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RESUMO DIREITO CONSTITUCIONAL

ASSUNTO: Da política urbana. Da política agrícola e fundiária. Da


reforma agrária. Do meio-ambiente. Da ordem social.
Princípios gerais. A seguridade social. Da saúde. Da
Previdência Social. Da Assistência Social.

AUTOR: Leonardo Resende Martins

LEGISLAÇÃO BÁSICA: Constituição Federal de 1988 (Títulos VII e


VIII)

FONTES PRINCIPAIS:
• BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal anotada. São
Paulo: Saraiva, 2000.
• MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 5a ed. São
Paulo: Atlas, 1999.
• SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 18a
ed. São Paulo: Malheiros, 2000.

OBSERVAÇÕES:

Tentei, na medida do possível, ater-me aos aspectos


constitucionais da matéria, sem contudo deixar de fazer referência,
quando necessário, a dispositivos legais.
As considerações sobre contribuições sociais foram
superficiais, porquanto há pontos específicos no programa (ponto
3, item “g” e ponto 5, item “c”). O mesmo em relação ao processo
de desapropriação para fins de reforma agrária (ponto 8, item “a”)
e assistência social (ponto 9, item “g”).

EMENTA DO RESUMO:

1. Da Política Urbana
2. Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária
3. Da Ordem Social
3.1. Princípios gerais
3.2. Do Meio Ambiente
3.3. Da Seguridade Social
3.3.1. Princípios gerais
3.3.2. Da Saúde
3.3.3. Da Previdência Social
3.3.4. Da Assistência Social

1. Da Política Urbana

• A CF/88 foi pioneira ao consagrar um capítulo destinado à


política urbana, pois as Constituições passadas não
disciplinaram a matéria de forma autônoma.
• Política urbana é o conjunto de providências que objetivam
ordenar os espaços habitáveis, organizando todas as áreas em
que o ser humano exerce funções sociais indispensáveis à sua
sobrevivência, isto é, habitação, trabalho, recreação (lazer) e
circulação. Visa, a um só tempo, proporcionar melhoria das
condições de vida do homem na comunidade.
 Competência sobre política de desenvolvimento urbano (matéria
urbanística) – vide resumo ponto 10, item “e”.
• A execução da política de desenvolvimento urbano é,
precipuamente, do Município, segundo diretrizes gerais fixadas
em lei nacional (que ainda não existe), e tem como objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade
e garantir o bem-estar de seus habitantes (art. 182 da CF/88).
• O plano diretor, que depende de aprovação legislativa no
âmbito da Câmara Municipal, é obrigatório para cidades com
mais de vinte mil habitantes e se constitui no instrumento
básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana
(art. 182, § 1o, da CF/88). Não deve, contudo, conter um projeto
executivo de obras e serviços públicos, com plantas ou
memoriais descritivos, mas sim um roteiro norteador dos
empreendimentos futuros da administração municipal.
• A CF/88 não define expressamente os critérios de aferição da
função social da propriedade urbana, asseverando que esta
é cumprida quando atendidas as exigências fundamentais de
ordenação (habitação, trabalho, recreação e circulação) da
cidade expressas no plano diretor (art. 182, § 2 o, da CF/88). Tal
dispositivo deve ser interpretado em consonância com o art.
186 da CF/88, que traça os requisitos de cumprimento da
função social da propriedade rural.
• A desapropriação de imóveis urbanos comporta duas
modalidades:
a) comum: por necessidade, utilidade ou interesse social,
mediante prévia e justa indenização em dinheiro (art. 182, §
3o, da CF/88);
b) desapropriação-sanção: destina-se a punir o
descumprimento do ônus urbanístico, imposto ao proprietário
de terrenos urbanos, visando ao cumprimento da função
social da propriedade urbana. Indenização mediante títulos
da dívida pública, de emissão previamente aprovada pelo
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
e os juros legais (art. 182 § 4o, III, da CF/88).
• Instrumentos outorgados aos Municípios pela CF/88 para
efetivar o cumprimento da função social da propriedade urbana
(art. 182, § 4o, da CF/88):
a) parcelamento ou edificação compulsórios: se a área
comporta tanto o parcelamento como a edificação, cabe ao
proprietário o direito de opção sobre um ou outro;
b) IPTU progressivo no tempo: aumento progressivo da
alíquota em função do tempo, não podendo, contudo, gerar
confisco;
c) desapropriação-sanção: mediante TDP, facultado ao
Município revender o bem desapropriado.
• Outro instrumento destinado ao cumprimento da função social
da propriedade urbana é o usucapião especial urbano ou
pró-moradia, instituto novo criado pela CF/88, pelo qual aquele
que possuir como sua área urbana de até 250 m2, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural (art. 183
da CF/88). Nessa hipótese, o título de domínio será conferido ao
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do
estado civil. Tal direito não será concedido ao mesmo possuidor
mais de uma vez e não poderá ter por objeto imóveis públicos
(art. 183, §§ 2o e 3o, da CF/88).
• O STF decidiu, ao meu ver equivocadamente, que, para fins de
usucapião especial urbano, não se considera o tempo de posse
anterior à promulgação da CF/88 (RE 145.004-MT, rel. Min.
Octávio Gallotti, 21.05.96).
 Súmula 340 do STF: “Desde a vigência do Código Civil, os bens
dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos por usucapião”.

2. Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária


• Esse capítulo, que foi fruto de grandes embates à época da
Constituinte, define o regime constitucional da propriedade rural
e traz um conjunto de preceitos constitucionais que possibilitam
a intervenção do Poder Público, visando, em última análise, dar
cumprimento à função social da propriedade.
• Na forma do art. 186 da CF/88, a função social é cumprida
quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei (Lei n.
8.629/93), aos seguintes requisitos:
a) aproveitamento racional e adequado: elemento
econômico-produtivo, que revela o uso correto do solo,
através do emprego de insumos, técnicas modernas e
recursos tecnológicos;
b) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis
e preservação do meio ambiente: elemento ambiental,
que visa evitar a atividade agrícola predatória, causadora dos
mais diversos danos ecológicos. Dá margem a falar em
função ambiental ou sócio-ambiental da propriedade;
c) observância das disposições que regulam as relações
de trabalho: elemento social, que abrange não só as
relações de emprego, mas também as fundadas em contratos
agrários, como de parceria e arrendamento;
d) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários
e dos trabalhadores: elemento social, ancorado no
princípio maior da dignidade humana e do bem-estar, que
fundamentam as ordens econômica e social.
• O imóvel rural que não cumprir sua função social deverá ser
objeto de desapropriação por interesse social para fins de
reforma agrária (art. 184 da CF/88), de competência exclusiva
da União, que a exerce através do INCRA, autarquia federal, por
meio processo judicial que tramita em vara específica da Justiça
Federal.
• Nessa modalidade de desapropriação-sanção, o pagamento da
justa e prévia indenização ao proprietário dá-se através de:
a) títulos da dívida agrária (TDA´s), com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão: referente ao
valor da terra nua;
b) dinheiro: referente ao valor das benfeitorias úteis e
necessárias (exemplos: culturas e pastagens artificiais, ou
seja, introduzidas pelo proprietário, casas, currais, cercas,
instrumentos de irrigação, garagens para tratores e máquinas
similares).
• O STF pacificou o entendimento que a cobertura florística é
indenizável, separadamente da terra nua. Se houver exploração
econômica, comprovada através de certidão do IBAMA, a
indenização deve ser paga em dinheiro, como se benfeitoria
fosse. Caso contrário, o pagamento deve ser efetuado em TDA.
• O TRF 5a decidiu que “descabe pretender-se excluir da justa
indenização os valores correspondentes à cobertura vegetal. O
fato de se tratar de uma mata natural não acarreta inexistência
de valor econômico e ecológico. Pagamento dessa parte em
dinheiro” (rel. Juiz Castro Meira, Remessa Ex Officio n.
48617/SE).
• O STJ tem entendido que o TDA é um título de crédito emitido
pro soluto, através do fenômeno da incorporação. Nele se
materializa o próprio ato indenizatório pelo desapossamento.
Devido à autonomia cambial, equipara-se a bem móvel,
circulando com tal no comércio. A princípio, não está sujeito à
tributação. Mas pode ser objeto de correção monetária plena,
para não sofrer deflação. Quando entre ao expropriado, o
Estado, ao tempo em que se considera exonerado pela
indenização, compromete-se em resgatá-lo de qualquer
portador ou endossatário que o apresente, sem indagar como
ou por que se deu a transferência.
• Segundo o STF, a imunidade do art. 184, § 5o, da CF/88 não
alcança os TDA’s em poder de terceiros, ou seja, não se estende
à negociação dos títulos.
• O STJ não vem admitindo a utilização de TDA para fins de
depósito suspensivo da exigibilidade de crédito tributário e de
nomeação à penhora, porquanto não possuem cotação na Bolsa
de Valores.
• O procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
processo judicial de desapropriação, é matéria reservada à lei
complementar (LC n. 76/93, alterada pela LC n. 88/96).
• Não podem ser objeto de desapropriação para fins de reforma
agrária (art. 185):
a) a pequena e média propriedade rural, assim definida em
lei (Lei n. 4.504/64 - Estatuto da Terra), desde que seu
proprietário não possua outra;
b) a propriedade produtiva: ao meu ver, tal dispositivo, que
foi objeto de gigantesco lobby dos ruralistas na Constituinte,
deve ser interpretado sistematicamente, no sentido de que
propriedade produtiva é aquela que cumpre sua função
social. Admitir o contrário, tomando a produtividade apenas
em sua acepção econômica, conduziria à impossibilidade de
desapropriar-se uma fazenda em que, por exemplo, se
explorasse a mão-de-obra escrava ou que destruísse a todo
custo a natureza, desde que produzissem muito.
• Os beneficiários da distribuição de imóveis pela reforma agrária
receberão títulos de domínio ou de concessão de uso,
inegociáveis pelo prazo de dez anos (art. 189).
• Os princípios da política agrícola estão expressos no art. 187 da
CF/88.
• A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas
com área superior a 2.500 hectares a pessoa física ou jurídica,
ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia
aprovação do Congresso Nacional, exceto se para fins de
reforma agrária.
• Cabe à lei (Lei n. 5.709/71) regular e limitar a aquisição ou o
arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica
estrangeira, estabelecendo ainda os casos que dependerão de
autorização do Congresso Nacional.
• Outro instrumento destinado ao cumprimento da função social
da propriedade rural é o usucapião especial rural ou pro
labore, outrora previsto na CF/46, pelo qual aquele que possuir
como sua área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta
hectares, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo
nela sua moradia, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural (art. 191 da CF/88).
Não poderá ter por objeto imóveis públicos (art. 191, § único,
CF/88). É regulado pela Lei n. 6.969/81, que foi parcialmente
recepcionada pela CF/88.
• “A reforma agrária visa a estabelecer um sistema de relações
entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra, capaz de
promover a justiça social, o progresso e o bem-estar do
trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do País, com a
gradual extinção do minifúndio e do latifúndio” (art. 16 do
Estatuto da Terra). A reforma agrária envolve não apenas o
acesso à terra, mas também aos demais instrumentos de
política agrícola (assistência técnica, incentivos fiscais, crédito
etc.)

3. Da Ordem Social
3.1. Princípios gerais

• A CF/88 prescreveu a ordem social em título específico, não


apenas para salientar a sua importância, mas, sobretudo, para
dar continuidade ao programa encampado pelo art. 6o, que trata
dos direitos sociais, cabendo ao intérprete conciliá-los à medida
do possível.
• A ordem constitucional social atesta o caráter dialético da
CF/88, que logrou a índole compromissória e dirigente, de cunho
analítico.
• A CF/88, em seu art. 193, declara que a ordem social tem como
base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a
justiça, harmonizando-se, nesse particular, com a ordem
econômica (art. 170).

3.2. Do Meio Ambiente

• O capítulo do meio ambiente na CF/88, sem dúvida um dos mais


avançados do mundo, revela a preocupação do Constituinte
com o direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, caracterizado como de terceira
dimensão.
• A tutela do meio ambiente, interesse difuso por excelência, é
realizada pelo Poder Público, inclusive o Ministério Público
(inquéritos, ações civis públicas e ações penais), bem como pela
coletividade organizada em associações (ações civis públicas) e
pelo próprio cidadão (ação popular).
• Competência administrativa para a defesa do meio
ambiente: comum da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios (art. 23, incisos III, VI e VII, CF/88);
• Competência legislativa sobre matéria ambiental:
a) privativa da União, no que se refere a águas, jazidas, minas
e outros recursos naturais e atividades nucleares (art. 22,
incisos IV, XII e XXVI, CF/88);
b) concorrente entre União, Estados e Distrito Federal, no que
se refere aos outros aspectos do direito ambiental (art. 24,
incisos VI, VII e VIII, CF/88), sem prejuízo da competência
suplementar dos Municípios (art. 30, II, CF/88).
• Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público, em parceria com a sociedade civil (art. 225, § 1o,
CF/88):
a) preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
b) preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à
pesquisa e manipulação de material genético: revela a
preocupação com a biodiversidade, bem como com a
engenharia genética e sua repercussão bioética, inclusive
em relação a transgênicos;
c) definir os espaços territoriais sujeitos a especial proteção, em
todas as unidades da Federação;
d) exigir o estudo prévio de impacto ambiental para a
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
dano ambiental: o STF já decidiu que é inconstitucional
norma estadual que dispensa o estudo prévio de impacto
ambiental no caso de áreas de florestamento ou
reflorestamento para fins empresariais (ADIMC 1086/SC);
e) controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente: fundamento
para o poder de polícia ambiental, cujo exercício cabe à
União, Estados e Municípios, através de autarquias (IBAMA)
ou de secretarias de meio ambiente;
f) promover a educação ambiental e a conscientização
pública;
g) proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei (Lei n.
9.985/00), as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam
os animais a crueldade: com base nesse dispositivo, o STF
entendeu ser inconstitucional a “farra do boi” (RE
153.531/SC).
 Legislação específica que regula tal dispositivo:
- Lei n. 9.985/00: Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza;
- Lei n. 8.974/95: regulamenta o poder de polícia ambiental;
- Lei n. 9.765/99: Política Nacional de Educação Ambiental;
- Resoluções 1/86 e 237/97 do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA): regulam a exigência do estudo de impacto
ambiental.
• O art. 225, § 3o, da CF/88 estabelece a responsabilidade
penal de pessoas físicas ou jurídicas por dano ambiental,
matéria regulada na Lei n. 9.605/98, independentemente das
sanções administrativas e da obrigação de reparar o dano.
• A obrigação de reparar civilmente o dano segue a modalidade
da responsabilidade objetiva (art. 14, § 1o, da Lei n.
6.938/81). Assim, basta que a pessoa pratique ato ilícito,
dando margem à aplicação da doutrina tradicional da
responsabilidade subjetiva, fundada na culpa. O mesmo vale
para o ato lícito ou devidamente licenciado, que ensejou
dano ambiental. Nesse caso, o que importa não é a culpa,
porém a relação de causalidade entre o ato e o resultado
danoso.
• A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira constituem
patrimônio nacional, segundo o art. 225, § 4o da CF/88. No
entanto, segundo o STF, tal dispositivo, “além de não haver
convertido em bens públicos os imóveis particulares abrangidos
pelas florestas e pelas matas nele referidas, também não
impede a utilização, pelos próprios particulares, dos recursos
naturais existentes naquelas áreas que estejam sujeitas ao
domínio privado, desde que observadas as prescrições legais e
respeitadas as condições necessárias à preservação ambiental”
(RE 134297/SP).
• No tocante ao tema da desapropriação indireta, o STJ tem
decidido que a criação de estações ecológicas, impedindo a
exploração econômica dos recursos naturais ali situados, implica
a indenização das propriedades particulares existentes, tenha
ou não o ente público se apossado fisicamente das respectivas
áreas. (REsp 123.080/SP). De outro lado, quando a restrição ao
desmatamento resulta de ato normativo federal, a indenização
dos prejuízos deve ser reclamada da União Federal, e não do
Estado onde o imóvel está localizado (REsp 110.316/SP).
• Nenhuma usina que opere com reator nuclear poderá ser
instalada sem prévia edição de lei federal, que definirá sua
localização (art. 225, § 6o, CF/88).

3.3. Da Seguridade Social

3.3.1. Princípios gerais

• Na função de estimular ações sociais, os agentes políticos


governamentais intentam assegurar o exercício dos direitos à
saúde, à previdência e à assistência social, tripé este sobre o
qual está erigida a estrutura da seguridade social na CF/88, que,
organizada sob forma de gestão pública, permite a participação
e o controle da sociedade civil, representada por suas entidades
de classe, trabalhadores, empregadores, aposentados,
pensionistas e a comunidade em geral (art. 194 CF/88).
• A seguridade social consagra-se como direito fundamental de
segunda geração e organiza-se com base nos seguintes
objetivos (art. 194, § único, CF/88):
a) universalidade da cobertura (aspecto subjetivo – pessoas
atendidas) e do atendimento (aspecto objetivo – serviços
prestados): todos, indistintamente, devem gozar dos
serviços, os mais amplos possíveis, prestados pelo sistema
de seguridade social. Não há distinções para que alguém
recorra ao sistema de seguridade nas áreas de saúde,
previdência e assistência social, exerçam ou não atividades
laborais remuneradas;
b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações urbanas e rurais: deriva do princípio da
igualdade, estimulando a fixação do contingente rurícola no
campo;
c) seletividade e distributividade na prestação dos
benefícios e serviços: prioriza a oferta de serviços e
benefícios aos hipossuficientes, que necessitam de tutela
imediata. Funda-se na isonomia, que autoriza tratamento
desigual aos desaguais, na medida de suas desigualdades;
d) irredutibilidade do valor dos benefícios;
e) eqüidade na forma de participação no custeio: a
participação no custeio da seguridade deve respeitar o
princípio da capacidade contributiva;
f) diversidade da base de financiamento: postula amplo
espectro de maneiras para viabilizar o sistema nacional de
seguridade, evitando que tal encargo recaia todo sobre um
determinado setor produtivo;
g) caráter democrático e descentralizado da
administração, mediante gestão quadripartite, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados: introduzido
pela EC 20/98.
• O financiamento da seguridade social se dará mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios e das contribuições sociais (art.
195 da CF/88). As receitas dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios destinadas à seguridade constarão dos
respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União
(art. 195, § 1o, CF/88).
• Contribuições do empregador, da empresa e da entidade a
ela equiparada na forma da lei, que poderão ter alíquotas ou
bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade
econômica ou da utilização intensiva de mão-de-obra (art. 195,
§ 9o, CF/88), incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe
preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício: a EC 20/98
deu redação bem mais abrangente a este dispositivo. Com
base no texto anterior, o STF havia reconhecido a
inconstitucionalidade do art. 3o, I, da Lei n. 7.787/89, no que
abrangido o que pago a administradores e autônomos, pois
estes não mantinham vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento: também alterado pela EC
20/98. Referem-se a este permissivo a COFINS e o PIS;
c) o lucro: contribuição sobre o lucro líquido.
• Contribuições do trabalhador e dos demais segurados da
previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social de que trata o art. 201: modificado pela EC
20/98, este dispositivo revela a intenção do Governo de cobrar a
contribuição dos servidores públicos aposentados.
• Contribuições sobre a receita de concursos de
prognósticos.
 Sobre contribuições sociais para a seguridade social, vide
resumos ponto 3, item “g” e ponto 5, item “c”.
• Além das fontes constitucionalmente previstas, a lei
complementar poderá instituir outras destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
disposto no art. 154, I, da CF/88, ou seja, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo
próprios das contribuições discriminadas na CF/88 (art. 195, §
4o, CF/88).
• A instituição, majoração ou extensão de um benefício ou serviço
não poderá ser feita sem anterior previsão de sua fonte de
custeio total (art. 195, § 5o, CF/88): homenageia o princípio do
equilíbrio financeiro.
• As contribuições sociais seguem o princípio nonagesimal ou
da anterioridade mitigada, só podendo ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei (ou da
primeira edição da medida provisória) que as houver instituído
ou modificado (art. 195, § 6o, CF/88).
• A CF/88 prevê a imunidade das entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas
em lei. O STF reconheceu, em sede de liminar, a
inconstitucionalidade da Lei n. , que, além de não ser lei
complementar, restringia demasiadamente o conceito de
entidade beneficente (ADIMC ).
• Nos termos do art. 195, § 8o, da CF/88, o produtor, o parceiro, o
meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal
contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de
uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção.

3.3.2. Da Saúde

• A CF/88 erigiu, pela primeira vez, a saúde a direito


fundamental de segunda geração.
• As ações e serviços de saúde são da competência do Poder
Público. Tanto terceiros como pessoas físicas ou jurídicas de
direito privado que atuem nessa área se sujeitam à
regulamentação, fiscalização e controle, nos termos de lei
ordinária.
 A Lei n. 9.656/98 dispõe sobre os planos e seguros privados de
assistência à saúde.
• O Sistema Único de Saúde (SUS), regulado pelas Leis n.
8.080/90 e 8.142/90, integrado de uma rede regionalizada e
hierarquizada de ações e serviços, corrobora o instrumento pelo
qual o Poder Público implementará o seu dever constitucional.
• Assim, caberá à União, Estados, Distrito Federal e Municípios
praticar ações e executar serviços, com base nos princípios da
descentralização, atendimento integral e participação da
comunidade, os quais denotam um direito difuso da
comunidade, de um lado, e o direito social do indivíduo, do
outro.
• A competência do SUS, expressa no art. 200 da CF/88, envolve
tarefas normativas, fiscalizatórias e executivas, além de outras
disciplinadas em lei ordinária.
• As instituições privadas poderão participar de forma
complementar do SUS, mediante contrato ou convênio, sendo
vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou
subvenções àquelas com fins lucrativos.
• A EC 29/2000 estabeleceu que uma lei complementar deverá
estabelecer o percentual a ser aplicado na área de saúde pelas
entidades federativas (art. 198, §§ 2o e 3o, CF/88). Enquanto a
referida lei complementar não for editada, vigorará a disposição
transitória pela qual a União deverá destinar, ainda no ano de
2000, 5% a mais do que aplicou em 1999. De 2001 a 2004, o
orçamento deverá ser o valor do ano anterior somado à
variação nominal do PIB.
• Em decorrência da EC 29/2000, os Estados e o Distrito Federal,
entre 2001 e 2004, deverão aumentar gradativamente os
recursos que destinam à saúde até que, no quarto ano de
vigência da emenda, o valor destinado à área alcance 12% da
arrecadação com os impostos estaduais e do valor líquido das
transferências constitucionais.
• Vale lembrar ainda que os Municípios e o Distrito Federal devem
chegar a aplicar, em 2004, cerca de 15% da arrecadação com
os impostos municipais e transferências constitucionais.

3.3.3. Da Previdência Social

• A previdência social será organizada sob a forma de regime


geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial: a EC 20/98, visando reduzir o “rombo da previdência”,
acarretou uma série de modificações nesta seção. Os
benefícios, mais do que nunca, ostentam agora caráter de
seguro, em que o equilíbrio atuarial mitiga a incidência do
princípio da solidariedade.
• Benefícios previdenciários, após a EC 20/98 (art. 201 da CF/88):
a) em caso de doença, invalidez, morte e idade avançada;
b) proteção à maternidade, especialmente à gestante;
c) proteção ao trabalhador em situação de desemprego
involuntário;
d) salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda;
e) pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao
cônjuge ou companheiro e dependentes.
 Sobre benefícios previdenciários, vide resumo ponto 5, item “f”.
• É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de
regime próprio de previdência (art. 201, § 5o).
• A aposentadoria no regime geral de previdência social comporta
duas modalidades: por tempo de contribuição ou por idade.
• Aposentadoria por tempo de contribuição:
- homem: deverá contribuir pelo período de 35
anos;
- mulher: deverá contribuir pelo período de 30 anos;
Para professores que comprovem exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no
ensino fundamental e médio:
- professor: deverá contribuir pelo período de 30
anos;
- professora: deverá contribuir pelo período de 25
anos.
• Aposentadoria por idade:
- homem: 65 anos de idade;
- mulher: 60 anos de idade.
No caso de trabalhadores rurais, exercentes de atividades em
regime de economia familiar, produtores rurais, garimpeiros e
pescadores artesanais:
- homem: 60 anos de idade;
- mulher: 55 anos de idade.
• Nos termos do art. 201, § 9o, da CF/88, é assegurada, para efeito
de aposentadoria, a contagem recíproca do tempo de
contribuição na administração pública e na atividade privada,
rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de
previdência social se compensarão financeiramente, segundo os
critérios estabelecidos em lei (Lei n. 9.796/99).
• O regime de previdência privada é de caráter complementar,
autônomo e facultativo, devendo ser regulamentado por lei
complementar (art. 202 da CF/88).
• O aporte de recursos a entidade de previdência privada pela
União, Estado, Distrito Federal e Municípios, bem como pela
administração indireta, só é admitido quando o ente público
atua como patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma,
sua contribuição normal poderá exceder a do segurado.
• Lei complementar deverá regular as relações entre os entes da
Administração direta e indireta, inclusive as concessionárias e
permissionárias de serviços públicos, enquanto patrocinadores
de entidades fechadas de previdência privada, e suas
respectivas entidades fechadas de previdência privada (art.
202, §§ 4o, 5o e 6o).
3.3.4. Da Assistência Social

• A assistência social, como instituto jurídico, é um amparo


estatal, baseado nos princípios da dignidade humana e da
solidariedade, destinado aos reconhecidamente pobres, que não
podem gozar dos benefícios previdenciários, razão pela qual
independe de contribuição para a seguridade social.
• Os objetivos da assistência social estão expressos no art. 203
da CF/88, com destaque para a garantia de um salário mínimo
de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família.
• As ações governamentais na área de assistência social serão
organizadas com base no princípio da descentralização
político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas
gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos
respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem
como a entidades beneficentes e de assistência social,
assegurada a participação da população na formulação das
políticas e no controle das ações.
 Legislação específica sobre assistência social:
- Lei n. 8.742/93: dispõe sobre a organização da Assistência
Social;
- Lei n. 8.909/94: dispõe sobre a prestação de serviços por
entidades de assistência social;
 Sobre assistência social, vide resumo ponto 9, item “g”.

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