Вы находитесь на странице: 1из 19

N.

o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6583

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, publicado no Diário da República, de 14 de Outubro


DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS de 1997, determina que os Estados são responsáveis
pelas suas zonas costeiras e, conjuntamente com os
demais Estados, responsáveis pelo mar de todos.
Decreto-Lei n.o 383/98 Também no Código de Conduta para Uma Pesca Res-
ponsável, aprovado na sequência de todo um trabalho
de 27 de Novembro
desenvolvido no âmbito da Comissão das Pescas da FAO,
Em obediência a uma longa tradição, cada Estado se lê, na nota introdutória, que «este Código estabelece
detém o controlo sobre as áreas oceânicas adjacentes os princípios e padrões internacionais de comportamento
ao seu território. para práticas responsáveis com vista a assegurar uma efec-
O direito dito de «livre uso» dos mares e a liberdade tiva conservação, gestão e desenvolvimento dos recursos
de pesca, independentemente do regime de exploração, vivos aquáticos, no respeito do ecossistema e da bio-
eram considerados até há alguns anos princípios inder- diversidade».
rogáveis e inalienáveis dos Estados, exercendo estes a Se bem que o Código seja de aplicação voluntária,
sua soberania nas áreas oceânicas adjacentes ao seu não deve o Estado fechar-se aos princípios de que ele
território. se faz arauto, vertendo-os sempre que possível no seu
Hoje, contudo, a comunidade internacional interroga-se, ordenamento jurídico.
cada vez de forma mais profunda, sobre a defensabilidade Portugal não poderia naturalmente alhear-se das
de tais princípios, dúvidas que advêm, sobretudo, de um preocupações que vêm sendo referidas, as quais, de
conhecimento mais aprofundado dos ecossistemas mari- resto, estão também patenteadas nos regulamentos
nhos, da distribuição das diferentes espécies e suas uni- comunitários relativos à pesca, delas se fazendo eco a
dades populacionais e das consequências da sobreexplo- política comum de pescas.
ração dos recursos e de uma maior consciência da vul- A própria Constituição da República dispõe no
nerabilidade que a caracterizam. artigo 66.o, n.o 2, alínea d), que incumbe ao Estado
Questões como a poluição e a conservação de recursos «promover o aproveitamento racional dos recursos natu-
não faziam parte do elenco de preocupações dos gover- rais, salvaguardando a sua capacidade de renovação e
nos: pelo contrário, numa perspectiva eminentemente a estabilidade ecológica, com respeito pelo princípio da
económica, entendia-se que a realização do bem-estar solidariedade entre gerações». O reconhecimento de
dos cidadãos nacionais de um Estado se potenciava atra- que a natureza carece de protecção pelos valores e
vés da maior exploração possível dos recursos naturais. futuro que representa para as gerações vindouras impõe
Nesta lógica, e até ao início dos anos 60, os Estados uma intervenção «positiva» por parte do legislador, de
mostraram-se avessos não só a cooperarem como a esta- que constitui expressão o princípio do desenvolvimento
belecerem regras de solidariedade, entendendo-se umas sustentado ou sustentável.
e outras como limitações da soberania. Espelho desta evidência é o chamado princípio da
No entanto, esta visão minimalista viria gradualmente aproximação precaucionária, que impõe que na incer-
a ser alterada com a tomada de consciência de que ques- teza se deva sempre dar o benefício da dúvida, prevendo
tões como a poluição ou a sobreexploração de recursos e identificando, com recurso aos melhores conhecimen-
naturais constituem problemas de todos, muito embora tos científicos, as condutas e práticas indesejáveis para
numa primeira fase as medidas tomadas tivessem tido daí retirar as necessárias ilações.
cariz muito pontual e nem sempre fundadas em razões Vai o presente diploma ao encontro da perspectiva
cientificamente comprovadas: tratava-se, normalmente, e filosofia que vem sendo explanada e que se tem por
de instrumentos «para remediar males já existentes», única responsável, reflectindo-se idênticas preocupações
e não tanto de medidas preventivas. nos diplomas que o regulamentam.
Esta situação evoluiria, porém, dando lugar nos anos Desde logo, pela introdução de um artigo em que,
70 à publicação, por vários países, de legislação res- de forma sistematizada, se enunciam os grandes prin-
peitante a pescas restringindo, mormente aos nacionais, cípios enquadradores do exercício da actividade da
a possibilidade de pescarem em águas costeiras, assim pesca, que traduz a normatividade que se pretende aque-
como normativos restritivos da pesca de certas espécies les venham adquirindo
tendo como objectivo a respectiva protecção e impedir Por outro lado, a consideração de que o regime con-
a sua sobreexploração. tra-ordenacional em vigor não se mostra suficientemente
À medida que os anos passam e estas preocupações dissuasor levou ao agravamento substancial dos mon-
vão sendo eleitas como prioritárias por todos os Estados, tantes das coimas, prevendo-se também condições mais
pode afirmar-se, na perspectiva inicialmente exposta, gravosas para a aplicação de sanções acessórias do que
que «cada vez menos o oceano é de todos». as contempladas no regime geral.
Foi-se apreendendo que as consequências da explo- Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das
ração de certos recursos marinhos têm forçosamente Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
reflexos nos demais e que o impacte acumulado resul- Assim, no uso da autorização legislativa concedida
tante afecta da forma mais drástica todo o ecossistema. pela Lei n.o 64/98, de 2 de Setembro, e nos termos
Neste contexto, assiste-se ao inflectir de uma política das alíneas a) e b) do n.o 1 do artigo 198.o e do n.o 5
que, como vimos, foi ditada por princípios de supremacia do artigo 112.o da Constituição, o Governo decreta o
absoluta para uma outra inspirada na co-responsabi- seguinte:
lização de todos, disso mesmo se tendo vindo a fazer Artigo 1.o
eco a regulamentação internacional: cada país consti-
tui-se na obrigação de proteger os «oceanos de todos». Os artigos 1.o, 2.o, 3.o, 4.o, 6.o, 7.o, 8.o, 9.o, 10.o, 11.o,
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do 12.o, 13.o, 14.o, 15.o, 16.o, 17.o, 18.o, 19.o, 21.o, 22.o, 23.o,
Mar, de 10 de Dezembro de 1982, ratificada por Portugal 27.o, 28.o, 29.o, 31.o, 32.o, 33.o e 34.o do Decreto-Lei
pelo Decreto do Presidente da República n.o 67-A/97, n.o 278/87, de 7 de Julho, com a redacção dada pelo
6584 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 275 — 27-11-1998

Decreto-Lei n.o 218/91, de 17 de Junho, passam a ter m) ‘Depósitos’ as instalações não integradas em
a seguinte redacção: complexo produtivo onde se pratica a estabu-
lação transitória de espécies marinhas prove-
«Artigo 1.o nientes da aquicultura ou da pesca que aguar-
dam a entrada nos circuitos comerciais;
Objecto n) ‘Centros de depuração’ as instalações onde se
O presente diploma tem por objecto a regulamen- promove uma melhoria da qualidade das espé-
tação do exercício da pesca marítima e da cultura de cies marinhas, durante o tempo necessário à eli-
espécies marinhas, de modo a assegurar, mediante a minação de contaminantes microbiológicos, tor-
definição de medidas adequadas à conservação e pre- nando-as salubres para o consumo humano;
servação a longo prazo, a gestão e o aproveitamento o) ‘Centros de expedição’ as instalações reservadas
sustentável dos recursos da fauna e da flora existentes à recepção, limpeza, calibragem e adequado
nas águas sob soberania e jurisdição portuguesas e que acondicionamento de produtos provenientes da
sejam, ou venham a ser, objecto de exploração pela pesca aquicultura ou da pesca;
ou cultura para fins não só comerciais mas também cien- p) ‘SIFICAP’ o sistema integrado de informação
tíficos ou lúdicos. relativa à actividade da pesca, constituído por
uma rede de comunicação e tratamento infor-
Artigo 2.o mático de dados, que, no âmbito de acções coor-
Definições denadas de inspecção, vigilância e controlo, são
obtidos pelos órgãos e serviços dos Ministérios
Para efeitos deste diploma e dos seus regulamentos da Defesa Nacional, das Finanças, da Admi-
entende-se por: nistração Interna, da Economia, da Agricultura,
a) ‘Espécies marinhas’ todos os animais ou plantas do Desenvolvimento Rural e das Pescas e do
que passem na água salgada ou salobra uma Ambiente, com a finalidade de contribuir para
parte significativa do seu ciclo de vida; uma melhor defesa, conservação e gestão dos
b) ‘Recursos marinhos’ as espécies marinhas dis- recursos piscatórios;
poníveis para exploração durante a sua vida nos q) ‘MONICAP’ o sistema de monitorização con-
oceanos, mares, estuários, rias, lagoas costeiras tínua da actividade da pesca baseado em tec-
e rios; nologias de telecomunicações e em informação
c) ‘Espécie-alvo’ a espécie marinha à qual é pri- geográfica, permitindo acompanhar a actividade
mordialmente dirigida a pesca; das embarcações de pesca, incluindo pela repre-
d) ‘Unidade populacional ou stock’ o grupo de indi- sentação gráfica sobre carta digitalizada;
víduos da mesma espécie que partilha carac- r) ‘EMC’ os equipamentos de monitorização con-
terísticas biológicas e de comportamento; tínua instalados nas embarcações de pesca, tam-
e) ‘Pesca marítima’, abreviadamente designada por bém designados, no seu conjunto, ‘caixa azul’.
‘pesca’, a captura de espécies marinhas (quando
feita manualmente, designa-se ‘apanha’);
f) ‘Pesca comercial’ a captura de espécies marinhas Artigo 3.o
que se destinem a ser objecto de comércio, sob Limites legais ao exercício da pesca
qualquer forma, quer no estado em que foram
extraídas quer após subsequente preparação, 1 — O exercício da pesca em águas sob soberania
modificação ou transformação; e jurisdição nacionais e por embarcações nacionais em
g) ‘Pesca lúdica’ a captura de espécies marinhas, águas não submetidas a soberania e jurisdição nacionais
vegetais ou animais, sem fins comerciais, desig- está sujeito aos regulamentos aplicáveis da Comunidade
nando-se ‘apanha’ quando a recolha é manual; Europeia e às disposições do presente diploma e seus
h) ‘Embarcações de pesca’ todas as embarcações regulamentos, bem como às dos instrumentos interna-
utilizadas, directa ou indirectamente, na explo- cionais a que Portugal esteja vinculado.
ração comercial dos recursos biológicos mari- 2 — Em qualquer caso, é sempre proibido manter
nhos ou que possam ser utilizadas como tal, a bordo, transportar, transbordar, desembarcar, arma-
tanto na pesca como na transformação ou no zenar, expor ou vender espécies marinhas cuja pesca
transporte de pescado e produtos deles deri- não esteja autorizada ou cujos tamanhos ou pesos míni-
vados, com exclusão das embarcações que os mos não se conformem com o legalmente estabelecido.
transportem como carga geral;
i) ‘Culturas marinhas’ as actividades que tenham
Artigo 4.o
por finalidade a reprodução, e ou o crescimento
e engorda, a manutenção ou o melhoramento Condicionamentos ao exercício da pesca
de espécies marinhas;
j) ‘Estabelecimentos de culturas marinhas’ as ins- 1 — Sempre que os regulamentos da Comunidade
talações que tenham por finalidade a reprodu- Europeia o permitam ou imponham, compete ao
ção e ou o crescimento e engorda de espécies Governo, por via de regulamentação adequada, esta-
marinhas, qualquer que seja o tipo de estrutura belecer condicionamentos ao exercício da pesca e prever
que utilizem e o local que ocupem; os critérios e condições para a sua aplicação, com vista
l) ‘Estabelecimentos conexos’ as instalações des- a adequar a pesca ao estado ou condição dos recursos
tinadas à manutenção temporária em vida de disponíveis e sua relativa abundância, assegurando, de
espécies marinhas ou ao seu tratamento hígio- modo responsável, a sua conservação e gestão.
-sanitário, tais como os depósitos, centros de 2 — A regulamentação referida no n.o 2 do artigo
depuração e centros de expedição; anterior pode estabelecer, nomeadamente, os seguintes
N.o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6585

condicionamentos, prevendo as condições e critérios Artigo 9.o


para a sua aplicação: Afretamento de embarcações de pesca
a) Sujeição a autorização prévia para aquisição, 1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 34.o, o afre-
construção e modificação de embarcações de tamento de embarcações de pesca estrangeiras, por pes-
pesca a registar ou registadas em portos nacio- soas singulares ou colectivas nacionais ou de um Estado
nais; membro da União Europeia ou ainda de um Estado
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . parte do Acordo Económico Europeu, para o exercício
c) Classificação e delimitação das áreas e definição da pesca está sujeito a autorização do membro do
das condições de operação das embarcações de Governo que tiver a seu cargo o sector das pescas.
pesca, bem como dos respectivos requisitos; 2 — O afretamento referido no número anterior só
d) Interdição ou restrição do exercício da pesca pode ser autorizado quando vise:
em certas áreas, ou por certos períodos, ou de
certas espécies, ou para embarcações com certas a) Substituir temporariamente uma embarcação
características, ou com certas artes e instru- cuja construção ou modificação já esteja auto-
mentos; rizada, desde que apresente características de
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pesca idênticas;
f) Classificação e definição dos tipos e caracte- b) Experimentar novos tipos de embarcações ou
rísticas das artes, tais como dimensões, mate- novas artes e técnicas de pesca ou explorar novas
riais, modo de confecção, malhagem e carac- áreas de operação.
terísticas dos fios das redes;
g) Limitação do volume de capturas de unidades 3—..........................................
populacionais de certas espécies pela fixação de 4—..........................................
máximos de captura autorizados e respectiva 5 — O afretamento de embarcações de pesca nacio-
repartição por segmentos de frota ou por licença nais fica igualmente sujeito a autorização do membro
de pesca dentro de um mesmo segmento; do Governo que tiver a seu cargo o sector das pescas,
h) Fixação da percentagem de capturas acessórias com duração de um ano, renovável por iguais períodos.
nos casos de pesca dirigida a certas espécies,
bem como na actividade de certas artes de pesca; Artigo 10.o
i) Fixação do tamanho ou peso mínimo dos indi- Repartição de quotas, licenças de pesca e máximos
víduos de unidades populacionais das espécies de captura autorizados
susceptíveis de captura.
1 — Sempre que as actividades das embarcações de
pesca nacionais estejam sujeitas a limitações de volumes
Artigo 6.o de captura resultantes da fixação de quotas, ou de máxi-
mos de captura autorizados, ou de número limitado de
Exercício da pesca por embarcações estrangeiras licenças disponíveis, o membro do Governo que tiver
a seu cargo o sector das pescas repartirá pelo conjunto
É proibido o exercício da pesca por embarcações das embarcações registadas nos portos de cada uma das
estrangeiras em águas sob soberania e jurisdição nacio- parcelas do território nacional, continente, Região Autó-
nais, salvo nas condições e dentro dos limites previstos noma da Madeira e Região Autónoma dos Açores,
na regulamentação comunitária. tendo em conta, nomeadamente, a localização dos pes-
queiros e recursos exploráveis, bem como o número das
embarcações, suas características e zonas de actuação
Artigo 7.o habitual:
Regime da pesca sem fins comerciais a) As quotas e licenças atribuídas a Portugal pela
Comunidade Europeia;
O exercício da pesca apenas com fins lúdicos será b) As quotas e licenças atribuídas a Portugal no
regulado por diploma próprio, que assegurará que tais âmbito de instrumentos internacionais a que
actividades não prejudiquem a pesca comercial e não esteja vinculado;
comprometam a conservação e gestão dos recursos, c) Os máximos de captura de unidades popula-
podendo determinar a aplicação de todos ou parte dos cionais de certas espécies, fixados nos termos
condicionamentos previstos neste diploma e seus regu- da alínea g) do artigo 4.o
lamentos.
2 — A repartição de partes das quotas, ou de máximos
Artigo 8.o de captura autorizados por embarcações, ou grupos de
Competência para a concessão de autorizações embarcações registadas nos portos do continente, bem
como a atribuição das respectivas licenças, é da com-
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 34.o, as auto- petência do membro do Governo que tiver a seu cargo
rizações referidas nas alíneas a) e b) do artigo 4.o são o sector das pescas, aplicando-se, quanto às embarcações
da competência do membro do Governo que tiver a registadas nos portos das Regiões Autónomas, o dis-
seu cargo o sector das pescas. posto no artigo 34.o
2 — Os pedidos para a concessão das autorizações Artigo 11.o
previstas no número anterior deverão estar conformes Regime de autorização
às políticas nacional e da Comunidade Europeia, nomea-
damente em matérias relativas às estruturas produtivas 1 — A instalação de estabelecimentos de culturas
e à conservação e gestão dos recursos pesqueiros. marinhas que utilizem águas salgadas ou salobras e de
6586 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 275 — 27-11-1998

estabelecimentos conexos e, bem assim, de qualquer Artigo 15.o


actividade de cultura de espécies marinhas praticadas Fiscalização de actividades
naqueles estabelecimentos está sujeita a autorização a
conceder pelo director-geral das Pescas e Aquicultura. 1 — A fiscalização das actividades de captura, desem-
2 — O regime de utilização privativa de áreas do barque, cultura e comercialização das espécies marinhas,
domínio hídrico para efeitos de instalação dos estabe- no âmbito da defesa, conservação e gestão dos recursos,
lecimentos previstos no número anterior rege-se pelo é coordenada a nível nacional pela Inspecção-Geral das
disposto nos Decretos-Leis n.os 468/71, de 5 de Novem- Pescas, nos termos do artigo 15.o-A, competindo a sua
bro, e 46/94, de 22 de Fevereiro. execução aos órgãos e serviços dos Ministérios da Defesa
Nacional, das Finanças, da Administração Interna, da
Economia, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural
Artigo 12.o e das Pescas e do Ambiente, no âmbito das atribuições
e competências que lhes estejam legalmente conferidas
Licenciamento relativamente à inspecção, vigilância e controlo.
2 — Os órgãos e serviços referidos no número ante-
A exploração dos estabelecimentos de culturas mari- rior levantarão o respectivo auto de notícia, tomando,
nhas e conexos está sujeita a licenciamento a conferir de acordo com a lei geral, as necessárias medidas cau-
pelo director-geral das Pescas e Aquicultura. telares quando, no exercício das suas funções, verifi-
carem ou comprovarem pessoal e directamente, ainda
que por forma não imediata, a prática de qualquer con-
Artigo 13.o tra-ordenação prevista neste diploma, remetendo-o às
entidades competentes para investigação e instrução dos
Registos de actividade
processos, no caso de tal competência não lhes estar
atribuída.
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 34.o, para
além dos registos da actividade da pesca previstos nos Artigo 16.o
regulamentos da Comunidade Europeia, o Governo Legislação subsidiária
poderá estabelecer, através de diploma próprio, outros
registos obrigatórios das actividades de pesca e das cul- Em tudo o que não se encontrar especialmente regu-
turas marinhas, para fins de informação e controlo. lado no presente diploma é aplicável o regime geral
2 — Os registos obrigatórios mencionados no número das contra-ordenações.
anterior integrarão o banco nacional de dados para as
pescas, gerido pela Direcção-Geral das Pescas e Aqui- Artigo 17.o
cultura (DGPA). Punibilidade da negligência e da tentativa

Artigo 14.o 1 — A negligência é sempre punível.


2 — A tentativa é punível nas contra-ordenações pre-
Regime de informação recíproca entre vistas no artigo 21.o-A, sendo os limites mínimos e máxi-
o Governo e as Regiões Autónomas
mos previstos no correspondente tipo legal reduzidos
a metade.
Tendo em vista a definição das políticas de pesca,
bem como o cumprimento das obrigações do Estado Artigo 18.o
emergentes dos actos comunitários no domínio da polí- Responsabilidade por actuação em nome de outrem
tica comum das pescas, deverão ser observadas, entre
o Governo e as Regiões Autónomas, as seguintes regras 1 — Quem agir voluntariamente como órgão, mem-
de informação recíproca: bro ou representante de uma pessoa colectiva, de socie-
dade, ainda que irregularmente constituída, ou de mera
a) Os órgãos de governo próprio das Regiões associação de facto, ou ainda em representação legal
Autónomas darão conhecimento ao membro do ou voluntária de outrem, será punido mesmo quando
Governo que tiver a seu cargo o sector das pes- o tipo legal de contra-ordenação exija:
cas dos actos relativos às matérias reguladas no a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
presente diploma, bem como das descargas de b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
pescado efectuadas em portos da Região,
nomeadamente da composição por espécies e 2 — O disposto no número anterior vale ainda que
do respectivo peso e valor; seja ineficaz o acto jurídico fonte dos respectivos
b) O Governo comunicará aos órgãos de governo poderes.
próprio das Regiões Autónomas todas as infor- 3 — As pessoas colectivas, sociedades e outras enti-
mações de que disponha relativas às descargas dades referidas no n.o 1 respondem solidariamente, nos
de pescado efectuadas em portos do continente termos da lei civil, pelo pagamento das coimas em que
e estrangeiros, nomeadamente as provenientes forem condenados os agentes das infracções previstas
de capturas realizadas em águas sob soberania no presente diploma, nos termos dos números ante-
e jurisdição nacional, abrangidas pelas Regiões, riores.
sua composição específica e respectivo peso e Artigo 19.o
valor, bem como aos actos relativos às matérias
Responsabilidade das pessoas colectivas e equiparadas
reguladas no presente diploma, sempre que soli-
citadas pelos órgãos de governo próprio das 1 — As pessoas colectivas, sociedades e meras asso-
Regiões Autónomas. ciações de facto são responsáveis pelas infracções
N.o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6587

quando cometidas pelos seus órgãos ou representantes 5 — Quando a decisão condenatória definitiva pro-
em seu nome ou no interesse colectivo. ferida em processo por contra-ordenação declarar a
2—.......................................... perda de bens a favor do Estado, a entidade com com-
3 — Sem prejuízo do disposto no n.o 3 do artigo ante- petência para decidir pode determinar a sua afectação
rior, a responsabilidade das entidades referidas no n.o 1 a outras entidades públicas ou instituições privadas de
não exclui a responsabilidade individual dos respectivos solidariedade social, por motivos de interesse público.
agentes. 6 — Sempre que os bens apreendidos respeitem a
artes e apetrechos de pesca, devem os mesmos ser afec-
Artigo 21.o tos ao Instituto de Investigação das Pescas e do Mar,
Destino das receitas das coimas ou às direcções regionais competentes das Regiões
Autónomas, de acordo com o local em que tenham sido
1 — O produto das coimas previstas neste diploma apreendidos, salvo se não estiverem interessados, caso
e respectiva legislação complementar reverte, transito- em que se observará o disposto no número seguinte.
riamente, em 60 % para os cofres do Estado, percen- 7 — Sem prejuízo do disposto nos números anterio-
tagem que será afecta a um fundo de compensação sala- res, serão destruídos os bens declarados perdidos a título
rial, a criar no prazo de um ano. de sanção acessória que não estiverem em conformidade
2 — Os restantes 40 % constituem receita dos serviços com os requisitos ou características legalmente esta-
e organismos do Ministério da Defesa Nacional com belecidos.
responsabilidade em matéria de fiscalização da activi-
dade da pesca, excepto quando a aplicação das coimas
for da competência do inspector-geral das Pescas, caso Artigo 23.o
em que constituirá receita, nas percentagens a seguir
indicadas, das seguintes entidades: Entidades competentes para aplicação das coimas
e sanções acessórias
a) 30 % para a entidade que levantar o auto de
notícia; 1 — A aplicação das coimas e sanções acessórias em
b) 30 % para a entidade que proceder à instrução matéria de pesca e de culturas marinhas que digam res-
do processo; peito a infracções cometidas em águas sob soberania
c) 40 % para a IGP. e jurisdição nacionais compete ao capitão do porto da
capitania em cuja área ocorreu o facto ilícito, ou ao
3— ......................................... capitão do porto de registo da embarcação, ou do pri-
meiro porto em que esta entrar, consoante o que tiver
procedido à instrução do respectivo processo de con-
Artigo 22.o tra-ordenação.
Sanções acessórias
2 — Ao inspector-geral das Pescas compete a apli-
cação das coimas e sanções acessórias em matéria de
1 — Sem prejuízo do disposto no n.o 3, poderão ser pesca e culturas marinhas nas seguintes situações:
aplicadas, em simultâneo com a coima, uma ou mais
das sanções acessórias a seguir enumeradas, em função a) Quando os factos ilícitos tenham sido detectados
da gravidade da infracção e da culpa do agente: em embarcações atracadas em portos, bem
como locais de descarga de pescado, lotas, pos-
a) ......................................... tos de vendagem, áreas dos portos de pesca e
b) ......................................... em todos os locais ou estabelecimentos rele-
c) ......................................... vantes para o controlo do cumprimento das
d) Privação da atribuição de subsídios ou outros medidas de defesa, conservação e gestão de
benefícios outorgados ou a outorgar por enti- recursos piscatórios;
dades ou serviços públicos, no âmbito da acti- b) No caso de o facto ilícito ter sido praticado em
vidade pesqueira e aquícola; águas não sujeitas à jurisdição nacional e desde
e) Suspensão da licença de pesca; que a competência sancionatória não pertença
f) Privação da atribuição da licença de pesca; a outro Estado;
g) Encerramento dos estabelecimentos de culturas c) Quando as infracções cometidas no âmbito da
marinhas ou conexos; actividade dos estabelecimentos de culturas
h) Devolução dos espécimes de culturas, apanha- marinhas e conexos digam respeito a instalações
dos, capturados, transportados ou transacciona- localizadas em áreas do domínio hídrico;
dos ao local de obtenção ou ao seu legítimo d) Quando os factos ilícitos tenham sido detectados
detentor. através do sistema de monitorização contínua
de actividades da pesca (MONICAP).
2 — As sanções referidas nas alíneas c), e) e g) têm
a duração mínima de 15 dias e a duração máxima de
um ano, no caso da alínea e), e de dois anos no das Artigo 27.o
alíneas c) e g). Entidades competentes para a investigação e instrução
3 — A sanção prevista na alínea d) tem a duração
mínima de um ano e a máxima de dois anos e na alínea f) A investigação e instrução dos processos de contra-
tem a duração mínima de 90 dias e a máxima de dois -ordenações previstas neste diploma são da competência
anos. das entidades mencionadas no n.o 1 do artigo 15.o que
4 — A sanção prevista na alínea a) do n.o 1 só pode levantarem o auto de notícia, no âmbito das atribuições
ser decretada quando as artes de pesca ou outros ins- que lhes estejam legalmente cometidas relativamente
trumentos serviram ou estavam destinados a servir para a inspecção, vigilância e polícia, sem prejuízo do disposto
a prática da contra-ordenação. no n.o 2 do mesmo artigo.
6588 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 275 — 27-11-1998

Artigo 28.o 3 — Nos processos em que deva ser apreciada a res-


ponsabilidade de qualquer arguido é sempre junta uma
Medidas cautelares cópia dos registos que lhe digam respeito, podendo o
1 — Como medida cautelar pode ser ordenada a interessado ter acesso ao seu registo sempre que o
apreensão da embarcação, das artes de pesca, dos veí- solicite.
culos, dos instrumentos e dos produtos provenientes da Artigo 33.o
pesca ou das culturas marinhas se os mesmos serviram
ou estavam destinados a servir para a prática de con- Direito de visita
tra-ordenação ou dela tenham resultado e, bem assim,
quaisquer outros que forem susceptíveis de servir de No exercício das suas atribuições e a fim de assegurar
meios de prova. o cumprimento da legislação em vigor, as entidades com
2 — As artes e apetrechos de pesca ilegais ou usados poderes de fiscalização referidas no artigo 15.o poderão
na prática da infracção ou quando não estejam iden- visitar quaisquer embarcações de pesca atracadas em
tificados, bem como o pescado capturado ilegalmente, portos, no mar, em estuários, rias, lagoas costeiras ou
serão sempre cautelarmente apreendidos. rios, bem como nos estabelecimentos de aquicultura e
3—.......................................... conexos, locais de descarga de pescado, lotas, postos
4 — São ineficazes os negócios jurídicos que tenham de vendagem, nas áreas dos portos de pesca e em todos
por objecto bens apreendidos. os locais ou estabelecimentos relevantes para o controlo
do cumprimento das medidas de defesa e conservação
dos recursos piscatórios.
Artigo 29.o
Venda antecipada dos bens apreendidos
Artigo 34.o
1 — Os objectos apreendidos nos termos do artigo Aplicação nas Regiões Autónomas
anterior, logo que se tornem desnecessários para a inves-
tigação ou instrução, poderão ser vendidos por ordem 1 — As competências que neste diploma são atribuí-
da entidade competente para a mesma, observando-se das ao Governo e ao Ministério da Agricultura, do
o disposto nos artigos 902.o e seguintes do Código de Desenvolvimento Rural e das Pescas consideram-se
Processo Civil, desde que haja, relativamente a eles: cometidas aos órgãos de governo próprio das Regiões
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Autónomas nos casos seguintes:
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c) As competências previstas nas alíneas d) a f),
2—.......................................... h) e i) do artigo 4.o, quando de aplicação apenas
3—.......................................... no interior das 12 milhas e se fixarem medidas
4—.......................................... mais restritivas relativamente as que vigoram
5—.......................................... a nível nacional;
6 — Quando razões de economia nacional o justifi- d) A repartição de volumes de captura atribuídos
quem e não haja prejuízo para a saúde do consumidor, às Regiões Autónomas por segmentos da frota
o membro do Governo que tiver a seu cargo o sector nelas registados ou por licença de pesca dentro
das pescas poderá determinar que os bens apreendidos de um mesmo segmento;
sejam aproveitados para os fins e nas condições que e) [Anterior alínea c).]
estabelecer. f) [Anterior alínea d).]
Artigo 31.o g) [Anterior alínea e).]
h) [Anterior alínea f).]
Garantia de pagamento i) [Anterior alínea g).]

Constituem garantias de pagamento da coima, custas


2 — Sempre que estejam em causa outros interesses
e demais encargos legais os bens apreendidos aos agen-
pesqueiros específicos das Regiões Autónomas, o mem-
tes infractores ou o valor correspondente.
bro do Governo que tiver a seu cargo o sector das pescas,
no exercício das competências que lhe são cometidas
Artigo 32.o pelo presente diploma, consultará previamente os
órgãos de governo próprio daquelas Regiões.
Comunicação das decisões e registo individual dos arguidos 3 — Nas Regiões Autónomas, as entidades compe-
tentes para o efeito do disposto nos artigos 15.o, 23.o
1 — A autoridade administrativa que aplicar a decisão e 27.o, no que respeita às atribuições da Inspecção-Geral
definitiva e os tribunais que julguem os recursos das das Pescas, serão designadas por acto normativo dos
decisões que apliquem coimas devem remeter à Ins- respectivos órgãos de governo próprio.»
pecção-Geral das Pescas cópia das decisões finais pro-
feridas nos processos respectivos.
2 — A Inspecção-Geral das Pescas organiza o registo Artigo 2.o
individual informatizado de cada arguido, sujeito a con-
fidencialidade, no qual são lançadas todas as sanções São aditados ao Decreto-Lei n.o 278/87, de 7 de Julho,
que lhe forem aplicadas por infracções cometidas após com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.o 218/91, de
a publicação deste diploma. 17 de Junho, os artigos 1.o-A, 2.o-A, 12.o-A, 15.o-A,
N.o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6589

21.o-A, 21.o-B, 21.o-C, 26.o-A, 26.o-B, 31.o-A e 31.o-B, 2 — As medidas de conservação e gestão devem ser
com a seguinte redacção: periodicamente reapreciadas em função de novos ou
mais actualizados conhecimentos, ser compatíveis entre
si e coerentes com o objectivo de preservação dos recur-
«Artigo 1.o-A sos e consequente sustentabilidade a longo prazo da
Grandes princípios de orientação pesca e da aquicultura.

A actividade de exploração de recursos vivos marinhos Artigo 12.o-A


desenvolver-se-á de acordo com os seguintes princípios
básicos: Regulamentação

a) O princípio da responsabilidade ou da pesca Os requisitos e condições relativos à instalação e à


responsável, que implica a adopção de medidas exploração dos estabelecimentos previstos nos arti-
adequadas à protecção do ambiente marinho gos 11.o e 12.o, bem como às condições de transmissão
e ao uso sustentável dos recursos vivos marinhos e cessação das autorizações e das licenças, são esta-
a longo prazo, tendo em conta os interesses legí- belecidos por diploma específico.
timos das populações ou comunidades piscató-
rias, tanto das gerações actuais como vindouras, Artigo 15.o-A
com relevo para as mais dependentes e, de entre Autoridade nacional de pesca
estas, as que vivem em regiões onde as alter-
nativas são escassas; No âmbito da defesa, conservação e gestão dos recur-
b) O princípio da aproximação cautelosa ou pre- sos, compete à Inspecção-Geral das Pescas, na qualidade
caucionária, traduzido na adopção de medidas de autoridade nacional de pesca, programar, coordenar
cautelares de gestão que, tendo em devida conta e executar, em colaboração com outros organismos e
quer a necessidade de prevenir situações que instituições dotados de poderes de vigilância, fiscaliza-
se revelem inaceitáveis para a perenidade do ção e controlo da pesca, da aquicultura e das actividades
sector quer o grau de incerteza do conhecimento conexas, as acções de controlo da pesca, prevenindo
científico existente em cada momento, permi- e sancionando o incumprimento das normas nacionais,
tam assegurar uma elevada probabilidade para comunitárias e internacionais.
a auto-renovação dos recursos e a consequente
sustentação das actividades no futuro; Artigo 21.o-A
c) O princípio da equidade intergeracional, de
Das contra-ordenações
acordo com o qual a actual geração deve res-
peitar condições que permitam assegurar às que 1 — Constitui contra-ordenação punível com coima
se seguirem uma diversidade de recursos e níveis de 150 000$ a 10 000 000$ o exercício da pesca sem para
de abundância pesqueira pelo menos análogos tal dispor da licença de pesca exigida.
aos herdados das gerações anteriores, mas tanto 2 — Constitui contra-ordenação punível com coima
quanto possível melhorados; de 120 000$ a 7 500 000$:
d) O princípio da igualdade e da não discrimina-
ção, que implica equidade no tratamento dos a) Utilizar ou manter a bordo em condições que
diferentes problemas, envolvendo eles o mesmo permitam a sua utilização artes de pesca proi-
ou diferentes segmentos da frota nacional, bem bidas ou não licenciadas;
como os respeitantes a diferentes bandeiras. b) Utilizar ou manter a bordo em condições que
permitam a sua utilização artes de pesca cuja
malhagem seja inferior aos mínimos estabele-
Artigo 2.o-A cidos ou fixar dispositivos ou sistemas que pos-
sam obstruir ou reduzir essas malhagens;
Natureza das medidas c) Utilizar ou manter a bordo em condições que
1 — As medidas de conservação e gestão dos recursos permitam a sua utilização artes de pesca cujo
vivos marinhos devem assentar na melhor informação número, dimensões ou características técnicas
científica disponível sobre as espécies e ou unidades violem as normas estabelecidas;
populacionais e ter em consideração quer os aspectos d) Exercer a pesca em áreas proibidas ou tempo-
de natureza biológica ambiental, quer os respeitantes rariamente vedadas ao seu exercício;
aos factores sociais e económicos, entre os quais se e) Exercer a pesca nos períodos em que a mesma
salientam: seja proibida;
f) Exercer a pesca a distâncias da costa ou de
a) Respeitar o conceito de unidade populacional outros pontos de referência ou em profundi-
ou stock e a sua distribuição; dades inferiores ao legalmente estabelecido
b) Ter em devida conta as relações de interdepen- para o tipo das artes utilizadas;
dência das diversas espécies e ou populações g) Operar com embarcações aquém do limite inte-
e entre estas e o ambiente em que vivem e de rior das respectivas áreas de operação legal-
que dependem; mente fixadas;
c) Recorrer a uma estratégia de aproximação cau- h) Manter a bordo, deter, transportar ou exercer
telosa sempre que o conhecimento existente seja a pesca com armas de fogo, substâncias explo-
escasso, ou quando a margem de erro tende sivas, venenosas, tóxicas, descargas eléctricas ou
a ser elevada, de modo a reduzir os impactes por outros processos susceptíveis de causar a
negativos da pesca e da aquicultura sobre os morte ou o atordoamento dos espécimes, bem
recursos e o ambiente. como lançar ao mar quaisquer objectos ou subs-
6590 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 275 — 27-11-1998

tâncias susceptíveis de prejudicar o meio mari- f) Abandonar no mar ou manter em operação


nho; artes de pesca por tempo superior ao fixado;
i) Medir e esticar cabos, ou simplesmente dispa- g) Exercer a pesca com recurso a práticas de pesca
rá-los de bordo ou rebocá-los, lavar redes e roce- proibidas, tais como ‘bater’ nas águas (‘batu-
gar, em áreas onde a captura é proibida ou está que’), ‘valar águas’, ‘socar’, ‘lançar pedras’, ‘per-
temporariamente interdita; cutir’ ou usar práticas semelhantes;
j) Ultrapassar os limites de captura legalmente h) Utilizar fontes luminosas para efeitos de con-
fixados por totais admissíveis de capturas (TAC) centração artificial de pescado, em desconfor-
e quotas; midade com o legalmente estabelecido;
l) Subdeclarar ou sobredeclarar capturas de espé- i) Exercer a pesca fora dos períodos diários que
cies sujeitas a TAC e quotas no preenchimento estejam legalmente fixados;
dos registos de bordo; j) Exercer a pesca em zonas consideradas insa-
m) Relativamente às embarcações legalmente obri- lubres ou que por qualquer motivo possam ori-
gadas a dispor de equipamentos de monitori- ginar perigo para a saúde pública;
zação contínua (EMC), exercer a pesca sem l) Manter a bordo espécies capturadas em per-
EMC, com EMC não certificado nos termos centagens ou quantidades superiores às legal-
legais, com EMC não operacional ou desligado mente fixadas;
ou durante os períodos de proibição do exercício m) Não efectuar as comunicações legalmente esta-
da actividade de pesca por inoperacionalidade belecidas ou efectuar comunicações incorrectas,
do EMC, e, bem assim, a inobservância da obri- nomeadamente as relativas a mudanças de zona
gatoriedade de imediato regresso a um porto, de pesca e às quantidades e qualidades de pes-
no caso de proibição do exercício da actividade cado que mantêm a bordo;
de pesca por inoperacionalidade do EMC; n) Não ter a bordo das embarcações ou não facul-
n) Praticar a pesca com equipamento de mergulho tar para verificação o diário de pesca ou outros
autónomo ou semiautónomo, excepto quando registos obrigatórios, bem como os planos ou
se trate da apanha de algas; descrições actualizadas dos porões;
o) Não permanecerem as embarcações em porto o) Não preencher ou preencher incorrecta ou defi-
durante os períodos de paragem obrigatória cientemente o diário de pesca ou a declaração
estabelecidos por lei ou regulamento; de descarga;
p) Manter a bordo, transbordar, desembarcar, p) Não inscrever no diário de pesca espécies de
transportar, armazenar, expor ou vender peixes, registo obrigatório;
crustáceos e moluscos cuja pesca seja proibida q) Preencher, antes da descarga, a respectiva decla-
ou que não tenham o tamanho ou o peso míni- ração;
mos exigidos; r) Preencher os registos obrigatórios com uma
q) Não cumprir as normas legais relativas à pro- variação em peso vivo superior a 20 %, por
dução e colocação no mercado de moluscos excesso ou por defeito, entre o peso à descarga
bivalves; e a estimativa de captura;
r) Instalar ou explorar estabelecimentos de cul- s) Não declarar na data prevista a produção dos
turas marinhas e conexos, sem que, respecti- estabelecimentos de aquicultura respeitante ao
vamente, estejam devidamente autorizados ou ano anterior.
licenciados.
4 — Constitui contra-ordenação punível com coima
3 — Constitui contra-ordenação punível com coima de 30 000$ a 1 000 000$:
de 50 000$ a 5 000 000$:
a) Usar artes de pesca sem respeitar as regras de
a) Exercer a pesca com embarcações de potência utilização legalmente estabelecidas, nomeada-
propulsora superior à legalmente fixada para mente quanto às manobras e locais de calagem,
o tipo de pesca ou artes de pesca para as quais distâncias relativamente a outras artes, condi-
estão licenciadas; ções gerais de largada e alagem e sistemas de
b) Não respeitar as normas previstas na lei para fixação;
o exercício da pesca com auxílio de embarca- b) Utilizar artes, utensílios ou acessórios de pesca
ções, sem prejuízo do disposto nas alíneas e) que não estejam e não se mantenham sinali-
e f) do número anterior; zados e identificados de acordo com as dispo-
c) Operar com embarcações cujas dimensões ou sições aplicáveis, bem como não respeitar as
características técnicas não obedeçam às normas normas de sinalização das fases da faina da
estabelecidas; pesca;
d) Não deter autorização para manter a bordo, c) Exercer a pesca em locais proibidos, nos termos
devidamente estivadas, determinadas artes de da legislação aplicável, por motivos específicos,
pesca, no caso de embarcações nacionais não ainda que não relacionados com a conservação
licenciadas para a pesca ou para a utilização de recursos, nomeadamente por razões de segu-
dessas artes em águas sob soberania e jurisdição rança e de tráfego marítimo;
nacionais; d) Efectuar a bordo de embarcações de pesca
e) Deter, transportar, depositar ou abandonar no quaisquer transformações físicas ou químicas do
mar, nos cais, no molhe ou nas margens artes pescado não expressamente autorizadas;
de pesca proibidas, não licenciadas ou apresen- e) Exercer a pesca sem ser portador da respectiva
tando malhagens ou qualquer outra caracterís- licença;
tica técnica que não se conforme com o legal- f) Não efectuar a entrega em devido tempo do
mente estabelecido; diário de pesca ou da declaração de descarga;
N.o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6591

g) Utilizar ovas de peixe como isco ou engodo; a presenciou e tudo o que puder averiguar acerca da
h) Não cumprir as normas legais relativas às estru- identificação dos agentes da infracção e, quando pos-
turas e equipamentos dos estabelecimentos de sível, de testemunhas que possam depor sobre os factos.
culturas marinhas e conexos; 2 — Quando a infracção se reportar a pessoas colec-
i) Transmitir estabelecimentos de culturas mari- tivas ou equiparadas, deverá indicar-se, sempre que pos-
nhas ou conexos sem autorização; sível, a sede social, bem como a identificação e residência
j) Não comunicar no prazo previsto o início e a dos sócios gerentes.
conclusão das obras de instalação dos estabe- 3 — O auto de notícia é assinado pela autoridade
lecimentos de culturas marinhas e conexos; ou agente da autoridade que o levantou ou mandar
l) Ausência ou deficiente delimitação e ou sina- levantar e pelo infractor, se quiser assinar, devendo,
lização dos estabelecimentos de culturas mari- em caso de recusa, tal facto constar do auto.
nhas; 4 — Do auto de notícia deverá ser dada cópia ao
m) Cultura e transferência não autorizada de espé- infractor.
cies em estabelecimentos de culturas marinhas; 5 — Pode levantar-se um único auto de notícia por
n) Introdução de espécies não indígenas em esta- diferentes infracções cometidas na mesma ocasião ou
belecimentos de culturas marinhas sem a devida relacionadas umas com as outras, embora sejam diversos
autorização. os agentes.
6 — O auto de notícia levantado nos termos dos
5 — Tratando-se de pessoas colectivas, os limites números anteriores faz fé em juízo sobre os factos pre-
máximos das coimas constantes dos n.os 1 a 4 são ele- senciados pelo autuante, até prova em contrário.
vados, respectivamente, para os montantes de 7 — O disposto no número anterior aplica-se aos ele-
50 000 000$, 25 000 000$, 15 000 000$ e 5 000 000$. mentos de prova obtidos através de aparelhos, instru-
6 — Os montantes das coimas estabelecidos nos n.os 1 mentos ou equipamentos utilizados nos termos legais,
a 4 poderão ser reduzidos a metade sempre que as infrac- nomeadamente os recolhidos através do sistema de
ções sejam praticadas com embarcações de convés monitorização contínua da actividade da pesca (MONI-
aberto ou sem auxílio de embarcações. CAP).
7 — Se o mesmo facto constituir simultaneamente
crime e contra-ordenação, será o agente punido a título Artigo 26.o-B
de crime, sem prejuízo das sanções acessórias previstas Denúncia
para a contra-ordenação.
1 — A autoridade ou agente da autoridade que tiver
Artigo 21.o-B conhecimento, por denúncia, da prática de contra-or-
denação prevista neste diploma lavra ou manda lavrar
Determinação da medida da coima auto de notícia.
A determinação da medida da coima faz-se em função 2 — É correspondentemente aplicável, com as neces-
da gravidade da contra-ordenação, da culpa, da situação sárias adaptações, o disposto no artigo anterior.
económica do agente e do benefício económico que este
retirou da prática da infracção, bem como dos ante- Artigo 31.o-A
cedentes do infractor relativamente ao não cumpri- Agentes não domiciliados em Portugal
mento das disposições do presente diploma e dos seus
regulamentos. 1 — Se o responsável pela infracção não for domi-
ciliado em Portugal, e caso não pretenda efectuar o
pagamento voluntário da coima, quando admissível,
Artigo 21.o-C deve prestar caução de valor igual a um terço do mon-
tante máximo da coima prevista para a contra-ordenação
Pagamento voluntário
que lhe é imputada.
1 — No caso de se tratar de infractor sem qualquer 2 — A caução referida no número anterior deve ser
antecedente no respectivo registo individual, poderá este prestada perante a entidade autuante e destina-se a
proceder ao pagamento voluntário pelo mínimo legal garantir o pagamento da coima em que o infractor possa
da coima prevista para a respectiva infracção, até ao vir a ser condenado, bem como das despesas legais a
limite do prazo que lhe vier a ser fixado para o exercício que houver lugar.
do direito de audição e defesa. 3 — A falta de prestação da caução prevista no n.o 1
2 — O pagamento voluntário da coima não exclui a determina a apreensão da embarcação de pesca ou do
possibilidade de aplicação de sanções acessórias. veículo utilizado no transporte do pescado, que se man-
terá até à efectivação daquela, ao pagamento da coima
ou à decisão absolutória.
Artigo 26.o-A 4 — Os bens apreendidos ao abrigo do disposto nos
números anteriores responderão nos mesmos termos
Auto de notícia
que a caução pelo pagamento das quantias devidas.
1 — Quando qualquer autoridade ou agente da auto- 5 — A infracção será levada ao conhecimento do
ridade, no exercício das suas funções de fiscalização e Estado de bandeira do responsável pela mesma.
controlo das actividades de pesca e culturas marinhas,
presenciar a prática de uma contra-ordenação, levanta Artigo 31.o-B
ou manda levantar auto de notícia, que mencionará os Abandono
factos que constituem a infracção, o dia, a hora, o local
e as circunstâncias em que foi cometida, o nome e a 1 — São declaradas perdidas a favor do Estado as
qualidade da autoridade ou agente de autoridade que mercadorias e quaisquer quantias apreendidas no pro-
6592 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 275 — 27-11-1998

cesso, se não reclamadas no prazo de dois meses a contar sustentável dos recursos da fauna e da flora existentes
da notificação do despacho ou decisão que ordenar a nas águas sob soberania e jurisdição portuguesas e que
sua entrega. sejam, ou venham a ser, objecto de exploração pela pesca
2 — A notificação a que se refere o n.o 1 conterá ou cultura para fins não só comerciais mas também cien-
advertência de que, em caso de não haver reclamação, tíficos ou lúdicos.
os bens serão declarados perdidos a favor do Estado.»
Artigo 1.o-A
o
Artigo 3. Grandes princípios de orientação
As epígrafes dos capítulos IV e V do Decreto-Lei A actividade de exploração de recursos vivos marinhos
n.o 278/87, de 7 de Julho passam, respectivamente, para desenvolver-se-á de acordo com os seguintes princípios
«Dos registos e informação» e «Da fiscalização e da básicos:
responsabilidade contra-ordenacional».
a) O princípio da responsabilidade ou da pesca
Artigo 4.o responsável, que implica a adopção de medidas
adequadas à protecção do ambiente marinho
São revogados os artigos 20.o, 24.o, 25.o, 26.o e 30.o e ao uso sustentável dos recursos vivos marinhos
do Decreto-Lei n.o 278/87, de 7 de Julho, o artigo 82.o a longo prazo, tendo em conta os interesses legí-
do Decreto Regulamentar n.o 43/87, de 17 de Julho, timos das populações ou comunidades piscató-
com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto Regu- rias, tanto das gerações actuais como vindouras,
lamentar n.o 28/90, de 11 de Setembro, os artigos 6.o, com relevo para as mais dependentes e, de entre
7.o, 8.o, n.o 2, e 9.o do Decreto-Lei n.o 112/95, de 23 estas, as que vivem em regiões onde as alter-
de Maio, o artigo 4.o do Decreto Regulamentar n.o 3/93, nativas são escassas;
de 8 de Fevereiro, e o Decreto-Lei n.o 261/89, de 17 b) O princípio da aproximação cautelosa ou pre-
de Agosto, diploma este que se mantém em vigor até caucionária, traduzido na adopção de medidas
à publicação da legislação específica a que se refere cautelares de gestão que, tendo em devida conta
o artigo 12.o-A, que agora é aditado. quer a necessidade de prevenir situações que
se revelem inaceitáveis para a perenidade do
Artigo 5.o sector quer o grau de incerteza do conhecimento
científico existente em cada momento, permi-
É republicado em anexo o texto do Decreto-Lei tam assegurar uma elevada probabilidade para
n.o 278/87, de 7 de Julho, com as alterações que lhe a auto-renovação dos recursos e a consequente
foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.o 218/91, de 17 sustentação das actividades no futuro;
de Junho, e pelo presente diploma. c) O princípio da equidade intergeracional, de
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 10 acordo com o qual a actual geração deve res-
de Setembro de 1998. — António Manuel de Oliveira peitar condições que permitam assegurar às que
Guterres — José Veiga Simão — António Luciano se seguirem uma diversidade de recursos e níveis
Pachedo de Sousa Franco — Jorge Paulo Sacadura de abundância pesqueira pelo menos análogos
Almeida Coelho — José Manuel da Costa Monteiro Con- aos herdados das gerações anteriores, mas tanto
siglieri Pedroso — José Eduardo Vera Cruz Jardim — Joa- quanto possível melhorados;
quim Augusto Nunes de Pina Moura — Fernando Manuel d) O princípio da igualdade e da não discrimina-
Van-Zeller Gomes da Silva — Elisa Maria da Costa Gui- ção, que implica equidade no tratamento dos
marães Ferreira. diferentes problemas, envolvendo eles o mesmo
ou diferentes segmentos da frota nacional, bem
Promulgado em 5 de Novembro de 1998. como os respeitantes a diferentes bandeiras.
Publique-se.
Artigo 2.o
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. Definições

Referendado em 13 de Novembro de 1998. Para efeitos deste diploma e dos seus regulamentos
entende-se por:
O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira
Guterres. a) «Espécies marinhas» todos os animais ou plan-
tas que passem na água salgada ou salobra uma
ANEXO parte significativa do seu ciclo de vida;
b) «Recursos marinhos» as espécies marinhas dis-
poníveis para exploração durante a sua vida nos
CAPÍTULO I oceanos, mares, estuários, rias, lagoas costeiras
Disposições gerais e rios;
c) «Espécie-alvo» a espécie marinha à qual é pri-
Artigo 1.o mordialmente dirigida a pesca;
Objecto
d) «Unidade populacional ou stock» o grupo de
indivíduos da mesma espécie que partilha carac-
O presente diploma tem por objecto a regulamen- terísticas biológicas e de comportamento;
tação do exercício da pesca marítima e da cultura de e) «Pesca marítima», abreviadamente designada
espécies marinhas, de modo a assegurar, mediante a «pesca», a captura de espécies marinhas
definição de medidas adequadas à conservação e pre- (quando feita manualmente, designa-se «apa-
servação a longo prazo, a gestão e o aproveitamento nha»);
N.o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6593

f) «Pesca comercial» a captura de espécies mari- Artigo 2.o-A


nhas que se destinem a ser objecto de comércio, Natureza das medidas
sob qualquer forma, quer no estado em que
foram extraídas quer após subsequente prepa- 1 — As medidas de conservação e gestão dos recursos
ração, modificação ou transformação; vivos marinhos devem assentar na melhor informação
g) «Pesca lúdica» a captura de espécies marinhas, científica disponível sobre as espécies e ou unidades
vegetais ou animais, sem fins comerciais, desig- populacionais e ter em consideração quer os aspectos
nando-se «apanha» quando a recolha é manual; de natureza biológica e ambiental, quer os respeitantes
aos factores sociais e económicos, entre os quais se
h) «Embarcações de pesca» todas as embarcações
salientam:
utilizadas, directa ou indirectamente, na explo-
ração comercial dos recursos biológicos mari- a) Respeitar o conceito de unidade populacional
nhos ou que possam ser utilizadas como tal, ou stock e a sua distribuição;
tanto na pesca como na transformação ou no b) Ter em devida conta as relações de interdepen-
transporte de pescado e produtos deles deri- dência das diversas espécies e ou populações
vados, com exclusão das embarcações que os e entre estas e o ambiente em que vivem e de
transportem como carga geral; que dependem;
i) «Culturas marinhas» actividades que tenham c) Recorrer a uma estratégia de aproximação cau-
telosa sempre que o conhecimento existente seja
por finalidade a reprodução, e ou o crescimento
escasso, ou quando a margem de erro tende
e engorda, a manutenção ou o melhoramento a ser elevada, de modo a reduzir os impactes
de espécies marinhas; negativos da pesca e da aquicultura sobre os
j) «Estabelecimentos de culturas marinhas» as ins- recursos e o ambiente.
talações que tenham por finalidade a reprodu-
ção e ou o crescimento e engorda de espécies 2 — As medidas de conservação e gestão devem ser
marinhas, qualquer que seja o tipo de estrutura periodicamente reapreciadas em função de novos ou
que utilizem e o local que ocupem; mais actualizados conhecimentos, ser compatíveis entre
l) «Estabelecimentos conexos» as instalações des- si e coerentes com o objectivo de preservação dos recur-
tinadas à manutenção temporária em vida de sos e consequente sustentabilidade a longo prazo da
espécies marinhas ou ao seu tratamento hígio- pesca e da aquicultura.
-sanitário, tais como os depósitos, centros de
depuração e centros de expedição; CAPÍTULO II
m) «Depósitos» as instalações não integradas em
complexo produtivo onde se pratica a estabu- Do exercício da pesca
lação transitória de espécies marinhas prove-
nientes da aquicultura ou da pesca que aguar- Artigo 3.o
dam a entrada nos circuitos comerciais; Limites legais ao exercício da pesca
n) «Centros de depuração» as instalações onde se
promove uma melhoria da qualidade das espé- 1 — O exercício da pesca em águas sob soberania
cies marinhas, durante o tempo necessário à eli- e jurisdição nacionais e por embarcações nacionais em
minação de contaminantes microbiológicos, tor- águas não submetidas à soberania e jurisdição nacionais
nando-as salubres para o consumo humano; está sujeito aos regulamentos aplicáveis da Comunidade
o) «Centros de expedição» as instalações reserva- Europeia e às disposições do presente diploma e seus
das à recepção, limpeza, calibragem e adequado regulamentos, bem como às dos instrumentos interna-
acondicionamento de produtos provenientes da cionais a que Portugal esteja vinculado.
2 — Em qualquer caso, é sempre proibido manter
aquicultura ou da pesca;
a bordo, transportar, transbordar, desembarcar, arma-
p) «SIFICAP» o sistema integrado de informação zenar, expor ou vender espécies marinhas cuja pesca
relativa à actividade da pesca, constituído por não esteja autorizada ou cujos tamanhos ou pesos míni-
uma rede de comunicação e tratamento infor- mos não se conformem com o legalmente estabelecido.
mático de dados, que, no âmbito de acções coor-
denadas de inspecção, vigilância e controlo, são Artigo 4.o
obtidos pelos órgãos e serviços dos Ministérios
da Defesa Nacional, das Finanças, da Admi- Condicionamentos ao exercício da pesca
nistração Interna, da Economia, da Agricultura, 1 — Sempre que os regulamentos da Comunidade
do Desenvolvimento Rural e das Pescas e do Europeia o permitam ou imponham, compete ao
Ambiente, com a finalidade de contribuir para Governo, por via de regulamentação adequada, esta-
uma melhor defesa, conservação e gestão dos belecer condicionamentos ao exercício da pesca e prever
recursos piscatórios; os critérios e condições para a sua aplicação, com vista
q) «MONICAP» o sistema de monitorização con- a adequar a pesca ao estado ou condição dos recursos
tínua da actividade da pesca baseado em tec- disponíveis e sua relativa abundância, assegurando, de
nologias de telecomunicações e em informação modo responsável, a sua conservação e gestão.
geográfica, permitindo acompanhar a actividade 2 — A regulamentação referida no n.o 2 do artigo
das embarcações de pesca, incluindo pela repre- anterior pode estabelecer, nomeadamente, os seguintes
sentação gráfica sobre carta digitalizada; condicionamentos, prevendo as condições e critérios
r) «EMC» os equipamentos de monitorização con- para a sua aplicação:
tínua instalados nas embarcações de pesca, tam- a) Sujeição a autorização prévia para aquisição,
bém designados, no seu conjunto, «caixa azul». construção e modificação de embarcações de
6594 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 275 — 27-11-1998

pesca a registar ou registadas em portos nacio- 2 — Os pedidos para a concessão das autorizações
nais; previstas no número anterior deverão estar conformes
b) Sujeição das actividades das embarcações de às políticas nacional e da Comunidade Europeia, nomea-
pesca e da utilização de artes e outros instru- damente em matérias relativas às estruturas produtivas
mentos de pesca a regimes de autorização e e à conservação e gestão dos recursos pesqueiros.
licenciamento, bem como à fixação do número
máximo de autorizações e licenças; Artigo 9.o
c) Classificação e delimitação das áreas e definição
Afretamento de embarcações de pesca
das condições de operação das embarcações de
pesca, bem como dos respectivos requisitos; 1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 34.o, o afre-
d) Interdição ou restrição do exercício da pesca tamento de embarcações de pesca estrangeiras, por pes-
em certas áreas, ou por certos períodos ou de soas singulares ou colectivas nacionais ou de um Estado
certas espécies, ou para embarcações com certas membro da União Europeia ou ainda de um Estado
características, ou com certas artes e instru- parte do Acordo Económico Europeu, para o exercício
mentos; da pesca está sujeito a autorização do membro do
e) Fixação de condições de utilização das artes e Governo que tiver a seu cargo o sector das pescas.
instrumentos de pesca; 2 — O afretamento referido no número anterior só
f) Classificação e definição dos tipos e caracte- pode ser autorizado quando vise:
rísticas das artes, tais como dimensões, mate-
riais, modo de confecção, malhagem e carac- a) Substituir temporariamente uma embarcação
terísticas dos fios das redes; cuja construção ou modificação já esteja auto-
g) Limitação do volume de capturas de unidades rizada, desde que apresente características de
populacionais de certas espécies pela fixação de pesca idênticas;
b) Experimentar novos tipos de embarcações ou
máximos de captura autorizados e respectiva
novas artes e técnicas de pesca ou explorar novas
repartição por segmentos de frota ou por licença
áreas de operação.
de pesca dentro de um mesmo segmento;
h) Fixação da percentagem de capturas acessórias
3 — As espécies capturadas pelas embarcações afre-
nos casos de pesca dirigida a certas espécies,
tadas, assim como os produtos resultantes da transfor-
bem como na actividade de certas artes de pesca;
mação daquelas efectuada a bordo das referidas embar-
i) Fixação do tamanho ou peso mínimo dos indi-
cações, são consideradas de origem nacional.
víduos de unidades populacionais das espécies 4 — As embarcações afretadas ficam sujeitas às dis-
susceptíveis de captura. posições legais aplicáveis às embarcações de pesca
nacionais.
Artigo 5.o 5 — O afretamento de embarcações de pesca nacio-
nais fica igualmente sujeito a autorização do membro
Restrições ao exercício da pesca por outros motivos
do Governo que tiver a seu cargo o sector das pescas,
O Governo pode estabelecer, a título permanente ou com duração de um ano, renovável por iguais períodos.
temporário, restrições ao exercício da pesca por motivos
de saúde pública, de defesa do ambiente, de segurança Artigo 10.o
e normal circulação da navegação ou por outros motivos Repartição de quotas, licenças de pesca e máximos
de interesse público. de captura autorizados
Artigo 6.o
1 — Sempre que as actividades das embarcações de
Exercício da pesca por embarcações estrangeiras pesca nacionais estejam sujeitas a limitações de volumes
de captura resultantes da fixação de quotas, ou de máxi-
É proibido o exercício da pesca por embarcações
mos de captura autorizados, ou de número limitado de
estrangeiras em águas sob soberania e jurisdição nacio- licenças disponíveis, o membro do Governo que tiver
nais, salvo nas condições e dentro dos limites previstos a seu cargo o sector das pescas poderá repartir pelo
na regulamentação comunitária. conjunto das embarcações registadas nos portos de cada
uma das parcelas do território nacional, continente,
Artigo 7.o Região Autónoma da Madeira e Região Autónoma dos
Regime da pesca sem fins comerciais Açores, tendo em conta, nomeadamente, a localização
dos pesqueiros e recursos exploráveis, bem como o
O exercício da pesca apenas com fins lúdicos será número das embarcações, suas características e zonas
regulado por diploma próprio, que assegurará que tais de actuação habitual:
actividades não prejudiquem a pesca comercial e não
a) As quotas e licenças atribuídas a Portugal pela
comprometam a conservação e gestão dos recursos,
Comunidade Europeia;
podendo determinar a aplicação de todos ou parte dos
b) As quotas e licenças atribuídas a Portugal no
condicionamentos previstos neste diploma e seus regu- âmbito de instrumentos internacionais a que
lamentos. esteja vinculado;
Artigo 8.o c) Os máximos de captura de unidades popula-
Competência para a concessão de autorizações cionais de certas espécies, fixados nos termos
da alínea g) do artigo 4.o
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 34.o, as auto-
rizações referidas nas alíneas a) e b) do artigo 4.o são 2 — A repartição de partes das quotas, ou de máximos
da competência do membro do Governo que tiver a de captura autorizados por embarcações, ou grupos de
seu cargo o sector das pescas. embarcações registadas nos portos do continente, bem
N.o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6595

como a atribuição das respectivas licenças, é da com- o Governo e as Regiões Autónomas, as seguintes regras
petência do membro do Governo que tiver a seu cargo de informação recíproca:
o sector das pescas, aplicando-se, quanto às embarcações
a) Os órgãos de governo próprio das Regiões
registadas nos portos das Regiões Autónomas, o dis-
Autónomas darão conhecimento ao membro do
posto no artigo 34.o
Governo que tiver a seu cargo o sector das pes-
cas dos actos relativos às matérias reguladas no
CAPÍTULO III presente diploma, bem como das descargas de
pescado efectuadas em portos da Região,
Das culturas marinhas nomeadamente da composição por espécies e
Artigo 11.o do respectivo peso e valor;
b) O Governo comunicará aos órgãos de governo
Regime de autorização próprio das Regiões Autónomas todas as infor-
1 — A instalação de estabelecimentos de culturas mações de que disponha relativas às descargas
marinhas que utilizem águas salgadas ou salobras e de de pescado efectuadas em portos do continente
estabelecimentos conexos e, bem assim, de qualquer e estrangeiros, nomeadamente as provenientes
actividade de cultura de espécies marinhas praticadas de capturas realizadas em águas sob soberania
naqueles estabelecimentos está sujeita a autorização a e jurisdição nacional, abrangidas pelas Regiões,
conceder pelo director-geral das Pescas e Aquicultura. sua composição específica e respectivo peso e
2 — O regime de utilização privativa de áreas do valor, bem como aos actos relativos às matérias
domínio hídrico para efeitos de instalação dos estabe- reguladas no presente diploma, sempre que soli-
lecimentos previstos no número anterior rege-se pelo citadas pelos órgãos de governo próprio das
disposto nos Decretos-Leis n.os 468/71, de 5 de Novem- Regiões Autónomas.
bro, e 46/94, de 22 de Fevereiro.
CAPÍTULO V
Artigo 12.o Da fiscalização e da responsabilidade contra-ordenacional
Licenciamento
SECÇÃO I
A exploração dos estabelecimentos de culturas mari-
nhas e conexos está sujeita a licenciamento a conferir Princípios gerais
pelo director-geral das Pescas e Aquicultura.
Artigo 15.o
Artigo 12.o-A Fiscalização de actividades

Regulamentação 1 — A fiscalização das actividades de captura, desem-


barque, cultura e comercialização das espécies marinhas,
Os requisitos e condições relativos à instalação e à no âmbito da defesa, conservação e gestão dos recursos,
exploração dos estabelecimentos previstos nos arti- é coordenada a nível nacional pela Inspecção-Geral das
gos 11.o e 12.o, bem como às condições de transmissão Pescas, nos termos do artigo 15.o-A, competindo a sua
e cessação das autorizações e das licenças, são esta- execução aos órgãos e serviços dos Ministérios da Defesa
belecidos por diploma específico. Nacional, das Finanças, da Administração Interna, da
Economia, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural
e das Pescas e do Ambiente, no âmbito das atribuições
CAPÍTULO IV e competências que lhes estejam legalmente conferidas
Dos registos e informação relativamente à inspecção, vigilância e controlo.
2 — Os órgãos e serviços referidos no número ante-
Artigo 13.o rior levantarão o respectivo auto de notícia, tomando,
de acordo com a lei geral, as necessárias medidas cau-
Registos de actividade
telares quando, no exercício das suas funções, verifi-
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 34.o, para carem ou comprovarem pessoal e directamente, ainda
além dos registos da actividade da pesca previstos nos que por forma não imediata, a prática de qualquer con-
regulamentos da Comunidade Europeia, o Governo tra-ordenação prevista neste diploma, remetendo-o às
poderá estabelecer, através de diploma próprio, outros entidades competentes para investigação e instrução dos
registos obrigatórios das actividades de pesca e das cul- processos, no caso de tal competência não lhes estar
turas marinhas, para fins de informação e controlo. atribuída.
2 — Os registos obrigatórios mencionados no número Artigo 15.o-A
anterior integrarão o banco nacional de dados para as
Autoridade nacional de pesca
pescas, gerido pela Direcção-Geral das Pescas e Aqui-
cultura (DGPA). No âmbito da defesa, conservação e gestão dos recur-
Artigo 14.o sos, compete à Inspecção-Geral das Pescas, na qualidade
de autoridade nacional de pesca, programar, coordenar
Regime de informação recíproca entre o Governo
e as Regiões Autónomas
e executar, em colaboração com outros organismos e
instituições dotados de poderes de vigilância, fiscaliza-
Tendo em vista a definição das políticas de pesca, ção e controlo da pesca, da aquicultura e das actividades
bem como o cumprimento das obrigações do Estado conexas, as acções de controlo da pesca, prevenindo
emergentes dos actos comunitários no domínio da polí- e sancionando o incumprimento das normas nacionais,
tica comum das pescas, deverão ser observadas, entre comunitárias e internacionais.
6596 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 275 — 27-11-1998

Artigo 16.o tagem que será afecta a um fundo de compensação sala-


Legislação subsidiária
rial, a criar no prazo de um ano.
2 — Os restantes 40 % constituem receita dos serviços
Em tudo o que não se encontrar especialmente regu- e organismos do Ministério da Defesa Nacional com
lado no presente diploma é aplicável o regime geral responsabilidade em matéria de fiscalização da activi-
das contra-ordenações. dade da pesca, excepto quando a aplicação das coimas
for da competência do inspector-geral das Pescas, caso
em que constituirá receita, nas percentagens a seguir
Artigo 17.o indicadas, das seguintes entidades:
Punibilidade da negligência e da tentativa
a) 30 % para a entidade que levantar o auto de
1 — A negligência é sempre punível. notícia;
2 — A tentativa é punível nas contra-ordenações pre- b) 30 % para a entidade que proceder à instrução
vistas no artigo 21.o-A, sendo os limites mínimos e máxi- do processo;
mos previstos no correspondente tipo legal reduzidos c) 40 % para a IGP.
a metade.
3 — A distribuição pelas instituições do Ministério
Artigo 18.o da Defesa Nacional com responsabilidades em matéria
Responsabilidade por actuação em nome de outrem
de fiscalização da pesca das receitas que lhes são con-
signadas nos termos do número anterior é da compe-
1 — Quem agir voluntariamente como órgão, mem- tência do Ministro da Defesa Nacional.
bro ou representante de uma pessoa colectiva, socie-
dade, ainda que irregularmente constituída, ou de mera SECÇÃO II
associação de facto, ou ainda em representação legal
ou voluntária de outrem, será punido mesmo quando Das contra-ordenações em especial
o tipo legal de contra-ordenação exija:
Artigo 21.o-A
a) Determinados elementos pessoais e estes só se
Das contra-ordenações
verifiquem na pessoa do representado;
b) Que o agente pratique o facto no seu próprio 1 — Constitui contra-ordenação punível com coima
interesse e o representante actue no interesse de 150 000$ a 10 000 000$ o exercício da pesca sem para
do representado. tal dispor da licença de pesca exigida.
2 — Constitui contra-ordenação punível com coima
2 — O disposto no número anterior vale ainda que de 120 000$ a 7 500 000$:
seja ineficaz o acto jurídico fonte dos respectivos
a) Utilizar ou manter a bordo em condições que
poderes. permitam a sua utilização artes de pesca proi-
3 — As pessoas colectivas, sociedades e outras enti- bidas ou não licenciadas;
dades referidas no n.o 1 respondem solidariamente, nos b) Utilizar ou manter a bordo em condições que
termos da lei civil, pelo pagamento das coimas em que permitam a sua utilização artes de pesca cuja
forem condenados os agentes das infracções previstas malhagem seja inferior aos mínimos estabele-
no presente diploma, nos termos dos números ante- cidos ou fixar dispositivos ou sistemas que pos-
riores. sam obstruir ou reduzir essas malhagens;
c) Utilizar ou manter a bordo em condições que
Artigo 19.o permitam a sua utilização artes de pesca cujo
número, dimensões ou características técnicas
Responsabilidade das pessoas colectivas e equiparadas
violem as normas estabelecidas;
1 — As pessoas colectivas, sociedades e meras asso- d) Exercer a pesca em áreas proibidas ou tempo-
ciações de facto são responsáveis pelas infracções rariamente vedadas ao seu exercício;
quando cometidas pelos seus órgãos ou representantes e) Exercer a pesca nos períodos em que a mesma
em seu nome ou no interesse colectivo. seja proibida;
2 — A responsabilidade é excluída quando o agente f) Exercer a pesca a distâncias da costa ou de
tiver actuado contra ordens ou instruções expressas de outros pontos de referência ou em profundi-
quem de direito. dades inferiores ao legalmente estabelecido
3 — Sem prejuízo do disposto no n.o 3 do artigo ante- para o tipo das artes utilizadas;
rior, a responsabilidade das entidades referidas no n.o 1 g) Operar com embarcações aquém do limite inte-
não exclui a responsabilidade individual dos respectivos rior das respectivas áreas de operação legal-
agentes. mente fixadas;
h) Manter a bordo, deter, transportar ou exercer
a pesca com armas de fogo, substâncias explo-
Artigo 20.o sivas, venenosas, tóxicas, descargas eléctricas ou
(Revogado.) por outros processos susceptíveis de causar a
morte ou o atordoamento dos espécimes, bem
como lançar ao mar quaisquer objectos ou subs-
Artigo 21.o tâncias susceptíveis de prejudicar o meio mari-
Destino das receitas das coimas nho;
i) Medir e esticar cabos, ou simplesmente dispa-
1 — O produto das coimas previstas neste diploma rá-los de bordo ou rebocá-los, lavar redes e roce-
e respectiva legislação complementar reverte, transito- gar, em áreas onde a captura é proibida ou está
riamente, em 60 % para os cofres do Estado, percen- temporariamente interdita;
N.o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6597

j) Ultrapassar os limites de captura legalmente h) Utilizar fontes luminosas para efeitos de con-
fixados por totais admissíveis de capturas (TAC) centração artificial de pescado, em desconfor-
e quotas; midade com o legalmente estabelecido;
l) Subdeclarar ou sobredeclarar capturas de espé- i) Exercer a pesca fora dos períodos diários que
cies sujeitas a TAC e quotas no preenchimento estejam legalmente fixados;
dos registos de bordo; j) Exercer a pesca em zonas consideradas insa-
m) Relativamente às embarcações legalmente obri- lubres ou que por qualquer motivo possam ori-
gadas a dispor de equipamentos de monitori- ginar perigo para a saúde pública;
zação contínua (EMC), exercer a pesca sem l) Manter a bordo espécies capturadas em per-
EMC, com EMC não certificado nos termos centagens ou quantidades superiores às legal-
legais, com EMC não operacional ou desligado, mente fixadas;
ou durante os períodos de proibição do exercício m) Não efectuar as comunicações legalmente esta-
da actividade de pesca por inoperacionalidade belecidas ou efectuar comunicações incorrectas,
do EMC, e, bem assim, a inobservância da obri- nomeadamente as relativas a mudanças de zona
gatoriedade de imediato regresso a um porto, de pesca e às quantidades e qualidades de pes-
no caso de proibição do exercício da actividade cado que mantêm a bordo;
de pesca por inoperacionalidade do EMC; n) Não ter a bordo das embarcações ou não facul-
n) Praticar a pesca com equipamento de mergulho tar para verificação o diário de pesca ou outros
autónomo ou semiautónomo, excepto quando registos obrigatórios, bem como os planos ou
se trate da apanha de algas; descrições actualizadas dos porões;
o) Não permanecerem as embarcações em porto o) Não preencher ou preencher incorrecta ou defi-
durante os períodos de paragem obrigatória cientemente o diário de pesca ou a declaração
estabelecidos por lei ou regulamento; de descarga;
p) Manter a bordo, transbordar, desembarcar, p) Não inscrever no diário de pesca espécies de
transportar, armazenar, expor ou vender peixes, registo obrigatório;
crustáceos e moluscos cuja pesca seja proibida q) Preencher, antes da descarga, a respectiva decla-
ou que não tenham o tamanho ou o peso míni- ração;
mos exigidos; r) Preencher os registos obrigatórios com uma
q) Não cumprir as normas legais relativas à pro- variação em peso vivo superior a 20 %, por
dução e colocação no mercado de moluscos excesso ou por defeito, entre o peso à descarga
bivalves; e a estimativa de captura;
r) Instalar ou explorar estabelecimentos de cul- s) Não declarar na data prevista a produção dos
turas marinhas e conexos, sem que, respecti- estabelecimentos de aquicultura respeitante ao
vamente, estejam devidamente autorizados ou ano anterior.
licenciados.
4 — Constitui contra-ordenação punível com coima
3 — Constitui contra-ordenação punível com coima de 30 000$ a 1 000 000$:
de 50 000$ a 5 000 000$:
a) Usar artes de pesca sem respeitar as regras de
a) Exercer a pesca com embarcações de potência utilização legalmente estabelecidas, nomeada-
propulsora superior à legalmente fixada para mente quanto às manobras e locais de calagem,
o tipo de pesca ou artes de pesca para as quais distâncias relativamente a outras artes, condi-
estão licenciadas; ções gerais de largada e alagem e sistemas de
b) Não respeitar as normas previstas na lei para fixação;
o exercício da pesca com auxílio de embarca- b) Utilizar artes, utensílios ou acessórios de pesca
ções, sem prejuízo do disposto nas alíneas e) que não estejam e não se mantenham sinali-
e f) do número anterior; zados e identificados de acordo com as dispo-
c) Operar com embarcações cujas dimensões ou sições aplicáveis, bem como não respeitar as
características técnicas não obedeçam às normas normas de sinalização das fases da faina da
estabelecidas; pesca;
d) Não deter autorização para manter a bordo, c) Exercer a pesca em locais proibidos, nos termos
devidamente estivadas, determinadas artes de da legislação aplicável, por motivos específicos,
pesca, no caso de embarcações nacionais não ainda que não relacionados com a conservação
licenciadas para a pesca ou para a utilização de recursos, nomeadamente por razões de segu-
dessas artes em águas sob soberania e jurisdição rança e de tráfego marítimo;
nacionais; d) Efectuar a bordo de embarcações de pesca
e) Deter, transportar, depositar ou abandonar no quaisquer transformações físicas ou químicas do
mar, nos cais, no molhe ou nas margens artes pescado não expressamente autorizadas;
de pesca proibidas, não licenciadas ou apresen- e) Exercer a pesca sem ser portador da respectiva
tando malhagens ou qualquer outra caracterís- licença;
tica técnica que não se conforme com o legal- f) Não efectuar a entrega em devido tempo do
mente estabelecido; diário de pesca ou da declaração de descarga;
f) Abandonar no mar ou manter em operação g) Utilizar ovas de peixe como isco ou engodo;
artes de pesca por tempo superior ao fixado; h) Não cumprir as normas legais relativas às estru-
g) Exercer a pesca com recurso a práticas de pesca turas e equipamentos dos estabelecimentos de
proibidas, tais como «bater» nas águas («batu- culturas marinhas e conexos;
que»), «valar águas», «socar», «lançar pedras», i) Transmitir estabelecimentos de culturas mari-
«percutir» ou usar práticas semelhantes; nhas ou conexos sem autorização;
6598 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 275 — 27-11-1998

j) Não comunicar no prazo previsto o início e a c) Interdição de exercer a profissão ou actividades


conclusão das obras de instalação dos estabe- relacionadas com a contra-ordenação;
lecimentos de culturas marinhas e conexos; d) Privação da atribuição de subsídios ou outros
l) Ausência ou deficiente delimitação e ou sina- benefícios outorgados ou a outorgar por enti-
lização dos estabelecimentos de culturas mari- dades ou serviços públicos, no âmbito da acti-
nhas; vidade pesqueira e aquícola;
m) Cultura e transferência não autorizada de espé- e) Suspensão da licença de pesca;
cies em estabelecimentos de culturas marinhas; f) Privação da atribuição da licença de pesca;
n) Introdução de espécies não indígenas em esta- g) Encerramento dos estabelecimentos de culturas
belecimentos de culturas marinhas sem a devida marinhas ou conexos;
autorização. h) Devolução dos espécimes de culturas, apanha-
dos, capturados, transportados ou transacciona-
5 — Tratando-se de pessoas colectivas, os limites dos ao local de obtenção ou ao seu legítimo
máximos das coimas constantes dos n.os 1 a 4 são ele- detentor.
vados, respectivamente, para os montantes de
50 000 000$, 25 000 000$, 15 000 000$ e 5 000 000$. 2 — As sanções referidas nas alíneas c), e) e g) têm
6 — Os montantes das coimas estabelecidos nos n.os 1 a duração mínima de 15 dias e a duração máxima de
a 4 poderão ser reduzidos a metade sempre que as infrac- um ano, no caso da alínea e), e de dois anos, no das
ções sejam praticadas com embarcações de convés alíneas c) e g).
aberto ou sem auxílio de embarcações. 3 — A sanção prevista na alínea d) tem a duração
7 — Se o mesmo facto constituir simultaneamente mínima de um ano e a máxima de dois anos e na alínea f)
crime e contra-ordenação, será o agente punido a título tem a duração mínima de 90 dias e a máxima de dois
de crime, sem prejuízo das sanções acessórias previstas anos.
para a contra-ordenação. 4 — A sanção prevista na alínea a) do n.o 1 só pode
ser decretada quando as artes de pesca ou outros ins-
trumentos serviram ou estavam destinados a servir para
Artigo 21.o-B a prática da contra-ordenação.
Determinação da medida da coima 5 — Quando a decisão condenatória definitiva pro-
ferida em processo por contra-ordenação declarar a
A determinação da medida da coima faz-se em função perda de bens a favor do Estado, a entidade com com-
da gravidade da contra-ordenação, da culpa, da situação petência para decidir pode determinar a sua afectação
económica do agente e do benefício económico que este a outras entidades públicas ou instituições privadas de
retirou da prática da infracção, bem como dos ante- solidariedade social, por motivos de interesse público.
cedentes do infractor relativamente ao não cumpri- 6 — Sempre que os bens apreendidos respeitem a
mento das disposições do presente diploma e dos seus artes e apetrechos de pesca, devem os mesmos ser afec-
regulamentos. tos ao Instituto de Investigação das Pescas e do Mar,
ou às direcções regionais competentes das Regiões
Autónomas, de acordo com o local em que tenham sido
Artigo 21.o-C apreendidos, salvo se não estiverem interessados, caso
Pagamento voluntário em que se observará o disposto no número seguinte.
7 — Sem prejuízo do disposto nos números anterio-
1 — No caso de se tratar de infractor sem qualquer res, serão destruídos os bens declarados perdidos a título
antecedente no respectivo registo individual, poderá este de sanção acessória que não estiverem em conformidade
proceder ao pagamento voluntário pelo mínimo legal com os requisitos ou características legalmente esta-
da coima prevista para a respectiva infracção, até ao belecidos.
limite do prazo que lhe vier a ser fixado para o exercício
do direito de audição e defesa. SECÇÃO III
2 — O pagamento voluntário da coima não exclui a
possibilidade de aplicação de sanções acessórias. Do processo

Artigo 22.o Artigo 23.o


Entidades competentes para aplicação das coimas
Sanções acessórias e sanções acessórias
1 — Sem prejuízo do disposto no n.o 3, poderão ser 1 — A aplicação das coimas e sanções acessórias em
aplicadas, em simultâneo com a coima, uma ou mais matéria de pesca e de culturas marinhas que digam res-
das sanções acessórias a seguir enumeradas, em função peito a infracções cometidas em águas sob soberania
da gravidade da infracção e da culpa do agente: e jurisdição nacionais compete ao capitão do porto da
a) Perda das artes de pesca ou de outros instru- capitania em cuja área ocorreu o facto ilícito ou ao
mentos utilizados na prática da contra-orde- capitão do porto de registo da embarcação, ou do pri-
nação; meiro porto em que esta entrar, consoante o que tiver
b) Perda dos produtos provenientes da pesca ou procedido à instrução do respectivo processo de con-
das culturas resultantes da actividade contra- tra-ordenação.
-ordenacional, ainda que aqueles tenham sido 2 — Ao inspector-geral das Pescas compete a apli-
alienados ou estando na posse de terceiros, estes cação das coimas e sanções acessórias em matéria de
conhecessem ou devessem razoavelmente pesca e culturas marinhas nas seguintes situações:
conhecer as circunstâncias determinantes da a) Quando os factos ilícitos tenham sido detectados
possibilidade da perda; em embarcações atracadas em portos, bem
N.o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6599

como locais de descarga de pescado, lotas, pos- Artigo 26.o-B


tos de vendagem, áreas dos portos de pesca e Denúncia
em todos os locais ou estabelecimentos rele-
vantes para o controlo do cumprimento das 1 — A autoridade ou agente da autoridade que tiver
medidas de defesa, conservação e gestão de conhecimento, por denúncia, da prática de contra-or-
recursos piscatórios; denação prevista neste diploma lavra ou manda lavrar
b) No caso de o facto ilícito ter sido praticado em auto de notícia.
águas não sujeitas à jurisdição nacional e desde 2 — É correspondentemente aplicável, com as neces-
que a competência sancionatória não pertença sárias adaptações, o disposto no artigo anterior.
a outro Estado;
c) Quando as infracções cometidas no âmbito da
actividade dos estabelecimentos de culturas Artigo 27.o
marinhas e conexos digam respeito a instalações Entidades competentes para a investigação e instrução
localizadas em áreas do domínio hídrico;
d) Quando os factos ilícitos tenham sido detectados A investigação e instrução dos processos por con-
através do sistema de monitorização contínua tra-ordenações previstas neste diploma são da compe-
de actividades da pesca (MONICAP). tência das entidades mencionadas no n.o 1 do artigo 15.o
que levantarem o auto de notícia, no âmbito das atri-
Artigo 24.o buições que lhes estejam legalmente cometidas relati-
vamente a inspecção, vigilância e polícia, sem prejuízo
(Revogado.) do disposto no n.o 2 do mesmo artigo.

Artigo 25.o Artigo 28.o


(Revogado.) Medidas cautelares

1 — Como medida cautelar pode ser ordenada a


Artigo 26.o
apreensão da embarcação, das artes de pesca, dos veí-
(Revogado.) culos, dos instrumentos e dos produtos provenientes da
pesca ou das culturas marinhas se os mesmos serviram
Artigo 26.o-A ou estavam destinados a servir para a prática de con-
tra-ordenação ou dela tenham resultado e, bem assim,
Auto de notícia quaisquer outros que forem susceptíveis de servir de
1 — Quando qualquer autoridade ou agente da auto- meios de prova.
ridade, no exercício das suas funções de fiscalização e 2 — As artes e apetrechos de pesca ilegais ou usados
controlo das actividades de pesca e culturas marinhas, na prática da infracção ou quando não estejam iden-
presenciar a prática de uma contra-ordenação, levanta tificados, bem como o pescado capturado ilegalmente,
ou manda levantar auto de notícia, que mencionará os serão sempre cautelarmente apreendidos.
factos que constituem a infracção, o dia, a hora, o local 3 — Enquanto os bens se mantiverem apreendidos,
e as circunstâncias em que foi cometida, o nome e a é permitido ao seu proprietário beneficiá-los ou con-
qualidade da autoridade ou agente de autoridade que servá-los sob vigilância da autoridade à ordem da qual
a presenciou e tudo o que puder averiguar acerca da estiverem apreendidos, não sendo, todavia, esta respon-
identificação dos agentes da infracção e, quando pos- sável pelos prejuízos que possam resultar da falta de
sível, de testemunhas que possam depor sobre os factos. conveniente beneficiação ou conservação.
2 — Quando a infracção se reportar a pessoas colec- 4 — São ineficazes os negócios jurídicos que tenham
tivas ou equiparadas, deverá indicar-se, sempre que pos- por objecto bens apreendidos.
sível, a sede social, bem como a identificação e residência
dos sócios gerentes. Artigo 29.o
3 — O auto de notícia é assinado pela autoridade
ou agente da autoridade que o levantou ou mandar Venda antecipada dos bens apreendidos
levantar e pelo infractor, se quiser assinar, devendo, 1 — Os objectos apreendidos nos termos do artigo
em caso de recusa, tal facto constar do auto. anterior, logo que se tornem desnecessários para a inves-
4 — Do auto de notícia deverá ser dada cópia ao tigação ou instrução, poderão ser vendidos por ordem
infractor. da entidade competente para a mesma, observando-se
5 — Pode levantar-se um único auto de notícia por o disposto nos artigos 902.o e seguintes do Código de
diferentes infracções cometidas na mesma ocasião ou Processo Civil, desde que haja, relativamente a eles:
relacionadas umas com as outras, embora sejam diversos
os agentes. a) Risco de deterioração;
6 — O auto de notícia levantado nos termos dos b) Conveniência de utilização imediata para abas-
números anteriores faz fé em juízo sobre os factos pre- tecimento do mercado;
senciados pelo autuante, até prova em contrário. c) Requerimento do respectivo dono ou detentor
7 — O disposto no número anterior aplica-se aos ele- para que estes sejam alienados.
mentos de prova obtidos através de aparelhos, instru-
mentos ou equipamentos utilizados nos termos legais, 2 — Verificada alguma das circunstâncias referidas no
nomeadamente os recolhidos através do sistema de número anterior em qualquer outro momento do pro-
monitorização contínua da actividade da pesca (MONI- cesso, a ordem de venda caberá às entidades compe-
CAP). tentes para aplicação da coima ou ao tribunal.
6600 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 275 — 27-11-1998

3 — Quando, nos termos do n.o 1, se proceda a venda 2 — A notificação a que se refere o n.o 1 conterá
de bens apreendidos, a entidade competente tomará as advertência de que, em caso de não haver reclamação,
providências adequadas de modo a evitar que a venda os bens serão declarados perdidos a favor do Estado.
ou o destino dado a esses bens seja susceptível de ori-
ginar novas infracções. Artigo 32.o
4 — O produto da venda será depositado na Caixa
Geral de Depósitos, à ordem da entidade que a deter- Comunicação das decisões e registo individual dos arguidos
minou, a fim de ser entregue, por simples termo nos 1 — A autoridade administrativa que aplicar a decisão
autos e sem quaisquer encargos, a quem a ele tenha definitiva e os tribunais que julguem os recursos das
direito, ou a dar entrada nos cofres do Estado, se for decisões que apliquem coimas devem remeter à Ins-
decidida a perda a favor deste. pecção-Geral das Pescas cópia das decisões finais pro-
5 — Serão inutilizados os bens apreendidos, sempre feridas nos processos respectivos.
que não seja possível aproveitá-los sem violação do dis- 2 — A Inspecção-Geral das Pescas organiza o registo
posto neste diploma. individual informatizado de cada arguido, sujeito a con-
6 — Quando razões de economia nacional o justifi- fidencialidade, no qual são lançadas todas as sanções
quem e não haja prejuízo para a saúde do consumidor, que lhe forem aplicadas por infracções cometidas após
o membro do Governo que tiver a seu cargo o sector a publicação deste diploma.
das pescas poderá determinar que os bens apreendidos 3 — Nos processos em que deva ser apreciada a res-
sejam aproveitados para os fins e nas condições que ponsabilidade de qualquer arguido é sempre junta uma
estabelecer. cópia dos registos que lhe digam respeito, podendo o
interessado ter acesso ao seu registo sempre que o
Artigo 30.o solicite.

(Revogado.) CAPÍTULO VI
Disposições finais
Artigo 31.o Artigo 33.o
Garantia de pagamento Direito de visita
Constituem garantias de pagamento da coima, custas No exercício das suas atribuições e a fim de assegurar
e demais encargos legais os bens apreendidos aos agen- o cumprimento da legislação em vigor, as entidades com
tes infractores ou o valor correspondente. poderes de fiscalização referidas no artigo 15.o poderão
visitar quaisquer embarcações de pesca atracadas em
Artigo 31.o-A portos, no mar, em estuários, rias, lagoas costeiras ou
Agentes não domiciliados em Portugal
rios, bem como nos estabelecimentos de aquicultura e
conexos, locais de descarga de pescado, lotas, postos
1 — Se o responsável pela infracção não for domi- de vendagem, nas áreas dos portos de pesca e em todos
ciliado em Portugal, e caso não pretenda efectuar o os locais ou estabelecimentos relevantes para o controlo
pagamento voluntário da coima, quando admissível, do cumprimento das medidas de defesa e conservação
deve prestar caução de valor igual a um terço do mon- dos recursos piscatórios.
tante máximo da coima prevista para a contra-ordenação
que lhe é imputada. Artigo 34.o
2 — A caução referida no número anterior deve ser
prestada perante a entidade autuante e destina-se a Aplicação nas Regiões Autónomas
garantir o pagamento da coima em que o infractor possa 1 — As competências que neste diploma são atribuí-
vir a ser condenado, bem como das despesas legais a das ao Governo e ao Ministério da Agricultura, do
que houver lugar. Desenvolvimento Rural e das Pescas consideram-se
3 — A falta de prestação da caução prevista no n.o 1 cometidas aos órgãos de governo próprio das Regiões
determina a apreensão da embarcação de pesca ou do Autónomas nos casos seguintes:
veículo utilizado no transporte do pescado, que se man-
terá até à efectivação daquela, ao pagamento da coima a) As autorizações previstas na alínea a) do ar-
ou à decisão absolutória. tigo 4.o, quando se trate de embarcações de
4 — Os bens apreendidos ao abrigo do disposto nos pesca a registar ou registadas em portos das
números anteriores responderão nos mesmos termos Regiões;
que a caução pelo pagamento das quantias devidas. b) As autorizações previstas na alínea b) do ar-
5 — A infracção será levada ao conhecimento do tigo 4.o, quando se trate de autorização para
Estado de bandeira do responsável pela mesma. o exercício da actividade por embarcações regis-
tadas em portos das Regiões Autónomas, bem
como para as artes por aquelas utilizadas, e que
Artigo 31.o-B se destinem, umas e outras, à captura de espé-
Abandono
cies que ocorram em águas abrangidas nas res-
pectivas Regiões;
1 — São declaradas perdidas a favor do Estado as c) As competências previstas nas alíneas d) a f),
mercadorias e quaisquer quantias apreendidas no pro- h) e i) do artigo 4.o, quando de aplicação apenas
cesso, se não reclamadas no prazo de dois meses a contar no interior das 12 milhas e se fixarem medidas
da notificação do despacho ou decisão que ordenar a mais restritivas relativamente às que vigoram
sua entrega. a nível nacional;
N.o 275 — 27-11-1998 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6601

d) A repartição de volumes de captura atribuídos respondência entre a estrutura da carreira docente e


às Regiões Autónomas por segmentos da frota a dessas carreiras do regime geral:
nelas registadas ou por licença de pesca dentro O Governo decreta, nos termos da alínea a) do n.o 1
de um mesmo segmento; do artigo 198.o da Constituição, o seguinte:
e) Autorizações para a pesca, sem auxílio de
embarcações, de recursos que ocorram em águas
Artigo 1.o
abrangidas nas respectivas Regiões;
f) As autorizações previstas no artigo 9.o, quando Transição do pessoal docente
os afretadores estejam sediados ou domiciliados
1 — O pessoal docente que se encontra a prestar ser-
nas Regiões Autónomas;
viço no Ministério da Cultura e em institutos públicos
g) As competências previstas no n.o 2 do ar-
sujeitos à tutela ou à tutela e superintendência do Minis-
tigo 10.o, relativamente às embarcações ou gru-
tro da Cultura poderá ser integrado, se o requerer no
pos de embarcações registadas em portos das
prazo de 30 dias após a entrada em vigor do presente
Regiões;
diploma, nos quadros dos serviços onde se encontra
h) As autorizações, licenciamentos e concessões
colocado, nas carreiras técnica superior ou técnica, con-
previstos nos artigos 11.o e 12.o, bem como a
soante detenha o grau de licenciatura ou curso superior
respectiva regulamentação, quando os estabe-
que não confira o grau de licenciatura e desde que pos-
lecimentos ou os terrenos do domínio público
sua, pelo menos, três anos de serviço ininterrupto de
marítimo para instalação e exploração de cul-
exercício de funções nesse Ministério ou nesses insti-
turas marinhas se localizem nas Regiões Autó-
tutos, ou cinco anos interpolados, à data da entrada
nomas;
em vigor do presente diploma.
i) A competência prevista no artigo 13.o, relati-
2 — A transição efectuar-se-á na categoria menos ele-
vamente a agentes económicos ou estabeleci-
vada das carreiras referidas no número anterior que
mentos de culturas marinhas domiciliados,
integre escalão a que corresponda índice com remu-
sediados ou localizados nas Regiões Autóno-
neração base igual ou, na falta de coincidência, índice
mas.
com remuneração base superior mais aproximada na
carreira de origem.
2 — Sempre que estejam em causa outros interesses
3 — O tempo de serviço prestado na carreira e escalão
pesqueiros específicos das Regiões Autónomas, o mem-
de origem será contado para efeitos de promoção e
bro do Governo que tiver a seu cargo o sector das pescas,
antiguidade na nova carreira.
no exercício das competências que lhe são cometidas
pelo presente diploma, consultará previamente os
órgãos de governo próprio daquelas Regiões. Artigo 2.o
3 — Nas Regiões Autónomas, as entidades compe- Quadros de pessoal
tentes para o efeito do disposto nos artigos 15.o, 23.o
e 27.o, no que respeita às atribuições da Inspecção-Geral O referido pessoal transitará para lugares vagos exis-
das Pescas, serão designadas por acto normativo dos tentes nos respectivos quadros de pessoal ou, caso não
respectivos órgãos de governo próprio. existam vagas, para lugares a criar mediante portaria
conjunta do Ministro das Finanças, do membro do
Governo responsável pela área da Administração
Pública e do Ministro da Cultura, a extinguir quando
MINISTÉRIO DA CULTURA vagarem.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 20
o de Agosto de 1998. — António Manuel de Oliveira Guter-
Decreto-Lei n. 384/98
res — António Luciano Pacheco de Sousa
de 27 de Novembro Franco — Jorge Paulo Sacadura Almeida Coelho —
Eduardo Carrega Marçal Grilo — Manuel Maria Ferreira
No Ministério da Cultura e em institutos públicos
Carrilho.
sujeitos à tutela ou à tutela e superintendência do Minis-
tro da Cultura exercem funções, há mais de três anos
Promulgado em 16 de Novembro de 1998.
continuados ou cinco anos interpolados, alguns docentes
considerados essenciais à prossecução dos objectivos dos Publique-se.
serviços onde se encontram colocados.
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
Considerando que a integração deste pessoal nas car-
reiras técnica superior ou técnica dos quadros dos res-
Referendado em 19 de Novembro de 1998.
pectivos serviços, através do recurso aos instrumentos
de mobilidade previstos na lei geral, nomeadamente a O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira
transferência, não é viável, uma vez que não existe cor- Guterres.

Вам также может понравиться