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%HermesFileInfo:J-1:20100425:
Alguém viu?
aliás,
Turistas e curiosos buscam
ETs no céu de Corguinho, no
Mato Grosso do Sul. Pág. J8
A SEMANA REVISTA
estadão.com.br
GIUSEPPE GIGLIA/EFE
Gostaria de
dizer que...
Uma nova opinião pública vem se constituindo no Brasil,
assegura o sociólogo italiano Massimo Di Felice: ela é
multifacetada, processa ideias de toda ordem e não quer
ser ouvida por enquetes eleitorais apenas a cada quatro
anos. Já para a socióloga Célia Retz G. dos Santos,
é tempo de os políticos pararem de encomendar pesquisa
só com o intuito de aferir chances nas urnas.
Págs. J4 e J5
7 8 9 10 11 12
J4 aliás
%HermesFileInfo:J-4:20100425:
EDINALDO R. DE ARRUDA/DIV.
compreender o porquê disso. Com seu di- redes de cidadãos que se reúnem por terem
CHRISTIAN CARVALHO CRUZ namismo econômico, a sociedade a contra- determinadas afinidades e passam a traba-
to social necessita de transformações cons- lhar online para transformar a sociedade
tantes de valores. Isso muda completamen- pela proposição, discussão e implementa-
A
política como conhe- te o comportamento das pessoas, elas pas- ção de ideias. Primeiro no seu território,
cemos hoje pode ser, sam a valorizar as mudanças, o progresso, sua rua, seu bairro, sua cidade, depois no
muito em breve, um contra a estagnação pré-definida por seu país e mundo. Chamamos isso de net-ativis-
retrato embolorado nascimento, como ocorria no modelo feu- mo. Não se trata de uma questão ideológi-
na parede. E o políti- Entrevista dal. ca, de fazer a revolução com a ajuda da in-
co profissional, um Massimo ternet. Não é isso.
desempregado irre- ● Esse conceito de opinião pública se man-
mediável, com sauda- Di Felice tém até hoje? ● E que tipo de opinião pública está sendo
de dos “bons tem- Ao longo da história ele foi contestado por gestada nessa era de net-ativismo?
pos” pré-internet. PROFESSOR E uma porção de teorias, principalmente de- Uma opinião pública que não quer ser só
Não, essa não é a última do admirável mun- COORDENADOR DO pois do surgimento da mídia de massa e do opinativa. Não quer só opinar com base nu-
do novo. É a opinião de alguém que o acom- CENTRO DE PESQUISA uso que o nazismo, o fascismo e regimes au- ma pauta estabelecida pela mídia e pelos
panha com olhos de cientista: o sociólogo SOBRE OPINIÃO PÚBLICA toritários em geral fizeram dela. Isso levou políticos. A rede está criando, de fato, uma
italiano Massimo di Felice. Doutor em EM CONTEXTOS DIGITAIS muitos autores a pensar que a opinião pú- nova realidade em que as pessoas se afas-
Ciências da Comunicação, especialista em DA ECA-USP blica era só um doutrinamento da popula- tam cada vez mais da política partidária, do
mídias digitais, ele leciona Teoria da Opi- ção. Ela teria tão somente a opinião que o debate político profissional, porque acham
nião Pública na Escola de Comunicação de status quo quisesse que ela tivesse e mani- que isso não resolve nada. Meus alunos
Artes da USP. Acredita que a humanidade pulava para conseguir. Para esses autores, têm total desinteresse pelas questões políti-
vivencie neste momento algo tão grandio- opinião pública é alienação. Por aí cami- cas tradicionais, mas de maneira alguma po-
so quanto o surgimento da prensa de Gu- nhou Adorno (Theodor Adorno, filósofo ale- dem ser chamados de alienados, porque es-
tenberg no século XV: é o tempo em que a mão), chegando a Bourdieu (Pierre Bour- tão em redes sociais, integram grupos que
web vai levar ao desaparecimento do tipo dieu, sociólogo francês), para quem a opinião trabalham com reciclagem de lixo, inclusão
de política e de político que existem hoje. pública simplesmente não existe. Ele dizia digital, acesso à informação. Estão tentan-
Para afirmar isso ele não leva em conta isso, na verdade, como provocação. Na do modificar o seu território 365 dias por
apenas a tecnologia em si, gelada em seus França da época, anos 60/70, ele queria ano. Eles são cidadãos o ano inteiro, não só
inesgotáveis twitters, orkuts e facebooks. questionar o uso demagógico que se fazia a cada quatro anos. Para esse pessoal o vo-
Seu objeto de análise é a nova realidade das pesquisas de opinião. Todas as ações to é a última coisa na qual eles estão pen-
que está nascendo daí, vertiginosa e quase dos entes públicos e privados eram justifi- sando. A lógica da web não é piramidal, não
silenciosamente. “A internet e as redes so- cadas por pesquisas de opinião. E Bourdieu prevê um líder. A palavra-chave é colabora-
ciais online estão criando uma nova demo- vem dizer que essas pesquisas não davam ção. Assim, se há alguém que eles enxer-
cracia e uma nova opinião pública.” O que necessariamente a opinião das pessoas, da- gam como representante, é necessariamen-
é particularmente interessante em tempo- vam a opinião que as pessoas tinham forma- te alguém que esteja nessas redes sociais
radas como esta, de caça à tal opinião públi- do a partir do doutrinamento. Portanto, a desde sempre, discutindo, propondo, aju-
ca empreendida pelos institutos de pesqui- opinião pública não existia. dando a levantar verbas para projetos. O
sa que tentam medir os humores e os pen- que eu estou tentando dizer é que a políti-
dores eleitorais dos brasileiros. ● E nos dias de hoje, ela existe? ca analógica é obsoleta, porque unidirecio-
Mas alto lá com os antigos conceitos, Existe, mas de um jeito totalmente diferen- nal. Podemos chamar isso de fascismo se
previne Di Felice. “Essa opinião pública te. Na minha avaliação, a opinião pública adotarmos a etimologia grega da palavra
que está surgindo não quer ser chamada a muda de caráter de acordo com a tecnolo- “fascio”, que significa seta, algo que apon-
opinar apenas de quatro em quatro anos. gia informativa de uma época. No tempo ta, direciona. Estamos no caminho contrá-
Ela participa, colabora, difunde ideias para da oralidade, tínhamos os filósofos, os so- rio. Pode levar 10, 20 anos, mas estamos in-
mudar seu território cotidianamente. É ci- fistas. Com Gutenberg e a sua máquina de do claramente na direção de uma democra-
dadã 365 dias por ano. Está fazendo aconte- reproduzir grande quantidade de páginas, cia totalmente colaborativa.
cer o que os políticos só prometem.” O efei- surge a opinião pública dos tempos moder-
to imediato disso – para as eleições presi- nos, mais ampla, instigada a debater pelo ● Essa nova ordem já deve influenciar as elei-
denciais de outubro – será mínimo, ele re- acesso mais fácil ao conhecimento. Depois, ções deste ano?
conhece, dada a predominância, ainda, da a mídia de massa – jornais, rádios e TV – dá Provavelmente não. Mas estou certo de
opinião pública televisiva no País. Mas no origem às democracias nacionais, à esfera que, nesta campanha presidencial, teremos
futuro será algo decisivo. pública do tamanho de uma nação. Afinal, surpresas vindas do mundo digital. A web
Na entrevista a seguir, Di Felice em- a mídia de massa consegue atingir toda a será um lugar de desmascaramento. Esse
preende um passeio pela história e o desen- população ao mesmo tempo. Aí chegamos movimento é maior do que imaginamos no
volvimento da opinião pública e, otimista, aos tempos atuais, à internet. E a coisa vira Brasil. Um sinal claro disso é que já há no
explica aonde, agora cada vez menos analó- de cabeça para baixo. A internet cria uma País mais gente usando a internet para aces-
gica, ela pode nos levar. arquitetura informativa absolutamente dis- sar redes sociais do que para ver pornogra-
tinta das anteriores e, mais do que isso, fia. Temos um curso de pós-graduação mui-
● O que é opinião pública? cria um novo tipo de democracia e um no- to procurado por pessoas que vão trabalhar
É um conceito que nasceu com a substitui- vo tipo de opinião pública. com marketing político. Os alunos pergun-
ção da sociedade feudal pela sociedade a tar a mesma coisa: “Como eu uso o Twitter
contrato social. Nasceu com a destruição ● Pode explicar melhor? para ajudar meu candidato a vencer a elei-
do modelo baseado no rei que era rei por Com a internet, passamos da democracia ção?” Eu digo: “Você não pode. Se entrar
ter sido colocado no trono por Deus (e, por opinativa para a democracia colaborativa, com essa intenção a mesa vira sobre você”.
isso, emanava leis inquestionáveis) e com na qual todo cidadão é chamado não a mu-
o surgimento dos primeiros mercadores dar o mundo, a fazer revolução, nada disso. ● Por quê?
que deram origem à burguesia. Foi uma pas- Ele é chamado a ter um impacto na sua rea- Imagina só isso: o político utilizando a web
sagem econômica, social, cultural e políti- lidade próxima. Se olharmos para o teatro como utiliza a TV – para mentir, basicamen-
ca. A sociedade que nasce daí não é mais as- grego, os livros, os jornais, o rádio e a TV te. Essa é muito boa (risos). Na rede, uma
sentada em valores divinos, “justos”, e sim notamos que o modo de transmitir as infor- mentira dura dois minutos. E, uma vez des-
em códigos racionais, que tem mais a ver mações se manteve constante. O ator de coberta, centenas de pessoas vão ter o pra-
com a necessidade de organizar as coisas teatro fala, o público ouve em silêncio; no zer de denunciá-la. Isso aconteceu com o
ao gosto da nova classe que ascende ao po- final aplaude ou vaia, ou seja, opina. Na TV Lula. Um dia ele resolveu que queria ser Ba-
der e vai fazer leis para defender seus inte- é a mesma coisa. Quando assistimos a um rack Obama e fez um blog. Só que não per-
resses. Serão, portanto, leis “injustas”. debate eleitoral os candidatos falam e nós mitiu comentários. Poos alguém duplicou
Mas, como elas podem ser questionadas, acompanhamos tudo passivamente e de- o blog dele num espaço aberto para comen-
afinal não vieram do poder divino do rei, pois vamos votar – opinar – sobre propos- tários. Uma lição de que não dá para se
haverá a necessidade de lutar para mudar tas e programas de cuja elaboração não par- aproveitar da internet dessa maneira. Uma
tais leis. Nessa imperfeição está uma das ca- ticipamos. É a democracia baseada na opi- vez dentro da rede ele terá de se submeter
racterísticas da sociedade a contrato so- nião. O cidadão é cidadão na medida em às regras dela, que não têm nada a ver com
cial, que cria pela primeira vez a separação que ele opina de quatro em quatro anos. A as regras da TV. O problema é que os políti-
clara entre sociedade civil e Estado. internet inaugura um tipo de democracia cos, seus estrategistas e marqueteiros que-
qualitativamente diferente. rem transferir o passado para o novo. Eles
● Então a opinião pública é filha da democra- não têm a menor noção dessa nova demo-
cia moderna? ● Como ela funciona? cracia, dessa nova opinião pública que está
Ela é o alicerce da democracia moderna. Primeiro, a comunicação em rede é uma nascendo. Querem entrar num contexto
Não é apenas a expressão dela, um instru- tecnologia que pela primeira vez disponibi- no qual o político é visto com maus olhos.
mento a mais. Não há democracia sem con- liza não só o acesso a todas as informações A imagem dele é negativa, porque tradicio-
flito, sem opinião. E o que resulta dessa pas- como também possibilita que cada indiví- nalmente ele representa o contrário do que
sagem do feudalismo para o mercantilismo duo crie conteúdo e poste esse conteúdo se faz ali. Ele tem uma proposta pronta e,
burguês é uma sociedade dada ao conflito, com o mesmo poder comunicativo dos ou- através da sedução, busca obter consenso
a tal sociedade civil – um conjunto de indi- tros meios. Tecnologicamente, um blog da maioria da opinião pública para se ele-
víduos, grupos, etc., que se reúnem contra tem o mesmo poder comunicativo que a ger. A comunicação parte dele e volta para
o Estado. Então, é nessa imperfeição que CNN. Isso está educando o cidadão não ele. A internet permite outro modelo: que
se desenvolve o conceito de opinião públi- apenas a opinar, mas a criar debate e a dis- ele apresente sua proposta, que vai ser con-
ca, não só como lugar de divulgação, mas cutir ideias que se espalham velozmente pe- tinuamente debatida, modificada e aprimo-
de elaboração contínua de ideias. É fácil lo mundo. São as chamadas redes sociais, rada – e daí vai nascer o consenso.
Pesquisa, só,
não muda voto
Prévias influenciam o eleitor, mas são vinculadas à opinião dos
● Quer dizer que no futuro os candidatos a
amigos, da família, renda, educação, desempenho dos candidatos
representantes do povo podem surgir das
redes sociais da internet?
E é provável que eles sejam completos des-
conhecidos para quem estiver fora dessas muitas,como apropagandana TVeno rádio.
redes. A função do político tradicional ten- CÉLIA RETZ GODOY DOS SANTOS A divulgação das prévias eleitorais é, sim,
de a desaparecer. Não vai ter mais aquela uma das fontes de influência no eleitorado,
coisa de ele prometer fazer, porque a nova mas não pode ser desvinculadas da mídia
A
opinião pública formada por essas pessoas o ouvir falar em pes- objetiva, da mídia partidária, do desempe-
conectadas em redes sociais já está fazen- quisapolítica,amaio- nho dos candidatos nos debates, do prestí-
do sem ele. ria das pessoas pensa gio social de famílias, amigos e colegas, dos
naquela voltada uni- líderes de opinião, além de outros fatores
● Mas qual o peso real dessa nova opinião camente a levantar a como educação e renda.
pública em termos eleitorais no Brasil? intenção de voto em Váriosestudosrealizadossobreasinfluên-
Por enquanto, pequeno. A opinião pública corridas eleitorais. cias das prévias na decisão de voto ou na
cobiçada pelos políticos é a televisiva. Realmente,nãoháco- formação das opiniões do eleitor indicam
Aquela suscetível à propaganda e ao marke- mo negar sua eficiên- que as pesquisas, longe de gozarem de reco-
ting político. O cenário está mudando rapi- cia em quantificar a nhecimentouniversal,são objeto dedescon-
damente, mas quem vence eleição ainda intenção de voto nas proximidades dos plei- fiança e indiferença de consideráveis parce-
são os marqueteiros. A TV tem regras preci- tos e no delineamento do perfil do eleitor, lasdoeleitorado. Aocontrário doqueseima-
sas que são dominadas com perfeição por mas ela não se restringe ao âmbito eleitoral. gina, é uma falácia dizer que o eleitor “ingê-
eles. Quanto mais o político se submete ao A pesquisa política fornece subsídios para o nuo”,menosescolarizado, sejao maisatingi-
marqueteiro, maior a sua chance de vitória. direcionamento de campanhas eleitorais, do. Este, que se traduz na maioria dos eleito-
Então, dizer que a Dilma não tem experiên- trazendo informações relevantes aos candi- res, não acredita nem confia nas pesquisas,
cia em cargos executivos, por exemplo, pe- datos e, o que talvez seja seu maior mérito, argumentando que nunca foi entrevistado.
sa pouco para essa opinião pública televisi- tambémproporcionaapossibilidade deade- Além disso, não possui conhecimento sobre
va. Já ela fazer plástica ou, do lado de lá, fo- quaçãodos gestorese programas degoverno os procedimentos amostrais nem embasa-
tografar o Serra em pose de Obama, com a às demandas sociais, além de ser capaz de mentoteóricoparacompreenderosprocedi-
mão segurando o rosto, pedir para ele sor- avaliar serviços e políticas públicas. mentos estatísticos. Já os eleitores com
rir mais em público, isso sim tem impacto Nos últimos anos, há uma visível amplia- maior nível de escolaridade não tendem a
na opinião pública televisiva. O fato é que ção do uso da pesquisa para se levantar a votar no que está vencendo, mas, muitas ve-
nem Serra nem Dilma são capazes de con- opinião dos cidadãos, seus perfis, demandas zes, utilizam o resultado das pesquisas para
quistá-la sozinhos. Ambos dependem dos easpirações,possibilitandonãosóaelabora- o voto tático ou útil, no qual optam pelo can-
seus marqueteiros. ção de campanhas, mas de planos de gover- didato mais próximo a seu favorito, com
no mais ajustados aos anseios da população chance de vencer o líder nas pesquisas.
● Pesquisa eleitoral que ouve 3 mil pessoas (pelo menos em tese). No entanto, é difícil Portanto, a crença de que as pessoas ten-
capta o que pensa a opinião pública? sustentar que uma pesquisa política, quase dem a votar no candidato que está vencendo
No contexto atual de política do espetácu- semprevinculadaaofuncionamentoouàma- não se configura realidade. Se as pessoas vo-
lo, política que associa aos conteúdos as nutenção do poder, não seja politicamente tassem sempre nos que lideram as pesqui-
imagens televisivas, deve-se reduzir a im- comprometida e, muitas vezes, desvirtuada, sas, uma vez destacado o favorito, jamais
portância normalmente atribuída às pesqui- tanto em relação à investigação quanto à uti- uma eleição mudaria. Lula, por exemplo, se-
sas de intenção de voto. Uma vez que a polí- lização dos resultadospara fins particulares. ria eleito presidente em 1998, pois nas pri-
tica deixa de ser doutrina ideológica para A influência das pesquisas pré-eleitorais meiras pesquisas eleitorais tinha o mais alto
se assumir como arte dramatúrgica, a dis- tem sido polêmica. Informam ou desinfor- porcentual de intenções de voto.
puta eleitoral se torna algo muito próximo mam?Devemser divulgadasounão?São ma- As sondagens eleitorais são retratos do
de um reality show. E aí o que vale é o ex- nipuláveis? Seus resultados prejudicam o momento.Seusresultadosnãoinformamso-
cesso e a surpresa, a presença midiática, o processo eleitoral ou ampliam a democrati- bre o que vai ocorrer, não predizem o futuro,
ataque ao adversário, a construção de uma zação de informações? As respostas envol- apenas indicam uma tendência. Além da uti-
imagem que se pretende vencedora. vem considerações éticas, jurídicas e meto- lidadedelevantamento dedadose mensura-
dológicas.Estasúltimas sereferemaoscrité- çãodeatitudesparaplanejamento decampa-
● As enquetes mostram que 60% dos eleito- rios de delimitação do universo pesquisado, nha e estratégias políticas, as pesquisas elei-
res não sabem dizer espontaneamente o no- ao plano da amostragem, ao tempo de “vali- torais têm dado uma valiosa contribuição
me de um pré-candidato à Presidência da dade” da pesquisa, à margem de erro estima- por consolidarem, de alguma forma, as aspi-
República. O que isso significa? da e, até mesmo, ao modo de formulação das rações, as crenças, as motivações de um po-
Significa o afastamento da política do pú- perguntas, que pode induzir respostas. vo, auxiliando nos processos de democrati-
blico. Não do público da política. A políti- Quando se fala em influência, há que se zaçãoemvários países. Infelizmente,no Bra-
ca partidária, feita por lobbies preocupa- considerar os impactos indiretos da pesqui- sil, não muito diferentemente do resto do
dos apenas em se manter no poder, não in- saeleitoral,quesedãonosbastidoresdaesfe- mundo, é comum que elas sejam principal-
teressa, cansou. E não é por motivos ideo- ra política. Os resultados de uma pesquisa mentevoltadas para asdefiniçõesde estraté-
lógicos, já que no fundo as diferenças en- exercem grande efeito no desenrolar de uma gias eleitorais e, lamentavelmente, é difícil
tre políticos e partidos são muito peque- campanha e sua adequação, na arrecadação encontrar um candidato eleito que continue
nas. É porque a humanidade se deu conta dosfundos, noapoiodosmilitantes,nasdeci- encomendando pesquisas para averiguar as
de que a classe política é um grande cân- sões dos líderes partidários, no espaço da necessidades da população ou avaliar os ser-
cer, no mundo inteiro. A política tradicio- mídia e no dimensionamento das verbas, fa- viços do seu governo. Uma pena.
nal é feita pelas pessoas menos qualifica- tores que vão incidir fortemente nas chan-
das – reservadas as devidas exceções, ob- ces de vitória do candidato. ✽
viamente. Só que do outro lado, na rede, Já com relação à influência direta da pes- CÉLIA RETZ GODOY DOS SANTOS É PROFESSORA
há cidadãos ativos, conscientes, exercendo quisa sobre o eleitorado, é muito difícil de DA FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E
sua cidadania diariamente, que não en- mensurar, pois as variáveis que interferem COMUNICAÇÃO DA UNESP E COORDENADORA DE
tram nesse jogo antigo. Isso explica as altís- na opinião pública em época eleitoral são GRUPO DE PESQUISAS SOBRE OPINIÃO PÚBLICA
simas taxas de abstenção nas eleições na
Europa, que beiram 50%. A população está
cansada e, por meio da internet e das redes
sociais, quer reformular isso. Me parece
que temos agora a alienação dos políticos
em relação a essa nova opinião pública, à
política real, nas quais a sociedade cada
vez mais organizada na web está construin-
do uma realidade melhor, independente-
mente das disputas eleitorais.
@silva_marina @CiroFGomes
27.531 seguidores 15.708 seguidores
“Valeu o esforço de ir até Roraima para celebrar as “Muito obrigado pela força! Mais de três mil
conquistas e me comprometer com os novos desafios manifestações de apoio postadas no cirogomes.com.
da Reserva Raposa Serra do Sol” Sigo lutando!”
Terça, 20 de abril, 5h05 Segunda, 19 de abril, 15h55