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Comunicação apresentada no XII Encontro Estadual de História - ANPUH/RS - História, Verdade e Ética.
Evento realizado de 11 a 14 de agosto de 2014 na Unisinos - São Leopoldo - RS
Comunicação apresentada no XII Encontro Estadual de História - ANPUH/RS - História, Verdade e Ética.
Evento realizado de 11 a 14 de agosto de 2014 na Unisinos - São Leopoldo - RS
Comunicação apresentada no XII Encontro Estadual de História - ANPUH/RS - História, Verdade e Ética.
Evento realizado de 11 a 14 de agosto de 2014 na Unisinos - São Leopoldo - RS
MULHER FOTGRAFA EM PANAMBI (RS) Carmem Adriane Ribeiro Doutoranda em Histria Orientador: Dr. Charles Monteiro
A presente comunicao contempla a trajetria
profissional de uma mulher na cultura fotogrfica em Panambi (RS) nas dcadas de 1930 e 1940. A definio do perodo corresponde ao momento em que a fotgrafa Frieda Doeth Klos assume as atividades administrativas e fotogrficas do estdio Foto Klos, fundado em 1913 em Panambi na Regio Noroeste do Rio Grande do Sul pelo imigrante Adam Wilhem Klos. O estdio se mantm como empreendimento familiar at os dias atuais, contabilizando um sculo de existncia. Neste tempo de existncia, o estdio concentrou um acervo documental e imagtico significativo, constitudo de diversos artefatos do estdio e imagens em negativos planos de vidro e flexveis que possibilitam refletir acerca das negociaes que envolvem a produo das imagens fotogrficas e sua circulao.
O anonimato das fotgrafas e fotgrafos do
sculo XIX ocorria mesmo quando o estdio levava o nome do fotgrafo. Salvo quando esse assinava os exemplares, ocorrncia menos frequente, o nome do estdio operava como uma marca que continuava a ser usada mesmo aps esse ter sido vendido ou o proprietrio ter falecido . Este anonimato vai continuar nas primeiras dcadas do sculo XX, momento em que a autoria comea a ser requisitada. Isso geralmente ocorria quando o estdio ou o fotgrafo eram destacados pela produo de imagens com valor esttico singular que equivalia ao trabalho artstico. Tambm no sculo XIX, vrias mulheres se dedicaram de forma amadora fotografia, o que no significa menor qualidade, mas sim que elas no
As mulheres tambm influenciaram na forma
como a fotografia foi recebida e consumida na sociedade, geralmente eram elas que se preocupavam em exibir status, porque os lbuns fotogrficos revelavam o grupo social a que pertencia, ou, ao qual aspirava fazer parte. Mulheres da alta sociedade britnica utilizaram fotografias para montar lbuns a partir de desenhos, recortes de fotografias e colagens. Utilizando a tcnica da fotocolagem, elas questionavam o realismo da fotografia e os conceitos em voga. Assim, as mulheres que estavam envolvidas com a icnografia visual, como produtoras das imagens fotgrafas e artistas ou consumidoras colecionadoras de fotografias e responsveis pela confeco e organizao dos lbuns fotogrficos familiares , contriburam para a difuso imagtica. MICHELON, Francisca Ferreira; BEAL, Marisa Gonalves. Lembrar do
Observa-se que, no contexto mundial, as
mulheres estavam participando da produo das denominadas imagens tcnicas, algumas como fotgrafas profissionais, outras como amadoras, algumas premiadas, outras participantes ativas dos sales de fotografia, outras annimas. No Brasil, h uma realidade que difere do contexto mundial no sculo XIX, isto no significa que as mulheres no estavam trabalhando nos estdios fotogrficos, que no estavam ajudando pais, esposos ou irmos, elas estavam atuando, mas de forma annima sob a sombra dos nomes dos estdios - e, por muito tempo, no foram mencionadas nos livros de histria da fotografia. Assim, no incio do sculo XX, as mulheres j realizavam servios de laboratrio, acabamento e fotopintura. Como exemplo de atuao profissional pode ser mencionada Gioconda Rizzo, considerada a
Tambm denominado Rizzo Photografhia Central.
De acordo com Andr Lima, a fotgrafa atendia no Ateli Rizzo principalmente as mulheres e as crianas, se especializando mais nas fotos femininas. Ela era muito procurada pelas mulheres, assim, o pai fundou o ateli Photo Femina que funcionou entre 1914 e 1916, porm Gioconda foi obrigada a fech-lo porque seu irmo mais velho Vicente estudante de medicina um dia visitou o estdio e percebeu que algumas clientes eram cortess francesas e polonesas muito comuns em So Paulo. Em uma sociedade tradicional e rgida, ela precisou voltar a trabalhar com o pai no Ateli Rizzo. Para ver mais informaes: LIMA, Andr. O retrato da ousadia. Portal Photos - o seu Portal de Fotografia, 26 maro 2004. Disponvel em:
Apesar do Cdigo Civil Brasileiro de 1916
considerar as mulheres inferiores e incapazes, elas tiveram espao no ramo fotogrfico. As autoras Francisca Ferreira Michelon e Marisa Gonalves Beal em suas reflexes defendem que a fotografia desde cedo ofereceu um campo de trabalho para as mulheres, especialmente quando o retrato passou a ser uma demanda das famlias, e que esse campo se configurava sobre o anonimato associado ao trabalho em casa . Mesmo esta sendo uma atividade remunerada, nem sempre a mulher era declarada como profissional. MICHELON, Francisca Ferreira; BEAL, Marisa Gonalves. Lembrar do tempo atravs dos olhos das mulheres: memria da fotografia em histrias de fotgrafas. In: MICHELON, Francisca Ferreira; TAVARES, Francine Silveira. Fotografia e memria: ensaios. Pelotas (RS): UFPel, 2008, p. 68.
Neste sentido, nas dcadas de 1930 e 1940, a
fotgrafa abordada neste trabalho de pesquisa Frieda Doeth Klos - tambm ficou no anonimato atrs do nome do estdio Estdio Ado W. Klos , mesmo aps o divrcio e o afastamento do fotgrafo que emprestava o nome ao estdio. Na documentao do estdio, o nome da fotgrafa no aparece, tanto que, legalmente, quem assume a direo da empresa o filho mais velho do casal que no atuou no ramo fotogrfico. Vrias questes devem ser consideradas, diante de uma sociedade constituda em sua maioria por teutobrasileiros, uma mulher divorciada e profissional no era bem vista. No entanto, a tradio do estdio que havia sido fundado em 1913, aliado facilidade de comunicao da fotgrafa com os consumidores por falar a lngua alem, deve ter motivado os clientes a continuarem a produzir os retratos de famlia, individuais e de eventos com a fotgrafa. Nem mesmo a famlia reconhece Frieda
Frieda Doeth Klos j estava envolvida com as
atividades do estdio e j era responsvel por este desde 1935, pois Adam Klos j estava se dedicando a outras atividades. Com o divrcio em 1936 e sua legalizao alguns anos mais tarde, ela assumiu definitivamente o estdio. Porm, legalmente o estdio foi registrado em nome do filho mais velho do casal Kunibert Klos embora este no tenha se dedicado fotografia de fato em nenhum momento. A pessoa que auxiliava Frieda no estdio e nos processos laboratoriais de revelao e ampliao dos negativos e das fotografias era o segundo filho do casal - Ottmar Klos que, aps retornar do quartel e se tornar maior de dezoito anos, assume legalmente a partir de 1948 como responsvel pelo estdio. Aps o divrcio, ela continuou residindo com os filhos na mesma residncia anexada ao estdio. Adam Klos
A partir da anlise dos livros de registros e de
algumas imagens, assinala-se que a presena da fotgrafa foi fundamental para a continuidade do estdio fotogrfico que permanece funcionando at os dias atuais com a terceira gerao de fotgrafos neto de Frieda: Andr Klos - e para o registro imagtico da sociedade panambiense, visto que por longo perodo foi o nico estdio local. Refletir atravs da visualidade das imagens fotogrficas e da invisibilidade social da fotgrafa instigante, na medida em que, alm de sua letra nos livros de registros e das memrias do filho e do neto, no h registro documental de seu trabalho em seu nome, diferentemente do estdio Kaefer em Marechal Cndido Rondon com o trabalho de rica Kaefer no Oeste do Paran, em que a fotgrafa reconhecida pelo seu trabalho, porm, em um perodo posterior,