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POR QUE AS PLATAFORMAS DIGITAIS

NÃO SÃO BOAS PARA REDES SOCIAIS

Augusto de Franco
Escola-de-Redes (21/04/10)

Em geral as plataformas digitais interativas pensadas para serem


"redes sociais" não são boas ferramentas de netweaving.

Em primeiro lugar porque seus desenvolvedores confundem midias


sociais com redes sociais, tomam a ferramenta (digital) pela rede
(social), quando redes sociais são pessoas (conectadas, interagindo),
não ferramentas!

Em segundo lugar porque, sob o influxo da chamada Web 2.0, as


plataformas disponíveis são baseadas na participação (participation-
based = p-based) e não na interação (interaction-based = i-based).
Assim, não se regem pela lógica das redes mais distribuídas do que
centralizadas, quer dizer, pela lógica da abundância, mas sim pelo
regime da escassez (e ao aceitarem tal condicionamento, de ter que
funcionar em condições de escassez, sempre reproduzem
desnecessariamente escassez, rendendo-se a um tipo de "economia
política" onde a política é um modo de regulação não-pluriárquico).
Não é outro o motivo pelo qual ativam mecanismos de contagem de
cliques, instituem votações e atribuições de preferências baseadas na
soma aritmética, que significam regulações majoritárias da inimizade
política. Ora, isso enseja a formação de oligarquias participativas que
tentam organizar a auto-organização (como ocorre, por exemplo, na
Wikipedia).

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Em terceiro lugar - e como conseqüência do seu fundamento p-
based - as plataformas de articulação e animação de redes sociais
(que já se encaram como se fossem as próprias redes sociais), ainda
estão voltadas para organizar conteúdos (encarando,
inevitavelmente, o conhecimento como um objeto e não como uma
relação social). Esse é um problema porquanto a gestão do conteúdo,
do conhecimento-objeto, ao tentar traçar um caminho para os outros
acessarem tal conteúdo, cava sulcos para fazer escorrer por eles as
coisas que ainda virão (na interação), com isso repetindo passado e
trancando o futuro (como faz qualquer burocracia sacerdotal do
conhecimento, mais conhecida pelo nome de escola e não é por acaso
que boa parte dessas plataformas foi pensada por professores ou
construída para atender a objetivos educacionais, entendidos como
objetivos de ensinagem). Mas para uma plataforma i-based -
adequada ao propósito de servir de ferramenta para o netweaving de
redes sociais - não se trataria de pavimentar uma estrada para os
outros percorrerem e sim de possibilitar que cada um pudesse abrir
seu próprio caminho (redes são múltiplos caminhos).

Ademais, ao contrário do que acreditam os supostos especialistas em


redes sociais na Internet, não é o conteúdo do que flui a variável
fundamental para explicar a fenomenologia de uma rede e sim o
modo-de-interagir e suas características, como a freqüência, as
reverberações, os loopings, as configurações de fluxos que se
constelam a cada instante, os espalhamentos e aglomeramentos
(clustering), os enxameamentos (swarming) que ocorrem, as curvas
de distribuição das variações aleatórias introduzidas pela imitação
(cloning) que produzem ordem emergente (a partir da interação), as
contrações na extensão característica de caminho (crunch) dentro de
cada cluster etc.

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Quando as pessoas que tomaram consciência das redes sociais a
partir da Internet começarem a cogitar essas coisas, talvez consigam
desenvolver uma ferramenta mais adequada ao netweaving de redes
sociais.

CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS DE UMA PLATAFORMA


INTERATIVA DE NETWEAVING

1 - Deve ser baseada na interação e não na participação (o que


significa, entre outras coisas, não conter mecanismos que produzam
artificialmente escassez, como votações e permissões diferenciadas
que ensejem a formação de oligarquias participativas - como na
Wikipedia, por exemplo).

2 - Deve ser amigável (como o Ning ou ainda mais).

3 - Deve ter funcionalidades que permitam a indexação de conteúdos


(além de refinado e amigável motor de busca interna).

4 - Deve ensejar gestão de conteúdo a partir da interação (e não a


partir de um schema classificatório estabelecido ex ante à interação).

5 - Não pode apostar na correção do tagueamento equívoco pelo


grande número de interagentes (ou seja, deve poder servir a grupos
de menos de 150 pessoas).

6 - Deve ter código aberto (e estimular à programação distribuída).

7 - Deve ser web.

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8 - Deve permitir back up de todo conteúdo a qualquer momento
(sem procedimentos de requisição burocrática aos administradores).

9 - Deve ter um indicador embutido de interatividade (e não apenas


de acesso, número de eventos ou intervenções, contagem de cliques
etc.)

10 - Pode ser paga (desde que tenha assistência online eficaz e no


idioma do usuário).

11 - Não pode ter funcionalidades irremovíveis e sem sentido (tipo os


presentes caça-cliques do Ning).

12 - Deve aceitar a incorporação de mecanismos ágeis e interativos


de micro mensagens (tipo Twitter, porém dentro da plataforma).

13 - Deve poder ser customizada para servir como instrumento de


crowdsourcing e peer-production (mais, muito mais, do que para
organização coletiva de projetos proprietários e gestão de
organizações proprietárias).

14 - Deve poder ser customizada para servir como ferramenta para


vários propósitos, em especial: como ferramenta de gestão da
transição de organizações hierárquicas (mais centralizadas do que
distribuídas) para organizações em rede (mais distribuídas do que
centralizadas); como ferramenta de gestão de aprendizagem (e não
de ensino) em diversas formas de communityschooling.

15 - Last but not least, deve tentar captar o fluxo (Fluzz, hehe) das
interações (inclusive das conversações) ao invés de apenas registrar
o passado em caixinhas. Esta seria a principal característica de uma
boa plataforma de articulação e animação de redes sociais: uma

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interface gráfica e dinâmica na homepage, com um grafo móvel e
links ativados (onde a um simples olhar seja possível captar o que
está se constelando no momento mesmo do olhar e também acessar
as regiões ativadas).

(*) Fluzz é o Buzz que o Google não fez. Nem poderia fazer

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