Desafios à conservação na Bacia do Paraopeba/MG: identificando valores
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Analisando a bacia do Paraopeba, tornou-se observável uma vocação de sua complementariedade espacial com o Quadrilátero Ferrífero e a bacia do Velhas.
Cabe reconhecer, portanto, que sua importância tende a se acentuar nos contextos regional e nacional. Essa posição tem custos e precisa de sustentação econômica e, portanto, exige planejamentos de longo prazo. Os recursos aí existentes precisam ser valorizados e potencializados, com vistas, em último caso, ao benefício geral de sua população.
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Desafios à conservação na Bacia do Paraopeba/MG - Alecir Antonio Maciel Moreira
Desafios à conservação na Bacia do Paraopeba/MG:
identificando valores
Antonio Maciel Moreira
Desafios à conservação na Bacia do Paraopeba/MG: identificando valores
Editora PUC Minas
Belo Horizonte
2020
© 2020 Alecir Antonio Maciel Moreira
Todos os direitos reservados pela Editora PUC Minas. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem a autorização prévia da Editora.
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Grão-Chanceler • Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Reitor • Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Pró-reitor de Pesquisa e de Pós-graduação • Sérgio de Morais Hanriot
Editora PUC Minas
Direção e coordenação editorial: Mariana Teixeira de Carvalho Moura
Comercial: Paulo Vitor de Castro Carvalho
Projeto gráfico e diagramação: Eduardo Ferreira
Formatação digital: Ábner de Marcos Neves
Conselho editorial: Édil Carvalho Guedes Filho, Eliane Scheid Gazire, Ev’Ângela Batista Rodrigues de Barros, Flávio de Jesus Resende, Jean Richard Lopes, Javier Alberto Vadell, Leonardo César Souza Ramos, Lucas de Alvarenga Gontijo, Luciana Lemos de Azevedo, Márcia Stengel, Meire Chucre Tannure Martins, Mozahir Salomão Bruck, Pedro Paiva Brito, Sérgio de Morais Hanriot.
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
M838d
Moreira, Alecir Antonio Maciel
Desafios à conservação na Bacia do Paraopeba/MG: identificando valores [recurso eletrônico] / Alecir Antonio Maciel Moreira. Belo Horizonte : Editora PUC Minas, 2020.
E-book (271 p.: il.)
ISBN: 978-65-88547-09-0
1. Bacias hidrográficas - Conservação. 2. Recursos hídricos. 3. Proteção ambiental. 4.!Paraopeba, Rio (MG) - !Legislação - Aspectos ambientais. I. Título.
SIB PUC MINAS
Ficha catalográfica elaborada por Fernanda Paim Brito - CRB 6/2999
Sumário
Agradecimentos
Lista de figuras
Lista de quadros
Lista de siglas
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
Capítulo 2
ASPECTOS HISTÓRICOS DA CONSERVAÇÃO
2.1 Degradação ambiental e estratégias de conservação
2.2 Conservação na perspectiva de atores públicos e privados
2.2.1 O Brasil e a questão ambiental no sistema internacional
2.2.2 Atores internos e a proteção ao ambiente
Capítulo 3
ASPECTOS LEGAIS DA CONSERVAÇÃO: A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA
3.1 A legislação ambiental brasileira
3.2 A legislação e proteção ambiental de Minas Gerais
Capítulo 4
ASPECTOS TEÓRICOS E TÉCNICOS DA CONSERVAÇÃO
4.1 Breve contexto das pressões ambientais contemporâneas
4.2 Fundamentos da biologia da conservação
4.3 Aspectos geográficos da conservação
4.4 O pensamento geográfico e a questão ambiental
4.5 Unidades de Conservação: objeto de análise geográfica
4.6 A Teoria Geral de Sistemas como suporte teórico-metodológico para o tratamento das questões ambientais
4.7 O geoprocessamento e o tratamento da informação espacial
Capítulo 5
METODOLOGIA
5.1 A metodologia de identificação dos HCVs
Capítulo 6
A BACIA DO PARAOPEBA EM PERSPECTIVA
6.1 Localização da área de estudo
6.2 A fisiografia da bacia
6.3 A geomorfologia da bacia do rio Paraopeba
6.4 Morfologias especiais – feições cársticas
6.5 Circulação atmosférica e climatologia regional
6.6 Aspectos bióticos da bacia do rio Paraopeba
6.7 O Paraopeba – Um pouco de história
Capítulo 7
IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO NA BACIA DO RIO PARAOPEBA
7.1 HCV 1 – concentração de biodiversidade
7.1.1 A flora da bacia
7.1.1.1 Angiospermas da bacia do Paraopeba
7.1.1.2 Peridófitas da bacia do Paraopeba
7.1.2 A fauna da bacia
7.1.2.1 A mastofauna
7.1.2.2 A avifauna
7.1.2.3 A herpetofauna
7.2 HCV2 – Áreas extensas no nível da paisagem, dotadas de cobertura vegetal relevante no contexto abordado, de modo a propiciar a manutenção de populações viáveis de espécies
7.3 HCV3 – Áreas que contenham ecossistemas únicos no contexto de interesse, tais como cavernas e sítios arqueológicos
7.4 HCV4 – Áreas que prestem serviços ambientais básicos em situações de extrema importância, tais como a captação de água e controle erosivo, potencial hidrogeológico, áreas de recarga e/ou nascentes
7.5 HCV5 – O Índice de Vulnerabilidade de Saneamento e Meio Ambiente (Ivsma)
7.6 HCV6 – Áreas de extrema importância para a identidade cultural tradicional de comunidades locais (áreas de importância cultural, ecológica, econômica ou religiosa)
7.7 HCV7 – Conectividade e síntese: áreas de alto valor de conservação na bacia do rio Paraopeba.
Capítulo 8
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Posfácio
Referências
Anexo
À minha mãe, pelo apoio incondicional e por me dar todas as referências do Paraopeba.
AGRADECIMENTOS
Serendipity é uma expressão inglesa que não encontra tradução perfeita para o português. Ela remete às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, ao sabor do acaso. Talvez o tema aqui tratado seja um desses casos. Uma descoberta afortunada que me permitiu escrever sobre um tema e uma causa nos quais aprecio e acredito. Afortunada também por ter podido, de alguma forma, retornar na forma de trabalho material o afeto que sempre tive por esse vale – o Paraopeba. Reaprendi aqui que o Paraopeba são, de fato, três. E o que fala mais de perto ao meu coração é o baixo. Lá pelos lados do Mocambo, da Lapa, do Cedro Velho, do Saco da Pedra, aprendi a ter uma relação de afeto com a natureza. Encontrei, na aspereza do cerrado, a paisagem da minha infância, beleza e inspiração sem fim. E com certa tristeza pude vê-la desaparecer aos poucos. Lá, peguei o gosto por escutar e contar causo. E quanto causo tem! Tem a luz andeja, que ainda amedronta quem costuma passar nas estradas à noite; histórias de assombração do casarão da fazenda do Mocambo (que nem está mais de pé); tem o pequizeiro em forma de cruz (também mal-assombrado). Agora, revisitar tudo isso com outro olhar... foi um desses casos de serendipity. Faz-me pensar, inclusive, em um compromisso espiritual com essa terra. E esse será mais um causo que terei para contar. Então, para começar, só posso agradecer a Deus pela oportunidade que essa vida me deu.
À minha família pelo suporte. Mãe, irmãs, sobrinhos, Soraia, pelo amor incondicional. Agradeço ao meu orientador, Alexandre Magno Alves Diniz, pelo estímulo e pelos empurrões ao longo do tempo, pelos conselhos e por me fazer acreditar que era possível. Não posso deixar de agradecer, nessa passagem, ao professor Oswaldo Bueno Amorim Filho (meu primeiro orientador) pelos mesmos motivos supraditos.
À Fundação Biodiversitas pela cessão do banco de dados para a realização da pesquisa. Nesse grupo, obrigado especial à Gláucia Moreira Drummond, ao Cássio Soares Martins, à Roberta Maini. Sem vocês não teria sido possível. Agradeço ao Marcos Coutinho pela cessão das fotos do sobrevoo à Bacia. Agradeço igualmente ao Adriano Paglia, Markus Gastauer, Gustavo Pezzuti, Alexandre Salino e Gustavo Malacco pelos ensinamentos, trocas e materiais de pesquisa.
Ao Cedefes, Ministério do Meio Ambiente, IEF, Iepha e Iphan pela disponibilização de dados que subsidiaram a construção do banco de dados da pesquisa.
Aos meus amigos, pela paciência e pela compreensão das minhas ausências. Em verdade meu coração nunca esteve ausente. Em especial, agradeço ao Flávio Cândido pelo apoio e pelo estímulo. Ao Eduardo Garcia pela viagem à Pontinha e pelas fotos. Obrigado Luís Cláudio!
Aos meus colegas José Flávio Morais Castro e João Henrique Rettore Tuttore pelas orientações e conselhos. Aos professores do Colegiado do Curso de Geografia, Marcelo Eduardo Zanetti, Magda Maria Diniz Tezzi e César Azevedo Carneiro, agradeço pelo apoio. Ao Rodrigo Teixeira, meu sincero agradecimento. Tem um pouco de vocês aqui!
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Mapa da bacia do rio Paraopeba-MG: ottobacias.
Figura 2
Mapa de localização da bacia do rio Paraopeba no Estado de Minas Gerais.
Figura 3
Mapa do Índice de Desenvolvimento Humano na bacia do rio Paraopeba – 2000.
Figura 4
Mapa do Índice de Desenvolvimento Humano na bacia do rio Paraopeba – 2010.
Figura 5
Serra de Ouro Branco (MG).
Figura 6
Foto áerea da mineração aos pés do pico do Itabirito.
Figura 7
Mapa geológico da bacia do rio Paraopeba (MG).
Figura 8
Mapa de unidades hidrogeológicas da bacia do rio Paraopeba (MG).
Figura 9
Foto do aspecto da morfologia do baixo Paraopeba.
Figura 10
Mapa hipsométrico da bacia do rio Paraopeba (MG).
Figura 11
Foto do rio Paraopeba ao cruzar o alinhamento do Curral.
Figura 12
Foto aérea do alinhamento da Serra do Curral.
Figura 13
Foto da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, na comunidade quilombola de Boa Morte – Belo Vale (MG).
Figura 14
Mapa da riqueza total de espécies distribuídas por município.
Figura 15
Mapa da distribuição de riqueza total de espécies de angiospermas por municípios.
Figura 16
Mapa de registro de espécies-alvo de angiospermas na Bacia.
Figura 17
Mapa da distribuição de riqueza de espécies de pteridófita por município.
Figura 18
Mapa da distribuição de espécies-alvo de pteridófita na bacia do Paraopeba.
Figura 19
Mapa da distribuição de riqueza de espécies da mastofauna por município
Figura 20
Mapa da distribuição de espécies-alvo da mastofauna na bacia do Paraopeba.
Figura 21
Mapa da distribuição de riqueza de espécies da avifauna por município.
Figura 22
Mapa da distribuição de espécies-alvo da avifauna na bacia do Paraopeba.
Figura 23
Mapa da distribuição de riqueza de espécies da herpetofauna por município.
Figura 24
Mapa da distribuição de espécies-alvo da herpetofauna na bacia do Paraopeba.
Figura 25
Mapa de espécies da fauna ameaçadas da bacia do rio Paraopeba, segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.
Figura 26
Mapa da distribuição normalizada de espécies da fauna ameaçada da bacia do rio Paraopeba, segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.
Figura 27
Mapa da distribuição normalizada da riqueza de espécies da fauna e flora (alvos totais) ameaçadas da bacia do rio Paraopeba.
Figura 28
Foto do cachorro-do-mato- vinagre (Speothos venaticus)
Figura 29
Foto do sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita)
Figura 30
Mapa-síntese de HCV1 para a bacia do rio Paraopeba.
Figura 31
Mapa de remanescentes florestais da bacia do rio Paraopeba.
Figura 32
Mapa de distribuiçãoa normalizada de áreas de alto valor para a conservação bacia do Paraopeba
Figura 33
Foto da Floresta estacional semidecidual na borda sudeste da bacia do rio Paraopeba (Ouro Branco – MG), de propriedade de companhia mineradora.
Figura 34
Em primeiro plano, campo rupestre quartzítico, com a ocorrência de Velózias e, ao fundo, fragmento de florestal estacional semidecidual, no interflúvio Paraopeba-Doce (Ouro Preto – MG).
Figura 35
Foto de remanescente florestal protegido (APAM, APEE) às margens do reservatório de Rio Manso (à esquerda).
Figura 36
Mapa de remanescentes de vegetação nativa da bacia do rio Paraopeba.
Figura 37
Foto de Vereda com seu buritizal característico – situada no BRP, município de Papagaio (MG).
Figura 38
Mapa-síntese de HCV2 para a bacia do rio Paraopeba.
Figura 39
Mapa de localização de cavidades naturais registradas da bacia do rio Paraopeba (Cecav, 2010).
Figura 40
Foto do interior da Gruta Rei do Mato (município de Sete Lagoas – MG).
Figura 41
Mapa de cavidades naturais por ottobacia, normalizado para a bacia do rio Paraopeba.
Figura 42
Foto de Couraças ferruginosas no PESRM, que recobrem importantes superfícies do QF. Em suas bordas podem se desenvolver cavidades, por processos dossolutivos em litologias não carbonáticas.
Figura 43
Fotografia de pintura rupestre encontrada no teto da Gruta Rei do Mato, no município de Sete Lagoas (MG).
Figura 44
Mapa da distribuição por municípios de sítios arqueológicos tombados pelo CNSA-SGPA Iphan, ano base 2010.
Figura 45
Mapa de Áreas Prioritárias para a Conservação na bacia do rio Paraopeba (MG).
Figura 46
Mapa de distribuição normalizada de Áreas Prioritárias para a Conservação, em Ottobacias.
Figura 47
Mapa-síntese de HCV3 para a bacia do rio Paraopeba.
Figura 48
Mapa dos tetos orográficos da bacia do rio Paraopeba. Foram considerados tetos orográficos todas as superfícies cuja altimetria fosse superior a 1000m.
Figura 49
Mapa de distribuição normalizada de tetos orográficos por ottobacia, para a bacia do rio Paraopeba.
Figura 50
Foto de mineração de calcário no município de Fortuna de Minas, no MRP. A intensificação da mineração do calcário nos últimos anos guarda relação com a aceleração do crescimento econômico. O calcário é insumo importante para a indústria da construção civil.
Figura 51
Mapa de distribuição normalizada de potencial hidrogeológico por ottobacia, para a bacia do rio Paraopeba.
Figura 52
Mapa-síntese de HCV4 para a bacia do rio Paraopeba. As ottobacias mais importantes para a conservação dos recursos hídricos encontram-se relativamente dispersas.
Figura 53
Índice de Vulnerabilidade de Saneamento Básico e Meio Ambiente dos municípios da bacia do Paraopeba, ano 2000.
Figura 54
Índice de Vulnerabilidade de Saneamento Básico e Meio Ambiente dos municípios da bacia do Paraopeba, ano 2010.
Figura 55
Mapa-síntese HCV5 – Vulnerabilidade de Infraestrutura de Saneamento e Meio Ambiente (IVSMA). Distribuição normalizada por ottobacia para a bacia do rio Paraopeba.
Quadro 8
Comunidades quilombolas da bacia do rio Paraopeba, por município.
Figura 56
Mapa da distribuição normalizada de comunidades quilombolas na bacia do rio Paraopeba por ottobacias.
Figura 57
Foto da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte – Comunidade Quilombola da Boa Morte, Belo Vale (MG).
Figura 58
Mapa de distribuição de bens materiais tombados, na bacia do rio Paraopeba (Iepha, 2010).
Figura 59
Mapa da distribuição normalizada de bens materiais tombados na bacia do rio Paraopeba, por ottobacias.
Figura 60
Foto aérea do PESRM e minerações do entorno, tomada em junho de 2009. À esquerda se observa o estreito interflúvio sobre o qual se assenta a rodovia que corta a UC. O PESRM é uma das poucas UCs de proteção integral da bacia do rio Paraopeba.
Figura 61
Mapa de Unidades de Conservação na bacia do rio Paraopeba e áreas circunvizinhas – são 34 UCs e a APEE Rio Manso é a de maior extensão.
Figura 62
Fotos do faveiro-de-wilson (Dimorphandra wilsonii Rizzini), espécie ameaçada e rara.
Figura 63
Frutos do faveiro-de-wilson.
Figura 64
Pilhas de rejeito de ardósia, parcialmente colonizadas, às margens do rio Paraopeba. Papagaios (MG).
Figura 65
Foto de eucaliptal na região de Curvelo (MG).
Figura 66
Maciços de eucalipto avançam por sobre áreas de vegetação natural de Cerrado no BRP.
Figura 67
O Cerrado está se tornando uma feição cada vez mais rara no BRP. Sua manutenção se deve sobretudo à exigência de formação de reservas legais, conforme reportado pelo Sr. Lico Rocha, proprietário da área, no município de Curvelo.
Figura 68
Mapa-síntese: Áreas de Alto Valor para a Conservação na Bacia do Rio Paraopeba.
Figura 69
Foto do Santuário do Bom Jesus do Matosinhos, Congonhas (MG).
Figura 70
Foto da Serra de Ouro Branco (MG).
Figura 71
Foto do rio Paraopeba correndo em leito rochoso, na localidade de Maracujá, próximo à sua nascente.
Vista aérea da represa de Três Marias – foz do rio Paraopeba.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Cronologia da Relação Homem/Natureza
Quadro 2
Grau de Vulnerabilidade à Extinção.
Quadro 3
Relação entre Unidades Geológicas e Hidrogeológicas
Quadro 4
Taxa de Recarga
Quadro 5
Classificação de Unidades Hidrogeológicas como possuidoras de elevados valores de conservação
Quadro 6
Critérios para Construção do Índice de Vulnerabilidade em Infraestrutura e Meio Ambiente
Quadro 7
Distribuição de Tipos de Solos na Bacia do rio Paraopeba
LISTA DE SIGLAS
abr
abril
ANA
Agência Nacional das Águas
Arsae
Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário
ago
agosto
ARP
Alto rio Paraopeba
a.C.
Antes de Cristo
AAS
Anticiclone do Atlântico Sul
Apm
Anticiclone Polar Móvel
APP
Área de Preservação Permanente
APA
Área de Proteção Ambiental
APE
Área de Proteção Especial
Apem
Área de Proteção Especial do Manancial
Art.
artigo
Anpec
Associação Nacional de Centros de Pós-Graduação em Economia
BRP
Baixo Rio Paraopeba
CAR
Cadastro de Ambiente Rural
Cedefes
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva
Cecav
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas
CBH
Comitê de Bacia Hidrográfica
CPRM
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CAD
Computer Aided Design
CCMA
Conselho Consultivo de Meio Ambiente
Conama
Conselho Nacional de Meio Ambiente
Cibapar
Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba
CDB
Convenção da Biodiversidade
CR
Criticamente em Perigo
DD
Dados Insuficientes
dez
dezembro
EM
Em Perigo
spp
espécie
EX
Extinta
EW
Extinta na natureza
fev
fevereiro
fig.
figura
Flona
Floresta Nacional
FSC
Forest Stewardship Council
FP
Frente Polar
FBCN
Fundação Brasileira para Conservação da Natureza
Feam
Fundação Estadual do Meio Ambiente
FJP
Fundação João Pinheiro
FNDF
Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal
GEF
Global Environmental Fund
GIS
Geographic Information System
HAB
habitante
há
hectare
HCV
High Conservation Value
HCVA
High Conservation Value Area
ICMS
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IDH
Índice de Desenvolvimento Humano
IDHM
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IVSMA
Índice de Vulnerabilidade em Infraestrutura de Saneamento e Meio Ambiente
Ivima
Índice de Vulnerabilidade em Infraestrutura e Meio Ambiente
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBDF
Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal
Ibama
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ICMBio
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Iphan
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IEF
Instituto Estadual de Florestas
Iepha
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico
Igam
Instituto Mineiro de Gestão das Águas
IUCN
International Union for Nature Conservation
jan
janeiro
jul
julho
jun
junho
Ipea
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
L
Leste
MP
Medida Provisória
MRP
Médio Rio Paraopeba
m.
metro
mm.
milímetro
MG
Minas Gerais
Mona
Monumento Natural
MMA
Ministério do Meio Ambiente
NE
Não Avaliada
NCGIA
National Center for Geographical Inventory and Analysis
NE
Nordeste
NO
Noroeste
N
Norte
nov
novembro
O
Oeste
ONU
Organização das Nações Unidas
ONG
Organização Não Governamental
out
outubro
p.
página
PESRM
Parque Estadual da Serra do Rola Moça
Pnad
Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar
PDRH
Plano de Desenvolvimento de Recursos Hídricos
PNMA
Política Nacional de Meio Ambiente
PDI
Processamento Digital de Imagens
PIB
Produto Interno Bruto
Pnud
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
QF
Quadrilátero Ferrífero
NT
Near Threatened
Km
quilômetro
RMBH
Região Metropolitana de Belo Horizonte
RL
Reserva Legal
Resex
Reserva Extrativista
RPPN
Reserva Particular do Patrimônio Natural
Sema
Secretaria Especial para o Meio Ambiente
LC
Least concern
s/d
sem data
SFB
Serviço Florestal Brasileiro
set
setembro
SIG
Sistema de Informação Geográfica
Seuc
Sistema Estadual de Unidades de Conservação
Sisnama
Sistema Nacional de Meio Ambiente
Snuc
Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SIVMA
Somatório do Índice de Vulnerabilidade em Infraestrutura e Meio Ambiente
SE
Sudeste
SO
Sudoeste
S
Sul
TGS
Teoria Geral de Sistemas
UC
Unidade de Conservação
UP
Unidade de Planejamento
UHE
Usina Hidroelétrica
VU
Vulnerável
Zcas
Zona de Convergência do Atlântico Sul
ZEE
Zoneamento Ecológico Econômico
Meandro abandonado do rio Paraopeba
Fonte: Carlos Bernardo Mascarenhas Alves, 2009.
INTRODUÇÃO
1INTRODUÇÃO
O rio Paraopeba nasce nas vizinhanças de Queluz e, após um curso de cerca de 60 léguas, lança-se no São Francisco, entre os rios Pará e Abaeté. As margens do Paraopeba, na parte mais próxima de suas nascentes, são tidas como de grande fecundidade, sendo elas que fornecem uma parte dos víveres que se vendem em Mariana, Sabará e na capital de Minas. O distrito de Paraopeba, diz Eschwege, poderá ser chamado de o celeiro de Vila Rica... [...] Mas aqui, acrescenta o mesmo autor, o mineiro e o cultivador querem em um só ano tirar de seu terreno tudo o que ele pode produzir; é esse um dos traços do caráter nacional. Encorajados pelo consumo de seus produtos, e vivendo a hora presente, os agricultores vizinhos de Paraopeba semeiam mais do que pode comportar a extensão de suas propriedades; o solo não tem tempo para produzir novas matas e, como nunca é adubado, desseca-se, esgota-se... e campos fecundos se transformam logo em um carrascal de samambaias e gramíneas de má qualidade. Tal é o estado em que se encontra hoje a maior parte da região de que se trata. (SAINT-HILAIRE, 1830, p.101).
O relato da viagem de Saint-Hilaire às Minas Gerais no início do século XIX é de extraordinária atualidade. A presença constante das lavras de minerais diversos e um descontínuo de campos cultivados e pastos maltratados se alternam no diário de viagem. Mas a riqueza biótica, as matas e as montanhas se assemelham a uma obra de ficção. No longo lapso do tempo passado, a Bacia do Paraopeba parece ter repetido a vocação funcional herdada no processo de conquista e colonização, só parcialmente transformada com o advento da industrialização moderna. Talvez a previsão de Eschwege [1] da condição de celeiro de produção das Minas Gerais não tenha se cumprido, mas o Paraopeba manteve sua importância econômica, cultural e geográfica marcante, no contexto estadual.
Do ponto de vista cultural, a Bacia do Paraopeba encarna o sertão roseano, fornecendo paisagens reais e compostas, caminhos reais e fantásticos, personagens e modos de falar e de agir e todo um universo social bem característico do interior brasileiro. Este sertão real e imaginário é parte fundamental da invenção do Brasil (COUTINHO, 1983). Cordisburgo, Paraopeba, Caetanópolis e Curvelo são municípios que ajudaram a compor o imaginário de Guimarães Rosa. O rio das Velhas, o Paraopeba e o Jequitinhonha dividem as águas que vertem desse sertão.
Do ponto de vista econômico, o Paraopeba concentra boa parte do cinturão produtor de hortifrutigranjeiros que abastece Belo Horizonte, principalmente nas sub-bacias dos ribeirões Sarzedo e Manso. A pecuária é particularmente importante no médio e baixo cursos, onde se destacam os municípios de Pompéu e Curvelo. As atividades minerárias ocorrem em toda a Bacia e são extraídos dela: minério de ferro, manganês, areia, ardósia e argila. Entre as mineradoras instaladas estão a Companhia Siderúrgica Nacional (CNS), a Gerdau, a Ferrous e a Namisa.
A indústria é importante nos municípios de Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco, Congonhas, Ibirité, Betim, Contagem, Sete Lagoas, Cachoeira da Prata e Paraopeba. Importantes plantas industriais foram aí instaladas, a exemplo da Fiat, da Petrobrás através da Refinaria Gabriel Passos (Regap), dentre outras (FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, 2011).
Isoladamente, a Bacia abriga mais de 2.000.000 habitantes, distribuídos em 48 municípios (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010). Somente o médio curso abriga cerca de 1.500.000 pessoas, onde se destacam os municípios