Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
INTRODUÇÃO
A análise da expressão “Pessoas Negativas Iluminam a Sala Quando Saem” levou-
me a consultar diverso material, do qual entendi serem merecedoras de realce as
várias formas de tipificar os padrões comportamentais do ser humano. De entre
estes, elegi o Eneagrama, por ser aquele que pior conhecia. O presente trabalho,
se bem que tomando como ponto de partida a frase proposta, espraia-se por
horizontes mais alargados, onde procuro confrontar reacções menos correctas
(negativas) com outras mais correctas (positivas), não apenas do ponto de vista
social, mas também individual, como chaves mais válidas para a busca da felicidade
em que cada um de nós anda mais ou menos empenhado (diria antes, na busca de
nós próprios).
O Eneagrama não é mais que um meio de ajudar cada um de nós a descobrir o que
existe oculto sob as nuvens e eventualmente uma ajuda preciosa na modificação do
que entendermos como menos correcto no nosso comportamento.
Vários foram os que mantiveram vivas essas teorias, que foram abraçadas mais
tarde, em 350 por António de Alexandria, aquele que esteve na origem dos que
ficaram conhecidos como padres do deserto. Um deles, Evagrius Ponticus
(teólogo grego particularmente culto, nascido em 345 na actual Geórgia, nas
margens do Mar Negro), foi quem de entre eles primeiro redigiu livros; em dois
deles (“Praktikos” e “Chapitres sur la Pière”) ele refere os vícios que distraem ou
pensamentos diabólicos (que acabariam por tornar-se os sete pecados capitais do
cristianismo) e é por ele indicada a dinâmica entre os vários tipos (primeiro
reconhecer o tipo, observar onde a energia flui e onde é bloqueada, assumir que a
origem da maior fraqueza é também a do dom mais importante, para que a paixão
seja transformada no fruto divino que cada um contém no seu âmago).
Mais tarde, no século XIV, Dante Alighieri, o florentino que nos legou a “Divina
comédia”, recorre a todo o simbolismo envolvente das nove paixões do Eneagrama.
No século seguinte, o poeta e filósofo inglês Geoffrey Chaucer, autor dos “Contos
de Cantuária”, estabelece a correspondência entre cada paixão (pecado) e uma
virtude que permite equilibrá-la.
O boliviano Oscar Ichazo (nascido em 1931), após ter viajado durante vários anos
pelo Médio Oriente, no decorrer dos quais foi iniciado no sufismo, organizou em
1970 um estágio em Arica (Chile) no qual participaram cerca de cinquenta
investigadores de todo o mundo, onde, de entre as diferentes técnicas de evolução
espiritual por ele transmitidas, avultava o Eneagrama.
A relação entre a paixão e a virtude que lhes são próprias podem esquematizar-se:
1 - cólera/serenidade,
2 - orgulho/humildade,
3 - mentira/verdade,
4 - cobiça/equanimidade,
5 - avareza/desprendimento,
6 - medo/coragem,
7 - gula/sobriedade,
8 - desregramento/inocência,
9 - preguiça/acção justa.
Resumindo drasticamente esta temática, podemos dizer que várias facetas nos
constituem, sendo uma delas a dominante, da qual nos orgulhamos. Os nossos
hábitos o nosso sistema de valores estão interligados, dependendo os últimos na
percepção do mundo que tivemos na infância. O reconhecimento do nosso tipo
permite a conversão do ego. O Eneagrama esquematiza o estudo da
personalidade, explica a razão do nosso comportamento duma forma universalista
e é dinâmico (ao contemplar as várias facetas de cada um e a sua evolução
possível com base no livre-arbítrio); permite ainda ser a base do nosso progresso
psicológico e do aperfeiçoamento espiritual.
Tipo 1 - perfeccionista/juiz
Precisa de ter razão e de justificar a sua posição. Tenta ser o mais perfeito e ajuda
os outros nesse sentido.
Aspectos positivos: perspicaz, sensato, realista, tolerante, racional, justo, ético,
com forte integridade pessoal, moral, idealista, reformador, cruzado.
Aspectos negativos: opinioso, crítico, fariseu, demasiado exigente, condenador,
punitivo, demasiado perfeccionista, enfadonho.
Tipo 2 - altruísta/ajudante
Precisa de ser amado, apreciado e que tenham necessidade dele; de exprimir os
seus sentimentos e de ser correspondido, vendo reconhecido o seu valor.
Aspectos positivos: altruísta, atencioso, simpático, compassivo, preocupado,
generoso, amigo de ajudar, demonstrativo, bem-intencionado, sacrifica-se pelos
outros.
Aspectos negativos: superior, obsessão com a sua indisponibilidade, manipulador,
culpabilizador, coercivo, arma-se em vítima e mártir, auto-enganador.
Tipo 3 - batedor/narcisista
Precisa de afirmação e de atenção. Quer ser extraordinário e impressionar,
distinguindo-se aos olhos dos outros.
Aspectos positivos: seguro de si, autêntico, confiante, popular, com tendência para
sobressair dos outros, ambicioso, eficiente, consciente da sua imagem, pragmático,
orientado para uma carreira.
Aspectos negativos: competitivo, narcisista, arrogante, falso, exibicionista,
autopromotor, sadista, tortuoso, calculista, pretensioso.
Tipo 4 - romântico/artista
Precisa de se compreender e de se exprimir e aos seus fortes sentimentos; de
manifestar criativamente as suas reacções emocionais ao mundo.
Aspectos positivos: criativo, inspirado, intuitivo, divertido, emocional, romântico,
artístico, imaginativo, introspectivo, sonhador, auto-absorvido.
Aspectos negativos: temperamental, fraco, melancólico, autocomiserativo, alheado,
deprimido, autodestrutivo, desesperado, presumido, auto-indulgente.
Tipo 5 - observador/espectador
Quer compreender o mundo mas acumula conhecimentos sobre o meio ambiente
para se proteger da sua intimidante experiência.
Aspectos positivos: perceptivo, compreensivo, visionário, descobridor, pioneiro,
inovador, original, intelectual, observador, analítico.
Aspectos negativos: extremista, recluso, fóbico, cínico, obcecado com teorias e
ideias, excêntrico, isolado do meio ambiente.
Tipo 6 - leal/herói
Precisa de segurança, de ser apreciado e da aprovação e amor dos outros para
combater uma tremenda sensação de insegurança e medo paralisante.
Aspectos positivos: independente, cooperante, amável, leal, de confiança,
responsável, tradicionalista, cumpridor, empenhado, organizado.
Aspectos negativos: demasiado obediente para com a autoridade, indeciso,
defensivo, inseguro, demasiado dependente, ansioso, paranóico, masoquista,
ambivalente, cauteloso.
Tipo 7 - epicúrio/oportunista
A sua estratégia para afastar uma sensação da ansiedade é ser o mais activo e
empreendedor possível, fazer e possuir cada vez mais de tudo.
Aspectos positivos: alegre, compreensivo, grato, multitalentoso, entusiasta,
animado, extrovertido, hiperactivo, brilhantemente dotado, jovial.
Aspectos negativos: diletante, exagerado, ganancioso, obnóxio, obcecado com
novas experiências, debochado, egoísta.
Tipo 8 - chefe/dono
Precisa de se sobrepor a si próprio, aos outros e ao meio ambiente; de produzir
impacto sobre a história e de fazer tudo à sua maneira.
Aspectos positivos: corajoso, positivo, confiante, forte, com grandes qualidades de
chefia, autoritário, imponente, nobre, empreendedor.
Aspectos negativos: déspota, agressivo, teimoso, dominador, intimidante,
conflituoso, ditador, megalomaníaco, beligerante, violento.
Tipo 9 - mediador/pacificador
Conservador a qualquer preço, tem o desejo premente de se fundir com os outros,
evitando assim conflitos e tensões. Esquece-se de si próprio por hábito.
Aspectos positivos: satisfeito, receptivo, estável, pacífico, optimista, genuíno,
complacente, afável, calmo, paciente, controlado.
Aspectos negativos: enfatuado, irreflectido, descuidado, ineficaz, foge aos conflitos,
esquecido, com comportamento de avestruz, demasiado rotineiro.
BIBLIOGRAFIA
Salmon, Éric - “ABC de L’Ennéagramme”, Jacques Grancher, Paris, France, 1997 (“O
Fantástico Mundo do Eneagrama”, Editora Pergaminho, Cascais - Portugal, 2000)
Godwin, Malcolm - “Who are you? 101 ways of seeing yourself”, Carrol & Brown,
2000 (“Quem sou Eu? Teste a sua Personalidade”, Círculo de Leitores, Lisboa, 2001)