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Como cheguei a ser professora!

1] (autobiografia) [

Maria do Carmo Acácio de Souza

Nasci em Goiás, numa família de classe média (naquela época). Meu pai era
agricultor, tinha um bom pedaço de terra, gados e muitos trabalhadores. Minha mãe
dedicava-se, integralmente, a educação dos filhos e as atividades da casa.

Eu sou a mais nova dentre seis (06) irmãos. Pouco convivi com meu pai.
Quando eu tinha três (03) anos de idade meus pais se separaram. Meu pai não deu
nenhum bem material à minha mãe, até porque a decisão de se separar foi dela,
condição esta, reprovada pelos seus pais, que desde muito cedo a fazia entender que a
única porta aberta para uma vida que fosse, ao mesmo tempo, fácil e respeitável era
aquela do casamento.

Mas, por não suportar os ciúmes, maus tratos e a forma como era tratada
como se fosse propriedade dele, não se importou de fazer parte das mulheres sozinhas,
separadas, e sem ajuda financeira do marido.. Meu pai ficou também com os filhos com
exceção de mim que era muito pequena. Tempos depois, meus irmãos vieram visitar
minha mãe, mas com data marcada para voltar. Quando na data do retorno uma das
minhas irmãs teve que ficar por estar muito doente. Meu pai não gostou, então, ele se
mudou para outra localidade e nunca mais deixou que nenhum dos filhos visitassem
mais a minha mãe. A família se resumiu em apenas três, minha mãe, eu com quatro anos
e minha irmã com oito. Mudamos então para o Pará, onde estava minha avó e uma tia
irmã. Minha mãe estava com um desafio: sozinha, semi-analfabeta e duas filhas para
educar e torná-las “gente”, palavras dela que foi uma mulher guerreira, trabalhadora e
que nunca mais se casou para se dedicar apenas nós, eu e minha irmã.

O sonho de minha mãe era que suas filhas estudassem e se formassem em


magistério. Ela tentou muito para minha irmã estudar, mas o objetivo dela nunca foi
estudo e sim, casar e ter filhos. Para minha mãe eu era sua única esperança, seu sonho
era ver-me formada como também esperava que um dia quando seus filhos fossem
maior de idade a procurasse para sua felicidade se completar.

[
[1] Autobiografia exigida como avaliação da disciplina Formação de professores sob as
perspectivas critica e discursiva, ministrada pela profº Drª Tânia Regina da S. Romero.
Curso de Mestrado em Lingüística aplicada da Universidade Taubaté –SP - (Texto
produzido em 05/2007)
Mamãe com o apoio de minha tia montou um pequeno restaurante e isso
consumia o seu dia inteiro, mas não descuidava de ver escola para cada uma de nós.
Nunca pude desfrutar da leitura de uma história ao dormir como é costume de muitas
crianças. Mas eu era muito curiosa, e adorava folhear os livros de minha irmã e criar
histórias a partir das imagens, (isso escondido), pois ela não gostava que mexesse em
seus livros para não amassar, nem rabiscar pois servia para vender a outros alunos no
ano seguinte, esse dinheiro já ajudava para comprar outros livros da série seguinte.

Com sete (07) anos de idade fui para escola, foi quando minha relação com o
aprendizado da leitura começou. Eu estudava em uma sala de aula multiseriada. A
primeira pessoa que escutei lendo foi minha professora, “Maria Alves” de quem eu tenho
boas lembranças, todos os dias ao final ou início de cada aula, ela lia uma história para
nós, e no dia da prova oral ou escrita teríamos que narrar uma das histórias contadas.
Eu estudei com essa professora até a 4ª série, e a prática da leitura adotada era a mesma
em todos os anos.

Eu gostava muito dessa saudosa mestra, era calma, educada, muito meiga,
ao mesmo tempo não dispensava castigos (de joelhos, palmatória) para quem infringisse
as regras de boas maneiras na sala de aula. Isso era recomendação de nossos pais,
como dizia minha mãe: "a escola é extensão da nossa casa", por isso nossos
professores substituíam nossos pais no momento em que estávamos na escola.

Eu recordo muito bem da sabatina de leitura, eu passava a semana inteira


me preparando para este dia (sexta-feira) decorava a leitura, ajudada pela minha mãe que
tecia mil elogios quando me via ditar para ela todo o texto sem olhar no livro e com uma
boa entonação e pontuação e ainda me colocava em cima de um banquinho, para me
ouvir e isso resultava em uma grande satisfação, e vaidade, embora no dia seguinte da
sabatina eu não lembrasse mais nada, pois tinha que esvaziar a mente para obter lugar
para a próxima lição.

Com onze anos para fazer a quinta série tive que ir para uma outra cidade
mais desenvolvida próxima da cidade que eu morava. Era gosto de minha mãe eu fazer
bons estudos, segundo ela para ser “gente” quando crescesse. E, assim, Fui morar com
uma amiga de minha mãe nesta outra cidade. Foi uma separação dolorosa. Nos
primeiros dias eu chorava dia e noite. Nas férias ou feriado quando eu ia para casa era
um dilema, eu não queria voltar, e minha mãe com muita paciência tentava me convencer
a voltar, em hipótese alguma deixaria eu interromper meus estudos, mostrava-me o
quanto era importante estudar, e que pobre só podia ser alguém se tivesse estudo.

Além de todo esse incentivo, outro fator que me ajudava a voltar, era quando
eu lembrava das quartas e sextas-feiras, dias em que os contadores de histórias
estavam na escola. Para mim era a coisa mais fascinante já vista. Eram dois dias de
muito prazer, isso reforçou o gosto que eu já tinha pela leitura. Porém desta vez era um
pouco diferente, este momento era melhor que os anteriores, pois as histórias contadas
não era para serem decoradas . Não havia provas sobre as histórias contadas. Os
contadores liam para despertar em nós um interesse maior para explorar o mundo
mágico da leitura e prazer pelos livros, uma vez que, ler e contar histórias é uma forma
de desenvolver o gosto pela fantasia, incentivando na criança aspectos que dizem
respeito ao seu potencial criativo (Silveira (1996, p. 11). Neste dia ninguém faltava,
estávamos todos lá. No final os contadores davam várias indicações de livros de
histórias que tinha na sala de leitura. Isso me fez apaixonar ainda mais pelo universo da
leitura e da escrita. Tanto que, eu nunca saia sem levar um ou dois livros para casa, e
quando chegava do colégio, almoçava, lavava as louças e ia para o fundo do quintal ler
os livros que tinha trazido. Era rápido, eu lia um dois livros, não lia mais, pois tinha que
passar roupa e arrumar a casa, tarefa de todos os dias que era dividido com mais duas
meninas que moravam na mesma casa.

Naquele tempo era muito difícil encontrar alguém para ceder sua casa para
pessoas estranhas morarem e quando encontrávamos, nossos pais nos sustentávamos
de roupa, comida, despesas de casa etc. mesmo assim trabalhávamos na casa se
quiséssemos um lugar para morar para termos a oportunidade de estudar. Lembro-me
que a dona da casa ao nos ver fazer as tarefas da casa, dizia: “Serviço de criança é
pouco, mas quem perde é louco”, e assim fazíamos de um tudo na casa.
Dois anos depois, minha irmã que havia se separado do marido ficando com três filhas,
resolveu mudar para a cidade de Marabá (Pará) e minha mãe acompanhou-a, foi bom
para mim que poderia ficar junto de minha família, pois era um centro maior e oferecia
primeiro grau e segundo nas áreas administração e magistério.

Transferi meus estudos para uma escola pública em Marabá. Estava super
feliz, pois podia está com minha família e continuar meus estudos em um centro maior.
Porém no decorrer desse estudo uma coisa me deixara triste. Eu percebia que quanto
mais se elevava a série mais diminuía as aulas de leitura, e quando líamos, muitas vezes,
era uma leitura fragmentada, cada um lia um parágrafo do texto. Eu sentia que isso nos
impedia de um bom entendimento do texto, pois ficávamos na expectativa de chegar a
vez que era escolhido pela professora. Então, a atenção era transferida para saber onde
o colega havia parado, pois poderia ser o próximo a dar continuidade na leitura do texto,
ou levávamos uma bronca. Ao final, se nos perguntássemos algo sobre a leitura não
saberíamos dizer nada, uma vez que, o que se considerava mais relevante nesse texto
era a parte morfológica a qual tínhamos que aprender a identificar e listar os
substantivos, numerais, ou seja, aprender a classificar morfologicamente as palavras
relacioando-as as dez classes, para no dia da prova reconhecê-las no texto dado.
Fica evidente que o trabalho com o texto se resumia como um pretexto para
trabalhar a gramática. A preocupação está apenas em fazer o aluno compreender os
aspectos internos da língua do que desenvolver as práticas discursivas presentes na
sociedade.
Posso afirmar que essa é uma prática que não estimula a reflexão, tornando passiva a
atividade com o texto por não provocar o aluno com atividades instigantes. Como diz
Bakhtin (2000, 290).

“O ouvinte que recebe e compreende a significação (lingüística)


de um discurso adota simultaneamente, para com esse discurso,
uma atitude responsiva ativa, (conquanto o grau dessa atividade
seja muito variável); toda compreensão é prenhe de resposta e,
de uma forma ou de outra, forçosamente a produz: o ouvinte
torna-se locutor”.

Em relação a outras disciplinas as atividades de leitura que eu não gostava


era aquela em que o aluno apenas ler um texto e responde perguntas previamente
elaboradas pelo professor, seguindo a rigor aquelas questões já prontas do livro
didático. Isso eu achava muito chato porque ler um texto significava pensar igualmente o
autor ou o professor, não temos a liberdade de opinar diferente.

Eu não gostava também daquelas aulas de bastantes conteúdos e pouco


diálogo, o qual se caracteriza como um monólogo, só o docente fala, um tipo de ensino
na perspectiva behaviorista, onde o professor é o centro, o sabe tudo preocupando-se
apenas em “arrotar” conhecimento e o aluno guardá-lo na mente tudo o que o que foi
dito pelo professor, sem fazer se quer uma interrupção. Quando eu passava por esse
tipo de aula ou atividades eu chegava a pensar que ser professor de Português era muito
chato e não tinha sentido nenhum. Esses tipos de aula quase me faz desistir dessa
profissão.

Lembro-me que quando terminei o primeiro grau, fiquei um ano parada, pois
na época não podia fazer prova de seleção para ingressar no segundo grau com menos
de 18 anos de idade. Neste ano que fiquei sem estudar, refleti muito. E quase me
convenço que o meu segundo grau seria Administração. Podia trabalhar em Banco, é
muito bonito, pensava eu. Contudo, não era gosto de minha mãe.

No ano seguinte, fui fazer minha inscrição para a prova de seleção, logo
pensei no sonho de minha mãe. Não tive dúvida, preenchi a ficha e marquei um X no
campo “Magistério” . Lá estava eu concorrendo a uma vaga de professora. Passei! foi
uma festa.
A minha primeira aula foi de Português. No momento em que a professora
encheu o quadro de período simples para fazermos análise morfossintática. Eu pensei,
de novo? Mas logo a professora disse que estudar a gramática propiciava ao aluno
condições de usar a língua adequadamente, aprendia a falar, e escrever bem. Fiquei
contente, afinal quem não quer saber se expressar e escrever bem? Todavia, eu aprendia
a identificar todos os conectores nas orações coordenadas e subordinadas, mas não
sabia fazer uma frase empregando um deles. Chegamos ao final do ano e continuávamos
fazendo aquela matemática de análise de cada um dos termos da oração que não podia
sobrar nenhum, senão tinha algo errado. Novamente tal prática começava a me dixar
triste, pois o que eu esperava era que essas aulas de gramática como a professora falou,
nos desse condições de fato de usar a língua materna em todas as situações de
interação comunicativa com segurança lingüística para não nos sentirmos
discriminados por uma variante lingüística. Entretanto, com esse tipo de aula, esse ideal
estaria longe de concretizar, pois como poderíamos aprender a escrever se nós não
escrevíamos?

Acredito, assim como CAGLIARI, (1997) que nos estudos de Língua


Portuguesa a quantidade é qualidade, quanto mais se ler, quanto mais se escreve mais
se aprende. As aulas de Língua Portuguesa não podem enfatizar mais as questões
terminológicas da língua do que propriamente o seu uso.

Não estou aqui condenando o estudo da gramática. Sabe-se que a gramática


de uma língua obedece à uma lógica, e se você conhece a gramática da sua língua terá
muito mais facilidade para usufruir dela , seja na fala ou na escrita. Imagine você dizendo
“Não dá pra mim vim hoje”., “Lá tinha menas pessoas”! Fica evidente que teremos que
estudar gramática, sim! O que chamo atenção é para um estudo que não apenas
contemple uma taxonomia e um elenco de funções, mas que, legitimada pela sua relação
com o uso efetivo da língua, dê conta dos usos correntes atuais.

As aulas de Literatura eram diferentes. Eu percebia que essas aulas nos


possibilitava entrar em contato com muitas leituras, conhecer vários autores e sua
época, inferir sobre outros tempos e outros espaços, isso me fascinava. Mas o que eu
não gostava era quando passávamos por aqueles mestres que nos cobrava apenas para
decorar os estilos, datas, os grandes nomes da história da Literatura e sua biografia, etc.
Ou seja, eu não gostava daqueles professores que seguia literalmente, o que os manuais
didáticos ofereciam, ignorando totalmente o contexto histórico-social em que essas
obras foram escritas, isto é, ignorando que o contexto leva o leitor ao mundo real que o
texto foi escrito, ignorando também que as palavras na poesia têm muitos sentidos que
variam de época, lugar e posição no poema, então o trabalho com o texto poético não
devia ser apenas para demonstrar eloqüência, decorar e falar na frente, ou pesquisar
sobre a biografia do autor.
Hoje vejo que o professor de literatura deve levar seus alunos a perceberem
a Literatura como arte que reflete e representa a cultura de um povo, e que a língua,
obviamente, é uma das formas de manifestar a cultura, ou seja, o professor deve fazer
com que o aluno conceba o texto literário e o seu componente cultural para o
aprendizado da Língua Portuguesa.

Em fim, posso recordar de muitas práticas boas, mas também, de algumas


que considero desmotivadoras e que não devem ser seguidas, mas também trago muitas
lembranças boas, entre elas estão os trabalhos de pesquisas a que éramos submetidos.
Fazíamos muitos trabalhos de pesquisas em grupos. Considero essa prática muito
positivo, pois nos levava à prática da leitura, da escrita e da linguagem oral. Posso
afirmar que submeter os alunos a atividades planejadas de pesquisas e exposição, com
critérios de avaliação é uma boa alternativa para incentivar a redação, além de ser
também uma maneira da escola preparar os alunos para o mercado de trabalho e a
cidadania.

Ao concluir o Curso de Magistério, assumi o Cargo de Professora de Língua


Portuguesa, em escolas da rede pública com turmas de 7ª e 8ª séries. Como professora
recém-formada, nas minhas aulas de Língua Portuguesa comecei a reproduzir a
metalinguagem da gramática que tive contato durante a minha formação, tendência
natural apontada por Ribeiro (2001), atitude bastante comum do professor recém-
formado que por falta de criticidade a tendência é transpor a teoria para a sala de aula,
desconhecendo as variações lingüísticas e da língua oral.

Bem, ser professor, tornou para mim um desafio. Eu não podia reproduzir
aqueles modelos que me inquietava. Passei a me questionar: "como posso ensinar de
uma forma mais significativa?" Pois naqueles moldes eu não via progresso. O que eu via
era o meu aluno entrar e sair praticamente com as mesmas deficiências de leitura e
escrita. Não era isto que eu queria. Eu precisava me tornar uma educadora crítica e
reflexiva, e ser crítica no contexto da Lingüística Aplicada não se trata de se limitar a
escolher o que é útil e descartar aquilo que não interessa aos fins práticos. Trata-se,
antes de mais nada, de questionar a própria validade da teorização feita in vitro e da sua
aplicação automática no mundo da prática. Resumindo o pensamento de Paulo Freire,
Henry Giroux (1996:570) diz o seguinte:

“Ensinar, nos termos de Freire, não é simplesmente estar na sala

de aula, mas estar na história, (...) mobilizar conhecimentos e


desejos que podem levar a mudanças significativas na
minimalização do grau de opressão na vida das pessoas”
Pensamentos estes reforçados por Marcuschi (1999) que chama atenção para o
professor que diante das deficiências que os materiais didáticos apresentam não se
comportar de maneira passiva e conivente. Portanto, cabe ao educador buscar novas
alternativas para fugir dos clichês do ensino de língua e propor algo mais eficiente e
moderno.

Busquei então, de meus queridos mestres apenas o que considerava de


positivo para uma boa aula e, mesmo com a pouca experiência tratei de reelaborar
algumas metodologias relacionadas ao ensino da língua, a fim de preparar melhor os
meus alunos para as mais variadas situações da fala e da escrita sem impor o
apagamento de suas histórias de leitura e de vida – de sua linguagem.

Senti a necessidade de estudar mais, e ingressei no curso de Estudos


Adicionais em Língua Portuguesa. Convivi com professores com outras concepções da
lingua. Ao final desses estudos eu não era mais a mesma. Neste curso aprendi o valor da
reescrita de textos. E passei a adotar em minhas aulas. Embora fosse um pouco difícil
por não haver tempo para esse tipo de exercício devido ao excesso de conteúdos
gramaticais que tínhamos que vencer até o final do ano, mas é uma técnica muito boa,
pois não só identifica as falhas no texto do aluno como também faz esse aluno atingir os
objetivos propostos. Isso mudou a minha concepção de ter o texto do aluno como
pronto e acabado. Compreendi que o professor deve sempre mostrar ao aluno o que
pode ser melhorado na sua produção, destacando sempre o que já está bom. Procurei e
ainda procuro usar essa técnica sempre que possível.

Na cidade que morava, Educação Física era a única opção para quem
quisesse ter um curso superior. Fiz o vestibular e passei, ingressei no Curso de
Graduação em Educação Física da Universidade do Estado do Pará – UEPA. (sistema
modular). Mesmo cursando Educação Física, as atividades por mim desenvolvidas
sempre estiveram voltadas para a área da Linguagem, com a qual sempre mantive
grande identificação, pois já considerava a Língua instrumento capaz de veicular o
pensamento, possibilitar a conscientização e permitir ao homem a liberação de todo o
seu potencial de criação.

A experiência e o conhecimento adquiridos no Curso de Educação Física


foram imprescindíveis à compreensão das múltiplas inteligências, em que corpo e mente
devem ser considerados em qualquer processo educativo, além de ter enriquecido meu
conhecimento humano e cultural, estimulando à busca de minha realização profissional
muito almejada.

A necessidade de acompanhar meu marido, funcionário público federal,


direcionou a transferência de todas as atividades exercidas, profissionais e acadêmicas,
para Belém, o que propiciou a conclusão em Licenciatura plena em Educação Física pela
Universidade Estadual do Pará, como também propiciou a realização do meu grande
sonho, que era ingressar no Curso de Letras.

Já na Faculdade de Letras da Universidade da Amazônia as práticas de


leitura foram boas, tive oportunidade de ler bons autores da Literatura Portuguesa e
Brasileira incentivada por bons professores, entre eles, a professora Drª Josse Fares,
professora Drª Amarílis Tupyassu, professor Drº Paulo Nunes e professora Drª Nely
Cecília, todos apaixonados por Literatura. Mestres estes, que me ajudaram a preencher
lacunas que havia ficado da Educação Básica. Comecei, então, a olhar as obras literárias
de forma mais crítica, observar aspectos que antes não via.

Agradeço com carinho a esses professores por me fazer compreender


melhor os textos literários, sua plurassignificação, o que contribui para uma leitura mais
aprofundada e com criticidade, o que torna a prática da leitura mais significante.
Agradeço também meus primeiros mestres pelo aprendizado inicial no mundo da
literatura.

Ainda na graduação, aprendi também com as professoras Msc. Graça Salim


e Drª Socorro Cardoso que os estudos gramaticais não devem ser abandonados. Pelo
contrário, precisam ser trabalhados para ampliar a capacidade comunicativa do aluno.
Mas, para isso, o professor deve partir da produção e da recepção de textos, porque é no
texto que as palavras ganham sentido. E assim eram suas aulas. Os textos trabalhados
por elas eram vistos como algo que dá ao aluno um panorama geral da língua em
funcionamento e não um panorama fragmentado, como afirma Travaglia (2001).

Fiz Pós-Graduação, especialização em Informática Educativa, e


posteriormente, Especialização em Língua Portuguesa e Análise Literária na
Universidade do estado do Pará o que possibilitou desenvolver atividade docente em
nível superior. Frente a este contexto, pensei em cursar mestrado para me capacitar
melhor para atuar na área de pesquisa e Ensino/Aprendizagem da Língua Materna.
Percebo que à medida que estudamos mais e lemos bibliografias teóricas, aumentamos
o nosso conhecimento e embasamos a prática em sala de aula, tornando-nos mais
seguros na ação docente.

Estimulada pelos novos rumos apontados pelo Mestrado em Lingüística


Aplicada pela Universidade de Taubaté-SP, passo a refletir mais sobre a minha prática
pedagógica em relação à leitura dos gêneros textuais, reflexão esta, com as aulas da
professora Drª Maria Aparecida Lopes Rossi, o que me levou a um interesse maior por
projetos com os textos considerados não escolares: charges, notícias de jornais,
músicas, propagandas, etc. Reforçado mais tarde pela professora Drª Eliana Viana Brito.
Mestres estas, que me mostrou um trabalho de forma a valorizar o conhecimento prévio
do aluno, uma vez que este não vai à escola com a mente em branco, como se fosse uma
lousa limpa na qual podemos escrever o que quisermos, ele constrói os significados
implicados no tema ou reconstrói do ponto de vista social, com base nas suas
experiências adquiridas no seu meio social; as técnicas de explorar as inferências que
levam as comparações, associações, avaliação crítica; o tratamento a partir do título
como ponto de partida de suposições e relação com o enfoque central do texto; tudo
isso, me fez adquirir outras habilidades para o trabalho com textos.

A partir das leituras realizadas em Lopes-Rossi, (2002), levou-me a um


aprofundamento sobre a importância de, além de trabalhar as características lingüísticas
e marcas enunciativas, trabalhar também as condições de produção e circulação para
que o aluno se aproprie melhor do gênero discursivo em estudo, para com isso, chegar
as técnicas de resumo e tornar o texto um veículo para que o aluno exponha o que
compreendeu textualmente.

Hoje me sinto mais segura para trabalhar a leitura de uma forma crítica
considerando as variações de significados das palavras, a polissemia e a
plurassignificação literária; assim como também os implícitos e subentendidos a que
devemos estar atentos para objetivar que o aluno aprenda a ler além da escrita e dos
significados mais superficiais. É claro que ainda tenho muito a aprender. Mas hoje
consigo ver com maior aptidão a importância do texto como unidade de
ensino/aprendizagem e procuro levar para minha prática não só os textos didáticos, mas
também materiais ditos “não-escolares”: revistas, gibis, folhetos de venda, propagandas
etc., uma vez que, esses textos circulam socialmente e fazem parte da vida dos alunos.
Compreendi que trabalhar os gêneros ditos não-escolares é um dos caminhos para
conhecermos um pouco mais sobre os jovens e suas experiências no mundo de hoje, e
tornar as aulas de leitura mais interessantes”.

Posso dizer que este mestrado, para mim, foi enriquecedor. O contato com a
Lingüística Aplicada, levou-me a valorizar mais o trabalho com o texto e com as diversas
variedades lingüísticas, tornando o estudo gramatical uma prática textual-discursiva
para facilitar a compreensão e a utilização adequada da língua.

Para finalizar, quero agradecer a professora Drª Tânia Regina de S.Romero


que me convenceu a escritura dessa autobiografia que, ao escrevê-la tive como objetivo
refletir sobre momentos determinantes de minha trajetória de formação como professora
a partir das lembranças de minha história pessoal de leitura e escrita, que sem dúvida
tem raízes na minha história de vida. Mesmo tratando apenas de alguns momentos mais
importantes que contribuíram para definir o meu perfil de professora, e compreender
melhor o porquê da escolha, de hoje eu estar nessa profissão.
BIBLIOGRAFIA
BAKHTIN, Mikhail.. “Os gêneros do discurso: In: ---. Estética da Criação Verbal., Martins
Fontes, ”. 3a ed. São Paulo. 2000,
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. 10ª ed. São Paulo : Scipione, 1997.
FIORIN, José L.(1996). Lições de texto. São Paulo: Ática.
LOPES-ROSSI, M. A G. (org). Gêneros discursivos no ensino da leitura e produção de
textos. Taubaté: Cabral, 2002.
LIBERALI, F.C. Magalhães, M.C.C e ROMERO, T.R.S – Autobiografia, Diário e Sessão
Reflexiva: Atividades na Formação Critico - Reflexiva de Professores; In L. Bárbara e
R.C.G. Ramos (orgs.) Reflexão e Ações no Ensino-Aprendizagem de Línguas. Campinas:
Mercado de letras. 2003.pp. 131-165.
RIBEIRO, Ormezinda Maria. Ensinar ou não gramática na escola: eis a questão.
Linguagem & ensino, Vol. 4, n.1, 2001, p. 141-157.
SILVEIRA, Itália Maria Falceta da. Ensinar a pensar: uma atividade da biblioteca escolar.
R Bibliotecon. & Comun., Porto Alegre, v. 7, p. 9-30, jan./dez. 1996.

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