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EXMO(A). SR(A).

JUIZ(A) DE DIREITO DA COMARCA DE SABINÓPOLIS - MG

....................................................... (qualificação), por seus advogados, que esta


sbscrevem, doc. anexo, com endereço profissional na cidade de Belo Horizonte - MG,
na Rua Silva Jardim, nº 254/103, Floresta, CEP: 30.150-010, vem a presença de V.Exa.,
nos termos do artigo 46, II do Código de Processo Civil - CPC, do artigo 165 do Código
Tributário Nacional – CTN e artigo 605 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
propor a presente

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO

em face da CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL –


CNA, com sede situada na SGAN Quadra 601, Módulo K, Brasília – DF, CEP: 70.830-
903, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:

DOS FATOS

O Requerente é proprietário de imóvel rural na circunscrição territorial desta cidade e


comarca, que o explora em regime de economia familiar, de onde provém seu sustento e
de sua família.

Em meados do ano de 2008, o Requerente foi surpreendido, juntamente com outros


produtores rurais da mesma localidade, com uma vultosa cobrança judicial de
contribuição sindical, promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
– CNA.

Saliente-se que o Requerente só veio a ter conhecimento da cobrança da contribuição,


após a propositura da ação, através do mandado citatório, sem qualquer informação
prévia que lhe garantisse a possibilidade de efetuar o pagamento antecipadamente ou de
buscar assessoramento jurídico, acarretando, dessa forma, o cerceamento de seu direito
constitucional à ampla defesa, consagrado no art. 5º, LV da CF.

Sem qualquer conhecimento técnico que lhe permitisse avaliar o cabimento ou


regularidade de tal cobrança e ainda, sem tempo e condições financeiras de buscar o
auxílio de um profissional apto a promover a contestação da demanda, o Requerente se
viu compelido a pagar o que lhe foi arbitrariamente cobrado.

Na audiência, ainda na fase inicial, o Requerente cedeu à proposta de acordo formulada


pela autora da cobrança, para parcelamento do débito, sendo este acordo homologado
em seguida, tendo, o Requerente, efetuado o pagamento integral estipulado no referido
acordo.

Ressalte-se que o Requerente não é filiado à associação sindical que promoveu a


cobrança e também NÃO É EMPREGADOR RURAL, contando apenas com a ajuda
eventual de terceiros, situação permitida pelo disposto no art. 3º, II, “a” da Lei 9.393/96,
que trata da isenção do Imposto Territorial Rural - ITR.
DO DIREITO

1- DA AUSÊNCIA DE CONDIÇÃO DA AÇÃO

Conforme relatamos, o Requerente foi surpreendido com uma cobrança judicial de


contribuição sindical, movida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil –
CNA, sem que houvesse qualquer notificação prévia informando sobre o débito ou
possibilitando seu pagamento por outro meio diverso da via judicial, violando-se assim
determinação expressa do art. 605 da CLT.

Do exposto, depreende-se que o direito de ação não é absoluto. Fazendo-se necessário o


atendimento às condições da ação para que o direito de ação seja exercido. Dessa forma,
o mérito da causa só poderá ser examinado se presentes a possibilidade jurídica, a
legitimidade das partes e o interesse processual. Estes dois últimos requisitos com
previsão expressa no art. 3º do CPC. Na mesma direção aponta o entendimento de Hélio
Mário de Arruda, em sua obra Processo Civil Em Perguntas e Respostas, 2ª ed., 1983.

Ainda conforme as palavras do citado autor, “faltando uma ou mais condições da ação,
o Estado não chega ao mérito da contenda, encerrando, desde logo, o procedimento”.

Conforme se demonstrará mais adiante, o egrégio Tribunal de Justiça Mineiro e o


Superior Tribunal de Justiça – STJ apresentaram decisões que se coadunam com este
entendimento, confirmando-se assim a pertinência da pretensão do Requerente.

2- DA LEGISLAÇÃO

Sobre o direito de repetição de pagamento indevido, está claramente disposto no art.


165 do CTN, que assim estabelece:

“Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à


restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento,
ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: [...]”

No caso em apreço não há qualquer aplicação do disposto no art. 162, § 4º do referido


diploma legal, restando demonstrada a existência do direito à reparação do Requerente,
no eventual reconhecimento de vício formal na cobrança da contribuição sindical.

A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, por ocasião da


cobrança da contribuição sindical, descumprindo de seu dever legal de promover a
divulgação de editais em jornais de grande circulação local sobre o recolhimento da
referida contribuição, tolheu do Requerente o direito de promover o pagamento da
contribuição dentro do prazo de dez dias, prtevisto no art. 605 da CLT, verbis.

“Art. 605 - As entidades sindicais são obrigadas a promover a publicação de editais


concernentes ao recolhimento da contribuição sindical, durante três dias, nos jornais
de maior circulação local até dez dias da data fixada para depósito bancário.”

Agindo desta forma, com a referida omissão, resta comprovado que a outrora autora
infringiu seu dever legal, cerceando direito do Requerente, atinente ao prazo para
efetuação do pagamento, acarretando ainda, violação a garantia constitucional
fundamental, consistente no direito à ampla defesa, consagrado no art. 5º, LV da CF,
que estabelece:

“Art. 5º - (omissis)

LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”

Com a inexistência da publicação prévia do edital em jornal de grande circulação local,


o Requerente teve seu prazo para exercer a opção pelo pagamento ou pela busca de
orientações e instrumentos para manifestar seu inconformismo com a cobrança sindical
reduzido. Tendo-se assim, cerceado seu direito constitucional ao procedimento em
contraditório, bem como a promoção de sua defesa de forma ampla.

Nos parece plausível também a configuração de má-fé, eis que através da cobrança
judicial os encarregados do patrocínio da causa se garantiram do recebimento de
honorários advocatícios fixados, em detrimento aos direitos legais e constitucionais
assegurados ao Requerente.

Noutro norte, embora não se esteja questionando a legalidade da cobrança, cabe


destacar o Precedente Normativo nº 119, do Tribunal Superior do Trabalho - TST, de
24/10/1996, publicado no DJU de 11/11/1996, que dispõe:

“Fere o direito à ampla liberdade de associação e de sindicalização clausula constante


de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa fixando contribuição a ser
descontada dos salários dos trabalhadores não filiados a sindicato profissional, sob a
denominação de taxa assistencial ou para custeio do sistema confederativo. A
Constituição da República, nos arts. 5º, XX e 8º, V, assegura ao trabalhador o direito
de livre associação e sindicalização”.

Nesse mesmo sentido aponta a Súmula 666 do Supremo Tribunal Federal – STF, com o
seguinte teor:

“A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição só é exigível


dos filiados ao sindicato respectivo”.

3- DA JURISPRUDÊNCIA

Sobre este assunto já se posicionaram o Egrégio Tribunal de Justiça Mineiro, bem como
o Superior Tribunal de Justiça - STJ, com decisões que apontam para a
inadmissibilidade da efetuação da cobrança judicial da contribuição sindical, devido à
inexistência de publicação prévia dos editais em jornais de grande circulação local,
conforme preconiza o art. 605 da CLT.

Segundo decisão emanada do Tribunal de Justiça Mineiro, a publicação dos editais é


requisito legal, que integra a essência do ato de cobrança, sem o qual não se pode
proceder à sua exigência judicial, haja vista que para a demonstração do direito de
cobrar, deve o credor evidenciar que procedeu corretamente, nos termos da lei, para que
o valor fosse exigido do contribuinte.

Vide decisão abaixo:

NÚMERO DO PROCESSO: 2.0000.00.387017-3/000(1)


NUMERAÇÃO ÚNICA: 3870173-31.2000.8.13.0000
Relator: VIEIRA DE BRITO
Data do Julgamento: 08/06/2005
Data da Publicação: 13/08/2005
EMENTA:
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL RURAL - COBRANÇA - CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DE AGRICULTURA - LEGITIMIDADE DECORRENTE DE LEI
-EDITAIS - ART. 605 DA CLT - COMPROVAÇÃO DA PUBLICAÇÃO -
DESNECESSIDADE - VOTO VENCIDO. Por força do art. 24, da Lei 8.847/94, a
Confederação Nacional de Agricultura é o ente legítimo a proceder à cobrança da
contribuição sindical rural. Não é pressuposto de constituição e desenvolvimento válido
e regular do processo, relativo à ação de cobrança de contribuição sindical, a
comprovação da publicação dos editais a que alude o art. 605 da CLT, uma vez que não
existe qualquer determinação legal nesse sentido. V.v.: Para que haja a cobrança em
juízo da contribuição sindical rural, deve a CNA comprovar que foi publicado edital,
durante três dias, até o décimo dia anterior ao depósito da quantia cobrada, sob pena de
não se ter pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo, o
que implica na extinção do feito sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267, IV,
CPC. (grifos nossos)

Como a decisão apresentada acima, outras se seguiram, embora como voto vencido,
acolhendo o argumento de inadmissibilidade da cobrança por inexistência de
pressuposto formal.

Entretanto, melhor sorte pôde ser vislumbrada através das decisões prolatadas pelo
Superior Tribunal de Justiça - STJ, que à unanimidade e repetidas vezes declarou
inadmissível a cobrança sindical efetuada pela Confederação Nacional da Agricultura -
CNA, em razão da inexistência da publicação prévia de editais em jornais de grande
circulação local, nos moldes do art. 605 da CLT, vindo a firmar sua orientação neste
sentido.

Vide decisão:

DIREITO SINDICAL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL


RURAL. PUBLICAÇÃO DE EDITAIS. ART. 605 DA CLT. NECESSIDADE.
1. A publicação de editais, em conformidade com o art. 605 da CLT, deve preceder ao
recolhimento da contribuição sindical, em respeito ao princípio da publicidade dos atos
administrativos e da não-surpresa do contribuinte.
2. Recurso especial de Ana Bottim Marcelino provido. Prejudicada a análise do recurso
especial da CNA. (REsp nº 936046/PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA, 2ª Turma, DJ
19/09/2007 p. 259)

No mesmo sentido aponta o recente julgado:


PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. VIOLAÇÃO DO
ART. 515 DO CPC. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA N. 282 DO STF. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL RURAL. VIOLAÇÃO DO
ART. 605 DA CLT. REQUISITO FORMAL DE NOTIFICAÇÃO DO
CONTRIBUINTE NÃO-CUMPRIDO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 83 DESTA
CORTE.
1. Com relação à alegada violação do art. 515 do CPC, verifica-se que a Corte a quo não
proferiu juízo de valor sobre a questão jurídica ali tratada, inviabilizando o recurso
especial quanto ao referido dispositivo por ausência de prequestionamento. Incide, no
particular, o Enunciado n. 282 da Súmula do STF.
2. Quanto ao mérito, melhor sorte não assiste aos agravantes, pois a cobrança da
contribuição sindical rural devida à CNA, nos termos do art. 605 da CLT, deve ser
precedida das formalidades necessárias, sendo exigível somente após a publicação dos
editais de notificação do sujeito passivo da exação em jornais de grande circulação
local, sem a qual não é atendida a publicidade que o ato reclama. Precedentes. (grifos
nossos)
3. Estando o acórdão recorrido em consonância com a orientação do Superior Tribunal
de Justiça, corretamente aplicou-se o Enunciado n. 83 da Súmula desta Corte - o qual
estabelece que não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação
do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida. Ressalte-se, ainda, que o
referido enunciado também se aplica aos recursos especiais fundados na alínea "a" do
permissivo constitucional.
4. Agravo regimental não provido. (AgRg no AgRg no REsp 721403/PR Rel. Min.
MAURO CAMPBELL MARQUES, 2ª Turma, DJe 23/04/2009)

Desta forma, resta demonstrada a inexigibilidade do pagamento realizado, fazendo-se de


direito a restituição do montante equivocadamente pago.

4- DO PEDIDO

Pelo exposto, requer-se:

a) que seja julgada procedente a presente ação, com a declaração de inexigibilidade


dos montantes pagos e conseqüente declaração de restituição, pela Confederação
Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, dos valores recolhidos, acrescidos
de juros e correção monetária;

b) a citação da ré, na pessoa de seu representante judicial no endereço constante do


preâmbulo, para que, querendo, responda aos termos da presente ação, sob pena de
revelia e confissão.

c) a condenação da ré no pagamento das verbas de sucumbência no importe de 20%


sobre o valor da condenação, a ser apurado em liquidação;

d) produção de provas por todos os meios em direito admitidos, sobretudo provas


documentais;
e) concessão das benesses da justiça gratuita, por não possuir condições de arcar com as
despesas judiciais e honorários advocatícios, sem prejuízo de seu sustento e de sua
família, nos termos do art. 4º da Lei 1.060/50.

f) que as intimações e publicações sejam feitas em nome dos advogados que esta
subscrevem.

Dá-se o valor da causa de R$ ________ (valor por extenso) para todos os efeitos legais.

Temos em que,
Pede deferimento.

______________, ____ de ____________ de ______


(local e data)

__________________________________
MARCO TÚLIO DE PINHO TAVARES
OAB/MG nº 120.109

_______________________________________
MARCO ANTONIO OLIVEIRA DE MORAIS
OAB/MG n.º 124.177

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