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O português: língua do povo, língua da escola.

Em pleno século XXI ainda repetimos os erros do ensino na aplicação

da linguagem. Estamos na era da informática, na globalização de imagem, na

recriação cultural e o ensino está retrógrado no processo lingüístico na escola.

O homem desde seus primórdios tem registrado sua cultura através de

desenhos, sinais pictográficos, sinais ideográficos, signos escritos. Os sinais

escritos abstraídos do alfabeto outrora desenhado têm marcado os rastros da

humanidade através de seus conceitos, de sua história, de suas descobertas.

Sabemos que foi no século XX que os estudos lingüísticos no Brasil

começaram a ter avanços. Porém não bastam os pesquisadores mapearam as

diferenças lingüísticas. É preciso que nós professores e educadores, nos

movimentemos para compreender e buscar os fundamentos das variações e

mudanças lingüísticas.

A vida do ser humano está intimamente associada ao processo de

comunicação, e o aprimoramento da capacidade comunicativa acompanha a

própria evolução humana. À medida que amplia seu relacionamento com o

mundo, o ser humano aperfeiçoa e multiplica a sua capacidade de

comunicação, envolvendo palavras, sons e imagens. Textos verbais e não-

verbais interagem e contribuem para a representação oral e escrita das

sociedades

A língua é uma produção social, porque ele é reproduzida socialmente.

Sua produção e reprodução são fatos do cotidiano, dentro de um espaço e

tempo. Uma língua que varia de acordo com o grupo social, com seu poder

aquisitivo, com seu capital cultural etc. Portanto, não podemos defini-la como

um bem em comum entre todos os falantes, mas sim algo variável.


Entre a língua e a sociedade pode-se perceber que há um mundo de

signos lingüísticos e inúmeras possibilidades comunicativas que irão formar as

mensagens, ou seja, para muitos esses empréstimos lingüísticos funcionam

como uma total ameaça à legitimidade da língua portuguesa, mas na verdade

esses empréstimos lingüísticos resultam de mudanças lingüísticas relacionadas

à história sócio-político-cultural de um povo, além de ser um fenômeno

lingüístico ligado ao prestigio de que determinada língua ou povo que fala goza.

Uma vez interagentes, não se delimitam de forma clara as relações entre

língua, cultura e sociedade: é difícil estabelecer onde uma começa e a outra

termina, já que se estabelece uma relação íntima entre esses elementos.

Conseqüentemente, a língua de uma sociedade reflete seu modo de ver o

mundo e, por meio dela, observam-se determinados aspectos como os valores

e os costumes de um agrupamento ou mesmo a sua interação com outros

grupos. O estudo de uma língua deve considerar fundamentalmente os

contextos socioculturais em que ela se apresenta, pois essa estrutura

apresenta elementos básicos e, muitas vezes, determinantes para as variações

de linguagem. Essa contextualização permite explicar ou mesmo justificar fatos

que, apenas lingüisticamente, seriam difíceis ou até impossíveis de se

determinarem. O enunciado, portanto, está intrinsecamente associado à

ambientação de que faz parte, promovendo interação entre seus interlocutores.

E, se, por um lado, o contexto social interfere nas variações lingüísticas, por

outro a função que a língua exerce na sociedade determina a importância da

sua aquisição, fazendo com que sua aprendizagem seja de suma importância

para que o indivíduo também faça parte do contexto social. A sociedade,

portanto, existe através da linguagem e é representada pela junção de língua e

cultura.
A relação entre a cultura e a linguagem, tão ampla quanto complexa,

abrange desde a consideração de que as estruturas lingüísticas possam se

edificar a partir de uma situação cultural até a afirmação, em sentido contrário,

de que os costumes lingüísticos de determinados grupos tenham moldado

fundamentalmente a cultura desses povos. Ou seja, a linguagem modifica a

cultura e esta modifica aquela.

Vale salientar que os seres humanos dela fazem uso modificam-na,

mas não a detêm para si ou não a possuem isoladamente.

Certamente as sociedades mais antigas, por viverem mais

isoladamente, preservavam tanto sua língua quanto sua cultura com diminutas

modificações por períodos mais prolongados, havendo

pouca diferença mesmo entre gerações mais distantes. Essa

caracterização permitiu uma identidade limitada por aspectos físicos, ou seja,

delimitações espaciais indicavam uma nacionalidade, uma identidade cultural

nacional.

Essa cultura nacional abrange, portanto, a padronização de valores e a

singularização de costumes, assim como a adoção de uma linguagem

unificada. A movimentação do homem por territórios vizinhos e as suas viagens

de exploração culminaram, entretanto, numa troca de informações crescente e

numa inevitável transfiguração sócio-cultural.

A facilidade de deslocamento e os avanços tecnológicos,

enfaticamente nos meios de comunicação, tornaram essa troca constante e

intensa, de modo que se passou a encontrar elementos de uma determinada

cultura em outros locais ou em todo o mundo.

Nesse ponto, a relação cambial não se processa igualitariamente, mas

depende da influência que uma sociedade exerce sobre a outra. O discurso,


desse modo, torna-se elemento de disseminação de valores e de ideologias de

uma sociedade, de modo que as sociedades receptoras não apenas aceitem,

mas passem a adotar a influência desse grupo social.

Essa influência pode ter muitos significados, uma vez que as relações

entre os grupos sociais se fazem não apenas por interesses econômicos. Mas

em qualquer situação é a cultura que acaba se transformando, acrescentando

ou modificando elementos. Embora a língua não sofra influência na mesma

intensidade, modificações surgem – como é o caso dos empréstimos

lingüísticos ou do estrangeirismo.

Segundo Possenti saber falar uma língua é conhecer e saber sua

gramática, mas não apenas algumas regras que se aprendem na escola, pois

além do domínio da estrutura formal é necessário entender o funcionamento

discursivo que situa o texto em contextos histórico-sociais nos quais ocorre a

interação. Nesse limiar, entende-se que para se ensinar gramática, deve-se

partir da fala, sendo que as aulas não podem passar por amontoados de

regras, pois o aluno não compreenderá nada. Então, primeiro o professor

precisa observar o cotidiano do aluno, levando-o à reflexão acerca da estrutura

lingüística – isso ajudará em sua elaboração escrita mais consistente e

coerente e lhe permitirá mesmo perceber a importância da leitura na formação

do indivíduo, isso porque, a partir do momento em que consegue organizar

sintaticamente uma frase, o aluno passa refletir e melhorar sua fala e escrita.

Entretanto, como já foi citado acima, o fato de alguém ter domínio das

regras gramaticais, não garante que ela irá necessariamente escrever bem.

Diz que muitos autores famosos não conhecem as regras gramaticais


e precisam de um revisor para corrigir seus textos antes de serem
publicados. (Luft 1985, p 26)
Motivo pelo qual a habilidade de comunicação e de expressividade é

indispensável na formação curricular. Há pessoas que ao escrever apropriam-

se de vocábulos obsoletos que poucos conseguem decodificar e, com isso, o

texto perde a objetividade. Por isso, os professores do ensino regular devem

saber usar o conhecimento dos alunos levando-os a reflexão sobre a

necessidade de conhecer a língua. Mas para isso é preciso primeiro mudar a

forma de ensino e conscientizar os professores do quanto é importante levar os

alunos ao raciocínio crítico.

O papel da escola é proporcionar diversos conhecimentos e

aprendizagens, visando propiciar um ensino de qualidade a todos, respeitando

os conhecimentos que cada um traz consigo e ampliando esses

conhecimentos. Valorizar somente a língua padrão faz com que a sala de aula

deixe de ser um espaço de comunicação e interação, onde todos expressam

seus conhecimentos, e passa a ser um cenário de correção e repressão.

Segundo Bagno, 2001, p.36, “menosprezar, rebaixar, ridicularizar a

língua ou a variedade da língua empregada por um ser humano equivale a

menosprezá-lo, rebaixá-lo enquanto ser humano”. Quem mais sofre com isso

são aqueles que provêm das classes menos favorecidas economicamente, são

eles que sentem na pele a ridicularização, sentem-se estranhos em sua própria

língua, cheio de dúvidas e incertezas, distantes na norma considerada correta.

Por isso, a maioria dos estudantes chega ao final do Ensino Médio sem

conseguir transferir suas idéias para a folha da redação, há uma preocupação

tão grande em empregar regras gramaticais, em “escrever certo”, que o

pensamento não consegue concretizar-se no papel.

Uma língua não sobrevive sem sua história, pois esta revela as marcas

culturais de um povo. A língua evolui através de seus usuários e sua


mutabilidade não acontece de forma inocente. Por isso a revisão constante no

sistema lingüístico faz-se necessária tanto na fala como na escrita.

Estar atento à acomodação contínua do uso da língua nos caminhos

paralelos oral-escrito faz parte do trabalho do educador. Diz Borba que nos

cabe contribuir para o aperfeiçoamento dos novos métodos de alfabetização e

aquisição da língua escrita e oral. O processo educativo depende sempre do

idioma prático. A criança só conhece o mundo e alarga sua experiência através

da língua materna.

A linguagem é extremamente importante no desenvolvimento mental e

intelectual do ser humano. Através dela, desenvolvemos novas e cada vez

mais complexas funções mentais, que serão reforçadas pela natureza das

experiências sociais a que as crianças se acham expostas. A linguagem é um

dos instrumentos que a criança utiliza para apropriar-se da realidade à sua

volta, exercendo um papel estruturante do sujeito na medida em que permite

uma interação entre interiorização e transformação. Dessa forma, ao mesmo

tempo em que indivíduo integra-se no meio social, é capaz de posicionar-se

frente a ele, sendo seu agente crítico e transformador. A visão de mundo

difundida em um meio social desprivilegiado e a conseqüente forma dos

adultos interagirem com as crianças desse meio difere substancialmente da

forma de interação com crianças pertencentes às classes dominantes, pois

estas têm acesso a informações, viagens, computadores, livros, cursos, enfim,

uma série de instrumentos que aquelas sequer sonham. A linguagem é um dos

principais fatores no desenvolvimento das funções mentais superiores, tais

como: capacidade de solucionar problemas, armazenamento e uso adequado

da memória, formação de novos conceitos, desenvolvimento da vontade, etc.

Conforme pode-se observar, crianças pertencentes a classes sociais menos


favorecidas vêem-se vítimas de um círculo vicioso, pois ao mesmo tempo em

que não têm um ambiente favorável para um desenvolvimento lingüístico

satisfatório, não conseguem desenvolver um posicionamento crítico frente ao

mundo por não possuírem a mesma capacidade de compreensão das crianças

mais ricas. Esta diferença social é um dos motivos de fracassos em escolas

públicas, normalmente freqüentadas por crianças pobres. Segundo Soares, há

diferentes teorias que tentam, de forma supostamente científica, explicar tais

fracassos. Além da “ideologia do dom”, que tenta justificar os problemas

escolares dizendo que todos têm oportunidades iguais, porém, não possuem

as mesmas habilidades, há, ainda outras duas, a “ideologia da deficiência

cultural” e a “ideologia das diferenças culturais”. De acordo com a “ideologia da

deficiência cultual”, as crianças provenientes de classes oprimidas, por não

possuírem as mesmas condições sócio-econômicas e por não terem acesso a

conhecimentos que as outras têm, apresentariam dificuldades de

aprendizagem. Esta teoria, por usar como modelo o comportamento das

classes dominantes, apresenta a criança pobre como sendo deficitária e

reconhece na maneira de falar dos privilegiados a única verdadeiramente

correta. Isto faz com que o falar representa uma forma de status social. É

valorizado quem “sabe falar” e estigmatizado quem “fala mal”. Ainda dentro

dessa concepção, há os conceitos de código elaborado e código restrito. O

primeiro refere-se a uma estrutura gramatical complexa e precisa, com uso de

orações subordinadas adverbiais, preposições, verbos na voz passiva,

adjetivos e advérbios. O segundo, ao contrário, caracteriza-se por apresentar

estruturas gramaticais simples e, na maioria das vezes incompleta, repetições

de pronomes pessoais, de conjunções, uso limitado de adjetivos e advérbios,

pouco uso de orações na voz passiva, etc. Segundo a “ideologia das diferenças
culturais”, há diferentes falares de acordo com as regiões em que vivem os

falantes, o que leva-nos a diferentes dialetos. Da mesma forma que não se

pode falar em língua superior ou inferior, não se pode falar dialeto superior ou

inferior. Porém, por causa dos preconceitos sociais, certas regiões do país são

valorizadas e outras estigmatizadas. Da mesma forma, certos grupos sociais

são discriminados em detrimento de outros. Para Soares há uma

particularidade nas duas teorias citadas acima. Ambas dão a escola um poder

de mudança que ela, de fato, não tem e ignoram as causas estruturais do

problema. Além das teorias citadas anteriormente, há, ainda, a teoria do

“capital lingüístico”, que defendendo a idéia de que a escola, com o discurso de

combate à discriminação social, cultural e lingüística e tentativa de superação

das “deficiências” ou “diferenças”, apenas dissimula o papel de preservador

dessa discriminação e dominação, pois aceitam apenas um único saber

lingüístico como legítimo, afastando qualquer possibilidade de transformar o

sistema. De acordo com essa concepção, a escola seria um instrumento de

perpetuação das desigualdades e não de promoção da igualdade social, como

deveria ser. Há paralelamente à economia das trocas materiais, uma economia

das trocas lingüísticas, na qual a situação lingüística é vista como um mercado

em que os bens permutados são palavras. A língua, dentro desse contexto, é

vista como um instrumento de dominação e de obtenção e manutenção do

poder.

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