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Rumo à Treze
Canal Saúde abre
espaço interativo
de preparação para
a 13ª Conferência
Nacional de Saúde
Atenção Básica
A saída é botar abaixo
esse muro de obstáculos
(palavra de sanitarista histórico)
Perfil mais Mas você enfrentou um período
difícil...
Não podemos esquecer a conjun-
Muralhas de Jericó
rouca trouxe Ary, que convidou Álvaro alemães contra os alemães, dos estaduni-
A — como registra o depoimento ao lado —,
que chamou Marcus Barros Pinto e ambos
denses contra os mexicanos, dos israelenses
contra os palestinos.
me fizeram vir para o RADIS. Éramos colegas Mas uma imagem das histórias bíblicas Comunicação e Saúde
de redação de O Globo e agora tínhamos que minha mãe contava sempre ficou na • Perfil mais jornalístico 2
nova missão: fazer jornalismo pela saúde minha cabeça: o mito, a idéia de que as
pública. Álvaro disparava sua crítica mordaz enormes muralhas que protegiam uma ci-
e Marquinhos — posteriormente editor-chefe dadela, Jericó, pudessem ruir pelo efeito do Editorial
do Jornal do Brasil, antes da decadência (do som das trombetas das tribos unidas, guiando • Muralhas de Jericó 3
JB, é claro!) — tecia seu texto brilhante e o grito forte e aberto dos homens comuns.
bem-humorado, enquanto eu iniciava nossas “Tocando-se longamente a buzina de carnei-
grandes reportagens nos estados e municí- ro, ouvindo vós o sonido da buzina, todo o Cartum 3
pios. Enquanto você lê este editorial, novos povo gritará com grande grita: e o muro da
repórteres da revista Radis preparam “a cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele,
volta” ao cenário de duas dessas antológicas cada qual em frente de si”, narra a tradição Cartas 4
matérias. Mas isso é assunto para a edição hebraica. Como poderia um sistema sólido de
comemorativa de agosto. A propósito, quem obstáculos articulados ceder apenas ao som
estiver no Rio na tarde do dia 22 de agosto dos clarins e ao sentido das vozes roucas e
está convidado. Vamos celebrar nossos 25 incansáveis? Que poder é esse, o da vontade
Anos refletindo sobre pensamento e práxis proclamada? Como poderia o sentido das Súmula 7
em duas fundamentais conferências: sobre palavras mover ou fazer mover o estabele-
Comunicação, fala Muniz Sodré, e sobre cido, as barreiras? Nunca entendi, mas não
Saúde, Gastão Wagner. desacreditei. De alguma forma, essa dúvida e
Nesta edição, destacamos debates o desejo me fizeram repórter, jornalista.
entre renomados sanitaristas realizados na Quando vejo o gigantismo do sistema
Ensp/Fiocruz sobre a Estratégia de Saúde da de doença implantado durante séculos no Toques da Redação 9
Família. O que seria um aprofundamento nas Brasil, suas raízes determinantes, suas
características da Atenção Básica em Saúde no velhas barreiras oligárquicas e as novas
Brasil — “há tantas atenções básicas quanto as plutocráticas, a argamassa das resistên- Sala de convidados
realidades regionais e microrregionais, das pe- cias do mercado e das corporações, as • Programa do Canal Saúde tira
riferias urbanas à saúde indígena”, iniciou um muralhas que obstaculizam os avanços dúvidas sobre a conferência 10
palestrante — tornou-se um impressionante desafiadores da Saúde que requerem
exame de todos os problemas, obstáculos e transformações e dos mais sutis, que im-
estratégias desviantes que conformam hoje plicam apenas o trato mais humano, me Radis adverte 10
uma grande e densa muralha, que determi- pergunto o que faz alguém acreditar numa
na os insucessos, salvo raras exceções, da Reforma Sanitária. Penso no que torna Diabetes
Atenção Básica e, para alguns, até do próprio alguém um sanitarista e que som têm seus • Controle ainda é baixo
Sistema Único de Saúde. Surpreendeu (ou clarins e que sentido têm suas palavras no Brasil 11
não) o alto grau de autocrítica e desilusão. para demover as novas muralhas.
Mas, também, de indisfarçável esperança.
A humanidade erigiu muitos muros. Rogério Lannes Rocha Debates na Ensp/Fiocruz
Dos chineses contra os povos do Norte, dos Coordenador do Programa RADIS • A dívida com a Atenção Básica 12
Serviço 18
Cartum
MOÇO,
O QUE O SENHOR
TÁ FAZENDO? EU TÔ
PRENDENDO O
Pós-Tudo
MUNDO DO LADO
DE FORA. • Que vida? 19
cartas
PÓS-TUDO SIM beleza e a qualidade do conteúdo, Saúde, pode dizer (com base no
principalmente nas notas Toques da título e na conclusão) que é a favor
Redação “Propaganda 1, 2 e 3” e do da descriminalização do aborto para
artigo de Sonia Fleury, com o título prevenir. O profissional de saúde
“Aborto: descriminalizar para pre- vende serviços para a saúde, para a
venir”, em que a autora consegue vida, para uma melhor qualidade de
provocar profunda reflexão sobre o vida. Saúde, vida e qualidade de vida
tema. Como militante de movimento são antônimos de aborto. Somente
religioso afro-brasileiro e diretor de discutir razões ou rever decisões
um periódico, sempre fiz campanha não isenta do ato que possivelmente
com os seguintes dizeres: “Mãe, diga será gerado depois (o aborto). Que
sim à vida e não ao aborto!”, e vi no tal, pegando um gancho da fala da
artigo uma forma eficaz de encami- ministra do Meio Ambiente, Marina
nhar a discussão do tema. Silva, pensarmos: “Nós nos centra-
• Paulo Mendonça, Rio de Janeiro, mos em nossos direitos, e não nos
diretor-geral do Real Notícias e idea- das futuras gerações”.
lizador da Mídia Comunitária • Vilton Cordeiro de Souza
e a novidade a se espalhar. Hoje temos AGENTE DE ENDEMIAS “Aqui nós somos seres humanos”
três sessões por semana, com média de (Radis nº 57), assunto que sempre
freqüência de 150 pessoas da cidade enhores, não sou funcionário públi- merece debate para que a população
inteira, de todas as idades, com os
mais diversos problemas.
S co municipal, mas foi o que indiquei
no cadastro do RADIS por falta de
conheça a aplicação dos Direitos da
Criança e do Adolescente.
Da depressão a limitações de opção no quadro de profissão — o mais • José Luiz Gripp, Nova Friburgo, RJ
movimentos, as pessoas relatam o próximo do meu trabalho que encon-
quanto conseguiram melhorar. Nas au- trei. Sou agente de endemias, só que
las há um pouco de tudo: relaxamento o serviço é terceirizado. Reconheçam SENSIBILIDADE NO SUS
com música, terapia da convivência essa categoria, por favor. Obrigado.
em sociedade e melhora da auto-es- adastrei-me no sistema para rece-
tima, tendo como único objetivo o de
sermos felizes com os problemas que
• José Evilardo Carneiro, Amontada, CE
alguém que o fizesse. Hoje, graças ao cursando o quarto período de Far- RECICLAGEM
alongamento, faz isso sozinho. mácia, onde tive a oportunidade de
Gostaria de convidá-los a co- omo sempre, a cada edição esta
nhecer nosso trabalho e se possível
divulgar entre as outras equipes de PSF
conhecer, por meio de uma profes-
sora, a revista Radis. Gostaria de
agradecer, já que acabei de receber
C revista fica melhor. Parabéns! For-
midável a iniciativa da química Janete
que se pode fazer muito, com pouca meu primeiro exemplar. Essa revista Duarte no gerenciamento do lixo (Radis
atitude, sem custo, sem exageros, tem grande importância para os lei- nº 56). Isto é reciclar idéias. Se o homem
somente doando muito amor. tores da área de saúde. Mostra-nos soubesse que poluiria o planeta, recicla-
• Mirian Bovi Borba, UBS/PSF-4, Bairro conhecimentos que não são passa- ria as idéias! Vale a pena este trabalho,
do Carmo, Monte Carmelo, MG dos aos alunos na graduação, por com todo o processo de pré-reciclagem
não estar incluída no currículo. (esterilização, banhos, esterilização).
EDUCAÇÃO E TORMENTOS • Flaviano F. de Lima Silva, João Al- Vale a pena apenas para o INCQS, por
fredo, PE ser um laboratório, ou para qualquer
stou cursando Pedagogia e con- instituição de saúde? Artigos sobre a
E sidero Psicologia uma disciplina
polêmica. Lendo a coluna “Transtorno
DIREITOS DA CRIANÇA inter-relação saúde e meio ambiente de-
veriam existir com maior freqüência.
obsessivo compulsivo cresce no mun- • Vilton Cordeiro de Souza, Itape-
do” (Radis n° 55), observei que alguns runa, RJ
fatores podem contribuir para o TOC,
como educação baseada em padrões Prezado Vilton, a iniciativa vale para
rígidos, carências afetivas, ausência todos, basta adaptar-se o material.
de limites. É uma reflexão para todos
que, de certa forma, contribuem para ALÔ, BRASILIENSES
a educação do ser humano, pois temos
o “poder” de fazê-la ser um momento ostaria de saber se existe alguma
inesquecível ou torná-la um contínuo
tormento na vida. Parabéns à equipe,
G instituição que trabalhe com re-
aproveitamento de garrafas de vidro
sucesso para vocês! aqui em Brasília/DF. Estou precisando
• Mariza Rückert, Joinville, SC de garrafas para levar adiante um pro-
jeto elaborado com os alunos e sem as
CAMPEÃO OLÍMPICO garrafas não será possível. Conto com
a ajuda de vocês.
ostaria de agradecer a divulga- • Cristiane Prados, professora primá-
G ção da 3ª Olimpíada Brasileira
da Saúde e Meio Ambiente (Radis nº
ria, Brasília
Súmula
redução de danos é comprovadamente ajuda a produzir alimentos e bebidas mento de interesse público, conforme
eficaz, do ponto de vista de saúde consumidos no mundo, como cereais, Portaria 886/2007, publicada no Diário
pública”. Desde que passou a ser cacau, café, frutas, cana-de-açúcar, Oficial do dia seguinte. Ao laboratório
adotada pelo Ministério da Saúde, em arroz, tabaco e vegetais, além de foi dado ainda um prazo de sete dias
1994, ressaltam, observa-se uma forte gado e algodão. para que apresentasse nova proposta.
mudança no perfil da epidemia da Aids Dados da OIT, com base na Pesqui- Em 27/4, a empresa propôs, em fax,
no Brasil. Em 1994, 21,4% dos casos de sa Nacional por Amostra de Domicílios redução de 30% no preço do Efavirenz.
aids notificados no país tinham relação (Pnad/IBGE), mostram ainda que em A proposta foi recusada pelo Ministério
direta ou indireta com o uso de drogas nosso país, depois de 14 anos conse- da Saúde por ser insuficiente e não-
injetáveis. Em 2006, essa relação foi de cutivos de queda, o trabalho entre 5 e adequada ao mercado internacional.
9,8%. O documento informa ainda que 15 anos voltou a subir. Em 2004, eram O presidente do laboratório no Brasil
no período o número de casos da do- 2,77 milhões de crianças trabalhadoras omitiu ainda que no dia 3/5 (véspera
ença em usuários de drogas injetáveis nessa faixa etária, contra 2,93 milhões do licenciamento compulsório) fez
caiu em 70% e que a política brasileira em 2005. Ou seja, o percentual subiu nova proposta em que reduziria em
está de acordo com a Sessão Especial de 7,33% para 7,80%. A situação é ainda 5% o preço do Efavirenz a cada grupo
das Nações Unidas sobre HIV e Aids, pior no Piauí, onde trabalham 116.600 de 5 mil pacientes. O governo brasi-
que definiu a estratégia de redução de crianças, ou 17,11% da população en- leiro mais uma vez repudiou a idéia
danos como prioritária no enfrenta- tre 5 e 15 anos. e afirmou na data que não poderia
mento da epidemia. A nota esclarece Em relatório, a OIT lembra que tratar do assunto com a mesma lógica
que alguns termos utilizados no folheto essas crianças estão mais expostas a de um artigo comercial ou um pro-
são adaptações dos manuais de redução riscos e que isso limita as possibilidades grama de milhagem para fidelização
de danos e que, “em hipótese alguma, de acesso a uma educação adequada de clientes.
podem ser considerados como incentivo e, conseqüentemente, as esperanças A decisão do presidente da Re-
ao uso de drogas”, confirmando, no en- de um futuro melhor. “O problema se pública em declarar o licenciamento
tanto, o apoio à decisão “de suspender agrava porque muitos trabalhadores compulsório só ocorreu depois que
a distribuição do material, até que seja infantis agrícolas pertencem a famílias foram esgotadas as possibilidades de
avaliado tecnicamente”. rurais que constituem os dois terços negociação. A nota ressalta que esta
mais pobres do mundo”. é uma medida legal prevista tanto na
legislação internacional quanto na
OIT DENUNCIA TRABALHO INFANTIL nacional, com pagamento de royalties
A POLÊMICA EM TORNO DO EFAVIRENZ ao detentor da patente. No caso em
questão, o governo federal chegou
Foto: OIT/Divulgação
veterano repórter Fontes Fidedignas, pode chegar ao país todo, é que os jo-
que foi apurar e constatou que vários vens repassem as informações à família
países proíbem este tipo de propa- e à comunidade, diz Chao Lung Wen,
ganda — França, Dinamarca, Suíça, coordenador de telemedicina da Facul-
PROPAGANDA E DESINFORMAÇÃO Suécia, Noruega, Índia —, enquanto dade de Medicina da USP e do Projeto
— Tarefa hercúlea o combate à pro- outros a restringem: Itália, Portugal, Jovem Doutor (www.saudetotal.com/
paganda de bebidas alcoólicas. Que o Espanha, Argentina, Chile, México. jovemdoutor/projeto.aspx). “Acima
diga o ministro da Saúde, que “ousou” “Países sérios”, resume Fontes. de tudo é um trabalho de melhoria das
criticar artistas que participam desses condições de vida”.
anúncios — “uma coisa dramática”, ALÔ, UNIVERSITÁRIOS — Um grupo de
disse. A cantora Alcione chamou o 37 alunos de Tatuí (SP) está recebendo QUANTIDADE & QUALIDADE — Há
ministro de “patético” e afirmou que treinamento de estudantes das áreas mais de 70 instituições testando vaci-
“a cerveja é dos males o menor”. Zeca de saúde da USP em hábitos saudáveis nas contra o HIV nos Estados Unidos.
Pagodinho mandou o ministro cuidar e noções de prevenção de doenças fa- Ciência é como futebol: quanto maior
dos postos de saúde. “Impressionante cilmente evitáveis, informou O Estado a oferta de jogadores melhor o resul-
a desinformação”, espantou-se nosso de S.Paulo de 14/5. A (boa) idéia, que tado para o país.
FOTOS: TV MORRINHO
RADIS 59 • JUL/2007
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SALA DE CONVIDADOS
C.H.
Carlos de Oliveira Junior, com media- saúde são aliados”, disse.
ção do chefe de gabinete da Fiocruz, Quanto ao engajamento
Canal Saúde, da Fiocruz, Arlindo Fábio Gómez de Sousa. de usuários e profissionais de saúde, os
Diabetes
DEBATES NA ENSP/FIOCRUZ
A dívida com a
Atenção Básica
A.D.
para Alimentação e Agricultura (FAO/ pelo menos incluir no currículo um dos
Adriano De Lavor, Bruno Camarinha
ONU); o odontólogo Antônio Dercy Sil- mais instigantes balanços do Sistema
Domingues, Katia Machado e Marinilda
veira Filho, coordenador da Estratégia Único de Saúde dos últimos tempos.
Carvalho
Saúde da Família do Departamento de A palestra de Nelsão tinha o título
Atenção Básica da Secretaria de Aten- de “Retomada do Movimento Sanitário:
pesar de algumas ilhas de ex- ção à Saúde (SAS/Ministério da Saúde); Novos atores sociais com a Estratégia
e apontou que os programas brasileiros setor privado”, garantiu. O caso mais a formação e a visão do profissional
já nascem restritos a ministérios: o Bol- claro é o de São Paulo, onde o programa de saúde ainda pautado na lógica da
sa-Escola, ao da Educação; o Bolsa-Ali- é totalmente operado por entidades biomedicina”. Outro princípio é a co-
mentação, ao da Saúde; o Auxílio-Gás, privadas. “Não tenho medo de falar a ordenação da rede de saúde: cabe à
ao de Minas e Energia. “Embora todos palavra privatização, mesmo que vocês atenção básica referenciar para a média
classifiquem a pobreza como fenômeno fiquem com esses olhos arregalados”, e alta complexidade. Por fim, os quatros
multidimensional, as políticas acabam ironizou. “A verdade é que, hoje, o social últimos: continuidade do cuidado; ter-
desenhadas de maneira setorial”. virou um grande negócio”. ritorialização e adscrição da clientela;
Equívocos decorrentes da seg- responsabilização; humanização.
mentação: antes do Bolsa-Família — do DESCASO DO GESTOR? Suas provocações continuaram:
qual foi coordenadora —, famílias com No dia 9, sob o título “Estratégia “O que a diferencia da Atenção Básica
crianças de até 6 anos eram atendidas Saúde da Família como política social: tradicional?”. A primeira diferença, ci-
pelo Bolsa-Alimentação, enquanto as no Brasil e no Rio de Janeiro”, Antônio tou, é ser pró-ativa perante indivíduos,
com crianças acima de 7 anos rece- Dercy Silveira Filho tratou dos concei- famílias e comunidade. “Ou seja, cabe
biam benefícios do Bolsa-Escola. “Uma tos básicos e das principais mudanças à equipe de ESF procurar sua clientela
mesma família, com um menino de 3 na Atenção Básica em Saúde. e manter atualizado o cadastro das
e outro de 8, precisava se cadastrar Em vários momentos, provocou a famílias”. A segunda diferença diz
em ambos”, exemplificou. “Era uma platéia: “Quando um posto de saúde respeito ao foco na família. “O desafio
insanidade — e um desperdício de não faz atenção básica é descaso do do profissional da ESF é construir uma
dinheiro — pensar o núcleo familiar gestor?”. Sua resposta negativa teve prática de promoção e clínica que en-
de modo tão fatiado”. explicação: “Se algo vai mal é porque volva a dimensão do cuidado familiar”,
A integração de várias iniciativas a rede de saúde está sem estrutura, salientou. Outras diferenças: humani-
em uma — o Bolsa-Família — não pôs é porque faz parte de um projeto zação, acolhimento, vínculo e cuidado
fim a um grave problema: o programa político contrário ao SUS”. A Atenção ao longo do tempo; integralidade, pla-
por si só não gera um direito. “Ele não Básica, lembrou, caracteriza-se por nejamento e coordenação do cuidado;
funciona como porta de entrada para um conjunto de ações de promoção foco no território e na comunidade
outros serviços”, resumiu. Por isso, de- e proteção da saúde, prevenção de adscrita; trabalho em equipe; co-res-
fendeu, a convergência da política de agravos, diagnóstico, tratamento, ponsabilidade entre profissionais e
transferência de renda com o PSF seria reabilitação e manutenção da saúde, famílias; estímulo à participação social;
oportuna. Ana ainda sugeriu a “desfa- desenvolvida no individual e nos cole- intersetorialidade das ações.
miliarização” do Bolsa-Família. “Vocês tivos, com práticas gerenciais e sanitá- Antônio ainda detalhou as princi-
nunca se encontraram com um grupo rias democráticas e participativas. pais mudanças na política nacional da
de pessoas que dissesse: ‘muito prazer, No SUS, prosseguiu, é “um nível Atenção Básica e a evolução das equi-
nós somos uma família’”, brincou. No hierárquico da atenção, que deve estar pes Saúde da Família no Brasil e no Rio:
Uruguai, programas desse tipo benefi- organizado em todos os municípios”. revisão da regulamentação e revogação
ciam o cidadão, independentemente de Segundo o especialista, está baseada de 27 portarias; definição de carga ho-
ascendência ou descendência, citou. na realidade local e deve entender os rária de 40 horas semanais; integração
Nesse sentido, a socióloga indicou sujeitos em suas singularidades, ou da Saúde Bucal; co-responsabilidade
o modelo do PSF como exemplo a ser seja, segundo estilo de vida, emprego, das secretarias estadual e municipal de
seguido, já que trabalha com uma alimentação, interação sociocultural, saúde na educação permanente, com
lógica diferente, a do domicílio. Ana entre outros determinantes. “Se tudo recursos das três esferas de governo;
Luiza d’Ávila Viana, professora da Uni- isso for feito de maneira coerente, e a não-exigência de um mínimo de
versidade de São Paulo, apoiou a idéia resultará numa prática mais humana pessoas por equipe de Saúde da Famí-
de “desfamiliarização”. O ideal, disse, em comparação ao que vem sendo lia. “Recomenda-se apenas até 4 mil
seria o Bolsa-Família ter se articulado feito nos serviços de saúde”. pessoas por equipe”, ressaltou. Sobre
desde o início com o PSF: a ação dos Para Antônio, não apenas orienta- o número de equipes, informou: “Até
agentes comunitários começou justa- da pelos princípios do SUS, a Atenção fevereiro de 2007, havia 27.035 equipes
mente nas áreas mais pobres. Básica precisa seguir rigorosamente em 5.110 municípios, acrescentadas de
O Brasil está atrasado no processo princípios próprios. A acessibilidade é 219.636 agentes comunitários em 5.301
de convergência: nem sequer há estu- o primeiro. E perguntou: “Acessibilida- municípios e 15.339 equipes de saúde
dos que mostrem a influência de um de e acesso têm o mesmo significado?” bucal em 4.324 municípios”.
programa no outro. “E olha que hoje é Para Antônio, oferecer uma vacina BCG Debatedora da mesa, a médica
impossível pensar na saúde sem pensar na às sextas-feiras das 14h às 18h, por Márcia Mochel Dias, coordenadora da
assistência social, que virou a me- exemplo, significa dar acesso, e não Atenção Básica da Secretaria Municipal
nina-dos-olhos dos governos por acessibilidade. “Neste caso, planejam- de Saúde do Rio, traçou o perfil da
agir sobre os riscos”, afirmou. Ana se as ações conforme os interesses da rede carioca de atenção básica, sa-
Luiza aproveitou a oportunidade equipe e não da população”. lientando que a cidade requer análise
para pedir que a platéia fique Segundo princípio, o vínculo. De diferenciada. Primeiro pela densidade
atenta à privatização da assistência. “O acordo com Antônio, os vínculos com demográfica — em torno de 6 milhões
PSF hoje é financiado pelo setor público, um sujeito são construídos pela afetivi- de habitantes; segundo porque a cida-
mas tem parcerias fortíssimas com o dade. “Para tanto, precisamos repensar de já foi capital federal, com grande
RADIS 59 • JUL/2007
[ 15 ]
serviço
com a Universidade Federal do Espírito ob o tema SUS: diversidade, ten- Escola Nacional de Saúde Públi-
Santo, o evento abordará o tema Trabalho
em equipe. O simpósio, que inaugura as
S sões e convergências, a 10ª edição
do Congresso pretende promover um
A ca Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz)
lançou editais de seleção para 2008
atividades do Projeto Integralidade: sabe- debate acerca do sistema de saúde dos cursos de mestrado e doutorado
res e práticas no cotidiano das instituições brasileiro, que completa 20 anos, em em Saúde Pública e Meio Ambiente.
de saúde, do Lappis, visa levantar ques- 2008. O objetivo do encontro, que é As inscrições, feitas exclusivamente
tões a serem discutidas no 7º Seminário promovido e organizado pela Asso- pela internet, se encerram em 31 de
Nacional do Projeto Integralidade, a ser ciação Paulista de Saúde Pública e agosto. O Programa de Pós-Graduação
realizado em novembro de 2007 no Rio de pela Faculdade de Medicina Unesp em Saúde Pública e Meio Ambiente,
Janeiro. Propõe ainda apresentar os resul- de Botucatu, é explicitar as múlti- credenciado pelo Conselho Federal de
tados finais da segunda fase do projeto, plas e necessárias diferenças que Educação, tem como objetivo a capa-
aprofundando temas desenvolvidos no 5º existem nas agendas políticas e in- citação de docentes, pesquisadores e
Seminário Nacional, em 2005, sob o título telectuais do sistema de saúde bra- gestores em saúde e ambiente, sob
Construção social da demanda: direito à sileiro (a chamada SUSdiversidade), uma perspectiva interdisciplinar, mul-
saúde, trabalho em equipe e participação indicar e aprofundar os pontos de tiprofissional e interinstitucional, para
e espaços públicos. tensão entre elas e apontar possíveis análise e proposição de soluções sobre
caminhos de convergência. os efeitos decorrentes das exposições
Data 9 e 10 de agosto ambientais na saúde humana. Está vol-
Local Auditório do Centro de Ciências Data 27 a 31 de outubro tado para profissionais e pesquisadores
Jurídicas e Econômicas da UFES, Vi- Local Estância Turística de São Pedro (SP) das áreas de saúde e meio ambiente,
tória (ES) Mais informações com formação, em nível de graduação,
Mais informações Tel. (14) 3815-3133 em diferentes campos do conhecimen-
Tel. (27) 3335-2885 E-mail xcpsp@fmb.unesp.br to, e interessados na análise de proble-
Site www.prppg.ufes.br/ppgpsi/ Site www.xcpsp.fmb.unesp.br mas de saúde e ambiente. Está dividido
eventos.html ou www.lappis.org. em três subáreas de concentração:
br/trabalhoemequipe.htm Epidemiologia Ambiental; Gestão de
7º CONGRESSO BRASILEIRO DE Problemas Ambientais e Promoção de
EPIDEMIOLOGIA E 18º CONGRESSO Saúde; e Toxicologia Ambiental.
13º ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS MUNDIAL DE EPIDEMIOLOGIA Informações e inscrição pelo
NORTE E NORDESTE (CISO) site da Pós-Graduação em Saúde
ob o título Epidemiologia na cons- Pública e Meio Ambiente da Ensp
Pós-tudo
Que vida?
temos uma vida potencial e muito
Oscar Vilhena Vieira menos um ser humano formado, com
toda a sua complexidade orgânica,
Supremo Tribunal Federal re- psíquica e moral.
mas que não se demonstram mais do argumento levado a cabo pela Pro-
A.
viáveis para este mesmo fim, seja por curadoria Geral da República é o des-
um problema orgânico, seja porque, têm qualquer perspectiva de evoluir prezo relativo à dignidade e à própria
depois de três anos congelados, não para a condição humana. vida de milhões de pessoas humanas
mais podem ser implantados com se- O segundo equívoco é de natureza que sofrem doenças graves e letais,
gurança em um útero materno. Logo, moral. Reconhecer que um embrião como o Parkinson, a diabetes, as do-
são embriões que, infelizmente, não tem vida não pode significar que este enças coronárias ou lesões de medula,
deva ser equiparado a um ser huma- que poderiam ser beneficiadas com o
no. O que temos aqui são embriões progresso nas pesquisas com células-
* Professor de Direito Constitucional da produzidos extra-uterinamente, que tronco. Ao elevar o embrião inviável à
Escola de Direito da Fundação Getúlio também se encontram fora do útero, condição de ser humano, o sofrimento
Vargas e diretor jurídico da Conectas em estágio absolutamente inicial de de milhares de seres humanos reais
Direitos Humanos; autor de diversos desenvolvimento. Ou seja, temos algo está sendo relegado à mais absoluta
livros, entre os quais, Direitos funda- que poderia ter tido a potencialidade irrelevância. E esta não parece ser
mentais (Malheiros Editores, 2006) de se transformar numa vida, mas não uma decisão a favor da vida.