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MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE E O

ESPECIAL TRATAMENTO TRIBUTÁRIO

Alvaro Yuiti Harada*

RESUMO

A Lei Complementar n.º 123 de 14 de dezembro de 2006, regulamenta o Tratamento Favorecido às


Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. A lei objetiva não somente a melhora das condições
dessas empresas e sua permanência no mercado, mas sua principal finalidade é a redução da
informalidade e o aumento de empregos registrados em carteira de trabalho, com a redução da carga
tributária. O tratamento diferenciado possibilitou às empresas enquadradas terem prioridade em
licitações, gerando concorrência com as empresas maiores e agilidade na abertura e fechamento de
empresa pelo cadastro único. O Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte
reduz os encargos tributários para exportações, favorecendo ainda mais a concorrência dessas
empresas.

Palavras-chave: Microempresa. Empresa de pequeno porte. Concorrência empresarial. Carga


tributária. Tratamento favorecido. Tributos.

ABSTRACT

The Complementary Law n.º 123 of 14 December of 2006, it regulates the Treatment Favored to the
Microcompanies and Small Business Companies. The law not only aims at the improvement of the
conditions of these companies and its permanence in the market, but its main purpose is the reduction
of the informality and to increase jobs registered in work wallet, with reduction of the tax burden. The
differentiated treatment possibility the companies fit in this law, they will have priority in licitations,
generating competition with the larger companies and agility in opening and closing the company for
it registers in a central cadastre. The National Statute of the Microcompany and the Small Business
Company reduction of tributary duty for exportations, being therefore more concurrence than the
business.

Keywords: Microcompany. Small business company. Concurrence business. Tax burden. Treatment
Favored. Tributes.

*
Advogado e pós-graduando em Direito Empresarial pela Universidade Estadual de Londrina.

Revista do Direito Privado da UEL – Volume 2 – Número 1 – www.uel.br/revistas/direitoprivado


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1 INTRODUÇÃO

As Microempresas – ME e Empresas de Pequeno Porte – EPP recebem tratamento


tributário simplificado, favorecido e diferenciado, previsto pela Lei Complementar nº 123 de
14 de dezembro de 2006, que revogou a Lei nº 9.317/1996 em 1º de Julho de 2007, instituindo
o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
O especial tratamento tributário objetivou a melhoria das condições das empresas
menores, aumentando a permanência e expectativa de concorrência equitativa no mercado,
diminuindo concomitantemente a informalidade, as quais, sem a especial atenção tributária,
muitas empresas não se manteriam ou mesmo existiriam formalmente.
Com o advento do “Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno
Porte”, a abertura e o fechamento dessas empresas passaram a ser realizadas com mais
agilidade, possibilitando às empresas inativas há mais de três anos encerrarem as atividades
sem quitar seus débitos, previsão inexistente na lei revogada.
Os impostos e as obrigações acessórias das empresas beneficiadas passaram a ser
recolhidos por meio de um documento único de arrecadação e de forma centralizada, a fim de
desburocratizar a forma de recolhimento, na tentativa de evitar as fraudes e reduzir a
inadimplência dos contribuintes ou do responsável tributário.
No presente trabalho, precipuamente, será abordada a conceituação de tributo à luz
do Código Tributário Nacional – CTN, contemplando a Teoria Tripartite e a Teoria
Quinquipartite, definindo as ME e EPP, abordando os requisitos necessários para o
enquadramento no regime especial tributário, estabelecido pela Lei Complementar n.o 123 de
14 de dezembro de 2006.
Expõe ainda, uma breve análise das mudanças impostas, o caráter positivo ou
negativo nas relações entre o Fisco e as ME e EPP, na vigência do Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

2 CONCEITO DE TRIBUTO

A evolução da sociedade na história é imprescindível para a compreensão da


formação conceitual de tributo.
Desde a monarquia, a exigência do tributo fazia-se presente na sociedade, conforme
demonstra o doutrinador Luciano Amaro (2006, p. 16):

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Tributo, como prestação pecuniária ou em bens, arrecadada pelo Estado ou pelo


Monarca, com vistas a atender os gastos públicos e as despesas da coroa, é uma
noção que se perde no tempo e que abrangeu desde os pagamentos, em dinheiro ou
em bens, exigidos pelos vencedores aos povos vencidos até a cobrança junto aos
próprios súditos, ora sob o disfarce de donativos, ajudas, contribuições para o
soberano, ora como um dever ou obrigação.

A lei era imposta pelo próprio monarca, mas no decorrer da evolução social e da
construção do Estado Democrático de Direito, o tributo atualmente deve estar pautado no
Princípio da Estrita Legalidade, pelo qual somente será criado ou majorado, mediante
previsão legal.
Marcos Cláudio Acquaviva (2004, p. 1.355) define o tributo a partir da necessidade
compulsória de recursos pelo Estado:

Ônus compulsório criado e gerido pelo Estado, visando ao custeio de serviços


públicos. O fundamento jurídico do tributo é o poder fiscal do Estado, e seu
elemento essencial é a coercibilidade, vale dizer, prerrogativa legal de o Estado
compelir o contribuinte ao pagamento da prestação.

No conceito de Luciano Amaro (2006, p. 25), “Tributo é a prestação pecuniária não


sancionatória de ato ilícito, instituída em lei e devida ao Estado ou a entidades não estatais de
fins de interesse público”, demonstrando a natureza de prestação pecuniária do tributo.
Diante dos conceitos formadores de tributo na sociedade atual, o Código Tributário
Nacional define o conceito legal de tributo, como sendo “[...] toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

2.1 Conceito de Tributo pelo Código Tributário Nacional

O Código Tributário Nacional – CTN – define o tributo no artigo 3º, caput, como
sendo: “[...] toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada”.
Regina Helena Costa (2005, p. 25) expõe a seguinte definição legal de tributo:

A definição legal, conquanto algo redundante, pela ênfase dada ao caráter pecuniário
da prestação, faz compreender a natureza do tributo. Trata-se de uma relação
jurídica mediante a qual o credor ou sujeito ativo – no caso, o Fisco – pode exigir o
devedor – o sujeito passivo ou contribuinte – uma prestação em dinheiro. É uma
obrigação ex lege, vale dizer, nasce pela simples realização do fato descrito na
hipótese de incidência prevista em lei, sendo, portanto, compulsória.

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Desta definição do CTN, seguindo o procedimento utilizado por muitos


doutrinadores de análise, frase à frase, são destacadas as seguintes expressões para melhor
compreensão: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória”, “em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir”, “que não constitua sanção de ato ilícito”, “instituída em lei” e
“cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

2.1.1 Expressão: “tributo é toda prestação pecuniária compulsória”

Compreende-se da expressão “prestação pecuniária compulsória”, o objeto da


obrigação almejada na relação jurídico-tributária.
Hugo de Brito Machado (2005, p. 51-52) comenta de forma detalhada sobre a
compulsória prestação tributária:

Não se diga, pois, que a prestação tributária é compulsória porque o pagamento do


tributo é obrigatório. A distinção essencial há de ser vista no momento do
nascimento da obrigação, e não no momento de seu adimplemento. Por isso é que se
explica a clássica divisão das obrigações jurídicas em legais, ou 'ex-lege', e
contratuais, ou decorrentes da vontade. [...] Na prestação tributária a obrigatoriedade
nasce da lei, sem que se interponha qualquer ato de vontade daquele que assume a
obrigação.

Sobre a prestação pecuniária expressa no conceito legal, Paulo de Barros Carvalho


(2000, p. 25) compreende que “prestação pecuniária compulsória quer dizer o comportamento
obrigatório de uma prestação em dinheiro, afastando-se, de plano, qualquer cogitação inerente
às prestações voluntárias”.
No entendimento do caráter pecuniário, Luciano Amaro (2006, p. 18) expõe sua
explicação:

O caráter pecuniário da prestação tributária quer dizer que a prestação deve ser feita
em moeda, e a compulsoriedade dessa prestação, idéia com o qual o Código
Tributário Nacional buscou evidenciar que é o dever jurídico de prestar o tributo é
imposto pela lei, abstraída da vontade das partes que vão ocupar os pólos ativo e
passivo da obrigação tributária, opondo-se, dessa forma, a compulsoriedade do
tributo à voluntariedade de outras prestações pecuniárias.

Do conceito sobre “tributo é toda prestação pecuniária compulsória”, conclui-se que


o tributo deve ser uma prestação em dinheiro, sendo objeto de obrigação na relação jurídica
tributária, refletindo uma obrigação de dar; e o caráter compulsório, por estar estabelecida em
lei a obrigatoriedade de pagar o tributo.

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2.1.2 Expressão: “em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”

O texto do artigo expressa as seguintes alternativas: “em moeda” ou “cujo valor nela
se possa exprimir”. Nesse sentido, pode ser compreendido que a contribuição pecuniária não
precise necessariamente ser em dinheiro, mas em bem ou em patrimônio passível de ser
quantificado o seu valor em moeda.
Desta expressão, Kiyoshi Harada (2006, p. 325) ressalta que:

A forma usual de satisfazer o tributo é em moeda corrente; porém, nada impede que
o pagamento do tributo seja feito por algo equivalente à moeda, desde que a
legislação ordinária de cada entidade tributante assim determine, como faculta o
Código tributário Nacional.

Paulo de Barros Carvalho (2000, p. 25-26) posiciona-se no entendimento da


expressão:

[...] ao agregar a cláusula “ou cujo valor nela se possa exprimir”, pois com isso
ampliou exageradamente o âmbito das prestações tributárias. Nota-se que quase
todos os bens são suscetíveis de avaliação pecuniária, principalmente o trabalho
humano que ganharia a possibilidade jurídica de formar o substrato de relação de
natureza fiscal. Com base nessa premissa, alguns entenderam que o serviço militar,
o trabalho nas mesas eleitorais e aquele desempenhado pelos jurados realizariam o
conceito de tributo, já que satisfazem às demais condições postas pelo citado
preceito.

A forma usual de cumprir a obrigação tributária é em moeda corrente, mas, nada


impede que a obrigação pecuniária seja satisfeita por meio de dação em pagamento de bem
imóvel, conforme prevê o inciso XI do artigo 156 do Código Tributário Nacional, como uma
das formas de extinção do crédito tributário.

2.1.3 Expressão: “que não constitua sanção de ato ilícito”

A prestação pecuniária, objeto da obrigação tributária não pode ser originária do


cometimento de ato ilícito, não podendo ser confundida a natureza do tributo com a natureza
da multa.
Kiyoshi Harada (2006, p. 325) distingue a preocupação da expressão:

Essa expressão serve para distinguir o tributo da multa, que sempre representa uma
sanção pecuniária pela prática de ato ilícito. É claro que o descumprimento de
normas tributárias, também, gera imposição de penalidade pecuniária.

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Sendo assim, o tributo não tem sua origem pelo cometimento do ato ilícito, e sim
pela relação jurídica instituída em lei, que define as hipóteses de incidência tributária e o fato
gerador que originam a obrigação do pagamento.

2.1.4 Expressão: “instituída em lei”

Essa expressão reflete a importância do preceito constitucional do Princípio da


Estrita Legalidade prevista no inciso I do artigo 150 da Carta Magna, e a necessária
instituição do tributo por meio de lei, conforme o inciso I do artigo 9° do Código Tributário
Nacional, impondo a segurança jurídica necessária ao contribuinte ou responsável.
Luciano Amaro (2006, p. 16) comenta a importância de previsão legal:

No Estado de Direito, a dívida de tributo estruturou-se como uma relação jurídica,


em que a imposição é estritamente regrada pela lei, vale dizer, o tributo é uma
prestação que deve ser exigida nos termos previamente definidos pela lei,
contribuindo dessa forma os indivíduos para o custeio das despesas coletivas.

Nesse mesmo entendimento, Kiyoshi Harada (2006, p. 326) sustenta:

O tributo é obrigação ex lege contrapondo-se à obrigação ex voluntare. Tributo só


pode nascer da lei. As obrigações contratuais não podem ser opostas às obrigações
tributárias.

O Código Tributário Nacional no artigo 97, inciso I, cumpre o princípio


constitucional, determinando que somente a lei poderá estabelecer: “a instituição de tributos,
ou a sua extinção”, bem como a própria Constituição da República Federativa do Brasil de
1988 – CRFB, nos artigos 153, §1o, e 177, §4o, inciso I, alínea b – faculta ao Poder Executivo
alterar e reduzir as alíquotas, atendidas as condições e os limites estabelecidos por lei. Sendo
assim, a previsão legal é imprescindível, seja para instituir, majorar ou extinguir o tributo.

2.1.5 Expressão: “cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”

O procedimento de cobrança do tributo deverá ser por meio de atos administrativos


plenamente vinculados, por meio da realização do lançamento para constituir o crédito
tributário nas situações autorizadas e exigidas por lei, não havendo poder discricionário do
agente público.

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A compreensão de atos administrativos vinculados pode ser encontrada na definição


de Celso Antônio Bandeira de Mello (1980, p. 61):

Atos vinculados seriam aqueles em que, por existir prévia e objetiva tipificação legal
do único possível comportamento da administração em face de situação igualmente
prevista em termos de objetividade absoluta, a administração ao expedi-los não
interfere com apreciação subjetiva alguma.

Hely Lopes Meyrelles (1977, p. 88) contribui com seu comentário:

Nessa categoria de atos administrativos, a liberdade de ação do administrador é


mínima, pois terá que se ater à enumeração minuciosa do Direito positivo para
realizá-los eficazmente. Deixando de atender a qualquer dado expresso na lei, o ato
é nulo, por ter desvinculado de seu tipo-padrão.

Por fim, realizado o lançamento e constituído o crédito tributário, o Fisco poderá


plenamente exigir o pagamento do tributo pelo contribuinte ou responsável. No entanto,
deverá rigorosamente seguir os requisitos e os procedimentos previstos em lei, sob pena de ser
nulo o lançamento e, consequentemente, nula a cobrança do tributo.

3 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

3.1 Teoria Tripartite

A Teoria Tripartite sustenta a existência de apenas três espécies tributárias: Impostos,


Taxas e Contribuições de Melhoria, adotadas pela legislação brasileira.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 adota esta classificação,
conforme se verifica no artigo 145, incisos I, II e III:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir


os seguintes tributos:
I – Impostos;
II – Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;
III – Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

E o Código Tributário Nacional no artigo 4° sustenta a importância da natureza


jurídica para determinar o tributo:

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A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da


respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: a denominação e demais
características formais adotadas pela lei; e a destinação legal do produto da sua
arrecadação.

O artigo 5° do CTN denomina os tributos: “os tributos são impostos, taxas e


contribuição de melhoria”, ou seja, somente esses tributos satisfazem a natureza jurídica
específica, que é determinada pelo fato gerador.
Nesse entendimento, a Teoria Tripartite não considera o empréstimo compulsório
como espécie tributária autônoma, em razão de não considerar o critério da previsibilidade
legal de restituição, da mesma forma como não considera as contribuições gerais, devido à
falta de critério de destinação específica do tributo.

3.2 Teoria Quinquipartite

Esta Teoria sustenta a existência de cinco espécies de tributos: impostos, taxas,


contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições gerais.
Baseia-se em três critérios de classificação: critério da vinculação, da destinação
legal do produto da arrecadação e da previsão legal de restituição.
Pelo critério da vinculação, a hipótese de incidência tributária poderá ou não estar
vinculada a uma atuação direta ou indireta do Estado, como os impostos (não vinculados), as
taxas (vinculação direta) e as contribuições de melhoria (vinculação indireta). Pelo critério da
destinação legal, o tributo deve descrever sua destinação legal para qual está sendo
arrecadado. E pelo critério da previsão legal de restituição, afirma a natureza restituível do
tributo.
A importância da Teoria Quinquipartite é patente e inclusive tem sido recepcionada
pela atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

3.2.1 Impostos

A previsão legal do imposto está explícita no artigo 145, inciso I da Constituição


República Federativa do Brasil de 1988, e no artigo 16 do Código Tributário Nacional, que
define: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente
de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.

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Os impostos são desvinculados de qualquer atuação do Estado, pois, o fato gerador é


uma situação que não supõe uma atividade do Estado especificamente dirigida ao contribuinte
ou responsável.
A doutrina costuma classificar os impostos em diretos e indiretos: o primeiro, aquele
em que não há repercussão jurídica do encargo tributário, ou seja, praticado o fato tipificado
pela lei, deve suportar o respectivo ônus fiscal; o segundo, aquele em que, pela sua natureza, o
ônus financeiro do tributo é transferido ao destinatário final, por meio do fenômeno da
repercussão jurídica.
O imposto tem duas funções importantes: a função fiscal, em que se presta como
instrumento para arrecadar os recursos financeiros de que o Estado necessita; e a função
extrafiscal, em que se presta como instrumento de intervenção do Estado nas atividades dos
cidadãos, especialmente nas atividades econômicas, para estimular aquelas consideradas
desejáveis e desestimular as tidas como indesejáveis pela sociedade.

3.2.2 Taxas

As taxas estão descritas na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,


no artigo 145, inciso II:

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir a taxas, em


razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de
serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição.

Com a respectiva previsão legal no artigo 77 do Código Tributário Nacional:

As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

As taxas devem ter vinculação com o Estado, tendo em vista que o fato gerador
ocorre por uma atuação estatal específica, podendo ser pelo exercício do poder de polícia, ou
pela prestação de serviço público específico e divisível (AMARO, 2006, p. 30).
Elas podem ter como fato gerador, o exercício do poder de polícia, definido no artigo
78 do CTN, ou seja, cabe ao Estado fiscalizar a atuação do indivíduo, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, em razão do interesse público. E a cobrança da
taxa tem o objetivo de custear as despesas por esta atividade da administração pública.

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A taxa sobre serviço, prevista no artigo 80 do CTN, diz respeito àqueles serviços
suscetíveis de serem fruídos isoladamente por usuário, não sendo taxáveis os indivisíveis,
como os de conservação de vias e logradouros públicos e de iluminação pública. Assim, o que
ocorre é que a taxa será devida por estar o serviço à disposição do contribuinte e não pela sua
efetiva utilização.
O escopo das taxas não é o enriquecimento do Estado e sim o pagamento de uma
prestação do serviço público ou o exercício do poder de polícia, que impõe restrições aos
exercícios individuais e de propriedade, na defesa do bem coletivo. Nota-se que na taxa de
serviço, mesmo não sendo utilizado o serviço, ela pode ser cobrada normalmente, pois o
serviço encontra-se à disposição do contribuinte e visa ao bem comum (HARADA, Kiyoshi,
2006, p. 329).

3.2.3 Contribuição de melhoria

A Contribuição de Melhoria está prevista no artigo 145, inciso III da Constituição da


República Federativa do Brasil de 1988, a qual prevê que a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios instituirão contribuição de melhoria, decorrente de obra pública que acarrete
valorização imobiliária ao contribuinte ou responsável.
Nesse tributo, assim como ocorre com as taxas, há a vinculação com a atuação
Estatal, conforme prevê o artigo 81 do Código Tributário Nacional:

A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal
ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para
fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo
como limite total à despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor
que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

A cobrança desse tributo será legítima sempre que ocorrer a execução de obra
pública e, conseqüentemente, acarrete a valorização imobiliária, fundada no princípio da
equidade, não sendo justo que toda comunidade arque com os custos de uma obra pública
quando esta promove um incremento patrimonial especificamente para certas pessoas
(HARADA, Kiyoshi. 2006, p. 331).

3.2.4 Empréstimo compulsório

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O empréstimo compulsório é instituído exclusivamente pela União por lei


complementar, conforme a previsão do artigo 148, da Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988, assim como no artigo 15 do Código Tributário Nacional.
Existem duas espécies de empréstimo compulsório: o primeiro, para custear
investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional, que deve respeitar o
princípio da anterioridade, sendo exigível somente no exercício seguinte ao da publicação da
lei complementar que o instituiu ou majorou, com vacatio legis mínima de 90 dias; e o
segundo, para custear despesas extraordinárias, decorrentes de calamidades públicas ou de
guerra externa, que não está sujeito ao princípio da anterioridade.

3.2.5 Contribuições sociais

As contribuições sociais podem ser instituídas conforme previsão autorizadora dos


artigos 146, inciso III, e 150, incisos I e II da Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988 - CRFB.
Apesar de ser competência exclusiva da União, o parágrafo único do artigo 149 da
CRFB permite que os Estados, Municípios e Distrito Federal instituam as contribuições na
forma da lei, para custear o sistema previdenciário e assistência social.

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de


intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada
de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de
que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores
titulares de cargos efetivos da União.
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o
caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
III - poderão ter alíquotas:
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação
e, no caso de importação, o valor aduaneiro;
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser
equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez.

Em relação ao serviço de iluminação pública, o artigo 149-A determina aos


Municípios e Distrito Federal a seguinte forma de arrecadação:

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Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na


forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública,
observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na
fatura de consumo de energia elétrica.

Para Kiyoshi Harada (2006, p. 333), as contribuições sociais possuem vinculação


indireta com o Estado, tendo como fato gerador a atuação indireta do poder público. O tributo
possibilita o ingresso de capital, direcionados a instrumentar ou a financiar a atuação da União
no desenvolvimento de atividades administrativas de interesse geral. No entanto, acarreta
maiores despesas em relação a determinado contribuinte, diferenciando-os dos não
contribuintes, vantagem esta proporcionada pelo Estado.

4 MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE

4.1 Tratamento Diferenciado com Fundamento Constitucional

O fundamento constitucional do tratamento diferenciado a ser dispensado às


Microempresas e Empresas de Pequeno Porte encontra previsão no artigo 179 da CRFB:

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às


microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento
jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou
redução destas por meio de lei.

Esse tratamento jurídico diferenciado é conseqüência do Princípio Constitucional da


Igualdade, o tratamento desigual entre os desiguais, previsto no artigo 150, inciso II da CRFB,
que recebeu novo tratamento constitucional com a Emenda Constitucional n.° 42 de 19 de
dezembro de 2003.
A Emenda Constitucional nº 42/2003 acrescentou o parágrafo único e a alínea “d” ao
inciso III, do artigo 146 da CRFB:

Art. 146. Cabe à lei complementar:


[...]
III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente
sobre:
[...]
d) a definição de tratamento diferenciando e favorecido para microempresas e para
as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso
do imposto previsto no artigo 155, II, das contribuições previstas no artigo 195, I e
§§ 12 e 13, e da contribuição que se refere o artigo 239.

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Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá
instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:
I – será opcional ao contribuinte;
II – poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por
Estado;
III – o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela dos
recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer
retenção ou condicionamento;
IV – a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos
entes federados, adotada cadastro nacional único de contribuintes.

A Emenda Constitucional nº 42/2003, ao reservar à Lei Complementar o tratamento


diferenciado e favorecido às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, o fez com o fim
de viabilizar a uniformização da matéria, estabelecendo normas nacionais instituidoras de um
regime único de arrecadação, como sustenta Láudio Camargo Fabretti (2006, p. 120):

Portanto, a EC nº 42/03 reserva para lei complementar definir o tratamento


diferenciado e favorecido para as pequenas empresas, com a possibilidade de criar
regime único de arrecadação de todos os impostos e contribuições incidentes nas
suas atividades econômicas.

Depois de decorridos 3 (três) anos da publicação da Emenda Constitucional nº 42 de


19 de dezembro de 2003, é que foi decretada e sancionada a lei nela prevista, qual seja a Lei
Complementar nº 123/06, que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de
Pequeno Porte, que será visto detalhadamente mais adiante.
Ressalte-se que, antes mesmo do advento da emenda constitucional comentada, em
consonância com o disposto no artigo 179 da CRFB, o Novo Código Civil1 estabelecia, no
artigo 970, que “A lei assegurará tratamento diferenciado e simplificado ao empresário rural e
ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes”. Desta forma, a
compreensão de tratamento diferenciado desses sujeitos já era presente e necessária no círculo
empresarial.

4.2 Microempresas e Empresas de Pequeno Porte e o Especial Tratamento Tributário

4.2.1 Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006

A Lei Complementar nº 123 de 14 de dezembro de 2006, que instituiu o Estatuto


Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, revogou a Lei nº 9.317, de 5 de

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Lei n.º 10.406 de 10 de janeiro de 2002.

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dezembro de 1996, e a Lei nº 9.841 de 5 de outubro de 1999, entrando em vigor em 1º de


julho de 2007.
O Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte estabeleceu
normas gerais referentes ao tratamento diferenciado, favorecido e simplificado, para as
empresas de menor porte, em relação a outras empresas de maior porte.
Reduzindo a carga tributária, a lei objetivou melhorar as condições concorrenciais e
aumentar a permanência das ME e EPP no mercado atual e competitivo. Preocupou-se ainda,
em reduzir a informalidade e gerar empregos registrados, melhorando a qualidade das
empresas no cumprimento de suas obrigações sociais e na garantia dos direitos dos
trabalhadores.
A apuração e o recolhimento dos impostos e contribuições de todas as esferas, União,
Estados, Distrito Federal e Municípios passaram a ser realizados mediante regime único de
arrecadação, inclusive no cumprimento de obrigações acessórias, inovando com relação à
legislação anterior, que não abrangia necessariamente as esferas Estaduais e Municipais, que
participavam no sistema facultativamente, mediante convênio com a União.
O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às ME e EPP passou a ser
administrado pelo Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno
porte, vinculado ao Ministério da Fazenda e ao Fórum Permanente das Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte.
No aspecto tributário, o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte compõe-se de dois representantes da Secretaria da Receita Federal e dois
representantes da Secretaria da Receita Previdenciária, para representar a União, além de dois
representantes dos Estados e do Distrito Federal, e dois representantes dos Municípios.
O Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte possui
participação dos órgãos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor, para tratar
dos outros aspectos que não sejam da área de tributação.

4.2.2 Requisitos de admissibilidade

Para ser beneficiado pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, as


ME e EPP devem estar inscritas como sociedade empresária, sociedade simples ou
empresário, conforme disposto no artigo 966 do Código Civil de 2002:

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Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica


organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços: Não se considera
empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.

É necessário ainda que as empresas e o empresário, para se enquadrarem nos


requisitos do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de pequeno Porte, deverão estar
devidamente registrados no Registro Público de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de
Pessoas Jurídicas, conforme artigo 3º da referida Lei Complementar n.º 123/2006.
Para efeitos legais, são consideradas Microempresas, o empresário, a pessoa jurídica,
ou a ela equiparada, que auferir em seu ano-calendário a receita bruta igual ou inferior a R$
240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais). No entanto, se ultrapassarem essa quantia, ainda
há a possibilidade de serem optantes do regime favorecido, diferenciado e simplificado, como
será posteriormente abordado.
E Empresas de Pequeno Porte são as sociedades empresárias, a sociedade simples e o
empresário que auferir em seu ano calendário a receita bruta superior a R$ 240.000,00
(duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e
quatrocentos mil reais).
Nos termos do artigo 3o, parágrafo 1o, da Lei Complementar 123/2006, considera-se
receita bruta “o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço
dos serviços prestados e os resultados nas operações de conta alheia, não incluídas as vendas
canceladas e os descontos incondicionais”.

4.2.3 Impossibilidade e vedação para o enquadramento no simples nacional

As ME ou a EPP que não poderão recolher impostos e contribuições na forma do


Simples Nacional, estão dispostas no artigo 3°, parágrafo 4° da Lei Complementar nº
123/2006:

Art. 3o Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou


empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o
empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002,
devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de
Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
I - no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada,
aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00
(duzentos e quarenta mil reais);
II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela
equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00

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(duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e


quatrocentos mil reais).
§ 1o Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste artigo, o
produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos
serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as
vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.
§ 2o No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, o limite a que se
refere o caput deste artigo será proporcional ao número de meses em que a
microempresa ou a empresa de pequeno porte houver exercido atividade, inclusive
as frações de meses.
§ 3o O enquadramento do empresário ou da sociedade simples ou empresária como
microempresa ou empresa de pequeno porte bem como o seu desenquadramento não
implicarão alteração, denúncia ou qualquer restrição em relação a contratos por elas
anteriormente firmados.
§ 4o Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei
Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar,
para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica:
I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica;
II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica
com sede no exterior;
III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja
sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta
Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o
inciso II do caput deste artigo;
IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de
outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta
global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;
V - cujo sócio ou titular seja administrador ou responsável de outra pessoa jurídica
com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata
o inciso II do caput deste artigo;
VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;
VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;
VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de
desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e
investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos,
valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros
privados e de capitalização ou de previdência complementar;
IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de
desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-
calendário anteriores;
X - constituída sob a forma de sociedade por ações.

Da mesma forma, não poderão se beneficiar as atividades previstas no artigo 17 da


Lei Complementar n.° 123/2006:

I– Explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de


assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a
pagar e a receber, gerenciamento de ativos, compras de direitos creditórios
resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços;
II – Tenha sócio domiciliado no exterior;
III – De cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta,
federal, estadual ou municipal;
IV – Preste serviço de comunicação;
V – Possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as
Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja
suspensa;
VI – Preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros;

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VII – Seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia


elétrica;
VIII – Exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas;
IX – Exerça atividade de importação de combustíveis;
X – Exerça atividade de produção ou venda no atacado de bebidas alcoólicas,
cigarros, armas, bem como de outros produtos tributados pelo IPI com alíquota ad
valorem superior a 20% (vinte por cento) ou com alíquota específica;
XI – Tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de
atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural,
que constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de
instrutor, de corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de
negócios;
XII – Realize cessão ou locação de mão-de-obra;
XIII – Realize atividade de consultoria;
XIV – Dedique-se ao loteamento e à incorporação de imóveis.

Diferentemente das hipóteses de vedação elencadas no artigo 17, que se referem


apenas à questão tributária, as situações descritas no artigo 3o, parágrafo 4o vedam o
enquadramento da empresa no regime diferenciado para todos os efeitos legais.
Nesse aspecto, a pessoa jurídica não deve ter seu capital integralizado por outra
empresa jurídica, nem ser filial, sucursal, agência ou representação, no Brasil e ter como sede
qualquer outro país.
É igualmente vedada a participação de pessoa física que seja inscrita como
empresário, ou seja, sócia de outra empresa, que receba tratamento jurídico diverso ao
estabelecido pela Lei Complementar em questão, e que a receita bruta global ultrapasse o
limite de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).
Ocorre vedação similarmente com o titular ou sócio de empresa que seja participante
de mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa, não beneficiária da Lei
Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00 (dois
milhões e quatrocentos mil reais).
Não se inclui no regime a empresa na qual o sócio ou titular seja administrador, ou
responsável, de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, e que a receita bruta global exceda o
limite estabelecido em lei, em valor superior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos
mil reais).
As empresas que foram constituídas sob forma de cooperativas, salvo as de consumo,
as que participem do capital de outras pessoas jurídicas e as constituídas sob a forma de
sociedade por ações, não podem ser beneficiadas pelo Estatuto Nacional da Microempresa e
Empresa de Pequeno Porte.
A pessoa jurídica que exerça atividade de banco comercial, de investimento, de
desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento

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ou de crédito imobiliário, de corretora ou distribuidora de títulos, valores mobiliários e


câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de
previdência complementar, não podem ser enquadrados na Lei nº 123/06, segundo o artigo 3º,
parágrafo 4º, inciso VIII.
As empresas que sejam resultantes ou remanescentes de cisão ou qualquer outra
modalidade de desmembramento de pessoa jurídica, que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco)
anos-calendários anteriores, também não podem ser enquadradas na lei citada.

4.2.4 Exclusão do regime diferenciado

Poderão ser excluídos do regime diferenciado a ME ou a EPP que incorrer em


alguma impossibilidade de enquadramento, disposta no artigo 3º, parágrafo 4º, do “Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte”, com efeitos a partir do mês
seguinte ao que incorreu na situação impeditiva.
A ME que iniciar atividade no próprio ano-calendário não deverá ultrapassar o limite
de receita bruta anual, de modo proporcional ao número de meses em que exerceu atividade,
incluindo as frações dos meses.
A ME ou a EPP, quando iniciada atividade no próprio ano-calendário, deverão
auferir renda proporcional aos meses em que exerceu atividade. Se a receita bruta ultrapassar
o limite de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), multiplicada pelo número de meses da
atividade, incluindo as frações dos meses, deverá ser excluída do regime.
Nos casos em que a EPP exceder o limite da receita bruta anual de R$ 2.400.000,00
(dois milhões e quatrocentos mil reais), conforme previsto em lei, deverá ser re-enquadrada
em novo regime de tributação, sendo que a empresa será excluída do regime simplificado por
não possuir o requisito essencial de admissibilidade, que é o limite de valor da receita bruta
anual auferida no ano-calendário.

4.2.5 Recolhimento dos tributos

A arrecadação dos tributos que podem ser cobrados de forma unificada são
realizadas mediante documento único, ou DARF Simples, instituídos pelo Comitê Gestor.
A ME e EPP, na hipótese de possuírem filiais, deverão ter os recolhimentos dos
tributos do Simples Nacional realizados pela empresa matriz.

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Os tributos devidos deverão ser pagos segundo códigos específicos, para cada
receita, discriminadas as receitas decorrentes da revenda de mercadorias, da venda de
mercadorias industrializadas, da prestação de serviços, bem como a de locação de bens
móveis, da venda de mercadorias sujeitas à substituição tributária e as decorrentes de
exportação de mercadorias para o exterior, inclusive as vendas realizadas por meio de
comercial exportadora ou de consórcio.
Os valores mensais devidos pelas empresas serão determinados com base na tabela
da Lei Complementar nº 123/2006 e, para efeito de determinação da alíquota, a ME e EPP
utilizam a receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao período de apuração, ou
proporcionais aos meses de atividade no período. O valor não pago até o vencimento estará
sujeito à incidência de encargos na forma prevista em legislação.
Devem ser arrecadados os seguintes impostos federais: sobre a Renda da Pessoa
Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e
Contribuição para Programas de Integração Social e de Formação de Patrimônio do Servidor
Público (PIS/PASEP) e a Contribuição Patronal ao Instituto Nacional da Seguridade Social
(INSS); estadual: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); e municipal:
Imposto sobre Serviços de qualquer Natureza (ISS), realizadas de forma unificada em
documento único, cessando os antigos regimes especiais de tributação da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.

4.2.6 Tratamento tributário diferenciado

A arrecadação unificada dos tributos é a principal característica do tratamento


tributário diferenciado das ME e EPP.
O Simples Nacional implica, para o contribuinte ou responsável o recolhimento
mensal dos impostos e contribuições, previstos no artigo 13, parágrafo 1º da Lei
Complementar 123/2006:
a) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos
ou Valores Mobiliários - IOF;
b) Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros - II;
c) Imposto sobre a Exportação, para o Exterior, de Produtos Nacionais ou
Nacionalizados - IE;
d) Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - IPTR;

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e) Imposto de Renda, relativo aos rendimentos ou ganhos líquidos auferidos em


aplicações de renda fixa ou variável;
f) Imposto de Renda relativo aos ganhos de capital auferidos na alienação de bens
do ativo permanente;
g) Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de
Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF;
h) Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;
i) Contribuição para manutenção da Seguridade Social, relativa ao trabalhador;
j) Contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do empresário, na
qualidade de contribuinte individual;
k) Imposto de Renda relativo aos pagamentos ou créditos efetuados pela pessoa
jurídica a pessoas físicas;
l) Contribuição para o PIS/Pasep, Cofins e IPI incidentes na importação de bens e
serviços;
m) ICMS devido nas operações ou prestações sujeitas ao regime de substituição
tributária; por terceiro, a que o contribuinte se ache obrigado, por força da legislação estadual
ou distrital vigente; na entrada, no território do Estado ou do Distrito Federal, de petróleo,
inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, bem como energia
elétrica, quando não destinados à comercialização ou industrialização; por ocasião do
desembaraço aduaneiro; na aquisição ou manutenção em estoque de mercadoria
desacobertada de documento fiscal; na operação ou prestação desacobertada de documento
fiscal; nas operações com mercadorias sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do
imposto, bem como do valor relativo à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, nas
aquisições em outros Estados e Distrito Federal, nos termos da legislação estadual ou distrital;
n) ISS devido: em relação aos serviços sujeitos à substituição tributária ou
retenção na fonte; e na importação de serviços;
o) Demais tributos de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios, não relacionados acima.
Nos termos do parágrafo 3o, do artigo 13, da Lei Complementar n.o 123/06, as ME e
EPP optantes pelo Simples Nacional ficam dispensadas do pagamento das demais
contribuições instituídas pela União, inclusive as contribuições para as entidades privadas de
serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical (chamado de Sistema
“S”: SESI, SENAI, SENAC, SEBRAE etc.), de que trata o artigo 240 da CRFB, e demais
entidades de serviço social autônomo.

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As alíquotas dispostas na Lei Complementar n.º 123/06 tornaram a carga tributária


ainda mais reduzida. Aliada ao procedimento simples, favorece o crescimento das ME e EPP
nas alíquotas referentes ao Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e
Serviço (ICMS) e do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).
Segundo a tabela referida no artigo 18, as alíquotas, no setor do comércio, variam de
4% a 11,61%, tanto para as ME como para as EPP, de conformidade com o tipo de
empreendimento e faixas de receita bruta no período de 12 meses.
Para o setor industrial, foram previstas alíquotas que variam de 4,5% a 12,11%,
obedecidos aos mesmos parâmetros das empresas comerciais.
Por sua vez, o setor de serviços continua sendo o que suporta a maior carga
tributária, devido à instituição de três tabelas distintas, de acordo com a natureza do serviço.
A primeira tabela refere-se aos serviços citados nos incisos I a XII do parágrafo 1o, do artigo
17 (creche, agência terceirizada de correios, agência de turismo etc.) e à locação de bens
móveis, e contempla alíquotas que variam de 6% a 17,42%. Na segunda tabela, as alíquotas
variam de 4,5% a 16,85%, abrangendo os serviços de construção de imóveis e obras de
engenharia em geral, produção cultural e artística, transporte municipal de passageiros e
escola de línguas. Finalmente, a terceira tabela abrange as academias, elaboração de software
e escritórios de contabilidade, para as quais as alíquotas variam de 4% a 13,5% nas 20 faixas
de tributação para as empresas, cujo custo com a folha de salários seja maior ou igual a 40%
da receita; em relação às empresas com percentuais menores, as alíquotas podem ser de 14%,
14,4% e 15%, válidas para qualquer faixa de receita bruta.
A base de cálculo disposta no artigo 18, da Seção III, da Lei Complementar n.º
123/06, é fixada pelo acúmulo da receita bruta dos 12 (doze) meses anteriores ao período de
apuração, ou, em caso de início da atividade, proporcionais aos meses em que a exerceu.
Ainda, há a possibilidade de que a base de cálculo seja estipulada pela receita auferida no
mês, previamente regulamentada pelo Comitê Gestor, sendo esta opção irretratável para todo
o ano-calendário, conforme o parágrafo 3º do mesmo artigo.

5 CONCLUSÃO

Houve significativa flexibilização e favorecimento às Microempresa e Empresas de


Pequeno Porte, seja na questão em matéria tributária ou na burocracia no exercício e atividade
empresarial.

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Na Lei nº 9.317/96, a arrecadação dos impostos e contribuições era feita


mensalmente de forma unificada e englobava: Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ),
Contribuição para os Programas de Integração Social e Formação do Patrimônio do Servidor
Público (PIS/PASEP), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) e Contribuições para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica. A arrecadação é
federal, haja vista a lei dispor de tributos federais.
Entretanto, o artigo 4º da Lei nº 9.317/96 concedia oportunidade para que, mediante
convênio entre União com Estado e Municípios, o Imposto sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS) e o Imposto sobre Serviço de Qualquer
Natureza (ISS) fossem recolhidos em sistema unificado, como os impostos e contribuições
federais.
E compensação, a Lei Complementar n.° 123/2006 promoveu a inclusão do ICMS e
do ISS no sistema simplificado de pagamento de tributos, reunindo as esferas federal, estadual
e municipal, revogando os regimes próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, resultando na simplificação e homogeneidade no procedimento de arrecadação.
Quanto ao conceito e ao enquadramento de ME e EPP estabelecidos pela Lei n.º
9.317/96, este foram mantidos pelo “Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte”,
que devem ter receita bruta anual de, no máximo, R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil
reais) e de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais) respectivamente.
A burocracia para abrir uma ME e EPP era evidente na legislação anterior, pois o
empreendedor era obrigado a se inscrever isoladamente em muitos órgãos, apresentar vários
documentos e declarações. Esta burocracia, além de ser onerosa, causava grande demora para
as empresas entrarem em atividade, além de vários números de identificação.
Com a Lei Complementar n.° 123/2006, a abertura da empresa passou a ser efetuada
por cadastro unificado e desburocratizado, com entrada única de documentos, com abertura
mediante registro simplificado dos seus atos constitutivos e sem exigência de vistorias prévias
para iniciar a atividade. A vistoria é realizada após a abertura da empresa. O Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) será o único número de identificação da empresa optante
do Simples Nacional. Além disso, a baixa da inscrição será imediata, mediante requerimento e
acompanhado do ato de dissolução da empresa.
As empresas que se enquadram na Lei Complementar nº 123/06 passaram, ainda, a
poder encerrar suas atividades independentes de pagamento dos tributos devidos, na falta de
movimentação e atividade empresária por mais de três anos. Haverá possibilidade de baixa no

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cadastro da empresa, mesmo possuindo débitos tributários, mas, nesse caso, os sócios
responderão pelos débitos existentes.
Após a entrada em vigor do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de
Pequeno Porte, outras empresas com atividades diversas, passaram a optar pelo Simples
Nacional desde que enquadradas nos requisitos de receita bruta ou do exercício da atividade.
Pela Lei nº 9.317/96, as empresas impossibilitadas de optar pelo Simples Federal
deveriam calcular os valores dos tributos de forma separada, informar vários dados no
decorrer de suas declarações e com vencimentos em datas distintas, sendo obrigada a efetuar
vários pagamentos. As empresas poderiam optar pelo regime diferenciado, mas desde que
existisse convênio celebrado entre União, Estados e Municípios.
Diferentemente, com a Lei Complementar n.º 123/06, a arrecadação é realizada
mensalmente, fundamentada na mesma base de cálculo, escrituração contábil e fiscal únicas,
para o pagamento das contribuições dos impostos federais (IRPJ, PIS/PASEP, COFINS, IPI,
INSS sobre a folha de salários), estadual e distrital (ICMS) e municipal (ISS). No Simples
Nacional, as alíquotas são mais práticas e os cálculos simplificados.
A base de cálculo estabelecida na Lei Complementar nº 123/06, optante do Simples
Nacional, é realizada pela média da receita bruta auferida nos doze últimos meses do período
de apuração. Além disso, também inovou ao prever a opção da empresa ser tributada com
base na receita bruta auferida no mês, isoladamente, conforme regras editadas pelo Comitê
Gestor, opção essa que será irretratável para todo o ano-calendário.
A Lei Complementar nº 123/06 trouxe grande avanço e flexibilização nas atividades
empresariais das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, reduzindo os encargos
tributários e tornando a atividade empresarial menos onerosa, possibilitando o seu
desenvolvimento e a concorrência no mercado, além do cumprimento das obrigações sociais,
reduzindo a informalidade.

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REFERÊNCIAS

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jurisprudência, artigo por artigo, inclusive ICMS (LC 85/1996 e LC 114/2002) e ISS (LC
116/2003) Freitas. 3. ed. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

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HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

MACHADO, Hugo de Brito. Comentários ao código tributário nacional. São Paulo: Atlas,
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______. Curso de direito tributário. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2005.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. São Paulo: Revista
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MEYRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 5. ed. São Paulo: Revista dos
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