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Editores
Manuel Haimovici
Antônio Olinto Ávila-da-Silva
Carmen L. D. B. Rossi-Wongtschowski
ESPINHEL_DE_FUNDO 6/23/05 10:52 AM Page 2
Comissão Editorial
Jorge Pablo Castello – FURG
Paulo de Tarso Cunha Chaves – UFPR
Sílvio Jablonski – UERJ
Vários autores.
Patrocínio: PETROBRAS
Bibliografia.
ISBN 85-98729-01-9
04-6403 CDD-551.460709162
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DO
PROGRAMA REVIZEE
Oneida Freire
Diretora do Programa de
Gerenciamento Ambiental
Territorial – MMA
Os ambientes costeiros e oceânicos contêm a maior parte da biodiversidade dis-
ponível no planeta. Não obstante, grande parte desses sistemas vem passando por algum
tipo de pressão antrópica, levando populações de importantes recursos pesqueiros, antes
numerosas, a níveis reduzidos de abundância e, em alguns casos, à ameaça de extinção.
Observam-se, em conseqüência, ecossistemas em desequilíbrio, com a dominância de
espécies de menor valor comercial, ocupando os nichos liberados pelas espécies sobreex-
plotadas, o que representa uma séria ameaça ao desenvolvimento sustentável.
Tal situação levou a comunidade internacional a efetuar esforços e pactuar normas
para a conservação e exploração racional das regiões costeiras, mares e oceanos, platafor-
mas continentais e grandes fundos marinhos, destacando-se a Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar e o Capítulo 17 da Agenda 21 (Proteção dos Oceanos, de
Todos os Tipos de Mares e das Zonas Costeiras, e Proteção, Uso Racional e Desenvolvi-
mento de seus Recursos Vivos), além da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica.
O Brasil é parte destes instrumentos, tendo participado ativamente da elaboração de todos
eles, revelando seu grande interesse e preocupação na matéria.
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – CNUDM, ratificada por
mais de 100 países, é um dos maiores empreendimentos da história normativa das rela-
ções internacionais, dispondo sobre todos os usos, de todos os espaços marítimos e oceâ-
nicos, que ocupam mais de 70% da superfície da Terra. O Brasil assinou a CNUDM em 1982
e a ratificou em 1988, além de ter incorporado seus conceitos sobre os espaços marítimos
à Constituição Federal de 1988 (art. 20, incisos V e VI), os quais foram internalizados na
legislação ordinária pela Lei No 8.617, de 4 de janeiro de 1993. A Convenção encontra-se
em vigor desde 16 de novembro de 1994.
A Zona Econômica Exclusiva (ZEE) constitui um novo conceito de espaço marítimo
introduzido pela Convenção, sendo definida como uma área que se estende desde o limi-
te exterior do Mar Territorial, de 12 milhas de largura, até 200 milhas náuticas da costa, no
caso do nosso País. O Brasil tem, na sua ZEE de cerca de 3,5 milhões de km2, direitos exclu-
sivos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos
recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito e seu
subsolo, bem como para a produção de energia a partir da água, marés, correntes e ventos.
Ao lado dos direitos concedidos, a CNUDM também demanda compromissos aos
Estados-partes. No caso dos recursos vivos (englobando os estoques pesqueiros e os
demais recursos vivos marinhos, incluindo os biotecnológicos), a Convenção (artigos 61 e
62) estabelece que deve ser avaliado o potencial sustentável desses recursos, tendo em
conta os melhores dados científicos disponíveis, de modo que fique assegurado, por meio
de medidas apropriadas de conservação e gestão, que tais recursos não sejam ameaçados
por um excesso de captura ou coleta. Estas medidas devem ter, também, a finalidade de
restabelecer os estoques das espécies ameaçadas por sobreexploração e promover a
PREFÁCIO
RESUMO, ABSTRACT E
PALAVRAS-CHAVE
Resumo
Este documento é o produto da prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo reali-
zada na plataforma externa e talude superior das regiões sudeste e sul do Brasil, como
parte da proposta de trabalho do Sub-Comitê Regional Sul do Programa REVIZEE, visan-
do avaliar os potenciais de captura dos recursos pesqueiros da Zona Econômica Exclusiva.
Embora anteriormente tenham sido realizados levantamentos de prospecção
pesqueira com espinhel-de-fundo em parte da área, os trabalhos ora documentados foram
a primeira tentativa de analisar, para toda a região, a distribuição, as densidades e as abun-
dâncias relativas das principais espécies e a composição da fauna acompanhante. O traba-
lho seguiu um desenho amostral padronizado, foi realizado em duas épocas do ano e
abrangeu uma área de mais de 150.000 km2. Para tanto, equipes de varias instituições se
revezaram em 107 dias de mar com o barco pesqueiro Margus II, realizando 188 operações
de pesca e o lançamento de cerca de 200.000 anzóis. Nos dois levantamentos realizados,
entre agosto e outubro de 1996 e de abril a junho de 1997, entre Chuí – RS (34˚40'S) e o
Cabo de São Tomé – RJ (22˚S), foram capturados mais de 20.000 peixes de mais de qua-
renta táxons além de diversos invertebrados e aves marinhas.
Do primeiro capítulo constam os resultados sobre a composição das espécies, suas
distribuições e abundâncias relativas em relação à latitude, profundidade e épocas do ano.
Constatou-se que mais de 80% das capturas do espinhel estiveram compostas por espé-
cies de importância comercial e que a abundância de teleósteos foi maior no sul no inver-
no-primavera e no sudeste no outono, enquanto que os elasmobrânquios foram muito
mais abundantes no sul e no inverno-primavera. Adicionalmente, a perda das iscas, cons-
tatada no levantamento de inverno, foi analisada no levantamento de outono, comparan-
do-se as capturas do espinhel com as de pargueiras e pequenas armadilhas presas ao es-
pinhel, mostrando que as capturas diferiram, principalmente, em relação ao tamanhos dos
peixes capturados e que a perda das iscas foi causada por caranguejos e isópodos bentôni-
cos, além das mesmas espécies de peixes capturadas pelo espinhel.
No segundo capítulo, são apresentadas as capturas de invertebrados obtidas na
parte sul da área de estudo. As armadilhas, além de peixes, capturaram apenas crustáceos,
principalmente isópodos e caranguejos. Já os anzóis dos espinhéis e as pargueiras cole-
taram uma ampla variedade de macroinvertebrados que habitam substratos consolidados
e inconsolidados.
A captura incidental de um número considerável de exemplares de cinco espécies
de aves marinhas migratórias, que se reproduzem em regiões subantárticas e antárticas e
que se alimentam, no inverno, na plataforma e talude continental da região sul brasileira,
mostrou que a pesca comercial de espinhel, no sul do Brasil, representa um importante
problema de conservação e foi analisada no Capítulo 3.
Do quarto capítulo constam os resultados dos padrões na distribuição da riqueza e
diversidade dos peixes capturados, constatando-se que ambas diminuíram com a profun-
didade, nas duas épocas do ano, e também com a latitude, no outono, quando parte da
ictiofauna de águas temperadas migra para o sul, acompanhando a Frente Subtropical.
Embora a maioria das espécies tenha apresentado ampla distribuição latitudinal, foram
encontrados alguns padrões de associação relacionados com a profundidade e a latitude,
que mostram não ser possível direcionar a pesca de espinhel-de-fundo para umas poucas
espécies-alvo, e evidenciando que algumas espécies de pequeno porte, normalmente não
desembarcadas pela frota pesqueira, estão sendo fortemente impactadas pela pesca.
Abstract
This volume presents the results of two series of longline surveys that had as main
scope a better undestanding of the fishing potential of the demersal fishes vulnerable to
hooks over both hard and soft bottoms on the outer shelf and upper slope of the south-
ern and southeastern Brazilian shelf and upper slope (22˚- 34˚S) between 100 and 500 m
depth covering over 150.000 km2.
The investigation was part of a wider scope research program about the potencial
of the living resources of the Brazilian Exclusive Economic Zone (REVIZEE ).
A leased fishing boat geared with a 1000 hooks steel longline fished for 107 days in
the cold season (July to October/1996) and warm season (March to June/1997), when addi-
tional small hooks and small traps were attached to the longline. Around 200.000 hooks
baited with squid fished in 188 stations yielding around 20,000 fishes of over 40 fish taxa
besides bird and invertebrates bycatches.
In the first chapter the species composition, their relative abundances, distribution
patterns and size composition in relation to depth, latitude, bottom temperature and sea-
sons are reported.The loss of baits to non-vulnerable fish and scavanger invertebrates was
investigated comparing the catch of the regular and smaller hooks and small traps. In the
second chapter, the invertebrates bycatch by hooks and small traps is reported, in the third,
the incidental catch of sea birds is analyzed and in the forth, the distribution of the species
richness and diversity of fishes and their association patterns are presented.
The survey showed that over 80% of the catches consisted of commercially valu-
able species, that bony fishes were most abundant in the south in the cold season and in
the southeast in warm season while elasmobranchs were far more abundant in the south
in cold season. There were no evidences of bait losses due to other fish species besides
those caught in the longline.Invertebrate scavangers as red crabs and isopods were impor-
tant in some areas. Hooks collected a surprizingly wide range of macroinvertebrates, in
both hard and soft bottoms. The incidental catch of sea birds seems to be a serious pro-
blem associated to longlining in southern Brazil, manly in winter when several migratory
species fee in that area. Species richness and diversity decreased with depth in both sea-
sons and with increasing latitude in autumn when the temperate fish fauna moves south-
ward with the Subtropical Front toward colder waters. Despite most of the species had a
wide latitudinal range, some demersal fish association patterns with depth and latitude
were evident showing that fishing aimed at certain species causes high levels of mortality
to small sized species normally discarted or used as bait in the longline fishery.
Manuel Haimovici
Antônio Olinto Ávila-da-Silva
Sérgio Luiz dos Santos Tutui
Gastão César Cyrino Bastos
Roberta Aguiar dos Santos
Luciano Gomes Fischer
Resumo
Entre agosto e outubro de 1996 e entre abril e junho de 1997, foram realizados dois
levantamentos com espinhel-de-fundo de cabo principal de aço, entre o Chuí – RS
(34˚40'S) e o Cabo de São Tomé – RJ (22˚S), no contexto das pesquisas de prospecção
pesqueira demersal do programa REVIZEE no sul e sudeste do Brasil. Em 107 dias de mar
com o barco pesqueiro Margus II, foram realizadas 188 operações de pesca de espinhel
com o lançamento de 187.908 anzóis. Foram capturados 22.910 peixes, sendo identificadas
duas espécies de agnatos, 36 de teleósteos e 30 de elasmobrânquios. O rendimento dos
peixes foi de 73,4 kg/1.000 anzóis-hora no inverno-primavera, diminuindo para 53,6
kg/1.000 anzóis-hora no outono e os pesos médios diminuíram de 1,504 kg para 1,228 kg.
Os rendimentos de elasmobrânquios foram muito maiores no inverno-primavera no sul da
área de estudo; os rendimentos de teleósteos no inverno-primavera também foram maio-
res no sul e no outono no sudeste.
As principais espécies ou gêneros nas capturas, em peso, foram o peixe-batata
Lopholatilus villarii (28,4%), a abrótea-de-profundidade Urophycis mystacea (18,8%), os caço-
netes Squalus megalops e S. mitsukurii (14,1%), o cherne-poveiro Polyprion americanus
(10,4%),o cherne-verdadeiro Epinephelus niveatus (5,3 %),os cações do gênero Carcharhinus
(4,5%), o namorado Pseudopercis numida (4,0%), o sarrão Helicolenus lahillei (3,0 %), o cação-
bico-doce Galeorhinus galeus (1,6 %), os caçonetes Mustelus schmittii e M. canis (1,4 %), o
pargo-rosa Pagrus pagrus (1,3%) e o congro-rosa Genypterus brasiliensis (1,0%). Nume-
ricamente, tiveram certa importância as moréias do gênero Gymnothorax e a merluza Mer-
luccius hubbsi.Vinte por cento da captura total, em peso, foi composta por pequenos peixes
sem valor de mercado que, no entanto, são utilizados como isca nas embarcações comerciais.
Os resultados obtidos nas capturas mostram uma relativa especificidade da pesca
de anzol. A maioria das espécies-alvo da pesca de espinhel-de-fundo são pouco captura-
das com redes-de-arrasto, seja porque ocorrem sobre tipos de fundos não adequados para
o arrasto ou porque, devido a seu tamanho, conseguem evitar a rede. Já as espécies de
menor porte, como a abrótea-de-profundidade, o sarrão e os caçonetes, que ocorrem
sobre fundos moles, onde é possível arrastar, sofrem uma pressão de pesca maior.
Adicionalmente, no levantamento pesqueiro realizado de abril a junho de 1997,
foram utilizadas pargueiras e armadilhas, lançadas presas ao cabo principal do espinhel-
de-fundo. Nas 94 operações deste levantamento, foram utilizadas 646 pargueiras, com
4907 anzóis, que capturaram 254 peixes de 15 espécies ou gêneros, pesando em média
0,878 kg, com um rendimento médio de 16,70 kg por 1000 anzóis-hora. Foram também
lançadas 220 armadilhas, nas quais em 34 ocorreram 38 peixes de 9 taxa, principalmente
abrótea-de-profundidade e moréias, ocorrendo também pargo-rosa, sarrão e peixes agna-
tos. Invertebrados ocorreram em 87 armadilhas recolhidas; a espécie mais abundante foi o
caranguejo-vermelho Chaceon notialis, sendo também capturados alguns exemplares do
caranguejo-dourado C.ramosae. Isópodes do gênero Bathynomus e pequenos isópodes do
gênero Cirolana ocorreram com certa freqüência.
As análises conjuntas das capturas do espinhel-de-fundo, das pargueiras e das
armadilhas mostraram que, em lances diurnos, de curta duração, não ocorreram outras
espécies de peixes, além das presentes nas capturas do espinhel, que pudessem ser
responsáveis pela perda de iscas. As baixas capturas de peixes, tanto no espinhel-de-fundo
quanto nos anzóis das pargueiras próximos ao fundo, estiveram relacionadas com altas
densidades de crustáceos predadores de iscas capturados pelas armadilhas. O caranguejo-
vermelho e o caranguejo-dourado parecem ser os principais responsáveis pela predação
das iscas nas áreas onde são abundantes. A presença dos demais caranguejos e dos
isópodes do gênero Bathynomus não foi determinante para a perda de iscas, provavel-
mente por causa de sua menor densidade ou por estarem menos aparelhados para atuar
sobre as iscas. A ação dos isópodes Cirolana sp. foi ainda menos evidente porque foi pouco
retido pelas armadilhas, porém sua importância deve ser considerada nas áreas de maior
densidade populacional.
1.1 Introdução
Dados independentes da pesca são importantes para avaliar a distribuição e a
abundância dos peixes demersais vulneráveis à pesca com anzol na plataforma externa e
talude superior do sudeste-sul do Brasil. Embora tenha havido vários levantamentos em
áreas mais restritas, este trabalho é o primeiro que abrange toda a região em diferentes
épocas do ano e com uma arte de pesca utilizada na pesca comercial.
Este trabalho de prospecção pesqueira incluiu a realização de dois levantamentos
estacionais, abrangendo a região da costa brasileira compreendida entre os estados do Rio
de Janeiro e Rio Grande do Sul, na faixa de 100 a 500 m de profundidade. Os objetivos
específicos foram:
• Identificar as espécies que compõem as capturas;
• Obter estimativas da densidade e abundância relativas em número e peso das espécies,
com ênfase nas de interesse comercial, por áreas de pesca e épocas do ano;
• Analisar as variações espaciais e estacionais na distribuição e estrutura populacional das
espécies capturadas (composições por sexos e comprimentos) e em relação a variáveis
ambientais;
• Identificar padrões de distribuição, diversidade de espécies e das associações das mais
abundantes e relacionar sua ocorrência aos fatores abióticos monitorados;
• Obter amostras das diferentes espécies de peixes capturados para coleta de dados bio-
métricos e material biológico, como gônadas, estômagos e estruturas de aposição, para
estudos posteriores sobre maturação sexual, ciclo reprodutivo, relações comprimento-
peso, determinação de idades e crescimento.
são relativamente regulares. Entre Cabo Frio (23˚00’S) e Cabo de Santa Marta Grande
(28˚40’S) observa-se um embaiamento, com a plataforma mais larga na parte central (230
km) e mais estreita nas proximidades de Cabo Frio (50 km) e o Cabo de Santa Marta Grande
(110 km). Ao sul, a plataforma se alarga para máximos de 140 km em Tramandaí, 170 km na
barra de Rio Grande e 140 km em frente ao Arroio Chuí (33˚48’S). As isóbatas correm
aproximadamente paralelas à costa e à quebra de plataforma, geralmente entre 160 e 190
m, e estabelecem uma passagem suave de uma plataforma com uma declividade sempre
inferior a 2 m/km, ou 0˚08’, para um talude superior de gradiente pouco acentuado, de
cerca de 20m/km ou 1˚ (Zembruscki et al., 1972). As exceções ocorrem nos extremos da
região estudada: o talude entre São Tomé e Cabo Frio apresenta uma inclinação de 100
m/km com a quebra de plataforma em 100 m de profundidade e, entre Rio Grande e Chuí,
a inclinação da região de talude é de 80 a 130 m/km.
O levantamento de dados pretéritos geológicos indicou que as areias predominam
na plataforma interna de toda a região e as lamas na plataforma externa e talude; ao norte
do Rio de Janeiro predominam os sedimentos de maior granulometria. Em relação à com-
posição dos sedimentos em profundidades superiores a 100 m, os litoclásticos (<30% de
carbono) predominam ao sul do Estado de São Paulo e os bioclásticos (>30% de carbono)
ao norte; os litoclásticos estão em águas mais rasas, enquanto os bioclásticos em águas
mais profundas. Fundos duros são mais comuns no litoral do Rio de Janeiro e nas áreas
restritas do talude superior mais ao sul. Os bioclastos estão representados por “concheiros”
18
São Paulo
17
24˚ S
15 16
14
Paraná 13
26˚ S 12
11
Santa Catarina 10
28˚ S 9
8
Rio Grande do Sul
30˚ S
7
6
5
32˚ S
4
3
34˚ S 500 2
100 1
Figura 1.1 – Posições dos lances de pesca realizados (•) em 18 perfis nos dois levantamentos de prospecção
pesqueira com espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) realizados em agosto-outubro de
1996 (94 lances) e abril-junho de 1997 (94 lances), a bordo do B/P Margus II.
mais esparsos e isolados na plataforma interna no sul e principalmente por algas calcárias
do tipo rodolitos ao norte, onde ocorrem em faixas maiores e mais contínuas (Figueiredo
e Madureira, 1999).
Em relação à hidrografia, na superfície oceânica sobre o talude da região sudeste-
sul, flui a Água Tropical da Corrente do Brasil (AT, temperatura >20˚C, salinidade >36,4) e,
sob esta, corre a Água Central do Atlântico Sul (ACAS, temperatura de 6˚C a 20˚C, salini-
dade de 34,6 a 36), que, ao sul de São Tomé, circula em direção para o sul até profundidades
maiores que 500 m. Além desta isóbata, circula para o norte a Água Intermediária Antártica
(AIA, temperatura de 3˚ a 6˚C, salinidade de 34,2 a 34,6) (Silveira et al., 2000). Na platafor-
ma da região sudeste, a característica oceanográfica mais marcante é a presença sazonal,
durante o verão, da ACAS sobre o domínio interior da plataforma continental (10 a 50 m de
profundidade), separada por uma forte termoclina da camada superficial de mistura da AT
com a descarga de águas de origem continental. Já durante o inverno, a ACAS se retrai e a
coluna de água na plataforma interna e central adquire características quase homogêneas
com o desaparecimento da termoclina. A penetração estival da ACAS na região costeira
determina um aumento de produção primária (Matsuura, 1995; Castro e Miranda, 1998). A
alta produção primária e a estabilidade na coluna de água favorecem a sobrevivência de
larvas planctônicas, de modo que a grande maioria da megafauna bentônica e dos peixes
tem sua reprodução concentrada nesta época do ano (Pires-Vanin e Matsuura, 1993;
Vazzoler et al., 1999). Sobre a plataforma externa existe, durante todo o ano, a presença de
uma estratificação vertical devida à intrusão da ACAS forçada pelo meandramento da
Corrente do Brasil (Campos et al., 2000).Vórtices são causados pela mudança na direção da
linha de costa, próximo à região do Cabo Frio (Silveira et al., 2000). Em períodos de ventos
de NE, notadamente no verão e na primavera, surgem as condições favoráveis para que a
ACAS atinja a zona fótica, o que contribui para um aumento considerável da biomassa de
fitoplâncton na camada de mistura. A produção pesqueira é principalmente composta por
peixes pelágicos, tais como sardinha, bonito-listrado e atuns (Matsuura, 1995) e, em menor
proporção, de recursos demersais pescados com arrasto na plataforma interna e com anzol
na plataforma externa e talude superior (Carneiro et al., 2000).
Na plataforma da região ao sul do cabo de Santa Marta Grande, a característica mais
marcante é a variação sazonal da temperatura da água e da estratificação, que é forte no
verão e fraca ou inexistente no inverno (Castro e Miranda, 1998). Na plataforma externa, ao
sul de Rio Grande, forma-se a frente subtropical de plataforma (FSTP). Esta frente, perpen-
dicular à linha de costa, separa águas subantárticas de plataforma, frias e pouco salgadas,
das águas subtropicais de plataforma, mais quentes e salgadas. As primeiras são produto
da mistura de águas subantárticas oriundas da plataforma continental argentina com
águas de origem continental, principalmente do Rio da Prata e da Lagoa dos Patos e as
segundas se originam da modificação da ACAS através da mistura com águas costeiras
provenientes de aportes continentais (Piola et al., 2000). Sobre o talude, ao norte da
posição da FSTP, tem-se a presença da ACAS transportada para o sul pela corrente do
Brasil, cujo meandramento pode provocar a intrusão desta massa de água sobre a pla-
taforma continental (Castro e Miranda, 1998). Ao sul da FSTP, um forte gradiente de tem-
peratura e salinidade paralelo à costa define uma frente que marca a separação entre a
mistura de águas costeiras e subantárticas da plataforma com a águas subtropicais da
ACAS. Nesta região sobre o talude superior, entre o final do outono e meados da primave-
ra, observa-se também a margem oeste da frente de convergência entre as correntes do
Brasil e das Malvinas, que oscila sazonalmente (Piola et al. 2000; Soares e Moller, 2001). A
produtividade da plataforma é relativamente alta no inverno e na primavera por causa do
aporte de nutrientes de origem terrígena e do deslocamento para o norte da água suban-
tártica de plataforma (temperatura <15˚, salinidade <34,0, Odebrecht e Castello, 2001).
Outros mecanismos de fertilização são as ressurgências costeiras originadas pela forte
ação dos ventos de nordeste na primavera e no verão, que provocam a divergência de
águas superficiais e causam advecção da ACAS sobre a plataforma entre 28˚S e 32˚S.
Somam-se a isso as ressurgências no talude, mais comuns no inverno e primavera, quan-
do a ACAS e a Corrente do Brasil e o ramo costeiro da Corrente das Malvinas formam vór-
tices de circulação ciclônica (Garcia, 1998). Em relação à ictiofauna, na plataforma predo-
minam espécies demersais, particularmente cianídeos e a plataforma e o talude superior
são áreas de criação de peixes demersais de importância comercial (Haimovici et al., 1994;
Haimovici, et al., 1996). Atuns e espécies afins ocorrem ao longo do talude da região sul no
inverno. Várias das espécies demersais mais abundantes de plataforma e talude superior
migram sazonalmente durante o inverno, acompanhando o deslocamento, para o norte,
da Convergência Subtropical (Haimovici et al., 1998). Uma pescaria de bonito-listrado
ocorre no sul nos meses de verão ao longo da isóbata de 200 m, o que reforça a hipótese
da existência de uma ressurgência de bordo de plataforma no extremo sul do Brasil
(Andrade e Garcia, 1999).
Tabela 1.1 – Áreas abrangidas e superfícies em km2 por faixas de profundidade nos cruzeiros em que foram
subdivididos os dois levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo, realizados em agosto-
outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P Margus II.
9601 9701 1a3 Chuí a Rio Grande - RS 5066 5307 956 886 1059 1169
9602 9702 4a6 Rio Grande a Tramandaí 10182 7771 817 724 671 700
9603 9703 7a9 Torres a Ilha de Santa Catarina 12013 13808 3193 3211 3552 3760
9604 9704 10 a 12 São Francisco a Laje de Santos 11828 14746 1737 2260 1518 1932
9605 9705 13 a 15 São Sebastião a Baía de Guanabara 13966 7640 1778 1348 1850 1616
9606 9706 16 a 18 Cabo Frio a Cabo de São Tomé - RJ 6171 4305 1006 942 1006 967
Figura 1.2A – B/P Margus II, aparelhado para pesca de espinhel-de-fundo, entrando no porto de Santos.
Figura 1.2B – B/P Margus II: vista do convés durante o recolhimento do espinhel-de-fundo com o guincho
hidráulico de pesca.
sonda de pesca SYTEX He 705 e navegadores de satélite (GPS) Furuno GP1250 e SYTEX
GPS7P. A tripulação esteve composta por um mestre (com licença de patrão de pesca de
alto-mar), um contramestre, dois maquinistas, um cozinheiro e três ou quatro pescadores.
O barco estava provido de um guincho de pesca hidráulico de tambor largo utilizado no
manejo do espinhel (Figura 1.2B).
bóia
A
cabo de aço
anzóis
B C
Figura 1.3 – Petrechos utilizados no levantamento realizado a bordo do B/P Margus II no inverno e primavera
de 1996, do Programa REVIZEE. (A) Esquema do espinhel-de-fundo de cabo principal de aço; (B) detalhe do
anzol Mustad redondo n˚ 13 e (C) detalhe do “snapper” com destorcedor.
No levantamento de outono de 1997, além dos anzóis presos por alças, foram tam-
bém intercaladas várias armadilhas e pargueiras para identificar possíveis predadores não
vulneráveis aos anzóis do espinhel (Figura 1.4A). As pargueiras eram de cabo de náilon de
2,5 mm de diâmetro, preso a um grampo ou “snapper” num extremo e a uma bóia de flu-
tuabilidade de 250 g no outro. O cabo era coberto por um tubo de PVC de 12 mm de diâ-
metro e dois metros de comprimento, com sete ou oito furos por onde as alças apareciam
expostas. Cada alça de náilon tinha 0,8 mm de diâmetro e 20 cm de comprimento, com um
anzol reto em jota número 8 com 17 mm de abertura (Figura 1.4B). As armadilhas utilizadas
eram retangulares, de armação de ferro de 3/8”, medindo 606030 cm, com duas bocas
em funil, cobertas de malha de fio de náilon trançado, medindo 12 mm entre nós adja-
centes (Figura 1.4C).
bóia
cabo de aço
pargueiras
bóia 250g C
B 0,60 m
cabo PA 2,5 mm
0,30 m
0,60 m
anzol nº 18
Figura 1.4 – Esquema do espinhel-de-fundo de cabo principal de aço utilizado no levantamento realizado a
bordo do B/P Margus II, no outono de 1997, do Programa REVIZEE (A); detalhe de uma pargueira (B); detalhe
de uma armadilha (C).
A B
Colocação das alças com os anzóis iscados durante o lança- Colocação das placas separadoras dos grupos de 100 anzóis e
mento do espinhel. lançando pargueira.
C D
Lançamento das bóias. Iscamento dos anzóis.
E F
Armadilha recolhida em um lance de espinhel contendo Pargueira recolhida com dois pargos-rosa.
alguns caranguejos-vermelhos Chaceon sp notialis.
G H
Recolhimento do espinhel-de-fundo. Recolhimento do registrador de condutividade,
temperatura e pressão (CTD).
Figura 1.5 – Operações de pesca e amostragem a bordo do B/P Margus II nos levantamentos de prospecção pesqueira demersal com espi-
nhel-de-fundo.
tendo exemplares da mesma espécie e lance. Os dados registrados foram espécie, lance,
comprimentos padrão, furcal e total, peso total e eviscerado, sexo, estágio de maturação
das gônadas e, dependendo da espécie, coletados otólitos, escamas, gônadas e conteúdos
estomacais. Os dados de peso e comprimento das amostras biológicas e outros dados
disponíveis, derivados de pesquisas anteriores, foram utilizados para calcular as relações
comprimento-peso das espécies ou gêneros que representaram a maior parte das cap-
turas. Estas relações foram utilizadas para estimar os pesos individuais dos exemplares que
não puderam ser pesados nos desembarques (Tabela 1.2).
Tabela 1.2 – Relações comprimento-peso (P=a · Cb) utilizadas nas estimativas de pesos das principais espécies de peixes capturadas nos
levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo realizados em 1996 e 1997, a bordo do B/P Margus II.
Os nomes científicos utilizados nos relatórios foram definidos pelas equipes de amos-
tragem de desembarque e, quando necessário, com auxílio de especialistas.
A B C
0 20 20
21 22 22
Hora de lançamento
18 24 24
Latitude (ºS)
Latitude (ºS)
15 26 26
12 28 28
9 30 30
6
32 32
3
34 34
0
50 150 250 350 450 550 50 150 250 350 450 550 0 3 6 9 12 15 18 21 0
Profundidade (m) Profundidade (m) Hora de Lançamento
Figura 1.6 – Relação entre A: hora inicial e profundidade; B: latitude e profundidade e C: latitude e hora inicial dos 188 lances de espinhel-
de-fundo entre São Tomé e Chuí, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997 com o B/P Margus II.
0 A 20 B 20 C
22 18
100
16
Temperatura (˚C)
24
Profundidade (m)
Latitude (˚S)
200 14
26
300 12
28
10
400 30
8
32
500 6
34
600 4
4 6 8 10 12 14 16 18 20 4 6 8 10 12 14 16 18 20 34,0 34,58 35,0 35,5 36,0 36,5
Temperatura (˚C) Temperatura (˚C) Salinidade
Figura 1.7 – Relação entre A: Profundidade vs. Temperatura; B Latitude vs. Temperatura; C Temperatura vs. Salinidade registradas nos 94
lances levantamentos de prospecção com espinhel-de-fundo entre São Tomé e Chuí, realizados em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II.
Tabela 1.3 – Posições iniciais, temperaturas e salinidades próximas ao fundo, números totais de anzóis lança-
dos e recolhidos com peixes, com isca e sem isca e capturas totais de peixes em peso por lances nos levan-
tamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo entre São Tomé e Chuí do Programa REVIZEE,
realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P Margus II. Obs: as temperaturas e
salinidades de fundo foram inferidas por interpolação dos valores registrados na mesma área de estudo pelo
N/Oc Atlântico Sul no período de 31 de julho a 03 de setembro de 1996 e de 18 de abril a 25 de maio de 1997.
lance
data
Perfil
latitude (Sul)
longitude (Oeste)
Profundidade (m)
hora início
Tempo médio
de imersão
salinidade do fundo
anzóis lançados
lance
data
Perfil
latitude (Sul)
longitude (Oeste)
salinidade do fundo
hora início
Tempo médio
de imersão
temperatura do fundo
anzóis lançados
lance
data
Perfil
latitude (Sul)
longitude (Oeste)
salinidade do fundo
hora início
Tempo médio
de imersão
temperatura do fundo
anzóis lançados
lance
data
Perfil
latitude (Sul)
longitude (Oeste)
salinidade do fundo
hora início
Tempo médio
de imersão
temperatura do fundo
anzóis lançados
dade relativa foi expressa em termos de número ou quilogramas por hora de imersão por
1.000 anzóis (núm/1.000ah; kg/1.000ah) de acordo com as equações:
C Ckg
CPUEn – n 1000 e CPUEkg – 1000
t a t a
A duração média dos lances de espinhel-de-fundo foi calculada como a média dos
tempos de imersão dos dez grupos de 100 anzóis. Os índices de abundância relativa (IAR)
por região e ano foram calculados pelo somatório das densidades relativas médias em
kg) por estrato de latitude (i) e faixas de profundidade (j) multiplicadas pela área
peso (CPUE
(A) correspondente a cada um dos estratos indicados na Tabela 1.1:
IRAregião, ano Aij CPUEkgij
foi obtida diretamente pela contagem do número de indivíduos. Para aquelas espécies em
que o sexo de parte dos indivíduos foi registrado apenas nas amostragens de desembar-
que, a composição sexual foi estimada para o total das capturas pela extrapolação da pro-
porção sexual por classe de comprimento destas amostragens para o total da captura.
20% 20%
15% 15%
10% 10%
5% 5%
0% 0%
2 4 6 8 10 12 14 16 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Número de espécie ou gêneros de peixes por lance Número de exemplares de peixes por lance
Figura 1.8 – Distribuição de freqüências de números de espécies ou gêneros de peixes por lances (esq.) e do
número de peixes por lances (dir.) nos 188 lances com espinhel-de-fundo efetuados com o B/P Margus II em
agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997 entre São Tomé e Chuí.
Tabela 1.4 – Resumo dos resultados de captura e esforço nos levantamentos de prospecção pesqueira com
espinhel-de-fundo entre São Tomé e Chuí, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o
B/P Margus II.
Pargueiras
Pargueiras lançadas 646
Anzóis recolhidos 4907
Anzóis recolhidos com iscas 2954
Anzóis recolhidos vazios 1620
Anzóis perdidos 77
Anzóis recolhidos com caranguejos 2
Anzóis recolhidos com peixes 254
Peso total das capturas de peixes (kg) 224,9
Peso médio dos peixes (kg) 0,878
Número de peixes por 1000 anzóis 53,0
Quilogramas de peixes por 1000 anzóis 45,8
Número de peixes por 1000 anzóis-hora 19,0
Quilogramas de peixes por 1000 anzóis-hora 16,7
Armadilhas
Armadilhas lançadas 220
Armadilhas recolhidas 216
Armadilhas com capturas de peixes 34
Armadilhas com capturas de invertebrados 89
Armadilhas vazias 108
Armadilhas perdidas 4
Helicolenus lahillei (10,1%) (Figura 1.9). Além das espécies citadas, ocorreram com certa fre-
qüência as moréias do gênero Gymnothorax e a merluza Merluccius hubbsi (Tabela 1.4).
A Figura 1.10 apresenta os rendimentos em número e peso do total de peixes por
1.000 anzóis-hora nos diferentes perfis. No levantamento de inverno-primavera de 1996, as
maiores abundâncias numéricas foram ao sul de Rio Grande (P3), em Solidão (P5) e ao
largo da Laje de Santos (P12). Já no outono, as capturas diminuíram no sul e aumentaram
na maioria dos perfis ao norte de Torres (P7). A abundância em peso foi nitidamente maior
no inverno-primavera na região sul, entre Chuí (P1) e Solidão. No outono, observou-se uma
diminuição marcante ao sul de Solidão, devido ao decréscimo na captura de cações, e
aumentos moderados na captura de diversas espécies em vários perfis ao norte de Torres,
particularmente ao largo dos perfis da Laje de Santos e de Búzios (P17), onde, já no inver-
no-primavera, os rendimentos tinham sido maiores do que nas áreas vizinhas.
A Figura 1.11 apresenta os rendimentos em número e em peso em relação à bati-
metria. No inverno-primavera de 1996 na região sul, ambos os rendimentos tenderam a au-
mentar com a profundidade e na região sudeste não se observou uma tendência clara. Em
1997, ambos os rendimentos tenderam a aumentar com a profundidade em ambas as re-
Tabela 1.5 – Captura em número e peso e comprimentos mínimo, médio e máximo de peixes, crustáceos e aves capturadas nos levanta-
mentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo entre São Tomé e Chuí, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de
1997, com o B/P Margus II.
Peixes cartilaginosos
Benthobatis kreffti 1 0,1 21 21,0 21
Carcharhinus falciformis 9 91,7 90 121,9 145
Carcharhinus obscurus 1 7,6 112 112,0 112
Carcharhinus signatus 15 163,6 40 562,7 61 128,4 240
Carcharhinus spp. 29 307,0 34 327,4 32 119,2 180
Dasyatis sp. 3 37,0 72 130,3 169
Galeorhinus galeus 72 509,3 4 2,5 63 121,7 147
Galeus mincaronei 1 0,1 7 1,0 32 38,5 44
Heptranchias perlo 33 90,9 13 34,7 61 90,3 107
Isurus oxyrinchus 1 121 121,0 121
Mustelus canis 91 143,1 49 70,9 34 75,1 110
Mustelus schmitti 101 112,6 52 53,8 52 68,9 92
Mustelus spp. 39 58,8 1 2,3 47 75,3 108
Myliobatis freminvillii 6 25,6 2 7,5 59 81,4 118
Myliobatis sp. 4 36,4 1 9,1 64 74,4 84
Notorynchus cepedianus 3 17,0 100 124,0 148
Atlantoraja castelnaui 18 60,9 3 44,1 37 60,0 120
Atlantoraja cyclophora 3 19,9 1 1,3 37 42,5 45
Atlantoraja platana 3 10,1 2 6,8 50 54,8 63
Raja spp. 12 74,4 105 105,0 105
Dipturus mennii 3 43,5
Rhinobatos horkelli 6 69,4 3 60,5 80 95,8 140
Rhizoprionodon porosus 1 1,1 62 62,0 62
Schroederichthys saurisqualus 5 1,3 13 3,3 37 48,4 62
Scyliorhinus haeckelli 27 13,0 39 18,8 28 44,3 60
Sphyrna lewini 1 1 130 130,0 130
Squalus acanthias 208 316,5 50 69,9 87
Cirrhigaleus asper 1 6,8 108 108,0 108
Squalus megalops 563 425,6 53 50,2 24 54,5 86
Squalus mitsukurii 564 790,2 184 228,1 39 66,7 85
Squalus spp. 2442 2495,1 614 491,5 28 59,0 112
Sympterygia acuta 1 18,5 152 152,0 152
Peixes ósseos
Beryx splendens 1 27 27,0 27
Brama brama 1 47 47,0 47
Caulolatilus chrysops 8 10,7 13 18,3 40 47,0 60
Conger orbignyanus 1 2,2 5 3,3 58 80,8 115
Coryphaena hippurus 4 28,7 8 18,3 53 72,1 118
Cynoscion guatucupa 1 1,0 48 48,0 48
Epinephelus flavolimbatus 7 135,2 8 115,7 46 98,8 125
Epinephelus niveatus 113 823,7 105 866,4 38 77,4 123
Genypterus brasiliensis 92 217,9 35 100,0 43 73,5 118
Gymnothorax spp. (1) 109 40,2 110 35,3 31 66,1 112
Helicolenus lahillei 1121 515,1 1184 443,3 15 28,8 56
Lopholatilus villarii 1320 5022,5 1149 3983,0 23 61,7 107
Malacocephalus occidentalis 1 0,1 32 32,0 32
Merluccius hubbsi 123 107,0 35 24,1 31 45,6 82
Micropogonias furnieri 9 20,7 51 58,3 65
Pagrus pagrus 263 273,5 135 124,5 24 39,1 59
Crustáceos
Chaceon notialis e ramosae 25 25 9 10,5 14
Rochinia sp 2 8 9 12,2 15
Brachyura não identificados 9 1 11 13,2 16
Aves
Diomedea exulans 1
Procellaria aequinoctialis 5
Procellaria conspicillata 1
Puffinus gravis 5 1
Thalassarche melanophris 5
Ave não identificada 1
(1) Gymnothorax ocellatus, G. consperus e outras não identificadas
giões. Estes padrões foram fortemente influenciados pela distribuição das espécies mais
abundantes.
Na Figura 1.12 são apresentadas as percentagens de anzóis recolhidos por perfil
com captura de peixes, com isca, sem isca (vazios) e perdidos. Os padrões foram bastante
semelhantes em ambos os levantamentos. No inverno-primavera de 1996, a proporção de
anzóis que voltou com isca nos perfis entre Torres (P7) e Cananéia (P11) foi superior a 50%.
No outono de 1997, as maiores percentagens situaram-se também na região central da
área de estudo, entre os perfis de Santa Marta (P8) e Cananéia. Em relação aos anzóis que
foram recolhidos sem isca, observou-se um padrão oposto, com as maiores percentagens
nos extremos da área de estudo. Cabe ressaltar a similaridade nos padrões observados em
ambas as épocas do ano.
A relação entre o número de peixes capturados e a perda do poder de pesca do
espinhel-de-fundo, indicado pelo número de anzóis sem isca e sem captura, está represen-
tada na Figura 1.13. Observa-se que, quando a captura é pequena, a proporção de anzóis
vazios é variável mas, quando as capturas aumentam, a proporção de anzóis vazios tam-
bém aumenta, o que indica que, nas áreas de maior densidade de peixes (quando os tem-
pos de imersão são longos), a relação entre as capturas e a abundância deve-se afastar pro-
gressivamente da linearidade, ou seja, capturas um pouco maiores podem corresponder a
uma abundância muito maior.
Urophycis mystacea
Squalus spp
Lopholatilus villarii
Helicolenus lahillei
Pagrus pagrus
Polyprion americanus
Pseudopercis numida
Mustelus spp
Gymnothorax spp
1996: N = 11667
Epinephelus niveatus 1997: N = 11243
outros
Percentagem em peso
Lopholatilus villarii
Urophycis mystacea
Squalus spp
Polyprion americanus
Epinephelus niveatus
Carcharhinus spp
Pseudopercis numida
Helicolenus lahillei
Galeorhinus galeus
1996: 17901 kg
Mustelus spp 1997: 13861 kg
outros
100 1996
1997
80
60
40
20
0
0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
120 120
kg/1000ah
kg/1000ah
80 80
40 40
0 0
100-149 150-199 200-249 250-299 300-399 400-510 100-149 150-199 200-249 250-299 300-399 400-510
num/1000ah 80 80
num/1000ah
60 60
40 40
20 20
0 0
100-149 150-199 200-249 250-299 300-399 400-510 100-149 150-199 200-249 250-299 300-399 400-510
faixa de profundidade (m) faixa de profundidade (m)
Figura 1.11 – CPUE em número e peso (kg) de peixes por 1000 anzóis-hora de imersão por faixa de profundi-
dade, nas regiões sul (cinza claro) e sudeste (cinza escuro) nos dois levantamentos de prospecção com espi-
nhel-de-fundo entre São Tomé e Chuí, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P
Margus II.
80 % 80 %
60 % 60 %
40 % 40 %
20 % 20 %
0% 0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1314 15 16 17 18 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1314 15 16 17 18
peixes iscados vazios outros
Figura 1.12 – Percentagens de anzóis que retornaram com captura de peixes, com iscas, vazios e outros que
incluem os que foram perdidos, não registrados ou com capturas acidentais de aves ou crustáceos nos dois
levantamentos de prospecção com espinhel-de-fundo a bordo B/P Margus II na primavera de 1996 e no outo-
no de 1997.
100%
anzóis sem isca/anzóis sem captura
80%
60%
40%
20%
0%
0 100 200 300 400 500
Tabela 1.6 – Número de lances em que ocorreram os diferentes peixes nos levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo
realizados entre 22˚00’S e 34˚40’S em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997 a bordo do B/P Margus II, por faixas de profundidade
e nas regiões ao norte (SE) e ao sul (S) da Ilha de Santa Catarina.
Tabela 1.7 – Quilogramas por 1000 anzóis-hora dos diferentes peixes nas capturas com espinhel-de-fundo nos levantamentos de
prospecção pesqueira realizados a bordo do B/P Margus II entre 22˚00’S e 34˚40’S em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, por
faixas de profundidades e nas regiões ao norte (SE) e ao sul (S) da Ilha de Santa Catarina.
Tabela 1.8 – Número de peixes por 1000 anzóis-hora por lances agrupados por faixas de profundidade e nas regiões ao norte (SE) e ao sul
(S) da Ilha de Santa Catarina, nos levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo realizados a bordo do B/P Margus II, entre
22˚00’S e 34˚40’S em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997.
URMY SQSP LOVI HELA PAPA POAM PSNU MUSP GYSP EPNI MEHU POLO CASP GEBR
código da espécie
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 14 16 18
Figura 1.15: Densidades relativas por perfis das princi-
pais espécies capturadas no levantamento de outono de
1997. A largura dos polígonos em cada perfil é propor-
cional às capturas em número/1.000 anzóis-hora
padronizadas pela média de cada espécie. CASP:
Carcharhinus spp.; EPNI: E. niveatus; GEBR: G. brasilien-
perfil
URMY SQSP LOVI HELA PAPA POAM PSNU MUSP GYSP EPNI MEHU POLO CASP GEBR
código da espécie
Figura 1.16: Densidades relativas por faixas de profundi-
100 150 200 250 300 350 400 450 500
URMY SQSP LOVI HELA PAPA POAM PSNU MUSP GYSP EPNI MEHU POLO CASP GEBR
código da espécie
100 150 200 250 300 350 400 450 500
URMY SQSP LOVI HELA PAPA POAM PSNU MUSP GYSP EPNI MEHU POLO CASP GEBR
código da espécie
Tabela 1.9 – Índices de abundância relativa de peixes capturados nos levantamentos de prospecção pesquei-
ra com espinhel-de-fundo, realizados a bordo do B/P Margus II, entre 22˚00’S e 34˚40’S em agosto-outubro
de 1996 e abril-junho de 1997 nas regiões ao norte (SE) e ao sul (Sul) da Ilha de Santa Catarina.
a. Lopholatilus villarii
O peixe-batata Lopholatilus villarii (Miranda-Ribeiro, 1915) é uma espécie demersal
da família Malacanthidae que habita o oceano Atlântico Sul Ocidental e cuja distribuição,
segundo Figueiredo e Menezes (1980), abrange desde o Espírito Santo até o Uruguai, atin-
gindo provavelmente o norte da Argentina. Registros mais recentes de ocorrência expan-
dem sua distribuição até os estados do Rio Grande do Norte e Sergipe (Alencar et al., 1998).
No Golfo do México e no Atlântico Norte Ocidental, ocorre a espécie congênere Lopholatilus
chamaleonticeps.
O peixe-batata foi a principal espécie em peso (28,4%) e a terceira em número
(10,8%). Foram capturados no total 2.469 exemplares, em 94 lances, que mediram de 23 a
107 cm de comprimento total, com média em 61,7 cm e pesaram em média 3,647 kg.
Ocorreu ao longo de toda a área de estudo, em ambas as épocas do ano (Figura 1.18). As
maiores capturas foram nos perfis de Rio Grande (P3) e Ilha Grande (P14), predominante-
mente entre as profundidades de 200 e 400 m (Figuras 1.14 a 1.17).
No inverno-primavera de 1996, os índices de abundância relativa foram de 7,83 no
sul e 7,34 no sudeste; no outono de 1997, foram de 7,56 no sul e de 9,28 (+22%) no sudeste
(Tabela 1.9).
As distribuições de comprimentos mostram que exemplares maiores que 50 cm
ocorreram em toda a área de estudo, mas os de comprimento inferior a este valor ocor-
reram principalmente entre a Ilha de Santa Catarina (P9) e a Ilha Grande (P14). Em relação
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
30˚ S 30˚ S
<1
1-5
32˚ S Rio Grande 5-25 32˚ S Rio Grande
25-100
>100
34˚ S Chuí 34˚ S Chuí
100 500 100 500
54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W 54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W
Figura 1.18 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Lopholatilus villarii em dois levantamentos de pros-
pecção pesqueira com espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE,
realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P Margus II.
12 12
Fêmeas 55% Fêmeas 55%
10 Machos 45% 10 Machos 45%
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
20 30 40 50 60 70 80 90 100 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% 14 1996 % 14 1997
12 12
Fêmeas 35% Fêmeas 55%
10 Machos 65% 10 Machos 45%
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
20 30 40 50 60 70 80 90 100 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Classe de comprimento total (cm) Classe de comprimento total (cm)
Figura 1.19 – Distribuições de freqüências de comprimentos por sexos de Lopholatilus villarii em dois levantamentos de prospecção
pesqueira com espinhel-de-fundo realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, a bordo do B/P Margus II entre 22˚00’S
e 34˚40’S.
10 10
5 5
0 0
20 30 40 50 60 70 80 90 100 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Classe de comprimento total (cm) Classe de comprimento total (cm)
Figura 1.20 – Distribuições de freqüências de comprimentos de Lopholatilus villarii por sexos em dois levantamentos de prospecção
pesqueira com espinhel-de-fundo realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, a bordo do B/P Margus II entre o cabo
de São Tomé e Chuí (n: número de indivíduos medidos; CT m: comprimento médio).
Tabela 1.10 – Índices gonadossomáticos médios de fêmeas de Lopholatilus villarii de mais que 40 cm de com-
primento total nos levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo a bordo do B/P Margus II
entre 22˚00’S e 34˚40’S em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997 nas regiões ao norte (SE) e ao sul
(Sul) da Ilha de Santa Catarina.
Percentagem de fêmeas
SE 1997 SE 1997
75% 75%
SE 1996 SE 1996
50% 50%
25% 25%
0% 0%
<30 40 50 60 70 80 >90 100-149 150-199 200-249 250-299 300-399 400-510
Figura 1.21 – Percentagem de fêmeas de Lopholatilus villarii por classes de comprimentos e por faixas de pro-
fundidades, em dois levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo realizados em agosto-
outubro de 1996 e abril-junho de 1997 a bordo do B/P Margus II entre 22˚00’S e 34˚40’S entre 22˚00’S e 34˚40’S
nas regiões ao norte (SE) e ao sul (Sul) da Ilha de Santa Catarina.
b. Urophycis mystacea
A abrótea-de-profundidade, Urophycis mystacea Ribeiro, 1905 é um peixe gadifor-
me de ampla distribuição, ocorrendo entre o Rio de Janeiro e a Argentina (Figueiredo e
Menezes, 1978). A denominação U. cirrata, Goode & Bean, 1896 tem sido também utilizada
devido ao estudo de Cousseau (1993), que comparou a morfometria de exemplares da
Argentina com os valores apresentados na descrição de Ribeiro e não achou diferenças
morfológicas que indicassem a existência de duas espécies, concluindo que o U. cirrata
teria precedência sobre U. mystacea. No Brasil o nome U. mystacea é recomendado por
Figueiredo e Menezes (1978).
A abrótea-de-profundidade ocupou o primeiro lugar em número (45,8%) e o
segundo em peso (18,8%) do total das capturas. Foram pescados 10497 exemplares em
121 lances, medindo de 16 a 70 cm de comprimento total, em média 40,2 cm e 0,568 kg.
Ocorreu em todos os perfis e em ambos os levantamentos, sendo escassa apenas no per-
fil de Torres (P7) no inverno-primavera e no de Chuí (P1) no outono (Figura 1.22). Embora
tenha sido encontrada em todas as faixas de profundidade, foi abundante a partir dos 300
m no inverno-primavera de 1996 e a partir dos 250 m no outono de 1997 (Figuras 1.16 e
1.17). Exemplares com menos que 30 cm de comprimento ocorreram em todos os perfis e
levantamentos, indicando que o recrutamento da espécie ocorre em toda a região.
Os índices de abundância relativa de inverno-primavera no sul e sudeste foram
semelhantes: 2,8 e 2,2 e aumentaram no outono para 3,8 e 5,7 respectivamente (Tabela
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
30˚ S 30˚ S
<1
1-5
5-25
32˚ S Rio Grande 32˚ S Rio Grande
25-100
>100
Chuí Chuí
34˚ S 34˚ S
100 500 100 500
54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W 54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W
Figura 1.22 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Urophycis mystacea em dois levantamentos de
prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa
REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P Margus II.
1.9). No outono, as capturas aumentaram em todos os perfis (Figuras 1.14 e 1.15). As dis-
tribuições de comprimentos mostram que todos os tamanhos de abróteas-de-profundi-
dade ocorreram em ambas as regiões, em ambos os anos. Os exemplares maiores ocor-
reram em sua maior parte em profundidades superiores a 300 m. No sul, foi capturada uma
proporção maior de exemplares grandes no inverno-primavera de 1996 (Figura 1.23).
As proporções entre os sexos foram estimadas para 6.659 exemplares. Os machos
raramente ultrapassaram os 45 cm enquanto que as fêmeas atingiram até 70 cm. As fê-
meas foram mais abundantes tanto no sul, onde a percentagem caiu de 74% no inverno-
Tabela 1.11 – Índices gonadossomáticos médios de fêmeas de Urophycis mystacea com mais de 33 cm de
comprimento total em dois levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo realizados em
agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997 a bordo do B/P Margus II entre 22˚00’S e 34˚40’S entre 22˚00’S
e 34˚40’S nas regiões ao norte (SE) e ao sul (Sul) da Ilha de Santa Catarina.
10 10
5 5
0 0
<27 30 36 42 48 54 60 >66 <27 30 36 42 48 54 60 >66
Classe de comprimento total (cm) Classe de comprimento total (cm)
10 10
5 5
0 0
<27 30 36 42 48 54 60 >66 <27 30 36 42 48 54 60 >66
Classe de comprimento total (cm) Classe de comprimento total (cm)
Figura 1.24 – Distribuições de freqüências de comprimentos por sexos de Urophycis mystacea em dois levantamentos de
prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo na plataforma externa e talude continental superior entre o Cabo de São Tomé e Chuí,
realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P Margus II.
100% 100%
Percentagem de fêmeas
Percentagem de fêmeas
80% 80%
60% 60%
Figura 1.25 – Percentagem de fêmeas de Urophycis mystacea por classes de comprimentos e faixas de profundidade, em dois levan-
tamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997 a bordo do
B/P Margus II entre 22˚00’S e 34˚40’S nas regiões ao norte (SE) e ao sul (Sul) da Ilha de Santa Catarina.
primavera para 58% no outono, como no sudeste, onde se manteve em 74% e 75% em
ambos os levantamentos (Figura 1.24).
No sul, as fêmeas predominaram nas classes de comprimento maiores que 33 cm e
no sudeste nas acima de 39 cm; este padrão se repetiu em ambos os anos (Figura 1.25).
Embora sempre mais abundantes que os machos, a proporção de fêmeas diminuiu com a
profundidade em ambos os levantamentos e regiões. Em águas mais rasas, representaram
quase a totalidade das capturas e, na faixa das maiores profundidades amostradas, repre-
sentaram entre 51% e 71% (Figura 1.25). Os índices gonadossomáticos calculados para as
fêmeas em ambos os levantamentos mostram os mesmos padrões sazonais tanto no sul
como no sudeste, com valores altos no outono e baixos no inverno-primavera, sugerindo
ser, o primeiro, o período reprodutivo da espécie, em toda a área de estudo (Tabela 1.11).
O aumento da abundância relativa da abrótea-de-profundidade no outono de 1997,
c. Squalus spp.
Cinco espécies nominais deste gênero são registradas para o Brasil, entre as quais
pelo menos três grupos podem ser diferenciados: S. blanivillei/mitsukurii, S. cubensis/mega-
lops e S. acanthias (Gadig, 2001). A nomenclatura destas espécies está pouco clara (Souto,
2001 e Gadig, 2001) e neste relatório utilizaremos os nomes Squalus megalops e S.mitsukurii.
Ambas são morfologicamente parecidas e nem sempre foram discriminadas a bordo, sendo
registradas como Squalus spp. As amostras examinadas em terra apresentaram, com fre-
qüência, exemplares de ambas as espécies, por isso, na maior parte das análises foram agru-
padas numa única categoria. A primeira atinge cerca de 70 cm de CT, enquanto a segunda
pode atingir até 110 cm de CT. Ambas as espécies ocorrem em águas uruguaias e argenti-
nas durante o verão e, no inverno, migram para a plataforma continental do sul do Brasil,
acompanhando o deslocamento da convergência subtropical, onde contribuem para a
pesca comercial da região (Vooren, 1998).
S. acanthias foi muito abundante em um único lance no extremo sul, no levanta-
mento de inverno-primavera. Esta espécie raramente penetra em águas brasileiras (Cous-
seau e Perrota, 1998), o que foi confirmado neste levantamento.
Squalus megalops e S. mitsukurii, em conjunto, ocuparam o segundo lugar em nú-
mero (19,3%) e o terceiro em peso (14,1%). Foram capturados 4.420 exemplares, medindo
de 24 a 112 cm e com peso médio de 1,014 kg. Uma e/ou outra espécie ocorreram em toda
a área de estudo e em ambas as épocas do ano (Figura 1.26). No inverno-primavera, apre-
sentaram os maiores rendimentos na região sul: 26,02 contra 5,46 kg/1.000ah no sudeste
e, no outono de 1997, foram muito reduzidas em ambas regiões (Tabela 1.9).
Ocorreram em todas as faixas de profundidades, sendo um pouco mais abundantes
em profundidades intermediárias no inverno-primavera e mais rasas no outono (Figuras
1.16 e 1.17). Os comprimentos modais e os pesos médios foram maiores nas faixas mais
profundas, sugerindo que a espécie de maior porte, Squalus mitsukurii, ocorre em profun-
didades maiores que S. megalops.
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
28˚ S 28˚ S
C. Santa Marta C. Santa Marta
30˚ S 30˚ S
<1
1-5
5-25
32˚ S Rio Grande 32˚ S Rio Grande
25-100
>100
Figura 1.26 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Squalus spp. em dois levantamentos de prospecção pesqueira com espi-
nhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho
de 1997, com o B/P Margus II.
Fêmeas Machos
300 300
S. megalops S. megalops
350 S. mitsukurii 350 S. mitsukurii
Squalus spp Squalus spp
200 200
Números
Números
150 150
100 100
50 50
0 0
<30 36 42 48 54 60 66 72 78 >84 <30 36 42 48 54 60 66 72 78 >84
Classes de comprimentos (cm) Classes de comprimentos (cm)
Figura 1.27 – Números de exemplares classificados como Squalus spp. (n= 2645), Squalus megalops (n= 560) e Squalus mitsukurii (n=
724), por sexos e classes de comprimentos nos dois levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo realizados em
agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997 a bordo do B/P Margus II entre 22˚00’S e 34˚40’S.
Tabela 1.12 – Números (n) de exemplares classificados como Squalus megalops ou Squalus mitsukurii, a partir
das componentes normais discriminadas nas composições de comprimentos bimodais de Squalus spp., pelo
método Bhattacharya, e proporções (p) que representaram do total, por sexo e classes de comprimentos.
Sombreadas as classes em que existe superposição de ambas as espécies.
d. Polyprion americanus
O cherne-poveiro Polyprion americanus (Schneider, 1801) é um teleósteo demersal
de grande porte e ampla distribuição geográfica, ocorrendo em profundidades de até
1000 m ao longo da costa continental e das ilhas oceânicas da maior parte das regiões
temperadas e subtropicais de todo o mundo (Sedberry et al., 1999). No Atlântico Sul oci-
dental,está registrado desde 45˚S (Cousseau e Perrota,1998) até 23˚S (Ávila-da-Silva,2002),
sendo pescado com maior intensidade na região ao sul do Cabo de Santa Marta Grande
(Peres e Haimovici, 1998).
O cherne-poveiro ocupou o quarto lugar em peso (10,4%) e o sétimo em número
(1,6%) do total das capturas. Foi pescado um total de 364 exemplares, medindo de 40 a 138
cm, em média 77,5 cm.
Nos dois cruzeiros, ocorreu entre Chuí e Solidão (P1 e P4),Torres e Ilha de Santa Cata-
rina (P7 e P8) e ao sul da Laje de Santos (P12) (Figura 1.28). No inverno-primavera, as maiores
capturas em número e peso foram no extremo sul da área de estudo e, no início do outono,
ao norte de Torres (Figuras 1.14 e 1.15). No inverno-primavera, o IAR foi de 5,6 no sul e 0,3 no
sudeste e, no outono, de 3,3 e 0,5 respectivamente (Tabela 1.9). A diferença entre regiões po-
de ser ainda maior porque as capturas nos perfis do extremo sul subestimam a densidade de
cherne-poveiro, devido à superposição de seu habitat com o do caranguejo-vermelho Cha-
ceon notialis (Capítulo 1.3.2.6), que compete pela isca e diminui o poder de captura do apa-
relho de pesca. O peso médio foi de 9,86 kg no inverno-primavera, aumentando para 13,100
kg no outono, quando os exemplares menores foram pouco abundantes (Figura 1.29).
De modo geral, os comprimentos e os pesos médios aumentaram de sul a norte
com a profundidade. Os exemplares menores que 60 cm ocorreram quase todos ao sul de
Rio Grande, onde os tamanhos médios aumentaram com a profundidade. Ao norte de
Torres, quase a totalidade das capturas ocorreu a mais de 300 m de profundidade e exem-
plares pequenos estiveram ausentes.
As proporções entre sexos variaram com a latitude e os machos foram mais fre-
qüentes nas classes de comprimentos menores e as fêmeas nas maiores (Tabela 1.13), uma
vez que as fêmeas atingem comprimentos maiores (Peres e Haimovici, submetido). Entre
Chuí e Rio Grande, os machos dominaram amplamente, representando, respectivamente,
78% e 87% nos levantamentos de inverno-primavera e outono. Ao norte de Solidão e até
o sul da Laje de Santos, predominaram as fêmeas (74% e 76%).
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
30˚ S 30˚ S
<1
1-5
5-25
32˚ S Rio Grande 32˚ S Rio Grande
25-100
>100
Figura 1.28 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Polyprion americanus, em dois levantamentos de
prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa
REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P Margus II.
Tabela 1.13 – Proporção de machos e fêmeas do cherne-poveiro Polyprion americanus por áreas de captura
e classes de comprimento total, em dois levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo
realizados com o B/P Margus II entre São Tomé e Chuí em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997.
Área Chuí - Rio Grande Conceição - Sta Marta São Paulo Total
CT (cm) F M %F F M %F F M %F F M %F
40 – 59 2 0% 1 1 50% 1 3 25%
60 – 79 3 15 17% 18 19 49% 21 34 38%
80 – 99 9 10 47% 19 26 42% 1 1 50% 29 37 44%
100 – 119 1 2 33% 10 3 77% 3 3 50% 14 8 64%
> 120 1 100% 4 100% 5 100%
Total 13 29 31% 49 49 50% 8 4 67% 70 82 46%
e. Helicolenus lahillei
O sarrão, Helicolenus lahillei (Delaroche, 1809), é uma espécie de pequeno porte e
tem uma ampla distribuição mundial que inclui ambas as margens do oceano Atlântico e
Mediterrâneo sul ocidental (Eschmeyer e Dempster, 1990). A subespécie H. lahillei tem seu
limite sul no norte do litoral marítimo de Argentina (Cousseau e Perrota, 1998) e sua pre-
sença foi registrada recentemente até a Bahia, no levantamento realizado no REVIZEE
Score Central, com o N/Pq Thalassa em junho-julho de 2000 (Costa et al., 2000).
O sarrão ocupou o quarto lugar em número (10,1%) e o oitavo lugar em peso (3,0%)
do total das capturas. Foram pescados 2.305 exemplares, medindo de 15 a 56 cm, com
médias de comprimento e peso de 28,8 cm e 0,416 kg, respectivamente.
Ocorreu em todos os perfis em ambas as épocas do ano (Figura 1.30). Foi mais abun-
dante na região sul em ambos os levantamentos; no inverno-primavera, o IAR foi de 1,88 no
sul e 0,29 no sudeste e, no outono, de 1,33 e 0,21, respectivamente (Tabela 1.9). As maiores
capturas foram obtidas entre Tramandaí (P6) e a Ilha de Santa Catarina (P9) e a espécie con-
centrou-se em profundidades superiores a 300 m em toda a região, tanto no inverno-pri-
mavera como no outono (Figuras 1.14 a 1.17). Não se observaram diferenças na distribuição
por latitude e profundidade e nos pesos médios entre os levantamentos, o que sugere que
a espécie não realiza grandes deslocamentos.
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
28˚ S 28˚ S
C. Santa Marta C. Santa Marta
30˚ S 30˚ S
<1
1-5
5-25
32˚ S Rio Grande 32˚ S Rio Grande
25-100
>100
Figura 1.30 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Helicolenus lahillei, em dois levantamentos de prospecção pesqueira com
espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-
junho de 1997, com o B/P Margus II.
f. Epinephelus niveatus
O cherne-verdadeiro Epinephelus niveatus (Valenciennes, 1828) é um serranídeo de
grande porte que se distribui entre o Cabo Hatteras e o sul do Brasil, no Atlântico Ocidental,
e do México à Califórnia, no Pacífico Oriental (Wyanski et al., 2000). No Brasil, é pescado
comercialmente, principalmente na região de Abrolhos e no sudeste, embora seja também
capturado no sul (Paiva e Rocha, 1996; Ávila-da-Silva et al., 2001).
Ocupou o quinto lugar em peso (5,3%) e o décimo em número (1,0%). Ocorreu em
44 lances distribuídos em toda a área de estudo (Figura 1.33). Foi pescado um total de 218
peixes, medindo de 38 a 123 cm, em média com 77,4 cm e 7,725 kg.
Os perfis ao norte de São Sebastião (P13) foram os que apresentaram as maiores
capturas. Foi mais abundante em profundidade intermediárias, ocorrendo em profundi-
dades superiores a 250 m apenas nos perfis do Rio de Janeiro, embora os maiores exem-
plares tenham sido encontrados entre 300 e 400 m (Figuras 1.14 a 1.17). Os juvenis ocor-
reram em pequeno número em todas as latitudes, sempre em profundidades inferiores a
250 m. Embora o número capturado tenha sido muito maior no sudeste, as abundâncias
em ambas as regiões diferiram pouco: no inverno-primavera, o IAR foi de 3,9 no sul e 4,25
no sudeste e, no outono, de 2,02 e 4,38, respectivamente, e a variação sazonal foi pequena
por influência das áreas dos estratos representados pelos lances (Tabela 1.9). No caso do
cherne-verdadeiro, o baixo número de exemplares capturados pode ter levado a uma dis-
torção importante porque o cherne-verdadeiro é muito mais importante na pesca comer-
cial na região sudeste (Haimovici et al., 2003). As amplitudes de tamanhos diferiram pouco
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
28˚ S 28˚ S
C. Santa Marta C. Santa Marta
30˚ S 30˚ S
<1
1-5
32˚ S Rio Grande 32˚ S Rio Grande 5-25
25-100
>100
34˚ S Chuí 34˚ S Chuí
100 500 100 500
54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W 54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W
Figura 1.33 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Epinephelus niveatus, em dois levantamentos de prospecção pesqueira com
espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-
junho de 1997, com o B/P Margus II.
Tabela 1.14 – Proporção de machos e fêmeas do cherne-verdadeiro Epinephelus niveatus por regiões e classes de comprimento total, em
dois levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997 a bordo
do B/P Margus II entre 22˚00’S e 34˚40’S nas regiões ao norte (SE) e ao sul (Sul) da Ilha de Santa Catarina.
g. Pseudopercis numida
Duas espécies de namorado, Pseudopercis numida (Miranda-Ribeiro, 1903) e P. semi-
fasciata (Cuvier, 1829), foram identificadas nos levantamentos, sendo a primeira mais abun-
dante e com ocorrência ao longo de toda a área de estudo. O namorado ocupou o sexto
lugar em número (1,6%) e o sétimo em peso (4,0%) do total das capturas, ocorrendo em 55
lances (Figura 1.35). Foram pescados, no total, 361 exemplares, medindo de 25 a 117 cm,
com média de 65,7 cm e 3,548 kg.
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
28˚ S 28˚ S
C. Santa Marta C. Santa Marta
30˚ S 30˚ S
<1
1-5
32˚ S Rio Grande 32˚ S Rio Grande 5-25
25-100
>100
34˚ S Chuí 34˚ S Chuí
100 500 100 500
54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W 54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W
Figura 1.35 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Pseudopercis numida em dois levantamentos de prospecção pesqueira com
espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-
junho de 1997, com o B/P Margus II.
Tabela 1.15 – Proporção de machos e fêmeas do namorado Pseudopercis numida por regiões e classes de comprimento total, em dois levan-
tamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997 a bordo do B/P
Margus II entre 22˚00’S e 34˚40’S, nas regiões ao norte (SE) e ao sul (Sul) da Ilha de Santa Catarina.
h. Genypterus brasiliensis
O congro-rosa, Genypterus brasiliensis (Regan, 1903) distribui-se entre o Rio de Ja-
neiro e o sul da Argentina (Nakamura, 1986). De alto valor econômico e interesse pesqueiro
no sul do país, esteve pouco representado nas capturas (0,6% em número e 1,0% em peso)
sendo capturado em 42 lances (Figura 1.37). Foi pescado um total de 127 exemplares,
medindo de 43 a 118 cm, em média 73,5 cm e 2,503 kg de peso.
Foi mais freqüente nos perfis de Albardão (P2) e Rio Grande (P3) no inverno-pri-
mavera e, praticamente, não ocorreu ao norte de Solidão (P5) até o litoral do Paraná, voltan-
do a aparecer nos perfis ao norte de São Francisco (P10). Em relação à profundidade, no
inverno-primavera, ocorreu além dos 200 m, com exceção do extremo sul onde também
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
30˚ S 30˚ S
<1
1-5
32˚ S Rio Grande 32˚ S Rio Grande 5-25
25-100
>100
34˚ S Chuí 34˚ S Chuí
100 500 100 500
54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W 54˚ W 52˚ W 50˚ W 48˚ W 46˚ W 44˚ W 42˚ W 40˚ W
Figura 1.37 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Genypterus brasiliensis, em dois levantamentos de prospecção pesqueira
com espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e
abril-junho de 1997, com o B/P Margus II.
ocorreu em águas mais rasas. No outono, sempre ocorreu a mais de 250 m de profundi-
dade (Figuras 1.14 a 1.17). No inverno-primavera, o IAR foi de 0,59 no sul e 0,2 no sudeste
e, no outono, de 0,8 e 0,19, respectivamente (Tabela 1.9). Não se observaram diferenças nas
composições de comprimentos entre regiões e épocas do ano (Figura 1.38). O número de
exemplares com o sexo determinado foi baixo (n=105); entre os 69 menores que 80 cm,
56% foram machos e entre os maiores de 80 cm, 72% foram fêmeas, sugerindo que as
fêmeas atingem maiores tamanhos que os machos.
Devido ao número reduzido de exemplares capturados, torna-se difícil qualquer
conclusão em relação à distribuição ou estrutura populacional desta espécie.
i. Pagrus pagrus
O pargo-rosa Pagrus pagrus (Linnaeus, 1758) tem uma ampla distribuição em am-
bas as margens do oceano Atlântico e Mediterrâneo. No Brasil, é pescado comercialmente
entre o Rio Grande do Sul e o Espírito Santo. Representou 1,7% em número e 1,5% em peso
das capturas totais de peixes. Foram pescados 398 exemplares, medindo de 24 a 59 cm e
com médias de comprimento e peso de 39,1 cm e 1,000 kg, respectivamente.
Ocorreu em 21 lances, quase todos em profundidades de 100 a 200 m, particular-
mente no perfil de Solidão (P5); não foi capturado em Santa Catarina e apareceu em
pequeno número em alguns perfis ao longo de São Paulo e Rio de Janeiro (Figura 1.39). Os
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>100
Figura 1.39 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Pagrus pagrus em dois levantamentos de prospecção pesqueira com espin-
hel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S), realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P
Margus II.
tamanhos encontrados no sul foram, em geral, maiores que no sudeste (Figura 1.40). No
inverno-primavera, o IAR foi de 7,74 no sul e 0,43 no sudeste e, no outono, de 2,13 e 0,09,
respectivamente, mostrando-se muito mais abundante no sul e no inverno-primavera
(Tabela 1.9). É possível que os estoques dos extremos da área de estudo pertençam a
unidades populacionais diferentes. A abundância invernal na região sul sugere um ingres-
so de indivíduos provenientes de águas uruguaias e argentinas, como já tinha sido obser-
vado em águas mais rasas nos anos 70 por Yesaki e Barcellos (1974).
j. Gymnothorax spp.
As moréias coletadas na região sul foram G. ocelatus (Agassiz, 1831) e G. conspersus
(Poey, 1867. O material da região sudeste foi identificado apenas em nível de gênero e pro-
vavelmente inclua mais que duas espécies. Como apenas parte dos exemplares foi identi-
ficado a nível de espécie, a distribuição e abundância é apresentada como um todo para o
gênero.
Foi pescado um total de 219 exemplares, medindo de 31 a 112 cm, tendo em média
66,1 cm de comprimento e 0,345 kg de peso. As moréias em conjunto ocuparam o décimo
lugar em número (1,0%), sendo pouco importantes em peso (0,2%) no total das capturas.
Com ampla distribuição, ocorreram em 64 lances ao longo de toda a área de estudo (Figura
1.41). Foram mais abundantes no sudeste, onde apresentaram, em ambos os levantamen-
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24˚ S 24˚ S
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Itajaí Itajaí
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>100
Figura 1.41 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Gymnothorax spp., em dois levantamentos de prospecção pesqueira com espi-
nhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S), realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P Margus II.
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
<45 51 60 69 78 87 96 105 <45 51 60 69 78 87 96 105
Classe de comprimento (cm) Classe de comprimento (cm)
tos, valores de IAR cinco vezes maiores do que os obtidos no sul (Tabela 1.9). As moréias
foram capturadas em todas as faixas de profundidades abrangidas pelos lances, sendo
mais abundantes entre 200 e 300 m (Figuras 1.16 e 1.17). Em ambas as regiões, ocorreram
exemplares pequenos e grandes (Figura 1.42).
l. Mustelus spp.
Esta categoria incluiu duas espécies: M. schmitti (Springer, 1939) e M. canis (Mitchill,
1815). Foi pescado um total de 333 exemplares, medindo de 34 a 110 cm. Destes, 153 foram
identificados com M. canis, 140 como M. schmitti e 40 não foram identificados a nível de
espécie. Em conjunto, ocuparam o nono lugar em número (1,5%) e o décimo em peso
(1,4%). Ocorreram em 41 lances (Figura 1.43). No inverno-primavera, o IAR foi de 2,88 no sul
e 1,14 no sudeste e, no outono, de 1,08 e 0,75, respectivamente, indicando que o gênero foi
mais abundante no sul e no inverno-primavera (Tabela 1.9).
Ocorreram até 300 m de profundidade, sendo mais abundantes na faixa de 100 a
150 m, em ambos os levantamentos. Os pesos médios aumentaram com a profundidade e
foram superiores no inverno-primavera em relação ao outono (Figuras 1.16 e 1.17).
Os exemplares identificados como M.schmitti ocorreram todos ao sul dos 30˚S e no
inverno-primavera, com exceção de uma fêmea registrada no outono em 27˚S. Os machos
mediram de 52 a 81 cm e as fêmeas mediram de 52 a 94 cm. As fêmeas foram mais fre-
qüentes (69 %) que os machos (Figura 1.44). Esta espécie é altamente migratória, repro-
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Figura 1.43 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Mustelus spp., em dois levantamentos de prospecção pesqueira com espi-
nhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho
de 1997, com o B/P Margus II.
10
10
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0 0
<30 40 50 60 70 80 90 100 30 40 50 60 70 80 90 100
Classe de comprimento (cm) Classe de comprimento (cm)
Figura 1.44 – Distribuições de freqüências de comprimentos por sexos de Mustelus canis e Mustelus schmit-
ti em dois levantamentos de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo na plataforma externa e talude
continental superior entre São Tomé e Chuí, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com
o B/P Margus II.
m. Carcharhinus spp.
Esta categoria incluiu os exemplares identificados como Carcharhinus falciformis
(Muller e Henle, 1839), C.signatus (Poey, 1868) e C.obscurus (Lesueur, 1818) e possivelmente
outras espécies do gênero. Em conjunto, ocuparam o sexto lugar em peso (4,6%) e ocor-
reram em 41 lances (Figura 1.45). Foram pescados 128 exemplares, medindo de 32 a 240
cm com um peso médio de 11,406 kg.
Na região sudeste, ocorreram em ambas as épocas em todos os perfis, enquanto
que no sul, ocorreram apenas no outono em alguns perfis e em todas as faixas de profun-
didades, sendo mais abundantes e maiores entre 400 a 500 m (Figura 1.14 a 1.17). Embora
no inverno-primavera o IAR tenha sido de 2,25 no sul e 1,0 no sudeste e, no outono, de 1,35
e 0,74, respectivamente (Tabela 1.9), a ocorrência deste gênero foi mais freqüente no inver-
no-primavera no sudeste. No sul, no inverno-primavera, ficou restrito ao perfil 9, na divisa
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Figura 1.45 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Carcharhinus spp., em dois levantamentos de prospecção pesqueira com
espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-
junho de 1997, com o B/P Margus II.
entre as duas regiões. Os Carcharhinus apresentam uma clara preferência por águas mais
quentes.
n. Galeorhinus galeus
O cação-bico-doce Galeorhinus galeus (Linnaeus, 1758) é uma espécie de ampla dis-
tribuição em todos os oceanos do planeta (Compagno,1984).Nos levantamentos realizados
neste estudo, ocorreu apenas em 14 lances na região sul, 13 dos quais no levantamento de
inverno-primavera (Figura 1.46), quando atingiu um rendimento médio de 4,4 kg/ 1.000ah
e um IAR de 0,94. No outono, foram capturados apenas 3 exemplares menores que 70 cm
cuja identificação a bordo não foi posteriormente confirmada.
Foram capturados 76 exemplares de 63 a 147 cm, tendo em média 121,7 cm de
comprimento e 6,734 kg de peso. Ocorreu em todas faixas de profundidades, porém em
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C. Santa Marta C. Santa Marta
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Figura 1.46 – CPUE em número e peso por 1000 anzóis-hora de Galeorhinus galeus, em dois levantamentos de prospecção pesqueira
com espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e
abril-junho de 1997, com o B/P Margus II.
maior número a mais de 300 m. Em sua maior parte, foram exemplares de mais de 120 cm
(Figura 1.47). Esta espécie é migratória, ocorrendo de dezembro a março exclusivamente
em águas uruguaias e argentinas, migrando para o sul do Brasil de abril a novembro. A
pesca desta espécie foi intensa nas décadas de 1970 e 1980 e encontra-se atualmente
sobrexplorada (Haimovici et al., 1998).
o. Merluccius hubbsi
A merluza Merluccius hubbsi (Marini, 1933) é uma espécie de águas temperadas que
se distribui entre o extremo sul da Argentina e Rio de Janeiro (Cousseau e Perrota, 1998, Fi-
gueiredo e Menezes, 1978). No Brasil, sua importância econômica é relativamente peque-
na, sendo pescada com rede-de-arrasto no sul, em anos de forte penetração invernal de
águas frias originárias do ramo interno da corrente de Malvinas e, no Rio de Janeiro, asso-
ciada à ressurgência de Cabo Frio. Neste levantamento com espinhel-de-fundo ocorreu em
36 lances (Figura 1.48). Ocorreu principalmente na região sudeste e no inverno, a mais de
300 m de profundidade (Figura 1.49). Foram pescados 158 exemplares, medindo de 31 a 82
cm, tendo em média 45,6 cm de comprimento e 0,929 kg de peso.
Os rendimentos na região sudeste foram de 0,75 kg/1.000ah no inverno-primavera
e de 0,15 kg/1.000ah no outono. No sul, foram de 0,10 e 0,3 kg/1.000ah, respectivamente.
Alguns dos poucos exemplares que ocorreram no sul atingiram 75 cm, enquanto no sudes-
te, uma grande amplitude de tamanhos foi registrada (Figura 1.49).Há indicações de que os
estoques dos extremos da área de estudo pertençam a unidades populacionais diferentes.
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Figura 1.48 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Merluccius hubbsi, em dois levantamentos de prospecção pesqueira com
espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-
junho de 1997, com o B/P Margus II.
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30 34 38 42 46 50 54 58 62 66 70
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30 34 38 42 46 50 54 58 62 66 70
p. Outras espécies
Algumas espécies foram relativamente freqüentes, porém em pequeno número,
tornando difícil compreender seus padrões de distribuição.
Heptranchias perlo (Bonaterre, 1788) é um cação de hábitos bentônicos ampla-
mente distribuído em regiões costeiras tropicais e temperadas de todos os oceanos.
Ocorreu em 28 ocasiões em ambas as épocas e regiões (Figura 1.50) e em todas as faixas
de profundidades. Os tamanhos dos 46 exemplares capturados variaram de 61 a 107 cm,
tendo em média 90,3 cm de comprimento e 2,729 kg de peso (Figura 1.51).
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Figura 1.50 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Heptranchias perlo, em dois levantamentos de prospecção pesqueira com
espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-
junho de 1997, com o B/P Margus II.
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Figura 1.52 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Sphoeroides pachygaster, em dois levantamentos de prospecção pesqueira
com espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e
abril-junho de 1997, com o B/P Margus II.
região sul, particularmente nos perfis de Tramandaí (P6) a Santa Marta Grande (P8).
Ocorreu em todas as faixas de profundidades, porém foi mais abundante a mais de 250 m
(Tabelas 1.7 e 1.8). Os tamanhos variaram de 19 a 45 cm, tendo em média 34,1 cm de com-
primento e 0,914 kg de peso. Os exemplares menores que 28 cm ocorreram exclusiva-
mente na região sul (Figura 1.53).
Scyliorhinus haeckelii (Miranda-Ribeiro, 1907) ocorreu em 33 operações de pesca
(Figura 1.54). As capturas desse cação se concentraram, em ambas as épocas do ano, em
três regiões: no extremo sul, entre Rio Grande (P3) e a Ilha de Santa Catarina (P9) e ao norte
de Cabo Frio (P16), ocorrendo em todas as faixas de profundidades. Foram capturados 66
exemplares com comprimentos entre 28 e 60 cm, com médias de 44,3 cm de comprimen-
to e 0,481 kg de peso (Figura 1.55).
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Figura 1.54 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Scyliorhinus haeckelii, em dois levantamentos de prospecção pesqueira com
espinhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S) do Programa REVIZEE, realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-
junho de 1997, com o B/P Margus II.
Polymixia lowei (Günther, 1859) (barbudo), ocorreu em 33 lances, dos quais 27 foram
na região sudeste (Figura 1.56). Não ocorreu ao sul de Mostardas (P4) nem em profundi-
dades inferiores a 250 m. Foram capturados 149 exemplares de comprimentos entre 18 e
32 cm, tendo em média 22,9 cm de comprimento e 0,170 kg de peso. Os maiores exem-
plares ocorreram entre Torres (P7) e a Ilha de Santa Catarina (P9) (Figura 1.57).
As espécies de peixes restantes ocorreram em pequeno número. As ocorrências e
CPUE por regiões e cruzeiros estão registradas nas Tabelas 1.4 a 1.7.
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24˚ S 24˚ S
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Figura 1.56 – CPUE em número por 1000 anzóis-hora de Polymixia lowei, em dois levantamentos de prospecção pesqueira com espi-
nhel-de-fundo entre São Tomé (22˚00’S) e Chuí (34˚40’S), realizados em agosto-outubro de 1996 e abril-junho de 1997, com o B/P
Margus II.
40 40
20 20
0 0
<18 19 21 23 25 27 29 31 <18 19 21 23 25 27 29 31
Classe de comprimento total (cm) Classe de comprimento total (cm)
Tabela 1.16 – Percentagens de grupos de espécies de alto, baixo e nenhum valor comercial nas regiões ao
sul e norte da Ilha de Santa Catarina e por faixas de profundidade nos levantamentos com espinhel-de-fundo
realizados no inverno-primavera de 1996 e outono de 1997 a bordo do B/P Margus II entre 22˚S e 34˚40’S.
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
de menor valor, 3,9%. As raias, que às vezes são desembarcadas pela frota comercial, 1,6%.
Finalmente, os peixes sem valor comercial, como as moréias, os baiacus, o sarrão e outras
espécies de pequeno porte, totalizaram os 19,6% restantes (Tabela 1.16).
As proporções de peixes de alto valor, baixo valor e sem valor comercial por regiões
e faixas de profundidades são apresentados na Figura 1.58 . Os teleósteos e cações de
maior valor, que são os alvos da pescaria, representaram mais da metade das capturas na
região sul e 60% na região sudeste; em relação à profundidade, compuseram mais do que
60% acima dos 200 m. Os peixes de menor valor foram mais comuns até a profundidade
de 300 m e devido à grande ocorrência de caçonetes na região sul durante o levantamen-
to inverno-primavera, esta categoria somou cerca de 30% das capturas e menos de 12% no
sudeste e em ambas as regiões no outono. Os peixes sem valor comercial, que normal-
mente são usados como isca ou rejeitados a bordo, responderam por 12 a 16% das cap-
turas no inverno-primavera e por 25 a 30% no outono. Foram mais abundantes no sudeste
em ambas as épocas e, de um modo geral, tenderam a aumentar com a profundidade. As
espécies sem valor comercial mais abundantes no sul foram Helicolenus lahillei e
Sphoeroides pachigaster e, no sudeste, Gymnothorax spp. e Polymixia lowei.
O aproveitamento da captura na pesca comercial de espinhel-de-fundo, quando
realizada por embarcações de médio porte sem processamento e congelamento a bordo,
é próximo aos 80% e a quase totalidade do restante é aproveitada como isca. Ainda, de
acordo com o preço e a disponibilidade do calamar-argentino, mesmo as espécies de baixo
valor comercial também podem ser utilizadas como isca. Portanto, tem-se que o descarte
é mínimo.
80% 80%
60% 60%
40% 40%
20% 20%
alto valor
0% alto valor 0% baixo valor
100- baixo valor SUL SE
150- 1996 sem valor
149m 199m 200- 1996 SUL SE
250- sem valor 1997
249m 300- 1997
300m 399m 400-
510m
Figura 1.58 – Percentagens de espécies de alto, baixo e sem valor comercial por faixas de profundidade e
nas regiões sudeste e sul nos levantamentos com espinhel-de-fundo realizados no inverno-primavera de 1996
e outono de 1997 a bordo do B/P Margus II entre 22˚S e 34˚40’S.
Cabe ressaltar que a pressão da pesca de espinhel exercida sobre as espécies com
pouco ou sem valor comercial, utilizadas como isca a bordo, é a mesma que sobre as de alto
valor. Algumas delas como a abrótea-de-profundidade e os caçonetes dos gêneros Squalus
e Mustelus, que estiveram entre as principais na pesca de espinhel, são também alvo da
pesca de arrasto de profundidade por barcos nacionais e arrendados. Portanto, na avaliação
de estoques destes recursos, o impacto da pesca de espinhel deve ser considerado.
Tabela 1.17 – Espécies ou gêneros de peixes capturados com pargueiras no levantamento de prospecção
pesqueira realizado em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II entre o Cabo de São Tomé (22˚00’S) e Chuí
(34˚40’S) (CPUE em kg e número por 1.000 anzóis-hora).
quando comparados aos dois cruzeiros que cobriram o extremo setentrional da área de
estudo. No entanto, o rendimento em peso não seguiu o mesmo padrão, visto que os
espécimes capturados nos cruzeiros 9705 e 9706 (São Sebastião ao Cabo de São Tomé)
eram de maior porte. Em relação à batimetria, os maiores rendimentos em número tende-
ram a ser obtidos em maiores profundidades, à exceção do estrato 100-150 que apresen-
tou comparativamente um rendimento elevado. Os rendimentos em peso não apresen-
taram uma tendência definida, sendo os maiores valores calculados para os lances entre
200 e 250 m, faixa batimétrica na qual foram obtidos os maiores pesos médios.
70 CPUE número
CPUE peso
50
40
80
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Perfis
Figura 1.59 – CPUE em número e peso (kg) de peixes por 1000 anzóis-hora de imersão das pargueiras por
perfis, no levantamento de prospecção pesqueira realizado em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II entre
22˚00’S e 34˚40’S.
30 2,0
Kg ou número por 1000 anzóis-hora
20
Peso médio (Kg)
1,2
15
0,8
10
0,4
5
0 0,0
9701 9702 9703 9704 9705 9706 9701 9702 9703 9704 9705 9706
Cruzeiros Cruzeiros
30 CPUE peso
1,6
25
20 1,2
15 0,8
10
0,4
5
0 0,0
100-149 150-199 200-249 250-299 300-399 400-499 100-149 150-199 200-249 250-299 300-399 400-499
Faixas de profundidade Faixas de profundidade
Figura 1.60 – CPUE e pesos médios dos peixes capturados com pargueiras por cruzeiros e por classe de profundidade. no le-
vantamento de prospecção pesqueira realizado em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II entre o 22˚00’S e 34˚40’S. A e B:
número e peso (kg) de peixes por 1000 anzóis-hora de imersão por cruzeiros e por profundidade; C e D: pesos médios (kg) dos
peixes capturados por cruzeiros e faixas de profundidades.
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1314 15 16 17 18
Perfis
com captura iscados vazios perdidos
Figura 1.61 – Percentagem de anzóis que retornaram com captura, com iscas, vazios e os que foram perdi-
dos das pargueiras por perfil no levantamento de prospecção pesqueira realizado em abril-junho de 1997 com
o B/P Margus II entre o 22˚00’S e 34˚40’S.
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0%
1 2 3 4 5 6 >7
Figura 1.62 – Percentagens de alças recolhidas com capturas, anzóis iscados, anzóis vazios e anzóis perdi-
dos nos diferentes anzóis das pargueiras no levantamento de prospecção pesqueira realizado em abril-junho
de 1997 com o B/P Margus II entre o 22˚00’S e 34˚40’S. Numeração dos anzóis: (1) mais próximo ao cabo
principal (>7) mais próximo à bóia e mais afastado do fundo.
CPUE peso
25
20
15
10
0
1 2 3 4 5 6 >7
numeração dos anzóis das pargueiras
Figura 1.63 – Número de presas e peso total da captura por 1000 anzóis-hora nos diferentes anzóis das par-
gueiras no levantamento de prospecção pesqueira realizado em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II entre
o 22˚00’S e 34˚40’S. Numeração dos anzóis: (1) mais próximo ao cabo principal (>7) mais próximo à bóia e
mais afastado do fundo.
Tabela 1.18 – Total de armadilhas recolhidas em diferentes cruzeiros e faixas de profundidade, no levantamen-
to de prospecção pesqueira realizado em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II entre o 22˚00’S e 34˚40’S.
Faixas de Cruzeiros
Total
profundidade (m) 9701 9702 9703 9704 9705 9706
100-149 4 3 6 3 16
150-199 9 6 8 5 8 10 46
200-249 5 9 6 2 8 2 32
250-275 6 1 6 4 3 6 26
300-349 10 8 9 7 4 38
400-510 8 15 12 8 9 6 58
Total 42 42 47 22 35 28 216
Tabela 1.19 – Ocorrência dos diversos taxa capturados nas armadilhas em diferentes cruzeiros e faixas de profundidade do levantamento
de prospecção pesqueira realizado em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II entre 22˚00’S e Chuí 34˚40’S.
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
30˚ S 30˚ S
Santos Santos
24˚ S 24˚ S
26˚ S 26˚ S
Itajaí Itajaí
30˚ S 30˚ S
<1
1-5
5-25
32˚ S Rio Grande 32˚ S Rio Grande
25-100
>100
Figura 1.64 – Número de exemplares de crustáceos da megafauna bentônica capturados com armadilhas no levantamento de
prospecção pesqueira realizado entre 22˚00’S e 34˚40’S em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II.
10%
5%
0% 0%
21 27 33 39 45 51 57 63 14 18 22 26 30 34 38 42 46 >50
Figura 1.65 – Distribuição de comprimentos de Urophycis mystacea e Helicolenus lahillei que ocorreram no
espinhel-de-fundo, pargueira e armadilha no levantamento de prospecção pesqueira realizado entre 22˚00’S
e 34˚40’S em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II.
% em peso % em número
Outros
Gymnothorax ssp
Mixinídeos
Pagrus pagrus
Helicolenus Iahillei
Squalus spp.
Carcharhinus spp
Pseudopercis numida
Epinephelus niveatus
Polyprion americanus
Urophycis mystacea
Lopholatilus villarii
0% 10% 20% 30% 0% 20% 40% 60%
Figura 1.66 – Percentagens em número e peso dos peixes capturados com ■ armadilhas, ■ pargueiras e
■ espinhel no levantamento de prospecção pesqueira realizado em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II
entre 22˚00’S e 34˚40’S.
45%
20%
Pargueiras
Pargueiras
30%
10%
15%
0% 0%
0% 15% 30% 45% 60% 0% 15% 30% 45% 60%
A Espinhel B Espinhel
Figura 1.67 – Relação entre as percentagens de anzóis recolhidos, por lance, com presas (A) e sem isca (B),
no espinhel-de-fundo e nas pargueiras, no levantamento de prospecção pesqueira realizado entre 22˚00’S e
34˚40’S em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II.
núm/h de crustáceos
núm/h de crustáceos
20% 20% 20%
0% 0% 0%
0% 25% 50% 75% 100% 0% 25% 50% 75% 100% 0% 25% 50% 75% 100%
Anzóis recolhidos com peixes Anzóis recolhidos com isca Anzóis recolhidos sem isca
Figura 1.68 – Relação entre o número de crustáceos potenciais predadores de iscas, por hora de imersão das
armadilhas, e as percentagens de anzóis recolhidos por lance: (A) com peixes, (B) com isca e (C) sem isca, no
levantamento de prospecção pesqueira realizado entre 22˚00’S e 34˚40’S em abril-junho de 1997 com o B/P
Margus II.
30 A 30 B
25 25
núm/h de crustáceos
núm/h de crustáceos
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0% 20% 40% 60% 0% 20% 40% 60%
Anzol 1 com captura Anzóis 2 a 8 com captura
30 C 30 D
núm/h de crustáceos
25 25
núm/h de crustáceos
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Anzol 1 com isca Anzóis 2 a 8 com isca
30 E 30 F
25 25
núm/h de crustáceos
núm/h de crustáceos
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Anzol 1 sem isca Anzóis 2 a 8 sem isca
Figura 1.69 – Relações entre o número de crustáceos predadores potenciais de iscas por hora de imersão
das armadilhas, com as percentagens de anzóis das pargueiras próximos ao fundo (anzol 1) e afastados do
fundo (anzóis 2 a 8) no levantamento de prospecção pesqueira realizado entre 22˚00’S e 34˚40’S em abril-
junho de 1997 com o B/P Margus II. A e B: recolhidos com captura; C e D: com iscas e E e F: sem iscas.
afastados do fundo (Figura 4.11a e 4.11b). Lances com maiores abundâncias de crustáceos
estiveram freqüentemente associados a baixas percentagens de anzóis próximos ao fun-
do, recolhidos com iscas (Figura 4.11c) e a altas percentagens de anzóis recolhidos sem
iscas (Figura 1.69e). Para os anzóis afastados do fundo, estas associações não foram encon-
tradas (Figuras 1.69d e 1.69f).
O passo seguinte foi avaliar a importância relativa dos diferentes grupos de crustá-
ceos detritívoros. Para tal, foram relacionados o número de captura por hora das diferentes
espécies de crustáceos com as percentagens de anzóis sem isca nos espinhéis.Pode-se obser-
var uma relação positiva muito clara entre a presença de Chaceon spp., de Bathynomus spp.
e Cirolana sp. com o aumento do número de anzóis recolhidos sem isca no espinhel-de-
fundo (Figura 1.70) No entanto, não foi evidenciada uma relação consistente entre a perda
de iscas com a presença das espécies de caranguejos restantes.
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
6
número por hora
4 4
2 2
0 0
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Anzóis recolhidos sem isca no espinhel Anzóis recolhidos sem isca no espinhel
Figura 1.70 – Relações entre o número de crustáceos predadores potenciais de iscas da megafauna bentônica
por hora de imersão das armadilhas e as percentagens de anzóis recolhidos sem iscas no espinhel no levanta-
mento de prospecção pesqueira realizado entre 22˚00’S e 34˚40’S em abril-junho de 1997 com o B/P Margus II.
representando uma taxa de captura de 0,0002 aves/1.000 anzóis. Maiores detalhes sobre a
presença, distribuição e biologia destas espécies são apresentados no Capítulo 3.
A pesca acidental de aves marinhas no extremo sul, nos meses de inverno, parece
ser um problema sério. No extremo sul, atuavam na década de 1990 não menos de 30 bar-
cos operando com espinhel-de-fundo (Peres e Haimovici, 1998; Haimovici e Velasco, 2001).
Considerando uma taxa média de captura de 0,3 aves por 1000 anzóis lançados, 90 dias de
pesca por temporada de inverno-primavera e 3000 anzóis lançados por barco, em torno de
2600 aves teriam sido mortas anualmente pela pesca de espinhel-de-fundo.
1.3.3 Conclusões
Dados independentes da pesca são importantes para avaliar a distribuição e a abun-
dância dos peixes demersais vulneráveis à pesca com anzol na plataforma externa e talude
superior do sudeste-sul do Brasil.Embora tenha havido vários levantamentos em áreas mais
restritas, este trabalho é o primeiro que abrange toda a região em diferentes épocas do ano
e com uma arte de pesca utilizada na pesca comercial. O desenho amostral padronizado
permitiu avaliar a distribuição, as densidades e as abundâncias relativas das principais espé-
cies, a composição da fauna acompanhante e o descarte potencial deste tipo de pescaria. A
partir dos levantamentos realizados, chegou-se às seguintes conclusões:
Foram vulneráveis ao espinhel-de-fundo mais de 30 espécies de elasmobrânquios,
36 de teleósteos e 2 de agnatos. De modo geral, a maioria das espécies ocorreu em ambas
as épocas do ano e ao longo de toda a área de estudo. Os elasmobrânquios foram muito
mais abundantes na região sul, particularmente no inverno e primavera, quando várias
espécies migratórias de cações migram para o norte, coincidindo com o deslocamento das
frentes de plataforma e da convergência subtropical. Espécies como Polyprion americanus
(cherne-poveiro), Pagrus pagrus (pargo-rosa), Helicolenus lahillei (sarrão), Rhinobatos horkel-
li (cação-viola), Raja castelnaui (raia-pintada), e Spheroides pachygaster (baiacu) também
foram abundantes na porção meridional da área de estudo, mas não apresentaram varia-
ções sazonais tão marcantes quanto as primeiras. As moréias do gênero Gymnothorax,
Epinephelus niveatus (cherne-verdadeiro), Pseudopercis numida (namorado), Epinephelus
flavolimbatus (cherne-galha-amarela) e Merluccius hubbsi (merluza) ocorreram com mais
freqüência na região sudeste. Os cações do gênero Carcharhinus ocorreram principal-
mente no sudeste, no inverno-primavera, mas atingiram o sul no outono, quando as tem-
peraturas da água estavam mais elevadas.
As espécies ou gêneros mais abundantes nas capturas em peso foram o peixe-bata-
ta Lopholatilus villarii (28,4%), a abrótea-de-profundidade Urophycis mystacea (18,8%), os
caçonetes Squalus megalops e S. mitsukurii (14,1%), o cherne-poveiro Polyprion americanus
(10,4%), o cherne-verdadeiro Epinephelus niveatus (5,3 %), os cações do gênero Carcharhi-
nus (4,5%), o namorado Pseudopercis numida (4,0%), o sarrão Helicolenus lahillei (3,0 %), o
cação-bico-doce Galeorhinus galeus (1,6 %), os caçonetes Mustelus schmittii e M. canis (1,4
%), o pargo-rosa Pagrus pagrus (1,3%) e o congro-rosa Genypterus brasiliensis (1,0%).
Numericamente, foram dominantes Urophycis mystacea (45,8%), Squalus spp. (19,3%),
Lopholatilus villari (10,8%) e Helicolenus lahillei (10,1%). Além das espécies citadas, ocor-
reram, com freqüências ou números consideráveis, as moréias do gênero Gymonthorax e a
merluza Merluccius hubbsi.
As análises conjuntas das capturas do espinhel-de-fundo, das pargueiras e das arma-
dilhas mostraram que, em lances diurnos de curta duração, não ocorreram outras espécies
de peixes, além das presentes nas capturas do espinhel, que pudessem ser responsáveis
pela perda de iscas.
As baixas capturas de peixes, tanto no espinhel-de-fundo quanto nos anzóis das par-
gueiras próximos ao fundo, estiveram relacionadas com altas densidades de crustáceos pre-
dadores de iscas, capturados pelas armadilhas. Os caranguejos-vermelhos Chaceon notialis e
dourados C. ramosae, parecem ser os principais responsáveis pela predação das iscas nas
áreas onde estes são abundantes. A presença dos demais caranguejos e dos isópodes do
gênero Bathynomus não foi determinante para a perda de iscas, provavelmente por causa de
sua menor densidade ou por estarem menos aparelhados para atuar sobre as iscas. A ação
dos isópodes Cirolana sp. foi ainda menos evidente porque foi pouco retido pelas armadi-
lhas, porém sua importância deve ser considerada nas áreas onde é abundante.
Os resultados obtidos nas capturas mostram uma relativa especificidade da pesca
de anzol. A maioria das espécies-alvo da pesca de espinhel-de-fundo é pouco capturada
com redes-de-arrasto, seja porque ocorrem sobre tipos de fundos não adequados para o
arrasto ou porque, devido a seu tamanho, conseguem evitar a rede. Já as espécies de menor
porte como abrótea-de-profundidade, sarrão e caçonetes, que ocorrem sobre fundos moles
onde é possível arrastar, sofrem uma pressão de pesca maior.
O aproveitamento da captura na pesca comercial de espinhel-de-fundo, quando
realizada por embarcações de médio porte sem processamento e congelamento a bordo,
é próximo aos 80% e a quase totalidade do restante é aproveitada como isca. Embora o
descarte a bordo, em peso, seja reduzido, pode ser importante para algumas espécies
pouco abundantes de pequeno porte. Outro fator de impacto desta pescaria é a captura
acidental de aves marinhas no extremo sul do Brasil nos meses de inverno, e pode apre-
sentar um sério problema para a conservação de suas populações.
Futuros trabalhos de avaliação e propostas de manejo dos recursos demersais de
plataforma externa e talude superior deverão levar em conta que várias das principais espé-
cies capturadas são recursos compartilhados com o Uruguai e, talvez, com a Argentina, prin-
cipalmente o cação-bico-doce, os caçonetes dos gêneros Squalus e Mustelus, o pargo-rosa,
o cherne-poveiro e, possivelmente, a abrótea-de-profundidade.
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Paiva, M.P. & Rocha, C.A.S..1996. Fishing grounds of botton-liners on the continental shelf of South-East,
ANEXO 1
Equipe científica, portos e datas de embarque e desembarque dos cruzeiros de prospecção pesqueira com espinhel-de-fundo do SCORE
SUL - Programa REVIZEE.
2. MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS
CAPTURADOS POR ARMADILHAS E ESPINHEL-
DE-FUNDO NA PLATAFORMA EXTERNA E
TALUDE SUPERIOR ENTRE O CHUÍ (RS) E O
CABO DE SANTA MARTA GRANDE (SC).
Ricardo Capítoli
Manuel Haimovici
Resumo
Foram examinados macroinvertebrados bentônicos capturados com pargueiras,
armadilhas e anzóis do espinhel-de-fundo entre o Chuí e o Cabo de Santa Marta Grande,
nos levantamentos de prospecção pesqueira realizados com o B/P Margus II, na plataforma
externa e talude continental superior. As armadilhas capturaram apenas crustáceos, princi-
palmente isópodes e carangejos brachiurídeos. Os macroinvertebrados retidos nos anzóis
do espinhel permitiram diferenciar os principais organismos integrantes de dois grupos
ecológicos de macroinvertebrados:o primeiro,constituído por crustáceos carnívoros vágeis,
que podem se apresentar em substratos inconsolidados e o segundo,que inclui organismos
sésseis e sedentários característicos de substratos consolidados, como poríferos, hidrozoá-
rios, gorgônias, corais hermatípicos, cirripédios e ofiuróides.
27º 20
50 100 200
500
Florianópolis
140
138
28º
139 136
137
Cabo S. Marta
Grande
132 134
29º
131
Torres 135
133
112
32º Rio Grande 111 113
114
# extra 2
110 115
Lagos
Mirim
108
106
33º 109 107
103105
Chuí 104 102
101
34º com captura
# extra 1
95 99 sem captura
96
98
97
100
Figura 2.1 – Localização das estações com capturas de macroinvertebrados nas armadilhas lançadas junto
ao espinhel-de-fundo no levantamento de outono de 1997, entre o Chuí e o Cabo de Santa Marta Grande, a
bordo do B/P Margus II.
Tabela 2.1 – Lista dos macroinvertebrados capturados nas armadilhas lançadas junto ao espinhel-de-fundo no
levantamento de outono de 1997, entre o Chuí e o Cabo de Santa Marta Grande, a bordo do B/P Margus II.
Florianópolis Florianópolis
28º Chaceon notialis Cirolana sp.
+ C. ramosae Cabo S. Marta Cabo S. Marta
Grande Grande
29º
Torres Torres
200 200
31º Lagos dos Lagos dos
Patos Patos
100 100
33º
Chuí Chuí
34º
Florianópolis Florianópolis
28º Bathynomus giganteus Bathynomus miyarei
Cabo S. Marta Cabo S. Marta
Grande Grande
29º
Torres Torres
200 200
31º Lagos dos Lagos dos
Patos Patos
100 100
33º
Chuí Chuí
34º
Florianópolis Florianópolis
Stenocionops sp. Plesionika sp.
28º
Acantocarpus alexandrii Rochinia sp. Cabo S. Marta
Squilla brasiliensis Cabo S. Marta
Grande Portunus spinicarpus Grande
29º
Torres Torres
200 200
31º Lagos dos Lagos dos
Patos Patos
100 100
33º
Chuí Chuí
34º
54º 53º 52º 51º 50º 49º 48º 47º 54º 53º 52º 51º 50º 49º 48º 47º
Figura 2.2 – Locais de ocorrência das espécies de macroinvertebrados capturadas pelas armadilhas lançadas
junto ao espinhel-de-fundo no levantamento de outono de 1997, entre o Chuí e o Cabo de Santa Marta Grande,
a bordo do B/P Margus II.
PROFUNDIDADE (metros)
125 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700
Portunus spinicarpus
Squilla brasiliensis
Plesionika sp.
Rochinia sp.
Acantocarpus alexandrii
Stenocionops sp.
Cirolana sp.
Chaceon notialis + C. ramosae
Bathynomus miyarei
Bathynomus giganteus
Figura 2.3 – Distribuição batimétrica das espécies de macroinvertebrados capturados nas armadilhas lançadas
junto ao espinhel-de-fundo no levantamento de outono de 1997, entre o Chuí e o Cabo de Santa Marta Grande,
a bordo do B/P Margus II.
Tabela 2.2 – Lista das espécies de macroinvertebrados coletadas pelos anzóis do espinhel-de-fundo e das
pargueiras no levantamento do inverno de 1996 e o outono de 1997, entre o Chuí e o Cabo de Santa Marta
Grande, a bordo do B/P Margus II.
dos corais de profundidade começou a ser notada no Brasil a partir do registro de sua ocor-
rência em amostras com testemunhos e, posteriormente, com registros ecóicos, indicando
a presença de substratos duros na Bacia de Campos (SP), de centenas de metros até 1 km.
Em 1992 e 1993, filmagens submarinas a 530 m de profundidade, comprovaram o desen-
volvimento de recifes de profundidade monopolizados por Lophelia (PETROBRÁS, 1994).
Brooke (2002) e Kitahara (2002) ressaltam a importância ecológica dos fundos com predo-
minância de corais de profundidade ao identificá-los como verdadeiros “oásis”que, manten-
do o equilíbrio do ecossistema, abrigam uma rica fauna de invertebrados e de agrupa-
mentos de peixes. Bett e Roberts (2000) indicam que fundos de corais de profundidade
podem chegar a abrigar mais de 300 espécies. Estes autores também alertam sobre o peri-
go que a prática da pesca pode significar,caso sejam utilizados métodos de danifiquem este
tipo de fundo.
O levantamento realizado indica a importância da heterogeneidade de substratos
na região do talude superior. Capítoli (2000) identifica a grande variedade de tipos de fundo
desta região como um dos fatores determinantes da alta diversidade de espécies coletadas
com arrastos entre Mostardas e Chuí, em comparação à diversidade observada na platafor-
ma média. Com base na distribuição dos corais de profundidade entre Santa Catarina e
Chuí, Kitahara (2002) realizou uma primeira tentativa de localizar e mapear as áreas do
talude superior onde se localizam fundos com substratos consolidados.
A presença de fundos em mosaico onde se alternam fundos inconsolidados e con-
solidados pode ser considerada uma característica importante para o funcionamento do
ecossistema. Este aspecto deverá ser melhor analisado em futuras pesquisas que permitam
obter dados populacionais e tipo de alimentação das espécies. Isto permitiria avaliar a
importância da utilização das áreas de comunidades de substratos consolidados como abri-
go ou fonte de recursos alimentares para invertebrados vágeis e peixes demersais. Deve ser
ressaltada,ainda,a necessidade de realizar com maior detalhe o mapeamento dos mosaicos
de tipos de fundo na região do talude superior e se possível, amostragens e documentação
fotográfica dos tipos de fundo.
3. CAPTURA INCIDENTAL DE
AVES OCEÂNICAS NA PESCA
COM ESPINHEL-DE-FUNDO
Resumo
A captura incidental de aves marinhas, pelo aparelho de pesca espinhel-de-fundo,
foi analisada com base nos dados obtidos em 188 operações realizadas pelo barco pes-
queiro Margus II entre o Chuí, RS (35˚S) e o Cabo de São Tomé, RJ (22˚S), de 100 a 500 m
de profundidade, nos períodos de agosto a outubro de 1996 e de abril a junho de 1997, no
contexto das pesquisas de prospecção pesqueira demersal do programa REVIZEE no sul e
sudeste do Brasil. Foram capturadas 19 aves: seis Puffinus gravis, cinco Procellaria aequinoc-
tialis, cinco Thalassarche melanophris, uma Procellaria conspicillata, uma Diomedea exulans
e uma ave que não pôde ser identificada. A grande maioria foi de aves migratórias que se
reproduzem em regiões subantárticas e antárticas. A plataforma continental do sul do
Brasil sob a influência da Convergência Subtropical é uma das principais áreas de alimen-
tação para as aves oceânicas do Atlântico Sul, sendo também a área de pesca de muitos
barcos que pescam com espinhéis demersais e pelágicos. A implantação, nesta frota, de
métodos que evitem a captura de aves representa uma importante ação em prol da con-
servação destas populações.
grampo (snapper) na outra. Foram utilizados 1.000 anzóis por lance. Não foi adotada qual-
quer medida para prevenir a captura incidental de aves.O primeiro lance era realizado logo
após o amanhecer, e o último lançamento ocorria geralmente antes das quatro horas da
tarde. A isca utilizada foi a lula argentina Illex argentinus congelada, com comprimento do
manto entre 25-35 cm e peso entre 200-400 g. As lulas eram descongeladas, evisceradas e
o manto cortado em várias rodelas, para iscar de seis a oito anzóis.
Tabela 3.1 – Aves capturadas em dois levantamentos de propecção pesqueira com espinhel-de-fundo a bordo
do B/P Margus II, realizados no inverno-primavera de 1996 e outono de 1997 entre o cabo de São Tomé e Chuí.
início do lance e
perfil lance prof. (m) data posição espécie
fim do recolhimento
1 5 165 29/08/96 34º28,10’S 51º51,20’W 10:45 h 14:26 h Procellaria aequinoctialis
1 6 123 29/08/96 34º21,45’S 51º59,86’W 15:45 h 19:20 h Thalassarche melanophris
2 8 360 30/08/96 33º41,22’S 51º04,18’W 10:40 h 14:30 h Puffinus gravis
2 9 280 30/08/96 33º40,88’S 51º04,66’W 14:45 h 18:46 h Puffinus gravis
2 9 280 31/08/96 33º40,88’S 51º04,66’W 14:14 h 18:46 h Puffinus gravis
3 13 343 01/09/96 33º00,84’S 50º26,52’W 11:30 h 17:00 h Thalassarche melanophris
3 13 343 01/09/96 33º00,84’S 50º26,52’W 11:30 h 17:00 h Thalassarche melanophris
3 13 343 01/09/96 33º00,84’S 50º26,52’W 11:30 h 17:00 h Procellaria aequinoctialis
4 18 295 09/09/96 32º09,50’S 50º06,78’W 12:17 h 17:10 h Procellaria aequinoctialis
4 18 295 09/09/96 32º09,50’S 50º06,78’W 12:17 h 17:10 h Puffinus gravis
4 18 295 09/09/96 32º09,50’S 50º06,78’W 12:17 h 17:10 h não identificada
5 24 200 12/09/96 31º17,93’S 49º40,21’W 06:11 h 09:23 h Procellaria aequinoctialis
5 26 133 12/09/96 31º16,92’S 49º45,91’W 13:27 h 16:55 h Thalassarche melanophris
5 26 133 12/09/96 31º16,92’S 49º45,91’W 13:27 h 16:55 h Puffinus gravis
6 29 299 13/09/96 30º42,43’S 48º54,77’W 14:06 h 18:00 h Procellaria aequinoctialis
6 31 180 14/09/96 30º41,24’S 49º01,01’W 10:20 h 14:05 h Procellaria conspicillata
6 32 132 14/09/96 30º33,44’S 49º06,20’W 15:29 h 18:39 h Procellaria aequinoctialis
4 113 296 21/04/97 32º09,71’S 50º06,94’W 12:53 h 17:09 h Diomedea exulans
11 152 140 19/05/97 25º47,29’S 46º22,19’W 13:13 h 16:58 h Puffinus gravis
vez, constituem em vasta fonte de alimento para as aves oceânicas e recursos pesqueiros.
No inverno, a influência das águas subantárticas da Corrente das Malvinas e das águas cos-
teiras do Rio da Prata estende-se sobre a plataforma continental do sul do Brasil, enquan-
to as águas tropicais da Corrente do Brasil ocorrem na superfície, fora da plataforma.A zona
de transição entre estas duas massas de água na margem externa da plataforma constitui
o limite oeste da Convergência Subtropical. Durante o verão, esta convergência migra para
o sul, e a Corrente do Brasil determina as condições hidrográficas nas águas costeiras e
oceânicas da região (Vooren e Fernandes, 1989; Garcia, 1997).
Além das cinco espécies capturadas nos cruzeiros realizados com o B/P Margus II,
Diomedea epomophora, Thalassarche chlororhynchos e Fulmarus glacialoides também são
capturadas pelos espinhéis pelágicos e demersais da frota pesqueira (Vaske 1991; Vooren
e Brusque, 1999). No entanto, informações provenientes da pesca comercial, que concen-
tra suas atividades em áreas conhecidas pela abundância de peixes, tendem a produzir
resultados superestimados com relação à abundância de aves. Nos cruzeiros ora analisa-
dos, os lances foram realizados em faixas batimétricas paralelas, de forma que os dados
apresentados são bons indicadores da distribuição e abundância das aves oceânicas. As
capturas de aves se concentraram entre as latitudes de 30˚ e 35˚ S entre as longitudes de
48˚ a 52˚ W (Figura 3.1,Tabela 3.1). Com relação à profundidade, as capturas de aves ocor-
reram dispersas entre 123 e 360 m.
Tabela 3.2 – Dados morfométricos e biológicos de aves capturadas nos cruzeiros Margus II.
da sua interação com a pesca. Estima-se que cerca de 10% da população mundial é cap-
turada a cada ano por espinhéis (Enticott e Tipling; 1997).
As aves desta espécie que ocorrem no mar em frente às costas do sul do Brasil,
Uruguai e norte da Argentina, são provenientes principalmente dos ninhais da Geórgia do
Sul (Bird Island), onde cerca de 2.000 casais se reproduzem. O período reprodutivo dura
cerca de 13 meses. A ovoposição ocorre em dezembro e janeiro, a incubação dura cerca de
70 dias e o tempo do filhote no ninho em torno de 270 dias. Durante o período reproduti-
vo, estas aves se distribuem no Atlântico sudoeste entre as latitudes de 28˚S e 67˚S, mas
principalmente entre 33-38˚S e 43-45˚S, geralmente fora da isóbata de 1.000 m. As fêmeas
realizam viagens mais longas, alcançando latitudes menores entre o fim de julho e outubro,
quando o filhote está sendo alimentado e, desta forma, são mais vulneráveis à captura por
espinhéis que os machos (Prince et al., 1997). Nesta época, é uma espécie comum na borda
da plataforma continental do Rio Grande do Sul, onde se alimenta da lula Illex argentinus e
acompanha navios (Vooren e Fernandes, 1989; Vooren, 1997; Neves, 2000).
Prince, P.A., Croxall, J.P.,Tratham, P.N & Wood, A.G., 1997,The pelagic distribution of South Georgia albatross-
es and their relationships with fisheries, pp. 137-167. In: Albatross Biology and Conservation. G.
Robertson & R. Gales (Eds.) Surrey Beauty & Sons, Chipping Norton.
Santos, S., 1999, A pesca de espinhel de superfície (“longline”) na região sudeste-sul do Brasil no ano 1998,
183 p. Relatório anual técnico científico Programa REVIZEE - Score Sul, Sub-projeto “Avaliação das
Capturas de Elasmobrânquios”. CEPSUL/IBAMA Itajaí, SC.
Stagi, A., Vaz-Ferreira, R., Marín, Y. & Joseph, L., 1997, The conservation of albatrosses in uruguaian waters,
pp. 220-224. In: Albatross Biology and Conservation. G. Robertson & R. Gales (Eds.) Surrey Beauty
& Sons, Chipping Norton.
Vaske, T. Jr. 1991. Seabird mortality on longline fishing for tuna in Southern Brazil. Ciência e Cultura 43(5):
388-390.
Vooren, C.M. & Fernandes, A.C., 1989, Guia de Albatrozes e Petréis do Sul do Brasil. Ed. Sagra.
Vooren, C.M., 1997, Sea and Shore Birds. pp. 155-159. In: Subtropical Convergence Environments – The
coast and the sea in the Southwestern Atlantic. U. Seeliger, C. Odebrecht & J.P. Castello (Eds.).
Springer.
Vooren, C.M. & Brusque, L.F., 1999, As Aves do Ambiente Costeiro do Brasil: Biodiversidade e Conservação.
Programa Nacional da Diversidade Biológica (PRONABIO), Subprojeto: Avaliação e Ações Priori-
tárias para a Zona Costeira e Marinha, Área temática: Aves Marinhas.
4. DIVERSIDADE E ASSOCIAÇÃO
DE ESPÉCIES NAS CAPTURAS DE
ESPINHEL-DE-FUNDO
Resumo
A análise da diversidade e da associação de espécies observadas nas capturas reali-
zadas com espinhel-de-fundo entre o Chuí, RS (35˚S) e São Tomé, RJ (22˚S), de 100 a 500 m
de profundidade, nos períodos de agosto a outubro de 1996 e de abril a junho de 1997, foi
conduzida com base nos dados obtidos em 188 operações de pesca, onde foram captura-
dos 22.891 peixes.A aplicação de modelos lineares generalizados sobre estes dados indicou
que a taxa de captura aumenta primeiramente com a latitude e, secundariamente, com a
profundidade. De forma geral, as maiores taxas foram registradas nas maiores profundi-
dades da porção sul da área de estudo. No entanto, interações importantes entre a latitude,
a profundidade e a época do ano mostraram que os padrões de variação na abundância das
espécies são distintos entre as porções sul e norte. No sul (28˚S a 35˚S) foi observada uma
forte variação da taxa de captura registrada entre os dois períodos analisados, principal-
mente nas isóbatas de 100 a 250 m. Nesta área, o gradiente de profundidade afeta com
maior magnitude a diversidade das capturas e a associação de espécies. No norte (22˚S a
28˚S), além do efeito da profundidade, há um marcante efeito da variação latitudinal na
diversidade e na composição das capturas, principalmente nas menores profundidades. As
análises de classificação e ordenação determinaram os grupos de espécies característicos
das regiões de quebra de plataforma e de talude superior e, principalmente na porção nor-
te, indicaram a mudança na composição das capturas de acordo com a variação latitudinal.
4.1 Introdução
O presente estudo foi desenvolvido no contexto do projeto “Prospecção Pesqueira
com Espinhel-de-fundo” do Subcomitê Sul do Programa de Avalição do Potencial Susten-
tável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva – REVIZEE Score Sul e teve como
objetivo a identificação dos padrões de distribuição e de associação das espécies obser-
vadas nas capturas. A identificação destes padrões é considerada uma pré-condição para
a compreensão dos estoques multiespecíficos e para o delineamento de estratégias de
manejo orientadas ao ecossistema (Caddy e Sharp, 1986).
como a disposição dos perfis de coleta em relação à costa e o posicionamento das opera-
ções de pesca encontram-se indicados no Capítulo 1 deste livro.
A abundância relativa por espécie em cada operação de pesca foi dada pela taxa
instantânea de remoção parcial de isca (i), que ajusta a informação de captura de acordo
com o efeito da saturação do aparelho de pesca,da competição entre as espécies e da perda
de iscas causada por organismos detritívoros (Hovgård e Lassen, 2000; ver seção 1.3.2.6.
As variações da taxa de remoção parcial de isca por espécie (li) e do índice estatís-
tico de informação de diversidade de Shannon (H’) (Magurran, 1988) foram analisadas
através do ajuste de modelos lineares generalizados e de sua deviância (McCullagh e
Nelder, 1989; Hastie e Pregibon, 1997). Foram testados os efeitos das variáveis contínuas
latitude, profundidade e da variável categórica cruzeiro com os níveis primavera e outono.
A adequação da escolha da função de distribuição na descrição da variável resposta foi
verificada através da prova de aderência de Komolgorov-Smirnov (KS) (Siegel, 1975; Zar,
1996) e pela plotagem da deviância residual do modelo e de seus intervalos de confiança
com nível de significância de 5%.
A análise das associações de espécies capturadas foi conduzida através da apli-
cação de métodos multivariados de classificação e ordenação. A seleção das espécies para
estas análises foi baseada no número absoluto de indivíduos por espécie (Ns) e na freqüên-
cia relativa de ocorrência nas operações de pesca (Frs). Foram selecionadas as espécies que
apresentaram uma freqüência relativa de ocorrência de 5% ou mais e um número de, pelo
menos, dez indivíduos capturados. As matrizes biológicas utilizadas para as análises con-
tiveram dados transformados da taxa de remoção parcial de isca por espécie e operação
de pesca (log(li+1)).
Primeiramente, utilizou-se o método de classificação hierárquica divisiva Análise
Indicadora em Duas Vias (TWINSPAN) (Hill, 1979), implementado pelo programa PC-ORD
para Windows versão 3.20 (McCune e Mefford, 1997), para identificar os conjuntos de ope-
rações de pesca com composição de captura semelhante e os grupos de espécies com
mesmo padrão de ocorrência. A Análise Canônica de Correspondência (ACC), implementa-
da através do programa CANOCO para Windows versão 4 (ter Braak, 1986, 1988 e 1995), foi
aplicada para detectar os padrões de variação da abundância das espécies selecionadas e
sua relação com o meio. As variáveis ambientais utilizadas para caracterizar as operações
de pesca foram a profundidade e o posicionamento geográfico (latitude e longitude).
Tabela 4.2 – Análise de deviância para o modelo linear generalizado com os efeitos principais e as interações
de primeira ordem significativas, baseado na distribuição gama com função de ligação logarítmica, ajustado
aos valores da taxa parcial de remoção de iscas de peixes ósseos e cartilaginosos nos cruzeiros de primavera
e outono do B/P Margus II.
Tabela 4.3 – Coeficientes do modelo linear generalizado com os efeitos principais e as interações de primeira
ordem, baseado na distribuição gama com função de ligação logarítmica, ajustado aos valores da taxa parcial
de remoção de iscas de peixes ósseos e cartilaginosos nos cruzeiros de primavera e outono do B/P Margus II.
1,0
taxa parcial de remoção de isca ()
0,8
0,8
0,6
0,6
0,4
0,4
0,2
0,2
0,0
0,0
1 3 5 7 9 11 13 16 17 1 3 5 7 9 11 13 16 17
perfil perfil
Figura 4.1 – Boxplot da taxa de remoção parcial de isca por peixes () nas operações do cruzeiro de prima-
vera do B/P Margus II por estrato de profundidade e perfil.
1,0
1,0
0,8
0,8
taxa parcial de remoção de isca ()
0,6
0,6
0,4
0,4
0,2
0,2
0,0
0,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 1 3 5 7 9 11 13 15 17
perfil perfil
Figura 4.2 – Boxplot da taxa de remoção parcial de isca por peixes () nas operações do cruzeiro de outono
do B/P Margus II por estrato de profundidade e perfil.
1,0
taxa parcial de remoção de isca ()
0,8
0,6
0,4
Tabela 4.4 – Números absolutos e relativos de captura de peixes teleósteos e elasmobrânquios por classe de
profundidade e cruzeiro.
Profundidade (m)
Grupo Cruzeiro Total
100-250 250-500
Elasmobrânquios Primavera 2376 (56%) 1864 (44%) 4240 (100%)
Outono 790 (70%) 343 (30%) 1133 (100%)
Teleósteos Primavera 1522 (20%) 5888 (80%) 7410 (100%)
Outono 1134 (11%) 8974 (89%) 10108 (100%)
2,0
2,0
1,5
1,5
H’
1,0
1,0
0,5
0,5
0,0
0,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 1 3 5 7 9 11 13 15 17
perfil perfil
Figura 4.4 – Boxplot do índice de diversidade de Shannon (H’) nas operações do cruzeiro de primavera do
B/P Margus II por estrato de profundidade e perfil.
2,0
1,5
1,5
H’
1,0
1,0
0,5
0,5
0,0
0,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 1 3 5 7 9 11 13 15 17
perfil perfil
Figura 4.5 – Boxplot do índice de diversidade de Shannon (H’) nas operações do cruzeiro de outono do B/P
Margus II por estrato de profundidade e perfil.
2,0
1,5
H’
1,0
0,5
estrato de profundidade.
Primavera 100 Outono 100 Primavera 250 Outono 250
cruzeiro. profundidade
Tabela 4.5 – Análise de deviância para o modelo linear generalizado com os efeitos principais significativos,
baseado na distribuição normal com função de ligação logarítmica, ajustado aos valores do índice de diversi-
dade de Shannon (H’) das operações de pesca do B/P Margus II realizadas entre 28 e 35˚S (perfis 1 a 8).
Tabela 4.6 – Coeficientes do modelo linear generalizado com os efeitos principais, baseado na distribuição
gama com função de ligação logarítmica, ajustado aos valores do índice de diversidade de Shannon (H’) das
operações de pesca do B/P Margus II realizadas entre 28 e 35˚S (perfis 1 a 8).
Tabela 4.7 – Análise de deviância para o modelo linear generalizado com os efeitos principais e as interações
de primeira ordem significativas, baseado na distribuição normal com função de ligação logarítmica, ajustado
aos valores do índice de diversidade de Shannon (H’) das operações de pesca do B/P Margus II realizadas
entre 22 e 28˚S (perfis 9 a 18).
Tabela 4.8 – Coeficientes do modelo linear generalizado com os efeitos principais e as interações de primeira
ordem, baseado na distribuição gama com função de ligação logarítmica, ajustado aos valores do índice de
diversidade de Shannon (H’) das operações de pesca do B/P Margus II realizadas entre 22 e 28˚S (perfis 9 a 18).
Coeficiente Erro Padrão Pr(>|z|)
Intercepto 1,64436 0,6246 0,00989
Profundidade –0,00099 0,0004 0,01606
Latitude –0,05576 0,0246 0,02600
Período:Outono 0,29060 0,1710 0,09245
Prof._Período –0,00140 0,0006 0,03356
operações realizadas entre os perfis 1 e 8 (28 a 35˚S) indicou que a profundidade foi o
único fator de efeito significativo (Tabelas 4.5 e 4.6). Já na área compreendida entre os per-
fis 9 a 18 (22 a 28˚S), além da profundidade, tiveram efeitos significativos a latitude e o
período de execução do cruzeiro (Tabelas 4.7 e 4.8). Nesta área, a diversidade das capturas,
além de diminuir com a profundidade, tendeu a decrescer para o sul e, no cruzeiro de ou-
tono, a diminuição da diversidade com a profundidade foi ainda mais acentuada.
Considerando as diferenças de captura e diversidade de espécies observadas nas
etapas anteriores deste estudo, as análises sobre associação de espécies foram conduzidas
separadamente para a área compreendida entre os perfis 1 e 9 (27 a 35˚S), chamada de
área sul, e entre os perfis 8 e 18 (22 a 30˚S), denominada área sudeste. De acordo com os
critérios de seleção, foram incluídas nas análises de associação de espécies nas áreas
sudeste e sul, respectivamente, 20 e 18 espécies ou categorias (Tabela 4.9). A captura em
número das espécies selecionadas representou 99% do total.
A Análise de Espécies Indicadoras em Duas Vias (TWINSPAN), realizada para os perfis
da área sul dos cruzeiros de primavera e outono (Figuras 4.7 e 4.8), mostrou conjuntos de
operações de pesca de captura semelhante, caracterizados por estratos de profundidades
sem, no entanto, evidenciar diferenças marcantes nos valores da taxa parcial de remoção de
iscas entre os grupos (Figuras 4.9 e 4.10). Espécies como Polyprion americanus, Urophycis
mystacea e Helicolenus lahillei foram capturadas em conjunto e de forma abundante em pro-
Pseudopercis numida
Polyprion americanus
Epinephelus niveatus
Urophycis mystacea
Prionotus punctatus
Galeorhinus galeus
Heptranchias perlo
Gymnothorax spp.
Helicolenus lahillei
Carcharhinus spp.
Merluccius hubbsi
Lopholatilus villarii
Scyliorhinus spp.
Polymixia lowei
Pagrus pagrus
Mustelus spp.
Squalus spp.
Raja spp.
AA ABA ABB BA BBA BBB taxa de remoção
parcial de isca (i)
ST001 6 3 1 (0,0000–0,0011)
ST002 6 5 2 2 (0,0011–0,0028)
ST012 3 6 6 5 2 3 (0,0028–0,0056)
ST007 5 6 4 4 (0,0056–0,0183)
ST016 5 6 4 5 (0,0183–0,0552)
ST021 5 6 2 6 (0,0552–0,9454)
ST027 6 5
ST028 5 6 6
ST042 2 6 4
ST039 5 4 1 1 1
ST040 2 4 6 2 2
ST041 2 5 4 2
ST033 2 3 6 3
ST043 aa 2 4 6 5
ST029 6 4 2 2 2 3 2
ST023 2 6 3 5 2 3 2
ST003 5 5 6 6 5 4 3
ST004 3 5 6 6 4 3 2 3
ST008 3 4 6 6 5 2 3 4
ST017 2 4 6 6 2 3 2
ST022 2 3 5 6 3
ST009 2 5 4 6 5 4 5
ST010 2 4 4 6 5 4 4 2 2
ST013 3 4 5 5 3 2 6 2
ST014 3 3 3 5 2 2 5 2 2
ST018 5 5 6
ST034 2 6 3 2 2
ST011 2 5 6 2 2 3 2 5 4 2 5
ST019 4 2 5 2 6 5 2 3
ST020 2 2 2 2 5 4 2 Figura 4.7 – Tabela orde-
ST044 2 4 2 nada dos grupos de ope-
ST035 4 2
ST036 3 2 2 rações de pesca (aa, ab,
ST046 ab 5 3 2 2 2 ba e bb) e de espécies
ST005 7 4 3 (AA, ABA, ABB, BA, BBA
ST031 6 2
ST024 2 4 2 2 3 3 2 e BBB), resultantes da
ST030 6 3 5 3 Análise de Espécies Indi-
ST038 4 2 4 2
cadoras em Duas Vias
ST045 4 2
ST006 5 6 5 3 3 (TWINSPAN) das opera-
ST015 ba 2 4 2 4 2 5 3 4 3 4 ções de pesca realizadas
ST025 4 4 6
ST026 3 6
nos perfis 1 a 9 (27˚S a
bb
ST032 4 4 6 35˚S) do cruzeiro de pri-
ST037 4 3 4 4 4 mavera do B/P Margus II.
Genypterus brasiliensis
Schroederichthys spp.
Pseudopercis numida
Polyprion americanus
Epinephelus niveatus
Urophycis mystacea
Prionotus punctatus
Galeorhinus galeus
Heptranchias perlo
Gymnothorax spp.
Helicolenus lahillei
Carcharhinus spp.
Merluccius hubbsi
Lopholatilus villarii
Scyliorhinus spp.
Polymixia lowei
Pagrus pagrus
Mustelus spp.
Squalus spp.
Raja spp.
AA AAB AB BAA BAB BB taxa de remoção
parcial de isca (i)
ST105 5 5 3 6 1 (0,0000–0,0010)
ST108 aa 4 2 6 6 2 (0,0010–0,0019)
ST109 6 2 3 6 3 (0,0019–0,0040)
ST138 3 2 5 4 4 (0,0040–0,0090)
ST102 5 5 5 3 5 (0,0090–0,0325)
ST114 3 3 5 6 5 3 6 (0,0325–0,3496)
ST101 4 6 2
ST107 6 3 6 2
ST117 5 3 6 2 2
ST134 6 3 7 2 3
ST128 2 4 6 2
ST104 5 5 6 3 4
ST106 3 3 6 2 5
ST113 3 3 4 1 2
ST116 4 3 6
ST096 5
ST098 ab 6 3 3
ST115 5 3 5
ST118 5 3 6 4 3
ST124 5 6
ST125 6 6
ST126 3 2 6 4 6 2
ST134 4 5 6
ST136 2 5 2 6 2
ST137 4 2 6 2 6 5
ST099 6 4 4 2 5 3 2
ST103 4 5 3 2 4 2 4
ST127 6 3 2 2 4 5
ST133 2 5 3 4 3 4 1
ST123 4 2 2 5 4
ST112 1 5 3
ST129 5 2 3
ST132 ba 1 4 1 5
ST119 2 2 4 3 3
ST122 6 3 2 6
ST139 2 2 5
ST111 1 3 3 1
ST095 3 4 6 4 4 6
ST100 3 5 6 6
ST110 2 3 2 2 4 3
ST121 2 5 5
ST130 bb 2 2 4 4
ST140 2 2 5
ST141 2 3 4 3
ST120 3 4 6
ST131 2 2 2 4 4
Figura 4.8 – Tabela ordenada dos grupos de operações de pesca (aa, ab, ba e bb) e de espécies (AA, AAB,
AB, BAA, BAB e BB), resultantes da Análise de Espécies Indicadoras em Duas Vias (TWINSPAN) das opera-
ções de pesca realizadas nos perfis 1 a 9 (27˚S a 35˚S) do cruzeiro de outono do B/P Margus II.
0,8
taxa parcial de remoção de isca ()
0,6
0,4
0,2
0,0 aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
B
100
200
profundidade (m)
300
400
500
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
C
28
29
30
latitude (˚S)
31
32
33
34
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
Figura 4.9 – Características dos grupos de operações de pesca realizadas nos perfis 1 a 9 (27˚S a 35˚S) do
cruzeiro de primavera do B/P Margus II determinados através do TWINSPAN: A) taxa de remoção de iscas por
peixes (), B) profundidade, C) latitude.
0,4
taxa parcial de remoção de isca ()
0,3
0,2
0,1
0,0
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
B
100
200
profundidade (m)
300
400
500
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
C
28
29
30
latitude (˚S)
31
32
33
34
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
Figura 4.10 – Características dos grupos de operações de pesca realizados nos perfis 1 a 9 (27˚S a 35˚S) do
cruzeiro de outono do B/P Margus II determinados através do TWINSPAN: A) taxa de remoção de iscas por
peixes (), B) profundidade, C) latitude.
Genypterus brasiliensis
Schroederichthys spp.
Pseudopercis numida
Polyprion americanus
Caulolatilus chrysops
Epinephelus niveatus
Urophycis mystacea
Heptranchias perlo
Gymnothorax spp.
Helicolenus lahillei
Carcharhinus spp.
Merluccius hubbsi
Lopholatilus villarii
Scyliorhinus spp.
Polymixia lowei
Pagrus pagrus
Mustelus spp.
Squalus spp.
AA AB BA BBA BBB taxa de remoção
parcial de isca (i)
ST040 3 3 5 6 5 1 (0,0000–0,0008)
ST043 3 6 4 6 2 (0,0008–0,0014)
ST041 3 3 5 6 3 (0,0014–0,0029)
ST051 4 5 6 4 (0,0029–0,0067)
aa 5 (0,0067–0,0169)
ST058 3 4 6 4 1
6 (0,0169–0,3333)
ST039 1 4 6 1 1
ST042 5 6 3
ST052 5 6
ST050 3 5 1 4 6
ST090 3 3 4 3 6 3 3
ST049 6 3 4 1
ST071 5 3 3 5 3
ST089 3 6 3 3 3 4
ST066 3 6 3 6
ST070 3 6 3 6
ST053 5 6 3 3 3 5
ST059 ab 4 6 6 3 3 6
ST065 3 5 6 6 3 3 3
ST069 3 6 3 3 3
ST092 3 3 6 4 4 3
ST075 5 3 6 5 3 3 3
ST084 3 3 6 3 3 4 3
ST076 6 3 3 3 3 6 3
ST085 3 6 6 3 3 3 5
ST093 5 6 3 4 3
ST057 3 3 3 4
ST046 4 3 6 3 3
ST062 6 4 3
ST038 3 5 5 3
ST048 5 3 5 3 5
ST060 3 5 3 4 3 3 3 3 5
ST086 3 3 4 5 7 3 4 4 4
ST044 3 5 3
ST054 5 4 5 3 3 3
ST083 4 3 3 5 3 6 3 3 4
ST091 5 3 3 4 6 4
ST064 6 3 6 6 4
ST067 3 6 5 3 4 4
ST068 ba 3 4 3 6 3 4 3
ST055 3 1 4 1
ST079 4 5 1 5 4
ST056 4 3 3
ST073 5 4 3 4 3 4
ST078 6 3 5 4 3 4
ST094 3 4 3 3 5 4 4
ST061 3 6 3 5 3
ST047 6 6 4 3
ST072 6 5 4 5
ST082 4 4 3 1
ST045 3 5
ST074 5 4
ST077 4 6 3
ST037 5 5 5 4 5
ST063 3 5 3 3
ST081 4 6 3 3 5 3
bb
ST080 6 3 6 4
ST088 3 5 3
ST087 5 6 4
Figura 4.11 – Tabela ordenada dos grupos de operações de pesca (aa, ab, ba e bb) e de espécies (AA, AB,
BA, BBA e BBB), resultantes da Análise de Espécies Indicadoras em Duas Vias (TWINSPAN) das operações
de pesca realizadas nos perfis 8 a 18 (22˚S a 30˚S) do cruzeiro de primavera do B/P Margus II.
Genypterus brasiliensis
Schroederichthys spp.
Pseudopercis numida
Polyprion americanus
Caulolatilus chrysops
Epinephelus niveatus
Urophycis mystacea
Heptranchias perlo
Gymnothorax spp.
Helicolenus lahillei
Carcharhinus spp.
Merluccius hubbsi
Lopholatilus villarii
Scyliorhinus spp.
Polymixia lowei
Pagrus pagrus
Mustelus spp.
Squalus spp.
AA AB BA BBA BBB taxa de remoção
parcial de isca (i)
ST168 4 4 6 3 1 (0,0000–0,0007)
ST170 4 6 4 2 (0,0007–0,0012)
ST186 4 3 6 4 3 3 3 (0,0012–0,0021)
ST135 4 5 6 4 (0,0021–0,0057)
5 (0,0057–0,0190)
ST147 4 5 6 1 5
6 (0,0190–0,3496)
ST169 4 5 6 3 3
ST148 4 5 6 3 3
ST156 5 3 5 6 3 3
aa
ST163 4 5 6 3 1
ST133 3 5 5 4 4 1 5
ST136 3 5 6 3 3
ST180 4 4 6 3 3 5
ST134 4 6 7 3
ST137 3 4 3 6 6 5
ST157 4 4 6 6 3 6
ST179 5 6 4 5 4
ST149 1 6 1 6
ST162 3 6 6 3
ST166 3 6 6
ST167 4 6 6
ST145 ab 6 4 3 3 6
ST146 3 6 3 3 5 3
ST150 6 4 5 3
ST184 4 6 3 4 5 3 3 3
ST185 4 6 3 4 6 4 3
ST140 3 3 5
ST153 3 6 4 3
ST171 4 3 3
ST187 4 3 4
ST151 3 1 1 3
ST138 4 6 4 3
ST143 5 3 4 4 3
ST165 4 4 3
ST139 5 3 3
ST144 5 6 3 3 4 3
ST155 4 6 6 3 5 4
ST161 3 3 6 3 3 3 3
ba
ST132 5 4 1 1
ST160 4 5 3 4 3 3
ST178 5 6 4 4 3
ST142 6 5 4 3 4 3
ST152 4 3 1 5 3
ST154 3 5 4 6 3 3
ST164 1 3 1
ST172 5 4 3 4 5
ST176 5 3 4 5 3
ST177 3 3 6 5 3 3
ST183 6 4 5 5 3 5 3 4
ST188 4 6 3 5 4 3
ST159 4 5 5 4 3 3 3
ST175 4 5 3 3 3 3
ST131 3 4 3 4 3
ST141 3 4 4 4
ST173 bb 3 5 4 4 3 3
ST174 5 5 5
ST181 5 4 6 4
ST158 5 3 4
ST182 3 4 4 6 5
Figura 4.12 – Tabela ordenada dos grupos de operações de pesca (aa, ab, ba e bb) e de espécies (AA, AB,
BA, BBA e BBB), resultantes da Análise de Espécies Indicadoras em Duas Vias (TWINSPAN) das operações
de pesca realizadas nos perfis 8 a 18 (22˚S a 30˚S) do cruzeiro de outono do B/P Margus II.
rações de pesca (Figuras 4.13 e 4.14) onde estes grupos de espécies ocorreram com maior
freqüência e abundância sugerem que, no período de outono, o primeiro grupo, caracterís-
tico de áreas mais profundas, estende sua distribuição para o norte, enquanto que o segun-
do grupo passa a ocupar áreas menos profundas, dentro da mesma faixa batimétrica.
Espécies como Pagrus pagrus e Caulolatilus chrysops ocorreram em operações de pesca rea-
lizadas até 200 m de profundidade e ao norte de 25°S em ambos os cruzeiros. Nesta área,
também foi freqüente a ocorrência de Epinephelus niveatus e Pseudopercis numida que, por
sua vez, foram capturados com Squalus spp., Gymnothorax spp. e Heptranchias perlo em até
cerca de 300 m de profundidade ao longo de toda a porção norte da área de estudo.
Os resultados obtidos através da Análise Canônica de Correspondência mostram
de forma clara os grupos de espécies obtidos com o TWINSPAN e algumas das tendências
já apontadas nas análises de distribuição e diversidade de espécies.
Na área sul, as espécies se distribuíram principalmente ao longo de um gradiente
de profundidade, sendo este fenômeno mais evidente no período coberto pelo cruzeiro de
outono. No período de primavera, um gradiente latitudinal pôde ser identificado como
determinante da distribuição das espécies em diversos estratos de profundidade (Figuras
4.15 e 4.16). As espécies Polymixia lowei, Polyprion americanus, Helicolenus lahillei, Urophycis
mystacea, Genypterus brasiliensis e outras categorizadas nos grupos AA e AB tiveram sua
distribuição associada à região do talude superior. Já as espécies Epinephelus niveatus,
Pagrus pagrus, Prionotus punctatus, Pseudopercis numida e outras dos grupos BBA e BBB
foram típicas das menores batimetrias na área de coleta. Estes padrões estão em con-
cordância com os processos oceanográficos na região, como os avanços e os recuos da
frente subtropical de plataforma (FSTP) e da confluência das correntes do Brasil e Malvinas
e a existência da borda ocidental da convergência e o forte gradiente de temperatura e
salinidade paralelo à costa que marca a separação entre a mistura de águas costeiras e sub-
antárticas da plataforma com a águas subtropicais da ACAS (Capítulo 1, seção 1.2).
A Análise Canônica de Correspondência da área compreendida entre as latitudes
22˚S e 30˚S (Figuras 4.17 e 4.18) também apontou a profundidade como a principal condi-
cionante da distribuição das espécies. As associações indicadas pelos grupos AA e AB, que
incluem espécies como Polyprion americanus, Urophycis mystacea, Helicolenus dactylop-
terus e Merluccius hubbsi, foram típicas de isóbatas mais profundas, sendo que as associa-
ções do grupo AA tenderam a ocorrer nos perfis meridionais desta área em ambos os
cruzeiros. A maior variação na distribuição e nas associações das espécies foi registrada nas
menores profundidades, na região de quebra de plataforma (100 a 250 m). No cruzeiro de
outono, a variação na composição de espécies observada ao largo da linha de costa, repre-
sentada pelo vetor longitude, foi mais nítida do que no cruzeiro de primavera. No outono,
as espécies do grupo BBB,representadas por Epinephelus niveatus,Mustelus spp.,Caulolatilus
chrysops e outras, tenderam a ocorrer em áreas de baixas longitudes, coincidentes com as
áreas mais ao norte. Já as espécies Heptranchias perlo, Squalus spp. e Gymnothorax spp. ten-
deram a ocorrer na porção meridional desta área. Lopholatilus villarii apresentou uma ampla
distribuição tanto no cruzeiro de primavera como no de outono.
A distribuição das espécies na área norte mostra que a região de talude superior é
ambientalmente mais estável quando comparada à região de quebra de plataforma, pois
mantém um padrão batimétrico e latitudinal de variação de espécies constante ao longo
do ano. A variação na composição das capturas nesta região provavelmente está associa-
da às características do sedimento do fundo marinho.
Na região de quebra de plataforma constatou-se que as associações de espécies apre-
sentaram um padrão de estratificação ao longo da linha de costa mais nítido no período
coberto pelo cruzeiro de outono,o que pode estar relacionado ao efeito causado pelo avanço
da Água Central do Atlântico (ACAS) sobre a plataforma continental nos meses de verão, de
forma não homogênea. Este avanço certamente determina o aumento da influência desta
massa d’água em profundidades entre 100 e 250 m de maneira variada e conseqüentemente
afeta a distribuição das espécies,que se dispõem de acordo com suas preferências ambientais.
0,3
taxa parcial de remoção de isca ()
0,2
0,1
0,0
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
B
100
200
profundidade (m)
300
400
500
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
C
23
24
25
latitude (˚S)
26
27
28
29
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
Figura 4.13 – Características dos grupos de operações de pesca realizadas nos perfis 8 a 18 (22˚S a 30˚S) do
cruzeiro de primavera do B/P Margus II determinados através do TWINSPAN: A) taxa de remoção de iscas por
peixes (), B) profundidade, C) latitude.
0,4
taxa parcial de remoção de isca ()
0,3
0,2
0,1
0,0
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
B
100
200
taxa parcial de remoção de isca ()
300
400
500
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
C
23
taxa parcial de remoção de isca ()
24
25
26
27
28
29
aa ab ba bb
grupos de operações de pesca
Figura 4.14 – Características dos grupos de operações de pesca realizadas nos perfis 8 a 18 (22˚S a 30˚S) do
cruzeiro de outono do B/P Margus II determinados através do TWINSPAN: A) taxa de remoção de iscas por
peixes (), B) profundidade, C) latitude.
2,0
CASP
SCSP
1,5
EPNI POLO
1,0
HELA
PAPA GYSP
0,5
PRPU LOVI
MUSP HEPE
eixo 2
PSNU
URCI
0,0
Prof
RASP SQSP
GAGA
PRPU
HEPE
1,0
MEHU
RASP GEBR
CASP URCI SCSP
0,0
PSNU
POAM HELAPOLO Prof
SYSP
Grupos de
-1,0
Espécies
AA Figura 4.16 – Diagrama de ordenação de
EPNI ABA espécies resultante da Análise Canônica de
-2,0
ABB
BA Correspondência das operações de pesca
PAPA BBA realizadas nos perfis 1 a 9 (27˚S a 35˚S) do
-3,0
BBB
cruzeiro de outono do B/P Margus II.
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
eixo 1
1,5
HELA
1,0
Lat
SCSP
PAPA POAM
CASP
0,5
eixo 2
EPNI
MUSP SQSP
0,0
Grupos de
Espécies
AA
SYSP POLO Figura 4.17 – Diagrama de ordenação de es-
GEBR
ABA pécies resultante da Análise Canônica de
-1,0
ABB MEHU
BA
Correspondência das operações de pesca
BBA realizadas nos perfis 8 a 18 (22˚S a 30˚S) do
-1,5
BBB
cruzeiro de primavera do B/P Margus II.
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
eixo 1
1,5
Lon
1,0
CASP
HEPE
HELA
0,5
LOVI
PSNU
0,0
GYSP
CACH URCI POLO
Prof
SYSP MEHU
-0,5
Grupos de
EPNI
Espécies
MUSP GEBR
SCSP
AA
Figura 4.18 – Diagrama de ordenação de es-
ABA pécies resultante da Análise Canônica de
-1,0
ABB
BA
Correspondência das operações de pesca
BBA realizadas nos perfis 8 a 18 (22°S a 30°S) do
-1,5
BBB
cruzeiro de outono do B/P Margus II.
-2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
eixo 1
4.4 Conclusões
Os resultados deste estudo mostraram que existem diferenças marcantes de abun-
dância e de diversidade de espécies entre as regiões sul (28˚ a 35˚S) e sudeste (22˚ a 28˚S).
A latitude foi o principal fator relacionado à variação das pescarias, sendo que as áreas mais
piscosas foram localizadas ao sul de Tramandaí (RS). Uma importante característica destas
áreas foi a grande ocorrência de elasmobrânquios em profundidades inferiores a 250m, no
levantamento de primavera. A variação batimétrica também influiu de forma significativa
na composição e na abundância das capturas, obtendo-se maiores rendimentos nas maio-
res profundidades.
A diversidade de espécies variou, principalmente, de forma inversa, à profundidade.
Na área sudeste, observou-se também um gradiente latitudinal, onde o índice de diversi-
dade tendeu a aumentar em direção norte.
Embora a maioria das espécies tenha apresentado ampla distribuição ao longo da
área, os padrões de associação e de variação sazonal mostraram-se distintos entre as re-
giões, provavelmente por influência dos regimes oceanográficos diferenciados a que elas
estão submetidas.
Na região sul o gradiente de profundidade foi nitidamente mais marcante. Polymixia
lowei, Polyprion americanus, Helicolenus dactilopterus, Urophicys mystacea e Genypterus
brasiliensis tiveram sua ocorrência associada ao talude superior, enquanto que Epinephelus
niveatus, Pagrus pagrus, Prionotus punctatus e Pseudopersis numida, à região de quebra da
plataforma.
Na região sudeste Polyprion americanus, Urophicys cirrata, Helicolenus dactilopterus
e Merluccius hubbsi ocorreram nas operações de pesca de maiores profundidades. Na
região de quebra de plataforma, Epinephelus niveatus, Mustelus spp. e Caulolatilus chrysops
foram mais abundantes nas menores latitudes, enquanto que Squalus spp., Heptranchias
perlo e Gymnothorax spp. nas maiores. Lopholatilus villarii foi, dentre as principais espécies
capturadas, a que apresentou uma maior distribuição batimétrica e latitudinal.
Mesmo considerando o espinhel-de-fundo como um aparelho de pesca seletivo,
evidenciou-se que diversas comunidades de peixes são vulneráveis à sua ação e que não
é possível direcionar totalmente a captura para poucas espécies-alvo. As medidas de
manejo que visem ordenar a pesca de espécies demersais de profundidade devem, obri-
gatoriamente, levar em conta, além da multiespecificidade das capturas, as características
da composição de espécies, nas diferentes faixas batimétricas e regiões da ZEE.
ter Braak, C.J.F. 1986. Canonical correspondence analysis: a new eigenvector technique for multivariate
direct gradient analysis. Ecology, 67: 1167-1179
ter Braak, C.J.F. 1988. CANOCO: An extension of DECORANA to analyse species-environment relationships.
Vegetatio 75:159-160.
ter Braak, C.J.F. 1995. Ordination. In: R.H.G. Jongman, C.J.F. ter Braak e O.F.R. van Tongeren (Eds.) Data
Analysis in Community and Landscape Ecology. Cambridge University Press. Cambridge. 299p.
Zar, J.H. 1996. Biostatistical Analysis (3ª ed.). Prentice-Hall, New Jersey. 662p.
AGRADECIMENTOS
À
Coordenação Geral do Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de
Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (REVIZEE) e à Coordenção do Sub-
comitê Regional Sul (REVIZEE-SCORE SUL) pelo importante apoio à execução de
todas as etapas deste trabalho; ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pela concessão de bolsas de estudo; ao Ministério de Minas e Energia
e à PETROBRAS pela doação do combustível utilizado nos cruzeiros; à Fundação
Universidade Federal do Rio Grande (FURG); ao Centro de Pesquisas e Extensão Pesqueira
das Regiões Sudeste e Sul (CEPSUL-IBAMA); à Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI); ao
Instituto de Pesca da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (IP-APTA) e ao
Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP) pelo apoio logístico; ao
mestre Antonio Bianchi e à tripulação do barco de pesca Margus II pela exemplar con-
dução e realização das fainas de bordo; a todos os pesquisadores, bolsistas ITI e DTI, alunos,
estagiários e técnicos que participaram dos cruzeiros, das amostragens de desembarques
e do processamento dos dados.
Editores: Manuel Haimovici; Antônio Olinto Ávila-da-Silva & Carmen Lúcia Del Bianco
Rossi-Wongtschowski
Supervisor de editoração: Roberto Ávila Bernardes
Gerenciamento administrativo: Aparecida Martins Vaz dos Santos
Administração Financeira: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo
Patrocinador deste volume: PETROBRAS
Projeto gráfico e editoração: Ulhôa Cintra Comunicação Visual e Arquitetura
Revisão: Cleyde Romano de Ulhôa Cintra
Fotos: Manuel Haimovici, Antônio Olinto Ávila-da-Slva