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FUTURO DE PORTUGAL
SUMÁRIO
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1. UM NOVO MUNDO QUER NASCER
Os últimos dois anos, especialmente desde meados de 2007, vieram alterar significativamente o
contexto mundial onde nos inserimos e, ao mesmo tempo, proporcionar-nos algumas novas
reflexões quanto aos caminhos trilhados e à configuração que desejamos para o futuro.
A crise económica e financeira mundial que se evidenciou na segunda metade de 2008 foi o
resultado de um modelo de desenvolvimento económico pautado essencialmente pelo objectivo do
lucro financeiro e sem a necessária submissão ao poder democrático ou aos interesses nacionais de
cada povo, sem responsabilidade social.
A presente crise, cujas gravidade e consequências para os povos do mundo ainda estão por ser
reveladas e sentidas, e com os contornos de clara desonestidade por parte dos mais altos
responsáveis de entidades bancárias, de empresas e de organismos de aferição e de regulação, põe
em causa a legitimidade da preponderância privada na direcção e regulação da economia e dos
mercados, designadamente dos financeiros.
Do mesmo modo se torna ainda mais questionável a pretensão dos EUA de assumirem a condução
política do mundo, não só pela sua especial responsabilidade pela crise financeira e económica,
resultante de um regime que durante décadas beneficiou especialmente esse país em detrimento de
outros, mas, também, pelo agravamento dos conflitos mundiais e a promoção de uma série de
guerras “preventivas” pelo reforço da sua supremacia política e militar em várias partes do globo,
incluindo no coração da Europa.
Ao mesmo tempo e não por acaso, esse capital financeiro perdeu toda a dimensão ética e
responsabilidade social ao associar-se com o crime organizado internacional nas off-shore,
autenticas “áreas libertadas” da fuga ao fisco e da lavagem de dinheiro de origem criminosa.
O capital financeiro obteve dos Estados a eliminação de todos os instrumentos de controlo que a
experiência histórica anterior havia recomendado e estabelecido, permitindo o desenvolvimento de
mecanismos de alavancagem e de especulação para além de todos os limites do razoável. Por isso,
a presente crise e as suas gravosos consequências também são da responsabilidade de todos os
Estados que, ao arrepio da ciência económica, da experiência histórica secular e das respectivas
responsabilidades sociais, se dispuseram, conscientemente ou por mera cumplicidade, a criar o
grande Casino em que a economia e as finanças mundiais se transformaram nos últimos 25 anos, na
qual passaram a coexistir, sem fronteiras claras, o legal com o ilegal, o meritório com o criminoso.
Porém, esse processo não pode ser conduzido ao arrepio dos povos e ao sabor dos interesses do
capital financeiro e das multinacionais, pela supremacia dos mercados monopolistas sobre a
regulação democrática e pela supremacia de uns países e povos sobre outros. Uma globalização
assim conduzida só poderá levar à emergência de graves conflitos sociais em larga escala, à
violência endémica ou mesmo a novas e catastróficas guerras.
A ONU, reflexo do processo geral de democratização ocorrido no século XX, foi esvaziada de
protagonismo, excepto, pontualmente, para legitimar actuações dos EUA, sendo, na prática,
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substituída por uma estrutura “aristocrática” de governo mundial, o G-7/8 (de cada dia mais
duvidosa eficácia), ao qual por vezes são convidados a assistir mais uns quantos países, sem direito
de voto ou poder de decisão.
Estabeleceu-se assim uma ordem hierárquica mundial tendo em cima o “império”, depois os “reinos
vassalos” e toda uma plêiade de “duques” e “condes”, evidenciando um certo esgotamento do
capitalismo enquanto fonte de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, antes tendendo a recompor as
estruturas medievais de dominação e exploração dos mais fracos.
Porém, à margem dessa ordem feudal e opondo-se a ela desenvolvem-se novas tendências que
apontam para uma nova geografia do poder mundial caracterizada pelo fim do unilateralismo e a
reorganização politica e económica em múltiplos espaços de decisão a nível local ou regional:
- O Oriente (China, Japão, Coreia, Índia, Indonésia, …) adquire protagonismo e dinâmica próprios;
- A China estabelece linhas privilegiadas de cooperação com a África e a América Latina;
- A Rússia, ao mesmo tempo que reconstitui velhas áreas de influência e de alianças (Ásia Central,
Irão, Índia, …) projecta-se na América Latina;
- A América Latina, da Argentina ao México, desenvolve a sua segunda independência, agora
relativamente aos EUA, e enceta ousados processos de integração regional enquanto a “pequena
Europa” permanece titubeante entre os convites de cooperação que lhe são lançados e o
seguidismo relativamente aos EUA;
- A África, embora com muita dificuldade, dá os primeiros passos no sentido de se libertar das fortes
cadeias que o prendem às relações neo-coloniais, defende-se relativamente às tentativas
europeias de recomposição da sua antiga influência e poder (veja-se o caso recente do Zimbabwe,
onde, independentemente de razões, os países africanos rejeitaram em bloco qualquer tentativa
de ingerência europeia), e alia-se com a China. Vislumbra-se já uma forte aproximação com a
América do Sul.
- O mundo islâmico, da Indonésia à costa ocidental da África, integrando uma parte muito
significativa dos pobres no mundo, tende a constituir-se no bloco de contestação mais radical à
chamada “superioridade ocidental”, representativa de uma prolongada opressão política, cultural e
económica, hoje simbolizada pelas políticas de Israel para com o povo palestiniano, pelas guerras
“ocidentais” contra o Iraque e Afeganistão e as ameaças ao Irão. Enquanto a “pequena Europa”
não entender que esse fenómeno religioso se encontra intimamente concatenado com o
socioeconómico, só poderá esperar dissabores.
Os últimos acontecimentos mostraram que é necessário e urgente instituir uma nova ordem
internacional com base nas seguintes referências:
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relativos às estruturas e manipulações genéticas, o sistema mundial de telecomunicações e a
internet, os sistemas de exploração do espaço exterior terrestre, o sistema mundial de segurança
social, o sistema financeiro internacional, as redes multinacionais integradas de produção,
transporte, distribuição e comercialização de uma variedade de produtos, designadamente os
farmacêuticos, etc.);
- Preservação das condições ambientais globais propícias ao bom desenvolvimento da vida na Terra;
a) Instituir um novo sistema financeiro internacional sob o controlo de poderes democráticos que
contingente os capitais mundialmente disponíveis em três grandes pacotes:
- Capital de Desenvolvimento, acessível às economias dos países subdesenvolvidos e em
desenvolvimento e aos sectores de economia social, comunitária e solidária;
- Capital de Risco, para suporte a projectos de novas actividades e de desenvolvimento
estratégico de investigação e alta tecnologia, de âmbito nacional, internacional ou
transnacional;
- Capital Livre, especulativo, em busca de situações óptimas de remuneração.
Todos os capitais públicos e sociais (fundos de pensões, etc.) só deverão ser aplicados nas duas
primeiras categorias.
b) Esclarecer o papel das actuais off-shore e outros “paraísos” fiscais, na futura configuração e
enquadramento do sistema financeiro internacional. Ou, simplesmente, aboli-las, passando todas
as operações a decorrer através dos sistemas nacionais de controlo e tributação, ou criar um
enquadramento internacional que as submeta ao poder democrático e ao controlo e tributação
mundial.
Face aos perigos de desestabilização geral do mundo na sequência da actual crise sistémica global
(económica, financeira, política, ambiental e de valores), designadamente ao perigo de uma
desestabilização militar global, entendemos que este é o momento para formular e implantar
soluções e mecanismos fundamentalmente novos para os problemas mundiais, que permitam
assegurar a Paz, alargar os espaços de Liberdade, promover a Democracia e a Igualdade, consolidar
a Cooperação e a Solidariedade e promover o Ambiente natural.
Entendemos que, no caminho para a Sociedade Humana Global, a integração progressiva dos povos
da Europa, nos mais variados domínios, seria um passo positivo, com todas as condições de ser
exemplar, à luz dos princípios acima referidos para as relações internacionais.
A “construção da Europa”, como tem vindo a ser prosseguida, designadamente nos últimos anos,
não corresponde a esse desígnio. Em primeiro lugar, pela obscuridade dos objectivos e da
estratégia, traçados em círculos restritos de dirigentes políticos preocupados em “ganhar a
confiança” dos grandes interesses económicos, sem que os povos possam entender, com clareza, o
que está em causa, em cada momento.
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Em segundo lugar, como corolário do antes referido, a tendência para iludir a Democracia através de
processos de decisão opacos ou “controlados”, em detrimento da participação popular,
designadamente pelo voto referendário.
Em terceiro lugar, a persistência de uma subordinação estratégica aos interesses unilaterais dos
EUA, manifestada na aceitação do “Consenso de Washington” e da globalização neoliberal, na
adopção/aceitação de políticas tendentes a “isolar” e “confrontar” a Rússia, a promover o seu cerco
militar através da NATO, no seguidismo relativamente às guerras americanas pelo controlo das
reservas mundiais de petróleo, traduzida na endémica falta de “unidade europeia” quanto às
questões estratégicas mundiais e quanto ao próprio desenvolvimento da UE.
Esta fragilidade estrutural da UE poderá levar, em situações de crise grave com a actual crise
financeira e económica, segundo as palavras de Mário Soares, à perda de razão de ser da própria UE
e, eventualmente, à sua derrocada.
Independentemente das crises e suas consequências, são legítimas as reservas de numerosos povos
europeus quanto ao actual processo de integração, tanto mais que, como seu resultado final,
poderia ocorrer a “dissolução” de algumas nações mais pequenas ou o seu confinamento a qualquer
tipo de “protectorados”.
Porém, o maior perigo para os povos da Europa será a possibilidade de eclosão de uma nova guerra
mundial que venha a devastar o seu território e povos. Essa guerra permanece como uma das vias
para a superação de uma crise económica e financeira prolongada e de “impasses” na correlação de
forças mundiais, designadamente numa perspectiva dos interesses estratégicos norte-americanos.
Tal hipótese, de menor probabilidade no quadro de uma administração tipo “Obama”, pode tornar-se
plausível noutro cenário.
Nos próximos 10-15 anos, a Humanidade em geral e a Europa em particular, irão passar por uma
curva muito apertada. Se não houver prudência, vigilância, capacidade de previsão e coragem de
decisão, o comboio da Paz poderá descarrilar e encontrar o maior desastre.
Por isso, para além de todo um conjunto de medidas de “saneamento” democrático das perversões
políticas, económicas e financeiras do actual processo de integração, a UE deverá ter uma postura
muito activa na desmontagem do campo de minas em que o mundo e a própria Europa se
transformaram (Balcãs, leste europeu e “escudo anti-misseis”, Cáucaso, Israel-Árabes, Índia-
Paquistão, China-Taiwan/Japão, Turquia-Curdistão-Irão-Iraque-Afeganistão, América Latina, África,
…) e, de um modo especial, a superação de qualquer possibilidade de conflito bélico entre os EUA e
a Rússia, sempre com extremas consequências para a Europa Ocidental.
No quadro da actual crise económica e financeira haverá, em primeiro lugar, que manter unido,
consolidar e defender a estabilidade do conjunto de países da Zona Euro (“eurolândia”). Só com este
bloco estabilizado e consolidado será possível, num quadro de cooperação não subserviente com os
EUA nem com a Rússia, estabilizar e proteger as economias dos restantes países da UE.
A Europa integra, geográfica, económica e culturalmente, a Rússia. Por isso, a actual UE terá de
promover a cooperação, convergência e integração da Rússia. Só os interesses geoestratégicos dos
EUA têm justificado a ostracização da Rússia ao mesmo tempo que, apressadamente, se
“absorveram” (para a NATO e a influência americana directa) os países do leste da Europa, no
passado sob a influência da URSS.
A “Grande Europa” deverá ainda incluir todos os países e povos da bacia do Mediterrâneo e do Médio
Oriente, da Turquia a Marrocos, com os quais partilhámos a cultura helenística e o monoteísmo
religioso e mantemos relações milenares, no âmbito de uma grande zona de paz e cooperação.
Alguns passos tímidos foram dados no sentido de alargar nessa direcção a UE (caso da Turquia) e as
suas linhas de cooperação. Porém, tais passos são frequentemente interpretados com desconfiança,
muito mais como uma tentativa de fraccionamento e debilitamento do movimento geral de
ressurgimento árabe a islâmico do que uma sincera cooperação para o desenvolvimento.
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Também neste horizonte a “Europa” se tem encontrado acorrentada tanto a um certo exclusivismo
cristão como à estratégia unilateral norte-americana, a qual tem consistido em fortalecer os seus
próprios sistemas de poder e influência e colocar a “Europa” a pagar as despesas, como são os
casos de Israel-Palestina, Sérvia-Kosovo, Iraque e Afeganistão.
A libertação da Europa da submissão aos EUA, que deverá passar pelo esclarecimento de alguns
países europeus quanto ao seu alinhamento preferencial à UE ou aos EUA e, também, pela renúncia
deste país a quaisquer actos hostis ou divisionistas para com a união dos povos europeus, não
deverá significar qualquer afastamento e, muito menos, qualquer hostilidade entre a Europa e os
EUA.
Este país contém em si todos os atributos que o podem transformar num dos principais motores de
um futuro pacífico e progressista para a Humanidade. O Mundo e a Europa precisam que os EUA
abandonem definitivamente quaisquer pretensões de dominação ou superioridade e se incorporem,
com todo o seu potencial, na construção do novo mundo pacífico, democrático e próspero.
Mas será que a Europa que temos hoje, mesmo sem o handicap da submissão aos EUA, tem
condições para levantar voo? Ou, por outras palavras, não seremos já aquela “velha” e decadente
Europa a que, depreciativamente, se referiu há tempos um alto responsável norte-americano?
O que pensam os africanos da Europa? E os asiáticos, para onde se está a transferir o centro de
gravidade do mundo? E a América Latina, no processo da sua segunda independência? E o que
pensam os europeus da sua própria Europa, designadamente daquela que se encontra
institucionalizada na UE?
Pensam, possivelmente, que a UE ainda é, muito mais, um conglomerado de países do que uma
União; em vez de uma postura comum no mundo e um sistema de ideias sobre a economia e a
sociedade, a União preocupa-se a “normalizar” laranjas e chouriços.
Esta aberração está em conformidade com uma mentalidade burocrática e corporativista defensora
de interesses particulares e de grupos instalados, reproduzindo a UE uma cultura de raiz medieval
na organização pormenorizada dos mercados, pela qual, com procedimentos de “planeamento
central”, atribui e redistribui quotas de mercado pelos diversos grupos clientes, para uma vasta
gama de produtos desde os cereais às pescas, ao leite, ao aço, aos têxteis, etc.
Entendemos que os poderes públicos democráticos devam ter uma função interventiva na condução
económica, de regulação, planeamento e fomento, introduzindo factores de racionalidade e
responsabilidade social que os mercados de gestão privada, por si, não conseguem. Em
consequência, os mecanismos e as orientações económicas da actual UE, de inspiração retrógrada,
deverão ser reformados de modo a compatibilizar adequadamente o livre mercado com o
planeamento democrático e assegurar um justo equilíbrio no desenvolvimento dos diversos países.
É esta perversão estratégica, culturalmente retrógrada, que está na origem da decadência gradual
da Europa, na decadência do seu modelo democrático, do seu modelo social e do seu modelo
económico. A Europa, apesar de tantas Revoluções ocorridas nos séculos XIX e XX, mantém ainda
fortes compromissos culturais com o medievalismo e não aprendeu o melhor que os EUA
desenvolveram de útil para a civilização humana futura.
A Europa e a generalidade dos seus Estados precisam de uma profunda reforma, cultural,
institucional e política, se quiserem manter-se no pelotão da frente da civilização humana.
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trabalhadores dos séculos XIX e XX em prol da Democracia e da Justiça Social, deverão ser capazes
de, em conjunto, promover as necessárias viragens nos Valores, Políticas e Instituições da Europa.
Este é o momento para repensar todo o projecto “Europeu” no sentido de fazer da “Grande Europa”
um espaço de Liberdade, de Paz, de Democracia, de Desenvolvimento Económico, de Promoção
Humana, de Referência Cultural e Moral.
Neste âmbito, há três assuntos de importância vital: A Democracia europeia, a substituição da NATO
por outra estrutura de segurança colectiva e a construção de uma arquitectura financeira europeia
autónoma, democrática e estável, virada para o desenvolvimento.
E há dois assuntos que precisam de solução para uma verdadeira união e estabilidade da Europa: as
questões dos Balcãs e da Palestina.
A inserção de Portugal na Europa e no Mundo sempre teve que ver com os objectivos de assegurar a
independência política e a viabilidade económica do país. Foi assim desde Afonso Henriques ao
Mestre de Avis, de D. João II a D. Sebastião e à Restauração, do Marquês de Pombal à Revolução
Liberal de 1820, do Ultimato inglês a Oliveira Salazar, do 25 de Abril à entrada para a CEE.
Talvez porque, desde há muito, tenhamos desenvolvido uma capacidade de superar a exiguidade
dos recursos do território (através da montagem de expedientes e mecanismos de exploração de
recursos externos-alheios e da sua rentabilização comercial) descurámos, durante séculos, a
possibilidade de um dia termos de viver, exclusivamente, dos nossos recursos e do nosso próprio
trabalho.
A entrada para a CEE-UE constituiu o último expediente para transferir para outros os custos da
nossa própria inoperância e desmazelo nacionais. De facto, as classes dirigentes nacionais, políticas
e económicas, limitaram-se a cultivar a arte de gerir a distribuição entre si dos recursos e privilégios
da exploração colonial e a conservar o primarismo rústico e medieval da exploração dos recursos
internos através de parasitárias rendas e “portagens” de todo o tipo, sem nunca terem desenvolvido
uma efectiva capacidade empreendedora, agrícola e industrial.
Foi o que, de um modo geral, continuaram a fazer durante os últimos 25 anos, sem que os
volumosos “fundos” recebidos tenham contribuído de modo significativo para uma efectiva
modernização da economia do país, adaptando-o às alterações ocorridas e em curso na divisão
internacional do trabalho.
Hoje, aproximando-se o “fim da festa” dos fundos fartos, não temos agricultura, nem pesca, nem
indústria nem serviços eficientes e competitivos, nem dos “velhos” nem dos “novos”. Por isso pouco
produzimos e exportamos, e muito consumimos e importamos. Não admirará que, um dia, a dívida
externa nos caia em cima da cabeça.
Nos últimos 25 anos, para além da retórica, pouco avançaram as linhas de confiança política e de
cooperação económica entre Portugal e os PALOP, designadamente Angola e Moçambique. Este facto
evidencia a política, seguida durante longos anos, de hostilização dos governos desses países
quando não alinhavam pelo diapasão ideológico “ocidental”, a qual, correspondendo aos interesses
de algumas grandes potências, comprometeram de modo marcante os interesses nacionais
portugueses.
De um modo geral, o posicionamento externo de Portugal tem seguido uma linha de dupla
subordinação aos interesses europeus dominantes e aos interesses norte-americanos, ambos
consubstanciados na NATO. Esta duplicidade, com origens longínquas na forte influência e quase
dominação inglesa de Portugal após 1640, reflectiu-se bem no famigerado “encontro das Lages”,
“legitimador” da guerra do Iraque.
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Uma política externa mais autónoma e conforme com os interesses nacionais portugueses é a
direcção certa para reposicionar Portugal no Mundo e na Europa, permitindo-lhe desempenhar um
papel mais activo e respeitado na solução dos conflitos mundiais e desenvolver relações políticas
mais diversificadas e de consequências económicas mais vantajosas para o país, no quadro de uma
Estratégia Nacional de Não-Dependência, isto é, de autonomia de decisão nacional e de auto-
sustentabilidade económica e financeira do país.
Quanto ao processo de integração europeia, ele deverá ser profundamente revisto em todas as suas
vertentes, com base nas seguintes referências:
a) Uma integração que não parta de uma igualdade de posições à partida só pode ser considerada
como a dissolução/assimilação de uma nacionalidade por outra(s);
- A imediata nacionalização sem qualquer compensação de todas os imóveis titulados por entidades
off-shore;
- A revogação de todas as normas que, de modo directo ou indirecto, contrariem a livre intervenção
pública na economia ou que dificultem o desenvolvimento das formas de economia social,
comunitária e solidária.
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União, designadamente as relativas à defesa e segurança, por razões das suas opções ideológicas
ou religiosas.
4. REFORMA OU COLAPSO
Há cerca de dez anos que Portugal diverge da média dos países da União Europeia; a causa disso
não é, certamente, a actual crise económica global. Para compreender esse facto teremos de
procurar na nossa história, longínqua e próxima.
Não nos deixa de vir à lembrança o discurso de Antero de Quental, há quase 140 anos, sobre as
“Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos”:
A nossa história, nos últimos 25 anos, não foi mais do que a reconstrução, num quadro de
democracia formal, das antigas estruturas e posturas.
A Democracia, nacional e local, foi reduzida a um ritual formal entre uns muito poucos milhares de
personagens dos partidos oficiais, os quais “alternam” entre si os papéis disponíveis.
O empresariado nacional, salvo muito escassas excepções, mantém-se rústico, a viver de subsídios,
facilidades e encomendas públicas, não se tendo revelado, ele também, como força motriz do
desenvolvimento de Portugal.
As “reformas estruturais”, ou serviram para aplicar as receitas neoliberais ou, quando de sinal
progressista, anti-corporativistas, chocaram com barreiras e oposições intransponíveis, remetendo
novamente a política para a gestão de conjunturas.
Esvaziado o balão neoliberal, é necessário um novo “paradigma”. O problema é saber qual; por isso,
o que se assiste, de modo generalizado, é a reprodução das receitas antigas, para salvar os mesmos
de sempre. O carro continua, como por inércia, a rodar na mesma direcção …
Esta situação geral do país poderá arrastar-se durante muitos mais anos, conforme o afluxo de
fundos que mantenham um suficiente nível de “alimentação artificial” e a capacidade do povo para
resistir, pelo sacrifício ou pela emigração maciça, às dificuldades e ao ruir de expectativas.
Mas também poderá acontecer que a actual República entre em colapso e que se venham a verificar
roturas políticas, económicas e sociais de grande intensidade e consequências.
Como é típico em Portugal, o “apodrecimento” do sistema faz-se sempre em “lume brando” e sem
nítidos sinais de alarme, a não ser, o afloramento pontual de sugestões no sentido de se congelar
temporariamente a Democracia.
Os cidadãos portugueses, cada vez mais instruídos, não deixarão de tirar conclusões da rotura do
pacto político e social que ligava a integração europeia com a convergência do país com os padrões
de vida verificados nos países centrais da UE; os portugueses, possuidores de uma longa
experiência histórica, não irão deixar-se aprisionar em modelos típicos de países dependentes e
deixar-se reduzir a um protectorado.
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Os democratas portugueses têm uma grande responsabilidade moral e política pela inversão dessa
perigosa tendência; não só para salvar a Democracia e a Liberdade como para encontrar um
caminho de viabilidade e autonomia à Nação.
Por isso, tem todo o cabimento suscitar um debate nacional, aberto e urgente, para discutir os
caminhos possíveis e apontar uma Estratégia nacional para o século XXI, viável e exequível.
Este capítulo não se destina a enunciar e escalonar as medidas que poderiam fazer inverter a actual
situação do país, como se de um “programa de governo” se tratasse. Restar-nos-á por isso, aqui e
agora, propor as reflexões que poderão levar os portugueses a decidir qual o “paradigma” que
melhor sirva os interesses de Portugal no futuro.
5.1 – A Democracia
A Democracia baseada no sufrágio universal foi uma conquista histórica dos trabalhadores do
“ocidente” na primeira metade do século XX, e não uma dádiva das classes dominantes.
Essa democracia, de tipo representativo, manteve-se estável no plano das instituições políticas e
possibilitou novas vitórias dos trabalhadores e dos povos até quase ao final do século XX.
No entanto, nas sociedades ocidentais, verificou-se nas décadas de 60 e 70 do século passado, uma
nova revolução democrática cultural ao nível das famílias, com a derrota da supremacia dos “chefes
de família” sobre as mulheres e os jovens, e, ao nível das empresas, contra o hierarquismo, pela
implantação de novos tipos de relações e o reconhecimento de novos papeis aos trabalhadores. Sob
esta revolução anti-hierárquica desenvolveram-se, na sociedade e na economia, as organizações
matriciais e em rede, com grande capacidade de adaptação às mudanças de contexto, mobilizadoras
de novos protagonismos, de criatividade e espírito inovador.
As democracias representativas, onde o poder se disputa com intervalos de anos entre partidos
relativamente fechados, resolve, numa primeira fase, o problema da legitimidade do controlo e
direcção do Estado centralista, são vulneráveis a “tomadas de poder” por forças de circunstância ou
hiper-financiadas, acorrendo a todos os recursos de condicionamento da informação e de
manipulação emocional das massas.
Todavia, em muitos países mais atrasados, perante a falta de maturidade cultural, autonomia e
iniciativa das chamadas “sociedades civis”, a democracia representativa pode tornar-se refém e
instrumento de legitimação de poderes de índole controladora e inibidora das iniciativas sociais e
cidadãs, conduzindo a formas centralistas e corruptas de exercício do poder, Sobre o Povo e Contra
o Povo.
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Por isso, de modo crescente e imprescindível, se desenvolve o conceito e a reivindicação do
rejuvenescimento da nossa democracia pela incorporação, tão vasta quanto possível, de elementos
de democracia participativa.
A questão da sua urgência não decorre de ideologia, com aquilo que mais gostaríamos ou seria do
nosso interesse particular, mas sim com a necessidade de criar o caldo cultural e funcional para uma
economia em rede, desmassificada, ágil, da era da informação e do conhecimento. Não são
compatíveis, uma economia deste tipo e um Estado centralista e uma sociedade aperreada por
hierarquismos e “quintinhas” de inspiração medieval.
Portanto, ou a Democracia e o Estado portugueses estiolam e nos remetem, como país e nação,
para uma gradual dissolução, ou se ajustam às necessidades dos novos tempos e permitem que
Portugal se volte a erguer.
Apesar de esforços meritórios para uma melhor representatividade dos deputados, pelo menos na
perspectiva do género, muitos outros critérios de classificação sociológica, como ser pobre ou rico,
trabalhador ou empresário, mais ou menos letrado, ter ou não experiência de serviço público, estar
ou não, de facto vinculado à vida das regiões, etc., não têm qualquer reflexo na estrutura da
composição da AR.
A democracia representativa tende assim a resvalar para qualquer forma de “democracia orgânica”,
de representatividade duvidosa, tanto mais que, ao longo do tempo, a estrutura e focos de interesse
e de urgência das populações são mutáveis, tão mais mutáveis quanto dinâmica a sociedade seja.
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Nas democracias representativas é usual os “representantes” serem assediados por todo um
enxame de “lobbies” de interesses especiais que procuram condicionar, pela informação privilegiada,
assessorias orientadas ou, mesmo, pela corrupção, as posições dos “representantes”. Nos EUA, tais
“lobbies” são conhecidos e oficiais; mesmo assim, o novo Presidente Obama fez uma clara denúncia,
durante a sua campanha, da actividade negativa desses “lobbies”. Em Portugal, eles actuam mesmo
sem registo, às escondidas.
Os portugueses não poderão ficar indiferentes a tantas perversões que assolam e põem em perigo o
modelo democrático constitucional, impondo-se a tomada urgente de medidas correctivas.
Algumas sugestões:
- Tomada de medidas variadas para melhorar de modo qualitativo a representatividade popular dos
deputados, tanto na acepção sociológica e cultural como territorial e económica. Para além da
possibilidade de apresentação de candidaturas à AR pelas forças sociais regionais, os partidos
políticos deveriam, para todos os cargos electivos, preceder a escolha dos seus candidatos por
eleições primárias junto do eleitorado;
b) Governança e Regionalização
A Regionalização é uma urgência nacional; não é mais possível continuar a fazer afunilar no Governo
todas as decisões e iniciativas de uma sociedade que se pretende empreendedora, complexa e
diferenciada. O caso do Ministério da Educação é paradigmático: o/a ministro/a a responder, na TV,
à defensiva, sobre o problema da escola primária de “Solposto”!
O que está em causa é o modelo de regionalização, já que, historicamente, esse escalão de gestão é
alheio à tradição portuguesa. De facto, a história de Portugal, desde Afonso Henriques, foi moldada
por uma aliança estratégica entre as liberdades dos Concelhos e o Rei, federador da unidade e
garante da independência nacionais. Os “ducados” constituíram sempre, na nossa história, factores
de conservadorismo, de fragilidade e, em algumas situações, de simples traição. Daí que, a despeito
da urgente racionalização e descentralização da gestão nacional, se devam ter especiais cuidados
para evitar dividir o país em vários “ducados” centrífugos; se bem que, de facto, já existam dois, na
Madeira e Açores.
Sugestões:
- que se criem 5-6 Ministérios Territoriais que absorvam (quase) todos os serviços desconcentrados
e empresas/institutos tutelados dos/pelos ministérios sectoriais e se compacte o número de
Ministérios sectoriais. Que se criem quadros de pessoal territoriais de modo a assegurar a melhor
rentabilização regional do pessoal (ex: o engenheiro civil da “hidráulica” passa também a prestar
assistência às escolas e hospitais da região; o mesmo com a senhora da limpeza). Tais Ministérios
deveriam integrar, transitoriamente, uma Assembleia Regional, composta pelos Presidentes das
Assembleias Municipais, com poderes de aprovação de orçamentos e planos de actividades.
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- só após a reorganização e racionalização dos serviços e aparelhos de gestão dessas proto-regiões
e obtida a experiência prática de articulação com os Municípios e as comunidades, no quadro de
mecanismos de democracia participativa, se deveram iniciar processos de legitimação democrática
dos órgãos regionais (para inibir a criação de “ducados”/caciques locais).
- que sejam instituídos sistemas financeiros regionais para apoio às iniciativas de economia
cooperativa, social-comunitária e solidária, a partir da CGD, dos Fundos Públicos de Pensões e
Solidariedade Social, organizações mutualistas e fundos bancários privados obrigatoriamente
disponíveis para apoio a essas formas de economia social, etc.
- Sector público
- Sector privado
- Sector cooperativo e social
O sector bancário foi privatizado e integrado no novo sistema do capital financeiro internacional,
desligando-se quase completamente da economia real, da produção de bens e serviços,
transformando-se em meros postos de venda de produtos financeiros enganosos e de captação de
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poupanças para colocar no Casino Mundial. Comparado com o tempo do fascismo, quando o capital
financeiro nacional era motor do desenvolvimento industrial, o sector financeiro actual de nada
serve o país.
Os sectores energético e das telecomunicações (EdP, Galp; PT, REN, etc.), considerados hoje
estratégicos por qualquer país prudente, foi entregue ao capital estrangeiro, não havendo qualquer
hipótese de o fazer cumprir objectivos nacionais estratégicos a não ser à custa dos fundos públicos
nacionais ou da UE. Mesmo quanto às “golden shares”, logo que o Estado anuncia qualquer
pretensão de usar esse mecanismo ouve-se logo o alarido dos empregados dos monopólios
acantonados na Comissão Europeia e seus serviços. Os lucros gerados na exploração dos
consumidores portugueses través de produtos e serviços de baixo nível são depois aplicados, não no
país mas, por exemplo, a adquirir empresas falidas nos EUA e outras transacções obscuras diluídas
pelas off shore.
Os sectores ou empresas que permanecem sob a gestão pública subsistem porque não interessam
ainda aos sectores privados, devendo ser privatizados aos bocados, à medida que lhes “sejam
limpas as gorduras” e sejam realizados os investimentos públicos que assegurem uma posterior
exploração privada muito rentável.
Tal como aconteceu com os bens da igreja “desamortizados” no século XIX, as nacionalizações do
25 de Abril foram servindo para tapar buracos orçamentais e proceder às transferências patrimoniais
beneficiárias de grupos de interesses.
No âmbito da distribuição, tomada pelas grandes redes comerciais de âmbito internacional, não
foram acautelados os interesses dos produtores nacionais tanto no que respeita ao mercado interno
como à exportação, sendo, antes, progressivamente destruída a rede do pequeno comércio que lhe
dava escoamento. A distribuição passou a dominar a produção, não sendo viável qualquer produção
nacional que não tenha suporte num bom sistema de distribuição.
O sector cooperativo e social, sem um sistema financeiro vocacionado para o seu suporte, sem
mecanismos independentes de distribuição e sem apoio ou interesse por parte dos poderes políticos,
nacional e locais, definhou e, praticamente, extinguiu-se.
Já não tendo qualquer expressão visível o sector de economia de subsistência, poder-se-á dizer que
a totalidade da população portuguesa depende hoje da economia formal privada, capitalista,
nacional ou internacional.
Foi este o “cesto” onde o poder político democrático colocou “todos os ovos”. Fazendo uma analogia
imperfeita, poderia dizer-se que o sector privado, representando o “Santo-Capital”, tivesse usado o
Estado como uma espécie de “tribunal da inquisição” para eliminar todos os concorrentes.
Este fenómeno, para além de uma imprudente perversão constitucional e democrática constitui um
erro histórico de caras correcções e uma perversão ideológica de quem invoca a Liberdade, a
Democracia e, até, o Socialismo.
Esta aposta exclusiva no sector privado deixou o país vulnerável perante as vontades e capacidades
de quem o represente e perante as disfunções tsunâmicas de uma economia assente essencialmente
nas forças “cegas” do mercado.
Politicamente, muito ganharão os mais radicais adversários da iniciativa privada ao constatar-se que
o sector privado, tornado exclusivo em Portugal e não tendo conseguido realizar as expectativas
mínimas dos portugueses, terá de ser considerado incapaz para desempenhar o papel motor de uma
moderna eficiente e competitiva economia portuguesa.
Portugal precisa de elaborar e adoptar um novo paradigma para a economia nacional que esteja de
acordo com algumas tendências positivas de evolução da economia mundial como:
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- a perda gradual da importância das empresas, cada vez mais dependentes de complexos
institucionais/sociais/culturais/económicos locais, metropolitanos e comunitários fornecedores de
bens públicos de qualidade e altamente versáteis, criativos e competitivos;
- a desmassificação e flexibilização da produção, permitindo a personalização crescente dos
produtos, serviços e soluções;
- um papel crescente dos consumidores/cidadãos e das comunidades locais na concepção e
desenvolvimento dos novos produtos e serviços;
- o aumento do papel da informação e do conhecimento e, em consequência, do “Capital Humano”,
em detrimento da importância dos aportes meramente financeiros;
- o reconhecimento da ética, dos valores ambientais e da responsabilidade social como valores
estratégicos de gestão;
- a democratização interna das empresas quer pela adopção da organização em redes quer pela
crescente participação dos trabalhadores nas decisões de gestão, etc.
O novo paradigma também tem de estar de acordo com os princípios do desenvolvimento contínuo
das forças produtivas e da máxima mobilização das capacidades produtivas das sociedades de modo
a assegurar a todos os cidadãos do planeta um bom nível de satisfação das suas necessidades
diversificadas.
Nesse sentido, Portugal deverá prover-se de todos os dispositivos, nacionais e internacionais, que
obviem o surgimento de novas crises económicas e financeiras, de subordinação do poder
económico privado aos interesses gerais da sociedade e de regulação/inspecção que assegurem o
cumprimento das leis, bem como a montagem de mecanismos de planeamento democrático e
afectação de recursos que assegurem um desenvolvimento equilibrado e sustentado da economia
nacional.
O Estado português deverá assegurar participações que restituam o controlo e a direcção estratégica
em sectores fundamentais da economia tais como os sectores financeiro, energético, da água, do
mar territorial e seus recursos, dos recursos minerais, de telecomunicações e de gestão portuária e
das redes de transportes rodo e ferroviário.
O Estado português deverá estabelecer um programa especial de largo alcance com vista ao
desenvolvimento das economias cooperativa, familiar, social e comunitária e solidária de modo a
erradicar o desemprego e a mobilizar todos os recursos produtivos nacionais. Deverão, para o
efeito, ser criados dois componentes estratégicos de apoio a tal programa:
O Estado português deverá ser capaz de assegurar o nível consistente e prudente de autonomia,
eficiência e auto-sustentabilidade à economia nacional de modo a protegê-la de decisões externas
prejudiciais e a garantir apreciáveis níveis de segurança nos planos alimentar, energético,
financeiro, ambiental e da água.
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