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Pesquisa IOS no 9º CONCUT

Uma pesquisa do Observatório A amostra cobriu os


Social com os delegados presentes 17 ramos sindicais presen-
ao 9º Congresso Nacional da CUT tes no Congresso. Mais de
(CONCUT), realizado de 5 a 9 de ju- 70% dos dirigentes entrevis-
nho em São Paulo, registrou a per- tados corresponderam aos
cepção dos dirigentes sindicais em ramos da Administração
relação aos temas Trabalho Decente, Pública, Rurais, Financeiro,
Meio Ambiente e Responsabilidade Comércio e Serviços e Me-
Social Empresarial. Também foram talúrgicos. Quase 70%
incluídas duas questões sobre o grau eram do sexo masculino e
de informatização dos sindicatos. Os 80% tinham entre 30 e 49
resultados estão sendo analisados e de idade.
serão divulgados em breve, em edi- O tema geral do Con- Mesa de abertura do 9o Congresso da CUT
ção especial. gresso foi “Trabalho e demo-
O 9º. CONCUT recebeu 2.491 cracia: emprego, renda e direitos para Meio Ambiente (no Eixo 3 - Democra-
delegados, representando 1.633 enti- todos os trabalhadores e trabalhado- tização do Estado, políticas públicas
dades. Quatrocentos delegados foram ras”. No caderno das Resoluções e universalização de direitos”) e Res-
entrevistados de forma aleatória pela aprovadas no 9º. CONCUT, os temas ponsabilidade Social Empresarial (no
equipe do IOS com um questionário abordados na pesquisa do IOS estão Eixo 4 – Fortalecimento da estrutura
padrão. todos presentes: Trabalho Decente, sindical e organização da CUT).
Fotos: Arquivo CUT

Delegados sindicais de 17 ramos participaram do 9 o CONCUT, realizado em junho, em São Paulo

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PROJETO AMA - MULTINACIONAIS E MEIO AMBIENTE

Parcerias
latino-americanas
em construção
N
Adriana Franco e Dauro Veras

Osvaldo Battistini
o final de agosto, o Observatório
Projeto de Social firmou contrato de cooperação
cooperação com o Centro de Estudos e Formação
Sindical (CEFS), ligado à Central de Tra-
internacional vai balhadores Argentinos (CTA). A iniciati-
estudar o va dá prosseguimento ao Projeto AMA -
Multinacionais e Meio Ambiente, que
comportamento visa acompanhar o comportamento só-
sócio-ambiental cio-ambiental de quatro multinacionais
do setor de alimentos. Lilian Arruda, do IOS, e
de quatro Para estudar as empresas Unile-
Eduardo Menajovsky, do
CEFS, em Buenos Aires
multinacionais ver, Nestlé, AmBev e Coca-Cola na Amé-
do setor de rica Latina, o Observatório Social conta
com o apoio de parceiros nos seguin- O encontro de Bogotá serviu para
alimentos na tes países: Argentina, Brasil, Chile, Co- compartilhar o andamento do projeto e
América Latina lômbia, Equador e Peru. Os parceiros das informações a respeito das empre-
são o Observatório Laboral da CUT Chi- sas pesquisadas. Participaram represen-
le, o Programa Laboral de Desenvolvi- tantes da ENS, da Central Única dos
mento (Plades), do Peru, a central sin- Trabalhadores da Colômbia (CUT) e de
dical CTA e o CEFS, da Argentina, e a sindicatos de trabalhadores, entre ou-
Escola Nacional Sindical (ENS), da tras organizações sindicais e de pes-
Colômbia. O parceiro do Equador será quisa.
definido em breve. O método da pesquisa explora
Em julho, o Observatório So- dois eixos principais: meio ambiente e
Alesandra Bravo / Plades

cial participou de uma atividade pro- relações de trabalho. A questão da sus-


movida pelo Plades no Peru e de tentabilidade será estudada por meio de
um encontro promovido pela ENS um instrumento de pesquisa com base
na Colômbia. Estiveram presentes em convenções e protocolos multilate-
na reunião de Lima delegados sin- rais. Um questionário desenvolvido pela
dicais da AmBev, Coca-Cola e Nes- Rede Latino-Americana de Pesquisa em
tlé, um delegado da Central Geral Empresas Multinacionais (RedLat) vai
de Trabalhadores do Peru (CGTP) estudar as relações trabalhistas e o
e um representante do sindicato da comportamento social. Todos os parcei-
Telefônica. Foram apresentados os ros devem cumprir metas e prazos, que
problemas ambientais locais, os ob- vão até o encerramento do projeto em
Encontro organizado
pelo Plades em Lima jetivos do projeto e os pontos de agosto de 2007. As pesquisas devem
vista das organizações. ser finalizadas até junho de 2007.

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As Convenções
ambientais
Conheça as Convenções e o Proto-
colo que são objeto de Pesquisa:
1- Protocolo de Montreal sobre as
substâncias que destroem a Ca-
mada de Ozônio (1987) – Restrin-
ge a produção, o consumo e a ex-
portação de aerossóis que conte-
nham clorofluorcarbonetos até a utilização
1999. de substân-
2- Convenção da Basiléia sobre cias químicas
Controle dos Movimentos Trans- poluentes de-
fronteiriços de Resíduos Perigo- nominadas
sos e o seu Depósito (1989) – Re- POPs, subs-
gula a movimentação e a organiza- tâncias es-
ção dos resíduos sólidos e líquidos tas que se
mantêm in- no mercado com ou-
perigosos, prevê a concessão pré-
tactas no tras empresas.
via de importação e exportação de
resíduos autorizados a fim de evi- meio ambi- 6- Convenção de biodiver-
tar a existência de tráfico ilícito des- ente por lon- sidade ECO 92 - O objetivo da
tas substâncias e os danos à saú- gos períodos Convenção é conservar a diversi-
de humana e ao meio ambiente, e se acumu- dade biológica por meio da utiliza-
causados pela geração e elimina- lam nos te- ção sustentável de seus componen-
ção destes resíduos perigosos. cidos adipo- tes e da repartição justa e eqüitati-
sos dos se- va dos benefícios derivados da uti-
3- Convenção de Roterdã sobre res vivos, e lização dos recursos genéticos.
Procedimento para o Consenti- são tóxicas Cada integrante tem direito a ex-
mento Prévio para o Comércio para a vida plorar seus próprios recursos e se
Internacional de Certos Quími- humana e sel- responsabiliza pelas atividades exe-
cos e Pesticidas Perigosos (1998) vagem. cutadas dentro de seu território de
– Controla o comércio de certos pro-
5- Convenção de modo que não causem dano ao
dutos químicos perigosos, e prote-
Mudança do Clima (1994) – O meio ambiente dos outros integran-
ger a saúde e o meio ambiente dos
objetivo é estabilizar as concentra- tes. Também cooperam entre si
possíveis danos causados por es-
ções de gases de efeito estufa na para a conservação e utilização sus-
tas substâncias.
atmosfera. Ao emitirem menos car- tentável da diversidade para desen-
4- Convenção de Estocolmo sobre bonos na atmosfera, as empresas volver estratégias e integrá-las em
Poluentes Orgânicos Persisten- receberão “créditos de carbono”, planos setoriais ou intersetoriais,
tes (1990) – Controla a produção e que poderão ser comercializados entre outros.

Leia mais sobre o Projeto AMA: http://www.os.org.br/portal/content/view/1036/127/

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Conexão Sindical:
veja como participar
Walter André Pires

Marcos Lima / Sind Químicos ABC


Comunidade virtual
de dirigentes
sindicais já tem
mais de 30 mil
acessos por mês
Oficinas com o Sindicato dos Químicos do ABC em
maio e em agosto de 2006

O projeto Conexão Sindical, atualização do sistema, buscando importantes para o meio sindical.
neste terceiro ano de aplicação, fir- criar uma interface que vise uma co- Com as diferentes ferramentas
ma-se como uma ferramenta de ex- municação ainda maior entre seus – como a janela de bate-papo (que
trema utilidade aos dirigentes sindi- membros. aparece à direita), os fóruns, a troca
cais cutistas, tanto os que têm pou- Os usuários cadastrados po- de mensagens e os próprios informes
ca experiência no uso do computador dem ler os informes de outras pesso- – você estará interagindo com sindi-
e internet quanto os que já dominam as e publicar novos informes, compar- calistas e trabalhadores das mais va-
as tecnologias. tilhando o que vem acontecendo nos riadas categorias e regiões, propon-
As oficinas do projeto, realiza- seus sindicatos e outras informações do discussões e ampliando debates.
das com sindicatos em diversos es-

PASSO
tados, têm como conteúdo a inclusão
digital (informática e internet básica), Participe você também do
Projeto Conexão Sindical!
A PASSO
o Sistema de Informações Conexão
Sindical e outros meios de obtenção Veja como é fácil:
de informações fidedignas para ação
sindical.
Já foram realizadas 18 oficinas, 1. Acesse www.os.org.br/conex
contemplando o sistema Conexão
Sindical e também o banco de dados 2. Na coluna da esquerda, abaixo do espaço para a
de denúncias de práticas anti-sindi- identificação dos usuários já cadastrados, clique no link
cais, desenvolvido pelo Observatório registre-se.
Social e pela CUT Nacional.
3. Preencha no formulário os campos solicitados e clique em

Participação crescente novo usuário. Ao confirmar os dados, o sistema enviará para


o seu e-mail a senha para acesso.
O sistema conta com 751 usu-
ários cadastrados, que já inseriram 4. Com login e senha, é só fazer a identificação na coluna da
1.450 informes sobre o movimento sin- esquerda.
dical. Tem uma média de mais de 30
mil visitas mensais, o que o consoli-
da como um meio de comunicação
efetivo para o sindicalismo.
No segundo semestre de 2006
estão sendo realizadas mais quatro
oficinas de formação, bem como uma

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PAPEL E CELULOSE

A pesquisa na Veracel
Ana Yara Paulino*

O estudo realizado pelo O estudo do IOS – Respon- que antecedeu a Veracel começou a
IOS na Bahia faz parte de sabilidade Social na Veracel Ce- plantar eucaliptos na região. Em me-
um projeto de cooperação lulose – abordou as políticas e práti- ados de 2005, a Veracel colocou em
cas da empresa voltadas para as áreas operação sua fábrica que tem a mai-
entre sindicatos de
social, trabalhista e ambiental, tendo or linha contínua de produção de ce-
papeleiros do Brasil, por objeto as concepções da própria lulose de fibra curta no mundo.
Finlândia e Suécia. Suas empresa e das partes interessadas Com apoio financeiro do Cen-
constatações foram (ou stakeholders). A Veracel é um tro de Solidariedade dos Sindicatos da
dos maiores empreendimentos flores- Finlândia (Sask), o estudo do Obser-
apresentadas na capital tais e industriais do país na atualida- vatório Social fez parte de um proje-
finlandesa, Helsinque. de. Controlada por uma sociedade to de cooperação entre os sindicatos
Leia o relato de uma formada pela brasileira Aracruz e de trabalhadores na indústria do pa-
participante da delegação pela sueco-finlandesa Stora Enso, a pel e celulose do Brasil (Sinap), da
empresa está implantada no municí- Finlândia (Paperiliitto) e da Suécia
brasileira. pio de Eunápolis, no Extremo Sul da (Pappers). A autoria é de Clóvis Sche-
Bahia. rer (na época supervisor técnico do
O início do empreendimento IOS), Ana Margaret Simões, Giuliano
deu-se em 1992, quando a empresa Saneh e Luciana Souza.

*Cientista social, pesquisadora do


Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese), desenvolve atividades sobre
metodologias de pesquisa social no
IOS. E-mail: anayara@os.org.br

Fábrica da Stora Enso


na Finlândia
Ana Yara Paulino

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Monitoramento conjunto
O projeto nasceu em seminário conjunto, realizado abertas. Entre outubro de 2004 e março de 2005, em três
em março de 2004 no Brasil, com a finalidade de discutir visitas, foram realizadas 32 entrevistas na região de atu-
ações conjuntas para o acompanhamento da conduta da ação da Veracel, com diferentes atores sociais – repre-
empresa ao longo dos anos. sentantes da empresa, dos sindicatos de trabalhadores,
Um grupo de acompanhamento do estudo foi for- governamentais, das ongs e das comunidades locais, in-
mado por representantes das entidades sindicais dos paí- clusive lideranças indígenas. Também foram analisados
ses, além da Confederação Nacional dos Químicos (CNQ- documentos fornecidos pela Veracel, que permitiu visitas
CUT), da Federação Internacional da Química e da Ener- às suas instalações.
gia (Icem) e do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Ao avaliar os Códigos de Conduta/Ética da Vera-
de Celulose e Papel da Bahia (Sindicelpa). Foi previsto cel e suas controladoras, percebeu-se que a existência
que, após este primeiro relatório, seriam monitoradas as de espaço para que os sindicatos pressionem a empresa
condições de contratação, emprego, trabalho e organiza- a explicitar publicamente suas intenções relativas aos in-
ção dos trabalhadores empregados na planta industrial da teresses dos trabalhadores, à sua relação com os sindica-
Veracel. tos e ao acompanhamento pelas partes interessadas
A pesquisa de campo utilizou a técnica da entre- (stakeholders) de suas políticas de Responsabilidade So-
vista semi-estruturada, seguindo roteiros de perguntas cial Empresarial (RSE).

Apresentação na Finlândia
De 6 a 11 de junho de 2006, landês) tem uma população de 5,2
uma delegação brasileira, composta milhões de habitantes –equivalente à
por mim, Ana Yara Paulino (repre- metade da população do município de
sentando São Paulo. Em Helsinque, a capital
o IOS), e do país, vivem 560 mil pessoas. A ati-
pelos sin- vidade principal foi a apresentação e
Pilvi Riikka Taipale

dicalistas discussão do relatório “Responsabili-


Carlos Ri- dade Social na Veracel Celulose”
b e i r o pela delegação brasileira, em uma
Monteiro conferência de imprensa convocada
(secreta- pelo SASK e Paperiliitto, no dia 7 de
rio de re- junho.
lações in- A sessão foi presidida por
ternacio- Jukka Riksmann, representando Sask
nais do Si- e Paperiliitto. Na platéia encontra-
nap) e vam-se Kjeld Jakobsen (presidente do
Amazias IOS), Esa Mäisti (diretor de pesquisa
Souza Sil- e assuntos internacionais do Paperi-
va (dele- liitto), Mikael Sterbäck (secretário de
Delegação brasileira com representantes do Paperiliitto
gado do projetos internacionais do Pappers -
Sindicelpa sueco), Liisa Mery (coordenadora de
na Veracel), visitou a Finlândia a con- projetos do Sask) e os coordenado-
vite do SASK e Paperiliitto. res regionais do Sask na América,
A Finlândia (ou Suomi, em fin- Ásia e África.

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Marques Casara

Obras do porto da Veracel no sul da Bahia

Sustentabilidade e condições de trabalho


Dois temas concentraram a O Paperiliitto foi criado em ca mais moderna da Stora Enso, em
maior parte das intervenções: a ques- 1906, na onda de transformações de Oulu. Com cerca de 127 mil habitan-
tão da sustentabilidade econômico-so- uma reforma parlamentarista que en- tes, essa é a maior cidade setentrio-
cial-ambiental de um projeto do porte corajava a formação de associações nal da região nórdica, próxima ao Cír-
Veracel em países emergentes e as e sindicatos. Como em 2006 está co- culo Polar Ártico. A visita à fábrica
condições de trabalho naquela indús- memorando seu centenário, há uma foi marcada pela cordialidade dos re-
tria e em seu entorno. Os represen- série de atividades programadas em presentantes empresariais que, inclu-
tantes do Sinap informaram que a todo o país, entre elas bailes, circuito sive, permitiram que a equipe regis-
empresa paga salários compatíveis de motos e passeios a pé. Atualmen- trasse a atividade com fotos.
com os do setor de papel e papelão te todos os trabalhadores da opera- No dia 8 de junho, a comissão
no Brasil – nem maiores, nem meno- ção na indústria de papel e celulose brasileira participou de uma reunião
res – e que haviam acabado de fechar (exceto os florestais) estão organiza- no Sindicato local do Paperiliito em
uma negociação coletiva (em abril/ dos no Paperiliitto que engloba 70 sin- Oulu. Fomos recebidos por Arto An-
2006). Disseram ainda que o salário dicatos locais. Em 2005, firmou dois geria (presidente do Sindicato dos
variava entre 500 e 800 euros. A coleti- acordos coletivos: um para a indús- Papeleiros de Oulu), Lauri Santanie-
va de imprensa recebeu ampla divulga- tria pesada e outro para a indústria mi (delegado de saúde ocupacional e
ção nos meios de comunicação do país. de papel e embalagem. segurança) e outros três delegados.
À tarde a delegação participou, Ainda em Helsinque, compa- Todos expuseram em detalhe como é
na sede do Paperiliitto, de uma expo- recemos ao 17º. Congresso da Cen- desenvolvido o seu trabalho, inclusi-
sição técnica sobre a estrutura sindi- tral de Sindicatos da Finlândia (SAK), ve a interdependência entre empre-
cal finlandesa e as mudanças em cur- fundada em 1907 e que conta hoje sas químicas vizinhas e a Stora Enso.
so em saúde e segurança do traba- com 21 federações sindicais, entre as As particularidades das condi-
lho. A reunião foi marcada pela curi- quais, o Paperiliitto. No Congresso, a ções do mercado de trabalho e lutas
osidade em torno dos direitos labo- delegação brasileira foi mencionada do movimento sindical no Brasil des-
rais vigentes em países de tradições e saudada pelo seu presidente, Lauri pertaram muito interesse por parte dos
tão distintas. Uma vez unidos na pro- Ihalainen, reeleito na ocasião, com delegados finlandeses e o diálogo se
dução daquela mercadoria tão sofis- mandato até 2011. estendeu até muito tarde da noite –
ticada, abriam-se as possibilidades de Outro ponto alto da viagem fo- embora esta não se fizesse nada es-
cooperação e solidariedade entre as ram as visitas à seção regional do cura! Muito pelo contrário, a claridade
organizações de trabalhadores. Paperiliitto e às instalações da fábri- do dia de quase verão permanecia.

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Alguns problemas
Depois que a Veracel Celulose entrou em operação, vá-
rios problemas passaram a preocupar os sindicalistas: o grande
número de trabalhadores terceirizados (inclusive nas ativida-
des-fim), as condições de saúde e segurança da planta industri-
al e do das áreas florestais, a qualidade do transporte coletivo
de trabalhadores –alguns acidentes de percurso têm aconteci-
do entre Eunápolis e Porto Seguro – e a negociação coletiva,
que envolve sindicatos de várias categorias, entre outros.
A terceirização e suas conseqüências – precarização das
Coleta mecanizada de eucalipto condições de trabalho, menor remuneração, enfraquecimento
das negociações coletivas – constitui um ponto em aberto, pro-
blema e desafio de uma nova agenda internacional pelo Traba-
lho Decente da OIT. Isso envolve não só a Veracel e a Stora
Enso, mas diz respeito a práticas de todas as empresas multina-
cionais.
O diálogo com a empresa está aberto, mas ainda há mui-
ta coisa para ser discutida e melhorada. O estudo do IOS acom-
panhou a instalação até a operação da fábrica. Talvez fosse
oportuna uma nova pesquisa sobre as condições de trabalho da
cadeia produtiva da Veracel, agora em pleno funcionamento. E
um futuro acompanhamento das negociações coletivas, agora,
no âmbito da globalização de direitos dos funcionários da multi-
Toras à espera do carregamento nacional Stora Enso, movimento em construção entre os repre-
sentantes sindicais do Sinap, Paperiliitto e Pappers.
Fotos: Marques Casara

Fábrica da Veracel em Eunápolis, no sul da Bahia

Em breve o relatório completo da pesquisa estará disponível em www.os.org.br.

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TRABALHO INFANTIL

Reportagem premiada
O Observatório Social está entre os vencedores do
Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e
Direitos Humanos. A reportagem que denunciou o
trabalho infantil na cadeia produtiva de multinacionais
receberá menção honrosa na categoria revista

A reportagem A Idade da Pe- empresas multinacionais se benefici-


dra, publicada em fevereiro de 2006 avam da exploração de trabalho infantil
pelo Observatório Social, foi agracia- na cadeia produtiva do talco. Em jazi-
da com a Menção Honrosa do Prê- das localizadas em Ouro Preto (MG),
mio Jornalístico Vladimir Herzog de crianças eram recrutadas para catar
Anistia e Direitos Humanos – catego- e empilhar o minério para a empresa
ria revista. A cerimônia aconteceu no Minas Talco, que revendia o produto
dia 25 de outubro no Parlamento Lati- para as empresas Basf (Tintas Suvi-
no-Americano, em São Paulo. nil), Faber Castell e ICI Paints (Tintas
O Herzog é a principal premia- Coral). O Observatório Social, que con-
ção do jornalismo brasileiro na área Após a denúncia, Faber Cas- sidera a medida um ato de censura,
de direitos humanos. Foi criado três tell e ICI suspenderam imediatamen- entrou com uma ação de suspeição
anos após o assassinato do jornalis- te a compra do minério, enquanto a contra a juíza. A juíza também é alvo
ta Vladimir Herzog por agentes da re- Basf nega a ocorrência de trabalho de uma representação ajuizada pela
pressão política, em 1975. O objetivo infantil nas áreas de mineração. Devi- Comissão de Direitos Humanos da As-
é reconhecer e premiar os jornalistas do à repercussão do caso, o Ministé- sembléia Legislativa de Minas Gerais.
que, por meio de seu trabalho, cola- rio do Desenvolvimento Social aumen- Após o ato de censura, o Ob-
boraram com a promoção da cidada- tou, em Ouro Preto, de 60 para 280 o servatório Social recebeu apoio da
nia e dos direitos humanos e sociais. número de bolsas do Programa de Federação Nacional dos Jornalistas
E também reverenciar a memória de Erradicação do Trabalho Infantil. A pre- (Fenaj), da Associação Brasileira de
Herzog, preso, torturado e morto pela feitura do município se comprometeu Jornalismo Investigativo (Abraji), do
ditadura militar. realizar um programa de desenvolvi- Instituto Prensa y Sociedad (IPYS) e
A reportagem premiada é de mento social e econômico nas áreas da organização Repórteres Sem Fron-
autoria do jornalista Marques Casara, afetadas pelo trabalho infantil. teira.
com as fotos de Sérgio Vignes e edi- Para o presidente da Fenaj,
ção de Dauro Veras. Censura Sérgio Murillo de Andrade, "além do
Esta edição do prêmio foi a que Em agosto, os exemplares ain- absurdo de determinar a apreensão da
mais teve inscrições em seus 28 anos da não distribuídos da edição 9 da revista, a decisão da juíza mineira faz
de existência. Concorreram 412 tra- revista foram apreendidos por ordem um questionamento inaceitável sobre
balhos em 10 categorias. O Herzog é da juíza Lúcia de Fátima Magalhães a seriedade da publicação do Obser-
promovido pelo Sindicato dos Jorna- Albuquerque Silva, da Comarca de vatório Social e a integridade ética de
listas Profissionais no Estado de São Ouro Preto, que acatou ação civil pú- dois respeitados e conceituados jor-
Paulo, em parceria com a Federação blica do Ministério Público do Estado nalistas".
Nacional dos Jornalistas, Associação de Minas Gerais. A juíza concordou No âmbito federal, a procura-
Brasileira de Imprensa, Comissão de com a versão da promotora Luiza He- dora do Ministério Público do Traba-
Direitos Humanos da Ordem dos Ad- lena Trócilo Fonseca de que a revista lho Adriana Augusta de Moura Souza
vogados do Brasil (seção SP) e Co- "publicou matéria forjada expondo in- instaurou um procedimento investiga-
missão de Justiça e Paz da Arquidio- devidamente menores". Também de- tório para apurar a responsabilidade
cese de São Paulo. terminou que fossem retirados, do site das empresas. A procuradora prome-
de internet do Observatório Social, teu um relatório preliminar para breve.
Multinacionais todas as imagens que mostrassem A íntegra da reportagem e as reper-
A reportagem, cuja apuração crianças trabalhando nas áreas de cussões no Brasil e no exterior estão
durou quatro meses, revela como extração de talco de Ouro Preto. disponíveis em www.os.org.br.

61
A cadeia do alumínio Amarildo Dudu Bolito*

A primeira etapa O Observatório Social está desenvolvendo o mai-


deste estudo or projeto de pesquisa em toda a sua história. Trata-se
do estudo na Cadeia Produtiva do Alumínio, a princípio
inédito do IOS no Norte do país e posteriormente também em outras
tem participação regiões onde a produção do alumínio está presente. Cin-
co empresas privadas, uma estatal e cinco sindicatos de
de cinco trabalhadores participarão desta primeira fase do estu-
empresas do.
Na região Norte, a história do alumínio começa
privadas, uma às margens do Rio Trombetas, num lugar denominado
estatal e cinco Porto Trombetas, município de Oriximiná, extremo oeste
do Pará. Há aproximadamente 30 anos foi construída a
sindicatos de MRN, Mineração Rio do Norte, conhecida na região
trabalhadores simplesmente por Mineração. A MRN extrai a bauxita,
minério que é o insumo básico da produção da alumina.
As operações consistem na extração do minério, bene-
ficiamento, transporte ferroviário, secagem e embarque
em navios.
Dudu Bolito

A bauxita é transportada até a Alunorte, instalada


no complexo portuário de Vila do Conde, na cidade de
Barcarena, a 40 km de Belém. Lá é transformada em
alumina e imediatamente transferida para a Albrás, lo-
calizada no mesmo complexo às margens do rio Pará,
de frente à ilha de Marajó. A Albrás transforma a alumi-
na em alumínio primário. Outra empresa que recebe
navios carregados do minério de Porto Trombetas é a
Alumar, em São Luís, Maranhão. Além de produzir a
alumina, a Alumar produz também o alumínio primário.
O Brasil é um dos maiores produtores de alumina e alu-
mínio primário do mundo.

Mais bauxita
Terminal de carregamento de bauxita da
Mineração Rio do Norte, no Pará Uma nova mina de bauxita foi recentemente des-
coberta no Pará. Localiza-se no município de Juruti, tam-
bém no oeste do estado. Segundo pesquisas desenvol-
vidas pela Alcoa, grupo que explora o empreendimen-
to, as reservas do minério são superiores às de Porto
Trombetas. Ainda não está em operação, mas fará par-
te do estudo do IOS.

62
Reunião com o Sindicato dos Químicos de Barcarena (PA)

Nesta importante cadeia produtiva, uma empresa


é comum a todas – aliás, todas são clientes dela: a Ele- Diálogo
tronorte, que fornece energia para todo o Norte do país. A novidade neste estudo é o envolvimento de di-
A energia elétrica é o insumo mais dispendioso no pro- versas categorias, organizadas em vários ramos de ati-
cesso produtivo do alumínio. Além da Eletronorte, a vidade. Mineiros, químicos, metalúrgicos e eletricitários
cadeia do alumínio no Norte do país está composta pe- (urbanitários), que resolveram dialogar sobre a cadeia
las seguintes empresas: MRN, Alunorte, Albrás, Alumar produtiva. Uma decisão sábia e necessária, pois as em-
e Projeto Juruti. presas já se articulam há muito tempo. Esta maturidade
São mais de sete mil trabalhadores contratados do movimento sindical é fundamental para o equilíbrio
diretamente e possivelmente o mesmo número de ter- das forças, principalmente no setor siderúrgico, no qual
ceirizados. Cinco sindicatos importantes representam as relações ultrapassam as fronteiras. Muito importante
este exército de operários, com exceção dos terceiros, também é a participação da DGB, central sindical alemã
com representação ainda não identificada. O Sindicato que, da mesma forma que os sindicatos brasileiros, está
dos Mineiros de Oriximiná representa os trabalhadores num processo de debate sobre o setor do alumínio.
de Porto Trombetas e Projeto Juruti. Na cidade de Bar- A equipe responsável pelo estudo está preparan-
carena, os sindicatos dos Químicos e Metalúrgicos re- do o material para iniciarmos a pesquisa de campo. Por
presentam os trabalhadores da Alunorte e Albrás res- meio de questionários construídos a partir de informa-
pectivamente. Em São Luís os metalúrgicos do Mara- ções secundárias e oficiais disponibilizadas pelas em-
nhão negociam pelos trabalhadores da Alumar. O tra- presas, a equipe do IOS, coordenada pela pesquisado-
balhador da Eletronorte tem uma representação por es- ra Maria Lúcia Vilmar, ouvirá os trabalhadores, cipei-
tado, portanto dois sindicatos de urbanitários estão en- ros, gerentes e diretores das empresas. A pesquisa será
volvidos, no Pará e Maranhão, além de uma intersindi- desenvolvida no próprio local de trabalho, sem nenhum
cal, denominada Sindnorte, que negocia em bloco com constrangimento para os trabalhadores, conforme Ter-
a empresa. mo de Compromisso assinado entre as partes.
Em novembro acontecerá um intercâmbio entre
os trabalhadores brasileiros e alemães que estarão cum-
prindo uma agenda nesta região do estudo do alumínio.
Fotos: Banco de Imagem?IOS

Será uma visita de 12 dias nas principais empresas e


sindicatos envolvidos. Finalizando o intercâmbio, reali-
zaremos uma conferência relativa ao tema nos dias 22 e
23 de novembro na cidade de Barcarena (PA). Traba-
lhadores brasileiros e alemães, empresas, governo e so-
ciedade contribuirão com o debate apresentando suas
posições sobre vários temas que envolvem a cadeia pro-
dutiva do alumínio no Brasil e no mundo.

*Supervisor institucional do
Observatório Social

Dudu Bolito, do IOS, com dirigentes sindicais

63
Ponto de Contato
Fotos: FES

O fortalecimento do
PCN – Ponto de Contato Na- Exposição da imagem
cional – foi tema de seminá- Sua efetividade se dá por meio
rio sobre esse instrumento da exposição da imagem da empre-
que monitora as práticas de sa. As recomendações possuem dis-
empresas multinacionais. positivos que envolvem áreas de meio
Seminário debate aplicação
das diretrizes da OCDE Nos dias 29 e 30 de ambiente, defesa do consumidor, de-
agosto, em São Paulo, rea- fesa da concorrência, tributação, cor-
As Diretrizes da OCDE lizou-se o Seminário “O Ponto de Con-
tato Nacional e a aplicação das Dire-
rupção e área trabalhista. Florêncio
informou que a maior parte dos casos
As Diretrizes para as Em- trizes da OCDE para as Empresas recebidos no PCN referem-se a rela-
presas Multinacionais da OCDE – Multinacionais: atualidades e pers- ções trabalhistas e ambientais. Situ-
Organização para Cooperação e pectivas”. O objetivo foi promover um ação semelhante é encontrada nos
Desenvolvimento Econômico – são diálogo com várias organizações da PCNs de outros países.
um ponto de apoio a ser utilizado sociedade civil, em especial o movi- Os desafios a serem enfrenta-
para a promoção de práticas em- mento sindical cutista, para fortalecer dos para maior efetividade do PCN con-
presariais condizentes com princí- esse instrumento de ação em relação centram-se em duas áreas: falta de
pios democráticos e de respeito às empresas multinacionais. formalização institucional e falta de vi-
aos direitos dos trabalhadores. A terceira edição do seminário sibilidade. Para enfrentar o primeiro,
Isto se revela de grande im- (os anteriores foram em 2001 e 2003) passos estão sendo dados para dotá-
portância na medida em que hou- contou com a parceria da CUT, do Ob- lo de maior transparência externa, ela-
ve forte expansão da presença de servatório Social, da Fundação Frie- borar relatórios de todos os casos (ini-
multinacionais no Brasil ao longo drich Ebert e do OCDEWatch-Ibase. cial e final), organizar o órgão interna-
dos últimos anos. Para o movimen- Participaram dirigentes sindicais de mente e criar um arcabouço normati-
vários ramos da economia, represen- vo – regulamentação dos procedimen-
to sindical, os movimentos sociais
tantes de ongs ambientalistas, de con- tos em relação às denúncias recebi-
e as ongs, essa importância cres-
sumidores, de empresas multinacio- das.
ce na medida em que ações de
nais e nacionais. Quanto ao desafio de dar visi-
pressão e diálogo com empresas No evento foram apresentados bilidade, devem ser desenvolvidas
deste tipo se tornaram ainda mais casos de denúncias contra práticas ina- ações de divulgação do órgão e sua
freqüentes. ceitáveis de empresas multinacionais competência no âmbito externo – sin-
Em 2000, com o final da re- e que foram alvo de monitoramento pe- dicatos, ongs, empresas multinacio-
visão do documento Diretrizes, os los PCNs do Brasil, México e Chile. O nais, entidades patronais – e interno
30 governos membros da OCDE, relatório completo do seminário encon- – perante o governo e demais minis-
mais a Argentina, Brasil e Chile, tra-se em www.os.org.br/download/ térios. Um PCN atuante e efetivo inci-
adotaram o novo conjunto de Dire- pcn.pdf. ta as empresas a negociar conflitos e
trizes de maneira conjunta, com A apresentação do coordena- sua atuação tem grande potencial de
procedimentos de implementação dor do PCN-Brasil, Pedro Florêncio, divulgação para sindicatos e ONGs.
aprimorados. foi pautada por informações relevan- (RQ)
Assim, o governo que ade- tes sobre o estado da arte deste ór-
re às Diretrizes deve estabelecer gão. O PCN é um órgão interministe-
Ponto de Contato Nacional em sua rial responsável pela implantação e di-
estrutura administrativa, cujas res- vulgação das Diretrizes da OCDE para
ponsabilidades serão de empreen- as Empresas Multinacionais, que são
der atividades promocionais, escla- um conjunto de recomendações sem
recer dúvidas e questionamentos força normativa.
e contribuir para a solução de pro-
blemas que possam surgir. O PCN Para saber mais sobre o PCN:
no Brasil está localizado na Secre-
taria de Assuntos Internacionais do http://www.fazenda.gov.br/sain/
Ministério da Fazenda. pcnmulti/novo.asp
Público do Seminário

64
Metodologia conjunta Ana Luiza Cernov
Publicação trilíngüe da Rede Analista de projetos do Instituto
Observatório Social
Latino-Americana de Pesquisa em
Empresas Multinacionais terá
termos de referência para estudo
da presença de três corporações no
continente

A Rede Latino- breve como parte da estratégia de divulgação


Americana de desenhada por todos os componentes da rede.
Pesquisas em Uma reunião dos assessores de imprensa dos
Empresas sete países será realizada em dezembro durante o
Multinacionais (RedLat) principal evento organizado pelo IOS, a Conferência
já deu grandes passos Internacional Pesquisa e Ação Sindical. Na ocasião
desde sua criação em também haverá um encontro dos grupos de trabalho
outubro de 2005. responsáveis pelos estudos em curso nas três
De 7 a 9 de empresas mencionadas.
setembro foi realizada
no Peru a quarta
reunião da RedLat,
Responsabilidade Social
durante o seminário Em sua 6ª edição, nosso evento discutirá as
“Estratégias e ações questões ligadas ao movimento de Responsabilidade
frente às empresas Social Empresarial, tendo como motivação a
transnacionais na conferência do Banco Interamericano de
América Latina”. No Desenvolvimento sobre este mesmo tema, “Um Bom
encontro comemoraram-se os 15 anos de existência Negócio para Todos”, que acontecerá em Salvador entre
do Plades (Programa Laboral de Desenvolvimento), ong os dias 10 e 12 de dezembro.
que assessora o movimento sindical peruano e é Responsabilidade Social Empresarial é um dos
parceira do IOS há vários anos. temas da metodologia desenvolvida para a RedLat que
Na ocasião a rede definiu uma metodologia devem trazer insumos interessantes para a ação
conjunta, que já estava sendo discutida havia cinco sindical no continente americano. A metodologia
meses. A partir do aval de todos os participantes da também traçará o perfil e a estratégia de cada
RedLat, está no prelo um guia com os termos de empresa, um perfil e estratégia sindical, um panorama
referência da metodologia em três idiomas: português, das relações e condições de trabalho e incluirá a
espanhol e inglês. análise da questão ambiental.

Estudos em sete países Quem faz a RedLat


Mesmo antes da formalização deste documento, As instituições que até agora compõem a Rede
os estudos na Unilever, no BBVA e na Telefónica já são Cilas (Centro de Investigaciones Laborales y
estão em andamento nos sete países que compõem a Sindicales) do México, ENS (Escuela Nacional
rede. Até novembro devem estar prontos os relatórios Sindical) e CUT (Central Unitaria de Trabajadores) da
de cada país para que um panorama regional possa Colômbia, Plades (Programa Latinoamericano de
ser construído. A previsão é de que em fevereiro já Desarrollo), do Peru, Icudu (Instituto Cuesta Duarte) e
serão públicos os informes regionais sobre a presença PIT-CNT do Uruguai, Observatorio Laboral da CUT do
e o comportamento social e trabalhista destas três Chile, CTA (Central de Trabajadores Argentinos) da
multinacionais na América Latina. Argentina, IOS (Instituto Observatório Social) e CUT
A fim de que esses relatórios tenham o alcance (Central Única dos Trabalhadores) do Brasil, e
desejado, um trabalho de consolidação dos sistemas CIOSL/ORIT (Confederação Internacional de
de informação das instituições que formam a RedLat Organizações Sindicais Livres/ Organização Regional
deverá ser feito. Um site oficial deve ser construído em Interamericana de Trabalhadores).

65
TRABALHO PRECÁRIO

C&A vai monitorar cadeia produtiva


Após reportagem veicula- Denúncias de exploração de auditoria para monitoramento da
da na edição número 10 de Ob- cadeia produtiva, chamado Socam,
servatório Social Em Revista,
imigrantes levaram a usado pelo grupo em outros paí-
que mostrava a utilização de ma- multinacional a se ses. Enquanto isso, contratou a em-
lharias clandestinas para costurar comprometer com fiscalização presa SGS para fazer o serviço.
as roupas das Lojas C&A, a em- A C&A também pretende
presa anunciou que adotará no- rigorosa de seus 700 participar de um movimento jun-
vas medidas de controle da ca- fornecedores e das empresas to ao setor têxtil, de confecções
deia produtiva. subcontratadas e de varejo para que sejam feitas
Segundo investigação do ações em conjunto que coíbam o
Ministério Público do Trabalho, as trabalho precário nas cadeias pro-
malharias clandestinas são usadas por fornecedores da dutivas. Durante a investigação o Ministério Público tam-
C&A, que subcontratam o serviço de costura feito por bém encontrou, em uma malharia clandestina, etiquetas
imigrantes bolivianos em situação irregular no país. As da empresa Lojas Riachuelo, que descredenciou o forne-
malharias são montadas em locais insalubres e sem con- cedor e também se comprometeu a melhorar o controle
dições de segurança e higiene. Também servem de moradia de sua cadeia produtiva. A Associação Brasileira de In-
para os bolivianos, que chegam a trabalhar 16 horas por dia. dústria Têxtil e o Instituto Ethos de Empresas e Respon-
Boa parte das oficinas continua em operação. O sabilidade Social anunciaram apoio ao movimento.
que a C&A está tentando fazer é evitar que seus forne- Pela relevância da C&A no mercado mundial de
cedores utilizem essa mão-de-obra para costurar as rou- vestuário e pela sua presença no Brasil, o Instituto Ob-
pas vendidas em sua rede de 130 lojas no Brasil. Após a servatório Social iniciou uma pesquisa sobre a empresa,
conclusão do inquérito, a C&A será convidada pelo Mi- cujo objetivo é acompanhar seu comportamento social e
nistério Público a assinar um Termo de Ajustamento de trabalhista no país. A pesquisa está sendo conduzida em
Conduta (TAC). Com a assinatura, a empresa se com- parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhado-
promete a não se relacionar com empresas que se en- res do Comércio e Serviços (Contracs) e o Sindicato dos
contram em situação ilegal ou que possuam empregados Empregados no Comércio, filiados à Central Única dos
sem registro profissional. Trabalhadores (CUT).
É consenso no movimento sindical que a C&A tem
Fornecedores grande importância no setor de varejo de modas, seja pelo
número de empregados, seja pela estratégia agressiva com
Depois da reportagem veiculada pelo Observató- que a empresa opera no Brasil. Por essa razão se faz
rio Social, a multinacional afirmou que iria tomar provi- necessário o mapeamento da conduta social, trabalhista e
dências junto aos 700 fornecedores e às empresas que ambiental da empresa. No dia 16 de outubro, a C&A in-
prestam serviços para eles. Cada fornecedor chega a ter formou ao Observatório Social que está disposta a parti-
20 subcontratadas. O presidente da C&A no Brasil, Luiz cipar da pesquisa.
Fazzio, informou que vai instalar no país um sistema de (MC)
Marcelo Vitorino/Fullpress

Fachada de
loja da C&A em
São Paulo

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Diálogo social na Akzo Nobel Daniela Sampaio de Carvalho*

Empresa demonstra intenção de construir uma relação mais efetiva com os trabalhadores
No final do primeiro semestre de última pesquisa realizada no decorrer talecê-lo e torná-lo um instrumento efi-
2006, em São Paulo, aconteceu mais de 2005 sobre o comportamento social caz de diálogo social amplo.
um encontro do Comitê Sindical de Tra- e trabalhista do grupo no Brasil. Essa
balhadores da Akzo Nobel. A reunião
contou com a presença de dois geren-
pesquisa faz parte da segunda fase do
projeto Monitor de Empresas, com apoio Comitê Sindical
tes de recursos humanos e um mem- da central sindical holandesa FNV. O Comitê Sindical é uma rede
bro da holding brasileira da empresa, O engajamento da Akzo Nobel no nacional de trabalhadores que procura
em clara demonstração de que o diálo- diálogo com o comitê sindical foi consi- constituir um fluxo constante de infor-
go social com os trabalhadores está derado um avanço pelos seus mem- mações entre os sindicatos que repre-
avançando. bros que, desde 2003, procuram uma sentam os trabalhadores da Akzo No-
A Akzo Nobel, de origem holan- aproximação com os dirigentes da cor- bel no Brasil, discutir o desenvolvimen-
desa, atua desde 1940 nos segmen- poração. Para os representantes sindi- to de ações conjuntas e apoiar as ativi-
tos químico de tintas e farmacêutico. Os cais, a participação da multinacional no dades sindicais locais.
dirigentes da empresa apresentaram encontro e sua declaração de apoio ao Também busca ampliar o diálo-
algumas novidades, entre elas, a inten- diálogo social têm grande significado, go com a Akzo Nobel sobre temas de
ção de concentrar esforços nos seg- representando um verdadeiro esforço interesse que aproximam os trabalha-
mentos de tintas e químicos. Isso acar- para a construção de uma relação mais dores de todas as plantas, sobretudo
retará na venda mundial das ações do efetiva entre empresa e a rede de tra- aqueles que envolvem políticas corpo-
segmento farmacêutico do grupo. balhadores. rativas e outros assuntos de interesse
Ao contrário do que ocorreu em Ao final do encontro, foram defi- de cada unidade operacional.
eventos anteriores, nesta oportunidade nidos os próximos passos do comitê, A rede é uma iniciativa dos sin-
a empresa manifestou a intenção de entre eles, o lançamento de um bole- dicatos de trabalhadores da Akzo No-
participar periodicamente das próximas tim sobre a rede, a definição de uma bel, que representa a grande maioria
reuniões do comitê. Esse fato é inédito nova pauta para o próximo encontro – das plantas produtivas nacionais do
desde que se iniciou a aproximação que ocorrerá em novembro – e, princi- grupo. Conta com o apoio do Projeto
entre os sindicatos e a direção da em- palmente, um esforço efetivo dos repre- CUT-Multi, da Confederação Nacional
presa no Brasil. sentantes dos trabalhadores para tra- dos Químicos, do Instituto Observató-
No mesmo evento, o Observató- zer mais sindicatos e trabalhadores ao rio Social e da Federação Holandesa
rio Social apresentou os resultados da comitê. Dessa forma será possível for- de Sindicatos, a FNV.
* Pesquisadora do Observatório Social

A pesquisa PERFIL DA EMPRESA


Banco de Imagem IOS

As duas fases da pes- Trabalhadores no Brasil: 2,4 mil.


quisa do IOS sobre o compor-
tamento sócio-trabalhista da Segmentos *: Químico, Tintas e Farmacêutico.
Akzo Nobel, em 2004 e 2005, Existem 10 unidades operacionais no Brasil:
se relacionam com o desen- Segmento Químico - Eka Chemical, Divisão
Pesquisa foi apresentada no III Encontro
volvimento da organização dos Química
Nacional do Comitê da Akzo Nobel trabalhadores. Seu objetivo é Segmento de Tintas - Tintas em Pó, Tintas
contribuir para a promoção e Marítimas, Tintas Repintura Automotiva,
o aprofundamento do diálogo entre a empresa e os re- Tintas Imobiliárias, Tintas Industriais.
presentantes dos trabalhadores. Segmento Farmacêutico - Organon, Intervet,
A partir do levantamento e análise de diversos Diosynth.
indicadores, a pesquisa propiciou aos sindicatos um
instrumento para a troca de informações. Assim, trou- Fábricas no Brasil: 15 ** (11 no estado de São Paulo,
xe para os dirigentes sindicais muitos subsídios para 2 no Rio de Janeiro, 1 na Bahia e 1 no Ceará)
refletir sobre a empresa, seus respectivos segmentos Receita líquida anual(média dos últimos 4 anos):
de negócios e sobre como as políticas corporativas € 300 milhões
foram efetivamente aplicadas em cada uma das unida- Algumas marcas: Tintas Sikkens, Wanda, Miluz,
des produtivas. Ypiranga, Sparlack, International.
No segundo semestre de 2006 a pesquisa en-
trou na sua terceira fase, dando continuidade ao acom- * Com a reestruturação global o segmento farmacêutico
deverá ser vendido.
panhamento dos temas e questões já levantados. ** Com a reestruturação restarão 11.

67
Eduardo Marques


“A saúde para cada homem, mulher ou criança é ter meios de traçar um
caminho pessoal e original em direção ao bem-estar físico,
psíquico e social”.


Christophe Dejours

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