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foto: Thiago Gustavo

Ano 1 | nº 4 | São Luiz do Paraitinga | 2ª quinzena / Abril de 2010

Audiências públicas mobilizam moradores


foto: Chinica Medeiros
Duas concorridas audiências públi- ro Santa Terezinha, em
cas foram realizadas em São Luiz do terreno pertencente à
Paraitinga nas últimas semanas – am- Prefeitura, e tomare-
bas na Praça da Matriz e com grande mos conta também das
afluência de público – com o objetivo estradas e das pontes,
comum de levantar as dúvidas e escla- pois são 730 quilôme-
recer a população. tros de vias rurais e há
A primeira delas, na sexta-feira uma ponte danificada no
(9/4), tratou do patrimônio histórico Rio Acima”, explicou.
e cultural da cidade e procurou expli- Bens imateriais
car o que foi feito, o que falta fazer e Anna Beatriz Galvão
o que ainda pode acontecer com os disse que o tombamen-
imóveis tombados da cidade. A outra, to realizado pelo Iphan,
na segunda-feira seguinte (12/4), teve embora em caráter
como tema a questão das enchentes provisório, compreende
e as possíveis soluções para um pro- tanto os sítios arqui-
blema que, afora ter causado uma tra- tetônicos como todo
gédia no início do ano, definitivamente o patrimônio cultural
passou a integrar a pauta de preocu- – como o saber musical,
pações dos moradores do município. as festas (a do Divino
Patrimônio cultural Espírito Santo incluída)
Na primeira audiência, a mesa direto- – e até o entorno pai-
ra esteve formada pelo professor José sagístico, agora também
Xaides de Sampaio Alves, da Universi- protegidos pela medida
dade Estadual Paulista (Unesp-Bauru), tomada pelo Ministério Diálogo e prestação de contas: o diferencial
que conduziu os trabalhos, a prefeita da Cultura. Disse ain- é a participação organizada da comunidade
Ana Lúcia Bilard Sicherle, a arquiteta da que o escritório do
Anna Beatriz Galvão, superintendente Iphan instalado em São Luiz tem como Histórico já possuam a documentação ca, segundo ela, será construída pela
do Instituto do Patrimônio Histórico finalidade tornar mais ágil a aprovação básica. “Acho que os casarões estão Secretaria de Estado da Cultura, em
e Artístico Nacional (Iphan) em São de projetos de restauração da casas com a documentação em dia. Se esti- conjunto com o Ministério da Cultura;
Paulo, e a presidente do Conselho de dos moradores. ver faltando algo, peço que liguem na quanto ao cinema, disse estar com di-
Defesa do Patrimônio Histórico, Ar- De outra parte, Rovena Negreiros as- Prefeitura para arrumarmos o neces- ficuldade em encontrar um lugar ade-
queológico, Artístico e Turístico (Con- sinalou que o governo paulista destinou sário, pois só assim poderão conseguir quado para implantar o projeto.
dephaat), arquiteta Rovena Negreiros. um total de R$ 40 milhões para a pro- financiamento”, disse a prefeita. Ela as- A prefeita mencionou ainda as obras
As representantes dos Iphan e do teção e recuperação do patrimônio his- sinalou ainda que “em Catuçaba o pro- emergenciais de contenção, como os
Condephaat discorreram sobre as me- tórico do Estado e que, embora o Con- blema é mais grave: as residências, em cortes nos morros e as intervenções
didas tomadas até o momento, expli- dephaat não peça prova de propriedade sua maioria, não têm documentos”. nas encostas da Rua do Carvalho, ex-
caram o significado dos tombamentos para a aprovação de projetos, os órgãos Houve uma sugestão do público no plicando que todos os cortes e mo-
realizados pelos órgãos que dirigem financiadores exigem que a documenta- sentido da criação de algum material vimentações de terra são aprovados
e os critérios a serem seguidos em ção do imóvel esteja em dia para conce- didático para que as escolas expli- pela Secretaria de Meio Ambiente do
casos de restauração, reforma ou re- der empréstimos para a reconstrução. quem aos alunos o que cada casa da Estado. O novo conjunto habitacional,
construção dos edifícios prejudicados As principais perguntas dos muní- cidade representa, pois este seria um por exemplo, está sendo construído
pelas águas da enchente. A prefeita fa- cipes giraram em torno dos recursos princípio educativo importante para em local já previsto no Plano Diretor
lou a respeito de diversos projetos em para recuperação e reforma dos ca- a formação e preservação dos valo- do município.
andamento no âmbito do Executivo sarões particulares tombados. Anna res culturais da comunidade luizense. Ana Lúcia comentou os problemas
municipal, da divulgação das tradições Beatriz explicou que há a intenção do A prefeita explicou que já existe um ocorridos na Casa Oswaldo Cruz, que
luizenses e da baixa arrecadação de Iphan e do Condephaat bancarem a trabalho, realizado em conjunto com recentemente foi prejudicada por uma
impostos na cidade, principalmente no elaboração de projetos. a Universidade de Taubaté, que prevê infiltração causada pela chuva. “Parte
tocante ao Imposto Predial e Territo- Questionada se o tombamento fei- o uso de material didático que reforçe da casa estava destelhada e a taipa de-
rial Urbano (IPTU), que este ano ainda to pelo Iphan também protegeria as a compreensão do caráter histórico e pende de uma cobertura para resistir
não foi cobrado. fazendas antigas existentes no muni- cultural do município.“O trabalho está à chuva. O que aconteceu ali é recu-
Ana Lúcia anunciou também os re- cípio, Anna Beatriz disse que será con- pronto, mas ainda não foi publicado. A perável. Existe projeto para criar uma
cursos destinados pelo Estado e pela tratada uma empresa para realizar um ideia é distribuí-lo em todas as resi- nova proteção para a casa, já em ad-
União para execução de projetos no mapeamento de todo patrimônio ma- dências do município, pois precisamos namento”, informou. Ela lembrou que
município. Informou que até o mo- terial e imaterial de São Luiz, aí incluí- que cada morador se sinta inserido na em 2009 houve a intenção de reparar
mento foram conquistados R$ 15 dos os bens culturais da zona rural. história da sua cidade.” a casa, mas como o imóvel não per-
milhões para obras de reparo e ou- Patrimônio municipal Após questionamento relacionado à tencia ao município, não foi possível
tras medidas de emergência. “Nada de Ana Lúcia voltou à questão da docu- construção de uma biblioteca e de um realizar a obra. Agora, a Casa Oswaldo
novo poderá ser construído com essa mentação necessária para se pleitear cinema, Ana Lúcia explicou alguns dos Cruz pertence ao patrimônio da cida-
verba. Vamos cuidar do Alto do Cru- financiamento para reformas, e disse projetos de construção e reformas de. [Na pág. 2, matéria sobre a audiência
zeiro, construiremos 20 casas no bair- acreditar que os casarões do Centro preparados para a cidade. A bibliote- pública que tratou da enchente.]


As enchentes em discussão
foto: Chinica Mdeiros
Na audiência pública da noite de
12/4, na Praça da Matriz, a mesa esteve
Às claras composta pela prefeita Ana Lúcia Bilard
Sicherle, a diretora regional do Depar-
O desastre causado pela en- tamento de Águas e Energia Elétrica
chente não foi pequeno, suas (DAEE), engenheira Marli Reis, e pro-
consequências são bem visíveis fessor emérito da Escola Politécnica da
e as marcas ficarão para sempre Universidade de São Paulo, Kokei Ueha-
– senão no patrimônio material ra. Os debates foram conduzidos pelo
luizense, certamente na alma dos procurador de Justiça Manoel Sérgio
moradores da cidade. Apesar do da Rocha Monteiro e versaram sobre o
drama vivido por todos, e mal- assunto considerado o mais importan-
grado a experiência doída do te na cidade desde o início deste ano:
difícil recomeço, o que por aqui a enchente, suas causas e os possíveis
se viu nos últimos quatro meses mecanismos de prevenção.
foram exemplos eloquentes de Manoel Sérgio disse que a principal
solidariedade e de superação. A finalidade da audiência era subsidiá-lo
cidade já respira e a economia para uma investigação que visa reunir Manoel Monteiro (esq.), Ana Lúcia, Kokei Uehara e
vai se recuperando aos poucos, mais e melhores dados sobre o ocor- Marli Reis: o diagnóstico e as medidas de prevenção
embora todos saibamos que há rido, a fim de que um grupo de pro- ção do município, inclusive a assessoria ção de um sistema de alerta que per-
muito chão pela frente. Será um motores empenhados em averiguar as municipal de Planejamento, com o intui- mita avisar os moradores do município,
processo longo até que tudo se causas da enchente possa ter elemen- to de facilitar o fluxo das ações. com uma antecedência segura, no caso
recomponha e São Luiz possa tos para estudar medidas legais com o Defesa Civil da ocorrência de novas enchentes.
reencontrar sua vocação de ci- objetivo de minimizar os efeitos sociais A engenheira Marli Reis disse que A diretora do DAEE não descartou a
dade histórica voltada para o tu- e materiais do desastre. os trabalhos do DAEE concluíram a possibilidade de construção de peque-
rismo sustentável, que preserva A prefeita Ana Lúcia aproveitou sua in- fase da pesquisa de campo e estão nas barragens a montante do Rio Parai-
sua identidade cultural, respeita tervenção para convidar os participantes agora na etapa de estudo de dados e tinga, que teriam o objetivo de conter as
e protege o meio ambiente e ga- da audiência para a inauguração Centro elaboração de relatórios. Ela fez uma águas e ainda poderiam ser aproveitadas
rante boa qualidade de vida para de Reconstrução Sustentável de São Luiz longa apresentação, apoiada em fotos para fins turísticos e de geração de ener-
os habitantes do município. do Paraitinga (Ceresta), no próximo dia e tabelas, para explicar as causas e os gia elétrica. Embora essa medida tivesse
A travessia está apenas no iní- 30 de abril. O Ceresta funcionará num efeitos da enchente na bacia do Rio sido endossada pela exposição pelo pro-
cio, mas convém registrar que sobrado alugado pelo governo do Esta- Paraitinga. Anunciou ainda a destina- fessor Kokei Uehara, a ideia provocou
ela começou sob o signo da do, no casarão de número 22 da Praça ção, pelo governo do Estado, de uma controvérsias entre os participantes da
transparência – e este é um bom da Matriz.Ali estarão reunidos os órgãos verba de R$ 924 mil para contratação audiência. Houve mais de uma sugestão
sinal. As decisões que importam e entidades que trabalham na reconstru- de empresa especializada na instala- no sentido de que, se alternativa tornar-
têm sido tomadas às claras, en- se mesmo necessária, que seja a última
foto: Chinica Mdeiros
volvendo o poder público, as or- opção a ser considerada para a regula-
ganizações da sociedade civil e rização das águas do Paraitinga, diante
a comunidade no árduo desafio das implicações econômicas, ambientais
da reconstrução. É um cenário e sociais que poderá acarretar.
onde não há lugar para a de- Uma intervenção que entusiasmou
magogia nem para os interesses os participantes foi a do procurador de
mesquinhos. Em nome de uma Justiça Ricardo Navarro, que vem atu-
cidade melhor, o foco deverá es- ando nos trabalhos de reconstrução de
tar na sustentabilidade, no inte- São Luiz. Ele fez um apelo enfático para
resse público e no bem coletivo. que a Prefeitura promova um concurso
Este é o círculo virtuoso do qual e a capacitação de um corpo perma-
não podemos abrir mão. Nunca. nente e profissionalizado de funcioná-
rios da Defesa Civil local. Isso, no seu
entendimento, é uma ação necessária e
Expediente urgente para que possa haver um aten-
José Xaides (esq.), Anna Beatriz, Ana Lúcia e Rovena Negreiros:
Editor: Luiz Egypto de Cerqueira dimento rápido e sem atropelos, no
informações e esclarecimentos sobre o patrimônio histórico
Secretária de redação: Ângela Loures caso de novo desastre natural.
Chefe de reportagem: Judas Tadeu de Campos
Arte e diagramação: Renata Maria Monteiro

Os caminhos da zona rural


Alunos voluntários: Maria Clara de Carvalho,
Felipe Guerra, Pedro Funchal (reportagem); Vanessa
Cunha (reportagem e diagramação)
Colaboradores:Chinica Medeiros,Darly Gonçalves,
Nana Vieira
Apoio: Câmara Municipal de Taubaté A enchente do início do ano deixou um terço da população do município, das. As frentes de trabalho estão ter-
O Jornal da Reconstrução é um projeto de extensão marcas na zona rural de São Luiz do foram prejudicadas por não poderem minando a recuperação das estradas
do Deptº de Comunicação Social da UNITAU e Paraitinga. As estradas ficaram intransi- se locomover para a cidade. As estra- dos bairros do Chapéu e de Santa
órgão informativo da Câmara de Desenvolvimento táveis, o que dificultou o acesso de mo- Cruz do Rio Abaixo; estão em anda-
Socioeconômico de São Luiz do Paraitinga.
das estavam destruídas. Com a ajuda
Fale conosco: jornaldareconstrucao@gmail.com radores dos bairros ao centro urbano. da Companhia de Desenvolvimento mento também as obras nas estradas
Coordenadores:
Dentre as vicinais que margeiam o Rio Agrícola de São Paulo (Codasp), foram dos bairros do Bom Retiro e do Pinga.
Edson Wanderley Alves (UNITAU); José Xaides de Paraitinga estão as estradas dos bair- montadas frentes de trabalho utilizando O funcionário antecipou que as pró-
Sampaio Neves (UNESP-Bauru); Maurício Delamaro ros do Rio Acima, dos Pimentas e do equipamentos pesados. Mesmo assim, ximas ações se darão no Bairrinho e,
(UNESP-Guaratinguetá)
Rio Abaixo; na região da bacia do Rio demorou de 20 a 30 dias para que a po- depois, no bairro do Pamonã.
Jornalista Responsável: Ângela Loures do Chapéu, encontram-se as estradas pulação isolada tivesse acesso facilitado As principais dificuldades são as
MTB 173/01/87v DRT-MS
dos bairros do Pinga, Chapéu Grande, ao centro da cidade.“Hoje, em todos os chuvas.“A gente trabalha dois, três dias
Tiragem: 2.000 exemplares Oriente, Bairrinho, Barra e Selado.Tam- na recuperação da estrada, vem uma
lugares já chegam carros”, informou Do-
bém ficaram obstruídas as estradas que nizete José Galhardo, diretor de Agricul- chuva e perdemos todo o serviço”, diz
vão em direção aos bairros de Santa tura e Abastecimento do município. Donizete. “Ainda temos cerca de 150
Cruz do Rio Abaixo – onde houve um Desafio possível quilômetros para ser recuperados.” O
desmoronamento que resultou em um Segundo Donizete, passado o perí- objetivo é vencer o desafio da recons-
caso de morte – e do Bom Retiro. odo mais crítico, a Prefeitura pretende trução em dois meses, com a ajuda de
Apoio gráfico Perto de 3.500 pessoas, ou algo como mais equipamentos.
reconstruir todas as estradas danifica-


A casa dos velhos (e bons) costumes


O Mercado Municipal de São Luiz O pastel de farinha, também conheci- cada um tem na mão. “Esse jogo não do apogeu da cultura do café – que fez a
do Paraitinga foi construído em 1885, do como pastel caipira ou pastel de angu, tem nome. Pode chamar de ‘diversão riqueza das cidades da região, na segunda
quando o município ainda era um gran- é tradicionalmente vendido no Mercado de véio’. É o que fazemos aqui. Com- metade do século 19.
de produtor de alimentos. Em 1902, há muitos e muitos anos. Por menos de pramos alguma coisa, brincamos um Com toda a água que quase arrasou
o prédio foi reformado e ganhou as 2 reais é possível tomar um café e comer pouco e vamos embora.” o Centro Histórico de São Luiz, a antiga
formas arquitetônicas que conserva um bom pastel. Essa e outras gulo-
foto: Chinica Mdeiros
até hoje, sendo considerado um dos seimas tradicionais, como o afogado
símbolos da cidade. Como a Matriz, – um cozido à base de carne bovina
onde foram celebrados milhares de – podem ser encontradas nos res-
casamentos e tantos outros atos reli- taurantes que voltaram a funcionar
giosos dos moradores do município, o sob o teto do Mercadão.
Mercadão é frequentado por pessoas O músico Sílvio Carlos da Silva,
que mantêm os mesmos costumes há que não dispensa um pastel de fa-
décadas, seja o de fazer compras, en- rinha, elegeu o Mercado como o
contrar os amigos, jogar uma partida ponto mais importante da cidade.
de truco ou simplesmente conversar. “O Mercadão é o coração da ci-
Os moradores antigos de São Luiz dade”, diz ele. “Moro aqui há cin-
contam que o Mercado era o local co anos, conheço a cidade há 27, e
mais frequentado da cidade, principal- sempre frequentei o lugar. É lá que
mente aos sábados, quando recebia você pode sentar em uma roda de
muitas pessoas da zona rural para ali viola, prosear e obter informações,
vender sua produção de alimentos e além de escolher e comprar ver-
artesanatos feitos de barro, taboa, ta- duras e carne. Os vendedores te
quara e outros materiais colhidos na tratam como amigo”, diz ele.
Mata Atlântica. Era também naquele Nas imediações do Mercado O coração do Mercado Municipal volta a pulsar: vida que segue
espaço que os fazendeiros e sitiantes Municipal agora se concentram os
entabulavam seus negócios, além de açougues de São Luiz. Neles é possí- Jogos de baralho e de palitos também construção resistiu bravamente. Um tra-
servir de local de encontro para os vel encontrar produtos para a prepa- são comuns no Mercadão, que nos fins balho de restauração, realizado em 2003,
casais de namorados. E ao redor des- ração de pratos tradicionais, como a de semana recebe jogadores veteranos. contribuiu para a sustentação do Mer-
se edifício centenário ficavam as casas linguiça, o toucinho que pode dar um “São vários anos jogando baralho e pa- cado – como informou Natalia Moradei,
comerciais mais populares. suculento torresmo, o cambito e o suã litos”, afirma Benedito Pereira, o “Dito diretora de Obras da Prefeitura. “Agora
– todos originários do porco, a carne Marcos”, de 73 anos, que frequenta o é preciso realizar trabalhos de pintura,
Comidas típicas preferida da alimentação do caipira. Mercadão desde os 8. “Sou o jogador recolocação de telhas e reparo nos ba-
Tereza Mota, de 70 anos, não aguen- de palitos mais velho por aqui.” nheiros, serviços pelos quais a Secretaria
tava esperar o Mercadão reabrir. “Eu Jogos de Estado da Cultura se responsabilizou”,
sempre vim aqui bater papo, trabalhar No meio de uma roda de velhos Arquitetura e tradição diz Natália. “Acredito que até a Festa do
e tomar um café com leite”, diz ela. amigos, nota-se outro costume de O Mercado Municipal é importante Divino tudo terá sido concluído.”
“Enquanto o Mercado não voltava à quem freqüenta o local: os jogos. An- também pela sua arquitetura. As grossas Os freqüentadores do Mercado
sua rotina, eu vinha fiscalizar a limpe- tonio Lobo, morador da zona rural, paredes de taipa de pilão, a simetria de Municipal ouvidos pelo JR se disseram
za do lugar”, afirma. “O Mercado é um vai ao Mercadão nos fins de semana seus corredores e as belas arcadas que muito satisfeitos pelo fato de o local
símbolo da cidade. As pessoas vêm de para fazer compras, conversar e jogar. rodeiam o grande pátio interno formam não ter ruído com a enchente.A sobre-
longe só para conhecer o local e co- Ele e os amigos se divertem com um um conjunto bem representativo da be- vivência do Mercadão garantiu a manu-
mer um pastel de farinha.” jogo de adivinhação de objetos que leza e do estilo de construção da época tenção de antigos costumes luizenses.

Para longe do perigo


Em razão das fortes chuvas do iní- tora do Departamento Social da Prefei- xílios-moradia relativos aos três pri- opção, as famílias desabrigadas serão
cio do ano, mais de 80 famílias tive- tura, são 38 as famílias que não puderam meiros meses do ano. Já nos dias 13 e realocadas no novo conjunto habita-
ram que ser retiradas das áreas con- voltar às suas casas e estão abrigadas em 14 de abril, foram pagos 256 auxílios cional que está sendo construído pela
sideradas de risco para a população, locais provisórios: 17 ficam na Pousada referentes ao mês de abril. A diferença Companhia de Desenvolvimento Ha-
principalmente no Alto do Cruzeiro. Primavera, 6 na creche Casa da Criança, no número de pagamentos deve-se ao bitacional e Urbano (CDHU), próxi-
Pessoas que moram próximo a esses 3 em uma casa alugada e outras 12 resi- fato de que algumas pessoas já volta- mo ao bairro de São Benedito.
locais também estão preocupadas dindo nas casas de parentes e amigos. ram para suas casas e perderam o di- Pontos de atenção
com possíveis deslizamentos que pos- Cristina Toledo, assessora do Servi- reito ao benefício. De todo modo, ainda Estas são as áreas de risco identifi-
sam atingir suas residências. ço e Desenvolvimento Social, informa segundo Cristina, há outras 60 famílias cadas no centro urbano:
De acordo com Cristiane Bitten- que em fevereiro foram pagos 308 au- cadastradas para entrar no programa ** Várzea dos Passarinhos – Via de
court, assessora de Planejamen- foto: Vanessa Cunha a partir de abril; e Acesso Vereador José Pinto de Souza
to da Prefeitura de São Luiz, o todas elas, inclusive (margem do rio);
Instituto de Pesquisas Tecnoló- as primeiras benefi- ** Várzea dos Passarinhos – encosta
gicas (IPT) continua trabalhando ciadas, terão direito da Via de Acesso Vereador José Pinto
no levantamento das áreas “com a receber recursos de Souza (sentido centro da cidade);
potencial para geração de escor- do programa Novo ** Alguns pontos da Rua Deputado
regamento”, para se certificar Começo, do go- Antonio Silvio da Cunha Bueno;
quais as que efetivamente apre- verno estadual, em ** Rua do Carvalho;
sentam risco à população. uma parcela única ** Encosta da Via de Acesso João
A área do Alto do Cruzeiro de R$ 1 mil. Roman;
causou muita preocupação du- A Prefeitura es- ** Talude no bairro Verdeperto, no
rante o período das chuvas in- tuda a possibilidade final da Rua Luiz dos Santos;
tensas. Além de pontos de desli- realizar obras em al- ** Alto do Cruzeiro, na Viela do
zamento, a chuvarada provocou gumas áreas de risco Emílio e ruas Manoel Paulino César e
uma fenda na altura da Rua Be- para que mais pesso- Luiz de Aguiar;
nedito Pires da Rocha, também as possam retornar ** Rua Bernardo Joaquim Dias (pró-
conhecida como Rua do Tejinho. Obras de contenção às margens do Rio às suas residências. ximo ao campo de futebol) e Rua Sebas-
Segundo Marleide Rocha, dire- Paraitinga, na Várzea dos Passarinhos Se não houver essa tião Pinto Figueira (casas populares).


Prontos para festejar o Divino foto: Nana Vieira

A tradicional festa do Divino Espí- dos moradores: eles abrem as portas de carne de boi. É servido
rito Santo em São Luiz do Paraitinga de suas casas para a entrada da ban- com farinha de mandioca,
será realizada entre os dias 14 e 22 deira e, após a cantoria, o estandarte batata e arroz. O prepa-
de maio – e os responsáveis por sua sagrado é levado a todos os cômodos ro é feito por cozinheiros
organização estão em plena atividade. da residência. voluntários, que trabalham
Neste ano, que começou cheio de de- Antonio conta que a arrecadação em grandes tachos colo-
safios para os moradores da cidade, a começou já no ano passado, mas teve cados sobre fogões a le-
festa é aguardada com uma expectati- de ser interrompida durante todo o nha montados no chão. A
va toda especial. mês de janeiro em razão das chuvas comida simboliza a crença
A festividade religiosa é marcada por que atingiram São Luiz. “Depois da no Divino Espírito Santo e
novenas, missas e procissões que en- inundação, pensei em realizar a festa tem sua origem na própria
volvem praticamente toda a população. apenas com a cerimônia religiosa e Bíblia: o livro do Levítico
Há também manifestações folclóricas não servir o afogado”, lembrou o fes- fala na distribuição de co-
como danças de moçambique, conga- teiro. “Mas, com o apoio do pároco mida gratuita ao povo por
da, cavalhada e dança das fitas, além da local e da comunidade, a tradição será ocasião da festa de Pente-
distribuição do famoso afogado. mantida”, garantiu. costes – que comemorava,
Como reza o costume secular, a fes- Mesmo assim, um problema en- no Antigo Testamento, a
ta é organizada anualmente por uma frentado pelos fiéis na hora de reunir outorga dos Dez Manda-
família luizense conhecedora das prá- os donativos para a festa têm sido as mentos.
ticas religiosas e culturais da comuni- condições de locomoção na zona rural Como todos os anos, as
dade. O festeiro, encarregado de fazer do município, devido ao estado ainda prendas que sobrarem e o
com que tudo corra bem, tem como precário das estradas danificadas pe- dinheiro que não for gasto
uma de suas principais funções admi- las chuvas. Mas, segundo o festeiro, as com a produção da festa
nistrar a arrecadação de donativos. dificuldades têm sido superadas pelo serão doados à paróquia
Neste ano – atípico devido à ocorrên- comprometimento dos moradores, da cidade. O festeiro Anto-
cia de um desastre em janeiro – o fes- que superam esses impasses com mui- nio Sales afirma que tanto
teiro é Antonio Galvão Sales, morador ta solidariedade e fé. na cidade como nos bairros
do bairro do Rio Acima, que por di- da zona rural do município
versas vezes já abrigou a Bandeira do União e devoção as doações têm chegado
Divino em sua casa. Os fiéis recolhem os produtos ali- na quantidade necessária,
Para organizar a coleta das prendas mentícios que serão utilizados para o mesmo com a interrupção A tradição está mantida: a comunidade
e reunir doações para a festa, Antonio preparo dos doces e do afogado, prato do primeiro mês de 2010.A festa já tem se organiza para a Festa do Divino
Sales, que é também vereador, convo- típico muito apreciado pela população um bom estoque de carne, feijão, macar-
cou cinco foliões para peregrinarem e pelos turistas. Neste ano, o afogado rão e batata, além de outras prendas. a fé e a devoção da comunidade de-
por 10 meses em todos os bairros de será servido nos dias 15 e 22 de maio, A comemoração religiosa, que faz verão ser redobradas. Será uma res-
São Luiz e por alguns municípios vi- no Mercado Municipal. parte do calendário oficial de São Luiz posta de união e de solidariedade ao
zinhos. É nas caminhadas da Folia do Antiga tradição deixada pelos tro- do Paraitinga, tem um significado pro- desastre natural que se abateu sobre
Divino que se pode medir a devoção peiros, o afogado é um prato à base fundo para cultura local. Neste 2010, o município.

Casa Oswaldo Cruz


Enquanto todos os esforços dos moradores de São Luiz se man-

foto:Chinica Medeiros
tinham dirigidos para os trabalhos de recuperação da cidade, a ter-
ça-feira (6/4) trouxe uma má notícia. Naquele dia, ruiu parte de uma
O filho bem-vindo parede frontal e do telhado da casa onde nasceu, em 1872, o médico
O professor Aziz Ab’Saber, de 85 anos, re- sanitarista Oswaldo Cruz. O imóvel, construído em 1834, foi tomba-
conhecido nos meios acadêmicos como um do pelo Iphan em 1956 e pelo Condephaat, em 1973.
mestre da geografia e um dos filhos mais ilus- Desde janeiro, técnicos dos dois órgãos usavam a casa como base de
tres de São Luiz do Paraitinga, visitou a cida- trabalho.Também por esse motivo, não foram poucos os moradores que
de entre a tarde e a noite fria do sábado, dia estranharam o fato de o acidente não ter sido evitado por medidas de
Estragos no prédio centenário:
10/4. Devido a problemas de saúde, esta foi prevenção. “Estão brincando com nossa história”, disse o comerciante melhor prevenir que remediar
sua primeira viagem à cidade natal depois da Pedro Moradei ao jornal O Estado de S.Paulo (11/4). À mesma reporta-
catástrofe ocorrida em janeiro. gem, o arquiteto Paulo Sérgio Galeão, do Iphan, afirmou que “não podem jogar a culpa na gente”, argumentando que se
O professor estava forte e disposto. Obser- trata de “uma culpa conjunta”. Segundo ele, “esse prédio não deteriorou apenas nos últimos dois meses”. É, pode ser.
vou os desenhos e frases dos alunos da Es-
cola Municipal Waldemar Rodrigues, que de- O tempo não pára que os futuros encontrasse este ca-
ram vida ao tapume que cerca a Igreja Matriz. “O homem não tem porto, o tempo não tem praia / Ele escoa, e nós passa- lendário da atualidade do corrente
foto:Chinica Medeiros

Caminhou lentamente pelas ruas, atentando mos” (Alphonse de Lamartine 1790-1869). Leia a seguir a transcrição da anno constatando de tudo que nela
para a altura das marcas que a água deixou ata da cápsula do tempo (foto) datada de 1928, encontrada por técnicos contem pedindo a quem esse encon-
nas paredes das casas. Trouxe cinco livros de do Iphan durante a remoção e classificação dos escombros da Igreja trar fazer público tudo o que aqui
sua autoria para entregar à prefeita Ana Lúcia Matriz de São Luiz do Paraitinga. Foi mantida a grafia original. existe para engrandecimento desta
Bilard e ajudar na recom- ção:Ipha
n *** terra natal. Nesse mesmo, vai assigna-
Reprodu
posição da nova biblioteca. Acta de encerramento deste livro. do por mim encarregado e o Rev.mo
“Esses livros são apenas Aos seis dias do mêz de feve- padre o empreiteiro e seus auxiliares
simbólicos. Trarei outros”, reiro do anno do Nascimento de aqui presentes. Nada mais havendo a
disse ele. “Ainda voltarei Nosso Senhor Jesus Christo de desejar encerro, pedindo a este en-
para conversar pessoal- mil novecentos e vinte oito pe- contrado uma missa pelas almas des-
mente com a prefeita e las doze horas na igreja Matriz te aqui presentes, digo desses nomes
tratar de algumas ideias.” desta cidade de São Luiz do aqui transcriptos. São Luiz 6 de feve-
O professor sabe que aqui Parahytinga presente o Rev. reiro de 1928.
ele é sempre bem-vindo. mo padre Ignacio Gioia vigá- [Seguem-se as assinaturas do vigário,
rio desta Parochia e por sua do encarregado, do empreiteiro, os pe-
Aziz Ab’Saber: ordem autoriza que nessa dreiros, os serventes e “os nomes aqui
o bom filho à casa torna Testemunho de luizenses
dos anos 1920: trabalho e fé igreja ficasse archivado para presentes no momento”]

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