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- Período Republicano -
República Velha
"Senhor Presidente da República. Rio. A situação de desespero criada pelo borgismo compressor e
sanguinário, transformou hoje nossa altiva região serrana em acampamento militar. Quatro mil
cidadãos levantaram-se no dorso das coxilhas, protestando de armas na mão contra a usurpação do
tirano. Sobre Passo Fundo caiam diariamente as cóleras da ditadura, porque Passo Fundo foi o
baluarte do bernardismo no Rio Grande do Sul. Não correrá mais sangue se o ditador renunciar
incontinenti ao seu falso mandato, ou se Vossa Exa. desdobrar sobre as nossas plagas infortunadas,
as garantias constitucionais que nos falecem, integrando o Rio Grande no concerto da nação
brasileira. (a) Artur Caetano da Silva"
Havia eclodido a revolta de 1923, em território carazinhense. Muito haveria de suceder naqueles
nove meses que duraria a luta. Felizmente nossa terra foi poupada de combates sangrentos. Porém
muitos partiram daqui para o campo de batalha. Tanto na coluna de Salustiano de Pádua como nos
batalhões formados pelo Cel Menna Barreto. Tempos difíceis pelas dificuldades que trariam mas ao
mesmo tempo gloriosos pelas vitórias alcançadas. E a partir de 24 de janeiro os fatos se
precipitaram. O amanhecer de 25 de janeiro em Passo Fundo já mostrava vultos de guerreiros sobre
o coxilhão da Vila Petrópolis. Já na véspera à tardinha as comunicações telegráficas e ferroviárias
com Carazinho tinham sido cortadas pelas tropas de Menna Barreto e Salustiano de Pádua, que
ocupavam a extensão da linha. Todas as ligações de Passo Fundo com o exterior mantinham-se
mudas. Começava o sítio. A cidade foi cercada por 1.500 homens, sendo 1.000 ao norte e 500 a
oeste e sudeste nos caminhos de Carazinho e Soledade. As primeiras tentativas de invasão da cidade
ocorreram ainda na tarde do dia 25. Os passofundenses defendiam-se com um trem entrincheirado
que corria entre a Gal.Canabarro e o Passo. Ouviram-se alguns tiroteios no local onde hoje se
localiza a Vila Petrópolis. Muitos deslocamentos de tropas foram feitos e logo em seguida passaram
a ser utilizados mais dois trens para tentar furar o cerco. Na noite de 26, João do Padre e outros
atacaram o Quartel do Exército onde estava um contingente legalista. Os rebeldes se infiltraram
pelo Mato do Barão e forçaram com cerrado tiroteio a retirada dos legalistas até a Praça Tamandaré,
onde estava o acampamento do 6º Corpo Provisório. Até o próprio Q. G. legalista foi atacado com
alguns disparos, obrigando a retirada de munição e materiais do Corpo Provisório para a
Intendência Municipal. Na tarde e na noite de 27, colocavam-se ao norte e ao oeste de Passo Fundo
Menna Barreto e Salustiano, preparando-se para o ataque final à cidade. Seria o dia 28 a data
marcada. Conforme relata Menna Barreto em seu diário, o assalto não ocorreu na hora prevista por
desentendimentos entre as lideranças rebeldes. Os dias seguintes transcorreram entre muitos boatos.
Os revolucionários esperavam a chegada de Portinho, que deveria vir de Erechim com 2.000
homens. E os situacionistas ansiosamente esperavam a chegada de Firmino de Paula, que de Cruz
alta saíra com poderosa Brigada. Ao chegar em Carazinho, Firmino de Paula recebeu na Estação
Ferroviária a visita de lideranças locais. Nos entendimentos havidos, e ao saber que o cerco de
Passo Fundo já estava no fim, ficaram encarregados Augusto Vargas e Israel Almeida de
contatarem em Passo Fundo com as forças restantes. Seguiram eles a Passo Fundo em um
automóvel Ford de propriedade de Augusto Vargas. Ao chegarem foram ameaçados de prisão, que
não aconteceu por interferência do Dr. Vergueiro. Ali informaram da iminente chegada da grande
tropa de Firmino de Paula, dizendo do número de homens e de armas e procurando apaziguar os que
ainda tentavam continuar a luta. Quando a brigada de Firmino de Paula entrou na cidade, na tarde
do dia 31, apenas uma pequena força revolucionária ainda se encontrava no local e não houveram
choques. Cessava assim o episódio do ataque a Passo Fundo por tropas de Carazinho. Carazinho,
que já não era uma pequena vila, alçava-se à liderança de um movimento nacional, impondo as suas
idéias.
O Partido Federalista do Rio Grande do Sul
O Partido Federalista do Rio Grande do Sul foi fundado em 1892 por Gaspar Silveira Martins. Em
tese, defendia o sistema parlamentar de governo e a revisão das constituições estaduais, prevendo a
centralização política e o fortalecimento do Brasil como União Federativa.
Desta forma, esta filosofia chocava-se frontalmente contra a constituição do Rio Grande do Sul de
1891. Esta era inspirada no positivismo e no presidencialismo, resguardando a autonomia estadual,
filosofia adotada por Júlio de Castilhos, chefe do Partido Republicano, e que seguia o princípio
comtiano das "pequenas pátrias". Os seguidores de Gaspar da Silveira Martins, Gasparistas ou
maragatos, eram frontalmente opostos aos seguidores de Júlio de Castilhos, castilhistas ou pica-
paus. Empenharam-se em disputas sangrentas que acabaram por desencadear a revolução
federalista, uma guerra civil que durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895 e foi vencida pelos
Pica-paus, seguidores de Júlio de Castilhos. Neste conflito, houve mais de dez mil mortos e
centenas de milhares de feridos.
O início do conflito
As desavenças iniciaram-se com a concentração de tropas sob o comando de João Nunes da Silva
Tavares, barão de Itaqui, maragato, ou gasparista, em Carpintaria, esta localidade era na linha
divisória com o Uruguai. Logo após o potreiro de Ana Correia, vindo do Uruguai em direção ao Rio
Grande do Sul, encontrava-se o coronel caudilho federalista Gumercindo Saraiva.
O almirante Custódio de Melo, que chefiara a revolta da Armada contra Floriano Peixoto, uniu-se
aos federalistas e ocupou Desterro, atual Florianópolis. De lá chegou a Curitiba, ao encontro do
caudilho-maragato. A resistência da Lapa impediu o avanço da revolução. Gumercindo, então,
bateu em retirada para o Rio Grande do Sul. Morreu após ser ferido no combate de Campo Novo,
em agosto de 1894.
A Paz
A revolução federalista foi vencida em junho de 1895 no combate de Campo Osório. Saldanha da
Gama, possuidor de um contingente de 400 homens, lutou até a morte contra os legalistas
comandados pelo general Hipólito Ribeiro. A paz finalmente foi assinada em Pelotas no dia 23 de
agosto de 1895. O presidente da República era então Prudente de Morais, e o emissário do governo
federal era o general Galvão de Queirós.
Os Maragatos
- Outra versão:
"Os termos "maragato" e "pica-pau", usados para se referir às duas grandes correntes políticas
gaúchas, e identificados, respectivamente, com o uso do lenço vermelho e do lenço branco, surgiu
no Rio Grande do Sul em 1891, durante a Revolução Federalista. Os maragatos foram os que
iniciaram a revolução, que tinha como justificativa a resistência ao excessivo controle exercido pelo
governo central sobre os estados. O objetivo da revolução seria, portanto, garantir um sistema
federativo, em que os estados tivessem maior autonomia. O termo "maragato", aplicado aos
federalistas, tem uma explicação complexa. No Uruguai eram chamados de maragatos os
descendentes de imigrantes espanhóis oriundos da área situada na província de León, na Espanha,
conhecida como Maragateria. Os maragatos espanhóis eram eminentemente nômades, e adotavam
profissões que lhes permitissem estar em constante deslocamento. Os defensores do governo central
passaram a chamar os revolucionários de "maragatos" com o intuito de insinuar que, na verdade, as
tropas dos rebeldes eram constituídas por mercenários uruguaios. A realidade oferecia alguma base
para essa assertiva — Gumercindo Saraiva, um dos líderes da revolução, havia entrado no Rio
Grande do Sul vindo do Uruguai pela fronteira de Aceguá, no Departamento de Cerro Largo, e
liderava uma tropa de 400 homens entre os quais estavam uruguaios. No entanto, dar esse apelido
aos revolucionários foi um tiro que saiu pela culatra. Os próprios rebeldes passaram a se denominar
"maragatos", e chegaram a criar um jornal que levava esse nome, em 1896. Já o termo pica-pau,
aplicado aos republicanos que apoiavam o governo central, teria surgido em função das listras
brancas do topete do pássaro, pois os governistas usavam chapéus com divisas brancas, que
lembravam o topete do pica-pau, enquanto que as dos maragatos eram vermelhas. (Por Lígia Gomes
Carneiro) "