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SOCIOLOGIA

Prof Eugenio Pacelle

O retorno do tribalismo
Com o avanço da globalização, alguns estudiosos chegaram a pensar que as diferenças regionais
tenderiam a desaparecer e, com elas, o sentimento de identidade nacional ou étnica. Não é isso, entretanto,
o que vem ocorrendo. O texto a seguir analisa justamente a persistência e até a exacerbação do sentimento
de identidade cultural (chamado de tribalismo pelo autor) diante do processo de globalização.
O internacionalismo e o regionalismo desafiam a nação-estado soberana pelo lado de fora. O
tribalismo a enfraquece por dentro. Ele corrói o poder de integração da nação-estado.
Nos Estados Unidos, o tribalismo se manifesta na crescente ênfase da diversidade, ao invés da
unidade. Os Estados Unidos sempre foram um país de imigrantes. Ali, o imigrante e seus descendentes
eram inicialmente considerados “estrangeiros” e discriminados por duas gerações, antes de se
transformarem em cidadãos americanos.
Isso teve início com os irlandeses, nas décadas de 1830 e 1840. Nos últimos trinta anos, isso saiu
de moda. Hoje em dia, a mensagem apregoada e praticada é a da “diversidade”. Qualquer tentativa de se
transformar novos grupos em “americanos” é considerada discriminação; entretanto, há apenas sessenta
anos a tentativa de impedir que esses grupos se tornassem “americanos” seria vista como uma
discriminação, um preconceito.
Atualmente, quer esses grupos sejam europeus ou asiáticos, quer sejam negros, marrons ou
brancos, quer sejam católicos ou budistas, a ênfase está em manter sua identidade e impedir que eles
sejam encorajados ou, pior ainda,forçados a se tornar “americanos”.
Esse não é, de maneira alguma, um fenômeno americano, nem pode ser explicado em termos
puramente americanos. O tribalismo é ainda mais violento na Europa. Ele dilacerou a Iugoslávia com uma
sangrenta guerra civil. Ameaça provocar guerras civis por todo o antigo império soviético.
Os escoceses querem se separar do Reino Unido, os eslovacos exigiram autonomia e separação
dos tchecos e formaram seu próprio país; a Bélgica é abalada por disputas entre flamengos e valões de fala
francesa. Diminutos grupos locais, embora nunca tenham sofrido discriminação, exigem “autonomia
cultural”, como é o caso dos 150 mil surbs que vivem nas florestas ao sul de Berlim e que são os últimos
sobreviventes de tribos eslavas que habitaram o norte da Alemanha há mais de mil anos.
O tribalismo torna-se um fenômeno mundial. O Canadá sobreviverá ou será separado em duas
partes, uma de fala inglesa e outra de fala francesa? Será que a Índia permanecerá politicamente unida? A
Córsega e a Bretanha permanecerão francesas? Os lapões do norte da Finlândia e da Suécia irão ganhar
autonomia? O México ficará unido, ou os índios do sul irão se separar do norte hispânico? A lista é imensa.
Uma razão para a tendência ao tribalismo é que o tamanho territorial já não constitui muita
vantagem. Na era nuclear, nem mesmo o maior dos países pode defender seus cidadãos. Uma pequena
nação – Israel, por exemplo – pode também construir armas atômicas.
A razão principal do tribalismo não é política, nem econômica. Ela é existencial. As pessoas
precisam de raízes em um mundo transnacional; elas precisam de uma comunidade.
Todas as pessoas educadas na Espanha sabem castelhano (que o mundo exterior chama de
espanhol). Mas o idioma que muitos espanhóis falam na escola, em casa e mesmo no trabalho é o catalão,
o galego, o basco ou o andaluz (dialetos regionais).
Essa passagem de uma língua para outra representa uma mudança fundamental de identidade.
Catalães, bascos, galegos e andaluzes assistem às mesmas novelas em seus televisores. Os produtos que
compram podem ter sido feitos tanto no Japão quanto nos Estados Unidos ou na Espanha. Em número
cada vez maior, eles trabalham para um empregador cuja sede está em Tóquio, em Seul, em Nova York ou
em Dusseldorf. Eles vivem cada vez mais em um mundo transnacional, mas sentem a necessidade de
manter as raízes locais, a necessidade de pertencer a uma comunidade.
(Adaptado de: Peter Drucker. A sociedade pós-capitalista. São Paulo, Pioneira, 1999, p. 212-4; in Pérsio
Santos de Oliveria, Introdução à sociologia, São Paulo, Ática, 2004)

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