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Escola virtual na escola presencial: ensinar e aprender no


contexto das novas tecnologias

Pensar a sala de aula hoje exatamente como se pensava nela há mais ou


menos 10 anos atrás é não reconhecer as mudanças presentes no cotidiano dos
adolescentes, é não reconhecer que os avanços tecnológicos se fazem presentes no
simples ato de comunicar-se, estando presente em todo um sistema de relações,
como afirma Castells:
As origens e as trajetórias das maiores mudanças tecnológicas são
sociais. A aplicação da tecnologia está determinada, como está
socialmente determinado o efeito retroativo das consequências
sociais de suas aplicações. Uma vez que temos supostos esses
pontos fundamentais, penso que ainda é importante centrar-se
sobre os efeitos específicos desta revolução tecnológica na
estrutura social para entender o novo surgimento do sistema
social. (Castells, 1995, p. 11)

Como podemos então, imaginar que a sala de aula, espaço social por
excelência, pudesse passar incólume por tais mudanças? É preciso entender que
essa transformação altera o espaço educacional, a informação desloca-se num
tempo e num espaço em que a escola não mais acompanha, pois não importa onde
o aluno está, ele tem acesso às informações disponíveis nas redes, a hora que
quiser.
Não cabe mais pensar num aluno passivo diante de um professor orador.
As novas tecnologias trazem para a sala de aula, através dos alunos, a interação
permanente, a conexão constante, a mixagem. O que pensar então sobre as formas
de ensinar e aprender? Nesse sentido é preciso pensar a prática docente a partir de
uma nova lógica, qual o papel do professor num contexto em que a informação
não é seu monopólio?
Portanto, hoje mais do que em qualquer outro momento, ensinar exige
reflexão crítica sobre a própria prática, como no dizer de Paulo Freire:
Por isso é que, na formação permanente dos professores, o
momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É
pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode
melhorar a próxima prática. (Freire, 1998, p. 43)
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Pensar na prática docente hoje, num mundo mediado por tecnologias, é


pensar que o professor precisa familiarizar-se com as novas tecnologias
educativas, suas possibilidades, seus limites, para que desta forma possa em sua
prática fazer escolhas conscientes do melhor uso dessas tecnologias.
A partir da perspectiva de que prática e formação docente não estão
dissociadas, e entendendo que a própria prática forma o professor, cabe à escola
proporcionar oportunidades concretas para que o professor reveja sua prática, não
no sentido de que sua aula será melhor ou pior com o uso das tecnologias, mas no
sentido de que é necessário compreender que existe uma nova lógica na
construção do conhecimento.
As novas tecnologias não são necessariamente mais eficazes do que outras
mídias usadas na escola, como o quadro de giz, o livro, etc, mas não é porque
essas tecnologias ainda não tenham demonstrado toda a sua eficácia no processo
ensino-aprendizagem que deverão ser desconsideradas, principalmente pelo fato
de estarem presentes na vida cotidiana de nossos alunos, por esse motivo devem
começar a estar mais integradas à educação formal.
Nesse contexto, a introdução de três aulas de apoio virtuais de Matemática,
possibilitou ao professor uma maior aproximação da cultura de seus alunos, como
eles interagem por meio do bate-papo e como se posicionam diante de suas
dúvidas mediados pelo computador. Dessa aproximação resulta a constatação do
pouco conhecimento que temos acerca das práticas juvenis, como afirma Tomas
Tadeu da Silva:
Outra das grandes ausências e ocultamentos aos olhos do próprio
alunado são os modos de vida dos grupos infantis e juvenis, tanto
na atualidade quanto no passado, tanto aqui quanto em outros
lugares da terra. E isso ocorre mesmo que, qualitativamente, eles
sejam uma parte importante da humanidade. O adultocentrismo
de nossa cultura nos leva a uma ignorância realmente grande
acerca do mundo idiossincrático da infância e da juventude. (Da
Silva, 1995, p. 163)

Desta forma, as aulas virtuais entraram no contexto das aulas presenciais


como geradoras de oportunidade de comunicação e interação entre professores e
alunos, uma vez que estas são condições fundamentais para que ocorra a
aprendizagem, seja dentro ou fora de sala de aula.
Mas o que é aprendizagem, como e quando ocorre? As diversas teorias
sobre aprendizagem refletem abordagens e preocupações diferentes. Os
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behavioristas, mais preocupados com estímulos e respostas, reforçamentos de


comportamentos; os cognitivistas tendem a se ater mais nos processos mentais,
como ocorre o pensamento, a elaboração mental para a solução de problemas, a
tomada de decisão. É possível reconhecer, hoje, que não há um único tipo de
aprendizagem, não podendo existir consequentemente uma única explicação para
o processo de aprendizagem.
Do ponto de vista da abordagem educacional, do que a escola entende
como aprendizagem, a escolha de um modelo é fundamental, pois nela está
inserida a prática do professor, a partir da qual o aluno, sua aprendizagem e suas
estratégias para aprender serão reconhecidas pelo corpo docente.
O quadro abaixo (Perraudeau, 2009, p.20), compara as abordagens
educacionais, situando as diversas teorias da aprendizagem.

Autoestruturação Heteroestruturação Interestruturação


O foco da aprendizagem é o O foco da aprendizagem é o O foco da aprendizagem é a
aluno ( o sujeito ) saber ( o objeto ) interação aluno-saber ( sujeito
– objeto )
A aprendizagem realiza-se A aprendizagem resulta da A aprendizagem apóia-se na
pela observação ou pela transmissão de saber. O construção do saber pelo
experiência. Esta pode ser ou professor desempenha um aluno, seja em interação com
individual ou coletiva. O papel primordial, como seu meio, seja em interação
professor pode permanecer detentor do saber. O modo de com outrem. O professor
afastado da atividade do aluno. transmissão pode ser organiza a situação. A
tradicional e frontal ou interação entre pares é um
moderno: a pedagogia por motor da aprendizagem.
objetivos está integrada a essa
abordagem.
Métodos não-diretivos, Métodos transmissivos,
Métodos construtivos,
inspirados, por exemplo, nos inspirados no filósofo Alain ou
inspirados nos trabalhos de
trabalhos de Rogers ou nas nas pesquisas de Skinner.
Piaget, Vygotsky, de Perret-
práticas de Neill. Clermont.
Quadro 1.2 – Os sistemas de aprendizagem: abordagem educacional

Cabe então, nesse contexto, eleger um olhar sobre o qual é possível pensar
a construção da aprendizagem. Ao trazer para dentro da escola a cultura juvenil,
através do uso da internet, nos aproximamos de Vygotsky, enfatizando a cultura e
a interação social no desenvolvimento da aprendizagem.
Poderemos então observar a construção da aprendizagem partindo de três
pontos centrais da teoria de Vygotsky: o papel da cultura, o papel da linguagem e
a relação entre educador e educando.
Por interação social, entendemos a aproximação que o aluno tem da sua
cultura. Segundo Vygotsky (2008), a cultura exerce uma enorme influência sobre
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nós. Para ele, nossas funções mentais são alteradas quando interagimos
socialmente, passando de funções mentais elementares para funções mentais
superiores. As funções mentais superiores são representadas pelo pensamento, a
resolução de problemas, a criatividade e a imaginação. A representação e
comunicação do pensamento ocorrem através da linguagem, por esse motivo, o
desenvolvimento cognitivo é uma função de interação verbal que ocorre entre
pares de iguais ou não. Por meio dessas interações é possível desenvolver o
pensamento lógico.
No que diz respeito à relação entre aluno e professor, Vygotsky (2008)
enfatiza que essa relação envolve ensinar e aprender para ambas as partes, por
meio do que ele denomina como zona de desenvolvimento proximal, entendendo-
a como uma espécie de potencial para o desenvolvimento, aquilo que qualquer um
de nós é capaz de alcançar com estímulo. A zona de desenvolvimento proximal
representa a própria zona de interatividade entre alunos e professor que colaboram
na construção de uma tarefa comum.
A ZDP é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se
costuma determinar através da solução independente de
problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado
através da solução de problemas sob orientação de um adulto ou
em colaboração com companheiros mais capazes. (Vygotsky,
2003, p.112)

Então, cabe ao professor, apresentar aos alunos propostas de tarefas nem


tão simples que possam ser realizadas facilmente, nem tão difíceis, que mesmo
com auxílio, não consigam resolver. O EaD, proporciona uma convivência nessa
zona de desenvolvimento proximal, partindo da ideia de uma aprendizagem
compartilhada, possibilitando a criação de uma zona de desenvolvimento
proximal coletiva. Nesse caso, a relação de ensino-aprendizagem ocorre
independentemente da distância que separa os envolvidos no processo.
As atividades colaborativas propostas com o uso da internet, representam
atividades de intensa integração, onde alunos e professor interagem mediados
pelos seus sistemas de linguagem, construídos historicamente, tendo como
princípio pedagógico os alunos como sujeitos ativos do próprio processo de
aprendizagem.
Percebe-se então uma convergência entre EaD, a pedagogia Freire e o
interacionismo de Vygotsky: através da troca de significados e do
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desenvolvimento de uma compreensão compartilhada, usando o diálogo na


interação à distância, os alunos gradualmente podem assumir controle do processo
de aprendizado, rumo à autonomia da construção de seu conhecimento.
Na escola presencial, na maioria das vezes, o protagonista é o professor,
ficando os alunos e suas aprendizagens em segundo plano. Há uma relação de
dependência na construção do conhecimento, onde o professor não permite o
desenvolvimento da autonomia do aluno nem esse último se autoriza a realizar as
tarefas com independência. A escola virtual traz outro paradigma para a
construção do conhecimento, colocando o aluno no centro do processo, fazendo
parte ativamente de sua aprendizagem, como diz Kenski (2003):
nos espaços presenciais de aprendizagem – escolas e campi –
prevalece o ensino ativo do professor sem a necessária
correspondência com o desejo calado e passivo de aprendizagem
dos alunos. Ensino orientado, estruturado e, muitas vezes,
distante dos pensamentos, experiências e anseios dos
aprendentes.

Desenvolver a autonomia do aluno está no projeto político pedagógico de


muitas escolas, mas poucas conseguem efetivamente realizá-lo. Mais do que em
qualquer outro momento da nossa história, se faz necessário um aluno pensante
num mundo de transitoriedades, onde tudo é muito rápido, efêmero. A escola
precisa passar a ser lugar de aprender e não de ensinar.
Mais recentemente, em relatório encaminhado à UNESCO, Delors (2001)
apresenta a ideia de que a educação deve organizar-se em torno de quatro
aprendizagens: aprender a conhecer, que representa a aquisição de instrumentos
pelo aluno para a compreensão; aprender a fazer, para que o indivíduo possa agir
sobre o meio; aprender a viver juntos, para que a participação e cooperação com
os outros esteja presente em suas atividades e finalmente aprender a ser, de forma
que haja um desenvolvimento integral do ser humano.
As tecnologias e, em especial o EaD podem e devem ser usados a favor do
desenvolvimento dessas quatro aprendizagens, uma vez que o EaD caracteriza-se
pela facilidade ao acesso da informação, da aquisição dos instrumentos para a
compreensão, implica num saber fazer, é essencialmente colaborativo e pode sim,
através da interação com o outro, favorecer o desenvolvimento do ser humano.
Entretanto, não basta usar as tecnologias a favor do desenvolvimento da
aprendizagem, se a estrutura da escola permanece inalterada, pois estaríamos
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utilizando-a apenas como recurso pedagógico, sem ampliar o seu potencial, de


forma a desenvolver na escola a cultura da interação, da troca, da construção de
conhecimentos significativos. Quando professores e alunos, perceberem juntos as
potencialidades da aprendizagem colaborativa, estaremos diante da
horizontalidade do ato educativo: todos aprendem, professores e alunos.
O papel do professor torna-se essencial na construção dessas quatro
aprendizagens, não sendo de forma alguma substituído pelas novas tecnologias.
Para que a horizontalidade do ato educativo esteja presente no cotidiano escolar, é
necessário que o professor reveja sua práxis, trazendo para junto dela as novas
tecnologias, integrando-as no currículo. O desafio na utilização das TICs não está
na capacitação do professor, mas como observa Kenski (2007):
O maior problema não está na dificuldade de domínio das
competências para uso das TICs pelos professores. O grande
desafio está em encontrar formas produtivas e viáveis de integrar
as TICs no processo de ensino-aprendizagem, no quadro dos
currículos atuais, da situação profissional dos professores e das
condições concretas de atuação em cada escola.

Retornando à Freire, temos clara a necessidade de o professor rever sua


prática, de que forma vem contribuindo para aquisição de conhecimento do aluno,
em que momento de sua prática dialoga com ele, ouve sem discursar, toma ciência
do mundo que envolve esse ser que está de corpo presente e espírito ausente em
sala de aula. É preciso assumir e reconhecer suas práticas, de forma que possa vir
a mudar. Segundo Freire, o conhecimento de uma prática não implica em
mudança imediata, mas a possibilidade de gradativamente fazer opções diferentes
e provocar rupturas com o que já estava estabelecido.
Para pensar nas TICs em sala de aula hoje, precisamos repensar o papel do
professor, a relação que se estabelece entre aluno e professor e a abordagem
educacional das diversas escolas.
No que diz respeito aos professores, as TICs os deslocam de transmissores
de conteúdos para mediadores, dinamizadores, orientadores do processo ensino-
aprendizagem, o que faz com que educadores tenham que repensar a formação
desse profissional e o modelo de ensino a escolher. Segundo Belloni (2008), o
professor deverá se tornar um parceiro do aluno, pois contribuirá na construção do
conhecimento através de atividades de pesquisa e inovando em práticas
pedagógicas.
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Esse novo papel do professor incide diretamente no desenvolvimento da


autonomia do aluno, coloca-o no centro do processo de aprendizagem, fazendo
com que a atuação docente esteja muito mais voltada para o diálogo do que para o
monólogo, alterando-se a hierarquia escolar do saber e a própria dinâmica da sala
de aula.
A ideia de um aluno autônomo, mais independente, capaz de autogerir
seus estudos, capaz de regular seu processo de aprendizagem, traz junto a
concepção de educação ao longo da vida como um caminho que vem de encontro
com as novas exigências sociais. A escola não pode, nesse sentido, deixar de
integrar à sua realidade o uso das TICs, sob pena de perder o contato com as
novas gerações e de se tornar obsoleta como instituição de socialização.
Entretanto, a introdução das TICs no ambiente escolar, longe de um
modismo, longe de sua utilização em si mesma, exige reflexão sobre seu uso, suas
potencialidades, requer uma análise sobre os modos de ensinar e principalmente,
exige mudanças na cultura da escola.
É preciso repensar como se organizam tempo e espaço dentro da escola, de
que forma a organização escolar contribui ou não para o desenvolvimento da
autonomia, como se relacionam e interagem professor e aluno, qual a concepção
de educação que se tem.
As concepções mais construtivistas do processo de aprendizagem estão
mais coerentes com as potencialidades interativas das TICs, mediante a realização
de aprendizagens significativas, o aluno constrói, modifica, diversifica, expande,
estabelece relações que enriquecem seu conhecimento e proporcionam
crescimento.
O professor percebe diariamente que os recursos que antes usava como
ajuda pedagógica aos alunos não possuem o mesmo efeito, sua sala de aula não é
igual e os alunos não são os mesmos. Diante dessa realidade não cabe saudosismo
de um aluno idealizado hipoteticamente, cabe sim um ajuste às necessidades e
características dos alunos existentes em sala de aula, na escola de hoje, século
XXI.
A internet e as novas tecnologias trazem para dentro da escola novas
formas de comunicação e com isso novas formas de ensinar e aprender. Os
métodos de ensino não são bons ou maus em si, apenas precisam estar em sintonia
com os alunos, partindo da premissa de que são uma ajuda pedagógica, pois a
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construção do conhecimento depende do aluno, devendo a escola proporcionar


oportunidades de aprendizagem adequadas às suas necessidades.
Dessa forma, escola e professor precisam criar mecanismos para atender
aos alunos, dialogando com a cultura juvenil, incorporando às práticas educativas
linguagens que possam mais facilmente acessar e mobilizar os recursos internos
dos alunos para a aprendizagem.
Nesse sentido, o relato do estudo de caso a seguir, demonstra uma das
muitas possibilidades de mobilização da aprendizagem do aluno através das novas
tecnologias.

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