Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Augusto de Franco
Escola-de-Redes: 09/03/2009
1
muito critério para a escolha, a não ser a "antena" de Penn. Poderiam
ser 150 microtendências e aí o livro, que já tem 582 páginas em
Garamond corpo 12, teria, quem sabe, bem mais de mil.
Mas ele (ou ele e ela) defende uma tese inteligente. As estatísticas
revelam uma coisa e o seu oposto. Por exemplo: “embora as pessoas
estejam ingerindo mais alimentos saudáveis do que nunca, as vendas
do Big Mac nunca foram tão altas. Enquanto a Fox News é a primeira
em audiência nos Estados Unidos, o movimento antiguerra domina os
principais noticiários norte-americanos. Embora a população norte-
americana esteja envelhecendo, boa parte da publicidade e do
entretenimento foi desenvolvida para jovens. Embora o número de
namoros seja o mais alto de todos os tempos, as pessoas nunca
estiveram tão interessadas em manter relacionamentos mais
duradouros e profundos...” E por aí vai.
2
pequenas forças imperceptíveis... que estão moldando nossa
sociedade de forma irreversível”. Essa é a tese.
3
poderosas que estão em ação logo abaixo da superfície. Nessas
forças, estão as sementes das mudanças inesperadas”.
O 1% de Mark Penn
De onde saiu o número mágico? Penn não diz, mas reafirma que
“quando determinada tendência atinge 1%, ela está pronta para criar
um filme de sucesso, um best seller ou um novo movimento político.
O poder da escolha individual está influenciando cada vez mais a
política, a religião, o entretenimento e até mesmo a guerra. Nas
atuais sociedades de massa, basta que apenas 1% dos indivíduos
façam uma escolha – contrária à da maioria – para criar um
movimento que pode mudar o mundo”.
4
percebido várias microtendências, tantas como para encher um livro
de quase 600 páginas, nada percebeu da nova morfologia e da nova
dinâmica da sociedade emergente. Meio típico de gente que trabalha
com pesquisa de opinião e marketing.
Contudo, ele tem razão no que afirma. Seu insight está basicamente
correto, a meu ver. E não posso reprová-lo, pois já havia feito algo
parecido (há 8 anos) a partir da evidência de que a refiação em uma
rede P2P é 1%. E, como Mark Penn, também não sei ainda justificar
adequadamente tal “descoberta”. Mas posso pelo menos explicar de
onde saiu o (meu) número mágico (1%).
O meu 1%
5
investiga a formação do “ser social” (que chama de “Entidade real”,
com ‘E’ maiúsculo mesmo).
6
empowerment – e por isso uma rede com tais características de
mundo pequeno seria poderosa. Em suma é a mesma hipótese de
Jacobs multiplicada por 10.
Claro que isso tudo soa muiiito especulativo. E não está propriamente
apoiado em pesquisas científicas. Mas... existem fortes argumentos
baseados em algumas evidências empíricas que corroboram a
hipótese. Evidências de que, dentro de certos limites (para
localidades com menos de 50 mil habitantes) e sob determinadas
condições (dadas pela presença de hubs, inovadores e netweavers),
1% das pessoas conectadas em uma rede P2P reduzem
drasticamente a extensão característica de caminho da sociedade
local (ou seja, diminuem os graus de separação da rede social,
ensejando que um nodo da rede possa chegar a outro nodo qualquer
com apenas um grau de intermediação; em outras palavras, dentro
dos limites considerados, 1% das pessoas de uma localidade,
conectadas em rede, têm acesso praticamente imediato aos restantes
99%). Assim, por exemplo, 200 pessoas em uma localidade de 20 mil
habitantes, conhecem, com até 1 grau de separação, as outras
19.800 pessoas. Apenas 20 pessoas (para aplicar os 0,1% da nossa
saudosa Jane Jacobs) não seriam suficientes.
Posso dizer que, a despeito de Mark Penn não cogitar nada disso, seu
recente insight veio reforçar minhas convicções. Aliás o chute de
7
Penn salvou o seu livro (ao contrário do que ele, talvez, pense, não é
o conteúdo – o tipo de microtendência – que determina a capacidade
de mudança e sim a fenomenologia associada a um tipo de
topologia). E estou mais assombrado do que nunca com o poder do
misterioso 1%. Por certo não deve haver um número mágico,
exatamente 1%. Por que não 1,2% ou 2,3%?. Porque tudo isso, no
fundo, é uma maneira de falar do poder do pequeno em termos
sociais, do poder do capital social ou do poder das redes distribuídas
e altamente conectadas.
8
infinitum, la socidad "totalmente liberalizada" será una sociedad
necesariamente individualista.
Yo creo en esta hipótesis, peeeeero.... Con la salvedad de que esto no se
cumple para "toda la población". Yo tembién tengo mis guarimos
porcentuales empíricos y ese valor ronda, en la Argentina 2007, alrededor
del 60%. La sociedad contractual no llega a superar ese guarismo, a partir
del 70% indefectiblemente acutuamos como las langostas de su video, en
masa.
Es más Watts en su Six degrees habla de una curva con forma sigmoidea en
donde la evolución de una innovación arranca en una pocos casos,
evoluciona así por un tiempo y de repente estalla abarcando casi toda la
población.
Por eso para que la innovación se propague desde ese 1% es necesario una
etapa comunicativa racionalista, donde el grupo propositor disemina el
mensaje, luego un tipping point que es un efecto de masa, luego una nueva
etapa de deliberación hasta tocar la totalidad de la población.
9
hemorróidas do imperador provocaram a queda do império (he he he só pra
relaxar).
10
Sempre o dilema de um grande encontro onde muitos se reúnem para ouvir
uns poucos enquanto que a riqueza da experiência do vizinho não é
compartilhada.
Caros, leio com avidez e grande interesse os textos e provocações postadas
aqui. Normalmente qdo são muito longo, eu os imprimo e fico lendo no
metrô na volta para casa. Uma forma de abstrair a lata de sardinha que
ficamos impostos no rush de retorno. rsrs...
11
Comentário de Jaqueline de Camargo em 8 março 2010 às
13:06
Augusto,
Bom vc ter compartilhado essa leitura do Microtrends e trazer novamente a
discussão sobre o 1% e o histórico de reflexões já feitas nessa Rede sobre
esse ponto! Aliás ir sempre que possível resgatando os históricos é tb. uma
maneira da gente ir atualizando essas discussões, gostei de ler os
comentários anteriores. O Ning não ajuda muito, mas algumas pessoas têm
uma memória de elefante , como vc, rs.. e podem ajudar.
No caso dos 1%, gosto pelo menos do seu aspecto simbólico, "small is
powerful" [como vc afirmou em outro contexto]. E tb. fiquei com muita
vontade de ler a Jacobs [e seus 0,1%]. Nem sei se entendi a matemática da
coisa, mas acho desafiador e provável que um input cultural forte de um
grupo altamente conectado [ou o contrário, um grupo altamente conectado
em rede distribuída de modo a poder realmente receber inputs de seus
membros, formando então uma conexão social forte] é capaz de conectar
com os 99% restantes; e provocar mudanças nesse grupo, e em suas
conexões.
A partir desse pensamento, surge uma pergunta sobre como o percentual
das inscrições que temos para a CIRS representam o total das pessoas
inscritas até aquela data corte de novembro/2009. Ou seja, em como os
membros da "E=R histórica", composta por seus pioneiros e as conexões
até a data corte, estão representados na CIRS [um dos marcos da Rede]
nessa proporção dos 1%.
E, se ficarmos no aspecto simbólico da coisa, a exatidão do percentual não
seria tão relevante porque parece obvio reconhecer que um grupo
relativamente muito pequeno na E=R, mas com presença intensa em
momentos específicos, veio trazendo e desenvolvendo as questões geradas
no ambiente histórico da Rede, incluindo os encontros presenciais
anteriores, para este marco atual que é a CIRS.
Resumo da ópera: sem discutir o interesse da análise matemática sobre o
hipotético 1% de participação e capital social, o "mistério dos 1%" é
também muito simbólico, reforçando um sentimento social de que um
pequeno grupo de pessoas, se conectadas de determinada maneira,
formando redes com alto poder de circulação de capital social, gera
mudanças que podem atingir - de maneiras matematicamente "misteriosas"
- muitas pessoas e ambientes. E de certa maneira isso é um mito ativo [uso
mito no sentido não de mentira, mas de imaginação compartilhada] entre
educadores, voluntários, inovadores... deu pra entender?
12