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INTITUTO TÉCNOLOGICO E EDUCACIONAL.

SILMARA REGINA BRAZ

A DIMENSÃO DA ARTETERAPIA:
Contribuições da psicologia transpessoal

CURITIBA, PR
2010
INTITUTO TÉCNOLOGICO E EDUCACIONAL

SILMARA REGINA BRAZ

A DIMENSÃO DA ARTETERAPIA:
Contribuições da psicologia transpessoal

Monografia de conclusão de curso


Apresentada ao ITECNE como requisito
Parcial à obtenção do título de Especialista
em Arte terapia.

Orientadora: Prof. Cleonice de sales

CURITIBA, PR
2010
SILMARA REGINA BRAZ

A DIMENSÃO DA ARTETERAPIA:
Contribuições da psicologia transpessoal

TERMO DE APROVAÇÃO.

COMISSÃO EXAMINADORA:
_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

NOTA;______________

CURITIBA, PR
____/____de 2010
RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso de especialização em arteterapia tem

como objetivo correlacionar às conceituações e técnicas que constituem a

arteterapia com os postulados fundamentais da psicologia transpessoal. Busca-se

pontos de encontro e similaridades entre ambas as abordagens, com a finalidade de

fundir suas forças motivadoras para a elaboração de uma pratica consistente

levando a arteterapia com base transpessoal para o contexto social, bem como

investigar a arteterapia e o processo arterapêutico como forma de prevenção e

profilaxia em clinicas, hospitais, instituições, empresas, escolas,etc. Utilizando a

Arteterapia como recurso para ajudar as pessoas a descobrirem e expressarem

seus sentimentos e buscar dentro de si as ferramentas para o seu desenvolvimento

psicológico e emocional.

A sua finalidade será ampliar o processo de criação, o benefício da cura, da

auto-estima e do autoconhecimento. Para alcançar nossos objetivos estaremos

abordando algumas questões como: Arteterapia e Psicologia transpessoal; O

simbólico; Além do ego; Os princípios do processo arte terapêutico e de como ele

pode se apresentar como instrumento de promoção de saúde e transformação social

numa visão existencial, através de diversas técnicas e materiais artísticos.

Palavaras chaves: Psicolgia transpessoal - processo criativo - ego, simbólico –


APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA.

O ser humano tem, ao lado das necessidades biológicas, anseios profundos

de ser amado e de ser importante para alguém; é desses anseios que se originam

as outras necessidades. Além do mais, o homem se esforça por atingir ou manter o

sentido do EU na procura do contato com o -você- com aquele que dá importância,

calor e carinho ao seu próprio eu. Quando tal ponte é destruída ele se perde e o

único meio de se reencontrar consigo e com a realidade externa será através da

restituição do seu equilíbrio emocional.

A palavra Terapia deriva do grego e tem um sentido de servir; honrar; assistir,

cuidar, tratar. A arte é entendida aqui como processo expressivo e representação

simbólica de sentimentos, pensamentos e atos, através do desenvolvimento da

criatividade e manuseios de materiais de maneira espontânea.

Nesse contexto, a arteterapia pode oferecer a ajuda necessária para que a nossa

sociedade e o mundo se tornem melhores. A atividade artística proporciona um

potente recurso focalizador – como um estado alterado de consciência, ajuda a

pessoa a focalizar seu mundo interno, adentrando um canal mais intuitivo e mágico,

onde nos surpreendemos com nossas próprias imagens e com os significados nela

encontrados. A Arteterapia usa os recursos artísticos e a criação para ajudar as

pessoas a descobrirem e expressarem seus sentimentos e buscar dentro de si as

ferramentas para o seu desenvolvimento emocional. A sua finalidade é o processo

de criação, o benefício da cura, a auto-estima e do autoconhecimento, Assim, não

se estará abordando questões particulares de ordem estética, técnica ou acadêmica,

mas essencialmente, este estudo revelará a interferência positiva da criatividade na


estruturação psíquica e no desenvolvimento da individualidade humana. Como

propõe May (1975, p. 79): “A criatividade ocorre num ato de encontro, e deve ser

compreendida como tendo por centro esse encontro”, que, como será visto neste

estudo, é do próprio homem consigo mesmo.

HIPÓTESE.

Constata-se que o interesse pelas terapias ligadas a uma abordagem mais

profunda e existencial do que costuma tratar a psicologia tradicional é crescente.

Uma hipótese levantada é de que o ser humano está se dando conta dos seus

potenciais transpessoais bloqueados por questões sociais, psicológicas e culturais,

buscando nas terapias alternativas bem como na arteterapia, mecanismos para o

fortalecimento de seu encontro com forças interiores e transpessoais e para o

rompimento de barreiras psicológicas, e de seus obstáculos as suas capacidades

criativas. Sendo na restituição da capacidade criativa que a arteterapia vai contribuir

para que possa fortalecer o sentimento de autoconhecimento, sentimento este

fundamental a saúde emocional, psíquica e espiritual.


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................
P. 07
CAPITULO 1 – CONHECENDO A ARTETERAPIA
Apresentação..............................................................................
.. P. 09
1.1- Breve histórico...............................................
P. 10
1.2- Fundamentos da Arteterapia.........................
P. 11
CAPITULO 2 – PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
Fundamentos..............................................................................
.. P. 13
2.1- características de uma nova
psicologia......... P. 16
2.2- Arteterapia e psicologia transpessoal uma
relação muito
sucedida................................................................P. 34
2.1- Além do
ego.................................................... P. 14
CAPITULO 3 - Arteterapia: espelho para
o auto-
conhecimento....................................................................... P.
17
3.1- Função da Arte na
Arteterapia.....................P. 18
3.2- Arteterapia como facilitadora do
processo
curativo........................................................................................
. P. 20
3.4- Ação do inconsciente na
criatividade............ P. 25
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................
P. 30
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................... P.
30
7

INTRODUÇÃO

“A arteterapia baseia-se na crença de que o processo criativo envolvido na

atividade artística é terapêutico e enriquecedor da qualidade de vida das

pessoas, tanto das que experienciam doenças, traumas ou dificuldades de

vida, como das que buscam desenvolvimento pessoal.

Por meio do criar em arte e do refletir sobre os processos e trabalhos

artísticos resultantes, as pessoas podem ampliar o conhecimento de si, dos

outros, aumentar sua auto-estima, lidar melhor com sintomas, estresse e

experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e

emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico.”

(Associação Americana de Arteterapia.)

Arteterapia é um termo que designa a utilização de recursos artísticos em

contexto terapêutico; pressupõe que o processo do fazer artístico tem o potencial

de cura e transformação quando o cliente é acompanhado por um olhar amplo do

arteterapeuta , que com ele constrói uma experiência que facilita a ampliação da

consciência e do auto conhecimento, possibilitando mudanças e transformações

psico-sociais. As técnicas expressivas favorecem a vivência profunda das

emoções, trazendo sensações e sentimentos que se traduzem no movimento, na

forma, na cor, no som.

Na Arteterapia o belo e a verdade não existem; aquilo que interessa é a

forma como a intensidade da paixão pessoal é transposta diretamente para o

trabalho, o ângulo pelo qual vê os elementos. Não é a técnica que interessa, mas

o espírito.
8

Em todas as suas manifestações, a arte é uma expressão do sentir

humano transformado em símbolos, não convencionais, que não

necessariamente precisarão levar o observador a significados conceituais pois,

antes de mais nada, a arte deve ser sentida e não pensada. Assim também é a

Psicologia Transpessoal, uma abordagem com um cabedal teórico e

metodológico próprios, cujas primeiras intuições e experiências remontam aos

primórdios da humanidade. O termo transpessoal significa “além do pessoal” ou

“além da personalidade”. Utiliza-se esse termo porque a psicologia transpessoal

ocupa-se de capacidades humanas que estão além da esfera do ego. A

abordagem transpessoal procura integrar em sua visão todo o potencial humano

que está ainda por desenvolver. Essas capacidades potenciais estão relacionadas

à existência de estados superiores de consciência, ainda desconhecidas para a

maior parte da humanidade. O caminho para atingir esses estados é o caminho

da auto-transcendência, ou superação do ego individual. Daí os termos:

superação do ego, além do ego, trans-ego, transpessoal. A psicologia

transpessoal é também a primeira corrente da psicologia a considerar

expressamente que o homem possui uma dimensão espiritual.

Nosso objetivo principal será tecer a relação entre a arte e a psicologia

transpessoal trabalhando como o suporte da Arteterapia para promover os aspectos

criadores, como fator de saúde e de transformações dos estados conflituosos para

transformar energias destrutivas em construtivas. possibilitar que a pessoa se

reconheça nas imagens produzidas e dialogar com a sua produção entre o

inconsciente e consciente, alem de desenvolver equilíbrio emocional e crescimento

interior sendo capaz de resgatar a capacidade para novas transformações. Ambas

as abordagens preconizam a “cura” de sintomas físicos, de “feridas da alma” e o


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encontro consigo mesmo e com o Eu Superior. Trataremos, neste trabalho, de

correlacionar conceitos e métodos de ambas as abordagens, no sentido de integrá-

los num fazer terapêutico que possa ser ao mesmo tempo lúdico, simbólico, criativo

e que possibilite esse encontro com o divino dentro de cada um.

No primeiro capítulo desta monografia apresentamos um breve panorama

sobre as principais questões que envolvem a arteterapia: Mas afinal, o que é a

Arteterapia? Como se dá o seu processo? Quais os conceitos envolvidos? Qual é a

sua base teórica? Quais benefícios ela pode trazer ao sujeito?

No segundo capítulo, abordaremos a psicologia transpessoal, apresentando

um breve histórico de seu surgimento e de seus fundamentos, a formação

necessária, os benefícios que traz ao sujeito entre outros aspectos.

No terceiro capítulo abordaremos as contribuições e os benefícios dessa

relação entre a arteterapia e a psicologia transpessoal no processo arteterapeutico.

Faremos uma breve apresentação do autoconhecimento e do processo de cura

quando comprometido com níveis de consciência além-ego e com a essência

criadora de cada um.


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CAPITULO 1- CONHECENDO A ARTERAPIA.

Apresentação

Neste capitulo faremos uma breve apresentação da arteterapia. Abordaremos

seu histórico, fundamentos teóricos e os benefícios da experiência arteterapeutica,

para que possamos avaliar no próximo capitulo da presente monografia como a

arteterapia pode auxiliar numa experiência transpessoal .

A Arteterapia não objetiva uma avaliação estética das produções realizadas,

mas a recuperação da possibilidade de cada indivíduo criar livremente e com isso

ativar seus núcleos sadios, encontrando formas de se comunicar, relacionar e estar

no mundo.

Por ser uma técnica de atuação sutil e por combinar elementos expressivos e

criativos, a Arteterapia pode ser aplicada a pessoas de todas as idades, de crianças

a idosos, individualmente ou em grupos. Esta prática é muito eficaz em casos de

dependência química, hiperatividade, deficiência auditiva e visual (dentre outros


11

problemas físicos), doenças degenerativas como Mal Alzheimer, doenças mentais e

em casos de dificuldade de comunicação verbal.

A Arteterapia pode também ser usada profilaticamente, como possibilidade de

evitar doenças físicas e/ou mentais, através da melhoria da qualidade de vida do

indivíduo.

Esta integração será a busca principal do processo arteterapêutico realizado a

partir da abordagem existencial de que falaremos nesta monografia. Assim, a seguir

abordaremos a Arteterapia, seu histórico, seus fundamentos, aplicações, dentre

outras coisas.

1.1 BREVE HISTÓRICO.

A Arteterapia tem sua origem na Antroposofia de Rudolf Steiner segundo o

qual o Homem é considerado um ser espiritual constituído de alma e corpo vivo,

onde através dos elementos (cor, forma, volume, disposição espacial, etc.) na

terapia artística, possibilita que a pessoa vivencie os arquétipos da criação, ou seja,

re-conecte-se com as leis que são inerentes a sua natureza, como isso, traz um

contato com a essência criadora de cada um.

Desde as épocas das cavernas, os seres humanos desenhavam imagens,

buscando representar, organizar e significar o mundo em que viviam. Desde tempos

imemoriais utilizam recursos como danças, cantos, tatuagens e pinturas em rituais

de cura, de poder e de invocação às forças da natureza. O uso terapêutico das artes

remonta às civilizações mais antigas. Porém, só em meados do século XX a

Arteterapia se delineia com um corpo próprio de conhecimento e atuação, motivada


12

pela crise da modernidade, em meio às mudanças que marcaram essa época. Após

duas guerras mundiais, uma das principais mudanças foi a queda do mito de que a

razão e a ciência seriam a resposta para tudo. Por volta de 1950 – a chamada era

pós-industrial, seguindo o surgimento da arte-educação e alimentada pelas mesmas

preocupações, surge a Arteterapia. Margareth Naumburg – artista plástica,

educadora e psicóloga americana – foi quem primeiro interessou-se pelas pontes

que entrevia entre o trabalho desenvolvido na sua escola, onde utilizava-se o

método Montessori e o campo da psiquiatria e da psicoterapia. Em suas palavras: “A

convicção de que a expressão livre na arte é uma forma simbólica de linguagem nas

crianças, básica a toda educação, cresceu através dos anos. Concluí que esta

expressão espontânea na arte poderia ser básica também ao tratamento

psicoterápico.” Naumburg não foi a primeira a utilizar o termo arteterapia, mas ficou

conhecida como “mãe” da arteterapia por ter sido a primeira a diferenciá-la

claramente como um campo específico, estabelecendo os fundamentos teóricos

sólidos para seu desenvolvimento. Em suas palestras, livros e ensinamentos,

sempre ficou clara sua crença na importância da atividade criativa e expressiva para

o desenvolvimento pleno. de cada ser humano e de cada comunidade social. Muitos

foram seus seguidores. Em 1969, foi oficialmente fundada a Associação Americana

de Arteterapia (AATA).

No Brasil, Osório Cesar nos anos 20 desenvolve importantes estudos sobre a

arte dos internos do Hospital Psiquiátrico do Juqueri, em SP, tendo realizado

inúmeras exposições dos trabalhos artísticos daqueles, e se destacado como o

pioneiro na análise de sua expressão psicopatológica. Na década de 40, Nise da

Silveira – outra pioneira – inaugura no Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro, no

Rio de Janeiro uma nova utilização da arte, agora como instrumento facilitador da
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comunicação entre terapeuta e paciente, e subseqüentemente, incorporando a

função de re-inclusão social do doente, através da pintura. Em 1952, é criado o

Museu do Inconsciente. Em 1956, Nise da Silveira participa do Congresso em

Zurique a convite de C.G.Jung levando uma enorme quantidade de trabalhos dos

internos. Em torno de 1970, foi ministrado o primeiro curso de arteterapia na PUC

por um norte-americano. Nise da Silveira em 1981, escreve seu livro "Imagens do

Inconsciente". Na década de 1980, essa abordagem foi trazida ao Brasil por Selma

Ciornai, psicoterapeuta gestáltica com formação em Arteterapia em Israel e nos

Estados Unidos, quem a desenvolveu em São Paulo, criando o curso de Arteterapia

no Instituto Sedes Sapientiae. O primeiro curso de pós-graduação em arteterapia no

Rio de Janeiro ocorreu em 1996. Em outubro de 1999, foi criada a Associação de

Arteterapia no Rio de Janeiro.

1.2 - FUNDAMENTOS DA ARTETERAPIA:

A criação nos absorve, envolve nossa mente. Enquanto criamos nossos

pensamentos correm soltos, penetram em caminhos que muitas vezes não o fariam

de outra forma e através da arte conseguimos manifestar nosso mundo interior,

nossas emoções pois o inconsciente produz imagens que são a expressão de

nossos sentimentos: alegrias, tristezas, dúvidas, medos, sonhos, desejos. Sendo

assim a arteterapia tem como foco o uso das práticas artísticas como função
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terapêutica, em qualquer modalidade, busca a organização da vida psíquica, com

base nas simbolizações psíquicas possíveis, ficando as questões dos aspectos

estéticos, formais e de julgamento como arte, desconsideradas. Na arteterapia a

obra efetuada perde sua pretensão puramente estética e de utilidade e ganha um

caminho para expansão da consciência que conduz ao desenvolvimento, ao

crescimento e ao fortalecimento interior. As técnicas da arteterapia baseiam-se no

conhecimento de que todo o indivíduo tenha ou não treinamento em arte, possui

capacidade latente para projetar seus conflitos internos sob forma artística, porém, a

arte por si só não é arteterapia, se não tiver a orientação de um terapeuta. O simples

fato de desenhar, pintar, esculpir, cantar é atividade das mais prazerosas,

desenvolve a criatividade e diferentes habilidades, porém não são arteterapêuticas.

Por conseguinte, para a arteterapia o objeto artístico é a objetivação,

exteriorização da complexa constituição subjetiva do homem, lugar privilegiado para

o estudo do desenvolvimento das funções psicológicas superiores e da

personalidade, a qual, segundo Vigotski (1999), se dá processualmente nessa

interação, por meio do gesto, do signo, da imagem, da palavra, dos instrumentos de

mediação com o outro, na sociedade.

As diversas formas de arte têm uma qualidade que nasce delas, o poder de

equilibrar forças oponentes da personalidade, como impulso-controle, amor-

acolhimento versus ódio-agressividade, sentimento-pensamento, fantasia-realidade,

consciente-inconsciente, favorecendo as necessidades do indivíduo diante das

demandas do mundo exterior e que podem ser entendidas como funções

psicológicas da arte. Nesse sentido, as expressões artísticas pela arteterapia são

utilizadas quando há dificuldades de verbalização pelo paciente, ou seja, como um

instrumento facilitador, quebrando a resistência com outro veículo além do verbal.


15

CAPITULO2

PSICOLOGIA TRANPESSOAL
16

Fundamentos:

A Psicologia Transpessoal reconhece e inclui na sua teoria outros enfoques

científicos, como a física quântica, a antropologia, a medicina, a filosofia, a

neurociência, a biologia; e a sabedoria das grandes tradições da humanidade, tais

como o budismo, o hinduísmo, o taoísmo, entre outras. Integram conhecimentos

oriundos de diferentes teorias psicológicas, como o behaviorismo, a psicanálise, a

psicologia humanista, a psicologia profunda de Jung, e retoma o foco do estudo da

consciência que orientou os criadores da psicologia ocidental.

A Psicologia Transpessoal busca sintetizar todas estas contribuições e cria

uma metodologia própria através de exercícios e práticas para a expansão da

consciência, tendo como meta o desenvolvimento integral do ser humano, nas suas

quatro dimenões: física, emocional, mental e espiritual. É a Escola de Psicologia que

pesquisa num nível científico a espiritualidade. Entretanto, é importante frisar que a

Psicologia Transpessoal não é religião, nem parapsicologia, apesar de se interessar

e investigar, quando necessário estes aspectos e contextos da mente humana.

Para a psicologia transpessoal a consciência é algo que existe

independentemente de nós e que, na sua essência, não é limitada pela matéria. É

independente dos nossos cinco sentidos físicos, sendo usada por eles, apenas, para

nos fazer perceber, cotidianamente o decorrer das nossas vidas.

Há que se entender, que a abordagem do individuo como ser transpessoal é a

base sobre a qual se sustenta a metodologia dessa quarta força da psicologia ,

que , nada mais é que o reconhecimento de elementos do inconsciente que atuam e

influenciam os processo conscientes.

Ao longo de nossa existência existira tarefas e barreiras psicológica que o ego

devera superar para que o individuo possa se tornar livre e confiar no aspecto
17

transcendente e transitório da condição humana, e é sem dúvida as capacidades

humanas que estão alem da esfera do ego que irão auxiliar para que ocorra essa

superação. Daí os termos: superação do ego, além do ego, trans-ego, transpessoal.

Assim sendo a Psicologia transpessoal vem de encontro com essas questões

por ser conceituada como o estudo cientifico e a aplicação dos diferentes níveis de

consciência para alem das fronteiras do ego em direção à Unidade Fundamental do

Ser. Ela favorece ao indivíduo a vivência da plena luz, de onde emerge o ser

integral, vivenciando um dispertar

2.2 - CARACTERISTICAS DE UMA NOVA PSICOLOGIA

Foi em meados da década de sessenta, durante o rápido desenvolvimento e


aceitação dos pressupostos básicos da psicologia humanista de Jung, com Maslow
e Rogers, que alguns psicólogos e psiquiatras começaram a discutir quais os limites
e características a que seria possível chegarem o potencial da consciência
humana. Muitos pesquisadores achavam que a visão da psique dada pela
Psicanálise e pelo Behaviorismo eram, no mínimo, bastante simplificadas e
reducionistas, não explicando uma grande gama de fenômenos mentais que
escapavam - e muito - do campo de alcance de tais teorias. E a Psiquiatria dava
ainda menos clareza sobre uma ampla gama de estados de consciência
claramente chocantes e, ao mesmo tempo, fascinantes, que não podiam se restringir
unicamente à história orgânico-biográfica de alguns pacientes. O movimento
transpessoal inicia seu surgimento quando os psicólogos humanistas começaram a
observar, em atendimentos clínicos e em trabalhos com grupos, fenômenos que
atestavam que o potencial humano era muito maior do que eles inicialmente
imaginavam. Havia fenômenos e percepções que as pessoas tinham que não
podiam ser explicados pela percepção dos cinco sentidos. Começou então a surgir
uma nova proposta de psicologia, que incorporava a dimensão espiritual do ser
humano, e considerava a existência de níveis de consciência superiores ao nosso
nível “normal”. A Psicologia Transpessoal. Reconhecendo-se atualmente na
psicologia quatro grandes correntes, ou “forças”. A Primeira Força é a abordagem
18

comportamental ou Behaviorismo. A Segunda Força é a Psicanálise, fundada por


Sigmund Freud e a Terceira Força é a Psicologia Humanista. A Psicologia
Transpessoal surgiu então com a proposta de ser a Quarta Força da Psicologia. De
modo diferente das 3 forças que a antecederam, a Psicologia Transpessoal não
aparece com contestação das correntes já vigentes, mas como uma evolução
natural da Terceira Força, a Psicologia Humanista. Sua fundamentação encontra-se
nas teorias do inconsciente individual e coletivo, defendidas por C. G. Jung, o criador
da Psicologia humanista, que salientou, de modo convincente, aspectos não
racionais e não lineares da psique, que inclui o misterioso, o criativo e o espiritual
como meios válidos, ou formas holístico-intuitivas de conhecimento. Jung via a
psique como uma interação complementar entre elementos conscientes e
inconscientes, com uma constante troca de informação e fluidez entre ambos. O
inconsciente não seria um mero depósito psicobiológico de tendências instintivas
reprimidas. Ele seria um princípio ativo inteligente, que, em seu estrato mais
profundo, ligaria o indivíduo a toda a humanidade, à natureza e ao cosmos. Ele não
seria governado apenas pelo determinismo histórico, como postulado por Freud,
mas também por uma ânsia evolutiva.

Pela sutil e cuidadosa análise de seus próprios sonhos, tal como antes fizera
Freud, bem como dos sonhos de seus pacientes e dos delírios de pacientes
psicóticos, Jung descobriu que os sonhos têm, algumas vezes, imagens e motivos
que se repetem e que podem ser encontrados não só nas diversas partes do mundo,
como também em diferentes períodos da história. Assim, ele chegou à conclusão de
que, além do inconsciente individual, há um inconsciente coletivo ou racial, comum a
toda a humanidade, manifestação da criatividade universal.
A estrutura da psique humana é compreendida por Jung como um vasto

oceano (inconsciente) no qual emerge uma pequena ilha (consciente). Jung abriu

um vasto campo de pesquisa, no que se refere às bases psíquicas do ser humano e

buscou a gênese de sua complexidade. Ampliou o entendimento das relações do

consciente com o inconsciente, observando empiricamente, por intermédio de sua

prática clínica, as manifestações dos arquétipos, aquilatando de forma científica a

profunda e determinante influência deles na produção dos sonhos e de todas as


19

formas de comportamento, sejam eles religiosos ou não. Também observou as

produções artísticas, folclóricas e religiosas pelo prisma arquetípico, postulando que

os arquétipos são os responsáveis pelas produções das imagens.

Segundo Jung, as experiências todas mais significativas para os nossos

predecessores, tanto os grandes sucessos como os grandes fracassos da atividade

“ficaram, ‘gravadas’ na estrutura cerebral, e são assim herdadas de geração em

geração: são estes os arquétipos do inconsciente coletivo”. Assim, essa constelação

de imagens arquetípicas se dá a partir de situações vivenciadas não totalmente

compreendidas pela psique consciente, que propicia uma reverberação emocional

que desencadeará um fluxo de imagens dotadas de sentido. Em outras palavras, em

momentos de grande perturbação, ou até mesmo de desorientação psíquica, o

inconsciente lança mão de um símbolo que represente com exatidão a totalidade da

personalidade ameaçada, como o símbolo do Si - mesmo, significando um

movimento de compensação da psique.

Com base na teoria de Jung de que o processo de individuação está vinculado

ao inconsciente, e que se efetiva pela interação perfeita entre o inconsciente e o

consciente, através da ação do “centro organizador de onde emana esta ação

reguladora”, que é uma espécie de “núcleo atômico” do sistema psíquico – o self

(totalidade absoluta da psique que se diferencia do ego – pequena parte da psique), e

ainda, de que o homem, por intuição, sempre esteve consciente deste centro regulador,

que opera pelo inconsciente coletivo (cunhado na interferência da cultura religiosa sobre

o inconsciente pessoal através da presença de arquétipos geradores de uma simbólica

dominante), que conecta o homem com o mundo exterior a si, interferindo no

desenvolvimento da sua personalidade consciente. Chamado de processo de

individuação, ao qual o indivíduo se submete para se tornar uma pessoa inteira,

indivisível, completa e auto-realizada. Ocorrendo tanto no plano pessoal como no


20

coletivo, motiva o ser humano do nascimento à velhice, e o guia em suas escolhas

afetivas e profissionais (RAMOS eMACHADO, 2005, p. 41). Em síntese, Jung

chamou Processo de Individuação o pressuposto de que o homem é capaz de

atingir sua totalidade, que é o tornar-se único, a realização de si mesmo, isto é, de

que pode curar-se, atesta Silveira (1984, p. 80): “toda imagem arquetípica não é um

símbolo por si só. Em todo símbolo está presente a imagem arquetípica como fator

essencial, mas, para construí-lo, a esta imagem devem ainda ajuntar-se outros

elementos. O símbolo é uma forma extremamente complexa”. Isto porque, nesta

forma, se reúnem os opostos (inconsciente e consciente) numa síntese que vai além

das capacidades de compreensão disponíveis no presente, e que ainda não pode

ser formulada dentro de um conceito. Por reunir inconsciente e consciente, “o

símbolo não é nem racional nem irracional, porém as duas coisas ao mesmo tempo.

Se é de uma parte acessível à razão, de outra parte, ela lhe escapa para vir fazer

vibrar as cordas ocultas no inconsciente”

Ele estava convicto da realidade da dimensão espiritual no esquema universal

das coisas e dispunha-se a aceitar o irracional e o paradoxal como válidos em si

mesmos. Sua suposição básica era que o elemento espiritual é uma parte orgânica

integral da psique. A verdadeira espiritualidade, ou a sua busca, é um aspecto

pulsional do inconsciente coletivo, independente do condicionamento da infância e

da vida do indivíduo, do ponto de vista cultural e educacional. Assim, se a análise e

a auto-exploração alcançam suficiente profundidade, os elementos espirituais

emergem espontanemante na consciência.


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Capiuto 3

Arteterapia e psicologia transpessoal: Uma relação

muito bem sucedida!

Oque a arteterapia tem haver em comum com os conceitos da Psicologia

transpessoal?

Desde o incio de nossa pesquisa procuramos por referenciais que de

alguma forma construi-se uma ponte como base no caminho entre a arte terapia e

a psicologia transpessoal. Encontramos nesses referenciais que a arte terapia pode

facilitar o acesso aos conteúdos internos dos sujeitos, trazendo a luz elementos que

ainda estavam inconscientes trazendo dor ou conflito. Vimos também que a arte

terapia se utilizando das mais diversas manifestações artísticas ordena e organiza

nosso psiquismo , pois estes conteúdos internos se apresentam através de símbolos

para que se possa apreender todos os seus possíveis significados, dentro da

concepção de cada um. Conhecer tais conteúdos traz a possibilidade de transformá-

los e/ou integrá-los, permitindo que o sujeito viva melhor.

Portanto com base nesses conteúdos internos buscamos compreender o

núcleo central que é aqui apreciado como uma manifestação divina garantida a
22

todos que se comprometem com a busca do auto conhecimento e o

reconhecimento de suas personas e seus modos de funcionamento nas diversas

situações, bem como a aceitar e acolher suas sombras.

Tudo isso ocorre através de um processo psíquico bem abordado pelos

pressupostos teóricos de Jug que parte da premissa que os indivíduos, no curso

natural de suas vidas, em seus processos de auto-conhecimento e transformação,

são orientados por símbolos. Estes emanam do self (núcleo),centro de saúde,

equilíbrio e harmonia, representando para cada um o potencial mais pleno, a

totalidade da psique e a essência de cada um. Por sua vez a arteterapia seria o

catalizador fornecendo suportes materiais para que essa enegia psíquica libere

símbolos em criações diversas ativando e realizando a comunicação entre

inconsciente e consciente.

A partir deste encontro, com o auxílio cuidadoso do arteterapeuta, o sujeito pode

começar a identificar seus nós e a afrouxá-los; a reconhecer suas personas e seus

modos de funcionamento nas diversas situações; a aceitar e acolher suas sombras; a

compreender e integrar as imagens arquetípicas que surgem em suas criações.

Por sombra entendemos através de Jung que é uma espessa massa de

componentes diversos, aglomerado desde pequenas fraquezas, aspectos imaturos

ou inferiores, complexos reprimidos, até forças verdadeiramente maléficas,

negrumes assutadores. Mas também na sombra poderão ser discernidos traços

positivos: qualidades valiosas que não se desenvolveram devido a condições

externas desfavoráveis ou porque o indivíduo não dispôs de energia suficiente para

levá-las adinate, quando isso exigisse ultrapassar convenções vulgares.

O termo transpessoal significa "além do pessoal". Esse termo é utilizado

porque a psicologia transpessoal se ocupa não somente dos conflitos existenciais


23

das pessoas, mas também do potencial de desenvolvimento que existe em cada um

de nós e da profunda conexão entre nós e coletivo ao nosso redor. Outro diferencial

é a compreensão da espiritualidade como parte do processo de crescimento

humano. Cultivar a espiritualidade necessariamente não é professar uma religião

mas o sagrado e a ética que existe em cada pessoa.

Jung se refere à capacidade de auto-atualização através do auto-

conhecimento e da integração do consciente com o inconsciente:

"(...) quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do auto-

conhecimento (...) vai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho,

susceptível e pessoal do eu, aberta para a livre participação de um mundo mais

amplo de interesses objetivos. Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo

egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que

sempre deve ser compensado ou corrigido por contra-tendências inconscientes;

tornar-se-á uma função de relação com o mundo dos objetos, colocando o indivíduo

numa comunhão incondicional obrigatória e indissolúvel com o mundo".

cujo objetivo é permitir à pessoa o acesso a todas as áreas de sua

personalidade... (e) enfatiza que as necessidades de significado de vida, de valores

universais e de vivência espiritual são tão reais quanto as outras necessidades

biológicas ou sociais".

Tendo uma visão holística, a Psicoterapia Transpessoal não elimina as

contribuições que outras linhas psicoterápicas oferecem, porém vai além dos limites

destas abordagens, pois tem uma concepção de consciência que não se prende às

funções do ego vigil. Isto não significa que ela não trabalhe com resolução de

conflitos neuróticos, alívio de sintomas, modificação de comportamentos, mas que,


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ao trabalhar com indivíduos que têm estas necessidades, tem como objetivo ulterior,

também prepará-Io para atingir um nível de desenvolvimento espiritual elevado que

implique numa ampliação da consciência.

Cap 2

- ALÉM DO EGO

Cal Jung observou de maneira incisiva que” a vida de uma pessoa

é característica daquela pessoa”. Os nossos dilemas, as dificuldades e

os apuros aliados á nossa maneira de enfrentá-los e lidar com eles

definem quem somos, porque estamos aqui e o que procuramos

conseguir com esta existência no plano terreno. È muito comum o ego

julgar o valor do individuo com base na posição social, na segurança ou

em outros sinais de realizações materiais, mas a alma da pista referente

à índole do individuo através das tarefas e dos desafios designados por

ela. Nós acreditamos, alias, erroneamente, que a meta consiste em

felicidade, conforto, bem estar, segurança e posição social,mas a alma

tem uma ordem completamente diferente.Ela não se interessa pelo

sofrimento do ego; só quer que aja o refinamento, o fortalecimento e a


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purificação, de modo que o ego seja digno de se reconectar e cumprir a

finalidade da alma, ou seja na maioria das vezes os desejos do ego não

são as verdadeira necessidades para nossa alma.

Um dos direcionamentos que norteiam a maioria dos

procedimentos de crescimento e desenvolvimento individual esta na

célebre frase inscrita no portal do templo de Delfos, na antiga Grécia:

conhece a ti mesmo. A grande maioria dos seres humanos não

consegue conhecer e muito menos compreender a origem de seus

pensamentos, como são elaboradas as imagens mentais, qual a

natureza de seus sentimentos, emoções e reações. Isso nos induz a

uma primeira reflexão: "Precisamos descobrir dentro de nós as qualidades e

potenciais, despertá-las e colocá-las em ação". O grande problema de nos

enfrentar-mos certas situações, não é nós conhecermos esta situação, nós olhamos

errado, nós olhamos de maneira altamente objetiva para a situação, falta nós

olharmos de maneira objetiva para o âmbito subjetivo, ou seja para nós vermos a

nossa subjetividade. Nessa visão, maturidade não é um desdobramento natural do

tempo vivido, e sim resultado da vontade, do esforço de cada indivíduo em

conquistá-la. Exatamente por isto é possível encontrar pessoas vazias em plena

velhice e, ao contrário, mentes sábias no auge da juventude.

o homem hoje mais do que nunca tem uma tendência para as coisas

exteriores e, não consegue reconhecer naturalmente a necessidade interior. Os

conteúdos expressos através das diversas artes libertam a pessoa, pois, trazendo

ao consciente suas limitações, seus conflitos, suas capacidades, trabalham seu auto
26

conhecimento, elevando sua auto estima e permitindo uma melhor aceitação de si

mesmo. A pessoa se torna mais criativa e mais participativa.

O ego sente-se tolhido nos seus desejos e culpa o exterior pela sua

frustração. Precisamos procurar nas imagens simbólicas a nossa sombra, as

verdades amargas e encará-las, para que o processo de individuação ocorra. No

sentido estrito o processo de individuação só é real se o indivíduo estiver consciente

dele, o ego deve se entregar ao impulso inconsciente de crescimento.


27

CAPITULO 4

ARTETERAPIA ESPELHO PARA O AUTO-CONHECIMENTO

De um modo geral o que não damos a devida atenção, tende a regressar de

maneira nem sempre agradável. Quanto mais energia investimos na repressão do

nosso pensar, sentir ou agir, com mais força e energia este material retornará. Seja

através de sonhos, “atos falhos” ou mesmo situações cotidianas, que de forma

inconsciente, atraímos; para que o que foi reprimido aflore e então possamos

realizar nosso aprendizado e evoluir.

Ocorre que geralmente estes fatos nos surpreendem e sempre atribuímos

culpa a terceiros: vizinhos, mulher, marido, empregada, filhos ou até ao cachorro.

Mas é o barulho interno que incomoda e somente cada indivíduo é responsável por

seu próprio ruído.(Ostrower,Fayga.I987)

Um dos direcionamentos que norteiam a maioria dos procedimentos de

crescimento e desenvolvimento individual esta na célebre frase inscrita no portal do

templo de Delfos, na antiga Grécia: conhece a ti mesmo. A grande maioria dos seres

humanos não consegue conhecer e muito menos compreender a origem de seus

pensamentos, como são elaboradas as imagens mentais, qual a natureza de seus

sentimentos, emoções e reações. Isso nos induz a uma primeira reflexão:

"Precisamos descobrir dentro de nós as qualidades e potenciais, despertá-las e

colocá-las em ação".

O grande problema de nos enfrentar-mos certas situações, não é nós

conhecermos esta situação, nós olhamos errado, nos olhamos de maneira altamente

objetiva para a situação, falta nós olharmos de maneira objetiva para o ambito
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subjetivo, ou seja para nós vermos a nossa subjetividade. Nessa visão, maturidade

não é um desdobramento natural do tempo vivido, e sim resultado da vontade, do

esforço de cada indivíduo em conquistá-la. Exatamente por isto é possível encontrar

pessoas vazias em plena velhice e, ao contrário, mentes sábias no auge da

juventude.

Não tenho a pretensão de aprofundar o assunto e menos ainda de saturá-lo.

O que me leva a refletir sobre este tema é a necessidade de abordar como as

imagens artísticas e oníricas se assemelham na tentativa de alcançar ou canalizar o

desejo não satisfeito. A atividade artística proporciona um potente recurso

focalizador – como um estado alterado de consciência, ajuda a pessoa a focalizar

seu mundo interno, adentrando um canal mais intuitivo e mágico, onde nos

surpreendemos com nossas próprias imagens e com os significados nela

encontrados.

Por acreditar num poder curativo da arte ainda desconhecido e inexplorável,

devido ser um novo campo do conhecimento. Acredita-se que aja muita relação

entre o poder curativo da arte e a psicologia transpessoal e que as duas sendo

campo novo de conhecimento constituem-se de materiais ricos para contribuir para a

integração e auto conhecimento do ser humano. Não foi através da mente, através

do pensamento, que foi criado e é mantido o milagre que é a vida na Terra ou no

seu corpo. Existe claramente uma inteligência a reger este processo que é de longe

maior do que a mente. Como pode uma única célula humana, que de largura mede

um milionésimo de polegada, conter dentro do seu DNA instruções que dariam para

encher 1000 livros de 600 páginas cada um? Quanto mais aprendemos sobre o

funcionamento do corpo, mais compreendemos quão vasta é a inteligência que o


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rege e quão limitado é o nosso conhecimento. Quando a mente se liga novamente a

essa inteligência, transforma-se numa ferramenta maravilhosa.

Adentrar os mistérios da Arte e sua relação com o divino, o sagrado, é

semelhante a buscar o invisível no mundo da matéria, é necessário um mergulho

nas profundezas, no interior das aparências. Jung nos alertou dizendo que "o

homem não possui poderes criadores, mas é, antes, possuído por eles." É o fogo

divino que forja a imagem e a faz concreta nas mãos do paciente num processo

arteterapeutico. O trabalho com a Arte põe o paciente no centro de um universo e

não mais no centro de uma sociedade. Ouvimos dizer que a Física quântica trouxe

Deus para a ciência, Jung trouxe Deus para a Psicologia e eu acrescentaria que a

Arte sempre esteve com Deus, ela é inspiração divina. a Arte, tem a capacidade de

religar, reconectar com a essência divina. Se, como diz Fayga Ostrower, "é ao nível

de valores internalizados que se dá a criação, então o entrelaçamento da Arte com a

Psicologia também se dá a nível do auto-conhecimento, do aprofundamento e

conscientização de si. Toda auto-realização implica auto-conhecimento, conhecer-se

a si mesmo a partir da relação com o outro e nesta arte da relação o indivíduo

adquire consciência atingindo novos níveis de compreensão de si e do mundo.

Se um dos postulados fundamentais da Psicologia Transpessoal é que toda

vivência da realidade é função do estado de consciência em que nos encontramos.

Creio que este é o ponto básico de encontro entre as duas abordagens. Tanto a

psicologia Transpessoal quanto a Arteterapia preocupam-se em promover

mudanças de estado de consciência para propiciar a superação de sintomas e

despertar sentimentos de paz, confiança, entrega, compaixão, amor, resultando em

um estado de harmonia interior, ambas as abordagens preconizam a “cura” de


30

sintomas físicos, de “feridas da alma” e o encontro consigo mesmo e com o Eu

Superior.

A arteterapia como poder de cura se espalha hoje em dia por hospitais,

clínicas, escolas e instituições. Não para levar as pessoas a serem artistas do pincel

ou do lápis, mas para que possam ser artistas do manter-se vivos e bem. O que

pode ser mais sagrado e transpessoal que isso?

2.3 - A ARTETERAPIA COMO FACILITADORA DO PROCESSO


CURATIVO

O mais importante não é saber o que nos faz adoecer mas sim o que nos

torna saudáveis Esse é o foco ideal do trabalho em arteterapia.

Freqüentemente o cliente chega a arteterapia com mais criticas e

julgamentos do que com curiosidade sobre si mesmo. O ego sente-se tolhido nos

seus desejos e culpa o exterior pela sua frustração. Precisamos procurar nas

imagens simbólicas a nossa sombra, as verdades amargas e encará-las, para que o

processo de conscientização ocorra. No sentido estrito o processo de

conscientização só é real se o indivíduo estiver consciente dele, o ego deve se

entregar ao impulso inconsciente de crescimento.

o homem hoje mais do que nunca tem uma tendência para as coisas

exteriores e, não consegue reconhecer naturalmente a necessidade interior. Os

conteúdos expressos através das diversas artes libertam a pessoa, pois, trazendo
31

ao consciente suas limitações, seus conflitos, suas capacidades, trabalham seu auto

conhecimento, elevando sua auto estima e permitindo uma melhor aceitação de si

mesmo. A pessoa se torna mais criativa e mais participativa.

A arteterapia trabalha com o simbólico, que é uma forma de energia psíquica,

esta energia se manifesta através de imagens. A energia que esta contida no

símbolo vem do inconsciente e, através das técnicas expressivas, ela é trazida para

o consciente e é trabalhada. Os símbolos são difíceis de verbalizar, pois eles se

expressam por analogias, por metáforas. Dessa forma, o processo simbólico precisa

da imagem para que os conteúdos inconscientes sejam trazidos para o consciente e

para isso são usadas a modelagem, a pintura, a colagem, construção e confecção

de marcaras, criação de personagens e diversas outras técnicas, visando facilitar a

compreensão do significado do símbolo indispensáveis para que cada individuo

entre em contato com os aspectos a serem entendidos, assimilados e alterados.

Para CARVALHO(1995,P.18) “ A linguagem artística projeta profundamente

nossos conflitos necessidades, aspirações. A compreensão terapêutica dessa

linguagem, aliada ao prazer que a criatividade pode proporcionar, pode levar a

experiência altamente significativas e valiosas para a integração do ser humano.

Imagem, na concepção junguiana, é algo capaz de representar,

figurativamente, a situação inconsciente em que vive determinada pessoa. Uma

imagem pode ser rica em símbolos, em personagens, em situações, em sentimentos

e é produzida espontaneamente por nosso inconsciente. É como se o inconsciente

fosse um pintor, um artista, o qual, a cada dia, decidisse pintar um quadro repleto de

elementos e imagens, muitas vezes, incompreensíveis para quem o admirasse,

porém denso em significações para aquele que o produziu.


32

O paciente, na arteterapia, é instrumentalizado por materiais expressivos

diversos e adequados a expressar e a comunicar seus símbolos da energia psíquica

(sentimentos, emoções, sonhos, desejos, afetos, fantasia, conflitos) para o meio

exterior, possibilitando revelações, reconhecimentos, resgates, reconstrução e

transformação. Assim, nas expressões artísticas, os pacientes expõem a si mesmos,

isto é, deixam aflorar todo seu contexto social, suas percepções sobe o mundo, sua

identidade, afetividade, imaginação, em fim, seu mundo psíquico inconsciente.

A escuta interessada do arteterapeuta é curativa por si só, uma vez que

consegue por espelhamento, fazer emergir o interesse da pessoa por si mesmo,

abrindo espaço para características que estavam escondidas ou negadas.

Função da Arte na Arteterapia

Segundo Philippni (2004) A Arteterapia é um processo terapêutico expressivo,

um caminho de auto-conhecimento e individuação, através de experiências artísticas

que ampliam as potencialidades de cada um e geram transformações das relações

pessoais e com o mundo. uma, dentre as inúmeras formas de descrever o que é

mesmo Arte Terapia, será considerá-la como um processo terapêutico que ocorre

através da utilização de modalidades expressivas diversas. As atividades artísticas

utilizadas configurarão uma produção simbólica concretizada, em inúmeras

possibilidades plásticas, diversas formas, cores, volumes, etc. Esta materialidade

permite o confronto e gradualmente a atribuição de significado às informações

provenientes de níveis muito profundos da psique, que pouco a pouco serão

apreendidos pela consciência. (p.13).


33

A Arte é desbloqueadora, aproxima a pessoa da sensação e da emoção,

dando acesso a conteúdos internos não explicados pela linguagem verbal. Criar é

expressar a existência humana. Para Andrade (2000), “é condição ‘sine qua non’

que a arte esteja no centro do trabalho para este ser considerado como arte terapia.

A arte é, portanto, a coluna vertebral da Arteterapia, a única justificativa para a

mesma se constituir como uma disciplina diferenciada.” (p.165).

O processo de Arteterapia dá-se pela experimentação de diversas manifestações

artísticas

– arte plástica, música, dança teatro, escrita, entre outros. Cada modalidade

maneira diferenciada em cada indivíduo, despertando conteúdos a serem

observados e trabalhados, dentro dos limites de cada um, colaborando para que

sejam encontradas soluções criativas para problemas e para que esses sejam

enfrentados com maior segurança, melhorando a qualidade das relações pessoais e

a qualidade de vida do indivíduo.

Para Ciornai (1995), a Arteterapia proporciona, de maneira eficaz e rápida, pontes

para a intersubjetividade, um contato rico, íntimo e profundo que, dependendo do

caso, pode prescindir de palavras ou enriquecer com elas.

Rhyne (2000) defende que esse tipo de autodescoberta pela arte pode e

freqüentemente leva não apenas à auto-realização, mas também a um aumento da

capacidade de comunicação, compreensão, relacionamento e compromisso com os

outros. Pensa-se que o trabalho terapêutico se utiliza dos recursos da arte pode

promover o desenvolvimento emocional dos indivíduos que com ele têm contato,

dado o aumento da capacidade de comunicação, da percepção e

entendimento de si mesmo, e com isso, proporciona uma vida mais saudável.

Müller (2005) afirma que


34

a arteterapia se apresenta como possibilidade diferenciada no estabelecimento e

aprofundamento do vínculo terapêutico, diferenciando-se de outras práticas

psicoterapêuticas porque a própria linguagem criativa, os materiais utilizados (cores,

texturas, possibilidades de expressão com cada material), agregados ao olhar

terapêutico

modalizador, tornaram-se incentivadores de expansão ou continência necessárias

em

cada momento do processo. A arteterapia utiliza esses elementos de tal forma que

eles

são, em grande parte dos casos, um instrumental de melhor adesão terapêutica e

que têm

menos possibilidade de suscitar resistências – que ocorreriam nas psicoterapias

verbais,

já que nelas os pacientes têm amplo domínio da linguagem racional verbal e maior

capacidade de manipulação, dissimulação e controle.(p.123/124).

A Arteterapia não objetiva uma avaliação estética das produções realizadas, mas a

recuperação da possibilidade de cada indivíduo criar livremente e com isso ativar

seus núcleos

sadios, encontrando formas de se comunicar, relacionar e estar no mundo.

Por ser uma técnica de atuação sutil e por combinar elementos expressivos e

criativos, a

Arteterapia pode ser aplicada a pessoas de todas as idades, de crianças a idosos,

individualmente

ou em grupos. Esta prática é muito eficaz em casos de dependência química,

hiperatividade,
35

deficiência auditiva e visual (dentre outros problemas físicos), doenças

degenerativas como Mal

de Alzheimer, doenças mentais e em casos de dificuldade de comunicação verbal.

A Arteterapia pode também ser usada profilaticamente, como possibilidade de evitar

doenças físicas e/ou mentais, através da melhoria da qualidade de vida do indivíduo.

CONCLUSOES:

O ser humano é o único ser capaz de interagir consigo e com os outros seres,
afetando o
mundo e sendo afetado por ele; tem anseios profundos de ser amado e de ser
importante -
importante para alguém.
Existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito-observado; o
sujeitoobservador
faz parte do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos de acordo com
seus
valores e crenças, dando-lhes um significado.
Confirmaram-se as hipóteses de que os indivíduos disfuncionais podem ser
ajudados a se
tornarem funcionais por meio da análise dos processos cognitivos, pela melhora das
estratégias
do conhecimento e da aprendizagem e, pelo ensino de estratégias cognitivas
eficazes, que
substituam as mal adaptadas, negativas ou ineficazes. A outra hipótese diz respeito
às alunasparticipantes,
pois, como declararam sentiram-se estimuladas e gratificadas com a experiência.
Quanto aos objetivos pôde-se demonstrar que a intervenção de enfermagem se
enriqueceu ao aplicar a arteterapia, na avaliação e na administração do ócio dos
pacientes. O
testemunho dos alunos do Curso de Graduação de Enfermagem evidenciou quanto
a técnica
auto-expressiva aplicada aos pacientes hospitalizados foi humanizadora e quanto
serviu de
terapia não só para o paciente como para si próprios. Eles concluíram, ainda, que a
arteterapia
pode ser empregada, como atividade prática da disciplina Administração do
Processo de
36

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

SILVEIRA, Nise da. Jung: vida e obra. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. 190

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RAMOS, Denise Gimenez; MACHADO, Péricles Pinheiro. Consciência em evolução.

Viver – mente e cérebro (Memória da Psicanálise Nº 2 - JUNG), São Paulo, n. 2, p.

41-49,

[2005].

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 1987,

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JAFFÉ, Aniela. O simbolismo nas artes plásticas. JUNG, Carl G. (Org). O homem e

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1964. cap.

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FERNANDES, Roberto Rosas. Salto para o sagrado. Viver – mente e cérebro

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Psicanálise Nº 2 - JUNG), São Paulo, n. 2, p. 50-55, [2005].

Boainain Júnior, E. (1996). Transcentrando: Tornar-se Transpessoal. Tese de

Mestrado. São Paulo, USP.

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