria Administração, dirigindo
a existência de uma Revista
Científica e Cultural de pro-
jecção internacional, nos do-
mínios de Antropologia, Bio-
logia, Ciências Naturais,
Etnografia e Sociologia. Nesta
actividade, e durante todo o
tempo em que permaneceu
na «Diamang», o Raul recebeu
merecidamente os maiores
encómios da Administração,
dos próprios colaboradores
da Revista, alguns, cientistas
de outros países, dos quais ele
traduzia para português os
jectivos são a promoção dos
hábitos de leitura, a motiva-
ção dos alunos para a quali-
dade na leitura e a valoriza-
ção dos bons leitores. Neste
momento especial de cele-
bração da leitura, os profes-
sores realçam que as competên-
cias leitoras são a base de um
bom desempenho curricular.
As Bibliotecas Paula No-
gueira (AEPPN) convidam
todos os interessados a as-
sistir ao evento que contará
ainda com a apresentação
de leituras e canções por
Paulo Moreira, director do
Curso Profissional de Artes
do Espectáculo da Escola
Secundária de Albufeira e
encenador, e Afonso Dias,
cantor e actor, que colabo-
ram na iniciativa.
respectivos artigos. Também
os seus colegas e colaborado-
res o admiravam, tanto pelo
seu trabalho como pelo rela-
cionamento afectuoso e hu-
mano, merecedor da estima
que tinham por ele.
Durante toda a sua participa-
ção nas lutas políticas pela
emancipação social e cultural
do povo português, sempre o
Raul Veríssimo continuou
lendo e escrevendo sobre lite-
ratura e arte, principalmente
poesia, que nem sempre ou
nunca publicava (apenas em
revistas e jornais clandesti-
nos), para evitar os cortes e as
proibições da Censura e as
perseguições políticas a que a
Pide não dava tréguas; no en-
tanto, conseguiu entre 1951 e
1974 iludir a vigilância da Po-
lícia Política.
António Paula Brito
(APOS)
Fonte: Página Web da APOS