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4. Mas no era justamente isso ou algo semelhante que Viveiros caracteriza como a fico
antropolgica do perspectivismo amerndio, quando ela traduz a antropologia nativa
o conceito nativo do que humano, do que um sujeito, do que a natureza, de quem
pode ocupar um ponto de vista? No seria assim a antropologia proposta por ele uma
antropologia especulativa, como sugeriu Marco Antonio Valentim? Ou seja, ser que toda
antropologia desse tipo no implicaria uma ressonncia ou escoamento difer-ente, que
difere, que faz deslocar nosso prprio ponto de vista, nosso prprio eu? Alis, no seria
esse o grande efeito da traduo do eu-possvel em um eu-virtual?
Parece-me que algo nesse sentido que Patrice Maniglier afirma, a partir de LviStrauss: o ser, o eu, ser situvel em um conjunto de alternativas ou variaes de si
mesmo; ou, dito de outro modo, o eu-atual (sujeito) apenas a posio relacional em um
conjunto de eus-possveis (objetos) mudando tal conjunto, modifica-se o eu-atual. Por
isso, a capacidade do sujeito de objetivar-se indefinidamente (sem conseguir jamais
5. Por fim, uma questo que deixamos em aberto: o que torna possvel a obliquao? Se,
segundo o desenvolvimento do raciocnio de Costello, no uma condio existencial
comum, a humanidade como identidade entre eu e outro, se no a presena do eu no
outro (que, no fundo, no passa de uma projeo narcsica), ento, a meu ver, a nica
resposta possvel que a sua condio de possibilidade s pode ser a presena do outro
no eu, a saber, a no coincidncia do sujeito consigo mesmo, a sua diferena interna ou
interior, constitutiva. Em nossa cultura, tal diferena expressa-se por meio de vrios
dualismos: corpo e alma, animalidade e humanidade, consciente e inconsciente, o ser e