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DIREITO
AVARÉ-SP
2009
JOSÉ EDUARDO SANTOS ARAÚJO CAMARGO
AVARÉ-SP
2009
FACULDADE SUDOESTE PAULISTA – FSP
DIREITO
________________________________________________
Prof.ª Esp. Antonieta Lima Brauer
AT – Antigo Testamento
Dt – Deuteronômio
Ex – Êxodo
Gn - Gênesis
Lv – Levítico
Nm - Números
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................10
2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................12
3 A ORIGEM ..........................................................................................................................14
6 CONCLUSÃO......................................................................................................................35
7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................36
1 INTRODUÇÃO
Todas as idéias, pensamentos, vontades e atos atuais, constituem-se num processo que
história por determinado povo, sua cultura e religião. Apesar disso, algumas pessoas, se não a
A tradição judaica, tradição essa que teve seu início com a história religiosa da origem
Desde os tempos mais remotos da história, a religião exerceu poder ilimitado sobre as
coisas humanas. O Direito era considerado como expressão da vontade divina. Em seus
Segundo Nalini (2004, p. 62), a primeira fonte da moral cristã é a Bíblia. O mesmo
autor ainda cita Chaïm Perelman, o qual diz que “é muito difícil distinguir o elemento
Desta forma, moral, religião e direito são confundidos. Nos códigos antigos são
através do Pentateuco, com normas do Direito Positivo Contemporâneo, tais como penais,
Para tanto, principia-se no Capítulo 1, dedicado à Revisão de Literatura, que nada mais
é do que um resumo da idéia principal de cada autor, cuja bibliografia é considerada básica
a história de forma condensada, a formação do povo hebreu, sua lei e também a da formação
da Bíblia.
comparações com alguns ramos do Direito, tais como Direito Civil, Direito Penal, Direito
Constitucional.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Este primeiro capítulo é destinado à Revisão de Literatura, que nada mais é, de forma
condensada, a idéia principal de cada autor, cuja bibliografia é considerada essencial para o
Segundo o autor José Renato Nalini (2004, p. 62-63), “a chamada civilização ocidental
é conhecida como a civilização cristã, os valores sobre os quais ela se desenvolveu são
aqueles fornecidos pelo cristianismo, nutrido em sólida tradição judaica” e “a primeira fonte
da moral cristã é a Bíblia, ou sagrada Escritura”. O mesmo autor (2004, p.63) ainda, diz que
preceitos morais”.
No mesmo sentido, o autor Paulo Nader (2000, p. 39) diz que “há vários pontos de
convergência entre o Direito e a Religião, o maior deles diz respeito à vivência do bem” e que
“Direito e Moral são instrumentos de controle social que não se excluem, antes, se completam
e mutuamente se influenciam”.
Ainda, neste mesmo sentido, o autor Paulo Dourado de Gusmão (2008, p. 71) diz:
O jurídico não está excluído de julgamentos éticos. Não está, como qualquer conduta
humana. Na sociedade pré-letrada ou primitiva a regra do direito se confundia com a
da moral. Porém, nesse remoto passado, direito, moral e religião não se
diferenciavam. Mas mesmo no direito das altas civilizações há infiltração da moral no
direito.
O autor Pe. Mário Luiz Menezes Gonçalves (2004, p. 36) diz que “por mais primitivo
que seja um grupo humano, sempre existirão regras para nortear as relações sociais entre si”.
era servir a Deus, de maneira que o homem se sentiu ligado nos seus comportamentos, os
O antigo Israel estava convencido de que suas leis e instituições eram justas por
essência, pois tinham como fundamento a santidade de Deus. Na idade Média cristã,
pensamento grego e pensamento bíblico convergem na convicção de que o Criador do
mundo é também Aquele que ordena, mediante as leis morais, a convivência humana.
Desta forma, o referido documento (2003, p. 13) também diz que “na Idade Média,
ética e religião estão estreitamente associados e a Igreja se torna guardiã da moral, exercendo
No artigo denominado Direito, moral e religião do autor Gleibe Pretti (2002), tem-se
que “é fato notório a influência dos fatores morais e religiosos” no fenômeno jurídico. “Não
de Sousa (2006) diz que “o direito tem suas bases na moral, não somente no sentido de
Para finalizar, segundo o Autor Leonardo Prota (1996), “a moral ocidental se constitui
A origem da palavra Bíblia vem do grego bíblios ou bíblion (βιβλιον), que significa
“rolo” ou “livro”. Bíblion, no plural, toma a forma bíblia, significando “livros”. A Bíblia é
uma compilação de livros, inspirados pelas três grandes religiões dos filhos de Abraão, que
Acredita-se que tenha sido escrita ao longo de um período de 1600 anos, por cerca de
40 homens, das mais diversas classes sociais, profissões, de diversos lugares e contextos,
resultado de longa experiência religiosa do povo de Israel (GILISSEN, 1995, p. 68; JESUS,
2008).
Tais homens, para os cristãos, foram inspirados por Deus, que consideram a Bíblia
como Escritura Sagrada. Para esses cristãos, a Bíblia é a Palavra de Deus. Nela se encontram
as respostas para os problemas da humanidade, a vontade de Deus para tal. Nela, ainda,
contém as instruções de Deus ao seu povo, as prescrições às quais deve ajustar sua vida
moral, social e religiosa. Na Bíblia judaica, o Pentateuco é chamado a Lei, a Torá (VAUX,
2003, p. 176).
No intuito de obter uma reprodução desse material, fez-se com que se dividisse seu
texto em cinco rolos de tamanhos quase iguais. Daí provém o nome que lhe foi dado pelos
povos de língua grega, qual seja, he pentateuchos, “o livro em cinco volumes”. O mesmo
material foi copiado em latim como Pentateuchus, de onde surgiu a palavra portuguesa
Pentateuco. Por sua vez, os judeus de língua hebraica deram-lhe também o nome de “os cinco
narrações históricas e leis, que foram concebidas a partir de uma perspectiva religiosa
A Torá significa “Lei”. A palavra ainda significa o conjunto de regras que ordenam as
relações do homem para com Deus e dos homens entre si, tratando da vontade de Deus a um
“único povo,” Israel (VAUX, 2003, p. 176). Foi dada e formulada exclusivamente para Israel.
Há nela, contudo, um lugar para orientações de Deus a toda a humanidade por Ele criada
sentenças jurídicas, regras morais, religiosas ou culturais que aparecem ao lado de artigos de
Direito Civil ou Criminal, teológico e histórico e estes cincos primeiros livros estão divididos
Sinai, em Deus com o povo, ditando Suas leis. O Levítico, de caráter quase exclusivamente
relevo a tradição das “tábuas de pedra”. É a lei fundamental, moral e religiosa, da Aliança de
diretamente por Deus, através da mediação de Moisés, em virtude do povo não suportar a fala
direta de Deus. Através do Sinai, Moisés recebeu o bloco de leis, o Decálogo, o qual foi
escrito nas tábuas de pedra, diretamente por Deus. São, portanto, leis divinas. É o instrumento
Deuteronômio”, que eram estatutos e normas para que o povo de Israel pusesse em prática
durante todos os dias em que vivessem sobre a Terra (BAZAGLIA; BORTOLINI, 2002, p.
273).
Com o Código Deuteronômico (Dt. 12-26), Israel começa a formular, pela segunda
Embora as leis do Decálogo sejam denominadas de natureza divinas elas não se tratam
apenas de algo superior, mas também de instituições reais que são para sua utilização no dia-
a-dia, para com as relações dos homens entre si. Toda lei é feita para resolver conflitos de
interesses. Ela ordena alguma coisa para resolver esse conflito (DOCUMENTO DA CNBB,
2003, p. 53).
Todas essas leis apontam para o horizonte em que haverá liberdade e vida para todos
submete os objetos materiais e espirituais a novas formas e conteúdos, visando seu melhor
aproveitamento e sua melhor adaptação aos novos valores e aos fatos da época. Esse
patrimônio não resulta do esforço isolado de uma geração, pois, corresponde à soma das
com o objeto com o qual convive, e em concordância, da mesma forma, com o modelo de
transformar ou manter uma ordem social determinada (SÁNCHEZ VÁSQUEZ, 2002, p. 88).
Cada homem é guiado em sua existência pelo primado de determinado valor, pela
supremacia de um foco de estimativa que dá sentido à sua concepção da vida (REALE, 1999,
p. 37).
uma realidade que se desenvolve através do espaço e do tempo. Possui conteúdo histórico que
cabe ser analisado como conjunto de significações (REALE, 1999, p. 74 e p. 268). Neste
Positivo. Vê-se, na Bíblia Sagrada, o nascimento de todo um sistema jurídico do povo hebreu
Aliança, sendo a expressão fundamental dessa moral o Decálogo. Ele é fundado sobre a
culturais e legislativas, a um homem foi confiado o papel de mediador e profeta entre Deus e
o seu povo, desta forma, Moisés, se tornou simultaneamente o seu legislador. Assim, de tudo
isso nasceu um típico modo de vida jurídica e liturgicamente ordenada, fazendo com que o
2008, p. 292).
A tradição judaica, tradição essa que teve seu início com a história religiosa da origem
pensamento e regras religiosas, apesar de muitos negarem isto (NALINI, 2004, p. 172;
PINTO, 2008).
A moral ocidental se constitui um núcleo básico que vem sendo enriquecido desde o
Decálogo de Moisés: o ideal de pessoa humana. Esse ideal não se formulou desde logo, mas,
Desde os tempos mais remotos da história, a religião exerceu poder ilimitado sobre as
coisas humanas. O Criador do mundo é também Aquele que ordena as leis morais, a
convivência humana. Não havia diferenças entre fatores religiosos, morais e jurídicos. Na
Idade Média, ética e religião estão estreitamente associadas e a Igreja se torna guardiã da
moral, exercendo um controle rigoroso sobre a conduta dos cidadãos, associada ao poder civil
(NADER, 2000, p 37; PRETTI, 2002; DOCUMENTO DA CNBB, 2003, p. 8 e p. 13;
GUSMÃO, 2008, p. 71). Moral, religião e direito são confundidos. Nos códigos antigos são
religião judaico-cristã para configurar o ideal da pessoa humana que penetrou em nossa
arte, a ciência, vão adquirindo sua própria autonomia. Com isso, a religião perde a hegemonia,
pensadores, mas com mais ênfase por Kant, entre o século XVIII e o século XIX, verifica-se
uma grande inquietação, resultante dessas idéias, para definir cada uma das ciências (Moral,
Religião, Direito), no qual as regras criadas com base religiosa foram perdendo espaço para
inúmeras normas criadas pelo próprio homem (PINTO, 2008 e GUSMÃO, 2008, p. 69).
Uma das maiores aspirações dos Iluministas, de fato, era fornecer ao debate público
critérios e métodos de justificação racional, pelos quais, destronando a autoridade e a
tradição, poderíamos julgar o que é justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo em nossas
obrigações de fidelidade morais, sociais e políticas.
quase todas as constituições brasileiras, sempre foi mencionado ou invocado o nome de Deus,
ficando fora de seu corpo apenas nas constituições dos anos de 1891 e 1937. O Brasil, em sua
primeira Constituição, a de 1824, no artigo 5º, a Religião Católica Apostólica Romana era
declarada a religião oficial do Estado. Apenas na constituição do ano de 1891, o Brasil passa a
1988, no seu artigo 19, inciso I, caracterizar o Estado como Laico, também sofreu grande
BORTOLINI, 2002; ANGHER, 2008, p. 42). Por isso, é possível observar, nas normas
jurídicas, nos mais diversos ramos do Direito, tais influências nas normas penais, civis,
juízes, princípio da igualdade, função social da propriedade, dentre outros, além do aspecto
Segundo Nalini (2004, p. 62), “concorde-se ou não com o asserto, a civilização de que
A Igreja católica sente-se responsável, perante Deus, não somente por anunciar a
mensagem evangélica, mensagem de graça e esperança, mas também por indicar
princípios e normas morais, tanto no plano individual quanto na ordem social, na
medida em que os considera necessários à salvação que anuncia e ligados a direitos
fundamentais das pessoas.
conduta, mas não é o único, está ao lado da moral e da religião (GUSMÃO, 2008, p. 75).
Uma ordem da conduta humana. Uma “ordem” é um sistema de regras. O direito não
é, como às vezes se diz, uma regra. É um conjunto de regras que possui o tipo de
unidade que entendemos por sistema. É impossível conhecermos a natureza do Direito
se restringimos nossa atenção a uma regra isolada. As relações que concatenam as
regras específicas de uma ordem jurídica também são essenciais à natureza do Direito.
Apenas com base numa compreensão clara das relações que constituem a ordem
jurídica é que a natureza do Direito pode ser plenamente entendida.
A função de ordem social, de toda sociedade – porque a sociedade nada mais é que
uma ordem social – é motivar certa conduta recíproca dos seres humanos: fazer com
que eles se abstenham de certos atos que, por alguma razão, são considerados nocivos
à sociedade, e fazer com que executem outros que, por alguma razão, são
considerados úteis à sociedade.
Existem vários pontos em comum entre o Direito e a Religião. O maior deles diz
respeito à vivência do bem. É inquestionável que a justiça, causa final do Direito, integra a
idéia do bem (REALE, 1999, p. 272). Assim, valor da justiça não é apenas consagrado pelo
O autor Hans Kelsen, em seu livro Teoria Geral do Direito e do Estado (1998b, p. 28),
consiste no tratamento dado a outros homens (KELSEN, 1998a, p. 04). A justiça é vista como
inclinação, tendência, forma de querer, como algo, em suma, que está no homem mesmo antes
Desta forma, com relação a direito e moral, como já foi dito anteriormente, ambos são
Para Nader (2000, p. 41), “considera-se bem tudo aquilo que promove o homem de
A Moral não interessa apenas ao homem interior, mas a todo coletivo dele (SOUSA,
2006). Porém, encontram-se muitas circunstâncias que não são morais, porém, são tuteladas
ampliando cada vez mais, dado que a dignidade do mesmo homem se vê mais claramente
Moral deriva do latim morale, relativo aos costumes (SOUSA, 2006). Segundo
representado pelo texto bíblico denominado Deuteronômio, que constitui o ponto de partida
BORTOLINI, 2002).
outras palavras, a ética está inseparavelmente ligada à religião. Nalini (2004, p. 171), diz que:
Para o autor Adolfo Sánchez Vasquez (2002, p. 90), quando se fala de relações entre a
jurídico ou legal (direito) é o que mais profundamente se compara com a moral, porque os
dois estão sujeitos a normas que regulam as relações dos homens. O Direito é, por sua
essência, moral. Direito tem caráter moral, sendo que todo o Direito constituiu um valor moral
a moral respondem a uma mesma necessidade social: regulamentar as relações dos homens
visando a garantir certa coesão. Porque o homem é um ser social, obrigado a se desenvolver
sempre individual e socialmente, com seu interesse pessoa e coletivo e, esse homem, não pode
renunciar à moral, visto que corresponde a uma indispensabilidade social (SÁNCHEZ
(SOUSA, 2006).
e que estabelece sanções estatais às infrações cometidas contra as ordens nele contidas. O
07).
determinados capítulos e versículos da Bíblia Sagrada com os ramos do Direito, que seguem
tais como Direito Penal, Direito Constitucional, Direito Civil. Apontar no texto bíblico, o
Deus passa a Moisés uma longa lista do que não pode ser feito, a que chamou de
Era comum que as pessoas procurassem seus guias ou líderes para resolver seus
problemas quando não os solucionassem pessoalmente (é o que o Direito se denomina
de auto-composição das lides). Assim, Moisés, quando tinha que decidir tais
pendências (lide = conflito de interesses), tomava assento na cadeira de juiz. Jetro, seu
sogro, ao ver que Moisés julgava sozinho, disse-lhe: “mas deve escolher homens que
ajudem como juízes e advogados de causas menores (Ex. 18, 21-23). Aí há o início da
divisão do trabalho dos juízes. Começava-se, então, a serem designados os juízes, a
quem caberia o julgamento das pendências (lides) entre as pessoas. Não mais o
julgamento sem prova ou decisões pessoais. Institucionalizava-se o julgamento.
De outro lado, há a instituição do juizado de pequenas causas ou de crimes de menor
potencial ofensivo. Foi o que disse Jetro, ao sugerir a Moisés que designasse pessoas
para que o auxiliassem e “para que julguem este povo em todo o tempo, e seja que
todo negócio grave tragam a ti, mas todo negócio pequeno eles o julguem” (Ex. 18,
22). Assim sendo, eles (juízes para decisão de causas menores) julgavam o povo o
tempo todo e “o negócio árduo traziam a Moisés, e todo negócio pequeno julgavam
eles” (Ex. 18, 26).
Pode-se a partir deste momento, tirar como conseqüência, o surgimento original dos
Tribunais de Alçada e também dos denominados juizados de pequenas causas ou, no âmbito
criminal, dos juizados para julgamento das infrações de menor potencial ofensivo
5.1.1 Homicídio
direitos. Ninguém pode ser privado arbitrariamente de sua vida. Esse direito é primeiro da
Capítulo 5 versículo 17, há preceito contra o homicídio. Hoje, no ordenamento jurídico, matar
alguém é crime. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, caput, proclama o direito à vida,
Está regulamentado no capítulo “dos crimes contra a vida”, no artigo 121, do Código
Penal o crime de homicídio, que é a supressão da vida de um ser humano causada por outro.
Constituindo a vida o bem mais precioso que o homem possui, trata-se de um dos mais graves
crimes que se pode cometer, refletindo-se tal circunstância na pena, que pode variar de 6 a 30
19, 4-7:
Aquele que matar seu próximo involuntariamente, sem tê-lo odiado antes (por exemplo:
alguém vai com seu próximo ao bosque para cortar lenha; impelindo com força o machado
para cortar a árvore, o ferro escapa do cabo, atinge o companheiro e o mata): ele poderá então
refugiar-se numa daquelas cidades, ficando com a vida salva (BAZAGLIA; BORTOLINI,
2002, p. 281).
regime aberto. O Direito também trata de forma mais branda os delitos praticados com culpa,
5.1.2 Aborto
gestação gera um tertium, ou seja, um terceiro com existência distinta da mãe. Esse terceiro
possui vida humana que se iniciou com a gestação, no curso da qual as sucessivas
Exposto no capítulo de crimes contra vida no Código Penal, dos artigos 124 ao 126, o
aborto é crime, também segundo a Bíblia, é ilícito penal. A Bíblia em Ex. 21, 22-23, “se
homens brigarem, e ferirem mulher grávida, e forem causa de aborto, sem maior dano, o
culpado será obrigado a indenizar”, pune, ainda, o aborto decorrente de ato de terceiro,
obrigando-o a uma indenização (BAZAGLIA; BORTOLINI, 2002, p. 132; NUCCI, 2005, p.
515; OLIVEIRA, 2005, p. 30). O aborto provado por terceiro está previsto no artigo 125 do
Código Penal, no qual o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, embora o sujeito passivo não
seja somente o feto, mas também a gestante, pois a agressão foi dirigida contra a sua pessoa,
5.1.3 Furto
Assim, como o homicídio, furtar e roubar, que são duas formas de subtração de coisa
alheia, também são ilícitos penais. Segundo a Bíblia, também há preceito contra o furto e
roubo. Tal preceito está produzido em Ex. 20, 15 e Dt. 5, 19 (BAZAGLIA; BORTOLINI,
pertencente a outrem, ou seja, tornar-se senhor ou dono daquilo que, juridicamente, não lhe
pertence. Já o roubo, está previsto no artigo 157, do referido Código (ANGHER, 2008, p.
376). O roubo nada mais é do que um furto associado a outras figuras tipificadas como crime,
tais como as originárias do emprego de violência ou de grave ameaça (NUCCI, 2005, p. 618 e
p. 635).
5.1.4 Falso testemunho
O preceito contra o falso testemunho está exposto em Ex. 20, 16 e em Dt. 5,20; 19,16.
que viu e não depor falsamente. (BAZAGLIA; BORTOLINI, 2002, p. 131, p. 166, p. 265 e p.
282).
Fazer afirmação falsa, mentir ou narrar fato não correspondente à verdade, previsto no
artigo 342 do Código Penal, sendo aplicado pena de reclusão, chegando de 1 ano a 3 anos, e
multa. As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3, se o crime é praticado mediante suborno (NUCCI,
O falso testemunho não se confunde como mero silêncio, pois, quem silencia a
verdade de um fato não o está declarando e, quando o fizer, não está enganando a autoridade.
positivo contrário à verdade, suscetível de causar erro no processo. Por isso, não constitui
Uma única testemunha não é suficiente contra alguém em qualquer caso de iniqüidade
ou de pecado que haja cometido. A causa será estabelecida pelo depoimento pessoal
de duas ou três testemunhas.
5.1.5 Difamação
uma pessoa, maculando-lhe a reputação (ANGHER, 2008, p. 374). Significa imputar algo
desairoso a outrem. Difamar uma pessoa implica em divulgar fatos infamantes à sua honra
objetiva, sejam eles verdadeiros ou falsos. O tipo penal foi propositadamente repetitivo
O crime de difamação está com previsão legal no artigo 139 do referido Código, no
Além de estar previsto em Levítico 19, 16, o livro do Deuteronômio, no capítulo 22,
versículos 17 a 19, cita punição severa para a difamação (BAZAGLIA; BORTOLINI, 2002,
p. 188 e p. 285).
21, 28, e quando causa lesões ou morte em Ex. 21,29 (BAZAGLIA; BORTOLINI, 2002, p.
132).
animais em seu artigo 936. O referido Código, também dispõe sobre responsabilidade
decorrente de obras, nos artigos 937 e 938 (NEGRÃO; GOUVÊA, 2005, p. 197; ANGHER,
2008, p. 157). É o que está previsto na Bíblia, ao cuidar da responsabilidade daquele que abre
buraco e não o tapa. Está previsto em Ex. 21, 33. Aplicáveis seriam tais ensinamentos aos
buracos deixados em aberto pelo Poder Público, especialmente a Prefeitura Municipal
na Bíblia.
Se alguém abrir uma cova e nela cair um animal, deve pagar o preço do animal,
ficando com ele, previsão em Ex. 21, 33-36 (OLIVEIRA, 2005, p. 30). Em Ex. 22, 4 diz que,
“se alguém fizer o seu animal pastar num campo ou numa vinha, e o deixar pastar em campo e
outrem, restituirá a parte comida desse campo, conforme o que ajudar”. Em Ex. 22,5 aparece
aquele que ateou o fogo pagará totalmente o que tiver queimado (BAZAGLIA; BORTOLINI,
2002, p. 133).
Para o Código Civil, posse é a detenção de uma coisa em nome próprio, não se
confundindo o possuidor com o mero detentor. O detentor também possui, mas o faz em
nome de outrem, sob cujas ordens e dependência se encontra (ANGHER, 2008, p. 157). Já o
proprietário pode usar, gozar e dispor de seus bens, bem como reavê-los do poder de quem
quer que injustamente os possua. Estão previstos nos artigos 1196 e 1228 respectivamente do
Código Civil (FÜHRER, 2004, p. 57 e p. 60; NEGRÃO; GOUVÊA, 2005, p. 252 e 258).
A primeira é mera situação fática de que decorrem efeitos jurídicos, ou seja, alguém
está em um imóvel para tê-lo como seu. A segunda hipótese é o direito de propriedade
que ocorre após o registro aquisitivo (mediante escritura pública) devidamente
registrado no Cartório de Registro de Imóveis.
5.2.3 Herança
artigo 1784 do referido código. (NEGRÃO; GOUVÊA, 2005, p. 362; OLIVEIRA, 2005, p.
47).
posse dos bens deixados transmitem-se automaticamente aos herdeiros. Mas há que se
proceder ao inventário, para se verificar o que foi deixado e o que foi transmitido (FÜHRER,
2004, p. 121).
conforme previsão no artigo 1845 (NEGRÃO; GOUVÊA, 2005, p. 372). A eles pertence a
metade dos bens deixados. Por testamento, o falecido apenas pode dispor de 50% (cinqüenta
No livro de Números, no capítulo 26, versículo 53, volta-se à posse da terra, dizendo
que deverá a terra ser repartida em herança. Fala-se, também, em herança no mesmo livro no
determinar, podendo ser os filhos, os pais, ou parentes próximos. A lei é que cuidará disso.
todos os direitos, como já visto anteriormente, também dá outras disposições sobre outros
assuntos.
5.3.1 Estrangeiro
Cuida a Bíblia de que o estrangeiro em terra estranha está submetido à lei local. É o
que decorre da afirmação em Ex. 12, 49 de que “haverá uma única lei para o cidadão e para o
O estrangeiro enquanto viver no território brasileiro não se submete as leis de seu país,
mas à lei vigente no Brasil. O fato de ser estrangeiro não lhe dá qualquer privilégio
sentença será entre vós a mesma, quer se trate de um natural ou de estrangeiro” (BAZAGLIA;
BORTOLINI, 2002, p. 195). A todos se aplica a mesma lei e, mais que isso, estabeleceu a
somente uma lei e um direito, tanto para vós como para o estrangeiro que habita no meio de
estrangeiros residentes no País fazem jus aos direitos e garantias fundamentais (ANGHER,
objetivamente através do Direito. A correlação entre direito e a sociedade está no fato de que
ordem jurídica é, então, normatizar e, controlar as relações sociais, com o objetivo de tutelar
E apesar de se estar num estado laico, separado do mundo religioso, no que concerne
aos direitos e deveres do homem, não se pode questionar a importância que a religião teve e
tem sobre a vida dos homens, no que se diz respeito a sua conduta social. A religião se
concluir a influência da religião e da moral no direito como se mostra. Saber separar cada uma
destas ciências e conhecer a penetração em cada caso é a missão do jurista, pois, apenas desta
forma, encontrará as soluções para os conflitos oriundos da ciência do direito que nos arrosta
os seres humanos.
Viver não é um simples existir biológico, é existir no contexto do mundo com todos os
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